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nos em todo o território do império; em nosso campo
iremos descrever três grupos de modificações do territõ-
no:
a) as "infra O'struturas": estradas, pontes, aque
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dutos, linhas fortificadas;
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b) a divisão dos terrenos agrlcolas em quintas
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cultiváveis;
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c) a fundação de novas cidades; ...._.. . .
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Nesta cidade viveram, até o século III d.C., de cie de 30Ó4oo metros quadrados e compreendem um
700.000 a 1.000.000 de habitantes; a maior concentra grande número de cômados iguais, que olham para o
ção humana até agora realizada no mundo ocidental. exterior com janelas e balcões; os andares térreos são
Devemos imaginar, em volta dos monumentos públi destinados às lojas (tabemae) ou a habitações mais
cos, a multidão das casas, e analisar o funcionamento nobres (que são igualmente chamadas de domus); os
tDtal deste grande organismo. andares superiores são divididos em apartamentos (ce
Os Catálogos Regionais fornecem, no fim do sé nacula) de vários tamanhos para as classes médias e
culo III, os seguintes dados estatísticos: 1.790 domus inferiores. Os exemplos escavados em Óstia (Figs. 374-
ou dois andares. fechadas na parte externa e abertas para As insulae nasceram por volta do século IVa.C.,
os espaços internos; compreendem uma série de locais para hospedar dentro dos muros sérvios uma popula
de destinação fixa, agrupados ao redor do atrium e do ção crescente, e se tornaram cada vez mais altas, até
peristüium, e cobrem uma superficie de 8()O.1.000 me que Augusto estabelece o limite mâximo de 21 metros,
tros quadrados, corno as bem conhecidas casas de isto é, de 6 a 7 andares, e mais tarde, Trajano fixa o
Pompêia e de Herculana (Figs. 347-368); são reserva· limite em 18 metros, istD é, de 5 a 6 andares. Os muros
das para as familias mais ricas, que ocupam, por si só, são de madeira: portantD, desabam com facilidade. Os
um terreno precioso. As insulae (Fig. 345) são oonstru cenacula não tém água corrente (que chega somente
çôe8 coletivas de muitos andares, cobrem uma superfi- aos locais do ardar térreo); não têm privadas (os habi-
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tantes esvaziam seus urinóis num recipiente comum
dolium no patamar das escadas, ou como narram
muitos escritores, diretamente pelas janelas na rua);
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AS ESTKADAS E AS PONTES gos (como o da Via Ápia ao longo dos pântanos ponti·
nos, com 60 quilõmetros); onde existe um relevo por
A construção das estradas segue pari passu ã demais acidentado cortam·se as rochas, de modo que a
conquista das provincias; serve para o movimento dos estrada possa correr o mais reta e plana possível (o
exércitos, depois para o tráfego comercial e as regula Monte Rachado entre Pozzuolj e Cápua; o Passo do
res comunicações administrativas.
A estrada repousa sobre um calçamento artificial Pisco Montano de Terracina, cortado por 40 metros de
I<"rlo onde a Via F1amínia atravessa o Apenino; o
de pedras batidas (rudus) coberto com saibro cada vez altura a fim deixar passar a Via Ápia entre a �crópole
mais fino e revestido por um manto de pedras ch atas e o mar); escavam-se galerias (a Gruta da Paz entre o
poligonais (gremiwn) (Fig. 388). A largura é limitada a lago do Averno e Cuma, com 900 metros e iluminada
4-6 metros, o bastante para perm itir a passagem dos por poços de luz).
pedestres (iter) e dos carros (actus); mas o pel'fil longitu A passagem dos cursos de água exige a construo
dinal, isto é, a sucessão das curvas e dos declives, é ção de numerosas pontes de pedra ou de madeira; mujo
tratado de modo a tornar o trânsito mais fácil e mais tas destas pontes ainda estão funcionando, como as
rápido. Onde não existem obstáculos naturais são pre cinco em Roma (Ponte Mílvio, Fig. 391, Ponte Hélio,
feridos os traçados retilineos mesmo que bastante lon- Ponte Sisto, e as duas da Ilha Tiberina), as duas na Via
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Fig. 392. Modelo da ponte romana sobre o Tejo em Alcântara.
dedicada a Trajano.
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OS AQUEDUTOS
Os aq uedutos, como as estradas, também são Ao longo do percurso e na chegada dos aqued u
considerados um serviço público; são construídos em tos se encontram os reservatórios de decantação (pisci
todas as cidades pelo Estado ou pelas administrações nae úmarzae), onde a água deposita as impurezas; em
locais para satisfazer os usos coletivos, e apenas secun s�gUlda passa pelos tanques de distribuiçào (castel/a,
dariamente os usos individuais. Fig. 395) onde é medida passando através dos calices
Os romanos utilizam, de preferência, água de de bronze, e daí às tubulações da cidade, feitas
de
nascente, ou água fluvial filtrada; canalizam-na num pedaços de tubos de chum bo (fistulae) com 10 pés
em
cond uto reta ngular (specus) revestido com reboco de médi":,, .ou seja, cerca de 3 metros. Para algun
s usos
tijolos em pó (apus signinum) coberto mas passível de esp�clalS eXl tem reservatórios maiores (a Piscin
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ser inspecionado e arejado, com declive o mais cons mlravel de Miseno, para as necessidades do porto
mili
tante possível (de 10 a 0,2 por mil, segundo as caracte tar, pode conter 1 2.600 m').
