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No dia 9 de setembro deste ano, o então Ministro da Educação, Renato Janine

Ribeiro, postou a seguinte mensagem em uma rede social:

(http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/ministro-da-educacao-da-bronca-em-aluno-no-facebook-17438314
, acesso em 04-10-2015)

Com base nesse post, responda às questões 1, 2 e 3:

1. Em certo sentido, o texto acima permite a inferência de que as redes sociais

a) marginalizaram o discurso popular.


b) desburocratizaram os acessos discursivos.
c) perpetuaram o discurso político.
d) despolitizaram o cidadão.
e) polarizaram a ideologia política.

 Grau de dificuldade: Média.


 H30 – Relacionar as tecnologias da comunicação e informação ao
desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.

2. A resposta de Renato Janine Ribeiro permitiu subentender que a pergunta do


aluno faltou com a ética por

a) possuir o objetivo de adquirir certa vantagem pessoal.


b) entender que o estudo é sempre recompensado.
c) compreender que a redação é um importante diferencial.
d) sugerir que os temas de redação são difíceis.
e) esperar que o interlocutor exerça a função que o cargo exige.

 Grau de dificuldade: Média.


 H4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens
e dos sistemas de comunicação e informação.

3. A resposta de Renato Janine Ribeiro utilizou-se de um recurso de linguagem que


consiste em dizer algo diferente daquilo que realmente se pretende dizer; trata-se
da figura conhecida como

a) metáfora.
b) metonímia.
c) hipérbole.
d) ironia.
e) pleonasmo.

 Grau de dificuldade: Fácil.


 H1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como
elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.

Leia o poema abaixo para responder às questões 4 e 5:

Canção do exílio facilitada (José Paulo Paes)

lá?
ah!
sabiá…
papá…
maná…
sofá…
sinhá…
cá?
bah!
(http://tagarelicesoblog.blogspot.com.br/2013/10/170-anos-de-cancao-do-exilio-jose-paulo.html , acesso em 04-10-2015)

4. Em 1973, José Paulo Paes escreveu a “Canção do exílio facilitada”; no aspecto


formal, esses versos dialogam com a contemporaneidade por meio da(do)

a) oposição entre espaços.


b) presença de tratamento pronominal.
c) discurso enxuto.
d) interrogação retórica.
e) referência ao alimento bíblico.
 Grau de dificuldade: Fácil.
 H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de
construção do texto literário.

5. Um dos aspectos interessantes da modernidade é o apelo à infância ainda


presente no inconsciente do homem adulto. Nesse sentido, todo adulto é um
exilado distante da meninice querida; coerente com a psicanálise freudiana, essa
perspectiva fica evidente no vocábulo

a) cá.
b) sabiá.
c) lá.
d) maná.
e) papá.

 Grau de dificuldade: Fácil.


 H20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da
memória e da identidade nacional.

6. Observe:

(http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150405_vert_cap_linguagem_corporal_ml , acesso em 04-10-2015)

A linguagem facial desempenha, além de tudo, um importante papel social. No


texto acima, sugere-se que, no cotidiano, essa linguagem

a) pode ser controlada por seu usuário.


b) possui possibilidades limitadas de expressão.
c) associa-se exclusivamente ao trabalho.
d) representa a mais eficiente ferramenta comunicativa.
e) deve ser abandonada por gerar confusão.

 Grau de dificuldade: Difícil.


 H11 – Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social,
considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para
diferentes indivíduos.

7. Leia:

Evocação do Recife (Manuel Bandeira)

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
— Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
(...)
(http://www.jornaldepoesia.jor.br/manuelbandeira03.html , acesso em 05-10-2015)

Manuel Bandeira é um dos mais importantes poetas da primeira fase modernista;


em seus versos, desfilam diversos exemplos de simplicidade lírica. No fragmento
acima, por exemplo, o passado histórico da cidade de Recife é substituído pela

a) dimensão social das classes desfavorecidas.


b) experiência pessoal e, portanto, subjetiva.
c) saudade de outra cidade, mais pessoal.
d) recorrência a um passado totalmente criado.
e) abstração provocada por uma subjetividade coletiva.
 Grau de dificuldade: Média.
 H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de
construção do texto literário.

