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Filho a,b
a
Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília e UNB, Asa Norte, Brasília, DF 70.910-900, Brasil bDepartamento de
Zoologia, Instituto de
Biologia, Campus Universitário Darcy Ribeiro , Universidade de Brasília e UnB, Asa Norte, Brasília, DF 70.910-900, Brasil
c
Laboratório de Biodiversidade do Semi-Árido, Departamento de Ciências Naturais, Campus Universitário da UESB, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e UESB, Estrada do Bem-Querer, Km 04, Vitória da
Conquista, BA 45.083-900, Brasil
Historia do artigo: A Caatinga é um mosaico de floresta xérica com vários enclaves de savana e floresta tropical no interior do Nordeste do Brasil. Esses
Recebido em 23 de setembro de 2011 enclaves aparentemente resultam da expansão/retração dos biomas mésicos e secos da América do Sul seguindo a dinâmica das
Recebido em forma revisada
mudanças climáticas no Pleistoceno. Pouco se sabe sobre as influências da proximidade de enclaves na composição de espécies de
1 de outubro de 2012
florestas xéricas. O objetivo deste estudo foi analisar os componentes faunísticos das comunidades de morcegos na caatinga xérica
Aceito em 3 de outubro de 2012
Disponível da planície do médio rio São Francisco. Morcegos foram coletados em 20 fragmentos de caatinga durante um ano. Esses dados
foram comparados com dados bibliográficos sobre levantamentos de morcegos na caatinga. Os resultados mostraram alta riqueza
de espécies na área de estudo. Encontramos uma forte influência das florestas tropicais, mas quase nenhuma influência dos habitats
Palavras-chave:
de savana na composição das espécies de morcegos. Não houve diferenças entre os habitats, no entanto, quando consideramos a
Biogeografia
Chiroptera taxonomia, o tamanho do corpo e a composição das guildas alimentares. A riqueza de espécies e os padrões de uso do habitat
Ecótonos podem estar associados tanto com a ocorrência passada de florestas tropicais na região durante o Holoceno quanto com a
Enclaves proximidade dos atuais enclaves de florestas tropicais.
Mamíferos
1. Introdução punas diferem de DXS, pois, embora todos os três apresentem uma estação seca
durante o ciclo anual, nos dois primeiros o período de chuvas é mais previsível.
A zona neotropical abriga a mais rica diversidade de espécies de todas as zonas
biogeográficas do mundo (Williams et al., 1997). Além da riqueza de espécies, os Entre todas as ecorregiões do DXS, a caatinga representa 62,4% desse bioma nos
Neotrópicos também apresentam uma alta diversidade de biomas e ecorregiões e 211 Neotrópicos (WWF, 2010). Para Prado (2003), a caatinga é um mosaico de florestas
ecorregiões em 11 biomas (Olson et al., 2001). Essas ecorregiões foram formadas por xerofíticas, caducifólias, espinhosas e sazonalmente secas, situadas nas planícies entre
diversos eventos de isolamento, expansão e retração devido a eventos tectônicos e os planaltos do Nordeste do Brasil ao norte do estado de Minas Gerais. Devido à alta
mudanças climáticas que ocorreram ao longo da história geológica dos Neotrópicos heterogeneidade de habitats, Prado (2003) denominou essa ecorregião como as
(Auler et al., 2004; van der Hammen, 1974). caatingas da América do Sul.
De acordo com o WWF (2010), existem 18 ecorregiões no bioma “Desertos e Estudos sobre a história biogeográfica da caatinga são escassos (Auler et al., 2004;
Arbustos Xericos” (doravante referido como DXS) nos Neotrópicos. No geral, essas Carmignotto et al., 2012; Leal et al., 2005; Pennington et al., 2004). No entanto, Roig-
ecorregiões têm clima árido ou semiárido, alta imprevisibilidade de chuvas e espécies de Juñent et al. (2006), apontaram a caatinga como a primeira região árida a ser isolada na
plantas adaptadas ao xérico. No entanto, a fisionomia da vegetação é muito heterogênea, América do Sul, considerando a fauna de artrópodes, e esse isolamento era tão antigo
variando de campos abertos a florestas tropicais secas sazonais (WWF, 2010). Outras que não poderia ser associado a nenhum evento vicariante conhecido na história
formações abertas como savanas e geológica da América do Sul. Além disso, junto com as origens da caatinga, sabe-se que
todos os ambientes sul-americanos foram alterados por processos de expansão/retração,
devido a fases áridas e úmidas que se alternaram ao longo da história climática da Terra.
