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Coleção Resumos

Direito Ambiental

Janaina Mascarenhas

2023
Sumá rio
DIREITO AMBIENTAL - INTRODUÇÃO.....................................................................3
MEIO AMBIENTE...........................................................................................................5
PRINCIPIOS E OBJETIVOS DA PNMA......................................................................10
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS..........................................................................16
LEI 6.938/81 POLITICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE...................................20
POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (Lei nº 9.433/1997).................27
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL......................................29
RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL..............................................................36
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (L. 9985/00)............40
CÓDIGO FLORESTAL (Lei 12.651/12)........................................................................44
FLORESTAS PÚBLICAS (Lei 11.284/2006)................................................................48
LEI DE BIODIVERSIDADE (L. 13.123/2015)..............................................................50
CRIMES AMBIENTAIS (L. 9605/98)...........................................................................53
DIREITO AMBIENTAL - INTRODUÇÃO
Evolução histórica

Estado liberal (sec Estado Constitucional


Estado Social (sec xx)
xviii) Ecológico (sec xxi)

No Estado Liberal
Rule of law, juiz como mera mera boca da lei, a atividade jurídica era subsuntiva. O
Estado liberal tinha postura passiva, de abstenção para garantir os direitos de
liberdade. Após a Segunda Guerra Mundial ficou evidenciado que o positivismo era
insuficiente para a proteção dos direitos fundamentais, sendo necessária uma postura
mais ativa do Estado.
Estado Social.
Postura mais ativa do executivo e dos juízes na tutela dos direitos. A crise de 1929
dos EUA também foi paradigma para o crescimento do Estado Social. A primazia deixa
de ser do Legislativo e passa a ser do Executivo.
Por fim, no séc XXI tem-se o Estado Constitucional Ecológico que busca otimizar a
relação entre desenvolvimento e meio ambiente (desenvolvimento sustentável). Não
basta tutelar direitos fundamentais mas também garantir condições de vida digna.
Essa é a ideia do socioambientalismo, ou seja, proteger o meio-ambiente para garantir
a vida digna do homem, corrente que se opõe ao preservacionismo, referente à
preservação do ambiente como fim em si mesmo, sem utilidade ao homem.
Três fases do direito ambiental
a) Individualista – Propriedade individual absoluta, não há preocupação com meio
ambiente.
b) Fragmentária – proteção pela utilidade econômica, época do Código de Aguas,
de Minas e Florestal (1965).
c) Holística – não há preocupação unicamente com valor econômico, mas uma
proteção sistemática, visando garantir condições dignas de vida dessa e das
próximas gerações.
Classificação dos juízes de Garapon:
a) Juízes boca da lei/ oráculos Diálogo da economia com direito ambiental
b) Juiz descentralizado, trabalhador social, que tem Dumping social -praticas desumanas no MA
que atingir metas. do trabalho; debate entre nacionalistas x
c) Justiça participativa (sociedade aberta de globalistas;
interpretes - Haberle) trabalha outras formas de Diálogo com direito tributário
resolução de conflitos como conciliação.
ICMS ecológico, isenção de ITR para
Relação com outros ramos Reserva Particular do Patrimônio Natural,
sanções premiais (atuação do estado sobe
a economia por meio de indução), aumento
de tributos nos produtos que trazem danos
ao ambiente.
Com a economia – Preservacionismo x Socioambientalismo. Preservação do ambiente
como um estorvo era a visão clássica, superada pela ideia de preservação do ambiente
para garantir a vida digna do homem e a sustentabilidade da economia para essa e
futuras gerações.
Com a política – Globalistas (ex: Macron, França) x Nacionalistas (ex: Trump, EUA)
Os nacionalistas rechaçam o grande intervencionismo na economia, enquanto os
globalistas entendem que todos os Estados devem agir criando normas para proteger o
ambiente.

Por absorção

Atuação no domínio
econômico

Por participação

Por direção - normas de


autorização/proibição
Atuação sobre o
domínio econômico
Por indução -
benefícios facultativos
ao particular

Classificação de EROS GRAU: O Estado pode atuar no domínio econômico ou sobre o


domínio econômico. Nesse sentido, a atuação sobre o domínio econômico é a
regulamentação que o Estado impõe às empresas através de normas, inclusive normas
ambientais. Para os globalistas, essas normas deve ser impostas por todos os Estados
(solidariedade internacional) mas para os nacionalistas não.
Atuação por indução se relaciona com o Estado Catalisador. Atuação por direção –
cogentes- se relaciona com o Estado gerencial.
• Informativo 857 STF: Os Municípios podem legislar sobre direito ambiental desde
que o façam fundamentadamente. • Informativo 870 STF: Municípios tem
competência para controle da poluição quando se tratar de interesse local. •
Informativo 873, 874: ADIs do amianto crisotila. • Informativo 867: Valor simbólico,
mas para o MPF é importante. Suspensão de liminar que o Plenário não referendou.
Muitas críticas ao instrumento da suspensão de liminares por violar o juízo natural, é
instrumento criado antes da CF/88. • Informativos 884, 891 e 892: Julgamentos do
Código Florestal.
MEIO AMBIENTE
Conceito na Lei da PNMA (6.938/81):
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
Meio ambiente é um macrobem constituído por microbens (leis, influencias, interações
etc) que significa o equilíbrio ecológico. Esse conceito, no entanto, desconsidera os
elementos humanísticos, culturais, sociais, é um conceito preservacionista.
Por isso, importante a Resolução CONAMA 306/02 (Anexo I) que amplia o conceito.
XII - Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem
física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas.
Meio ambiente holístico – meio ambiente natural, artificial, cultural, do trabalho.
ADI 3540 DO STF classifica as espécies de meio ambiente em natural, artificial,
cultural e do trabalho.
ATENÇÃO! Condenação Brasil Corte IDH - Caso Empregados da Fábrica de Fogos de
Santo Antônio de Jesus e seus familiares v. Brasil – meio ambiente do trabalho,
condições satisfatórias e equitativas de trabalho [maioria mulheres e crianças];
discriminação estrutural.
Existe ainda a noção de meio ambiente digital, da quarta revolução industrial, que está
intimamente ligada à economia sustentável.
OBS: POLUIÇÃO DE DADOS E MEIO AMBIENTE DIGITAL – aproximação entre
os ramos. O tratamento desenfreado de dados gera poluição no ambiente digital em que
somos cada vez mais bombardeados de informações, que podem inclusive gerar
externalidades negativas – discriminação, fake News, etc. As empresas big data se
utilizam do tratamento desenfreado de dados para criar verdadeiros perfis adaptados ao
titular a fim de auferir lucros. Existe um paralelo claro com o direito ambiental. 3 CCR
MPF prevê atribuição do MPF para vazamento de dados e questão da LGPD.