8. Observe:

(http://www.aedmoodle.ufpa.br/mod/forum/discuss.php?d=20541 , acesso em 05-10-2015)

O texto acima problematiza a maneira como as novas tecnologias da informação


e da comunicação relacionam-se às situações discursivas na atualidade. Desse texto,
infere-se que

a) os computadores substituirão o trabalho humano.


b) as pessoas, por decisão própria, estão cada vez mais sozinhas.
c) a evolução tecnológica não refletiu em capacitação cultural.
d) o ser humano realiza-se por meio da comunicação.
e) as pessoas ficaram dependentes das novas tecnologias.
 Grau de dificuldade: Média.
 H30 – Relacionar as tecnologias da comunicação e informação ao
desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.

Leia o texto abaixo para responder ao que se pede nas questões 9, 10 e 11:

Etnia (Adriano Alves)

Palavras envelhecem. Seus significados, muitas vezes, perdem força; outras, em


certos contextos, perdem a correção discursiva, ou ideológica, como se dizia
antigamente.

Uma delas é “raça”, quando se refere ao ser humano. Seu uso, hoje, mais do
que arcaico, revela conceitos de outros tempos, atrasados e… racistas!

No século XIX, quando a escravidão era comum em países como EUA ou Brasil,
o termo servia para evidenciar diferenças, para segregar, para hierarquizar as
pessoas, chamando umas de melhores, outras de piores.

Você assistiu ao filme “Django Livre”, de Quentin Tarantino? Em certa cena, o


personagem de Leonardo DiCaprio serra um crânio, que teria sido de um escravo. Sua
intenção era mostrar, na ossada, uma marca, um sinal que só haveria em negros, algo
que justificasse a ideia de que eles nasceram para servir.

Tudo bem que é preciso respeitar a mentalidade de cada época, mas o pior é
que esse absurdo revestia-se de pressupostos científicos, ou cientificistas; havia, por
exemplo, o determinismo, que dizia que as pessoas são determinadas pelo meio, pela
raça e pelo momento histórico.

É claro! É inegável que o meio nos influencia; mas influenciar é uma coisa,
determinar é outra. A origem pobre de Machado de Assis, por exemplo, não foi
suficiente para determinar-lhe o futuro.

Pior mesmo é quando descobrimos que o filme “Rio”, dirigido pelo brasileiro
Carlos Saldanha, possui conteúdo determinista. No enredo, sugere-se que, no Brasil, o
calor tropical apresenta-se como meio determinante, que faz tudo dançar; aqui,
entrega-se à diversão absoluta; a passarada salta para a folia, assim como o carnaval
nunca termina. Há um passarinho, amarelinho, que voa com um pandeiro e um grupo
de mulatos corruptos.

No mesmo filme, a moça que mora em país frio, em meio ao inverno e à neve,
trabalha em uma livraria, cercada por livros e cultura.
Está aí o determinismo em relação ao meio geográfico; para o filme, o calor
impede-nos de estudar ao mesmo tempo em que nos impele à diversão; outro
preconceito do filme, os mulatos, em geral, são corruptos.

Determinismo é herança maldita do século XIX que escorre, ainda, pelo XXI.

O que fazer?

Antes de qualquer coisa, é importante tomar consciência disso! É bom começar


por não usar a palavra raça quando se referir ao ser humano. A palavra exagera
diferenças. Quem tem raça é cachorro; entre eles, há indivíduos muito diferentes uns
dos outros; há cães que chegam a ser vinte vezes maiores do que outros.

Entre nós, use o termo etnia! Não é que sejamos iguais; mas o que nos une é
maior do que o que nos separa. Além do mais, nossas diferenças fazem com que
sejamos, apenas, diferentes, não melhores. (http://genjuridico.com.br/2015/09/17/etnia/ , acesso em 05-10-
2015)

9. O texto faz referência ao determinismo, uma doutrina filosófica norteadora de


temáticas que contribuíram para a construção de uma estética que ficou
conhecida como

a) Barroco.
b) Arcadismo.
c) Romantismo.
d) Naturalismo.
e) Parnasianismo.

 Grau de dificuldade: Média.


 H13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar
diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.

10. De acordo com o texto, um dos inconvenientes de atribuir a palavra “raça” ao


ser humano está no fato de o termo evocar um sentido

a) metafórico.
b) zoomórfico.
c) hiperbólico.
d) onomatopeico.
e) catacrético.

 Grau de dificuldade: Fácil.