Essas mudanças resultaram na presença de enclaves de floresta seca em áreas de
* Autor correspondente. Endereço atual: Laboratório de Biodiversidade do Semi Árido e LABISA, cerrado e floresta úmida, bem como enclaves de florestas tropicais úmidas e cerrados
Departamento de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e UESB, Estrada do Bem
em caatinga (Auler et al., 2004).
Querer, Km 04, Vitória da Conquista, Bahia 45.083-900, Brasil. Tel.: þ55 77 3423 9394; fax: þ55 77 3424
8655.
Endereços de e-mail: sa-neto@uol.com.br (RJ Sá-Neto), jmarinho@unb.br (J. Marinho-Filho).
Esse mosaico de fisionomias xerofíticas com enclaves de outros biomas suscita pode ter ampla distribuição geográfica (Willig et al., 2003), resultando em menor
muita discussão sobre a classificação e os limites da caatinga. Ab'Sáber (2008) rotatividade de espécies quando se reduz a escala de observação. Assim, a análise
denominou a caatinga como um domínio, que incluía não apenas as fisionomias faunística de morcegos é melhor realizada em abordagens de larga escala. Além
xerofíticas (caatinga stricto sensu), mas também os enclaves e ecótonos presentes disso, os morcegos representam 44,7% das espécies de mamíferos da caatinga
na região (caatinga lato sensu). Outras classificações consideram esses enclaves (Oliveira et al., 2003) e a análise faunística de morcegos pode ser útil para observar
como ecorregiões distintas (World Wildlife Fund, 2010). interações entre fisionomias xéricas, enclaves e formações ecótonas em ambientes
de caatinga.
No entanto, a caatinga ainda é uma área pouco estudada, e o conhecimento sobre
seus processos ecológicos relacionados à sucessão e colonização de espécies O presente estudo analisou as espécies de morcegos em fragmentos de mata
vegetais e animais é escasso, bem como a importância dos enclaves para a xérica caatinga da planície do médio São Francisco.
diversidade local e regional do domínio (Leal et al ., 2005). O objetivo deste estudo é responder as seguintes questões: (1) Quais espécies de
morcegos são registradas no domínio da caatinga e na fisionomia xérica da caatinga
A ecorregião da planície do médio São Francisco contém vegetação heterogênea florestal? (2) A morcefauna de fragmentos de caatinga xérica da planície do médio
em uma formação geomorfológica e climática homogênea. As florestas xéricas nesta rio São Francisco é uma subamostra da fisionomia da caatinga xérica para
região são cercadas por enclaves de savanas, ecótonos de cerrado (savana tropical componentes taxonômicos, tamanho do corpo, guildas alimentares e habitat de
brasileira) e a mata ciliar do rio São Francisco, um grande enclave de floresta tropical ocorrência?
( Brasil, 2000; Silva et al., 2004).
Fig. 1. Subdivisões da bacia do São Francisco e Pontos de amostragem e área de estudo na planície do Médio São Francisco.
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correspondendo a 53,0% de sua área total; (c) Baixo Médio São Francisco arranjo em cada noite de amostra. As redes foram abertas das 17:30 às 24:00 h
(Submédio São Francisco): de Remanso a Paulo Afonso na Bahia, e inspecionadas a cada 30 min.
correspondendo a 24,4% e (d) Baixo São Francisco (Baixo São Francisco): de Morcegos amostrados foram identificados em campo, usando várias chaves
Paulo Afonso até seu estuário, correspondendo a 5,1% da a área da bacia sistemáticas e diagnósticos de espécies. Foram sexados, pesados com 100 g
(Brasil, 2011). Pesola e medido o comprimento do antebraço. Todos os morcegos capturados
O médio São Francisco forma a maior parte da bacia do São Francisco, foram marcados com etiquetas plásticas coloridas, conforme Esbérard e Daemon
drenando porções dos estados de Minas Gerais e Bahia cobertas pelas matas (1999) e soltos no mesmo local da captura. Cinco espécimes de cada espécie
xéricas da caatinga e recebendo os rios tributários intermitentes da bacia de foram coletados para posterior confirmação da identificação e foram depositados
drenagem do São Francisco. como espécimes comprovativos na Coleção Científica de Mamíferos do
A topografia e a vegetação são muito heterogêneas nesta região. Um planalto Laboratório da Biodiversidade do Semi-Árido, DCN/UESB. O levantamento e
coberto por savanas de cerrado e os últimos tributários perenes dominam a coleta de espécimes foram autorizados pelo órgão ambiental brasileiro (licença
margem esquerda do São Francisco, enquanto caatinga xérica e matas ciliares SISBIO número 19810-1 MMA e IBAMA & ICMBIO). A taxonomia dos morcegos
são encontradas apenas nas planícies próximas ao canal principal do rio. As seguiu Wilson e Reeder (2005), com a inclusão de Xeronycteris vieirai (Gregorin
planícies também prevalecem na margem direita até os limites da Chapada e Ditchfield, 2005) e Chiroderma vizottoi (Taddei e Lim, 2010).
