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Fernando Pessoa

Características do modernismo:
Os traços que definem modernismo são contraditórios. O modernismo está ligado à
modernidade, essa que, está ancorada na vida urbana e na experiência do efémero e do
anónimo, tem tudo a ver com a moda, quer no sentido simbólico quer no sentido literal. A
moda como mutação, a novidade dos modelos, a inovação necessária a cada estação, cada
temporada.
O modernismo é uma corrente do século XX:

 Vontade de experimentação
 Alteração ou instabilização das obras de arte
 Primeiro manifesto do futurismo
 Instituição do Surrealismo

Biografia:
Fernando Pessoa nasceu a 13/06/1888 em Lisboa. Estou em África do Sul em Durban numa
educação inglesa o que o tornou num poeta bilingue. Instalou-se em Lisboa em 1905.
Na sua vivência estão situadas ações relacionadas com o “falhanço”:

 Morte de seu pai em julho de 1893


 Percurso universitário falhado tanto na área das letras tanto na filosofia
 Sucessivas crises depressivas
 Fracasso na iniciativa empresarial, tentou criar a “Empresa Ibis” - tipografia
 Frustrações amorosas com Ofélia
 Projetos e inovações não concretizadas (desejo de abrir um consultório de astrologia
 Inconstância profissional (+ de 20 empregos)
 Frequência de diversos cafés iniciando o seu vício pelo álcool
 Errância por quartos alugados na baixa da cidade
 Morte por crise hepática aos 47 anos
Tinha o desejo de encarar muitas personalidades = heterónimos
De volta a Portugal- 1905 vive uma série de acontecimentos históricos e políticos:

 Queda da monarquia
 Implantação da república
 Ditadura do Estado novo
Desencadeou para que o panorama cultural fosse estagnado e sente que é o seu dever
empenhar-se na reabilitação das letras portuguesas, passando a escrever exclusivamente em
português (1908). Estreia-se neste mundo das letras com uma série de artigos intitulados
“Nova poesia portuguesa” (1912), conhece Sá Carneiro, uma personagem importante para o
modernismo.
Em 1914 escreve “chuva oblíqua”, um conjunto de 6 poemas que constituem o marco
importante do modernismo, este conjunto de poemas mostra uma aproximação da poesia ao
cubismo (cruzamento entre sonho e realidade), uma forma de arte que pretende eliminar
toda a objetividade das emoções e movimentos tendo apenas o foco de transmitir a
objetividade da realidade. 1915 com Mário de Sá Carneiro e outros escritores lançam os
dois únicos números da revista Orpheu que inaugura o modernismo em Portugal. Entre
1929 e 32 publica a obra “O livro do desassossego”, “Mensagem” em 1934, 1 ano após
Salazar ter instaurado a ditadura “estado novo”.
Caracteriza-se pela:

 Obra vasta
 Pluralidade
 Diversidade de rostos e temas
 Tinha a escrita própria- ortónimo- e de outros poetas, outros “eu” -heterónimos.
 Tendência para a despersonalização, escrita com a assinatura de outros nomes e
personalidade totalmente diferente da sua.

Fernando Pessoa-Ortónimo
Escrita por ele próprio, vivia sobretudo pela inteligência e imaginação, o discurso poético
caracteriza-se pela “aprendizagem de não sentir senão literalmente as «cousas»” (fingir
sentimentos).
Temáticas fundamentais comuns a poemas de Pessoa:

 Teoria do fingimento
 Dor de pensar
 Nostalgia da infância (saudade do tempo em que foi feliz)
 Fragmentação do eu
 Incapacidade de ceder ao mundo real
 Constante ansiedade
 Inadaptação social
 Recusa das explicações científicas da realidade
Escrita característica do poeta:

 Linguagem simbólica e misteriosa


 Recorre frequentemente aos adjetivos
 Comparações
 Metáforas
 Ritmo: aliterações- repetição da sonoridade
 Rimas
Poemas

Fingimento artístico
“Autopsicografia” e “Isto” são a verdadeira arte poética de pessoa iniciando uma aprendizagem
do não sentir que sobrepõe o conhecimento racional ao afetivo.
Em autopsicografia o sujeito poético parte da afirmação: “o poeta é um fingidor” identificando
poeta e fingidor transferindo o ato de criar poesia da esfera das emoções vividas para a esfera
das emoções fingidas/pensadas, assim a sua escrita pressupõe o processo de intelectualização da
emoção.

