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Legislação

Ambiental
1. Preservação Ambiental 4
Constituição Federal 6
Meio Ambiente 7
Significação Geral dos Enunciados 7
O Artigo 225 8

2. Política Nacional do Meio Ambiente 11


Lei Federal nº 6.938, de 31/08/81 11
Princípio do Poluidor 12
Sistema Nacional do Meio Ambiente 12
Instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiental 13
Controle Ambiental 13
Licenciamento Ambiental 13
Resolução CONAMA Nº 237
de 19 de Dezembro de 1997 14
Atividades e Empreendimentos
que Estão Sujeitos ao Licenciamento Ambiental 14
Tipos de Licença Ambiental - Abordagem Federal 18
Autorização Ambiental 18

3. Fiscalização Ambiental 20
Lei de Crimes Ambientais - Lei Federal N º 9.605/98 20
O SISNAMA e a Resolução do CONAMA 24

4. Referências Bibliográficas 31

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03
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

1. Preservação Ambiental

Fonte: Freepik1

O Brasil é um dos países mais


ricos do mundo em termos de
biodiversidade o que desperta o
vem prejudicando o meio ambiente
através da exploração irracional dos
seus recursos naturais em busca ex-
desejo de muitos cientistas e a clusivamente do lucro. Essas ativi-
ganância das pessoas de maneira dades catastróficas vêm degradan-
geral, pois todos nós sabemos a do o ambiente, e a partir das malé-
importância desses recursos (flora e ficas consequências que a natureza
fauna) para a sobrevivência, para vem apresentando, os governos
uma vida de qualidade, para o pro- mundiais passaram a preocupar
gresso da humanidade, mas tam- com meios legais de preservação
bém, para o aniquilamento da vida ambiental.
na Terra. Então foi necessário desenvol-
Há anos a atividade predatória ver um emaranhado de leis que
do homem, de forma gananciosa, buscasse assegurar o direito de

1 Retirado em: https://br.freepik.com/

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todos e a manutenção de um meio toleradas as emissões poluentes que


ambiente ecologicamente equilibra- atendessem a determinados parâ-
do, e consequentemente proteger as metros.
atuais e futuras gerações. Esse sistema, que pode ser
No Brasil, a Constituição chamado de “antigo”, era no seu
Federal de 1988, ao dedicar, todo todo bastante coerente:
um Capítulo ao Meio Ambiente,  Zoneamento industrial, para
impôs como obrigação da sociedade confinar as empresas mais po-
e do próprio Estado, a preservação e luentes em locais próprios pa-
defesa do meio ambiente. Mas, ra absorver volumes significa-
tivos de poluição;
desde a Lei Federal nº 6.938, de 31
 Licenciamento às indústrias,
de agosto de 1981, o licenciamento para dividi-las geograficamen-
ambiental é um dos mais importan- te em compasso com esse
tes instrumentos da Política Nacio- zoneamento industrial; e,
nal do Meio Ambiente – PNMA,  Parâmetros para as emissões
para o controle de atividades poten- poluentes, como forma de as-
cialmente poluidoras. É importante segurar que as zonas indus-
ressaltar que esse licenciamento é triais não esgotariam rápida-
mente sua capacidade de ab-
basicamente uma atividade a ser sorver e metabolizar tais emis-
exercida pelo Poder Público Esta- sões.
dual, segundo a legislação citada e
conforme a Resolução CONA-MA nº A edição da Lei nº 6.938, de 31
237, de 18 de dezembro de 1997. de agosto de 1981, conhecida como
Monteiro (2007) explica clara- Política Nacional do Meio Ambiente,
mente essa situação ao inferir que a introduziu uma diferença conceitual
legislação ambiental brasileira divi- que serviu como um divisor de
de-se em dois momentos bem dis- águas. Não há mais dano ambiental
tintos: antes e depois de 1981. a salvo da respectiva reparação; a
Até 1981 eram havidas como rigor, não há mais emissão poluente
“poluição”, para todos os efeitos, as tolerada.
emissões das indústrias que não A nova legislação baseia-se na
estivessem de acordo com os pa- ideia de que mesmo o resíduo
drões estabelecidos por leis e nor- poluente, tolerado pelos padrões
mas técnicas. Nessa época, sob o estabelecidos, poderá causar um
pressuposto de que toda a atividade dano ambiental e, portanto, sujeitar
produtiva causa um certo impacto o causador do dano ao pagamento
ao meio ambiente, eram plenamente de indenização. É o conceito da

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responsabilidade objetiva, ou do mas a ninguém individualmente,


risco da atividade, segundo o qual os nada mais adequado do que atribuir
danos não podem ser partilhados a proteção desse interesse, que se
com a comunidade. tem como “difuso”, a um órgão
A sutil diferença está em que afeito à tutela dos interesses pú-
uma empresa pode estar atendendo blicos. Com a Lei nº 7.347, de 24 de
aos limites máximos de poluição le- julho de 1985, estendeu-se essa
galmente impostos, e assim mesmo legitimidade também às entidades
vir a ser responsabilizada pelos ambientalistas (as Organizações
danos residuais causados. Para Não Governamentais “ONG”) e cri-
tanto, basta que se prove um nexo de ou-se uma ação própria para a
causa e efeito entre a atividade da defesa judicial do meio ambiente, a
empresa e um determinado dano ação civil pública.
ambiental.
Isso é, em essência, o que se Constituição Federal
chama de responsabilidade objetiva:
para que se constitua a obrigação de Estabelecidos os contornos do
reparar um dano ambiental, não é novo tratamento legal dado ao meio
absolutamente necessário que ele ambiente, a Constituição Federal
tenha sido produzido em decor- promulgada em outubro de 1988
rência de um ato ilegal (não aten- dedicou um capítulo inteiro à pro-
dimento aos limites normativos de teção ao meio ambiente (Capítulo VI
tolerância, concentração ou inten- - Do Meio Ambiente; Título VIII - Da
sidade de poluentes), até porque a Ordem Social), e no seu todo possui
responsabilidade objetiva dispensa 37 artigos relacionados ao Direito
a prova da culpa. É suficiente, em Ambiental e outros cinco atinentes
síntese, que a fonte produtiva tenha ao Direito Urbanístico.
produzido o dano, atendendo ou não O texto constitucional esta-
aos padrões previstos para as beleceu uma série de obrigações às
emissões poluentes. autoridades públicas, incluindo:
Complementando essa nova i. a preservação e recuperação das
ideia de tutela do meio ambiente, a espécies e dos ecossistemas;
mesma Lei nº 6.938/81 conferiu ao ii. a preservação da variedade e
Ministério Público (os Promotores) integridade do patrimônio genético,
legitimidade para atuar em defesa e a supervisão das entidades enga-
do meio ambiente. Como o meio am- jadas em pesquisa e manipulação
biente é algo que pertence a todos, genética;

