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LEOPOLDINO • PORTO • CALFA

PRÓLOGO

Numa sala luxuosa de um casarão à beira-mar, a luz do crepúsculo


do fim de tarde coloria tudo de vermelho. O proprietário, um
homem grisalho vestindo um roupão descansa em sua cadeira
favorita enquanto curte lentamente a fumaça espessa de seu
cigarro. Uma mulher mascarada dança seminua, dois seguranças
de terno estão de pé em cada lado da cadeira do chefe, alguns
homens e mulheres jazem desacordados, alguns nus, pelo chão,
enquanto apenas um homem parece estar sobrando na cena,
com uma sacola pendurada nas costas, sóbrio, limpo e ajoelhado
de frente pro chefe.
__ Eu tomei minha decisão.
__ Isso é pouco. O que tem a oferecer?
__ Sangue novo.
__ O seu? Não brinca comigo.
__ Não, não. Sangue puro, imaculado.
__ Seu antigo mestre vai querer saber por que desertou.
__ Ele acredita em mim, veja.
O homem vasculha sua bolsa, nervoso, e tira uma caixa
de madeira entalhada. De repente todos ficam nervosos, os
seguranças buscam suas pistolas e até a menina para de dançar.
__ Como ousa trazer isso até a minha casa?
__ Não! O velho vai querer a caixa de volta, eu só preciso
estar puro para entrega-la. Por isso vim até aqui.
__ Você anda no fio da navalha mesmo. Venha, você vai
ter a sua purificação.
O chefe levanta decidido e sai do cômodo, enquanto os
dois seguranças brutamontes pegam o homem pelos braços e o
arrastam na mesma direção. O homem ri satisfeito.
EPÍLOGO

__ Está demorando demais – diz o chefe.


__ Paciência. Quanto mais certo da própria loucura
ele estiver, mais fácil será trazê-lo para nosso lado.
__ Ainda não me decidi se quero trazê-lo para
nosso lado ou apenas me alimentar dele.
__ Claro, me desculpe, foi modo de dizer.
Você tem em mãos a primeira edição de Dias Estranhos,
um quadrinho que quer virar saga, que quer virar série.
Aqui contamos a história de Jean, um rapaz perturbado
por pesadelos recorrentes que o obrigam a uma jornada
pelo sobrenatural em busca de sua sobrevivência e
sanidade. Ele arrasta junto em sua aventura seus amigos

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Luana e César, que o ajudam a compreender essa nova
realidade, e não ser morto por ela.
Do lado de cá, esta HQ inaugura nossas carreiras como
quadrinistas, depois de um longo ano compondo estas
páginas artesanalmente, alegremente nos dando conta
de cada lição que aprendemos e do tanto que ainda
temos para conquistar enquanto artistas. Para nós, fazer
quadrinhos é uma coisa coletiva, e que sorte poder montar
um time assim, pronto para longas empreitadas das quais
só podemos intuir o ponto de chegada!
O Pesadelo do Aprendiz é então apenas o início dessa
história. Esperamos que você curta bastante estas páginas,
e que elas lhe despertem o interesse em acompanhar este
universo que estamos criando.

Primavera de 2016.
Marcus Leopoldino, Diego Porto e Gabriel Calfa.

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