Dor de pensar
Procura constante da racionalidade leva o poeta a viver uma tragédia íntima que o afeta que o
aflige. Desejo de sentir de forma racional, esta trama está explicito em poemas como: “Ela
canta, pobre ceifeira” e “gato que brincas na rua”. A inteligência para Pessoa é a constatação
que efetivamente é impossível ao ser humano alcançar o conhecimento absoluto, e provoca no
poeta a dor da ignorância que impede a sua felicidade pelo reconhecimento das limitações que
caracterizam a nossa espécie. Na prática Pessoa sofre por pensar demais, tipicamente vemos
muitas coisas positivas na inteligência, mas o excesso da mesma ou de pensamento faz com que
entre numa espiral negativa de “overthinking”. Fernando pessoa vive na dicotomia que consiste
na necessidade de percecionar o mundo de forma racional e ao mesmo tempo ter a certeza que
esta realidade não lhe permitirá atingir a felicidade provocando um grande sofrimento e
angústia.
“Ela canta, pobre ceifeira” é marcada por duas dualidades: a consciência/inconsciência;
felicidade/infelicidade.
Ceifeira:

 Instinto
 Plenitude por ignorância
 Emoção
Poeta:

 Desejo de se sentir livre sem abdicar da sua racionalização (não é feliz porque pensa)

Nostalgia da infância
Saudade de um tempo feliz, em Pessoa a infância é muitas vezes representada através de um
universo mítico e simbólico ligados a contos e lendas. Insatisfeito com o presente e incapaz de
viver a plenitude, Pessoa refugia-se numa infância, mas submetida a um processo de
intelectualização. Sofre com saudades de quando era ingénuo.
“Quando as crianças brincam”, “Ó sino da minha aldeia” “Não sei, ama, onde era,”.
No último poema a 1ª voz é a da princesa na qual o poeta exprime o sonho de ter sido feliz, a 2ª
voz (ama) que assume a dimensão da consciência da idade adulta.
A nostalgia da infância coincide com a saudade de um tempo feliz aliada a esta consciência
que desaparece com a idade.