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iii. a educação ambiental em todos impondo-se ao Poder Público e à


os níveis escolares e a orientação pú- coletividade o dever de defendê-lo e
blica quanto à necessidade de pre- preservá-lo para as presentes e
servar o meio ambiente; futuras gerações”.
iv. a definição das áreas territoriais a
serem especialmente protegidas; e, Significação Geral dos Enun-
v. a exigência de estudos de impacto ciados
ambiental para a instalação de qual-
quer atividade que possa causar sig- Poder Público - é a expressão ge-
nificativa degradação ao equilíbrio nérica que se refere a todas as
ecológico (MONTEIRO, 2007). entidades territoriais públicas.
Direito ao meio ambiente
Outro aspecto que mereceu ecologicamente equilibrado –
especial atenção do texto consti- pertence a todos, incluindo aí as ge-
tucional foi o da competência le- rações presentes e as futuras, sejam
gislativa da União, dos Estados e brasileiros ou estrangeiros.
Municípios, quanto à matéria ambi- Dever de defender o meio am-
ental. É concorrente a competência biente e preservá-lo – é impu-
entre a União e os Estados para tado ao Poder Público e à coleti-
legislar sobre a defesa do meio am- vidade.
biente, cabendo à União estabelecer Meio ambiente é bem de uso
normas gerais e aos Estados suple- comum do povo e essencial à
mentá-las. sadia qualidade de vida – é um
bem que não está na disponibilidade
Meio Ambiente particular de ninguém, nem de pes-
soa privada, nem de pessoa pública.
O Direito Ambiental encontra Processos ecológicos – são aque-
seu conteúdo normativo destacado les que asseguram as condições ne-
no Capítulo VI, da Constituição cessárias para uma adequada intera-
Federal de 1988, em seu único artigo ção biológica.
– art. 225 com seus Parágrafos e Prover o manejo ecológico das
incisos. espécies – significa lidar com as
Texto do “Caput”, do Art. 225: espécies de modo a conservá-las,
Art. 225: “Todos têm direito ao meio recuperá-las, quando for o caso.
ambiente ecologicamente equilibra- Prover o manejo dos ecossis-
do bem de uso comum do povo e temas – significa cuidar do equilí-
essencial à sadia qualidade de vida,

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brio das relações entre a comu- dedicadas à pesquisa e manipulação


nidade biótica e o seu habitat. de material genético;
Preservar a diversidade e a III - definir, em todas as unidades da
integridade do patrimônio ge- Federação, espaços territoriais e
nético – quer dizer preservar todas seus componentes a serem espe-
as espécies, através do fator carac- cialmente protegidos, sendo a alte-
terizante e diferenciador da imensa ração e a supressão permitidas so-
quantidade de espécies vivas do mente através de lei, vedada qual-
país. quer utilização que comprometa a
Definir espaços territoriais e integridade dos atributos que justi-
seus componentes – significa fiquem sua proteção;
estabelecer a delimitação da área IV - exigir, na forma da lei, para
ecologicamente relevante, onde o instalação de obra ou atividade po-
uso do patrimônio, ali inserido, tencialmente causadora de signifi-
ficará condicionado às disposições cativa degradação do meio ambien-
constantes de Lei. te, estudo prévio de impacto ambi-
Estudo Prévio de Impacto Am- ental, a que se dará publicidade;
biental – constitui um instrumento V - controlar a produção, a comer-
de prevenção de degradações irre- cialização e o emprego de técnicas,
mediáveis. métodos e substâncias que compor-
Promover a Educação Ambien- tem risco para a vida, a qualidade de
tal – significa, no futuro, o exercício vida e o meio ambiente;
de práticas consciente. VI - promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e a
O Artigo 225 conscientização pública para a pre-
servação do meio ambiente;
§ 1º - Para assegurar a efetividade VII - proteger a fauna e a flora,
desse direito, incumbe ao Poder vedadas, na forma da lei, as práticas
Público: que coloquem em risco sua função
I - preservar e restaurar os processos ecológica, provoquem a extinção de
ecológicos essenciais e prover o espécies ou submetam os animais a
manejo ecológico das espécies e crueldade.
ecossistemas; § 2º - Aquele que explorar recursos
II - preservar a diversidade e a minerais fica obrigado a recuperar o
integridade do patrimônio genético meio ambiente degradado, de acor-
do País e fiscalizar as entidades do com solução técnica exigida

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pelo órgão público competente, na Já a lei n. 11.105/05 regu-


forma da lei. lamenta os incisos II, IV e V do § 1º
§ 3º - As condutas e atividades do art. 225 da Constituição Federal,
consideradas lesivas ao meio am- estabelece normas de segurança
biente sujeitarão os infratores, pes- e mecanismos de fiscalização de
soas físicas ou jurídicas, a sanções atividades que envolvam organis-
penais e administrativas, indepen- mos geneticamente modificados –
dentemente da obrigação de reparar OGM e seus derivados, cria o
os danos causados. Conselho Nacional de Biossegu-
§ 4º - A Floresta Amazônica brasi- rança – CNBS, reestrutura a Comis-
leira, a Mata Atlântica, a Serra do são Técnica Nacional de Biossegu-
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e rança – CTNBio, dispõe sobre a
a Zona Costeira são patrimônio Política Nacional de Biossegurança
nacional, e sua utilização far-se-á, – PNB, revoga a Lei n. 8.974, de 5 de
na forma da lei, dentro de condições janeiro de 1995, e a Medida Provi-
que assegurem a preservação do sória n. 2.191-9, de 23 de agosto de
meio ambiente, inclusive quanto ao 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10
uso dos recursos naturais. e 16 da Lei n. 10.814, de 15 de
§ 5º - São indisponíveis as terras dezembro de 2003, e dá outras
devolutas ou arrecadadas pelos providências.
Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecos-
sistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com
reator nuclear deverão ter sua
localização definida em lei federal,
sem o que não poderão ser ins-
taladas.

A regulamentação dos pará-


grafos do artigo 225 do capítulo VI,
§ 1º, incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, se dá pela lei
n. 9985/00 a qual institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conser-
vação da Natureza e dá outras
providências.