Antropocentrismo x Biocentrismo x Ecocentrismo


A Constituição é antropocêntrica com pitadas de biocentrismo (antropocentrismo
alargado/mitigado). Proteção do ambiente para proteger a vida humana mas também
bens com utilidade direta e indireta para o homem. O Direito ambiental também é dever
ético. Ecocentrismo é o paradigma utilizado pela Constituição do Equador.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
O meio ambiente, portanto, não se limita à natureza, mas a todo o meio circundante,
às cidades, às paisagens urbanas, aos produtos culturais e sociais de cada povo,
perpassando pelas mais variadas esferas do direito.
Ex: Função socioambiental da propriedade. A propriedade não é concebida dentro da
ideia liberal de direito absoluto. Deve seguir a função social num aspecto amplo,
socioambiental. O desenvolvimento sustentável é o crescimento econômico com
preservação ambiental e equidade social. A função social da propriedade pode ser vista
sob a ótica ambiental no sentido de que o uso da propriedade conforme sua função
social busca garantir a efetivação de direitos fundamentais para a coletividade, trazendo
mais equidade e qualidade de vida digna. Pode-se defender a propriedade alegando que
são cumpridas obrigações negativas e positivas, respeitando a função ecológica e
socioambiental da propriedade. [ideia de ecoproporcionalidade]
Gudynas e Ailton Krenak e Antonio Bispo: ontologia ecocentrica, voltada para o valor
da natureza em si, fora do binarismo ocidental de sociedade x natureza, pois o ser
humano é também parte dela. Envolvimento e não desenvolvimento. Confluencias e
diálogos.
Meio ambiente cultural
A lei da biodiversidade, ao tutelar o conhecimento tradicional associado, também tutela
a cultura.
O conceito de cultura está exposto na Declaração Universal sobre a Diversidade
Cultural:
Reafirmando que a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos
espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um
grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras
de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças (Declaração Universal
sobre a Diversidade Cultural).
A cultura é dinâmica. O Estado plural pressupõe o reconhecimento e o respeito às
diferenças. Não há aspectos autênticos e fixos, o que determina a cultura é a noção de
PERTENCIMENTO.

OBS: CARNE LEGAL – responsabilidade solidária pelo passivo ambiental dos


supermercados que compram carne de áreas embargadas da Amazônia. Teoria do bolso
profundo: paga quem pode mais, assim responsabilizou os supermercados. É o Estado
intervindo sobre a economia por direção a fim de proteger o meio ambiente.
OBS2: POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM UNIDADES DE PROTEÇÃO
INTEGRAL
Artigo 42 da L. 9985/00 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-
SNUC) determina a realocação. Porém o art. 16 da Convenção 169 da OIT afirma que
esta deve ser a última opção (pode ser precedida de desafetação, de recategorização de
dupla afetação). Assim, faz-se juízo de convencionalidade e constitucionalidade para
que se garanta a sobrevivência das culturas tradicionais.
DIREITO AMBIENTAL COMO DIREITO FUNDAMENTAL DE 3ª GERAÇÃO
O art. 225 da CF/88 impõe ao Poder Público e à
coletividade o dever de defender e preservar o meio
Substancialistas x
ambiente para garantir condições dignas de vida
Procedimentalistas
(antropocentrismo mitigado) para essa e futuras
gerações (caráter intergeracional). É direito de 3ª
Correntes que discutem o grau de
geração porque diz respeito a um direito da
dirigismo de uma Constituição, em
coletividade, de solidariedade.
relação ao modo de resolução de
Responsabilidade comum, porém, diferenciada – conflitos na sociedade complexa e
países que enriqueceram, historicamente, com a plural. Procedimentalistas dizem
degradação do ambiente em outros países, devem pagar que a Constituição apenas deve
mais do que os países em desenvolvimento que foram estabelecer as regras do jogo
explorados. O dano ambiental não conhece fronteiras. democrático, e o papel do judiciário
é de garantir o debate democrático
Incumbências do Poder Publico (art. 225 §1ª CF/88)
de modo que todos tenham espaço.
i. preservar e restaurar os processos ecológicos (Habermas)
essenciais e prover o manejo ecológico das Os substancialistas (Canotilho)
espécies e ecossistemas; afirmam que devem ser seguidas
Ex: caça controlada é permitida (para restaurar o invariantes axiológicas dadas pela
processo ecológico no caso de excesso de uma Constituição, e modo que o
espécie), a esportiva é vedada – Lei 5.197/67. judiciário deve ter papel mais ativo,
STF, 2021 – É inconstitucional lei estadual que na inércia do executivo, em
veda totalmente a caça, pois menos protetiva, já implementar esses princípios. Uma
que impede a caça de controle. dessas invariantes é o direito ao
Meio ambiente.
ii. preservar a diversidade e a integridade do
patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético;
Ex: Lei de Biossegurança 11.105/05 permite a pesquisa com células tronco
embrionárias excedentes.

iii. definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção
OBS: Qualquer redução deve ser por lei, ainda que a criação tenha sido por
ato. Exceção ao paralelismo.

iv. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente


causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade.
AIA (avaliação de impacto ambiental) é gênero do qual é espécie o EIA, AAI,
AAE.
Resolução CONAMA 1/86 determina um rol EXEMPLIFICATIVO de
casos em que há atividade potencialmente causadora de significativa
degradação. Fora daqueles casos, cabe ao órgão ambiental competente
determinar se há significativa degradação ou não.

STF decidiu que lei estadual não pode determinar casos de exclusão de EIA,
pois essa determinação é exercício do poder de polícia, que cabe ao executivo.
Tambem não pode lei estadual retirar hipótese de licenciamento de minério
nuclear, competência da União.

v. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e


substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
(Lei 7.802/89 dos agrotóxicos) [Atenção para a PL do Veneno!]

vi. promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a preservação do meio ambiente;
(Lei 9.795/99 da educação ambiental)