Diamantina e da Serra Geral. Aqui, a caatinga de mata xérica é a fisionomia
dominante com a presença de enclaves de cerrado nos topos de morros e matas
ciliares próximas ao canal principal do rio São Francisco. Com exceção do rio
Verde Grande, todos os afluentes são intermitentes na margem direita do rio
2.3. dados bibliográficos
(Brasil, 2011).
3. Resultados
Fig. 2. Curva acumulativa de espécies amostradas por indivíduo coletado na caatinga xérica
matas na planície do médio São Francisco.
tabela 1
Abundância e status da ocorrência geográfica de espécies de morcegos coletadas em
fragmentos de caatinga no vale do médio São Francisco na Bahia.
apenas em enclaves de floresta úmida e savana e Chrotopterus
táxon Ocorrência Número de %
indivíduos auritus, Phylloderma stenops e Lionycteris spurrelli foram
Emballonuridae registrado apenas em enclaves de floresta úmida. Apesar de haver
Peropteryx macrotis TRFen 2 0,31% registros da literatura para Myotis albescens na caatinga
Noctilionidae domínio, não é possível identificar em que tipo de habitat esta
Noctilio albiventris TRFen 1 0,15%
espécie foi coletada (ver Apêndice 2, Tabela 1, versão eletrônica
Phyllostomidae
apenas).
Phyllostominae
Chrotopterus auritus TRFen 3 0,47% Um total de 86 espécies de morcegos foram registradas em estudos anteriores para
Micronycteris schmidtorum AFeco 8 1,23% domínio da caatinga, 22 dos quais com ampla distribuição, tendo
Mimon crenulatum AFeco 40 6,14% foram registradas em pelo menos três tipos de habitat da caatinga, enquanto
Phylloderma stenops TRFen 0,15%
58 espécies tiveram ocorrência mais restrita, tendo sido registradas
Phyllostomus discolor Largo 1 8,91%
Largo 58 1,69% em apenas um ou dois tipos de habitat. Para seis espécies registradas em
Phyllostomus hastatus
Tonatia saurophila AFeco 11 5 0,78% caatinga não havia informações sobre o habitat em que
Glossophaginae foram encontrados (Apêndice 2, Tabela 2, versão eletrônica apenas).
Glossophaga soricina Largo 46 7,07%
Depois de atualizar nosso banco de dados de caatinga xérica com
Lionycteris spurrelli TRFen 2 0,31%
os dados de amostragem deste estudo, um total de 69 espécies foi listado.
Lonchophylla mordax Largo 32 4,92%
Carollinae Vinte e três espécies tiveram ampla distribuição, 14 espécies foram
Carollia perspicillata Largo 51 7,83% exclusivo deste ambiente, 19 espécies foram compartilhadas com enclaves de
Stenodermatinae floresta tropical, quatro espécies foram compartilhadas com Mata Atlântica
Artibeus lituratus Largo 11 1,69%
ecótonos, seis espécies foram compartilhadas com enclaves de savana e
Artibeus obscurece Largo 223 35,48%
Largo 67 10,29%
três espécies foram compartilhadas com os ecótonos do Cerrado (Apêndice 2,
Artibeus planirostris
Chiroderma villosum TRFen 0,15% Tabela 2, apenas versão eletrônica).