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2. Política Nacional do Meio Ambiente

Fonte: Revista Época2

Lei Federal nº 6.938, de dignidade da vida humana (art. 2º,


31/08/81 da Lei Federal nº 6.938/81).
Visando um melhor entendi-

A Política Nacional do Meio Am-


biente tem por objetivo a pre-
servação, melhoria e recuperação da
mento segue algumas definições
(art. 3º, da Lei Federal nº 6.938/81):
Meio Ambiente - o conjunto de
qualidade ambiental propícia à vida, condições, leis, influências e intera-
visando assegurar, no País, con- ções de ordem física e biológica, que
dições ao desenvolvimento socioe- permite, abriga e rege a vida em
conômico, aos interesses da segu- todas as suas formas.
rança nacional e à proteção da

2 Retirado em: epoca.globo.com

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Degradação da Qualidade Am- dolo (intenção de causar o dano) ou


biental - a alteração adversa das culpa (negligência, imperícia ou
características do meio ambiente. imprudência).
Poluição - a degradação da quali- O poluidor é responsável pelos
dade ambiental resultante de ativi- danos causados ao Meio Ambiente e
dades que, direta ou indiretamente: a terceiros, devendo repará-los, uma
a. prejudiquem a saúde, a segu- vez que a atividade poluente acaba
rança e o bem-estar da população; sendo uma apropriação pelo po-
b. criem condições adversas às luidor dos direitos de outrem, pois,
atividades sociais e econômicas; na realidade, a emissão poluente
c. afetem desfavoravelmente a representa um confisco do direito de
biota; alguém em respirar ar puro, beber
d. afetem as condições estéticas água saudável e viver com tran-
ou sanitárias do meio ambiente; quilidade.
e. lancem matérias ou energia
em desacordo com os padrões Sistema Nacional do Meio
ambientais estabelecidos. Ambiente
Poluidor - a pessoa física ou
jurídica, de direito público ou pri- O art. 6º, da Lei de Política
vado, responsável, direta ou indire- Nacional do Meio Ambiente –
tamente, por atividade causadora de PNMA, determina quais os órgãos e
degradação ambiental. entidades que constituirão o Siste-
Recursos Ambientais - a atmos- ma Nacional do Meio Ambiente –
fera, as águas interiores, superficiais SISNAMA:
e subterrâneas, os estuários, o mar Art. 6º - Os órgãos e entidades da
territorial, o solo, o subsolo e os União, dos Estados, do Distrito Fe-
elementos da biosfera, a fauna e a deral, dos Territórios e dos Municí-
flora. pios, bem como as fundações insti-
tuídas pelo Poder Público, respon-
Princípio do Poluidor sáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental, constituirão o
A Política Nacional do Meio Sistema Nacional do Meio Ambiente
Ambiente consagra um Princípio – SISNAMA, assim estruturado:
muito importante quanto à respon- I - Órgão Superior: - O Conselho de
sabilidade do poluidor. Em questões Governo, com a função de asses-
ambientais ela é objetiva, isto é, sorar o Presidente da República na
independentemente da existência de formulação da política nacional e

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nas diretrizes governamentais para VI - Órgãos locais: os órgãos ou


o meio ambiente e os recursos entidades municipais, responsáveis
ambientais; pelo controle e fiscalização dessas
II – Órgão Consultivo e Deliberativo atividades, nas suas respectivas
– O Conselho Nacional do Meio jurisdições.
Ambiente - CONAMA, com a finali-
dade de assessorar, estudar e propor Instrumentos da Política Naci-
ao Conselho de Governo, diretrizes onal do Meio Ambiental
de políticas governamentais para o
meio ambiente e os recursos natu- De acordo com a Lei Federal
rais e deliberar, no âmbito de sua nº 6.938/81, os instrumentos da
competência, sobre normas e pa- Política Nacional do Meio Ambiente
drões compatíveis com o meio ambi- são (art.9º):
ente ecologicamente equilibrado e 1. O estudo de impacto ambien-
essencial à sadia qualidade de vida; tal, o que foi fortalecido pela CF/88,
III - Órgão Central: a Secretaria do que dispõe no § 1º art. 225, poder –
Meio Ambiente da Presidência da dever do Poder Público, exigi-lo;
República, com a finalidade de 2. O zoneamento ambiental; é o
planejar, coordenar, supervisionar e licenciamento e a revisão de ativi-
controlar, como órgão federal, a dades efetiva ou potencialmente po-
Política Nacional e as diretrizes luidoras.
governamentais fixadas para o meio
ambiente; Controle Ambiental
IV - Órgão Executor: O Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Licenciamento Ambiental
Recursos Naturais Renováveis, com
a finalidade de executar e fazer O art. 10, da Lei Federal nº
executar, como órgão federal, a 6.938/81, trata do licenciamento
política e diretrizes governamentais ambiental, definindo as atividades e
fixadas para o meio ambiente; os empreendimentos, que depen-
V - Órgãos Seccionais: são órgãos ou derão de prévio licenciamento.
entidades estaduais responsáveis Art. 10 - A construção, instalação,
pela execução de programas, proje- ampliação e funcionamento de esta-
tos e pelo controle e fiscalização de belecimentos e atividades utilizado-
atividades capazes de provocar a ras de recursos ambientais, consi-
degradação ambiental; derados efetiva e potencialmente
poluidores, bem como os capazes,

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sob qualquer forma, de causar localizar, instalar, ampliar e operar


degradação ambiental, dependerão empreendimentos ou atividades
de prévio licenciamento de órgão utilizadoras dos recursos ambientais
estadual competente, integrante do consideradas efetiva ou potencial-
Sistema Nacional do Meio Ambi- mente poluidoras ou aquelas que,
ente - SISNAMA, e do Instituto sob qualquer forma, possam causar
Brasileiro do Meio Ambiente e dos degradação ambiental.
Recursos Naturais Renováveis – Estudos Ambientais - são todos
IBAMA, em caráter supletivo, sem e quaisquer estudos relativos aos
prejuízo de outras licenças exigíveis. aspectos ambientais relacionados à
localização, instalação, operação e
Resolução CONAMA Nº 237, de ampliação de uma atividade ou em-
19 de Dezembro de 1997 preendimento, apresentado como
subsídio para a análise da licença
Definições do art. 1º, da Reso- requerida, tais como: relatório am-
lução CONAMA nº 237/97: biental, plano e projeto de con-
Licenciamento Ambiental – trole ambiental, relatório ambiental
procedimento administrativo pelo preliminar, diagnóstico ambiental,
qual o órgão ambiental competente plano de manejo, plano de recu-
licencia a localização, instalação, peração da área degradada e análise
ampliação e a operação de empre- preliminar de risco.
endimentos e atividades utilizadoras Impacto Ambiental Regional - é
de recursos ambientais conside- todo e qualquer impacto que afete
rados efetiva ou potencialmente diretamente (área de influência
poluidoras ou daquelas que, sob direta do projeto), no todo ou em
qualquer forma, possam causar parte, o território de dois ou mais
degradação ambiental, consideran- Estados.
do as disposições legais e regula-
mentares e as normas técnicas Atividades e Empreendimen-
aplicáveis ao caso. tos que Estão Sujeitos ao Li-
Licença Ambiental - ato adminis- cenciamento Ambiental
trativo pelo qual o órgão ambiental
competente, estabelece as condi- O § 1º, do art. 2º da Resolução
ções, restrições e medidas de CONAMA nº 237/97, trata das
controle ambiental que deverão ser atividades e empreendimentos que
obedecidas pelo empreendedor, estão sujeitos ao licenciamento
pessoa física ou jurídica, para ambiental, e que são:

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a. Extração e Tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;


Minerais: Pesquisa mineral com Fabricação de artefatos de ferro /
guia de utilização; Lavra a céu aço e de metais não ferrosos com ou
aberto, inclusive de aluvião, com ou sem tratamento de superfície, inclu-
sem beneficiamento; Lavra subter- sive galvanoplastia; Têmpera e ce-
rânea com ou sem beneficiamento; mentação de aço, recozimento de
Lavra garimpeira; Perfuração de po- arames, tratamento de superfície.
ços e produção de petróleo e gás d. Indústria Mecânica: Fabri-
natural; cação de máquinas, aparelhos, pe-
b. Indústria de Produtos ças, utensílios e acessórios com ou
Minerais não Metálicos: Benefi- sem tratamento térmico e/ou de
ciamento de minerais, não metá- superfície;
licos, não associados à extração; e. Indústria de Material Elé-
Fabricação e elaboração de produtos trico, Eletrônico e Comunica-
minerais não metálicos tais como: ções: Fabricação de pilhas, bate-
produção de material cerâmico, rias e outros acumuladores; Fabri-
cimento, gesso, amianto e vidro, cação de material elétrico, ele-
entre outros; trônico e equipamentos para te-
c. Indústria Metalúrgica: Fa- lecomunicação e informática; Fabri-
bricação de aço e de produtos cação de aparelhos elétricos e ele-
siderúrgicos; Produção de fundidos trodomésticos;
de ferro e aço/ forjados / arames / f. Indústria de Material de
relaminados com ou sem trata- Transporte: Fabricação e monta-
mento de superfície, inclusive galva- gem de veículos rodoviários e
noplastia; Metalurgia dos metais ferroviários, peças e acessórios; Fa-
não ferrosos, em formas primárias e bricação e montagem de aeronaves;
secundárias, inclusive ouro; Produ- Fabricação e reparo de embarcação
ção de laminados / ligas / artefatos e estruturas flutuantes.
de metais não ferrosos com ou sem g. Indústria de Madeira: Ser-
tratamento de superfície, inclusive raria e desdobramento de madeira;
galvanoplastia; Relaminação de me- Preservação de madeira; Fabricação
tais não ferrosos, inclusive ligas; de chapas, placas de madeira aglo-
Produção de soldas e anodos; Meta- merada, prensada e compensada;
lurgia de metais preciosos; Meta- Fabricação de estruturas de madeira
lurgia do pó, inclusive peças mol- e de móveis;
dadas; Fabricação de estruturas h. Indústria de Papel e Celu-
metálicas com ou sem tratamento de lose: Fabricação de celulose e pasta

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mecânica; Fabricação de papel e artigos pirotécnicos; Recuperação e


papelão; Fabricação de artefatos de refino de solventes, óleos minerais,
papel, papelão, cartolina, cartão e vegetais e animais; Fabricação de
fibra prensada. concentrados aromáticos naturais,
i. Indústria de Borracha: artificiais e sintéticos; Fabricação
Beneficiamento de borracha natu- de preparados para limpeza e
ral; Fabricação de câmara de ar polimento, desinfetantes, insetici-
e fabricação e recondicionamento das, germicidas e fungicidas; Fabri-
de pneumáticos; Fabricação de cação de tintas, esmaltes, lacas,
laminados e fios de borracha; vernizes, impermeabilizantes, sol-
Fabricação de espuma de borracha e ventes e secantes; Fabricação de
de artefatos de espuma de borracha, fertilizantes e agroquímicos; Fabri-
inclusive látex. cação de produtos farmacêuticos e
j. Indústria de Couros e veterinários; Fabricação de sabões,
Peles: Secagem a salga de couros e detergentes e velas; Fabricação de
peles; Curtimento e outras perfumarias e cosméticos; Produção
preparações de couros e peles; de álcool etílico, metanol e similares.
Fabricação de artefatos diversos de Indústria de Produtos de Matéria
couros e peles; Fabricação de cola Plástica Fabricação de laminados
animal. plásticos; Fabricação de artefatos de
l. Indústria Química: Produ- material plástico.
ção de substâncias e fabricação de m. Indústria Têxtil, de Ves-
produtos químicos; Fabricação de tuários, Calçados e Artefatos
produtos derivados do processa- de Tecidos: Beneficiamento de
mento de petróleo, de rochas betu- fibras têxteis, vegetais, de origem
minosas e da madeira; Fabricação animal e sintéticos; Fabricação e
de combustíveis não derivados de acabamento de fios e tecidos; Tin-
petróleo; Produção de óleos / gor- gimento, estamparia e outros acaba-
duras / ceras vegetais e animais / mentos em peças do vestuário e
óleos essenciais vegetais e outros artigo diversos de tecidos; Fabrica-
produtos da destilação da madeira; ção de calçados e componentes para
Fabricação de resinas e de fibras e calçados.
fios artificiais e sintéticos e de n. Indústria de Produtos
borracha e látex sintéticos; Fabri- Alimentares e Bebidas: Benefici-
cação de pólvora / explosivos / amento, moagem, torrefação e fabri-
detonantes / munição para caça- cação de produtos alimentares; Ma-
desporto, fósforo de segurança e tadouros, abatedouros, frigoríficos,

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charqueadas e derivados de origem r. Serviços de Utilidades:


animal; Fabricação de conservas; Produção de energia termoelétrica;
Preparação de pescados e fabricação Transmissão de energia elétrica;
de conservas de pescado; Prepa- Estações de tratamento de água; In-
ração, beneficiamento e indústria- terceptores, emissários, estação
lização de leite e derivados; Fabrica- elevatória e tratamento de esgoto
ção e refinação do açúcar; Refino / sanitário; Tratamento e destinação
preparação de óleo e gorduras vege- de resíduos industriais (líquidos e
tais; Produção de manteiga, cacau, sólidos); Tratamento / disposição de
gorduras de origem animal para resíduos especiais tais como: de
alimentação; Fabricação de fermen- agroquímicos e suas embalagens
tos e leveduras; Fabricação de ra- usadas e de serviço de saúde, entre
ções balanceadas e de alimentos outros; Tratamento e destinação de
preparados para animais; Fabrica- resíduos sólidos urbanos, inclusive
ção de vinhos e vinagre; Fabricação aqueles provenientes de fossas; Dra-
de cervejas, chopes e maltes; Fabri- gagem e derrocamentos em corpos
cação de bebidas não alcoólicas, d’água; Recuperação de áreas
bem como engarrafamento e gasei- contaminadas ou degradadas.
ficação de águas minerais; Fabri- s. Transporte, Terminais e
cação de bebidas alcoólicas. Depósitos: Transporte de cargas
o. Indústria de Fumo: Fabri- perigosas; Transporte por dutos;
cação de cigarros / charutos / ci- Marinas, portos e aeroportos; Ter-
garrilhas e outras atividades de be- minais de minérios, petróleo e deri-
neficiamento do fumo. vados e produtos químicos; Depó-
p. Indústrias Diversas: Usi- sitos de produtos químicos e pro-
nas de produção de concreto; Usinas dutos perigosos.
de asfalto; Serviços de galva- t. Turismo: Complexos turís-
noplastia. ticos e de lazer, inclusive parques
q. Obras Civis: Rodovias, ferro- temáticos e autódromos.
vias, hidrovias, metropolitanos; Bar- u. Atividades Diversas: Par-
ragens e diques; Canais para dre- celamento do solo; Distrito e polo
nagem; Retificação de curso de industrial.
água; Abertura de barras, embo- v. Atividades Agropecuári-
caduras e canais; Transposição de as: Projeto agrícola; Criação de
bacias hidrográficas; Outras obras animais; Projetos de assentamentos
de arte. e de colonização.

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x. Uso de Recursos Naturais: Autorização Ambiental


Silvicultura; Exploração econômica
da madeira ou lenha e subprodutos Autorização é o instrumento
florestais; Atividade de manejo de que libera, por tempo definido, a
fauna exótica e criadouro de fauna execução de ações que possam acar-
silvestre; Utilização do patrimônio retar alterações ao meio ambiente.
genético natural; Manejo de recur- (Art. 26, do Dec. Estadual nº 20.
sos aquáticos vivos; Introdução de 586/98).
espécies exóticas e/ou genetica- Atividades autorizáveis (Art.
mente modificadas; Uso da diver- 6º, da Lei Estadual nº 11.516/97).
sidade biológica pela biotecnologia.  Drenagem de águas pluviais;
Terraplanagem;
Tipos de Licença Ambiental -  Aterro controlado;
Abordagem Federal  Readequação e/ou modifica-
ção de sistemas de controle
De acordo com o art. 19, do ambiental;
 Dragagem;
Dec. Federal nº 99.274/90, segue as
 Transportes de produtos peri-
licenças: gosos.
I - Licença Prévia (LP) – na fase
preliminar do planejamento de ati-
vidade, contendo requisitos básicos
a serem atendidos nas fases de
localização, instalação e operação,
observados os planos municipais,
estaduais ou federais de uso do solo.
II - Licença de Instalação (LI) –
autorizando o início da implantação,
de acordo com as especificações
constantes do Projeto Executivo
aprovado;
III. - Licença de Operação (LO) -
autorizando, após as verificações
necessárias, o início da atividade
licenciada e o funcionamento de
seus equipamentos de controle de
poluição, de acordo com o previsto
nas Licenças Prévia e de Instalação.

18
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

3. Fiscalização Ambiental

Fonte: Correio da Amazônia3

A uto de intimação - instrumento


de fiscalização a ser lavrado
pelos agentes fiscais nos seguintes
ambiental for evidente, dispensan-
do-se maiores investigações de na-
tureza técnica. (Art. 15, inc. II, da Lei
casos: (art. 15, inc. I, da Lei Estadual Estadual nº 11.516/97).
nº 11.516/97) Auto de infração - instrumento
 Para fixar prazos visando cor- a ser lavrado nos casos em que se faz
reção ou prevenção de irregu- necessária a aplicação de penalida-
laridades que possam deter- des. (art. 15, inc. III, da Lei Estadu-
minar degradação ou poluição al nº 11.516/97).
ambiental;
 Por falta de licenciamento am-
biental; Lei de Crimes Ambientais -
Lei Federal N º 9.605/98
Auto de constatação - instru-
mento de fiscalização a ser lavrado A falta de autorização ou licen-
pelos agentes fiscais nos casos em ça dos órgãos ambientais competen-
que a degradação ou poluição tes, para construir, reformar, am-

3 Retirado em: https://correiodaamazonia.com/

20
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

pliar, instalar ou fazer funcionar, em O objetivo da lei é a respon-


qualquer parte do Território Na- sabilização criminal do poluidor ou
cional, estabelecimentos, obras ou do degradador do meio ambiente,
serviços, potencialmente poluidores sem qualquer pretensão de derrogar
constitui crime ambiental. a Lei nº 6.938/81, que regula as
Art. 60 – Construir, reformar, reparações civis decorrentes de atos
ampliar, instalar ou fazer funcionar, danosos ao meio ambiente.
em qualquer parte do Território O artigo 2º da lei deixa claro
Nacional, estabelecimentos, obras que a responsabilização criminal se
ou serviços potencialmente polui- dará segundo o grau de culpa do
dores, sem licença ou autorização agente, descartada, portanto, a ideia
dos órgãos ambientais competentes, de responsabilidade objetiva tam-
ou contrariando as normas legais e bém para efeitos criminais. Esse
regulamentares pertinentes: mesmo artigo inclui entre os im-
Pena – detenção, de um a seis putáveis criminalmente não só o
meses, ou multa, ou ambas as penas responsável direto pelo dano, como
cumulativamente. também outros agentes que, saben-
O objetivo maior do referido do da conduta criminosa, se omiti-
artigo é fazer com que os estabe- ram ao impedir a sua prática mesmo
lecimentos, obras e serviços funcio- estando ao seu alcance evitá-la.
nem com licença e/ou autorização Entre tais agentes corresponsa-
válida. bilizados pela lei se incluem o
A Lei nº 9.605, sancionada diretor, o administrador, o membro
com alguns vetos pelo Presidente da de conselho e de órgão técnico, o
República em 12.2.1998, estabelece auditor, o gerente, o preposto ou
as sanções criminais aplicáveis às mandatário de pessoa jurídica.
atividades lesivas ao meio ambiente. Nos termos literais desse pre-
Com esse objetivo básico, a Lei nº ceito, assessores técnicos, auditores
9.605/98 pretende substituir todas e advogados de empresas poderão
as sanções criminais dispostas de vir a responder criminalmente pelos
forma esparsa em vários textos le- danos ambientais produzidos com o
gais voltados à proteção ambiental, seu conhecimento, provado que
tais como o Código Florestal, o poderiam de alguma forma evitá-los
Código de Caça, o Código de Pesca, a e não o fizeram.
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 O artigo 3º consagra a res-
(art. 15) etc. ponsabilização criminal da pessoa
jurídica, sem excluir a possível