 H4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens
e dos sistemas de comunicação e informação.
11. No sétimo parágrafo, o termo coesivo “Pior mesmo” justifica-se semanticamente
pelo fato de

a) o filme “Rio”, que diminui os brasileiros, ter sido dirigido por um brasileiro.
b) o determinismo ser uma característica da prosa cientificista do final do século
XIX.
c) em países tropicais, a alegria ser provocada pelas cores da natureza.
d) os brasileiros serem uma heterogênea mistura de diversas etnias.
e) artistas brasileiros estarem conquistando importantes espaços.

 Grau de dificuldade: Difícil.


 H22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos
linguísticos.

12. Observe:

Imagem I

(http://www.studiosomjoao.com.br/)

Imagem II

(http://www.ciframelodica.com.br/trompete/)

Imagem III

(http://www.guarda-moveis-unidos.com.br/)

Imagem IV
(http://musiteca.com.br/)

Imagem V

(http://www.alvinhopatriota.com.br/)

Instrumentos musicais representam a diversidade artística e os meios sociais em


que estão inseridos. Nesse caso, é possível verificar que o instrumento da imagem

a) I dialoga com a ascensão social de gêneros como o samba.


b) II insere-se na cultura norteamericana de origem europeia.
c) III ganhou espaço após a Semana de Arte Moderna.
d) IV representa a cultura afrodescendente originária do sul do Brasil.
e) V pertence ao universo sertanejo e letrado do Brasil.

 Grau de dificuldade: Difícil.


 H14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das interrelações de
elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e
étnicos.

13. Observe:
(http://www.geocities.ws/adairneitzel/filosof.html , acesso em 06-10-2015)

No texto, pressupostos imagéticos criticam o formato comumente usado na


educação, pois

a) os professores têm o desempenho prejudicado por uma carga horária excessiva.


b) as escolas não dispõem de diversos e eficientes recursos tecnológicos.
c) o professor é um profissional que precisa de reciclagens periódicas.
d) a sala de aula apresentada possui, como deveria ser, número reduzido de alunos.
e) os alunos são retratos de forma passiva em relação à construção do discurso.

 Grau de dificuldade: Média.


 H4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens
e dos sistemas de comunicação e informação.

14.

(http://www.guiadasemana.com.br/turismo/noticia/conheca-algumas-importantes-obras-de-oscar-niemeyer , acesso em 06-10-2015)

A obra de Oscar Niemeyer é a que mais bem representa o Modernismo brasileiro


na arquitetura. Em Belo Horizonte, a Igreja São Francisco de Assis, inaugurada em
1943, já evidencia as diretrizes de toda a sua obra. Nessa obra,

a) os traços, minuciosos, dialogam com a estética tensa do Barroco.


b) o elemento sagrado é representado por meios convencionais.
c) o concreto molda-se à plasticidade estética sem perder sua função estrutural.
d) a estética é completamente gratuita, pois não evidencia preocupação prática.
e) as curvas retratam a flexibilização e indecisão política do autor.
 Grau de dificuldade: Difícil.
 H13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar
diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.

Leia o fragmento abaixo para responder às questões 15 e 16:

Ode ao Burguês

Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,


o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!


os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os “Printemps” com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!
(...)

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!


Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!


Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!


(http://pensador.uol.com.br/frase/NTIwOTg5/ , acesso em 06-10-2015)

15. Sabe-se que Ode é uma composição lírica destinada à exaltação. No poema de
Mário de Andrade, o termo foi, evidentemente, usado de forma irônica. Para
essa ironia, contribuiu a(o)

a) uso recorrente da primeira pessoa.


b) uso preferencial de coordenações.
c) referência a São Paulo.
d) trocadilho fonético do título.
e) versificação livre.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e
permanentes no patrimônio literário nacional.

16. Coerente com a orientação ideológica de muitos intelectuais brasileiros do


século XX, Mário de Andrade explicita seu posicionamento em

a) “A digestão bem feita de São Paulo!”


b) “Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!”
c) “Fará Sol? Choverá? Arlequinal!”
d) “Mas à chuva dos rosais”
e) “sempiternamente as mesmices convencionais!”

 Grau de dificuldade: Média


 H22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos
linguísticos.

