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E as filhas de Samarcanda,
Cameleiros e sufis
Belo belo
A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
La Nature est un temple où de vivants piliers A natureza é um templo onde vivos pilares
Laissent parfois sortir de confuses paroles; Deixam filtrar não raro insólitos enredos;
L'homme y passe à travers des forêts de symboles O homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Qui l'observent avec des regards familiers. Que ali o espreitam com seus olhos familiares.
Comme de longs échos qui de loin se confondent Como ecos longos que à distância se matizam
Dans une ténébreuse et profonde unité, Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Vaste comme la nuit et comme la clarté, Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent. Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.
II est des parfums frais comme des chairs d'enfants, Há aromas frescos como a carne dos infantes,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies, Doces como o oboé, verdes como a campina,
— Et d'autres, corrompus, riches et triomphants, E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,
Ayant l'expansion des choses infinies, Com a fluidez daquilo que jamais termina,
Comme l'ambre, le musc, le benjoin et l'encens, Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,
Qui chantent les transports de l'esprit et des sens. Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.
Voyelles Vogais
Arthur Rimbaud (Trad. José Lino Grünewald)
A noir, E blanc, I rouge, U vert, O bleu : voyelles, A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
Je dirai quelque jour vos naissances latentes : Explico um dia vossas origens latentes:
A, noir corset velu des mouches éclatantes A, negro corpete em moscas reluzentes
Qui bombinent autour des puanteurs cruelles, Que zumbem ao redor de fedores brutais.
Golfes d'ombre ; E, candeur des vapeurs et des tentes, Golfo de sombra; E, albor de vapores e tendas,
Lances des glaciers fiers, rois blancs, frissons lanças de alto gelo, alvos reis, tremor de umbelas;
d'ombelles ; I, lacre, sangue em cuspe e rir de lábios belos
I, pourpres, sang craché, rire des lèvres belles Dentro da cólera ou do torpor penitente;
Dans la colère ou les ivresses pénitentes ;
U, cycles, vibrements divins des mers virides, U, ciclos, vibração divina em verde mar,
Paix des pâtis semés d'animaux, paix des rides Paz de animais no pasto, paz desse enrugar
Que l'alchimie imprime aux grands fronts studieux ; Alquímico na fronte de quem muito leu;
O, suprême Clairon plein des strideurs étranges, O, supremo Clarim de estranhos sons diversos,
Silence traversés des Mondes et des Anges : Silêncio atravessando em Anjos e Universos;
- O l'Oméga, rayon violet de Ses Yeux ! —Ô!, Ômega, raio roxo entre esses olhos Seus!
Estrela da manhã
Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos
Depois comigo
Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
A graça essencial,
A estrela Mistério inefável
– Sobrenatural –
Vi uma estrela tão alta, Da vida e do mundo,
Vi uma estrela tão fria! Estava ali na rosa
Vi uma estrela luzindo Sozinha no galho.
Na minha vida vazia.
Sozinha no tempo.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria! Tão pura e modesta,
Era uma estrela sozinha Tão perto do chão
Luzindo no fim do dia. Tão longe na glória
Da mística altura,
Por que da sua distância Dir-se-ia que ouvisse
Para a minha companhia Do arcanjo invisível
Não baixava aquela estrela? As palavras santas
Por que tão alta luzia? De outra Anunciação.