vii. proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade.
Proibição de crueldade contra os animas. Nesse ponto a Constituição tem um toque de
biocentrismo.
STJ Informativo 550, 2014 POSSE DE AVES SILVESTRES – Permitiu a posse de
aves silvestres por particular porque elas não sofriam maus tratos. A legislação
busca a efetiva proteção dos animais. É desarrazoado, no caso, aplicar a solução do art.
25 da Lei 9.605/1998 que determina a apreensão dos animais. O art. 29, § 2º da lei
também permite o perdão judicial se for espécie não ameaçada de extinção.
(proibição do excesso e da proteção insuficiente são subprincípios da
proporcionalidade)
A Resolução CONAMA 457/03 regulamentou a posse de animais silvestres
Lei municipal de São Paulo que proibiu a venda de foie gras e de roupas com peles de
animais.
STF Informativo 668 (ADI 1856), 2011 BRIGA DE GALO – proibida porque é
crueldade contra os animais e o argumento cultural não se superpõe ao dever ético de
proteção e defesa da fauna.
STF Informativos 794, 828 e 842 (ADI 4893) VAQUEJADA – ao constatar o conflito
entre normas de direitos fundamentais, ainda que presente a manifestação cultural,
conferiria interpretação de forma mais favorável à proteção ao meio ambiente,
especialmente quando verificada situação a implicar inequívoca crueldade contra
animais.
ATIVISMO CONGRESSUAL – o Congresso reage a uma decisão do Supremo,
o que é possível, porque, caso contrário, estaríamos sob o pálio da fossilização
constitucional. Ocorreu com a promulgação da Lei n° 13.364/16 e da EC
96/2017.
A lei afirma que a vaquejada é manifestação cultural e a EC determina que não se
aplica às manifestações culturais o conceito de crueldade contra o animais do art.
225, desde que haja lei que regulamente o bem-estar dos animais.
[Caso de constitucionalidade superveniente? Creio que não pois a lei não trata de
crueldade contra animais, mas apenas classifica como cultural a vaquejada. Já que
a ratio descidendi já foi decidida pelo Supremo como inconstitucional, não houve
mutação tampouco novos fundamentos, deveria ser inconstitucional?]
POSTURA DO JUDICIÁRIO FRENTE AO ATIVISMO CONGRESSUAL
(REVERSÃO LEGISLATIVA)
O marco teórico dos diálogos constitucionais repudia as concepções juriscêntricas.
Não há uma instituição, nem o Poder Judiciário que tenham o monopólio de
dar a última palavra. A reversão legislativa pode ser feita pelo Constituinte
Reformador. Se for uma Emenda Constitucional corretiva de jurisprudência, ela
modifica a Constituição e sua invalidação só pode ocorrer se violado o art. 60.
Se for Lei, por exemplo, a Lei 13.364/2016, ela já nasce com presunção
relativa de inconstitucionalidade, cabendo ao Legislador o ônus
argumentativo de dizer que a correção do precedente se faz necessária,
mostrando que as premissas fáticas e axiológicas mudaram. ADIN 5105
STF, RE 494601, 2019 - A prática e os rituais relacionados ao sacrifício animal são
patrimônio cultural imaterial e constituem os modos de criar, fazer e viver de diversas
comunidades religiosas, particularmente das que vivenciam a liberdade religiosa a partir
de práticas não institucionais. 3. A dimensão comunitária da liberdade religiosa é digna
de proteção constitucional e não atenta contra o princípio da laicidade. 4. O sentido de
laicidade empregado no texto constitucional destina-se a afastar a invocação de motivos
religiosos no espaço público como justificativa para a imposição de obrigações. A
validade de justificações públicas não é compatível com dogmas religiosos. 5. A
proteção específica dos cultos de religiões de matriz africana é compatível com o
princípio da igualdade, uma vez que sua estigmatização, fruto de um preconceito
estrutural, está a merecer especial atenção do Estado. 6. Tese fixada: “É constitucional
a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o
sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana”.
PRINCIPIOS E OBJETIVOS DA PNMA
1. Desenvolvimento sustentável - objetivo
Crescimento econômico + preservação ambiental + equidade social
Primeira vez que foi discutido foi na Conferência de Estocolmo (1972)
Obsolescência programada: é exemplo de desenvolvimento não sustentável.
Lei 13.186/15 – Politica de Educação para o Consumo Sustentável.
2. Solidariedade ou Equidade Intergeracional
Garantia da qualidade de vida dessa geração e das gerações futuras.
3. Precaução (1992) e Prevenção (1972)
Deve-se evitar a concretização do dano quando não há certeza de que eles ocorrerão.
Prevenção: Certeza do dano. Precaução: dúvidas científicas , “in dubio contra
projectum”
Exemplos: transgênicos, atividades mineradoras, antenas de telefonia celular; extração
do gás de xisto (pode contaminar lençóis freáticos).
 Precaução (dano incerto)
Princípio 15 da Declaração do Rio de 92 inaugurou a discussão internacional sobre a
Precaução.
Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica
absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
Outros diplomas internacionais que mencionam a precaução: Convenção sobre a
Diversidade Biológica, Declaração do Rio de 1992 e Protocolo de Kyoto à Convenção
Quadro sobre mudanças do clima.
Lei da Biossegurança (11.105/2005) menciona o princípio:
Art. 1° Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a
construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a
importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o
consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente
modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço
científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde
humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção
do meio ambiente.
Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (12.187/2009)
Art. 3º A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos
entes políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios da
precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o
das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito
internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será
considerado o seguinte
STJ REsp 1237893/SP INVERSÃO DO ONUS DA PROVA - O princípio da precaução
pressupõe a inversão do ônus probatório, competindo a quem supostamente promoveu o
dano ambiental comprovar que não o causou ou que a substância lançada ao meio
ambiente não é potencialmente lesiva (TESE 4 DO STJ).
STJ Sumula 618! - A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação
ambiental
CDC E LACP também servem para fundamentar a inversão do ônus da prova.
Informativo 829 do STF SOBRE CAMPO ELETROMAGNÉTICO NA
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA – Não há a aplicação da precaução nesse caso, não há
a necessidade de seguir parâmetros estrangeiros. [“temores infundados”]
Astreintes pelo descumprimento de decisão que embarga atividade possivelmente
danosa ao ambiente: Há divergência entre a 3ª a 4ª Turma do STJ sobre a aplicação do
princípio da proporcionalidade com base no valor do bem, a 3ª Turma afirma que não, a
4ª Turma afirma que sim, o valor do bem protegido deve ser parâmetro.

Poder de polícia e o princípio da precaução


O princípio da precaução cria a possibilidade de embargar obras e atividades com o
fundamento no poder de polícia que se caracteriza pela discricionariedade,
autoexecutoriedade, coercibilidade. A autoexecutoriedade é dividida em:
exigibilidade e executoriedade (executar suas próprias decisões).
Licença ambiental vs. Licença administrativa = A licença ambiental pode ser revogada.

Lei nº 7.347/1985 LACP art. 13. – a indenização será revertida a


Responsabilidade ambiental
um fundo.
administrativa: há divergência
jurisprudencial, mas a tendência Resp 794.752 STJ – as Astreintes também são vertidas ao fundo,
é que entenda-se como porque o MP é substituto processual, sendo portanto o exequente
subjetiva. (art. 537 §2° CPC) a coletividade
Criminal – subjetiva Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá
ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na
Civil – objetiva (teoria do risco
sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e
integral).
compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito. (...)
§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.
OBS: diferença para valores de TAC e acordos judiciais, que podem ir para
projetos locais, vedado o MPF como gestor dos repasses.

Enunciado 24 da 4 CCR - Os valores oriundos de termos de ajustamento de


conduta ou de acordos judiciais não estão sujeitos à remessa obrigatória ao Fundo
Federal de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), à luz do art. 13 e §§ da Lei da Ação
Civil Pública (Lei Nº 7.347/85). Constitui alternativa à remessa, a execução de
projetos no local do dano pelo sistema da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,
do FUNBIO, sem prejuízo de outros.

Enunciado 26 da 4 CCR - O Ministério Público Federal não pode figurar como


gestor nos contratos de repasse de valores provenientes de termos de ajustamento
de conduta ou acordos judiciais, nos termos do Enunciado 24-4ª CCR.

4. Principio do poluidor-pagador (art. 4º, VII PNMA)


Poluição é espécie do gênero degradação, e caracteriza-se por ser causada por atividade
humana (art. 3º, III PNMA).

Art. 3º

(...) IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito publico ou privado,


responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental.

O princípio do poluidor-pagador determina que aquele que causa a poluição deve arcar
com os custos da prevenção, mitigação e compensação dos danos advindos dela,
internalizando as externalidades negativas e utilizando recursos econômicos para
promover a compensação do dano.

Finalidade preventiva (uso de instrumentos econômicos) e repressiva


(responsabilização pelos danos).

Princípio 16 da Declaração do Rio de 92

As autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos


ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo
a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida
atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos
investimentos internacionais.

A responsabilidade é solidária entre os integrantes da cadeia, pela teoria do risco


proveito, ainda que não seja diretamente responsável.

Informativo nº 574 do STJ – Não tem direito ao dano moral pescadores artesanais
profissionais que sofreram consequências com a instalação lícita de hidrelétrica.

O princípio do poluidor pagador NÃO autoriza a poluição mediante pagamento.


STJ Súmula 629 - Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à
obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar

É cumulável obrigação de fazer com obrigação de pagar pelo período em que o meio
ambiente ficou desmatado (dano interino). Também é cumulável com dano moral. Essa
discussão surgiu pela prevalência do princípio da restitutio in integrum, e a lei da ação
civil pública usa conjunção alternativa, fala em “ou” (art. 3º), que virou aditivo pela
interpretação sistemática e teleológica da lei. Pode ser cumulada recomposição com
dano moral coletivo, reflorestamento com pagamento por danos materiais.

Dano ambiental é multifacetário (ética, temporal, ecológica e patrimonialmente


falando, sensível ainda à diversidade do vasto universo de vítimas, que vão do indivíduo
isolado à coletividade, às gerações futuras e aos próprios processos ecológicos em si
mesmos considerados).

Se a reparação for imediata não cabe indenização, em regra REsp 1.328.753-MG STJ,
2013, pelo dano interino, mas pode ser condenada nos casos em, no futuro, se verifica
que aquela recomposição não foi suficiente para colmatar todas as facetas do dano
ambiental, que há um dano reflexo/residual.

Reparação integral engloba:

Degradação transitória/dano interino – o tempo que fica sem recompor, entre o dano e a
recuperação natural.

