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Conservação do Cerrado brasileiro: o método pan-biogeográfico como


ferramenta para a seleção de áreas prioritárias

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Jayme A. Prevedello Claudio J. B. De Carvalho


Rio de Janeiro State University Universidade Federal do Paraná
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Conservação do Cerrado brasileiro: o método pan-biogeográfico como ferramenta para a seleção de áreas prioritárias

Artigos Técnico-Científicos
Conservação do Cerrado brasileiro:
o método pan-biogeográfico
como ferramenta para a seleção
de áreas prioritárias1

Jayme Augusto Prevedello2


• Universidade Federal do Paraná.
Claudio José Barros de Carvalho, Dr
• Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

RESUMO

O método pan-biogeográfico utiliza critérios históricos para selecionar e hierarquizar áreas


para a conservação da biodiversidade, sendo por isso uma singular e relevante ferramenta
potencial de trabalho de conservacionistas, porém, ainda pouco conhecida e valorizada. No
presente estudo relata-se a aplicação pioneira do método, para tal finalidade, no Brasil,
focalizando o Cerrado. Foram compilados dados de distribuição de 149 espécies de plantas,
mamíferos, aves e insetos em 915 localidades da América do Sul, sendo que 55 espécies
mostraram-se informativas para as análises. Foram identificados para a região do Cerrado 48
nós biogeográficos, que representam áreas prioritárias à conservação do bioma. A maioria
(79%) dos nós biogeográficos encontra-se fora das unidades de conservação, demonstrando a
deficiência do atual sistema de áreas protegidas do Cerrado na manutenção da diversidade
histórico-biogeográfica do bioma. Diversos nós biogeográficos situam-se em áreas priorizadas
anteriormente por outros autores, o que reafirma a importância da sua conservação. Dez áreas
apontadas encontram-se em estágio avançado de degradação, indicando que pontos-chave de
estruturação biogeográfica do Cerrado foram ou estão muito próximos de ser perdidos. Onze
nós biogeográficos receberam o primeiro grau de prioridade para a conservação. Sugere-se
que as áreas indicadas sejam, por seu status histórico-biogeográfico, foco de esforços
conservacionistas futuros, principalmente no tocante à implementação de novas unidades de
conservação.

Palavras-chave: Biogeografia Histórica, Pan-biogeografia, padrões de distribuição, unidades de


conservação, Cerrado.

INTRODUÇÃO tropical do planeta (Silva & Bates, 2002). O bi-


oma é considerado um dos 34 hotspots mun-
O Cerrado é o segundo maior bioma da Amé- diais de biodiversidade, por abrigar concen-
rica do Sul, superado em área somente pela trações excepcionais de plantas endêmicas e
Amazônia. É também a mais extensa, mais ter perdido mais de 70% de sua cobertura ve-
rica e provavelmente mais ameaçada savana getal natural (Myers et al., 2000; Mittermeier
et al., 2005).

1
O Cerrado abriga uma imensa diversidade
Enviado originalmente em português
2 ja-prevedello@yahoo.com.br
biológica. Já foram registradas no bioma

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aproximadamente 10.000 espécies de plantas, áreas indicadas no Workshop, corrigindo sua


837 espécies de aves, 161 espécies de mamífe- localização e limites.
ros, 150 espécies de anfíbios e 120 espécies de
répteis. Cerca de 44% das plantas vasculares Os resultados daquele evento deram origem
do Cerrado são endêmicas (Myers et al., 2000; a um Termo de Compromisso, no qual se as-
Silva & Bates, 2002). sumiu a tarefa de proteger no mínimo 10%
da área do bioma (Ministério do Meio Ambi-
Ao longo das últimas quatro décadas, o Cer- ente, 1999). Desde então, foram decretadas
rado tornou-se a maior fonte brasileira de algumas unidades de conservação, basean-
grãos de soja e pastagens e significativo pro- do-se nas sugestões do Workshop, com desta-
dutor de arroz, milho e algodão, passando que para o Parque Nacional das Nascentes
ainda a suportar o maior rebanho de gado do do Parnaíba (limite entre o Piauí, Maranhão,
país (Klink & Moreira, 2002). A ampla voca- Bahia e Tocantins), com aproximadamente
ção do bioma à atividade agropecuária resul- 744 mil hectares (Cavalcanti & Joly, 2002;
tou em uma extensa conversão e fragmenta- Aguiar et al., 2004). No entanto, a meta de
ção de espaços naturais. Cerca de 80% da área conservar um décimo do Cerrado ainda está
original já foi alterada de alguma forma, res- longe de ser atingida, e o tempo para tanto é
tando apenas 20% de vegetação em estágio escasso. Novas unidades de conservação pre-
primário (Myers et al., 2000). Machado et al. cisam ser urgentemente implementadas, a
(2004) estimaram que a área desmatada até o fim de possibilitar a preservação de pelo me-
ano de 2002 chegava a 54,9% e anunciaram nos uma amostra da rica diversidade biológi-
que, se mantidas as taxas de desmatamento ca do bioma.
relatadas (1,1% ou 2,2 milhões de hectares de
perda anual), o Cerrado deve desaparecer por
volta de 2030.
O MÉTODO PAN-BIOGEOGRÁFICO E A
Somente 4,1% do bioma encontra-se em uni- CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
dades de conservação, sendo 2,2% de prote-
ção integral (Klink & Machado, 2005). Visto Em síntese, a Biogeografia Histórica procura
que o estabelecimento de unidades de conser- entender como os padrões de distribuição
vação é o principal instrumento para a con- dos táxons foram configurados ao longo de
servação da biodiversidade (Pressey et al., grandes escalas espaciais e temporais (Morro-
1993; Terborgh, 2003), particularmente em ne, 2004). Por apresentar um arcabouço teóri-
ecossistemas sob forte influência antrópica, co-metodológico e enfoque singulares, este
como é o caso do Cerrado, evidencia-se a ne- ramo da Biogeografia vem recebendo desta-
cessidade de expandir significativamente o que crescente como uma imprescindível fonte
sistema de áreas protegidas do bioma. de informações para a seleção de áreas para a
conservação (Craw et al., 1999; Crisci et al.,
No ano de 1998 realizou-se o Workshop 2003; Löwenberg-Neto & Carvalho, 2004;
“Ações prioritárias para a conservação da Carvalho, 2004).
biodiversidade do Cerrado e Pantanal”, sob
coordenação do Ministério do Meio Ambi- A Pan-biogeografia é um dos principais méto-
ente. Um dos resultados do evento foi a in- dos de estudo da Biogeografia Histórica (para
dicação de 87 áreas prioritárias para a con- revisão, ver Morrone & Crisci, 1995). Uma de
servação dos dois biomas, baseando-se em suas principais aplicações diz respeito à deli-
critérios como presença de espécies endêmi- mitação de unidades biogeográficas naturais
cas, raras, ameaçadas ou migratórias, inte- (e. g. regiões, sub-regiões, províncias biogeo-
gridade dos ecossistemas e oportunidades gráficas etc), o que constitui um elemento-
para ações de conservação (Brasil, 1999). Ra- chave para o entendimento da evolução no
mos Neto et al. (2004) revisaram 42 das 87 espaço-tempo (Morrone, 2004). O método

