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A Redação no Enem: Estrutura e Repertório sociocultural
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A Redação no Enem: Estrutura e Repertório sociocultural
Para auxiliar a sua produção de texto, abaixo está Trabalhando a coesão textual
uma lista com algumas palavras e significados:
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para deixar o parágrafo de acordo com o critério de “As melhores e as mais lindas coisas do mundo não se
avaliação número 5. pode ver nem tocar. Elas devem ser sentidas com o
coração.” (Charles Chaplin)
MODELO DE INTRODUÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE OU “Nada substitui o conhecimento profundo.” (Edwards W.
PROBLEMAS AMBIENTAIS Deming)
“Grandes realizações não são feitas por impulso, mas por
Segundo Sartre, filósofo francês, o ser humano é livre e uma soma de pequenas realizações.” (Van Gogh)
responsável; cabe a ele escolher seu modo de agir. Logo,
com o avanço do sistema capitalista, recai sobre o homem
“Algumas pessoas amam o poder, outras, tem o poder de
AMAR.” (Bob Marley)
o compromisso de tornar o mundo mais sustentável. No
século XXI, a preocupação com (TEMA/PROBLEMA), “É a qualidade dos “sim” e dos “não” que você diz hoje
(AMOSTRA DE OPINIÃO), reflete essa realidade. que definirá como será a sua vida amanhã.” (Roberto
Exatamente a mesma estratégia usada anteriormente, Shinyashiki)
agora usando Sartre e adaptando a parte contextual. A “A felicidade não entra em portas trancadas.” (Chico
tese sempre presente, é claro. Xavier)
“Ser normal é a meta dos fracassados.” (Carl Jung)
MODELO DE CONCLUSÃO PARA SUSTENTABILIDADE OU “Um homem era tão pobre, mas tão pobre, que só tinha
PROBLEMAS AMBIENTAIS dinheiro.” (Chico Xavier)
Quando você julga os outros, não os define, define a si
É preciso que os indivíduos assumam, portanto, sua mesmo.” (Wayne W. Dyer)
responsabilidade diante do (PROBLEMA), uma vez que
(RETOMADA DA TESE). Sendo assim, desde que haja a
parceria entre governo, comunidade e família, será
possível amenizar os problemas ambientais, construindo
um Brasil mais sustentável.
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2. Política:
“A política é a arte do possível.” (Bismark – Chanceler
Alemão)
“Seu poder está naquilo que você faz, e naquilo que você
se recusa a fazer.” (O Aleph)
“O vigor físico é bom, o vigor intelectual melhor ainda.
Mas acima de todos está o vigor do caráter.” (Roosevelt) Otto von Bismarck
“O preconceito é o analfabetismo da alma.” (Vinicius
Kairalla) 3. Sociedade:
“A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade
“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos
deprava-o e torna-o miserável.” (Jean Jacques Rousseau –
olhos daqueles que não sabem voar.” (Friedrich Nietzsche)
Filósofo Suíço)
“Algo só é impossível até que alguém duvide e prove o
contrário.” (Albert Einstein)
“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.”
(Albert Einsten)
“Muitas pessoas devem a grandeza de suas vidas aos
problemas e obstáculos que tiveram de vencer.”
(Spurgeon)
“Não tenho medo das palavras dos violentos, e sim do
silêncio dos honestos.” (Martin Luther King)
“Do que adianta você ter essa alma colada aos ossos
dessa carne errada? Sem o risco a vida não vale a pena.”