Os textos abaixo servem de referência para as questões 17 e 18:

Texto I

O Impressionismo é um movimento artístico surgido na França no século XIX


que criou uma nova visão conceitual da natureza, utilizando pinceladas soltas, dando
ênfase na luz e no movimento. Geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o
pintor pudesse capturar melhor as nuances da luz e da natureza.
A arte alegre e vibrante dos impressionistas enche os olhos de cor e luz. A
presença dos contrastes, da natureza, transparências luminosas, claridade das cores,
sugestão de felicidade e de vida harmoniosa transparecem nas imagens criadas pelos
impressionistas.
Os impressionistas retratam em suas telas os reflexos e efeitos que a luz do sol
produz nas cores da natureza. A fonte das cores estava nos raios do sol. Uma mudança
no ângulo desses raios implica na alteração de cores e tons. É comum um mesmo
motivo ser retratado diversas vezes no mesmo local, porém com as variações causadas
pela mudanças nas horas do dia e nas estações ao longo do ano.
O Impressionismo mostra a graciosidade das pinceladas, a intensidade das
cores e a sensibilidade do artista, que, em conjunto, emocionam quem contempla suas
obras. (http://www.maguetas.com.br/impressionismo.php , acesso em 27-09-2015)

Texto II

“Auto Retrato com Chapéu de Palha” (Van Gogh)


(http://www.maguetas.com.br/impressionismo.php , acesso em 27-09-2015)

17. No impressionismo, a imagem em si, normalmente, sugere estaticidade; no


entanto, como o texto I afirma, a ideia de movimento manifesta-se por meio

a) das pinceladas rápidas.


b) da luz solar.
c) do componente alegre.
d) do autorretrato.
e) do afrancesamento estético.

 Grau de dificuldade: Média.


 H1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como
elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
18. O impressionismo é facilmente identificável pelo embaçamento da imagem. No
entanto, nessa estética, há um diálogo com a linguagem fotográfica no que se
refere ao aprisionamento de uma impressão

a) social.
b) política.
c) subjetiva.
d) instantânea.
e) expressionista.

 Grau de dificuldade: Média.


 H3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e
informação, considerando a função social desses sistemas.

O fragmento abaixo introduz a obra “Triste fim de Policarpo Quaresmo”,


de Lima Barreto. Leia-o para responder às questões 19 e 20:

Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma,


bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso
acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas
confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria
francesa.
Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, às três e
quarenta, por aí assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar a soleira da
porta de sua casa, numa rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e
quinze, como se fosse a aparição de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno
matematicamente determinado, previsto e predito.
A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do Capitão
Cláudio, onde era costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a
dona gritava à criada: "Alice, olha que são horas; o Major Quaresma já passou."
E era assim todos os dias, há quase trinta anos. Vivendo em casa própria e
tendo outros rendimentos além do seu ordenado, o Major Quaresma podia levar um
trem de vida superior aos seus recursos burocráticos, gozando, por parte da
vizinhança, da consideração e respeito de homem abastado.
Não recebia ninguém, vivia num isolamento monacal, embora fosse cortês com
os vizinhos que o julgavam esquisito e misantropo. Se não tinha amigos na redondeza,
não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fora a do Doutor Segadas, um
clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: "Se não
era formado, para quê? Pedantismo!"
O subsecretário não mostrava os livros a ninguém, mas acontecia que, quando
se abriam as janelas da sala de sua livraria, da rua poder-se-iam ver as estantes
pejadas de cima a baixo. (http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/policarpoE.pdf , acesso em 27-09-2015)
19. No fragmento acima, o comportamento metódico do Major Quaresma deixa
transparecer a visão irônica que Lima Barreto possuía a respeito do

a) futurismo.
b) positivismo.
c) determinismo.
d) impressionismo.
e) darwinismo.

 Grau de dificuldade: Média


 H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção,
situando aspectos do contexto histórico, social e político.

20. Ainda que não se conheça o significado da palavra “misantropo”, o texto


permite inferir que “misantropia” é a

a) necessidade de defender elementos da Pátria.


b) preocupação com o bem coletivo e social.
c) concepção de que o homem é fruto do meso, do meio.
d) aversão ao ser humano e à natureza humana em geral.
e) capacidade de ser pontual e responsável com os compromissos.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da
memória e da identidade nacional.