Degradação remanescente/dano residual – aquela que perdura, ainda que haja a


recomposição, ex: extinção de alguma espécie ou poluição do lençol freático.

Dano moral coletivo – também deve estar incluído na indenização. Auferido in re ipsa
pelo dano atingir de modo sensível toda a comunidade.

Mais-valia ecológica ilícita – é o enriquecimento ilícito do poluidor com a poluição, o


proveito econômico que teve com a degradação.

MPF 4 CCR Enunciado 22 - As Ações Civis Públicas relativas a meio ambiente e a


patrimônio cultural deverão contemplar, em atenção ao princípio do poluidor-pagador, o
repasse ao infrator de todos os custos administrativos, inclusive do trabalho pericial.

4. Principio do protetor recebedor (art. 6º, II da Lei 12.305/2010 – Política


Nacional de Resíduos Sólidos)
Aquele que protege ou exerce atividade benéficas ao meio ambiente deve ser estimulado
por meio de ações do poder público.

O princípio do protetor recebedor é decorrência de uma justiça ambiental de


compensação de condutas positivas. Normas de indução, estado catalisador.

5. Principio do usuário pagador (art. 4ª, VII PNMA)


Aquele que utiliza licitamente um bem ambiental deve pagar por ele para evitar
desperdício. Não se preocupa com os atos ilícitos, como é o principio do poluidor
pagador, mas com condutas lícitas, sendo o pagamento uma forma de
contraprestação pela utilização lícita do bem (ex: agua; art. 36 que determina
pagamento mesmo com licenciamento, atividade legal, de implantação de área de
conservação).
ADI 3378 (2008) – Inconstitucionalidade parcial do art. 36 da Lei 9985/00 na
parte em que define o parâmetro de compensação como o valor do
empreendimento. O parâmetro para o valor da compensação deve ser o do
dano ambiental.
“O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a
significar um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos
custos ambientais derivados da atividade econômica.”
6. Principio da obrigatoriedade da atuação estatal (art. 225 §1º CR/88)
Decorre da indisponibilidade do bem ambiental, natureza publica da proteção ambiental.
Ademais, o art. 174 da CF/88 determina o planejamento obrigatório para o Poder
Publico, a regulação e a fiscalização.
ADPF 708, 2022 – FUNDO CLIMA. Não há discricionariedade do Poder Executivo na
proteção do meio ambiente e no enfrentamento da questão climática. A ausência de
funcionamento do Fundo Clima por 2 anos é inconstitucional. Vedado também o
contingenciamento de verbas, fez analogia com ADPF 347, pois é uma despesa
constitucionalmente determinada. Tratados de D.AMB são tratados de direitos humanos
com status supralegal.
7. Principio da participação popular (art. 2°, X PNMA e 225 §1º, VI CF/88)
Robert David Putnam – o desenvolvimento é proporcional à participação popular.
Exemplos: conselhos, comitês, audiências públicas, iniciativa popular, amicus curiae,
ação popular, direito de petição, representação.
Art. 17 da LC 140/11 – permite a representação feita por qualquer pessoa ao órgão
fiscalizador.
ACORDO DE ESCAZÚ: IAC 13 DO STJ
O Acordo ainda não foi ratificado pelo Brasil, mas foi assinado e usado na
fundamentação do IAC 13 que determinou a necessidade de transparência ambiental nas
3 dimensões: ativa (publicar de ofício, salvo motivação fundamentada), passiva
(fornecer mediante pedido, salvo situações da LIA); reativa (produzir o dado e publicar,
salvo situações de irrazoabilidade).
O Acordo versa sobre 5:
 Participação popular nas decisões sobre meio ambiente
 Acesso a informação
 Acesso à justiça
 Fortalecimento das capacidades institucionais
 Proteção de defensores de direitos humanos
8. Princípio da informação (art. 5º CF/88 e 4º, Desapropriação sanção vs. Desapropriação
V PNMA) confisco (por trafico de drogas e trabalho
O particular tem direito de acesso à informação escravo art. 243).
mesmo sem comprovar interesse específico, de Informativo 851. Plenário (12/2016) RE
acordo com o art. 2º da Lei 10.650/2003 e art. 11 da 635336/PE -
Resolução CONAMA 237/1997.
“A expropriação prevista no art. 243 da
Principio 10 da declaração do Rio. Constituição Federal pode ser afastada, desde
que o proprietário comprove que não incorreu
Sunshine laws como inspiração - EUA em culpa, ainda que in vigilando ou in
elegendo.”
Não cabe sigilo do EIA/RIMA (art. 225 §1º,IV
CF/88 ).
 Transparência ativa – dever de disponibilizar ativamente as informações
 Transparência passiva – dever de, quando solicitado, informar.
 Transparência reativa – dever de produzir a informação.

9. Principio da Educação Ambiental (art. 225 §1º, VI CF/88)


Lei 9795/99 - Política Nacional de Educação Ambiental
10. Principio da Função socioambiental da propriedade (art. 170 da CF/88 e 186
da CF/88)
O atendimento pleno da função social da propriedade requer que a propriedade seja
aproveitada de modo racional e adequado, os recursos naturais disponíveis sejam
adequadamente utilizados e a preservação do meio ambiente seja observada.
O descumprimento da função social pode gerar desapropriação-sanção para fins de
reforma agrária (art. 184). Outros entes também podem desapropriar, como previsto
no 182, do município na politica urbana, mas não com base no art. 184, que é de
competência privativa da União.
Informativo 531 STJ (2013) REsp 1.287.068-RR – Não gera dano moral a recusa do
IBAMA de dar autorização para queimadas em propriedades de agricultores rurais. A
autorização é precária e a queimada não promove a função social da propriedade rural.
11. Principio da cooperação entre os povos
A poluição não conhece fronteiras e o meio ambiente está interligado.
12. Principio da vedação ao retrocesso
Ex: PL 3.729/2004 (Lei Geral do Licenciamento) que esvaziava o licenciamento; PL do
Veneno; MPs 756, 758 e 759 que recategorizam ou desafetam unidades de conservação
(Jamaxim).
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Material Comum (art. 23) União, Estados e Municípios
Exclusiva (art.21) União
Legislativa Privativa (art.22) União
Concorrente (art.24) União e Estados

Competência legislativa privativa:


Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
IV - águas, energia,
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; (Recursos minerais são
bens da União. Art. 20, IX)
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; (atividade monopolizada pela União.
Art. 177, V da CF).
ADI 1575 Informativo 581, 2010 Atividades nucleares - STF decidiu que a
competência privativa abrange também a fiscalização, que é privativa da União
(exceto pelos radioisótopos, que não são atividade monopolizada pela união.)
Informativos nº 870 STF (2017) – Município pode legislar sobre meio ambiente desde
que sobre interesse local (preponderante, não exclusivo) e não contrarie as leis
federais e estaduais. Deve observar se a norma geral dá margem ao tratamento mais
rigoroso.
A União dá o limite mínimo de proteção, que não pode ser ultrapassado (núcleo
essencial do direito fundamental)
Informativo nº857 do STF (2017) – Município pode legislar sobre meio ambiente desde
que motivadamente.
Informativo 776 STF (2015) CASO DA QUEIMA DA PALHA DA CANA –
Município não pode legislar se for contra legislação estadual. O STF legislou
positivamente, determinando uma eliminação gradual da queima da palha da cana.
Competência legislativa concorrente
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Informativo 525 STJ (2013) – Competência concorrente dos Estados para legislar
sobre uso de águas subterrâneas e determinar obrigatoriedade da conexão à rede de
água encanada.
A União tem competência privativa pra legislar sobre águas (art. 22, IV), mas como os
Estados tem domínio da água subterrânea a jurisprudência aceita que eles legislem
concorrentemente sobre o assunto.
STF Informativos 872, 873 e 874 – amianto crisotila – Foi declarada
inconstitucionalidade (mas sem evento vinculante por falta de quórum) da lei federal
que permitia o amianto crisotila [ADI 4066]. Principio da precaução. Comprovação
científica de efeito cancerígeno. Mudanças fáticas. Inconstitucionalidade superveniente
da lei federal (lei ainda constitucional quando surgiu, depois se torna inconstitucional).
Estados passaram a ter competência legislativa plena até a edição de nova lei federal.
[ADI 3937, ADI 3460 ADI 3406]
HISTORICO DO AMIANTO
ADI 4066 – Reconheceu a inconstitucionalidade do art. 2º da L. 9055/95, mas
não obteve 6 votos (maioria absoluta), de modo que não teve eficácia vinculante.
ADI 3937 – Declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 2º da
L.9055/95, com maioria absoluta, e a constitucionalidade da Lei de SP que
regulava de modo restrito.
ADI 3470 E 3406 – Mesma coisa da 3937, mas deu eficácia erga omnes,
vinculante, para a declaração incidental de inconstitucionalidade, de modo
que TODAS as leis que permitem são inconstitucionais. Por isso, na minha
opinião, trata-se de início de transcendência dos motivos determinantes.
Lei Estadual constitucional: materialmente pela proteção a saúde, meio
ambiente, não fere a livre iniciativa (valorização do trabalho humano);
formalmente porque a Lei Federal é inconstitucional e nula, de modo que o
Estado exerce competência plena.
OBS: discutiram a questão do art. 52,X, que não seria mais necessário para dar
eficácia erga omnes à declaração de inconstitucionalidade em controle
difuso/concreto. Mutação constitucional.
OBS: Ser patrimônio nacional não significa ser bem da União.
STF ADI 2030 (2017) – Constitucionalidade de lei estadual que trata de controle de
poluição de embarcações e oleodutos, pois o escopo é de direito ambiente, competência
concorrente, e não de direito marítimo, que seria competência privativa da União.
Competência material comum:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.
Competência material não abrange o poder de demissão unilateral do seu encargo
constitucional de proteção dos bens de valor arqueológico. É inconstitucional lei
estadual que RENUNCIA a sua competência concorrente ou comum e se refere
totalmente à legislação federal.
STJ AgRg no REsp 958.766-MS (2010) – Legitimidade passiva dos entes da federação
nas ações de responsabilidade por danos ambientais em razão de conduta omissiva na
fiscalização, por conta da competência comum dos entes no combate à poluição.
STF ADI 3338 Informativo 399 (2005) – Constitucionalidade de lei estadual do DF que
trata de inspeção veicular, por tratar-se de competência concorrente de controle da
poluição, e não sobre trânsito, que é competência privativa.
Enunciado 3 A inexistência de tombamento não caracteriza a ausência de valor
cultural, uma vez que o tombamento tem valor meramente declaratório quanto a este
aspecto. Assim, mesmo na ausência de tombamento, deve o Ministério Público Federal
atuar para a preservação do bem, inclusive, se necessário, através da propositura de ação
judicial que declare o seu valor cultural.
MPF 4 CCR Enunciado 4 - A inexistência de tombamento federal, por si só, não
configura fundamento para justificar o declínio de atribuições para o Ministério
Público Estadual, pois o tombamento é ato apenas declaratório do valor cultural e pode
ser realizado por todas as esferas de poder.
MPF 4 CCR Enunciado 5 - A atribuição é do Ministério Público Federal sempre que
houver ofensa a bem ou interesse da União, independentemente do órgão responsável
pelo licenciamento.
MPF Enunciado 7 - O MPF tem atribuição para atuar, na área cível, buscando a
prevenção ou reparação de danos ambientais decorrentes da atividade de mineração,
quando:
a) o dano, efetivo ou potencial, atingir bem do domínio federal ou sob a
gestão/proteção de ente federal, tais como unidades de conservação federais e
suas respectivas zonas de amortecimento, rios federais, terras indígenas, terrenos
de marinha, bens tombados pelo IPHAN e seu entorno, sítios arqueológicos e
pré-históricos, cavidades naturais subterrâneas;
b) o dano, efetivo ou potencial, atingir mais de uma unidade da federação ou
países limítrofes;
c) o licenciamento ambiental da atividade se der perante o IBAMA; ou
d) for possível responsabilizar a União, o DNPM, o IBAMA, o ICMBio, o
IPHAN ou outro ente federal pela omissão no dever de fiscalização da
atividade.
Enunciado 57 - Tem atribuição o Ministério Público Federal para atuar em
procedimentos judiciais e extrajudiciais instaurados para apurar suposta inserção de
dados falsos no sistema de controle de produtos florestais via DOF (Documento de
Origem Florestal), considerando tratar - se de documento público federal, cujo sistema
é mantido, administrado e de responsabilidade do IBAMA.
Enunciado 58 - O Ministério Público Federal tem atribuição para atuar em
procedimento instaurado para averiguar a prática dos crimes previstos nos artigos 296,
§1º, inciso III, do Código Penal e 29, §1º, inciso III, da Lei nº 9.605/1998 (adulteração
de anilhas e manutenção de pássaros em cativeiro sem licença ou autorização), pois
existe interesse federal no monitoramento da atividade de criador amador no País,
haja vista a manutenção, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), de sistema para o controle da criação de pássaros
silvestres por cidadãos (Sispass), restando configurada a competência federal, nos
termos do artigo 109, IV, da Constituição Federal.
Enunciado 59 O Ministério Público Federal tem atribuição para atuar em procedimento
instaurado que visa apurar possível degradação ambiental em assentamentos do
INCRA, considerando a caracterização do interesse federal no feito, em conformidade
com o art. 109, I, da Constituição Federal.
Enunciado 61 - As informações extraídas do Sistema de Informações Georreferenciadas
- SIGEO não são suficientes para afastar a atribuição do MPF no feito,
considerando que o sistema não possui todos os dados sobre as áreas federais existentes
no País. Necessário, portanto, complementá-las com elementos referentes à ocorrência
ou não do ilícito em área pertencente ou protegida pela União, podendo-se diligenciar
o Incra, a SPU, o Ibama ou o ICMBio.
Enunciado 62 - A persecução penal dos crimes decorrentes da inserção de
informações ideologicamente falsas no Sistema de Comercialização e Transporte
de Produtos Florestais - Sisflora, gerido e operacionalizado por órgão estadual,
previstos nos artigos 46 da Lei nº 9.605/98 e 299 do Código Penal, é da atribuição do
Ministério Público Federal quando verificada, na cadeia de venda das empresas, a
existência de transações interestaduais ou transnacionais
LEI 6.938/81 POLITICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Conceitos (art. 3°)
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do
meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta
ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
Estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA (art. 6°)
 Órgão superior: Conselho de Governo – assessora o PR.
 Órgão consultivo e deliberativo: CONAMA
o Composição do CONAMA (Dec. 9.274/90). Tem 1 representante do
MPF(s/ direito a voto) e 1 dos MPs estaduais indicado pelo Conselho de
PGJs.
 Órgão central: Ministério do Meio ambiente.