Sonho e realidade

o sonho é muitas vezes, para o


poeta, uma forma de
escapar a uma realidade
amarga, dececionante, onde a
angústia
experimentada o leva a uma
fragmentação interior e a
querer
reviver a infância perdida. O
sonho surge como uma
dimensão de
evasão para um mundo de
fantasia, refúgio de uma
realidade que
desencadeia nele uma
angústia existencial. Todavia,
regista-se
sempre uma não coincidência
entre sonho e realidade.
Associada a esta temática,
aparece o intersecionismo que
consiste
na sobreposição e cruzamento
entre o plano real e o do sonho.
No
poema citado, há a interseção
de dois planos – uma paisagem
real
(plano vivido) e um porto
imaginado (plano sonhado),
sendo o
imaginado mais «poderoso» do
que o vivido: Atravessa esta
paisagem
meu sonho dum porto infinito /
E a cor das flores é transparente
de as velas de grandes navios /
[…] O porto que sonho é
sombrio e
pálido / E esta paisagem é cheia
de sol deste lado… / Mas no
meu
espírito o sol desde dia é porto
sombrio.
o sonho é muitas vezes, para o
poeta, uma forma de
escapar a uma realidade
amarga, dececionante, onde a
angústia
experimentada o leva a uma
fragmentação interior e a
querer
reviver a infância perdida. O
sonho surge como uma
dimensão de
evasão para um mundo de
fantasia, refúgio de uma
realidade que
desencadeia nele uma
angústia existencial. Todavia,
regista-se
sempre uma não coincidência
entre sonho e realidade.
Associada a esta temática,
aparece o intersecionismo que
consiste
na sobreposição e cruzamento
entre o plano real e o do sonho.
No
poema citado, há a interseção
de dois planos – uma paisagem
real
(plano vivido) e um porto
imaginado (plano sonhado),
sendo o
imaginado mais «poderoso» do
que o vivido: Atravessa esta
paisagem
meu sonho dum porto infinito /
E a cor das flores é transparente
de as velas de grandes navios /
[…] O porto que sonho é
sombrio e
pálido / E esta paisagem é cheia
de sol deste lado… / Mas no
meu
espírito o sol desde dia é porto
sombrio.
o sonho é muitas vezes, para o
poeta, uma forma de
escapar a uma realidade
amarga, dececionante, onde a
angústia
experimentada o leva a uma
fragmentação interior e a
querer
reviver a infância perdida. O
sonho surge como uma
dimensão de
evasão para um mundo de
fantasia, refúgio de uma
realidade que
desencadeia nele uma
angústia existencial. Todavia,
regista-se
sempre uma não coincidência
entre sonho e realidade.
Associada a esta temática,
aparece o intersecionismo que
consiste
na sobreposição e cruzamento
entre o plano real e o do sonho.
No
poema citado, há a interseção
de dois planos – uma paisagem
real
(plano vivido) e um porto
imaginado (plano sonhado),
sendo o
imaginado mais «poderoso» do
que o vivido: Atravessa esta
paisagem
meu sonho dum porto infinito /
E a cor das flores é transparente
de as velas de grandes navios /
[…] O porto que sonho é
sombrio e
pálido / E esta paisagem é cheia
de sol deste lado… / Mas no
meu
espírito o sol desde dia é porto
sombrio.
o sonho é muitas vezes, para o
poeta, uma forma de
escapar a uma realidade
amarga, dececionante, onde a
angústia
experimentada o leva a uma
fragmentação interior e a
querer
reviver a infância perdida. O
sonho surge como uma
dimensão de
evasão para um mundo de
fantasia, refúgio de uma
realidade que
desencadeia nele uma
angústia existencial. Todavia,
regista-se
sempre uma não coincidência
entre sonho e realidade.
Associada a esta temática,
aparece o intersecionismo que
consiste
na sobreposição e cruzamento
entre o plano real e o do sonho.
No
poema citado, há a interseção
de dois planos – uma paisagem
real
(plano vivido) e um porto
imaginado (plano sonhado),
sendo o
imaginado mais «poderoso» do
que o vivido: Atravessa esta
paisagem
meu sonho dum porto infinito /
E a cor das flores é transparente
de as velas de grandes navios /
[…] O porto que sonho é
sombrio e
pálido / E esta paisagem é cheia
de sol deste lado… / Mas no
meu
espírito o sol desde dia é porto
sombrio.
O sonho é muitas vezes, para o poeta, uma forma de escapar a uma realidade amarga,
dececionante, onde a angústia experimentada o leva a uma fragmentação interior e a querer
reviver a infância perdida. O sonho surge como uma dimensão de evasão para um mundo de
fantasia, refúgio de uma realidade que desencadeia nele uma angústia existencial. Todavia,
regista-se sempre uma não coincidência entre sonho e realidade. Associada a esta temática,
aparece o intersecionismo que consiste na sobreposição e cruzamento entre o plano real e o do
sonho. No poema citado, há a interseção de dois planos – uma paisagem real (plano vivido) e
um porto imaginado (plano sonhado), sendo o imaginado mais «poderoso» do que o vivido.

Resumidamente, a arte de Fernando Pessoa é marcada por:

 Fingimento poético
 Intelectualização das emoções, do sentir
 Obsessão pela autoanálise
 Dor de pensar
 Distância entre sonho e realidade
 Incapacidade de usufruir da vida
 Infância como símbolo de uma felicidade imaginária e perdida
 Fragmentação do eu
 Angústia existencial
 Solidão interior e melancolia
 Linguagem simples
 Repetições
 Rima interna, cruzada e emparelhada
 Estrofes curtas
 Suavidade ritma e musical (musicalidade aos poemas).

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