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pan-biogeográfico tem sido também ampla- mentadas no passado por eventos vicariantes
mente utilizado na elucidação de padrões de (Craw, 1989; Morrone & Crisci, 1995; Morro-
distribuição de diferentes táxons em diferen- ne, 2004). Os traços generalizados equivalem
tes escalas espaciais (e. g. Croizat, 1952; a componentes bióticos que podem ser orde-
Menu-Marque et al., 2000; Carvalho et al. nados hierarquicamente em um sistema de
2003). Uma terceira aplicação do método, ain- classificação biogeográfica (Morrone, 2004).
da pouco conhecida e valorizada e que é ex- Os pontos de interseção ou proximidade en-
plorada no presente trabalho, é a identifica- tre dois ou mais traços generalizados são cha-
ção de áreas prioritárias para a conservação mados de nós biogeográficos. Os nós biogeo-
(Grehan, 1989; Craw et al., 1999; Morrone, gráficos são interpretados como a representa-
1999; Luna-Vega et al., 2000; Contreras-Medi- ção gráfica de áreas compostas ou híbridas e
na et al., 2001; Mondragón & Morrone, 2004; biológica e geologicamente complexas, onde
Carvalho, 2004). se unem diferentes histórias geográficas e fi-
logenéticas (Craw et al., 1999; Morrone, 2000).
O método pan-biogeográfico enfatiza a im- Em outras palavras, são pontos de confluên-
portância da informação espacial (distribui- cia de biotas de diferentes origens, sendo por
ção geográfica dos táxons) como objeto dire- isso locais de grande complexidade histórico-
to de análise biogeográfica, tratando os pa- biogeográfica e potencial riqueza taxonômica.
drões de distribuição como um dos compo- Os nós biogeográficos representam os verda-
nentes da biodiversidade (Grehan, 1991, deiros hotspots no contexto da Biogeografia,
2000; Morrone, 2000, 2004). A identificação indicando áreas de interesse fundamental
de tais padrões permite, por sua vez, reco- para a conservação da biodiversidade (Craw
nhecer áreas que apresentam, além de alta ri- et al. 1999; Carvalho, 2004).
queza de espécies, importância histórica por
serem pontos-chave na evolução e estrutura- Grehan (1989) defendeu pioneiramente a uti-
ção dos padrões atuais de distribuição da bi- lização da pan-biogeografia com a finalidade
ota (Craw et al., 1999; Carvalho, 2004). Gre- de estabelecer prioridades para a conserva-
han (2000) e Morrone (2000) defendem a ur- ção, na Nova Zelândia. Segundo o autor, a
gência da construção de um “Atlas Biogeo- pan-biogeografia representa uma metodolo-
gráfico” empregando essencialmente o méto- gia superior à correntemente adotada no país
do pan-biogeográfico, que sumarize de for- para aquela finalidade, por (1) se basear em
ma hierárquica os principais padrões de dis- critérios naturais (homologia e monofilia) da
tribuição e centros de diversidade da biota biota, (2) demandar relativamente menos re-
em diferentes escalas espaciais. Tal catálogo cursos, (3) ser empiricamente testável, (4) exi-
subsidiaria ações efetivas e cientificamente gir informações já disponíveis sobre a distri-
embasadas de estabelecimento de políticas e buição dos táxons e (5) permitir que novas in-
prioridades de conservação. formações sobre os táxons sejam rapidamen-
te adicionadas às análises. Morrone (1999),
Metodologicamente, a pan-biogeografia parte analisando padrões de distribuição de cole-
da união dos pontos de distribuição de um tá- ópteros, identificou e hierarquizou áreas pri-
xon (espécie, gênero etc) através de linhas, oritárias para a conservação nos Andes, utili-
respeitando o critério da menor distância ge- zando o método pan-biogeográfico combina-
ográfica possível entre os pontos. Denomina- do à análise cladística. Luna-Vega et al. (2000)
se traço individual ao conjunto de linhas que aplicaram o método com dados de plantas a
unem os pontos de distribuição do táxon, re- fim de definir áreas para a conservação no
presentando a sua área de distribuição atual. México. Ao nível global, Contreras-Medina et
Quando dois ou mais traços individuais se al. (2001) utilizaram simultaneamente áreas
sobrepõem, originam-se os traços generaliza- de endemismo, nós pan-biogeográficos e re-
dos, que representam padrões de distribuição fúgios do Pleistoceno, para identificar áreas
atuais de biotas ancestrais, que foram frag- importantes para gimnospermas, encontran-