21
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

penalização das pessoas físicas que direitos será suficiente para servir
possam ser havidas como autoras ou de reprovação e de prevenção ao
coautoras do mesmo fato danoso ao crime. As penas restritivas de direi-
meio ambiente. O artigo 4º positiva tos são a prestação de serviços à
outro conceito já cogitado em comunidade; interdição temporária
termos de responsabilidade civil por de direitos; suspensão parcial ou
danos causados ao meio ambiente, total de atividades; prestação pecu-
que é o da desconsideração da per- niária e recolhimento domiciliar.
sonalidade jurídica. Esse princípio As sanções aplicáveis especifi-
visa tornar sem efeito qualquer camente às pessoas jurídicas, segun-
artifício societário que se idealize do o artigo 21, são a multa; as
para criar obstáculos formais ao restritivas de direitos; e prestação de
pleno ressarcimento dos danos. A serviços à comunidade.
transferência de ativos a pessoa Para as pessoas jurídicas as
jurídica que sabidamente não possui penas restritivas de direitos consis-
condições de ressarcir os danos tem em suspensão parcial ou total de
ambientais causados por esses atividades; interdição temporária de
ativos é um desses artifícios visados estabelecimento, obra ou atividade;
pela lei. e proibição de contratar com o Poder
A lei comina às pessoas físicas Público, bem como dele obter subsí-
penas privativas de liberdade – dios, subvenções ou doações.
prisão ou reclusão – bem como Está expressamente previsto, e
penas restritivas de direitos, per- isto será de capital importância para
mitindo expressamente que estas a defesa das pessoas jurídicas, que a
últimas substituam as primeiras suspensão de atividades será apli-
desde que atendidos os pressu- cada quando não estiverem obede-
postos estabelecidos pelo artigo 7º. cendo as disposições legais ou regu-
O primeiro pressuposto é o de lamentares relativas à proteção do
que se trate de crime culposo ou cuja meio ambiente, ao passo que a pena
pena privativa de liberdade seja de interdição será aplicada quando o
inferior a quatro anos. O segundo estabelecimento, obra ou atividade
pressuposto, que ficará a critério do estiver funcionando sem a devida
Juiz, diz respeito a condições subje- autorização – leia-se sem as licenças
tivas do agente e a características do prévia, de instalação e de operação
ato danoso, que venham a indicar preconizadas pela legislação ambi-
que a substituição da pena privativa ental – ou em desacordo com as
de liberdade pela restritiva de licenças obtidas ou, ainda, em

22
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

violação à disposição legal ou regu- laridades, é extinta a punibilidade


lamentar. pelo crime cometido (artigo 89, da
A ação penal, diz o artigo 26, é Lei nº 9.099/95). Ainda, a pena
pública incondicionada, o que signi- imposta ao infrator poderá ser
fica dizer que sua instauração inde- suspensa nos casos em que a pena
pende da iniciativa do ofendido. A privativa de liberdade não for
nova lei manteve, com algumas superior a três anos (artigo 16, da Lei
alterações, a sistemática prevista nº9.605/98).
pela Lei dos Juizados Especiais (Lei A nova lei consolida as sanções
nº 9.099, de 26.9.1995), que per- criminais previstas no Código de
mite a transação penal desde que Caça, no Código de Pesca e no Có-
obedecidas determinadas condi- digo Florestal (Seção I e Seção II). A
ções. seguir, o texto legal abrange as vá-
Nos crimes havidos como de rias formas de degradação ambien-
menor potencial ofensivo proces- tal causadas por poluição, incluindo
sados pela Justiça Estadual, cuja ainda os danos causados pelas
máxima pena privativa de liberdade atividades mineradoras (Seção III).
prevista seja de até um ano (artigo Não escapam do alcance da lei
61, da Lei nº 9.099/95), e nos crimes irregularidades meramente admi-
que tramitam na Justiça Federal nistrativas (ausência de licencia-
cuja pena máxima seja de até dois mento ambiental, por exemplo) e
anos (artigo 2º, parágrafo único da problemas crônicos concernentes à
Lei nº 10.259, de 12.7.2001), é ocupação do solo urbano (áreas de
possível celebrar uma transação mananciais). A lei também prevê a
penal com o Ministério Público, aplicação de multas, entre o mínimo
mediante a imediata aplicação de de R$ 50,00 e máximo de R$ 50
pena restritiva de direitos, desde que milhões.
haja prévia composição dos danos O Decreto nº 3.179 de
causados ao meio ambiente (artigo 21.9.1999 regulamentou a Lei nº
27 da Lei nº 9.605/98). 9.605 de 12.2.1998 e atualizou o rol
Nos crimes cuja pena mínima de sanções administrativas aplicável
prevista seja igual ou inferior a um às condutas e atividades lesivas ao
ano, é possível a suspensão condi- meio ambiente.
cional do processo criminal por dois Nos termos do artigo 2º do
a quatro anos e, caso nesse período Decreto, as empresas infratoras po-
o dano seja reparado e o agente não dem ser punidas com as penalidades
venha a cometer outras irregu-

23
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

de advertência; multa simples ou causado ao meio ambiente e à


diária, que podem variar entre R$ responsabilização criminal do in-
50,00 e R$ 50 milhões; apreensão, frator, nos termos das Leis n°s
destruição, inutilização ou suspen- 6.938/81 e 9.605/98.
são da venda dos produtos utilizados Com a peculiaridade de que as
na infração; embargo, suspensão ou infrações administrativas e a res-
demolição da obra ou atividade ponsabilização criminal regem-se
irregular; reparação do dano e pela responsabilidade subjetiva, que
restritivas de direito. depende da demonstração de culpa
As penas restritivas de direito ou dolo por parte do infrator, en-
previstas são a suspensão ou o quanto o dever de reparar dispensa
cancelamento do registro, licença, a prova de culpa e depende exclusi-
permissão ou autorização da em- vamente do estabelecimento de um
presa irregular; perda, restrição ou nexo causal entre a ação ou omissão
suspensão de incentivos e benefícios do infrator e o dano causado (strict
fiscais e de linhas de financiamento liability) (MONTEIRO, 2007).
em estabelecimentos oficiais de
crédito; e proibição de contratar O SISNAMA e a Resolução
com a Administração Pública pelo do CONAMA
período de até três anos.
Muito embora o Decreto in- Há todo um sistema de órgãos
clua a reparação aos danos causados federais destinado a atribuir eficácia
como sanção administrativa, na ver- à legislação ambiental. O Sistema
dade esse item não possui o caráter Nacional do Meio Ambiente (SIS-
de penalidade administrativa a ser NAMA) compreende o Conselho
aplicada pelos órgãos de fiscalização Nacional do Meio Ambiente (CO-
federal, estaduais ou municipais, NAMA, órgão normativo, consultivo
tais como as demais penalidades e deliberativo); o Ministério do Meio
previstas no Decreto. A obrigação de Ambiente (órgão central com atri-
reparar constitui, em realidade, buições de coordenação, supervisão
decorrência da responsabilização e controle da Política Nacional de
civil prevista na Lei nº 6.938/81. Meio Ambiente); e o Instituto Brasi-
As sanções administrativas leiro de Meio Ambiente e dos Recur-
previstas no Decreto nº 3.179/99, sos Naturais Renováveis (IBAMA, o
portanto, podem ser complemen- órgão executivo).
tadas pela ação do Ministério Completam o SISNAMA, ain-
Público visando à reparação do dano da, outros órgãos da administração