Observe o anúncio abaixo para responder às questões 21 e 22:

(http://portaldapropaganda.com.br/noticias/1319/consultas-inusitadas-promovem-assim-saude-no-rock-in-rio/ , acesso em 27-09-


2015)

21. No anúncio publicitário acima, a estratégia argumentativa utiliza-se, por meio de


uma relação intertextual, de elementos que pertencem a universos semânticos
diferentes, evidenciados na(o)
a) conflito entre cores e na postura provocativa própria do universo musical.
b) desumanização da face e na concepção lúdica do universo infantojuvenil.
c) postura crítica do rock e na certeza de que ele não envelhece.
d) maquiagem antissocial provocativa e na deformidade física denunciadora de
uma doença.
e) linguagem facial própria do rock e na mão que utiliza um instrumento ligado à
saúde.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H24 – Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o
convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção,
chantagem, entre outras.

22. No anúncio, a função conativa serve-se do argumento de autoridade, pois,


figurativamente, sugere que astros do rock

a) utilizam-se do produto anunciado.


b) têm problemas sérios na boca.
c) preocupam-se especialmente com a voz.
d) voltarão à cidade do Rio de Janeiro.
e) têm deformidades perceptíveis na boca.

 Grau de dificuldade: Média


 H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações
específicas de interlocução.

23. Leia:

Ismália (Alphonsus de Guimaraens)

Quando Ismália enlouqueceu,


Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu


Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(http://www.releituras.com/alphonsus_ismalia.asp , acesso em 28-09-2015)

No poema, o par antitético lua/mar contribui para a construção de uma temática


simbolista que

a) confirma o aspecto realista-naturalista da vida.


b) dialoga com elementos do nacionalismo romântico.
c) evoca a dimensão religiosa por meio da sublimação.
d) retoma a morte como fim inevitável da matéria.
e) sintetiza o principal aspecto da poética parnasiana.

 Grau de dificuldade: Média


 H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de
construção do texto literário.

O fragmento abaixo pertence ao poema “Ode Triunfal”, de Álvaro de


Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa. Leia-o para responder às
questões 24, 25 e 26:

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica


Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical -
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força -
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
(...)
(http://www.jornaldepoesia.jor.br/facam02.html , acesso em 28-09-2015)

24. Nos versos acima, o culto à máquina, à velocidade, à modernidade, configura os


principais elementos presentes na Vanguarda de Marinetti, que ficou conhecida
como

a) Dadaísmo.
b) Surrealismo.
c) Futurismo.
d) Expressionismo.
e) Impressionismo.

 Grau de dificuldade: Fácil


 H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e
procedimentos de construção do texto literário.

25. No verso “Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!” sugere-se a sonoridade


produzida pela máquina, por meio do recurso conhecido como

a) onomatopeia.
b) paronomásia.
c) homonímia.
d) sinonímia.
e) metonímia.

 Grau de dificuldade: Fácil


 H1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como
elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.

26. No poema, o passado, ainda que cultural e filosófico, serviu apenas para a

a) confirmação das verdades dos grandes sábios.


b) construção da maquinaria presente.
c) negação da importância do ser humano.
d) resignação diante dos medos humanos.
e) perpetuação da humanidade da sabedoria.

 Grau de dificuldade: Média


 H17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e
permanentes no patrimônio literário nacional.

O fragmento abaixo foi retirado de uma entrevista que o médico nutrólogo


João Curva concedeu à Revista Quem. Leia-o para responder ao que se pede nas
questões 27 e 28:

QUEM Online - O senhor diz, em A Alquimia dos Sabores, que a maioria das
doenças começa com muita obrigação e pouco prazer. Como essa combinação afeta o
organismo?
Dr. João Curvo - Ela afeta os hormônios. Quando se tem muita obrigação e
pouco prazer, o que está sendo semeado no organismo é o estresse. Ele faz crescer a
produção do cortisol, hormônio que colabora para aumentar o colesterol e a gordura
abdominal. Quando se está vivendo sob muita tensão também, pode-se notar um efeito
muscular importante: a gente encurta toda a musculatura cervical, lombar, das costas,
projeta o abdômen para a frente. O estresse é até capaz de mudar nossa postura e o
desenho do esqueleto. Costumo dizer que a vida tem que ser muito boa, afinal,
nascemos para a felicidade. Quando a gente se perde em meio a muita obrigação, é
mais fácil ficar doente: desenvolver hipertensão, diabetes ou depressão, por exemplo, é
um pulo. (http://revistaquem.globo.com/Quem/0,6993,EQG1314087-3428,00.html , acesso em 17-09-2015)