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do grande congruência com os hotspots iden- raná. Foram gerados mapas de distribuição das
tificados por Myers et al. (2000). Mondragón espécies através do software de geoprocessa-
& Morrone (2004) propuseram áreas para a mento “ArcView( GIS 3.2a” (ESRI, 1999).
conservação de aves no México através da
pan-biogeografia e índices de complementa- Os critérios utilizados para seleção das espé-
ridade. cies foram endemismo e/ou ocorrência nas
diversas formações do Cerrado. As espécies
No Brasil, a pan-biogeografia nunca foi utiliza- exclusivas de matas de galeria, no entanto,
da com a finalidade de identificar áreas rele- não foram incluídas nas análises, por serem
vantes para a conservação da biodiversidade. em sua maioria componentes mais represen-
tativos da biota da Amazônia e/ou Floresta
No presente estudo buscou-se identificar áre- Atlântica do que do Cerrado (Silva, 1995). A
as prioritárias para a conservação do Cerrado utilização de táxons endêmicos permitiu mai-
brasileiro, utilizando o método pan-biogeo- or detalhamento de padrões de distribuição
gráfico. Quatro etapas foram definidas: (i) intrínsecos ao Cerrado, ao passo que os tá-
identificar traços generalizados na área do xons não endêmicos apontaram relações bio-
Cerrado; (ii) identificar nós biogeográficos, geográficas daquele bioma com outras re-
que apontam áreas prioritárias para a conser- giões, relações essas altamente relevantes
vação; (iii) comparar a distribuição dos nós para o entendimento dos padrões internos ao
biogeográficos à distribuição das unidades de Cerrado (Silva & Bates, 2002).
conservação e (iv) comparar a congruência
entre nós biogeográficos e áreas priorizadas Optou-se por mapear também as demais es-
para conservação por outros autores. pécies congêneres àquelas selecionadas, a fim
de visualizar o padrão de distribuição genéri-
co. Posteriormente, no entanto, foram excluí-
das da análise as espécies pouco informati-
MATERIAL E MÉTODOS vas, interpretadas com as que não ocorreram
no Cerrado e/ou representadas por menos de
Foram obtidos dados de distribuição de espéci- três pontos de coleta, assim como aquelas ex-
es que ocorrem no Cerrado, a partir de extensa clusivas de matas de galeria.
revisão bibliográfica e consulta a bases de da-
dos de coleções científicas como o GBIF (“Glo- A fim de obter maior robustez e poder de ge-
bal Biodiversity Information Facility” - neralização dos resultados, foram obtidos da-
<http://www.gbif.org>), o SpeciesLink dos de quatro grandes “grupos biológicos”
(<http://splink.cria.org.br>) e a coleção orni- distintos: “plantas”, “mamíferos”, “aves” e
tológica do Field Museum (disponível em “insetos”, diferindo das análises pan-biogeo-
<http://www.fieldmuseum.org>). As coorde- gráficas anteriores relacionadas à conserva-
nadas geográficas das localidades de ocorrên- ção, que utilizaram isoladamente apenas um
cia das espécies foram obtidas através do Ca- determinado grupo (Morrone, 1999; Luna-
dastro de Cidades e Vilas do Brasil (IBGE, Vega et al., 2000; Contreras-Medina et al.,
1998), “Biogeomancer” (<http://www.biogeo- 2001; Mondragón & Morrone, 2004).
mancer.org>), “Geobusca” (<http://www.geo-
busca.net/>) e “Global Gazetteer” (<http:// Os registros de cada espécie, pontuados nos
www.fallingrain.com/world/>). A distribui- mapas, foram unidos através do critério de
ção e abrangência do Cerrado foram obtidas a distância mínima, originando traços indivi-
partir de WWF & ESRI (2000). Os dados de dis- duais para cada espécie. A sobreposição dos
tribuição das espécies foram reunidos em um traços individuais das espécies dos diferentes
banco de dados, que encontra-se depositado e grupos indicou os traços generalizados. Nos
disponível para consulta na Biblioteca de Ciên- pontos de interseção ou proximidade de dois
cias Biológicas da Universidade Federal do Pa- ou mais traços generalizados, foram assinala-

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dos os nós biogeográficos (Morrone & Crisci, GIS 3.2a” (ESRI, 1999). Nas áreas revisadas por
1995; Craw et al, 1999). Ramos Neto et al. (2004) a comparação foi efe-
tuada levando-se em conta somente os limites
Os nós biogeográficos identificados foram en- atualizados dos polígonos, enquanto, para as
tão hierarquizados, quantificando-se o número outras áreas, utilizaram-se os resultados origi-
de traços generalizados que os suportavam nais do seminário (Brasil, 1999).
(Craw et al., 1999; Morrone, 2004). Desta forma,
obteve-se ao final um conjunto de áreas priori- RESULTADOS E DISCUSSÃO
tárias hierarquizadas segundo sua importância
para a conservação do Cerrado. O mapa resul- Foram obtidos dados de distribuição de 149
tante foi então sobreposto aos mapas de unida- espécies pertencentes a 23 gêneros, sendo 93
des de conservação do Cerrado (Pádua & Dias, espécies de plantas (oito gêneros), nove de
1997) e áreas prioritárias resultantes do Works- mamíferos (oito gêneros), 11 de aves (quatro
hop Cerrado/Pantanal (Brasil, 1999; Ramos gêneros) e 36 de insetos (três gêneros). Cin-
Neto et al., 2004), para fins de comparação, uti- qüenta e cinco espécies mostraram-se infor-
lizando-se para tanto o software “ArcView( mativas para a análise (TABELA 1), originan-

TABELA 1. Táxons utilizados na análise pan-biogeográfica

Grupo Gênero Número de espécies


incluídas na análise Fonte
Plantas Campomanesia Ruiz & Pavon, 1974 4 Laudrum (1986)
Piriqueta Aublet, 1775 9 Arbo (1995)
Dimorphandra Schott, 1827 4 Silva (1986)
Zeyheria Martius, 1826 1 Gentry (1992)
Krameria Linnaeus, 1758 3 Simpson (1989)
Cochlospermum Kunth, 1822 1 Poppendieck (1981)
Allagoptera Nees von Esenbeck, 1821 2 Moraes (1996)
Rourea Aublet, 1775 2 Forero (1983)
Mamíferos Priodontes Cuvier, 1825 1 Vários 1
Chrysocyon Hamilton-Smith, 1839 1 Vários 1
Cerdocyon Hamilton-Smith, 1839 1 Vários 1
Ozotoceros Ameghino, 1891 1 Vários 1
Cabassous McMurtrie, 1831 2 Vários 1
Euphractus Wagler, 1830 1 Vários 1
Thrichomys Trouessart, 1880 1 Vários 1
Myrmecophaga Linnaeus, 1758 1 Vários 1
Aves Cariama Brisson, 1760 1 Vários 2
Charitospiza Oberholser, 1905 1 Vários 2
Caprimulgus Linnaeus, 1758 3 Vários 2
Rhynchotus Spix, 1825 1 Vários 2
Insetos Cyrtoneuropsis Townsend, 1931 6 Carvalho et al. (2005)
Polietina Schnabl & Dziedzicki, 1911 4 Nihei & Carvalho (2005)
Centris Fabricius, 1804 4 Zanella (2002)

1. Pine (1973); Schaller (1983); Fonseca & Redford (1984); Stallings et al. (1991); Wilson & Reeder (1993); Cimardi (1996); Voss &
Emmons (1996); Anderson (1997); Hatanaka et al. (1998); Calouro (1999); Cerqueira et al. (2000); Schneider et al. (2000); Silva (2001);
Tomas (2001); Bueno et al. (2002); Cheida (2002); Rodrigues et al. (2002); Santos-Filho & Silva (2002); Maffei & Taber (2003); Ruas et
al. (2003); Santos et al. (2003); Silva & Talamoni (2003); Bueno & Motta-Júnior (2004); Courtenay & Maffei (2004); Rodden et al. (2004);
GBIF (Global Biodiversity Information Facility - http://www.gbif.org).
2. Sick (1984); Negret (1988); Novaes & Lima (1990); Anjos & Graf (1993); Silva (1995); Dário et al. (2002); Silveira & D’Horta (2002);
Pozza & Pires (2003); Ridgely et al. (2003); Donatelli et al. (2004); Franchin et al. (2004); Species Link (http://splink.cria.org.br); Field
Museum (http://www.fieldmuseum.org).

