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 Escola literária do fim do século XIX que nem

adere ao denuncismo realista-naturalista,


nem ao subjetivismo da estética romântica.
Tem como lema a “arte pela arte”;
 Apareceu na França, a pátria de origem da
escola parnasiana. O movimento surgiu em
1866, com a publicação da revista Le
Parnasse Contemporain, que congregava
poetas defensores de uma poesia
antirromântica, descritivista, mimética e
formalista. Entre esses poetas, destacaram-se
Théophile Gautier e Leconte de Lisle.
 Monte Parnaso: O monte que deu origem ao nome do
movimento literário Parnasianismo;
 Segundo a antiga mitologia grega, era uma das
residências do deus Apolo e de suas nove musas;
 Isolados do mundo, deuses e poetas poderiam se
dedicar exclusivamente à arte, ao exercício do belo, da
perfeição, da razão, do equilíbrio, do rigor da forma.
 A poesia parnasiana está repleta de referencias à
cultura e à mitologia greco-romanas, tomadas como
modelo de perfeição estética.
Apolo e as musas – Poussin, sec. XVII
Características do Parnasianismo
 Negação do subjetivismo: centrado na impassibilidade,
no objetivismo e na negação do sentimentalismo
romântico.
 Gosto pelo descritivismo: O descritivismo é uma arma
forte para colocar em destaque a aparência e não a
essência. O poeta, será um ouvires, um escultor, um
arquiteto, o que aproxima o Parnasianismo das artes
plásticas.
 Arte pela arte: a única finalidade da arte é a beleza do
poema, sua perfeição formal. Preciosismo com a rima,
a métrica e o vocabulário. Fazer a arte pelo prazer
estético, pela beleza, pela perfeição formal, o que em
outras palavras define que o poeta não deve se prender
a outros compromissos senão o de encantar pelo
esmero, bom acabamento, técnica, perfeccionismo.
 Formas poéticas fixas e regulares; preferência pelo
soneto e pelo verso decassílabo (10 sílabas métricas); é
frequente também o alexandrino (12 sílabas).
 Utilização da mitologia greco-latina: a obra parnasiana
vai buscar inspiração na mitologia greco-latina.
“Profissão de fé” – Olavo Bilac – a poesia como
joia ou escultura, p.228
Le poète est ciseleur, (aquele que usa um cinzel)
Le ciseleur est poète.
Victor Hugo

Invejo o ourives quando escrevo:


Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,


A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima


A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,


Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.
E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.
Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
Profissão de fé
Declaração pública que alguém faz das suas crenças e
dogmas religiosos: a conduta de cada crente é a sua
verdadeira profissão de fé.
[Por Extensão] Declaração pública que alguém faz dos
seus princípios, valores, opiniões políticas etc.: o
ministro fez uma profissão de fé nos valores do tripé
macroeconômico.
[Figurado] Atividade, profissão ou causa pela qual
alguém se dedica com grande entusiasmo, que é a razão
de sua vida: o teatro sempre foi sua profissão de fé.
Exercício:
“Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor.” (Olavo Bilac)
a) A estrofe desenvolve uma comparação que nos
permite perceber a extrema importância da forma
para a poesia parnasiana. De que comparação se trata?
b) Que passagem da estrofe pode ser relacionada com a
precisão, a minúcia, a preocupação com os detalhes,
típicas desse estilo?
c) Qual é a métrica e qual o esquema de rimas da
estrofe?
Gabarito:
a) Trata-se da comparação entre o trabalho poético e o
do ourives ou joalheiro.
b) A passagem é: “Com que ele, em ouro, o alto-
relevo/Faz de uma flor”.
c) Dois versos de 8 sílabas e dois versos de 4 sílabas,
com rimas ABAB, alternadas ou cruzadas.
Rosa - Pixinguinha
https://www.youtube.com/watch?v=R8ORliRNh5U
A Tríade Parnasiana
Olavo Bilac
Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Língua – Caetano Veloso
https://www.youtube.com/watch?v=RXvjhlswpVU
A Pátria
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste,
Criança ! Não verás nenhum país como este!
Olha que céu que mar! que rios ! que floresta !
A natureza aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.

Vê que vida há no chão ! vê que vida há nos ninhos,


Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos !
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha!
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz e enriquece!

Criança! não verás país nenhum como este!


Imita, na grandeza, a terra em que nasceste!
Raimundo Correia
Alberto de Oliveira
VASO GREGO
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia


Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,


Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce.

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Hino à Bandeira Nacional – Olavo Bilac
Salve lindo pendão da esperança! E o Brasil por seus filhos amado,
Salve símbolo augusto da paz. Poderoso e feliz há de ser!
Tua nobre presença à lembrança. (Refrão)
A grandeza da Pátria nos traz. 4
Refrão Sobre a imensa nação brasileira,
Recebe o afeto que se encerra. Nos momentos de festa ou de dor,
Em nosso peito juvenil,[1] Paira sempre sagrada bandeira,
Querido símbolo da terra, Pavilhão da justiça e do amor!
Da amada terra do Brasil! (Refrão)
2
Em teu seio formoso retratas.
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
(Refrão)
3
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
Outros representantes no Brasil
Francisca Júlia
Musa Impassível I
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero


Em tua boca o suave e idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante,
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;


A rima, cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,


Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.
Musa Impassível II
Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca,
Por esse grande espaço onde o impassível mora.

Leva-me longe, ó Musa impassível e branca!


Longe, acima do mundo, imensidade em fora,
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora,
O áureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.

Transporta-me de vez, numa ascensão ardente,


À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,

E onde, num longo olhar, eu possa ver contigo


Passarem, através das brumas seculares,
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.

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