27. Ainda que possua marcas de natureza científica, como é o caso acima, a
entrevista aproxima-se do gênero dramático em virtude

a) das marcas discursivas que, em formato de perguntas e respostas, configuram o


diálogo.
b) das preocupações informativas da notícia, próprias dos textos de origem
jornalística.
c) das expressões que comprovam a autoridade científica da personalidade
entrevistada.
d) da intertextualidade, presente na pergunta, que evoca outras falas do
entrevistado.
e) do nível de linguagem do entrevistado, que se caracteriza como prosaico,
descontraído.

 Grau de dificuldade: Fácil.


 H16 –Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de
construção do texto literário.
28. Apesar das expressões pertencentes ao universo científico, a fala do médico
reveste-se de argumento subjetivo como se verifica, principalmente, em

a) “Ele faz crescer a produção do cortizol, hormônio que colabora para aumentar
o colesterol e a gordura abdominal.”
b) “Quando se está vivendo sob muita tensão também pode-se notar um efeito
muscular importante:”
c) “O estresse é até capaz de mudar nossa postura e o desenho do esqueleto.”
d) “Costumo dizer que a vida tem que ser muito boa, afinal, nascemos para a
felicidade.”
e) “Quando a gente se perde em meio a muita obrigação, é mais fácil ficar
doente:”

 Grau de dificuldade: Média


 H22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos
linguísticos.

29. Um dos mais celebrados nomes do gênero Intervenções Urbanas é Banksy,


artista inglês anônimo cujas obras já foram vistas nas ruas de Londres, no muro
que separa Israel da Palestina, e no British Museum.

(http://www.amearquitetura.com/2014/03/11/intervencoes-urbanas-beleza-das megalopolises/ , acesso em 20-09-2015)

Na Intervenção Urbana acima, a esperança de subversão da ordem política dá-se


por meio da
a) remilitarização do Oriente Médio, que confia na máxima de que o armamento
garante a paz.
b) fragmentação do homem, que, na vida adulta, perdeu, definitivamente, a
infância.
c) retomada do humor, comprovando que o cômico pode ser eficiente comunicação
entre os povos.
d) desmilitarização do homem, paralela à retomada da simplicidade atribuída à
infância.
e) diminuição do uso da linguagem verbal, pois a influência do discurso digital está
banalizando a escrita.

 Grau de dificuldade: Média


 H13 –Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes
culturas, padrões de beleza e preconceitos.

Leia o poema de Vinícius de Moraes para responder às questões 30 e 31:

Rosa de Hiroshima (Vinícius de Moraes)

Pensem nas crianças


Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
(http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49279/ , acesso em 06-10-2015)

30. Diferentemente do que acontece com o texto não literário, os versos de Vinícius
de Moraes utilizam-se da função poética para

a) emprestar subjetividade ao fato, garantindo-lhe leitura lírica.


b) redimensionar o fato histórico, emprestando-lhe uma releitura estética.
c) verificar a funcionalidade do canal comunicativo.
d) confirmar o acontecido, tornando o fato ainda mais confiável.
e) subverter conceitos inovadores da poesia modernista.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações
específicas de interlocução.

31. Ao fazer uma releitura do passado, o poema “Rosa de Hiroshima” atualiza sua
significação social; nessa atualização, utiliza-se de recursos interlocutivos, como
o uso

a) do sentido denotativo de “rosa”.


b) da forma verbal “pensem”.
c) da visão otimista de futuro.
d) do adjetivo “Hiroshima”.
e) de versificação livre.

 Grau de dificuldade: Média


 H17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e
permanentes no patrimônio literário nacional.