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Jayme Augusto Prevedello - Claudio José Barros de Carvalho

do os traços individuais (exemplo na FIGU-


RA 1). Foram computadas 2.482 ocorrências
das espécies em 915 localidades da América
do Sul.

Para o grupo das plantas, foram encontrados


22 traços generalizados e 17 nós biogeográfi-
cos (FIGURA 2). Os traços generalizados
mais importantes são “c” (região nordeste do
Cerrado), “o” e “p” (sudoeste) e “u” (centro-
oeste). Os nós mais bem sustentados são o de
número “13” (município de Campo Grande,
Mato Grosso do Sul), que reúne cinco traços
generalizados, e “7” (município de Campo
Alegre de Goiás, Goiás) com três traços gene-
ralizados. Visto que o presente estudo visou à
identificação de áreas para a conservação, a
discussão a fundo dos padrões biogeográfi-
cos encontrados fugiria do escopo delineado, FIGURA 2. Traços generalizados do grupo das plantas: a)
Allagoptera leucocalyx + Dimorphandra gardneriana; b)
e por isso foi bastante restringida. Krameria grandiflora + D. gardneriana; c) D. gardneriana +
Campomanesia eugenioides + Krameria tomentosa; d) K.
Para o grupo dos mamíferos, foram obtidos grandiflora + Piriqueta duarteana; e) K. grandiflora + C.
eugenioides; f) Campomanesia sessiflora + Allagoptera
13 traços generalizados e seis nós biogeográ- campestris; g) Piriqueta aurea + Rourea induta; h) R. induta
ficos (FIGURA 3). Os traços mais bem susten- + P. aurea; i) Cochlospermum regium + Campomanesia
tados são “e” (quatro espécies) e “a”, “b”, adamantium; j) D. gardneriana + C. eugenioides; k) D.
“d”, “f” e “j” (três espécies). Os principais nós gardneriana + C. regium; l) Dimorphandra mollis + Piriqueta
rosea; m) Rourea psamophila + C. adamantium; n) P. rosea
biogeográficos, todos indicados por três tra- + A. leucocalyx; o) Piriqueta tamberkili + R. induta + C.
ços generalizados, são “1” (municípios de Do- adamantium; p) P. rosea + C. sessiflora + A. campestris; q)
C. adamantium + A. leucocalyx; r) R. induta + A.
campestris; s) C. regium + A. leucocalyx; t) C. regium + D.
gardneriana; u) R. induta + P. rosea + P. tamberkili + D.
mollis; v) R. induta + D. mollis. Nós geográficos: 1) a + b;
2) b + c; 3) c + d; 4) d + e; 5) f + h; 6) h + i; 7) h + i + m;
8) e + m; 9) e + j; 10) j + k; 11) k + l; 12) n + o; 13) n + o
+ p + q + r; 14) s + t; 15) u + v; 16) t + v; 17) f + g.

resópolis, Iguatama e Bambuí – estado de Mi-


nas Gerais), “4” (Rosário Oeste - Mato Gros-
so) e “5” (municípios de Planaltina, São João
da Aliança e Água Fria de Goiás - Goiás).

Seis traços generalizados e dois nós biogeo-


gráficos foram identificados para as aves (FI-
GURA 4). O traço generalizado “a” é o mais
bem sustentado para o grupo ligando a região
central do estado de Goiás ao sul do Mara-
nhão. O traço generalizado “d”, localizado no
Chaco entre a Argentina e a Bolívia, é susten-
FIGURA 1. Exemplo de traço individual: tado por três espécies. O nó biogeográfico “1”,
Dimorphandra mollis. suportado por dois traços generalizados, loca-

Artigos Técnico-Científicos 44 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº1 - Abril 2006 - pp. 39-57
Conservação do Cerrado brasileiro: o método pan-biogeográfico como ferramenta para a seleção de áreas prioritárias

FIGURA 3. Traços generalizados do grupo dos mamíferos: FIGURA 4. Traços generalizados do grupo das aves: a)
a) Cabassous tatouay + Ozotoceros bezoarticus + Charitospiza eucosma + Cariama cristata + Rhynchotus
Euphractus sexcinctus; b) Chrysocyon brachyurus + rufescens + Caprimulgus parvulus; b) C. cristata +
Cerdocyon thous + Myrmecophaga tridactyla; c) C. thous + Caprimulgus rufus; c) C. cristata + R. rufescens; d) C. rufus +
C. brachyurus; d) C. brachyurus + O. bezoarticus + C. parvulus + R. rufescens; e) C. cristata + C. parvulus; f) C.
Cabassous unicinctus; e) C. brachyurus + Priodontes parvulus + C. rufus. Nós geográficos: 1) c + e; 2) b + c + f.
maximus + M. tridactyla + E. sexcinctus; f) P. maximus + C.
thous + E. sexcinctus; g) C. brachyurus + C. unicinctus; h)
P. maximus + E. sexcinctus; i) E. sexcinctus + C. unicinctus;
j) E. sexcinctus + M. tridactyla + C. brachyurus; k) E.
sexcinctus + C. thous; l) M. tridactyla + C. unicinctus; m)
M. tridactyla + P. maximus. Nós geográficos: 1) a + b + i;
2) d + e; 3) e + f ; 4) e + g + h; 5) a + h + j; 6) k + l.

liza-se na transição Cerrado – Floresta Estaci-


onal, no município de Ivinhema (Mato Grosso
do Sul). O nó “2” é sustentado por três traços
generalizados, situando-se entre os municípi-
os de Agudos e Lençóis Paulista (São Paulo).