Platyrrhinus lineatus Largo 1 1,54% A fauna de morcegos da planície do médio São Francisco representa
Sturnira lilium Largo 10 2 0,31%
36,0% dos morcegos registrados no domínio da caatinga e 44,9% dos
Desmodontinae
morcegos da caatinga xérica. Dezesseis espécies de morcegos encontradas na
Desmodus rotundus Largo 34 5,22%
Diaemus Youngi Descansar 1 0,15% área de estudo teve ampla distribuição no domínio da caatinga, sendo
Diphylla ecaudata TRFen 1 0,15% registradas em pelo menos três habitats: Phyllostomus discolor, Glosso phaga
Vespertilionidae soricina, Carollia perspicillata, Artibeus planirostris e
Eptesicus brasiliensis Descansar 8 1,23% Molossus molossus foram registrados em todos os cinco habitats. Artibeus lit uratus,
Lasiurus blossevillii Largo 2 0,31%
Largo 0,15%
Platyrrhinus lineatus, Sturnira lilium, Desmodus rotundus e
Lasiurus ega
Myotis albescens Descansar 1 0,61% Myotis nigricans foi registrado em todos os habitats, exceto no cerrado
Myotis nigricans Largo 47 1,08% ecótono; Lasiurus ega esteve ausente apenas da Mata Atlântica
Molossidae ecótono.
Cynomops planirostris Descansar 4 0,61%
Phyllostomus hastatus, Lonchophylla mordax e L. blossevillii
Eumops glaucinus AFeco 1 0,15%
Molossops temminckii Largo 4 0,61% foram registradas na caatinga xérica e em ambos os enclaves
molosso molosso Largo 2 0,31% habitats. Artibeus obscurus foi registrado na floresta xérica
caatinga e em ambos os habitats de floresta tropical (enclave e ecótono).
Resto: Restrito à caatinga xérica; TRFen: Compartilhado com a floresta tropical
enclave; AFeco: Compartilhado com o ecótono da Mata Atlântica; Ampla: Ocorrência em três Houve registros de Molossops temminckii na mata xérica
ou mais ambientes. caatinga, ecótono de Mata Atlântica e enclave de cerrado.
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Sete espécies neste estudo foram compartilhadas com enclaves de floresta 4. Discussão
tropical: Peropteryx macrotis, Noctilio albiventris, Chiroderma vil losum,
Diphylla ecaudata já haviam sido registradas por outros estudos, enquanto Os resultados indicam uma alta riqueza de espécies de morcegos na
estes foram os primeiros registros de P. stenops, L. spurrelli e C. auritus em a planície do médio rio São Francisco. Esta área contém um terço das espécies
caatinga da mata xérica. Quatro espécies foram compartilhadas com ecótonos registradas no domínio da caatinga e quase metade das espécies já registradas
da Mata Atlântica: Micronycteris schmidtorum, Mimon crenulatum, Tonatia na caatinga xérica. Isso representa a segunda maior riqueza de espécies de
saurophila e Eumops glaucinus. Neste estudo não capturamos espécies morcegos já encontrada em qualquer parte do domínio da caatinga,
compartilhadas com o enclave de savana ou os ecótonos do Cerrado. independentemente do(s) tipo(s) fisionômico(s). Entre todos os estudos
faunísticos realizados neste domínio (Fabián, 2008; Falcão, 2005; Gregorin et
Quatro espécies do presente estudo foram registradas exclusivamente na al., 2008; Guedes et al., 2000; Mares et al., 1981; Nogueira, 1998; Oliveira e
caatinga xérica: Diaemus youngi, Eptesicus brasiliensis e Cynomops planirostris Pessôa, 2005; Rios et al., 2008; Silva, 2007; Sousa et al., 2004), apenas a
já haviam sido registradas em outros estudos, enquanto M. albescens foi caatinga xérica de Exu, em Pernambuco, apresentou maior riqueza de espécies
registrado pela primeira vez. com 35 espécies de morcegos registradas (Mares et al., 1981).