32. Leia:

Como fazer um hipertexto

Feita a tarefa de incorporação dos Saiba Mais em uma matéria já editada, a


ideia hoje é partir do zero e gerar uma notícia considerando a hipertextualidade.
Para isso, é importante trabalhar o sentido do texto e pensar, desde o primeiro
momento, nas conexões que levarão o leitor de um nó ao outro.
O exercício é simples: você deve fazer um texto informativo sobre o impacto na
economia mundial da crise do mercado norteamericano.
É permitido usar material dos portais – desde que reescritos. Você deve fazer
um texto inicial, de apresentação, de 1,5 caracteres (com espaço) e duas retrancas de
500 caracteres.
Publique a retranca de apresentação como um artigo (post) e as retrancas
auxiliares como páginas. E, é claro, conecte cada um dos três nós entre si.
Simples, não?
(https://jornalismoonline.wordpress.com/2008/09/30/primeiro-texto-hipertextual/ , acesso em 21-09-2015)

O fragmento acima permite concluir que a hipertextualidade jornalística consiste


na
a) leitura simultânea de assuntos relacionados à economia mundial.
b) relação entre textos que se interligam por meio da lógica dedutiva.
c) promoção de leituras que se interligam de forma não linear.
d) pessoalização da leitura, pois, nesse caso, o encadeamento de textos é subjetivo.
e) construção espacial e temporal da sequência de leitura pré-determinada.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para
organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.

33. Observe:

(http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/05/22/934979/conheca-operarios-tarsila-do-amaral.html , acesso em 20-09-


2015)

A tela “Operários” (1933), de Tarsila do Amaral dialoga com a temática social


da segunda fase do Modernismo. Na tela, o aspecto social manifesta-se na(o)

a) retrato de pessoas conhecidas pela própria autora em seu cotidiano.


b) chaminés ao fundo, como representação do trabalho democrático.
c) beleza da diversidade étnica que é a formação populacional brasileira.
d) emprego de técnicas herdadas das Vanguardas Europeias, como o Cubismo.
e) massificação de rostos, de vários formatos, em várias cores, todos sérios.

 Grau de dificuldade: Média


 H12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos
artistas em seus meios culturais.

34. Leia:
Na tentativa de mais uma vez desmistificar as sutis contradições da Literatura
Brasileira, Roberto Schwarz, mantendo-se fiel ao seu estilo literário, esboça uma
análise intensa e provocativa de um poema, de Oswald de Andrade, também intenso e
provocativo. A provocação delineada se mostra sem demora no início do artigo “A
carroça, o bonde e o poeta modernista” que abre caminhos para a obra intitulada
“Que Horas São?”, ao relatar que Oswald de Andrade “inventou uma fórmula fácil”
de representar o Brasil por meio da literatura. Essa fórmula, que ironicamente foi
descrita como uma receita simples, tratava-se exatamente da enorme dificuldade de
difundir as chamadas cultura culta e cultura popular.

Schwarz se aventura, não sem ventura, a pintar e afirmar Oswald de Andrade


como um artista sério, por oposição à fama de piadista. Partindo da tese do artista de
que é preciso que o moderno se encontre com o arcaico, Schwarz vai construir todo um
argumento na intenção de voltar as atenções às contradições políticas e estéticas do
Brasil. Afirmar que a confluência entre o simples e o genial não se trata de configurar
uma imagem negativa do país, mas dizer que esse contraste é parte do país.
Formalidade informal. O moderno e o arcaico. A carroça e o bonde.
(...)
(http://www.literaturabrasileira.net/index.php?option=com_content&view=article&id=140:schwarz-e-o-poeta-
modernista&catid=18:geral , acesso em 21-09-2015)

O texto acima, que se refere a Oswald de Andrade, evidencia uma das principais
características da primeira geração modernista, que é a(o)

a) releitura do passado, de forma a integrá-lo a elementos da modernidade.


b) idealização da nação por meio da valorização do elemento indígena.
c) constituição do patriotismo futurista, por meio da valorização à máquina.
d) ideal pau-brasil, constituído pelo desprezo ao elemento estrangeiro.
e) valorização ao prosaico, inserido na estética de Manuel Bandeira.

 Grau de dificuldade: Média


 H14 – Reconhecer o valor da diversidade artísticas e das inter-relações de
elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e
étnicos.