 Órgão executor: IBAMA e ICMBio. O IBAMA cuida de fiscalização (não é
exclusivo do IBAMA, pode ser realizado pela Marinha, Exército e Aeronáutica)
e licenciamento ambiental, e o ICMBio cuida de unidades de conservação da
natureza e publica o livro vermelho das espécies ameaçadas de extinção. O
IBAMA tem a possibilidade de exercício supletivo do poder de polícia se o
ICMBio se omitir.
 Órgãos seccionais e locais: criados pelos Estados e Municípios, Conselhos do
meio ambiente.
Instrumentos (art;. 9°)
São instrumentos administrativos que visam prevenir o dano ambiental.
 Zoneamento – organização do território visando a sustentabilidade e observando
as características e potencialidades de cada área. Há zoneamento da União, dos
Estados, DF e Municípios; o zoneamento ecológico econômico e o
zoneamento ambiental são os estudos para conhecer as potencialidades e
fragilidades do meio e fazer com que tenhamos uso racional e são vinculados e
obrigatórios.
 Instrumentos econômicos – rol exemplificativo: cessão florestal, servidão
ambiental, seguro ambiental.
Responsabilidade administrativa e civil objetiva (art. 14). A multa está em legislação
posterior, Lei 9.605/98, art. 70 e seguintes.
STJ SUMULA 623! - As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do
credor.[reflexão sobre o impacto econômico, análise econômica do direito, se não fosse
propter rem seria mais “vantajoso” comprar uma terra desamatada].
Servidão ambiental:
 Instituída pelo proprietário ou possuidor
 Por instrumento público ou particular ou termo administrativo
 Pode ser pessoa jurídica
 Limita o uso de todo ou parte do imóvel - no mínimo igual a RL
 Temporária ou perpétua – mínimo 15 anos
 Gratuita ou onerosa
 Não se aplica a APP e RL
 Deve ser averbada no registro de imóveis
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) E LICENCIAMENTO.
RESOLUÇÃO 237/97 CONAMA
Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença
requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental,
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
A AIA é gênero do qual são espécies o EIA, AAE etc. São estudos relativos a possíveis
impactos ambientais relacionados à localização, implantação, operação ou ampliação de
uma atividade ou empreendimento, que são apresentados para que seja analisado o
pedido de licença. A avaliação faz exame sistemático de impactos ambientais, de
alternativas, medidas de proteção, mitigadoras, compensatórias, monitoramento de
obras etc.
O empreendedor é o responsável por realizar a AIA, e o relatório é analisado pelo órgão
competente.
MPF 6 CCR Enunciado 33 - Os estudos ambientais elaborados com o objetivo de
permitir a avaliação da viabilidade ambiental de empreendimentos devem
obrigatoriamente incluir a apresentação das alternativas locacionais, tecnológicas e
modais, bem como a alternativa de não implantação do empreendimento.
MPF 6 CCR Enunciado 18 - Para todo e qualquer empreendimento que gere impactos
sobre o meio ambiente, devem ser considerados os efeitos cumulativos e sinérgicos.
Efeitos cumulativos: efeitos que se sobrepõem, se somam; sinérgicos: efeitos que se
potencializam entre si.
MPF 6 CCR Enunciado 15 - O estudo dos impactos de um empreendimento sobre os
povos indígenas e quilombolas não depende de demarcação formal das respectivas
terras.
1. EIA – Estudo de Impacto Ambiental
 Deve ser público e prévio.
 Usado apenas em casos de atividades com potencial de significativa degradação
ao ambiente.
 Resolução 01/86 CONAMA – rol exemplificativo
 RIMA é a simplificação do EIA, para melhor divulgação das informações para a
população.
o MPF 6 CCR Enunciado 14 – Necessidade de tradução do RIMA para a
língua dos povos indígenas atingidos.
 O legislativo não pode, ainda que na Constituição Estadual, estabelecer
hipóteses de dispensa de EIA/RIMA, porque é ato de polícia e ofenderia o
princípio da separação de poderes. É do Executivo.
 O licenciamento se dará em um único nível de competência, de acordo com a
LC 140/11 (arts 7, 8 e 9).
o No caso da União, os órgãos responsáveis são o IBAMA e ICMBio
 A administração atuando diretamente também deve obter licenciamento.
MPF 6 CCR Enunciado 13 - O diagnóstico do meio socioeconômico é parte integrante
do EIA/RIMA. O EIA não pode ser submetido às audiências públicas sem o completo
diagnóstico dos meios socioeconômico, físico e biótico, previsto na Resolução nº
01/1986 do CONAMA.
MPF 6 CCR ENUNCIADO nº 12: A consulta livre, prévia e informada da Convenção
nº 169 da OIT deve ser realizada antes de o Conselho Nacional de Políticas Energéticas
decidir a construção de uma usina hidrelétrica.
2. Licenciamento
Resolução 237/97 do CONAMA
Art. 1°
I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as
normas técnicas aplicáveis ao caso.
Licenciamento é um procedimento que decorre de poder de polícia e constitui ato do
Poder Executivo que permite a execução de atividade econômica potencialmente
causadora de degradação ambiental.
Lei 9.985/00 Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de
significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente,
com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o
empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de
conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e
no regulamento desta Lei.
Nos casos não inseridos no rol exemplificativo da Resolução 01/86 do CONAMA o
órgão competente pode considerar a atividade potencialmente degradante ao meio
ambiente e o empreendedor deve apoiar unidade de proteção integral. O montante a ser
investido deve ser calculado com base no valor do dano, e não do empreendimento.
A Unidade de proteção integral pode ser inclusive criada para isso. Se afetar algum
unidade de conservação especifica, a compensação deve ser pra ela, ainda que não
pertença ao GPI, e o licenciamento precisa passar por autorização do órgão responsável
pela unidade.
Pode ser UUS ao invés de GPI no caso de interesse público, desde que de domínio
público, especialmente na Amazonia Legal.
2.1 Licença
Resolução 237/97 Art. 1° II- Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica,
para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras
dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
2.2 Fases do licenciamento (art. 10 da Resolução 237/97 CONAMA)
1) Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos necessários. (termo de referência)
2) Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos
documentos, com publicidade.
3) Análise pelo órgão ambiental competente e a realização de vistorias técnicas,
quando necessárias.
4) Solicitação de esclarecimentos pelo órgão ambiental competente, uma única
vez (pode reiterar).
5) Audiência pública, quando couber.
a. solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50
(cinquenta) ou mais cidadãos.
b. Não tem caráter deliberativo.
c. OBS: CONSULTA OIT 169 – livre, previa, esclarecida, dialógica e com
participação nos resultados.
d. MPF 6 CCR ENUNCIADO nº 35: Depende de consulta, conforme
previsto na Convenção nº 169 da OIT, a outorga de áreas para pesca que
afetem povos e comunidades tradicionais
e. MPF 6 CCR ENUNCIADO nº 32: Depende de consulta, conforme
previsto na Convenção nº 169 da OIT, a expedição de alvará de pesquisa
e títulos de lavra minerários sobre áreas ocupadas por povos e
comunidades tradicionais, independentemente de titulação, sob pena de
nulidade
f. MPF 6 CCR ENUNCIADO nº 29 : A consulta prevista na Convenção nº
169 da Organização Internacional do Trabalho é livre, prévia e
informada, e realiza-se por meio de um procedimento dialógico e
culturalmente situado. A consulta não se restringe a um único ato e deve
ser atualizada toda vez que se apresente um novo aspecto que interfira de
forma relevante no panorama anteriormente apresentado
6) Solicitação de esclarecimentos e complementações
7) Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
8) Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
Esse procedimento pode ser adaptado conforme o caso concreto para melhor atingir
seu objetivo de proteção do meio ambiente. Cabe ao CONAMA, de acordo com as
peculiaridades da atividade, compatibilizar o licenciamento com o planejamento,
implementação e operação das atividades. Ex: pode antes de conceder a licença exigir
a execução de medidas preventivas e compensatórias.
1. Licença prévia: concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando
a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; Prazo máximo ate 5
anos. Mínimo é o previsto no cronograma para planejamento.
2. Licença de instalação: autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes,
da qual constituem motivo determinante; Prazo máximo ate 6 anos. Mínimo é
o previsto no cronograma para instalação.
3. Licença de operação: autoriza a operação da atividade ou empreendimento,
após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores,
com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a
operação. Prazo de 4 ate 10 anos.