Para o grupo dos insetos, foram obtidos 11


traços generalizados e cinco nós biogeográfi-
cos (FIGURA 5). Cinco traços generalizados
encontram-se na área do Cerrado, destacan-
do-se os traços “g” e “h”, ambos sustentados
por três espécies, que originam um nó bioge- FIGURA 5. Traços generalizados do grupo dos insetos: a)
ográfico na área do Pantanal, no município de Cyrtoneuropsis beebei + Cyrtoneuropsis rescita; b) Polietina
Bodoquena (Mato Grosso do Sul). O traço “j” steini + Polietina major + Polietina orbitalis + Cyrtoneuropsis
cruza o Distrito Federal no sentido sudoeste - psiloptera; c) C. psiloptera + Cyrtoneuropsis mellina; d)
P.olietina orbitalis + Polietina flavithorax + P.olietina steini; e) P.
nordeste e compreende também três espécies. steini + Cyrtoneuropsis polystigma; f) C. polystigma + P.
orbitalis; g) P. major + P. flavithorax + P. steini; h) P. orbitalis +
A sobreposição de todos os 55 traços indivi- P. flavithorax + P. steini; i) P. orbitalis + P. flavithorax; j) Centris
burdorfi + Centris xanthomelaena + P. orbitalis; k) C. beebei +
duais gerou 30 traços generalizados e 13 nós C. rescita + Cyrtoneuropsis multomaculata. Nós geográficos:
biogeográficos suportados por espécies de 1) b + c; 2) d + e; 3) f + g; 4) g + h; 5) a + k.

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Jayme Augusto Prevedello - Claudio José Barros de Carvalho

grupos diferentes (FIGURA 6). Os traços ge-


neralizados mais robustos na área do Cerrado
são “w” e “y”, ambos sustentados por seis es-
pécies de plantas, mamíferos e aves na região
central do bioma (nordeste de Goiás), e o tra-
ço “v”, que engloba quatro espécies na região
leste (Mato Grosso). Os nós biogeográficos
mais importantes são: “1” (Formosa e Água
Fria de Goiás - Goiás), que reúne cinco traços
generalizados; “2” (Brasília, Distrito Federal),
com quatro traços generalizados e “13” (For-
mosa do Rio Preto, limite entre a Bahia e o Pi-
auí), com três traços generalizados. A TABE-
LA 2 sumariza os resultados encontrados
para os diferentes grupos analisados.

Sobrepondo-se todos os traços generalizados


e nós biogeográficos identificados na área do
Cerrado, obteve-se um mapa-síntese (FIGU- FIGURA 6. Traços generalizados suportados por duas ou
mais espécies de grupos distintos. a) Thrichomys
RA 7), que resume os padrões biogeográficos apereoides + Piriqueta sidifolia; b) T. apereoides +
encontrados no bioma. Outros 13 nós biogeo- Cerdocyon thous + Piriqueta duarteana; c) P. sidifolia +
gráficos foram caracterizados, dos quais se Caprimulgus parvulus; d) C. thous + P. duarteana; e) P.
destacam o município de Analândia (São sidifolia + Allagoptera campestris + P. duarteana + C.
Paulo), Paracatu (Minas Gerais), Alto Ara- thous; f) Caprimulgus longirostris + Euphractus sexcinctus;
guaia (Mato Grosso do Sul) e Distrito Federal. g) Rourea induta + C. thous; h) C. parvulus + Polietina
flavitorax + Polietina stein + Polietina orbitalis + P. sidifolia
+ Cyrtoneuropsis mellina; i) P. sidifolia + Cariama cristata;
Ao todo, foram obtidos 48 nós biogeográficos j) Cabassous tatouay + Campomanesia eugenioides +
na região do Cerrado, que correspondem às Cyrtoneuropsis polystigma + Ozotoceros bezoarticus + E.
áreas prioritárias para a conservação do bio- sexcinctus; k) Chrysocyon brachyurus + A. campestris; l) A.
ma, além de 61 traços generalizados. Os nós campestris + C. thous; m) Cyrtoneuropsis beebei +
biogeográficos (FIGURA 8a) concentram-se Rhynchotus rufescens; n) Allagoptera leucocalyx + T.
apereoides; o) A. campestris + C. cristata; p) A. campestris
principalmente nos estados de Goiás (13 nós), + T. apereoides + P. orbitalis; q) Cabassous unicinctus + R.
Minas Gerais (nove) e Mato Grosso do Sul induta + Campomanesia sessiflora; r) Dimorphandra mollis
(oito)a. + C. unicinctus; s) Ozotoceros bezoarticus +
Cochlospermum regium + A. leucocalyx; t) C. parvulus + C.
Comparando-se a distribuição dos nós bio- regium + A. leucocalyx; u) C. brachyurus + R. rufescens; v)
geográficos com a distribuição das unidades Priodontes maximus + Piriqueta nitida + E. sexcinctus +
Piriqueta tamberlikii; x) D. mollis + O. bezoarticus; w) C.
de conservação do Cerrado (FIGURA 8b; unicinctus + C. parvulus + T. apereoides + P. orbitalis + O.
TABELA 3), observa-se que 10 (21%) dos 48 bezoarticus + A. campestris; y) Charitospiza eucosma + C.
nós biogeográficos obtidos encontram-se longirostris + P. sidifolia + Krameria argentea + D. mollis +
parcial ou totalmente dentro de alguma uni- A. leucocalyx; z) C. brachyurus + C. eugenioides; aa) D.
dade e 38 (79%) não se situam em unidades gardneriana + T. apereoides + O. bezoarticus; ab) D.
de conservação. Somente seis nós (13%) situ- gardneriana + T. apereoides + C. cristata; ac) D.
gardneriana + T. apereoides; ad) C. regium + R. rufescens.
am-se em unidades de conservação de prote- Nós geográficos: 1) w + y + z + aa + ac; 2) f + o + w +
ção integral. y; 3) f + g; 4) g + ad; 5) h + i; 6) p + q; 7) l + m; 8) s + t;
9) r + x; 10) s + v; 11) p + w; 12) y + z; 13) aa + ab + ac.
Os estados de Mato Grosso do Sul, Minas Ge-
rais e Goiás apresentam a situação mais críti-
ca, com respectivamente 0, 11 e 15% dos nós
biogeográficos em áreas protegidas. Os três

Artigos Técnico-Científicos 46 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº1 - Abril 2006 - pp. 39-57
Conservação do Cerrado brasileiro: o método pan-biogeográfico como ferramenta para a seleção de áreas prioritárias

TABELA 2. Síntese dos resultados obtidos na análise pan-biogeográfica dos táxons estudados.

Grupo Número de Traços Número Nós


traços generalizados de nós biogeográficos
generalizados mais biogeográficos mais
(figuras 2-6) importantes importantes
Plantas 22 u (4 espécies); c, o, p (3) 17 “13” (5 traços); 7 (3)
Mamíferos 13 e (4); a, b, d, f, j (3) 6 “1”, “4”, “5” (3)
Aves 6 a (4); d (3) 2 “2” (3)
Insetos 11 g, h, j (3) 5 “1”,”2”,”3”,”4”,”5”(2)
Misto* 30 w, y (6); v(4) 13 “1”(5); “2”(4);”13”(3)
Total** 61 48

* Refere-se aos traços generalizados e nós biogeográficos suportados por duas ou mais espécies de diferentes grupos.
** Observe que os totais não correspondem à simples soma de todos os grupos, já que houve casos de sobreposição total de dois traços
ou dois nós que foram por isso reduzidos a um. Além disso, a sobreposição de todos os traços generalizados revelou outros 13 nós
biogeográficos não mencionados na tabela.

tua-se próximo ao Parque Nacional das Emas.