(Goethe)
“Faça sendo, aprenda fazendo.” (Buda) Jean Jacques Rousseau
“Ao bem, o bem: ao mal, a justiça.” (Confúcio)
“A fortuna é como um vestuário que, muito folgado nos 4. Globalização:
embaraça, e muito apertado nos oprime.” (Horácio) “A globalização encurtou as distâncias métricas,
“A forma de governo mais adequada ao artista é a aumentando muito mais as distâncias afetivas.” (Jaak
ausência de governo. Autoridade sobre ele e a sua arte é Bosmans – Escritor e representante da FALASP –
algo de ridículo.” (Oscar Wilde) Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de
São Paulo)
“A existência precede a essência.” (Jean-Paul Sartre)
“A coragem é a primeira das virtudes do homem, porque 5. Economia Global:
é a virtude que garante as demais.” (Winston Churchill) “O Governo do Estado moderno é apenas um comitê para
gerir os negócios comuns de toda a burguesia.” (Karl Marx
FRASES PARA PENSAR E AGIR NA REDAÇÃO DO – Filósofo alemão)
ENEM-2017– PARTE II
6. Desigualdade Social:
1. Educação: “O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma
“Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa
tampouco sem ela a sociedade muda.” (Paulo Freire – classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.”
Educador, pedagogo e filósofo brasileiro) (Darcy Ribeiro – Antropólogo, escritor e político brasileiro)
Paulo Freire
Darcy Ribeiro
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7. Juventude:
“O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o
pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a
justiça, a educação. São estas as virtudes que devem
formar o seu caráter.”
(Sócrates – Filósofo)
Virginia Woolf
11. Tecnologia:
“Tornou-se aterradoramente claro que a
nossa tecnologia ultrapassou a nossa Humanidade” (Albert
Einstein – Físico)
Sócrates
Albert Einstein
8. Meio ambiente:
“Inteligência é a habilidade das espécies para viver em OS 20 FILÓSOFOS ESSENCIAIS PARA A REDAÇÃO DO
harmonia com o meio ambiente.” (Paul Watson – ENEM
Cofundador e diretor da fundação Greenpeace.)
1. Os filósofos pré-socráticos: os primeiros filósofos e
cientistas (séc. VI a.C.). Preocupam-se mais com a
questão da origem e da constituição da natureza (a
questão da physis) do que com as questões éticas,
políticas e epistemológicas.
2. Os sofistas: os primeiros professores profissionais de
argumentação e retórica. São os primeiros “humanistas”.
Defendem que “o homem é a medida de todas as coisas”
(Protágoras) e que a verdade é relativa à força dos
argumentos (Górgias).
3. Sócrates: o primeiro filósofo de fato. Faz oposição aos
sofistas, por eles cobrarem pelos ensinamentos e não
visarem à compreensão da verdade. Para Sócrates, o
Paul Watson conhecimento mais importante é a consciência da própria
ignorância.
9. Preconceito: 4. Platão: aluno de Sócrates. Desenvolve a Teoria das
“Todo preconceito é fruto da burrice, da ignorância, e Ideias. É contrário à democracia, vista como um regime no
qualquer atividade cultural contra preconceitos é válida. ” qual os mais ignorantes governam. Defende o governo dos
(Paulo Autran – Ator) mais sábios.
5. Aristóteles: aluno de Platão. Critica a Teoria das
Ideias. Afirma ser necessário utilizar os sentidos para
conhecer. Para ele, a virtude está na justa medida. A
felicidade é o fim a que visam todas as ações humanas.
6. Filosofia medieval: o processo de conciliação entre o
pensamento filosófico grego e helênico e a religião cristã.
Dois grandes períodos: a Patrística (do séc. IV ao VI; o
principal representante é Agostinho) e a Escolástica (do
séc. XI ao XV; o principal representante é Tomás de
Aquino).
7. Thomas More: também conhecido como Thomas
Morus, escreve, no séc. XVI, Utopia, descrição literária e
filosófica de uma sociedade ideal, sem dinheiro nem
Paulo Autran violência contra as pessoas.
8. Maquiavel: escreve, também no séc. XVI, O Príncipe,
10. Relações humanas: no qual tenta apresentar as leis de funcionamento da
“De tudo que existe, nada é tão estranho como política não a partir de uma idealização, mas a partir da
as relações humanas, com suas mudanças, sua história grega, romana e italiana.
extraordinária irracionalidade. ” (Virginia Woolf – 9. René Descartes: no séc. XVII, o racionalista Descartes
Escritora) procura fundamentar todo o conhecimento não pela
tradição nem pela experiência sensorial, mas pela razão.