24
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

federal, fundações públicas voltadas 3 - de 100 (cem) metros para os


à proteção do meio ambiente, e cursos d'água que tenham de 50
entidades dos poderes executivos (cinquenta) a 200 (duzentos) me-
estaduais e municipais (Secretarias tros de largura; (Redação dada pela
Estaduais e Municipais do Meio Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
Ambiente; Agências Ambientais - 4 - de 200 (duzentos) metros para os
CETESB/FEEMA/COPAM/IAP/CR cursos d'água que tenham de 200
A e outras), em suas respectivas (duzentos) a 600 (seiscentos) me-
jurisdições (MONTEIRO, 2007). tros de largura; (Número acrescen-
A Resolução CONAMA nº tado pela Lei nº 7.511, de 7.7.1986 e
303/02, veio estabelecer os parâ- alterado pela Lei nº 7.803 de
metros, definições e limites refe- 18.7.1989)
rentes às áreas de preservação per- 5 - de 500 (quinhentos) metros para
manente. os cursos d'água que tenham largura
O art. 2º, da Lei Federal nº superior a 600 (seiscentos) metros;
4.771, de 15 de setembro de 1965. (Número acrescentado pela Lei nº
Define que: 7.511, de 7.7.1986 e alterado pela Lei
Art. 2° - Consideram-se de preser- nº 7.803 de 18.7.1989)
vação permanente, pelo só efeito
desta Lei, as florestas e demais for- b. ao redor das lagoas, lagos ou
mas de vegetação natural: reservatórios d'água naturais ou
a. situadas ao longo dos rios ou artificiais;
de qualquer curso d'água desde o c. nas nascentes, ainda que
seu nível mais alto em faixa mar- intermitentes e nos chamados
ginal cuja largura mínima será: “olhos d'água”, qualquer que seja a
(Redação dada pela Lei nº 7.803 de sua situação topográfica, num raio
18.7.1989). mínimo de 50 (cinquenta) metros de
1 - de 30 (trinta) metros para os largura; (Redação dada pela Lei nº
cursos d'água de menos de 10 (dez) 7.803 de 18.7.1989.)
metros de largura; (Redação dada d. no topo de morros, montes,
pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) montanhas e serras;
2 - de 50 (cinquenta) metros para os e. nas encostas ou partes destas,
cursos d'água que tenham de 10 com declividade superior a 45°,
(dez) a 50 (cinquenta) metros de equivalente a 100% na linha de
largura; (Redação dada pela Lei nº maior declive;
7.803 de 18.7.1989)

25
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

f. nas restingas, como fixadoras 2 - Lei dos Agrotóxicos - número


de dunas ou estabilizadoras de 7.802 de 10/07/1989. A lei regula-
mangues; menta desde a pesquisa e fabricação
g. nas bordas dos tabuleiros ou dos agrotóxicos até sua comercia-
chapadas, a partir da linha de rup- lização, aplicação, controle, fiscali-
tura do relevo, em faixa nunca in- zação e também o destino da em-
ferior a 100 (cem) metros em pro- balagem. Exigências impostas:
jeções horizontais; (Redação dada  obrigatoriedade do receituário
pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) agronômico para venda de
h. em altitude superior a 1.800 agrotóxicos ao consumidor.
(mil e oitocentos) metros, qualquer  registro de produtos nos
Ministérios da Agricultura e
que seja a vegetação. (Redação dada
da Saúde.
pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
 registro no Instituto Brasileiro
Parágrafo único. No caso de áreas do Meio Ambiente e dos
urbanas, assim entendidas as com- Recursos Naturais Renováveis
preendidas nos perímetros urbanos - IBAMA
definidos por lei municipal, e nas  o descumprimento desta lei
regiões metropolitanas e aglome- pode acarretar multas e
rações urbanas, em todo o território reclusão.
abrangido, observar-se- á o disposto
3 - Lei da Área de Proteção
nos respectivos planos diretores e
Ambiental - número 6.902 de
leis de uso do solo, respeitados os
27/04/1981. Lei que criou as “Esta-
princípios e limites a que se refere
ções Ecológicas “, áreas represen-
este artigo. (Parágrafo acrescentado
tativas de ecossistemas brasileiros,
pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
sendo que 90 % delas devem perma-
necer intocadas e 10 % podem sofrer
As 17 leis ambientais mais
alterações para fins científicos. Fo-
importantes para garantir a preser-
ram criadas também as “Áreas de
vação do grande patrimônio ambi-
Proteção Ambiental” ou APAS, áreas
ental do país são:
que podem conter propriedades
1 - Lei da Ação Civil Pública –
privadas e onde o poder público
número 7.347 de 24/07/1985. Lei de
limita as atividades econômicas para
interesses difusos, trata da ação civil
fins de proteção ambiental.
pública de responsabilidades por
4 - Lei das Atividades Nucle-
danos causados ao meio ambiente,
ares - número 6.453 de 17/10/1977.
ao consumidor e ao patrimônio
Dispõe sobre a responsabilidade
artístico, turístico ou paisagístico.
civil por danos nucleares e a respon-