Em São Paulo, dois dos seis nós situam-se so-
bre reservas (APA Corumbataí–Botucatu-Te-
jupá; APA Piracicaba-Juqueri-Mirim). No Dis-
trito Federal, os dois nós identificados encon-
tram-se em várias unidades de conservação
(Parque Nacional de Brasília, APA da Bacia
do Rio Descoberto, APA de São Bartolomeu,
APA de Cafuringa, APA das Bacias de Gama
e Cabeça de Veado, APA do Lago Paranoá, Es-
tação Ecológica de Águas Emendadas). Os
dois nós identificados na Bahia não se situam
em unidades de conservação. O único nó
identificado no estado do Maranhão encon-
tra-se na região do Parque Estadual do Mira-
dor, assim como o nó biogeográfico do norte
FIGURA 7. Traços generalizados e nós geográficos identi- do Paraná, que se situa dentro da APA da Es-
ficados na área do Cerrado. carpa Devoniana.

estados, além do Maranhão, são os mais po- Os resultados obtidos demonstram a defici-
bres em unidades de conservação no Cerrado ência do atual sistema de unidades de conser-
(Cavalcanti & Joly, 2002) e, em conjunto com vação do Cerrado, como já constatado por ou-
São Paulo e Mato Grosso, abrigam as meno- tros autores (Dias, 1993; Brasil, 1999; Caval-
res porcentagens de remanescentes (Manto- canti & Joly, 2002; Aguiar et al., 2004). Além
vani & Pereira, 1998). Em Goiás, dos 13 nós de falhar na proteção da biodiversidade em
identificados, dois situam-se no Parque Naci- seus diversos níveis correntemente avaliados,
onal da Chapada dos Veadeiros. Em Minas o sistema não está sendo eficiente na conser-
Gerais, um dos nove nós encontra-se parcial- vação da diversidade histórico-biogeográfica
mente sobre a Área de Proteção Ambiental do bioma. Diversos pontos-chave de estrutu-
(APA) Carste de Lagoa Santa. No Mato Gros- ração dos padrões biogeográficos do Cerrado
so, dos seis nós identificados, somente um en- encontram-se desprotegidos e sob forte pres-
contra-se em área protegida, no Parque Naci- são antrópica. Os nós biogeográficos orien-
onal da Chapada dos Guimarães; outro nó si- tam historicamente traços generalizados

Artigos Técnico-Científicos 47 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº1 - Abril 2006 - pp. 39-57
Jayme Augusto Prevedello - Claudio José Barros de Carvalho

8a 8b

FIGURA 8. Distribuição dos nós geográficos na área do Cerrado, que indicam as áreas prioritárias para a conservação do bio-
ma. a) distribuição dos nós; b) comparação entre a distribuição dos nós e as unidades de conservação do Cerrado (áreas des-
tacadas em preto); c) comparação entre a localização dos nós e as áreas prioritárias para a conservação do Cerrado obtidas no
Workshop sobre o bioma (Brasil, 1999). Polígonos com traços horizontais: áreas resultantes da revisão de Ramos Neto et al.
(2004). Polígonos com traços verticais: áreas resultantes do Workshop que não foram revisadas.

regionais (Craw et al., 1999), o que significa ogeográfico do Novo Mundo – reflete indire-
que os padrões de distribuição da biota de di- tamente na manutenção em longo prazo da
versas regiões são influenciados pelo que biodiversidade da Amazônia. Da mesma for-
ocorre nesses poucos centros biogeográficos. ma, a conservação dos nós biogeográficos é
Craw et al. (1999) ilustram a importância dos essencial para a manutenção da estrutura es-
nós biogeográficos afirmando que uma políti- pacial da biota de vastas extensões do Cerra-
ca de conservação do Caribe – principal nó bi- do. Os nós biogeográficos são ainda pontos

TABELA 3. Comparação entre a distribuição dos nós biogeográficos e as unidades de conservação (UC) do
Cerrado (Pádua & Dias, 1997) e as áreas prioritárias resultantes do Workshop Cerrado/Pantanal (Brasil, 1999).

Estado Número Nós em UC Nós em UC Total de Nós biogeográficos


de nós de Proteção de Uso nós situados em áreas
biogeográficos Integral Sustentável em UC prioritárias definidas
no Workshop (Brasil,
1999)
Maranhão 1 1 (100%) 0 1 (100%) 1 (100%)
Bahia 2 0 0 0 2 (100%)
Mato Grosso 6 1 (17%) 0 1 (17%) 6 (100%)
Goiás 13 2 (15%) 0 2 (15%) 11 (85%)
Distrito Federal 2 2 (100%) 2 (100%) 2 (100%) 2 (100%)
Minas Gerais 9 0 1 (11%) 1 (11%) 7 (78%)
Mato Grosso do Sul 8 0 0 0 3 (37%)
São Paulo 6 0 2 (33%) 2 (33%) 5 (83%)
Paraná 1 0 1 (100%) 1 (100%) 0
Total 48 6 (13%) 6 (13%) 10 (21%) 37 (77%)

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Conservação do Cerrado brasileiro: o método pan-biogeográfico como ferramenta para a seleção de áreas prioritárias