10. Francis Bacon: propõe que a ciência funcionava por
método indutivo: a repetição das observações e
experimentos permitiria a inferência das leis de
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funcionamento da natureza. O erro do conhecimento 5. “Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e
é atribuído a ídolos: os ídolos da tribo, da caverna, do bebemos gota a gota a verdade que nos amarga.”
fórum e do teatro. (Denis Diderot)
11. Thomas Hobbes: no séc. XVII, escreve Leviatã, onde 6. “Viver é negócio muito perigoso.”
defende que o Estado absolutista é necessário para evitar a (João Guimarães Rosa)
guerra de todos contra todos. É um contratualista. É 7. “A democracia é um erro estatístico, porque na
também empirista, afirmando que todo o conhecimento democracia decide a maioria e a maioria é formada de
humano deriva das impressões sensoriais. imbecis.”
12. John Locke: concorda com o empirismo de Hobbes, (Jorge Luis Borges)
mas discorda da defesa do Estado absolutista. Locke é um 8. “Todas as famílias felizes se parecem; cada família
contratualista e jusnaturalista (acredita que existam leis infeliz é infeliz à sua maneira.”
naturais) que defende que o Estado deve manter e (Liev Tolstói)
proteger todos os direitos dos cidadãos (direito à vida, à 9. “Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo
liberdade e à propriedade privada), exceto o direito de alheio.”
fazer justiça pelas próprias mãos. (Umberto Eco)
13. Jean-Jacques Rousseau: no séc. XVIII, Rousseau 10. “A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto
afirma que o homem nasce bom, mas a sociedade o humano.”
corrompe, especialmente por meio da propriedade privada. (Victor Hugo)
Essa é a base da tese do bom selvagem. Rousseau é um 11. “Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas
contratualista. que pelas respostas.”
14. David Hume: o empirista David Hume, no séc. XVIII, (Voltaire)
aponta o problema da indução. Afirma que todo o 12. “A vida é uma história contada por um idiota, cheia de
conhecimento indutivo, incluindo a ciência, é inseguro, pois som e de fúria, sem sentido algum.”
é baseado no mero hábito, e não na estrutura da natureza. (William Shakespeare)
Não é possível obter um conhecimento geral a partir de um 13. “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma
conjunto limitado de dados. partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons
15. Immanuel Kant: no século XVIII, defende que tanto o sentimentos.”
racionalismo quanto o empirismo têm razão parcialmente. (Nelson Rodrigues)
Defende que é preciso conceber o conhecimento como uma 14. “Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.”
síntese entre a coisa-em-si externa e uma estrutura prévia (Drummond)
de conhecimento. A ideia de que o conhecimento revela 15. “O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si
mais sobre nós mesmos do que sobre a coisa conhecida é mesmo.” (Clarice Lispector)
chamada por ele de revolução copernicana na filosofia. No 16. “Perder tempo em aprender coisas que não
campo da ética, criou o imperativo categórico, que diz que interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.”