 Revogação da licença (art. 19 Res. 237/97 CONAMA)


Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar
os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma
licença expedida, quando ocorrer:
I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.
II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição
da licença.
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.
 Atuação do judiciário no licenciamento
É questão polêmica, pois o judiciário deve resguardar a proteção constitucional ao meio
ambiente sem interferir nas esferas de competências dos outros poderes. Exemplo de
intervenção judicial: ADPF 347 discutiu o estado de coisas inconstitucional dos
presídios brasileiros (meio ambiente artificial), adentrando nas políticas públicas para
defender direitos fundamentais.
 Licença tácita
Não é possível. Exceção: Renovação de licenciamento. O pedido tempestivo (até 120
dias antes do fim do prazo) da renovação sem resposta do órgão não permite que seja
fechado o empreendimento com o encerramento do prazo da licença. Presume-se que o
prazo é razoável para que a Administração faça a análise necessária.
2.3 Competência para licenciar
 O licenciamento se dá em um único nível de competência, definido na LC
140/11.
 Não obstante, os outros entes federativos podem se manifestar sobre a concessão
da licença, de modo não vinculante (art. 13 §1°).
 Pode haver delegação por convênio das ações administrativas de cada ente,
desde que o delegatário possua órgão ambiental capacitado e conselho (art. 5°).
Competência da União para licenciar atividades: (art. 7°, XIV LC140/11)
 Conjuntas entre Brasil e país limítrofe
 Localizadas no mar territorial, plataforma continental ou zona econômica
exclusiva
 Em terras indígenas
 Em unidades de conservação instituída pela União
o O critério do ente instituidor da unidade de conservação SEMPRE exclui
a APA[uus], porque é uma área muito grande, devendo no caso seguir os
outros critérios para definir a competência.
 Em dois ou mais estados (ex: rodovias interestaduais)
 Atividades militares, exceto para atividades de preparo e emprego das FA
 Relacionadas a material radioativo ou atividade nuclear, exceto radioisótopos.
 Outros estabelecidos pelo Poder Executivo
Competência do Município para licenciar (art. 9°)
 Atividades de impacto local, conforme tipologia dos Conselhos.
 Em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto APA.
Competência do Estado para licenciar (art. 8°)
 É residual
Competência supletiva (art. 2°, II e art. 15)
A competência supletiva ocorre quando o órgão inferior não tem capacidade técnica ou
Conselho de Meio Ambiente, sendo delegada ao ente superior. Dispensa pedido do
ente delegante.
Competência subsidiária (art. 2º, III e art. 16)
O ente originariamente competente tem capacidade técnica mas precisa de auxílio no
caso concreto que é complexo. Precisa de pedido do ente originariamente competente.