fornecendo evidência histórica sobre a impor-


tância das áreas. É preciso, no entanto, fazer a
ressalva de que a enorme extensão dos polígo-
nos resultantes do Workshop, alcançando em
alguns casos mais de 5.000 km2 (Ramos Neto
et al., 2004), facilita a sobreposição dos nós bi-
ogeográficos sobre si. A despeito disso, a con-
cordância observada pode decorrer, ao menos
em parte, da utilização de um mesmo critério
pelo corpo metodológico de ambos os traba-
lhos, que é a riqueza de espécies das áreas. Os
nós biogeográficos podem (não obrigatoria-
mente) indicar áreas que concentram um
grande número de espécies (Craw et al., 1999).
No entanto, a identificação de tais áreas deve
8c ser vista como uma conseqüência e não uma
das finalidades do método. A pan-biogeogra-
fia permite identificar pontos de grande rique-
za histórico-biogeográfica, entendidos como
de alta diversidade biogeográfica, pois inclu- aqueles que concentram um grande número
em amostras de táxons e padrões de distribu- de diferentes padrões de distribuição, e não
ição provenientes de diferentes origens, o que necessariamente de grande riqueza taxonômi-
por si só os qualifica como áreas prioritárias à ca (Craw et al., 1999).
conservação (Morrone, 1999; Luna-Vega et al.,
2000; Carvalho, 2004). Por outro lado, as discordâncias encontradas
podem ser parcialmente explicadas pela utili-
Por outro lado, os resultados ressaltam a im- zação do estado de conservação das áreas
portância das unidades de conservação menci- como um critério seletivo no Workshop (Brasil,
onadas na proteção da biodiversidade do Cer- 1999). Das 11 áreas discordantes, dez encon-
rado. No entanto, por se tratarem majoritaria- tram-se em regiões altamente degradadas (se-
mente de Áreas de Proteção Ambiental, a efe- gundo Mantovani & Pereira, 1998), o que po-
tividade de tais unidades provavelmente é deria explicar sua não inclusão nos resultados
aquém da necessária, pois não garantem pro- do seminário. Este é o caso principalmente do
teção integral. A recategorização dessas unida- Mato Grosso do Sul, que abriga cinco nós bi-
des pode ser uma medida necessária ou mes- ogeográficos em pontos críticos do Cerrado,
mo indispensável, definindo-se usos mais res- onde resta somente de 0 a 15% da cobertura
tritivos que assegurem a preservação dos nós vegetal original (Mantovani & Pereira, 1998).
biogeográficos. As unidades de conservação Este estado concentra, juntamente com o
de uso sustentável são um complemento fun- Mato Grosso, o sul de Goiás, o Triângulo Mi-
damental às unidades de proteção integral neiro e o oeste de Minas Gerais, a maior par-
(Terborgh, 2003), mas seu real papel na efetiva te da produção de soja e os maiores rebanhos
conservação da biodiversidade ainda é motivo bovinos do Cerrado, frutos da presença de ex-
de acaloradas discussões (Guapyassú, 2003). tensas propriedades que empregam alta tec-
nologia (Klink & Moreira, 2002).
Trinta e sete (77%) dos 48 nós biogeográficos
encontram-se em áreas indicadas como priori- As 11 áreas identificadas como prioritárias
tárias no Workshop sobre o Cerrado (Brasil, exclusivamente pelo método pan-biogeográ-
1999) (FIGURA 8c; TABELA 3). A análise pan- fico são sucintamente caracterizadas a se-
biogeográfica, portanto, corrobora a maior guir. Sugere-se que sejam acopladas à lista
parte dos resultados obtidos naquele evento, de 87 áreas indicadas no Workshop (Brasil,

Artigos Técnico-Científicos 49 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº1 - Abril 2006 - pp. 39-57
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1999). Os resultados aqui obtidos indicam que Em relação à hierarquia de importância entre
tais nós biogeográficos possuem importância os nós biogeográficos, encontrou-se que 22
histórica dentro do Cerrado, sendo pontos de dos 48 nós obtidos são sustentados por dois
confluência de táxons de diferentes origens. traços generalizados, 15 são sustentados por
três traços generalizados, sete são sustenta-
• Mato Grosso do Sul: (1) município de San- dos por quatro traços e quatro são sustenta-
ta Rita do Pardo, com um nó formado pela dos por cinco traços generalizados. Os nós bi-
sobreposição de dois traços generalizados ogeográficos sustentados por quatro ou cinco
de plantas; (2) Campo Grande, um dos nós traços generalizados, que totalizam 11, rece-
mais importantes do grupo das plantas, beram o primeiro grau de prioridade para a
com cinco traços generalizados; (3) Para- conservação do Cerrado (TABELA 4; FIGU-
nhos, área indicada por traços generaliza- RA 9). Cinco destes nós biogeográficos en-
dos de insetos e mamíferos; (4) Ponta Porã, contram-se em unidades de conservação, sen-
com um nó formado por traços generaliza- do três de proteção integral. Oito nós são con-
dos de mamíferos, plantas e insetos; (5) gruentes com os resultados do Workshop (Bra-
Itaporã-Douradina, com traços generaliza- sil, 1999). Dado seu status histórico-biogeo-
dos de aves e plantas. gráfico, as áreas indicadas com maior grau de
prioridade são as mais fundamentais para
• Goiás: (1) Caiapônia, representa um dos conservar o Cerrado, concentrando um exten-
nós mais bem sustentados de toda a análi- so conjunto de traços generalizados de dife-
se, reunindo traços de mamíferos e plan- rentes origens. As áreas indicadas no noroes-
tas; (2) Planaltina, outro nó importante por te da Bahia (nó biogeográfico “2”) e norte e
reunir vários traços generalizados de aves, nordeste de Goiás (nós “4” e “5”) situam-se
mamíferos e plantas. em regiões relativamente bem conservadas,
que oferecem uma das últimas oportunidades
• Minas Gerais: dois nós localizados no mu- ao estabelecimento de grandes áreas protegi-
nicípio de Paracatu, ambos sustentados das (Mantovani & Pereira, 1998; Cavalcanti &
por traços de plantas e mamíferos. Joly, 2002; Machado et al., 2004). Por outro
lado, estratégias de conservação alternativas
• São Paulo: entre os municípios de Altinó-
polis e Brodowski, com traços generaliza-
dos de aves e mamíferos.

• Limite entre o Paraná e São Paulo: Sengés


(PR)–Itararé (SP), nó formado por traços
generalizados de mamíferos e plantas.

A identificação dessas áreas altamente impacta-


das indica que uma parcela significativa da di-
versidade histórico-biogeográfica do Cerrado
foi ou está muito próxima de ser perdida. A pri-
orização dessas áreas é justificável quando se
visa à manutenção da estrutura biogeográfica
intrínseca do Cerrado, sendo necessário concen-
trar esforços na restauração, conservação e cone-
xão dos remanescentes, mesmo que exíguos. Os
casos mais urgentes são as regiões de Campo
Grande (Mato Grosso do Sul), Caiapônia e Pla-
naltina (Goiás), que são nós biogeográficos ro- FIGURA 9. Nós geográficos mais importantes
bustos e sustentados por diferentes táxons. identificados na área do Cerrado.

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TABELA 4. Caracterização dos onze nós biogeográficos que receberam o primeiro grau de prioridade para a conservação do Cerrado.