rísticas do percurso) de maneira que a água flua livre
mente (Fig. 397). Os romanos, como os gregos, conhe
cem o uso do sifão e o aplicam em certos casos com As obras de arte construídas na província - co
virtuosismo técnico (no an tigo aqueduto de Alatri, de mo as pontes de várias ordens de ", �adas tlus aquedu
1 :34 a.C., se alcança a pressão de 1 0 atmosferas e foram tos de Terragona e de Segóvia, na Espanha, e de Ni
usados encanamentos de alta resistência; no aqueduto mes na França (Figs. 394 e 398-399) - parecem ser
de Lião existe um tríplice sifão com tubulações de devidas, em certos casos, não a neces idades técnicas
chumbo). Mas preferem que a água chegue na cidade a mas á vontade de deixar obras monumentais e impres
pressão red uzida, para não superar o limite de resistên sionantes; de fato, na Idade Média, quando será impos
cia das tubulações de distribuição; por isso o aqueduto, sí vel construir man ufaturados deste gênero, as popula
quando atravessa um vale, é elevado sobre uma ou ções continuarão a chamá-Ias de "pontes do diabo" e a
mais séries da arcadas. considerá-Ias obras de um poder sobrenatural.
Fig. 396. As ruinas do aqueduto de Cláudio; pode-se ver, ao alto, a
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AS LINH AS FORTIFICADAS
Nos confins do império, onde' os romanos renun Os limites mais importantes dizem respeito as
ciam a estender suas conquistas, consolidam as fron fronteiras setentrionais do império: o limes germânico
teiras alcançadas, construindo os limites, que são um construído além do Reno e do Danúbio por Tibério,
conjunto de , benfeitorias espalhadas em uma faixa Germânico e Domiciano, que é antes um caminho de
mais ou menos profunda, defesa ao longo de uma fronteira aberta (Fig, 402); o
O elemento essencial do limes é uma estrada, limes de Adriano, entre a Inglaterra e a Escócia, que é
aberta em zonas de matagal, ou sobrelevada em zonas ao con trrno uma fortificação guarnecida (Fig, 400), O
pantanosas, a fim de permitir a passagem dos exérci primeiro tem mais de 500 quilômetros, o segundo cerca
tos, A fronteira é reforçada com um fossa tum (uma de 1 10, Vistos dentro do quadro geral, devem ser consi
escavação artificial, onde não existe a defesa natural derados como complementos artificiais para realizar a
de um rio) e com um valium (um muro continuo de continuidade da fronteira marcada pelos mares, pelo
madeira, de terra, ou de pedra), Ao longo de seu percur Reno e pelo Danúbio; fica assim confirmada a analo
so ou mais recuadas se acham as instalações militares: gia do império com a cidade, do orbe com a urbe, O
acampamentos (castra), presídios menores (castella), im pél;o também tem suas estradas, seus muros, seus
bases fortificadas (burgi e turres); com o sistema de serviços em escala geográfica, como os da cidade em
defesa colaboram as cidades fortificadas nas retaguar escala topogrâfica,
das (oppida),
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A COLONIZAÇÃO DOS TERl}ENOS AGRÍCOLAS mado grama (Fig. 405). Os textos � re acion �m com a �
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ciência augurai etrusca, e com a diVlsao do ceu segu
do as direçôes dos pontos cardeais. Mas a onentaça?
Os traçados retílineos das estradas principais
dos decumani e dos cardines não segue, nonnalmente,
servem de linhas de referência para a divisão racional
os pontos cardeais, e é inclinada para aproveitar da
do território cultivãvel (a centuriatio), onde este é atri
melhor maneira a forma do território. Da zona aSSim
buido aos colonos romanos ou latinos enviados aos
territórios de conq uista.
dividida, preparava-se uma planta de bronze, da q u �
uma cópia permanecia na capital do distnto da colo
A centuriatio está baseada numa grade de estra
nia e outra era enviada para Roma.
das secundárias (também chamadas limites): os decu
Os limites, como dissemos, são ao mesmo tempo
mani, paralelos ã dimensão maior do territólio ou à
fronteiras cadastrais e estradas públicas: realizam as
estrada Plincipal; os cardines, perpendiculares a estes
sim um imponente sistema de vias secundárias, que
e mais cUltoS. Uns e outros têm entre si 20 actus de
nào tem precedentes no mundo antigo e que garantem
distância (o actus é a unidade de medida agrária, igual
a penetração capilar do sistema agrário, econômico e
a cerca de 35 metros), isto é, uns 700 metros, e determi
administrativo romano.
nam outros tantos lotes quadrados chamados centu
riae, que têm a superfície de 200 juge ri . cerca de 50
O quad.iiculado de centuriatio romana ainda é
hectares. Cada uma pode ser altibuída a um úmco . perfeitamente legível em muitas zonas plana � do imp�
rio e sobretudo na Itália Setentrional (Emlha e Ve
proprietário, a 2, a 4 ou a um número maior; num �aso
(na colônia de Terracina de 329 a.C.), a 100 propneta , to
ne ), nos arredores de Florença. na Planície de Cápua,
na Tunísia, na França Meridional (Figs. 404 e 407408)
rios.
De fato, os limites de propriedades, as estradas e os
Esta operação é executada por técnicos especiais, canais continuaram imitando esta trama mesmo de
os agrimensori ou gromatici, com um instrumentocha- pois do desaparecimento do sistema agrícola antigo.
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