Leia o texto abaixo. Depois, responda ao que se pede nas questões 35 e 36:

Eduardo e Mônica (Renato Russo / Legião Urbano)

Quem um dia irá dizer que existe razão


Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar


Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade
Como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer


E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir
Festa estranha, com gente esquisita
- Eu não estou legal, não aguento mais birita
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
- É quase duas, eu vou me ferrar

Eduardo e Mônica trocaram telefone


Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos


Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
De Van Gogh e dos Mutantes
Do Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda estava
No esquema "escola, cinema, clube, televisão"

E, mesmo com tudo diferente


Veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia
Como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia


Teatro e artesanato e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa
Que nem feijão com arroz

Construíram uma casa uns dois anos atrás


Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília


E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação

E quem um dia irá dizer que existe razão


Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?
(http://www.vagalume.com.br/legiao-urbana/eduardo-e-monica.html , acesso em 21-09-2015)

35. Na letra de Renato Russo, o lírico dialoga com o narrativo por meio da
poetização de uma história com a qual muitos se identificariam. Na narrativa, os
protagonistas comprovam o ditado popular

a) “a palavra é de prata, o silêncio é de ouro”.


b) “água mole, pedra dura; tanto bate até que fura”.
c) “os opostos se atraem”.
d) “amigos, amigos, negócios à parte”.
e) “as aparências enganam”.

 Grau de dificuldade: Média


 H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para
organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
36. Na primeira e na última estrofe, ao amor atribuem-se, paradoxalmente, a
irracionalidade e a racionalidade, que, respectivamente, referem-se

a) ao cientificismo romântico e à mentalidade parnasiana.


b) ao subjetivismo pessoal e à recorrência coletiva dos eventos.
c) ao inconsciente freudiano e à denúncia modernista.
d) ao sentimentalismo romântico e ao misticismo simbolismo.
e) ao personalismo espontâneo e à mentalidade realista.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H14 – Reconhecer o valor da diversidade artísticas e das inter-relações de
elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e
étnicos.

37. Leia os versos abaixo; trata-se de um fragmento retirado do poema “Profissão


de fé”, de Olavo Bilac:

Invejo ourives quando escrevo:


Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
(http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/OlavoBilac/profissaodefe.htm , acesso em 20-09-
2015)

No segundo verso, o termo “amor” contextualiza-se ao Parnasianismo porque


sugere a(o)

a) imprecisão das formas da pintura impressionista.


b) esforço empregado na feitura da forma clássica.
c) espontaneidade típica do lirismo amoroso.
d) conteúdo heroico das narrativas épicas.
e) contradição do universo tenso do Barroco.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e
informação, considerando a função social desses sistemas.

38. Os versos abaixo foram extraídos da obra “I-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias.
Leia-os para responder ao que se pede:

“(...)
Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
(...)”
(http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/GoncalvesDias/IJucaPirama.htm , acesso em 20-
09-2015)

O indianismo romântico participou da construção de um projeto nacional, pois

a) procurou criar um passado mítico e heroico que faltava para a validação do


sentimento nacionalista.
b) identificou o índio brasileiro a um cavalheiro medieval, emprestando-lhe uma
perspectiva antropológica e verossímil.
c) permitiu a criação de leis que tinham a intenção de proteger as reservas
indígenas espalhadas pelo território nacional.
d) associou o romantismo nacional ao ultrarromantismo, próprio da poesia mórbida
e sombria de Byron.
e) identificou, no índio, as características exuberantes da natureza, valorizadas
desde a poesia árcade.

 Grau de dificuldade: Difícil


 H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua
produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.

Leia a tira abaixo para responder às questões 39 e 40:


(http://maiseducativo.com.br/lista-de-atividades-sobre-variacoes-linguisticas/ , acesso em 23-09-2015)

39. No diálogo acima, evidenciam-se diferentes variedades linguísticas; na fala de


Chico, além do caráter informal, percebem-se marcas ligadas

a) ao tempo.
b) ao espaço.
c) à idade.
d) ao sexo.
e) à profissão.

 Grau de dificuldade: Média


 H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.

40. Na tira, a professora, coerente com sua função social, mesmo utilizando-se da
variedade formal da língua,

a) preocupa-se em garantir a comunicabilidade.


b) visualiza a inacessibilidade comunicativa.
c) evidencia a falta de importância da Língua Padrão.
d) sugere que o Chico jamais alcançaria a correção gramatical.
e) garante ao Chico a falta de necessidade de estudar a língua.

 Grau de dificuldade: Média


 H27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes
situações de comunicação.

Gabarito:

1. B
2. A
3. D
4. C
5. E
6. A
7. B
8. C
9. D
10. B
11. A
12. A
13. E
14. C
15. D
16. B
17. A
18. D
19. B
20. D
21. E
22. A
23. C
24. C
25. A
26. B
27. A
28. D
29. D
30. B
31. B
32. C
33. E
34. A
35. C
36. B
37. B
38. A
39. B
40. A

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