26
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

sabilidade criminal por atos rela- Esta lei estabelece normas para
cionados com as atividades nucle- aplicação da engenharia genética,
ares. Determina que se houver um desde o cultivo, manipulação e
acidente nuclear, a instituição auto- transporte de organismos modifi-
rizada a operar a instalação tem a cados (OGM), até sua comercializa-
responsabilidade civil pelo dano, ção, consumo e liberação no meio
independentemente da existência de ambiente. A autorização e fiscaliza-
culpa. Em caso de acidente nuclear ção do funcionamento das ativida-
não relacionado a qualquer opera- des na área e da entrada de qualquer
dor, os danos serão assumidos pela produto geneticamente modificado
União. Esta lei classifica como crime no país, é de responsabilidade dos
produzir, processar, fornecer, usar, Ministérios do Meio Ambiente, da
importar ou exportar material sem Saúde e da Agricultura. Toda enti-
autorização legal, extrair e comerci- dade que usar técnicas de enge-
alizar ilegalmente minério nuclear, nharia genética é obrigada a criar
transmitir informações sigilosas sua Comissão Interna de Biosse-
neste setor, ou deixar de seguir gurança, que deverá, entre outros,
normas de segurança relativas à informar trabalhadores e a comu-
instalação nuclear. nidade sobre questões relacionadas
5 - Lei de Crimes Ambientais - à saúde e segurança nesta atividade.
número 9.605 de 12/02/1998. Re- 7 – Lei da Exploração Mineral –
ordena a legislação ambiental brasi- número 7.805 de 18/07/1989. Esta
leira no que se refere às infrações e lei regulamenta as atividades garim-
punições. A pessoa jurídica, autora peiras. Para estas atividades é obri-
ou coautora da infração ambiental, gatória a licença ambiental prévia,
pode ser penalizada, chegando à que deve ser concedida pelo órgão
liquidação da empresa, se ela tiver ambiental competente. Os trabalhos
sido criada ou usada para facilitar ou de pesquisa ou lavra, que causarem
ocultar um crime ambiental. A puni- danos ao meio ambiente são passí-
ção pode ser extinta caso se com- veis de suspensão, sendo o titular da
prove a recuperação do dano ambi- autorização de exploração dos miné-
ental. As multas variam de R$ 50,00 rios responsável pelos danos ambi-
a R$ 50 milhões de reais. Para saber entais. A atividade garimpeira exe-
mais: www.ibama.gov.br. cutada sem permissão ou licen-
6 – Lei da Engenharia Genética ciamento é crime. Para saber mais:
– número 8.974 de 05/01/1995. www.dnpm.gov.br.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

8 – Lei da Fauna Silvestre – espaço geográfico da interação do


número 5.197 de 03/01/1967. A lei ar, do mar e da terra, incluindo os
classifica como crime o uso, recursos naturais e abrangendo uma
perseguição, apanha de animais sil- faixa marítima e outra terrestre.
vestres, caça profissional, comércio Permite aos estados e municípios
de espécies da fauna silvestre e costeiros instituírem seus próprios
produtos derivados de sua caça, planos de gerenciamento costeiro,
além de proibir a introdução de desde que prevaleçam as normas
espécie exótica (importada) e a caça mais restritivas. Este gerenciamento
amadorística sem autorização do costeiro deve obedecer às normas do
IBAMA. Criminaliza também a Conselho Nacional do Meio
exportação de peles e couros de Ambiente (CONAMA).
anfíbios e répteis em bruto. Para 11 – Lei da criação do IBAMA –
saber mais: www.ibama.gov.br. número 7.735 de 22/02/1989. Criou
9 – Lei das Florestas – número o IBAMA, incorporando a Secretaria
4.771 de 15/09/1965. Determina a Especial do Meio Ambiente e as
proteção de florestas nativas e agências federais na área de pesca,
define como áreas de preservação desenvolvimento florestal e borra-
permanente (onde a conservação da cha. Ao IBAMA compete executar a
vegetação é obrigatória) uma faixa política nacional do meio ambiente,
de 30 a 500 metros nas margens dos atuando para conservar, fiscalizar,
rios, de lagos e de reservatórios, controlar e fomentar o uso racional
além de topos de morro, encostas dos recursos naturais.
com declividade superior a 45 graus 12 – Lei do Parcelamento do
e locais acima de 1.800 metros de Solo Urbano – número 6.766 de
altitude. Também exige que proprie- 19/12/1979. Estabelece as regras
dades rurais da região Sudeste do para loteamentos urbanos, proibi-
país preservem 20 % da cobertura dos em áreas de preservação eco-
arbórea, devendo tal reserva ser lógicas, naquelas onde a poluição
averbada em cartório de registro de representa perigo à saúde e em
imóveis. terrenos alagadiços.
10 – Lei do Gerenciamento 13 – Lei Patrimônio Cultural -
Costeiro – número 7.661 de decreto-lei número 25 de
16/05/1988. Define as diretrizes 30/11/1937. Lei que organiza a
para criar o Plano Nacional de Proteção do Patrimônio Histórico e
Gerenciamento Costeiro, ou seja, Artístico Nacional, incluindo como
define o que é zona costeira como patrimônio nacional os bens de

28
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

valor etnográfico, arqueológico, os lei criou a obrigatoriedade dos


monumentos naturais, além dos estudos e respectivos relatórios de
sítios e paisagens de valor notável Impacto Ambiental (EIA-RIMA).
pela natureza ou a partir de uma 16 – Lei de Recursos Hídricos –
intervenção humana. A partir do número 9.433 de 08/01/1997. Ins-
tombamento de um destes bens, titui a Política Nacional de Recursos
ficam proibidas sua demolição, Hídricos e cria o Sistema Nacional
destruição ou mutilação sem prévia de Recursos Hídricos. Define a água
autorização do Serviço de Patri- como recurso natural limitado, do-
mônio Histórico e Artístico tado de valor econômico, que pode
Nacional, SPHAN. ter usos múltiplos (consumo huma-
14 – Lei da Política Agrícola - no, produção de energia, transporte,
número 8.171 de 17/01/1991. Coloca lançamento de esgotos). A lei prevê
a proteção do meio ambiente entre também a criação do Sistema
seus objetivos e como um de seus Nacional de Informação sobre Re-
instrumentos. Define que o poder cursos Hídricos para a coleta, trata-
público deve disciplinar e fiscalizar o mento, armazenamento e recupe-
uso racional do solo, da água, da ração de informações sobre recursos
fauna e da flora; realizar zonea- hídricos e fatores intervenientes em
mentos agroecológicos para ordenar sua gestão.
a ocupação de diversas atividades 17 – Lei do Zoneamento
produtivas, desenvolver programas Industrial nas Áreas Críticas de
de educação ambiental, fomentar a Poluição – número 6.803 de
produção de mudas de espécies 02/07/1980. Atribui aos estados e
nativas, entre outros. municípios o poder de estabelecer
15 – Lei da Política Nacional do limites e padrões ambientais para a
Meio Ambiente – número 6.938 instalação e licenciamento das in-
de 17/01/1981. É a lei ambiental dustrias, exigindo o Estudo de
mais importante e define que o Impacto Ambiental.
poluidor é obrigado a indenizar
danos ambientais que causar, inde-
pendentemente da culpa. O Minis-
tério Público pode propor ações de
responsabilidade civil por danos ao
meio ambiente, impondo ao polui-
dor a obrigação de recuperar e/ou
indenizar prejuízos causados. Esta

29
30
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

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