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ETMOLOGIA

 O vocábulo “Parnasianismo deriva de


parnaso, monte da antiga Grécia, consagrado
a Apolo, deus da poesia e às musas.
 Como designação de escola literária, deve sua
origem ao título da publicação francesa “Le
Parnasse Contemporain”. A revista foi
editada a partir do ano de 1866, na qual se
publicaram as primeiras obras que reagiram
contra o Romantismo.
ARTE PELA ARTE
  é um sistema de crenças que defende a
autonomia da arte, desligando-a de
razões funcionais, pedagógicas ou
morais e privilegiando apenas a Estética.
A origem desse conceito remonta a
Aristóteles, mas só foi desenvolvido e
consolidado em meados do século XVIII.
 Nas últimas décadas do século XIX, a literatura brasileira
abandonou o sentimentalismo dos românticos e percorreu
novos caminhos.

 Na prosa surgiu o Realismo/Naturalismo, já na poesia o


Parnasianismo e o Simbolismo.

 Os poetas parnasianos achavam que alguns princípios


adotados pelos românticos esconderam as verdadeiras
qualidades da poesia. Então, propuseram uma literatura mais
objetiva, com um vocabulário elaborado, racionalista e
voltada para temas universais.
CARACTERÍSTICAS
 Objetividade no tratamento dos temas abordados. O escritor
 parnasiano trata os temas baseando na realidade, deixando de
lado o subjetivismo e a emoção;
 Impessoalidade: a visão do escritor não interfere na abordagem
dos fatos;
 Valorização da estética e busca da perfeição. A poesia é
valorizada por sua beleza em sí e, portanto, deve ser perfeita do
ponto de vista estético;
 Comparação da poesia com as artes plásticas
   O poeta evita a utilização de palavras da mesma classe
gramatical em suas poesias, buscando tornar as rimas
esteticamente ricas;
 Uso de linguagem rebuscada e
vocabulário culto;
  Temas da mitologia grega e da
cultura clássica são muito
freqüentes nas poesias parnasianas;
   Preferência pelos sonetos;
   Valorização da metrificação: o
mesmo número de sílabas poéticas
é usado em cada verso;
  Uso e valorização da descrição das
cenas e objetos.
Parnasianismo no Brasil
 No Brasil, o parnasianismo chegou na segunda metade do século
XIX e teve força até o movimento modernista (Semana de Arte
Moderna de 1922). 
 Estréia: “Fanfarras “– 1882 / Teófilo Dias
 Destaques: Alberto de Oliveira /Raimundo Correia / Olavo Bilac
 Embora o Parnasianismo brasileiro tenha tido grande
influência do Parnasianismo francês , não é uma exata
reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de
objetividade, de cientificismo e de descrições realistas.
 Foge do sentimentalismo romântico , mas não excluí o
subjetivismo. 
 Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino, igual ao
francês, com rimas ricas e formas fixas, em especial pelo soneto.
OLAVO BILAC *1865 +
1918à literatura infantil e,
Conhecido por sua atenção
principalmente, pela participação cívica, Bilac era um
ativo republicano e nacionalista, também defensor do
serviço militar obrigatório em um período em que o
exército usufruía de amplas faculdades políticas em
virtude do golpe militar de 1889. O poeta foi o
responsável pela criação da letra do Hino à Bandeira,
inicialmente criado para circulação na capital federal
da época (o Rio de Janeiro), e mais tarde sendo
adotado em todo o Brasil. Também ficou famoso pelas
fortes convicções políticas, sobressaindo-se a ferrenha
oposição ao governo militar do marechal Floriano
Peixoto. Em 1907 foi eleito "príncipe dos poetas
brasileiros", pela revista Fon-Fon, Bilac, autor de
alguns dos mais populares poemas brasileiros, é
considerado o mais importante de nossos
poetas parnasianos.
Via - Láctea

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto


A Via - Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Ouvir Estrelas – Kid Abelha
Direi ouvir estrelas
Certo perdestes o senso
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi- lás
Muita vez desperto E ao vir do sol,
E abro as janelas, Saudoso e em pranto
Pálido de espanto Inda as procuro pelo céu
Enquanto conversamos deserto
Cintila via láctea
Que conversas com elas
Como um pálido aberto
O que te dizem
Quando estão contigo
Ah... Amai para entendê-las
Ah... Pois só que ama pode
ouvir estrelas
LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,


És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Outro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.


Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu vigo agreste e o teu aroma


De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: meu filho!,


E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
NEL MEZZO DEL CAMIN

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada


E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada


Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo...Na partida


Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,


Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
Hino à Bandeira
Nacional
Salve lindo pendão da esperança! Contemplando o teu vulto sagrado,
Salve símbolo augusto da paz! Compreendemos o nosso dever,
Tua nobre presença à lembrança E o Brasil por seus filhos amado,
A grandeza da Pátria nos traz. poderoso e feliz há de ser!
Recebe o afeto que se encerra
Recebe o afeto que se encerra
em nosso peito juvenil,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Este céu de puríssimo azul,
Nos momentos de festa ou de dor,
A verdura sem par destas matas,
Paira sempre sagrada bandeira
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Pavilhão da justiça e do amor!
Recebe o afeto que se encerra
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Da amada terra do Brasil!
ALBERTO DE OLIVEIRA

*1857 +1937
Embora tenha vivido oitenta anos de
profundas transformações políticas, econômicas
e sociais, além de literárias, Alberto de Oliveira
sempre permaneceu fiel ao Parnasianismo e à
margem dos acontecimentos históricos. A partir
de seu segundo livro, Meridionais, já segue as
características parnasianas, sendo mesmo considerado mestre
dessa estética, pois foi realmente o mais perfeito dos
parnasianos. Sua temática restringiu-se aos rígidos
ensinamentos da Escola: uma poesia descritiva que abrangia
desde a natureza até meros objetos, exaltando-lhes a forma
(como, por exemplo, os sonetos “Vaso grego”, “Vaso chinês” e “A
estátua”), uma impassibilidade por vezes traída pelos tons
intimistas de alguns sonetos, o culto da arte pela arte e a
exaltação da Antiguidade Clássica.
Em seus poemas, deve-se destacar a perfeição formal, a
métrica rígida e a linguagem extremamente trabalhada, que às
vezes chega ao rebuscamento.
VASO GREGO

Esta, de áureos relevos, trabalhada


De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia


Então e, ora repleta ora, esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,


Toca-a, e, de ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
Vaso Chinês 

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,


Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,


Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,


Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,


Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
RAIMUNDO CORREIA
*1859 +1911
Raimundo Correia estreou
como romântico: O livro Primeiros
sonhos revela influencia de
Gonçalves Dias e Castro Alves. Só
assume o Parnasianismo a partir do
livro Sinfonias, formando, ao lado de
Olavo Bilac e de Alberto de Oliveira,
a Trindade Parnasiana.
Sua temática é a da moda da época: a
natureza, a perfeição dos objetos, a cultura
clássica; merece destaque a sua poesia
filosófica, de meditação, marcada pela
desilusão e por um forte pessimismo.
Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora


N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
As Pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...


Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüinea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada


Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam


Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
PROFISSÃO DE FÉ
(...) Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo 
Faz de uma flor. (...)

(...) Assim procedo. Minha pena 


Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena, 
Serena Forma! (...)

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