Nó Localização Táxons que Correspondência Correspondência Integridade


biogeográfico definiram com áreas com unidades da cobertura
(Figura 9) o nó identificadas no de conservação vegetal
Workshop (Mantovani
(Brasil, 1999)* & Pereira, 1999)
1 Centro do Plantas, Noroeste da Localiza-se sobre 48-63%
Maranhão, nos mamíferos “Área do Mirador o Parque Estadual
municípios de e aves Uruçuí”, que do Mirador
Loreto e Mirador recebeu prioridade
“Extremamente Alta”
no Workshop
2 Noroeste da Bahia, Plantas, Sobre a área _ 64-100%
nos municípios mamíferos “Bacia do Rio Preto,
de Formosa do e aves Águas Emendadas
Rio Preto e e Rio do Sono”,
Cristalândia do Piauí que recebeu
prioridade
“Extremamente Alta”
3 Norte de Goiás, Plantas, Entre as áreas Parcialmente dentro 48-63%
município de mamíferos “Chapada dos do Parque Nacional
Alto Paraíso e aves Veadeiros” e da Chapada
de Goiás “Pouso Alto”, que dos Veadeiros
receberam prioridade
“Extremamente Alta”
4 Norte de Goiás, Plantas, Localiza-se entre – 48-63%
limite entre os mamíferos os limites das
municípios e aves áreas “Vale do
de Formosa, São Paraná” e “Chapada
João da Aliança e dos Veadeiros”, que
Água Fria de Goiás receberam prioridade
“Extremamente Alta”
5 Nordeste de Goiás, Plantas, – – 48-63%
Planaltina mamíferos
e aves
6 Norte do Distrito Plantas, Sobre a área Várias; ver texto 16-32%
Federal mamíferos “Distrito Federal
e insetos e Entorno”, indicada
com prioridade
“Extremamente Alta”
7 Sul do Distrito Plantas, Sobre a área Várias; ver texto 16-32%
Federal mamíferos “Distrito Federal
e aves e Entorno”, indicada
com prioridade
“Extremamente Alta”
8 Oeste de Goiás, Plantas – – 0 a 15 %
Caiapônia e mamíferos
9 Centro do Mato Plantas e – – 0 a 32 %
Grosso do Sul, mamíferos
Campo Grande
10 Norte do estado Plantas, Sobre a área No interior da APA 0 a 15 %
de São Paulo, entre mamíferos “Campinas”, de Corumbataí-
os municípios de e aves classificada com Botucatú-Tejupá
São Carlos e “Alta Prioridade”
Analândia no seminário
11 Centro do estado Plantas Próximo à área – 0 a 15 %
de São Paulo, entre os e aves “Bauru”, indicada
municípios de Agudos, no Workshop
Pederneiras e com prioridade
Bauru “Extremamente Alta”

* A comparação dos nós 1 a 4, 6 e 7 foi efetuada com as áreas revisadas por Ramos Neto et al. (2004); os nós 10 e 11 foram comparados com os resultados
originais do Workshop (Brasil, 1999).

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devem ser implementadas nas regiões de Cai- rico únicos, pode ser utilizada como mais
apônia (nó biogeográfico “8”), Campo Gran- uma importante ferramenta a favor da con-
de (nó “9”) e centro do estado de São Paulo servação da diversidade biológica, disponibi-
(nó “11”), com ênfase na restauração e cone- lizando para tanto um método robusto, obje-
xão de remanescentes, visto que a cobertura tivo, empiricamente testável, relativamente
vegetal foi quase totalmente suprimida (Man- rápido e de baixo custo. Cabe lembrar que o
tovani & Pereira, 2002). entendimento da trajetória histórica da biota
é essencial quando se objetiva a conservação
em longo prazo da biodiversidade, subsidi-
ando esforços mais concretos de manejo e es-
CONCLUSÕES tabelecimento de políticas e prioridades de
conservação.
A pan-biogeografia atesta a importância his-
tórica de muitas áreas priorizadas para a con-
servação do Cerrado por estudos anteriores,
os quais utilizaram diferentes metodologias AGRADECIMENTOS
de análise, o que reafirma a relevância de tais
áreas. A Elaine Della Giustina Soares (Universidade
Federal do Paraná), Silvio Shigueo Nihei
Dez áreas priorizadas pelo método encon- (Museu de Zoologia da Universidade de São
tram-se em estágio avançado de degradação, Paulo) e Aline Cristina Martins (UFPR) pela
indicando que pontos-chave de estruturação leitura crítica do manuscrito. A Mario Barroso
dos padrões biogeográficos do Cerrado fo- Ramos Neto (Conservação Internacional do
ram ou estão muito próximos de ser perdi- Brasil), pelo fornecimento dos mapas com os
dos. Programas emergenciais de conservação polígonos do Workshop, revisados. Contribui-
devem ser implementados nesses casos, en- ção nº 1623 do Departamento de Zoologia,
volvendo a restauração, conservação e cone- Universidade Federal do Paraná.
xão dos remanescentes, mesmo que exíguos.

O atual sistema de áreas protegidas do Cerra-


do não está sendo eficiente na conservação da REFERÊNCIAS
diversidade histórico-biogeográfica do bio-
ma. Por um lado, evidencia-se a carência de Aguiar, L. M. S.; Machado, R. B. & Marinho-
novas unidades de conservação e, por outro, Filho, J. 2004. A diversidade biológica do Cer-
a necessidade de recategorizar áreas já imple- rado. In: Aguiar, L. M. S. & Camargo, A. J. A.
mentadas, mas enquadradas na categoria de Cerrado: ecologia e caracterização. Pp. 17-40.
uso sustentável. EMBRAPA. Brasília.

Estudos mais detalhados devem ser conduzi- Anderson, S. 1997. Mammals of Bolivia, taxo-
dos nas áreas apontadas pelo método, a fim nomy and distribution. Bulletin of the Ameri-
de definir prioridades em escala espacial can Museum of Natural History 231: 1-652.
mais refinada, permitindo adequar esforços
frente à realidade local de cada região. Anjos, L. dos & Graf, V. 1993. Riqueza de aves
da Fazenda Santa Rita, região dos Campos
A Biologia da Conservação, sendo uma ciên- Gerais, Palmeira, Paraná, Brasil. Revista Brasi-
cia essencialmente multidisciplinar, deve leira de Zoologia 10 (4): 657-664.
agregar contribuições de diferentes fontes do
conhecimento biológico a fim de atingir o ob- Arbo, M. M. 1995. Turneraceae - Parte I: Piri-
jetivo a que se propõe. A pan-biogeografia, queta. Flora Neotropica, Monograph nº 67. The
com seu corpo metodológico e enfoque histó- New York Botanical Garden, New York.

Artigos Técnico-Científicos 52 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº1 - Abril 2006 - pp. 39-57
Conservação do Cerrado brasileiro: o método pan-biogeográfico como ferramenta para a seleção de áreas prioritárias

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