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 Biografia

 O primeiro modernismo e a
Geração do “Orpheu”
 Os -ismos
"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.."
Fernando Pessoa / Alberto Caeiro
https://www.youtube.com/watch?v=zcerHYMeFVU

 Aspetos da vida de Fernando Pessoa;


 Orpheu e o Modernismo;
 Acontecimentos marcantes do século XX.
 1888 (13 de junho): nasce Fernando António Nogueira
Pessoa, em Lisboa, no Largo de São Carlos, n.º 4.
Filho de Joaquim Seabra Pessoa – funcionário público e
crítico musical, morre aos 43 anos, tinha Pessoa 5 anos –
e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira Pessoa, de
ascendência açoriana.
 1896: com 8 anos, viaja com a mãe, que entretanto se
casara, para a África do Sul.
 1905: regressa a Lisboa, sozinho.
 1906: inscreve-se no Curso Superior de Letras, que
abandona no ano seguinte, para fundar uma tipografia,
a Ibis, que encerraria logo a seguir.
Vive com a avó Dionísia e duas tias. Lê
Baudelaire, Cesário Verde e Antero de Quental que, mais
tarde, considerará, com Camilo Pessanha, os “mestres”.
 1908: primeiras incursões na escrita;
escreve O Fausto, uma obra nunca acabada.
 1912: faz a sua estreia literária na revista A Águia,
ligada ao movimento A Renascença Portuguesa e à
figura de Teixeira de Pascoaes.
 1913: distancia-se da Águia; escreve “Impressões do
Crepúsculo” e teoriza sobre o Paulismo.
 1914: publica “Impressões do Crepúsculo”.
(8 março) – surgem Alberto Caeiro, Ricardo
Reis e Álvaro de Campos, que designaria de seus
heterónimos;
Rompe, definitivamente, com o Saudosismo e
tenta uma nova estética, marcada pelo cubismo,
designada de Intersecionismo, com o poema “Chuva
Oblíqua”.
 1915: ano do Orpheu, revista
literária de vanguarda.

 1918: publica os seus


poemas em inglês 35
Sonnets e Antinöus.
Conhece Ophélia
Queiroz, por quem se apaixona.
1921: publica English Poems I
– II e English Poems III.

 1925: morre sua mãe.


publicação de poemas
de Alberto Caeiro (pela primeira in http://casafernandopessoa.cm-
vez). lisboa.pt/index.php?id=6820 (acedido a
30/12/2014).
 1927: é reconhecido como “mestre” pelos jovens poetas
e críticos da revista Presença.
 1928: escreve “Tabacaria” de Álvaro de Campos.
 1929: publica um excerto do Livro do Desassossego,
atribuído a Bernardo Soares, que nunca viria a terminar.
 1934: publicação da Mensagem.
 1935 (janeiro): carta a Casais Monteiro sobre a origem
dos heterónimos.
(30 de novembro): morre, após dois dias de
internamento, no Hospital de S. Luís dos Franceses.
“Anglómano, míope, cortês, fugidio,
vestido de escuro, reticente e familiar,
cosmopolita que predica o nacionalismo,
investigador solene de coisas fúteis,
humorista que nunca sorri e nos gela o
sangue, inventor de outros poetas e
destruidor de si mesmo, autor de
paradoxos claros como a água,
vertiginosos: fingir é conhecer-se,
misterioso que não cultiva o mistério,
misterioso como a Luz do meio-dia,
taciturno fantasma do meio-dia
português, quem é Pessoa? “
Octavio Paz
A época…

“Foi em dezembro de 1910, ou por volta dessa


data, que a natureza humana mudou.”
Virgínia Woolf
 Início do séc. XX corresponde, na Europa, a um período de
crises e ruturas:
a) O avanço tecnológico e científico promete um mundo novo
cheio de máquinas e de progresso;
b) A miséria dos trabalhadores que viviam em condições
deploráveis gera o descontentamento e exige profundas
mudanças sociais.
Entre a década de 90 do séc. XIX e a primeira Guerra Mundial
(1914-18), surge o Modernismo , como tradução da inquietude
de uma época em grande agitação social.
- O Ultimatum Inglês (1891)
- O Regicídio (1 de fevereiro de 1908)
- A Implantação da República (1910)
- A 1ª Guerra Mundial (1914-18)

Diversas correntes estéticas procuram a novidade contra o


estabelecido , numa clara reação contra os valores políticos,
sociais e filosóficos em vigor.
As novas experiências estéticas são chamadas de Vanguarda ou
Vanguardismo e são elas que irão constituir o Modernismo .
O Modernismo é um movimento estético onde
a literatura surge associada às artes plásticas e
abrange vários –ismos

Futurismo
Cubismo
Intersecionismo
Sensacionismo
Paulismo
Abstracionismo

“Improvisação”, Kandinsky
FUTURISMO CUBISMO
Intuito de desmistificar, demolir, acabar Com as suas formas geométricas
com os hábitos culturais retrógrados. representadas, na maioria das vezes, por cubos
Cortar com o passado, exprimindo em e cilindros, a arte cubista rompeu com os
arte o dinamismo da vida moderna padrões estéticos que primavam pela perfeição
das formas na busca da imagem realista da
natureza.

“Mulher que Chora”, Picasso.


‘A chegada'', de Christopher Richard Wynne Nevinson
INTERSECIONISMO ABSTRACIONISMO
Não representa objetos próprios da nossa
Entrecruzamento de planos que se realidade. Usa as relações entre cores, linhas e
cortam: intersecção de sensações ou
perceções. superfícies para compor a realidade da obra,
de uma maneira não representativa.
PAULISMO
Voluntária confusão do subjetivo e do SENSACIONISMO
objetivo. Associação de ideias Todo o objeto é uma sensação nossa;
desconexas.
Toda a arte é a conversão duma sensação em
objeto;
Portanto, toda a arte é a conversão duma
sensação numa outra sensação.