antes de agir o sujeito deve generalizar hipoteticamente (Drummond)
sua ação para toda a humanidade – se o resultado de sua 17. “Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a
ação generalizada for benéfico para todos, ela deve ser felicidade está numa caixa de bombons.” (Drummond)
praticada; se for maléfico, não deve. 18. “A vida sem luta é um mar morto no centro do
16. Hegel: transforma o conceito de “dialética”: para organismo universal.” (Machado de Assis)
Hegel, a dialética não tem dois pólos, mas três – tese, 19. “Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco
antítese e síntese, que se constitui como nova tese. importa; o essencial é que saiba amar.” (Machado de
17. Bentham, Mill e o Utilitarismo: afirmam que devemos Assis)
sempre agir sempre visando ao maior bem para a maior 20. “A raiva e a intolerância são as inimigas gêmeas da
quantidade de pessoas. compreensão correta.” (Gandhi)
18. Karl Marx: no século XIX, cria o materialismo
dialético. Para compreender a sociedade, é preciso 21. “Dizes contentar-te com pouco; é essa, na realidade,
compreender sua infra-estrutura (o processo de produção). a suprema sabedoria mas eu fui sempre a grande
A superestrutura (valores, ideias, religião, cultura, revoltada e a grande ambiciosa que só quer a felicidade
educação et cetera) é mera consequência necessária da quando ela seja como um turbilhão que dê a vertigem e
infraestrutura. que deslumbre!” (Florbela Espanca)
19. Jean-Paul Sartre: para Sartre (séc. XX), todo homem 22. “A República não precisa de fazer-se terrível, mas
vive na liberdade absoluta. “O homem é condenado a ser de ser amável; não deve perseguir, mas conciliar; não
livre”: não pode escapar do fato de que todas as suas carece de vingar-se, mas de esquecer; não tem que se
ações são de sua inteira e exclusiva responsabilidade. O coser na pele das antigas reações, mas que alargar e
homem é livre mesmo que decida seguir ordens – pois o consolidar a liberdade.” (Rui Barbosa)
ato de seguir ordens não é necessário, e sim uma escolha 23. “O amor verdadeiro tem destas coisas: não se explica,
livre de não ser livre, escolha que o homem pode mudar a não se controla, não se racionaliza, simplesmente toma
qualquer momento. Sartre é um existencialista: para ele, a conta. É uma droga, um vício, uma viagem entre o céu e o
existência é anterior à essência, que é constituída inferno, ida e volta, sem parar.” (Martha Medeiros)
livremente por cada homem. 24. “A raiva é um veneno que bebemos esperando
20. Michel Foucault: no pensamento de Foucault (séc. que os outros morram.” (Shakespeare)
XX), o poder não existe como algo de que alguém possa 25. “As palavras estão cheias de falsidade ou de arte;
ter a “posse”; o poder não é localizado espacialmente, mas o olhar é a linguagem do coração.” (Shakespeare)
está distribuído em todas as relações sociais. Poder não se
detém: se exerce. A forma do exercício do poder pode ser A MPB NA REDAÇÃO DO ENEM
violenta ou sutil.
1. Tocando em frente
A LITERATURA NA REDAÇÃO DO ENEM Renato Teixeira/Almir Sater
“Cada um de nós compõe a sua própria história e cada ser
1. “Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz...”
pleno carnaval.” (Vinicius de Moraes)
2. “A única pessoa livre é aquela que não tem medo do 2. Se todos fossem iguais a você
ridículo.” (Luis Fernando Veríssimo) Tom Jobim/Vinícius de Moraes
3. “Acreditar em nossa própria mentira é o primeiro passo “Se todos fossem iguais a você que maravilha viver...”
para o estabelecimento de uma nova verdade.” (Carlos
Drummond de Andrade)
4. “A primeira glória é a reparação do erro.” (Machado
de Assis)
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10. “E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz, você
era a princesa que eu fiz coroar e era tão linda de se
admirar...”
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OBRAS LITERÁRIAS NA REDAÇÃO DO ENEM representa os seres marginais em um Rio de Janeiro que
sonha com a modernidade. Aqui, Lima Barreto acompanha
o drama de um mulato inteligente, que é violentamente
discriminado por sua cor, o que o autor promove é uma
naturalização da linguagem para dar espessura humana a
atores sociais que nunca haviam sido protagonistas na
literatura brasileira.
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1 — A Terra Desolada
(T. S. Eliot)
Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
A Paixão Segundo GH (1964), Clarice Lispector Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aleias de Hofgarten,
É o livro mais importante de Clarice Lispector, marcado por Tomamos café, e por uma hora conversamos.
uma estrutura solta, que não tem começo nem fim — inicia Big gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
e termina com reticências. O que o leitor acompanha é Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
parte dos intermináveis questionamentos de uma
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Um homem velho é apenas uma ninharia, E como aos deuses dádiva suprema,
trapos numa bengala à espera do final, O resplendor solar sereno esparze
a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria Na altitude um desprezo soberano.