A fauna de morcegos na área de estudo difere daquela encontrada na
caatinga xérica (G ¼ 13.993; DF ¼ 5; p ¼ 0,016), mas difere na composição Apesar da alta riqueza de espécies, a área de estudo apresenta baixa
taxonômica em nível de família (G ¼ 5.817; DF ¼ 7; p ¼ 0,561), guildas densidade de morcegos. Existem poucos estudos com morcegos que
alimentares (G ¼ 4,416; DF ¼ 8; p ¼ 0,818) e tamanho corporal (G ¼ 1,697; considerem sua abundância na caatinga; além disso, a maioria deles não
DF ¼ 3; p ¼ 0,638) não foram encontrados (Fig. 3 ) . relata claramente o esforço de amostragem e é muito difícil inferir a densidade de morcegos
A B
C D
Fig. 3. Comparação da proporção de espécies nos componentes da fauna de morcegos da fisionomia da planície do médio São Francisco (área de estudo) e da caatinga xérica. (A)
Componentes do habitat de ocorrência e Resto: Restrito à caatinga xérica; TRFen: Compartilhado com Enclave de Floresta Tropical; AFeco: Compartilhado com o ecótono da Mata
Atlântica; Sven: Compartilhado com enclaves de savana; CEReco: Compartilhado com o ecótono cerrado; Amplo: Ocorrência em três ou mais ambientes; (B) Guildas alimentares e AI:
Insetívoros aéreos de espaço aberto; FAI: Insetívoros aéreos florestais; FolG: Insetívoros coletores de folhagem; AqG: Espigador aquático; Carro: Carnívoro; Hema: Hematófago; Fru:
Frugívora; Nect: Alimentar-se de néctar e Oni: Onívoro; (C) Família táxon e Phy: Phyllostomidade; Molo: Molossidade; Vesp: Vespertilionidade; Emba: Emballonuridae; Mormoo:
Mormoopidae; Noct: Noctilionidae; Furi: Furipteridae; Nata: Natalidae; (D) Tamanho do corpo.
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caatinga. Por exemplo, o estudo com a maior abundância de morcegos no domínio Climas holocênicos mais úmidos podem ter resultado em formações florestais
da caatinga relata 2.333 morcegos coletados na caatinga xérica de Exu e 2.497 associadas à Amazônia e à Mata Atlântica que cobriam o médio São Francisco
indivíduos coletados em enclaves de cerrado do Crato, Ceará (Mares et al., 1981) . (Carmignotto et al., 2012; Oliveira et al., 1999). Ambas as situações podem ter
Mas nenhuma comparação pode ser feita entre aquele estudo e o nosso, uma vez resultado na influência de espécies florestais detectadas em nossa área de estudo.
que o esforço de amostragem da rede de neblina não é explícito, impossibilitando
saber quantos morcegos foram capturados diretamente de seus abrigos (Mares et Há uma alta diversidade de morcegos em fragmentos de caatinga xérica da
al., 1981). planície do médio rio São Francisco. Entre os morcegos encontrados na área de
estudo, encontram-se espécies de todas as guildas alimentares, de todos os
No entanto, os poucos estudos disponíveis para a comparação da densidade de tamanhos corporais e de todas as famílias de morcegos registradas para a caatinga
morcegos sustentam que a baixa densidade encontrada na planície do médio São xérica florestal em levantamentos faunísticos anteriores (Fabián, 2008; Falcão, 2005;
Francisco é comum em outras áreas da caatinga terrestre de mata xérica. Silva Gregorin et al ., 2008; Guedes et al., 2000; Mares et al., 1981; Nogueira, 1998;
(2007), também amostrando uma caatinga de mata xérica na Fazenda Araras em Oliveira e Pessoa, 2005; Rios et al., 2008; Silva, 2007; Sousa et al., 2004). Esta alta
Brejo de Madre de Deus, Pernambuco, relatou uma densidade um pouco maior do biodiversidade é provavelmente o resultado da soma de uma fauna específica de
que a observada no presente estudo, com 587 indivíduos capturados em um esforço morcegos representativa das florestas xéricas e da influência de uma fauna de
amostral de 151.200 m2 h, ou seja , , um esforço de 257 m2 h para coletar novos morcegos da floresta tropical na área de estudo. Mas independentemente das
indivíduos (Silva, 2007). Além disso, na Floresta Nacional Contendas do Sincorá, na implicações biogeográficas, esses resultados enfatizam a importância dos fragmentos
caatinga xérica, Rios et al. (2008) relataram apenas 41 morcegos em 45.360 m2 h, de caatinga xérica da planície do médio rio São Francisco como área prioritária para
ou seja, 1.106 m2 h para capturar um novo indivíduo. Por outro lado, a densidade é a conservação da caatinga.
um pouco maior no enclave florestal da Serra do Bituri, onde 819 indivíduos foram
amostrados em um esforço amostral de 151.200 m2 h, ou seja, um esforço de 185
m2 h para capturar novos indivíduos (Silva, 2007).
Agradecimentos
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