> O Modernismo na pintura rompe com os


códigos, com a perspetiva, com o conceito de
belo.
 As novas conceções modernistas
desenvolveram-se em Portugal,
sobretudo no período entre 1912-
1924, em torno das revistas Orpheu,
Portugal Futurista e Athena .
 É a revista Orpheu que sinaliza o
Primeiro Modernismo português e
surge marcada pelo tom
provocatório e turbulento.
 Este movimento é empreendido
pela geração de: Almada Negreiros,
Fernando Pessoa e Mário de Sá-
-Carneiro.
 Em uníssono com a arte e a
literatura mais avançadas na
Europa.
Orpheu
• Engloba:
a) a Revista Trimestral de Literatura e da qual apenas saíram dois números;
b) “os de Orpheu”, ao grupamento formado pelos colaboradores diretos e
indiretamente ligados à revista.

• O que era o Orpheu?


Tratava-se de uma revista de vanguarda que procura afirmar-se contra a
corrente.
O Orpheu foi então o “lugar de uma procura estética de permutas”, como
refere Luís de Montalvor, “soma e síntese de todos os movimentos
modernos”, segundo Álvaro de Campos, ou o “encontro de letras e pintura
com uma série infindável de –ismos”, na opinião de Almada Negreiros.

https://www.youtube.com/watch?v=P7nA0DNIj4Y
 Orpheu – Metáfora de uma geração de homens que
não olham para trás, que querem esquecer o passado
e centrar as suas atenções no futuro.
 Pretendem:
>Agitar , subverter, escandalizar as inteligências e as
sensibilidades e pôr todas as convenções sociais em
causa;
>Comunicar a nova mensagem europeia , preocupando-
se apenas com a beleza da poesia – arte pela arte –
embora proporcionando a descida às profundezas do
subconsciente e a fixação da agitada idade moderna;
>A autonomia da arte - recusa da realidade como
modelo da Poesia;
 Paulismo:
“arte de sonho moderna”
que procura “fundir o
objetivo e o subjetivo”,
utilizando vocabulário
simbólico expressivo do
“tédio” e do anseio de
“outra coisa”; reforçando
as características
desejáveis do vago, da
subtileza e da
complexidade;
Chuva Oblíqua
 Intersecionismo I
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
- Ligado ao desenvolvimento do E a cor das flores é transparente de as velas de grandes
navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
cubismo; Os vultos ao sol daquelas árvores antigas…

- Interseção de sensações, de O porto que sonho é sombrio e pálido


E esta paisagem é cheia de sol deste lado…
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
pensamentos e de planos a E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol…

vários níveis: interior/exterior, Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo…


O vulto do cais é a estrada nítida e calma
objetivo/subjetivo, Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
sonho/realidade, E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma
dentro…
material/espiritual, Não sei quem me sonho…
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
presente/passado. E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá
estivesse desdobrada,
- Coincide com o aparecimento Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em
aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
dos heterónimos, em Junho de Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
1914. E passa para o outro lado da minha alma…
(…)
Fernando Pessoa
 Sensacionismo
- Recusa do pensamento.
- Apologia da sensação como a única realidade
da vida e da arte:
«Sentir tudo de todas as maneiras».
- Representado pela poesia de Álvaro de
Campos, que, por seu turno, reconhece em
Alberto Caeiro o chefe do movimento
sensacionista.
- Exemplo: «Passagem das Horas», de Álvaro
de Campos.
- Princípios:
1. Todo o objeto é uma sensação.
2. Toda a arte é a conversão de uma sensação
em objeto.
3. Portanto, toda a arte é a conversão de uma
sensação numa outra sensação:
«Nada existe, não existe a realidade, apenas
sensação.»
(Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de
AutoInterpretação)
 Futurismo
- Movimento iniciado pelo italiano Marinetti,
em 1909, que exprime na arte o dinamismo da
vida moderna e vive o fascínio pela velocidade
e pela tecnologia.
- Caracteriza-se:
a) O esquecimento do passado e o
propósito eficaz de criar e construir o
futuro;
b) O desprezo de tudo o que é clássico,
tradicional e estático;
c) O repúdio do sentimentalismo e o
ingresso frenético na vida ativa
(exaltação do homem de ação);
d) A veneração pela originalidade;
e) O verso livre, sem métrica definida;
f) As palavras em liberdade, mesmo com
sacrifício da correção gramatical;
g) A exploração do interior da alma, da
inquietação, da insatisfação, do que não
se tem e está para vir.
- Exemplo: «Ode Marítima», de Álvaro de
Campos.
Fingimento
poético

Sonho,
angústia,
Dor de
abulia,
Pensar
evasão e
tédio
Fernando
Pessoa

Nostalgia
Fragmentação
da
do “eu”
Infância
(1) PAIS, Amélia Pinto. Para compreender Fernando
Pessoa. Porto, Areal Editores, 1996.
(2) in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2014. [consult. 2014-12-30 21:06:27].
(3) PINTO, Alexandre Dias et alii. Português
12.º.Santillana.
(4) BARREIROS, António José. História da
Literatura Portuguesa. Braga, Editora Pax, s.d.
12.ª edição, vol. II.
(5) ROCHA, Marina et alii. Preparar o exame
nacional Português – 12.º ano. Lisboa, texto
Editora, 2014.

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