sobre os farrapos do seu hábito mortal; Como em prazer o fruto se desfaz,
nem há escola de canto, ali, que não estude Como em delícia muda sua ausência
monumentos de sua própria magnitude. Na boca onde perece sua forma,
Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância, Aqui aspiro meu futuro fumo,
em busca da cidade santa de Bizâncio. Quando o céu canta à alma consumida
Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado, A mudança das margens em rumor.
como se num mosaico de ouro a resplender, (Trecho de O Cemitério Marinho, de Paul Valéry. Tradução
vinde do fogo santo, em giro espiralado, de Darcy Damasceno)
e vos tornai mestres-cantores do meu ser .
Rompei meu coração, que a febre faz doente 8 — Hugh Selwyn Mauberly
e, acorrentado a um mísero animal morrente, (Ezra Pound)
já não sabe o que é; arrancai-me da idade Vai, livro natimudo,
para o lavor sem fim da longa eternidade. E diz a ela
Livre da natureza não hei de assumir Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
conformação de coisa alguma natural, Houvesse em nós
mas a que o ourives grego soube urdir Mais canção, menos temas,
de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas, Então se acabariam minhas penas,
para acordar do ócio o sono imperial; Meus defeitos sanados em poemas
ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas, Para fazê-la eterna em minha voz
pousado em ramo de ouro, como um pássaro, Diz a ela que espalha
o que passou e passará e sempre passa. Tais tesouros no ar,
(Trecho de Velejando para Bizâncio, de William Buttler Yeats. Sem querer nada mais além de dar
Tradução de Augusto de Campos) Vida ao momento,
6 — À Espera dos Bárbaros Que eu lhes ordenaria: vivam,
(Konstantinos Kaváfis) Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
O que esperamos na ágora reunidos? Rubribordadas de ouro, só
É que os bárbaros chegam hoje. Uma substância e cor
Por que tanta apatia no senado? Desafiando o tempo.
Os senadores não legislam mais? Diz a ela que vai
É que os bárbaros chegam hoje. Com a canção nos lábios
Que leis hão de fazer os senadores? Mas não canta a canção e ignora
Os bárbaros que chegam as farão. Quem a fez, que talvez uma outra boca
Por que o imperador se ergueu tão cedo Tão bela quanto a dela
e de coroa solene se assentou Em novas eras há de ter aos pés
em seu trono, à porta magna da cidade? Os que a adoram agora,
É que os bárbaros chegam hoje. Quando os nossos dois pós
O nosso imperador conta saudar Com o de Waller se deponham, mudos,
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe No olvido que refina a todos nós,
um pergaminho no qual estão escritos Até que a mutação apague tudo
muitos nomes e títulos. Salvo a Beleza, a sós.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores (Trecho de Hugh Selwyn Mauberly, de Ezra Pound. Tradução
usam togas de púrpura, bordadas, de A. de Campos)
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas? 9 — Poema em Linha Reta
Por que hoje empunham bastões tão preciosos (Fernando Pessoa)
de ouro e prata finamente cravejados? Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
É que os bárbaros chegam hoje, Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
tais coisas os deslumbram. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes
Por que não vêm os dignos oradores vil,
derramar o seu verbo como sempre? Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
(Trecho de À Espera dos Bárbaros, de Konstantinos Kaváfis. Indesculpavelmente sujo,
Tradução de José Paulo Paes) Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar
banho,
7 — O Cemitério Marinho Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
(Paul Valéry) Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das
Esse teto tranquilo, onde andam pombas, etiquetas,
Palpita entre pinheiros, entre túmulos. Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e
O meio-dia justo nele incende arrogante,
O mar, o mar recomeçando sempre. Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Oh, recompensa, após um pensamento, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo
Um longo olhar sobre a calma dos deuses! ainda;
Que lavor puro de brilhos consome Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Tanto diamante de indistinta espuma Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de
E quanta paz parece conceber-se! fretes,
Quando repousa sobre o abismo um sol, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido
Límpidas obras de uma eterna causa emprestado sem pagar,
Fulge o Tempo e o Sonho é sabedoria. Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho
Tesouro estável, templo de Minerva, agachado
Massa de calma e nítida reserva, Para fora da possibilidade do soco;
Água franzida, olho que em ti escondes Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas
Tanto de sono sob um véu de chama, ridículas,
— Ó meu silêncio!… Um edifício na alma, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Cume dourado de mil, telhas, teto! Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Templo do Templo, que um suspiro exprime, Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Subo a este ponto puro e me acostumo, Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na
Todo envolto por meu olhar marinho. vida…
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10 — Poema Sujo
(Ferreira Gullar)
turvo turvo
a turva “Benjamin Esposito (Ricardo Darín) se aposentou
mão do sopro recentemente do cargo de oficial de justiça de um tribunal
contra o muro penal. Com bastante tempo livre, ele agora se dedica a
escuro escrever um livro. Benjamin usa sua experiência para
menos menos contar uma história trágica, a qual foi testemunha em
menos que escuro 1974. Na época o Departamento de Justiça onde
menos que mole e duro trabalhava foi designado para investigar o estupro e
menos que fosso e muro: menos que furo consequente assassinato de uma bela jovem. É desta
escuro forma que Benjamin conhece Ricardo Morales (Pablo
mais que escuro: Rago), marido da falecida, a quem promete ajudar a
claro encontrar o culpado. Para tanto ele conta com a ajuda de
como água? como pluma? Pablo Sandoval (Guillermo Francella), seu grande amigo, e
claro mais que claro claro: coisa alguma com Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), sua chefe
e tudo imediata, por quem nutre uma paixão secreta.”
(ou quase)
um bicho que o universo fabrica 2 — Bastardos Inglórios
e vem sonhando desde as entranhas (Quentin Tarantino, 2010)
azul
era o gato
azul
era o galo
azul
o cavalo
azul
(...)
(não como a tua boca de palavras) como uma
entrada para
eu não sabia tu
não sabias
fazer girar a vida
com seu montão de estrelas e oceano
entrando-nos em ti
bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
Não era Helena nem Vera “Segunda Guerra Mundial. A França está ocupada pelos
nem Nara nem Gabriela nazistas. O tenente Aldo Raine (Brad Pitt) é o encarregado
nem Tereza nem Maria de reunir um pelotão de soldados de origem judaica, com o
Seu nome seu nome era… objetivo de realizar uma missão suicida contra os alemães.
Perdeu-se na carne fria O objetivo é matar o maior número possível de nazistas,
perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia da forma mais cruel possível. Paralelamente Shosanna
(Trecho de Poema Sujo, de Ferreira Gullar) Dreyfuss (Mélanie Laurent) assiste a execução de sua
família pelas mãos do coronel Hans Landa (Christoph
Waltz), o que faz com que fuja para Paris. Lá ela se
disfarça como operadora e dona de um cinema local,
enquanto planeja um meio de se vingar.”
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Fonte de pesquisa:
http://www.revistabula.com/4546-os-10-melhores-filmes-
dos-ultimos-10-anos/
http://www.revistabula.com/254-os-10-maiores-poemas-
dos-ultimos-200-anos/
http://www.revistabula.com/3944-os-10-romances-mais-
“No período entre as duas guerras mundiais, o famoso importantes-da-literatura-brasileira/
gerente de um hotel europeu conhece um jovem
empregado e os dois tornam-se melhores amigos. Entre as https://cursandomedicina.wordpress.com/tag/exemplos-
aventuras vividas pelos dois, constam o roubo de um de-redacao-nota-1000/
famoso quadro do Renascimento, a batalha pela grande
fortuna de uma família e as transformações históricas http://www.mensagenscomamor.com/frases-da-mpb
durante a primeira metade do século 20.”
http://www.historiadigital.org/musicas/10-musicas-de-
9 — Onde os Fracos Não Têm Vez protesto-a-ditadura-militar/
(Joel Coen e Ethan Coen, 2008)
https://oficinadefilosofia.com/2014/11/05/os-20-filosofos-
essenciais-do-enem/
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