Ver Alterações da LINDB (Arts. 22 a 28) Lei 13.655/18


MPF E JF criticam essas alterações que visam controlar e dar aspecto
consequencialista às decisões judiciais. O juiz deve considerar as
dificuldades do gestor na decisão sobre o licenciamento. A administração
pode realizar compromisso com os interessados no licenciamento.
POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (Lei nº 9.433/1997)
1. Introdução
Evolutivamente a proteção dos recursos hídricos passou da visão fragmentária do
Código de águas, já revogado, para uma proteção como bem de uso comum do povo,
protegido constitucionalmente, de interesse transindividual. A Lei da PNRH tem uma
visão holística da proteção dos recursos hídricos.
MPF 6 CCR Enunciado 34 - Os bens ambientais cujo aproveitamento é autorizado no
curso do licenciamento ambiental são bens de uso comum do povo. O MPF, em sua
atuação, deve pugnar pela implementação dos instrumentos de gestão democrática da
Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), garantindo a participação de
povos e comunidades tradicionais, com fiscalização, por exemplo, da instalação e
funcionamento dos comitês de bacia, planos de recursos hídricos, declaração de
disponibilidade e ou outorga de direitos de uso de recursos hídricos.
2. Fundamentos e objetivos
Tem como fundamentos (art. 1°) o preceito de que a água é um bem de domínio
público, recurso natural limitado, dotado de valor econômico, cujo uso prioritário é o
consumo humano e a dessedentação de animais. A gestão dos recursos hídricos deve
sempre priorizar o uso múltiplo das águas e ser descentralizada.
Os objetivos estão elencados no art. 2°:
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas
pluviais.
3. Outorga de direitos de uso (arts 11 a 18)
A outorga do uso da água se dá nos casos referidos no art. 12 e são exceções: o uso
pelos pequenos núcleos populacionais no meio rural, E as captações e acumulações
insignificantes (art. 12 §1°).
Se não há fontes públicas de água, não se exige outorga para extrair água do
subterrâneo, pois é o único jeito de sobreviver, mas se houver solução pública de
abastecimento precisa da outorga e esta pode ser negada.
Informativo 525 do STJ. REsp 1.3063093-RJ (2013) – é possível portaria estadual que
proíbe extração de água subterrânea e obriga o uso pelo sistema de abastecimento.
A outorga é precária, pode ser suspensa em definitivo ou provisoriamente nos casos do
art. 15, a qualquer tempo:
 Não cumprimento dos termos da outorga
 Ausência de uso por três anos consecutivos
 Necessidade de água por conta de calamidade ou de atender usos prioritários
quando não há alternativa
 Necessidade de prevenir ou reverter degradação ambiental
 Necessidade de manter a navegabilidade
Prazo da outorga: 35 anos, podendo ser renovada.
Outorga preventiva: é como uma liminar que permite o uso antes da concessão da
outorga definitiva.
Competência para outorga: Poder executivo Federal ou estadual. O poder executivo
federal pode delegar ao estadual a competência para conceder outorga de bens da União.
O órgão federal que outorga é a ANA (Agência Nacional de Águas).
OBS: Águas subterrâneas são de domínio dos estados, por isso podem legislar
sobre seu uso, mesmo a legislação sobre águas sendo privativa da União
(Informativo 525 STJ (2013)
O comitê de Bacia Hidrográfica (que compõe o sistema nacional de recursos hidricos)
não possui poder de polícia [questão cespe].
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
Art. 70 da Lei 9.605/98 Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação
do meio ambiente.
O Decreto nº 6.514/2008 regulamenta o processo administrativo federal para apuração
das infrações ambientais. Como até 2008 não havia segurança sobre o procedimento
para as infrações, a Lei. 12.651/12 estabeleceu o PRA – Programa de Regularização
Ambiental, para aqueles que cometeram infrações até 22 de julho de 2008 regularizarem
a situação. Crítica ao PRA: extingue a punibilidade criminal e a infração administrativa
e não recompõe os padrões anteriores da vegetação.
A responsabilidade administrativa não pode ter como base figuras típicas de crime.
Deve haver previsão específica em lei como infração administrativa.
Tese 5 STJ - É defeso ao IBAMA impor penalidade decorrente de ato tipificado como
crime ou contravenção, cabendo ao Poder Judiciário referida medida.
Tese 2 STJ - É vedado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA impor sanções administrativas sem expressa previsão
legal.
1. Características da Responsabilidade administrativa ambiental
O entendimento mais recente (STJ - REsp: 1401500/PR, 2015) caracteriza como
responsabilidade subjetiva. Está próxima da ideia de culpabilidade penal, e não pode
ser cobrada penalidade administrativa dos herdeiros do infrator (instranscedência da
pena).
Ao contrário da responsabilidade civil, que é obrigação propter rem, ou seja, adere à
propriedade, possível de ser cobrada do atual proprietário ainda que não tenha culpa no
dano, a responsabilidade administrativa é apenas do autor do dano.
Prazo: 5 anos da infração. Há prescrição intercorrente se parado o procedimento
administrativo por 3 anos.
2. Competência para a responsabilização administrativa
LC 140/11 Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização,
conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração
ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à
legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou
autorizada.
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades
efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por
órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o
caput.
É Competência comum de todos os entes o combate à degradação ambiental através de
fiscalização, mas o auto de infração feito pelo órgão responsável pelo licenciamento
prevalece. O que o art. 17 §3° busca é tutelar de forma suficiente o meio ambiente,
evitando proteção deficiente.
Qualquer pessoa pode denunciar aos órgãos competentes se presenciar infrações (art. 17
§1° LC 140/2011)
Questões sobre a competência: A atuação do IBAMA não atrai automaticamente a
competência da JF, porque ele pode estar atuando subsidiariamente no caso de o outro
ente não atuar, já que é competência comum. O fato de ser rio interestadual não atrai
automaticamente, precisa ter potencialidade de dano interestadual.
Zona de amortecimento – MPF tem legitimidade para instaurar IC, mesmo que esteja
fora da UC federal, demonstrada a potencialidade de lesão ao bem da união.
3. Penalidades (art. 72 L.9605/98)
 Advertência
o Fica vedada aplicação de nova advertência nos 3 anos após o julgamento
do auto da última advertência ou de outra penalidade. (art. 7 Dec
6.514/08)
 Multa simples
o O cometimento de nova infração pelo mesmo infrator em 5 anos após o
julgamento da infração anterior comina em aplicação de multa em triplo
se for a mesma infração ou em dobro se diferente. (art. 11 Dec 6.514/08)
 Multa diária
o Aplicada quando a infração se prolonga no tempo
o Art. 76 L. 9605/98 e art. 12 Dec 6514/08 – se pagar multa pros Estados
ou Municípios não precisa pagar multa para União na mesma hipótese de
incidência. Esse artigo perde a aplicabilidade com a LC 140/11 porque
cada ente tem sua competência para licenciar e fiscalizar. Mas caso haja
dupla incidência, a da União é SUBSTITUÍDA.
o Art. 93 Dec. 6514/08 – a multa é em dobro se a infração ocorre em
Unidade de conservação ou sua zona de amortecimento.
 Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,
petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
 Destruição ou inutilização do produto;
 Suspensão de venda e fabricação do produto;
 Embargo de obra ou atividade;
 Demolição de obra;
o Demolição de obra não habitada e utilizada diretamente para a infração
ambiental dar-se-á excepcionalmente no ato da fiscalização nos casos em
que se constatar que a ausência da demolição importa em risco de
agravamento do dano ambiental ou de graves riscos à saúde. Pode ser
executada diretamente pela autoridade administrativa (Tema 816 do STJ)
 Suspensão parcial ou total de atividades;
 Restritiva de direitos. (art. 20 Dec 6.514/08)
o Proibição de contratar por até 3 anos.
o Suspensão do registro/licença/autorização.
o Cancelamento do registro/licença/autorização.
o Perda de incentivos e linhas de financiamento.
STJ, Informativo 561, 2015 – no caso de infrações graves não é necessária a gradação
de penalidades podendo ser aplicada diretamente penalidade de multa, sem antes aplicar
a advertência.
Critérios para quantificação da penalidade - gravidade do fato, pelos antecedentes do
infrator e sua situação econômica.
Impugnação da sanção em juízo, a competência é do local da sede ou da agência do
órgão que aplicou a sanção.
Prescrição para cobrança da multa (art. 21 Dec. 6514/08) – 5 anos. (Sumula 467 do
STJ)
Tese 11 STJ - Prescreve em cinco anos, contados do término do processo
administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa
por infração ambiental.
Tem como termo inicial o fim do processo administrativo que culminou na penalidade.
4. Procedimento administrativo de apuração da infração ambiental – dec 6514/08
Auto de infração – notificação para conciliação – Conciliação – Defesa (20d) OU
PGTO/PARCL/CONVERSAO – Diligencias – Alegações finais (10d) – decisão --
recurso (20d) – recurso CONAMA (20d)
Começa com a lavratura do auto de infração pelo agente autuante. Deve ser notificado
ao autuado. O agente autuante pode tomar medidas de pronto (art. 101), que são:
 Apreensão
 Embargo de obra ou atividade
 Suspensão da atividade
 Destruição ou inutilização dos produtos
 Demolição.
ATENÇÃO! MUDANÇAS 2022 DEC11080: § 1º Consideram-se infrações
administrativas de menor lesividade ao meio ambiente aquelas em que a multa
consolidada não ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) ou, na hipótese de multa
por unidade de medida, não exceda o valor referido. (Redação dada pelo Decreto nº
11.080, de 2022)
NO MOMENTO DA NOTIFICAÇÃO DO AUTO JÁ PODE SE DEFENDER OU
COMPARECER À CONCILIAÇÃO. NÃO FICA MAIS SUSPENSO O PRAZO DA
DEFESA.
Art. 95 § 5º Do termo de notificação da lavratura do auto de infração constará
que o autuado, no prazo de vinte dias, contado da data da cientificação, poderá:
(Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
4.1 Núcleo de Conciliação Ambiental
ATENÇÃO! Mudança em 2019!
A notificação ocorre para que compareça à conciliação. O núcleo de conciliação integra
o órgão ou entidade responsável pela lavratura do auto de infração e é formado por pelo
menos 2 servidores estáveis, sendo ao menos um deles integrante do órgão ou da
entidade da administração pública federal. Pode ser feita por meio eletrônico.
FOI EXTINTO COM O DEC 11373/2023
Mas continua a possibilidade de escolher desconto, parcelamento ou conversão. A
diferença é que agora será julgado pelo própria autoridade, não pelo Nucleo. Além
disso, a conversão so pode ate as alegações finais, não pode mais até o julgamento de
recurso, como era antes.
Possibilidades da conciliação:
a) Convalidar vícios sanáveis do auto, após pronunciamento da Procuradoria
Federal
b) Anular por vícios insanáveis, após pronunciamento da Procuradoria Federal.
c) Decidir sobre a manutenção ou revogação das medidas do art. 101.
d) Conciliar:
a. Pagamento da multa com desconto de 30%
b. Parcelamento
c. Conversão em serviços de melhoria, recuperação e preservação (art. 139)
A conciliação tem como efeitos:
 Dar fim ao procedimento administrativo
 Renúncia à impugnação administrativa e judicial (!)
 Autuado deve protocolar em 15 dias pedido de extinção de processo com
resolução de mérito em ações judiciais pendentes.
 NÃO exclui a responsabilidade de reparar o dano.
 NÃO RETIRA A REINCIDENCIA QUE AUMENTA A MULTA NO
FUTURO art. 11 §5º inserido em 2022.
Art. 97-B. O requerimento de adesão imediata a uma das soluções legais previstas no
inciso II do § 5º do art. 96 conterá: (Redação dada pelo Decreto nº 11.373, de
2023)
I - a confissão irrevogável e irretratável do débito, indicado pelo autuado, decorrente
de multa ambiental consolidada na data do requerimento; (Incluído pelo Decreto nº
11.080, de 2022)
II - a desistência de impugnar judicial ou administrativamente a autuação ambiental ou
de prosseguir com eventuais impugnações ou recursos administrativos e ações judiciais
que tenham por objeto o auto de infração discriminado no requerimento; e (Incluído
pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
III - a renúncia a quaisquer alegações de direito sobre as quais possam ser
fundamentadas as impugnações e os recursos administrativos e as ações judiciais a que
se refere o inciso II. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
Parágrafo único. Na hipótese de autuação ambiental impugnada judicialmente, o
autuado apresentará, no ato do requerimento de que trata o caput, cópia do protocolo
do pedido de extinção do respectivo processo com resolução do mérito, dirigido ao
juízo competente, com fundamento na alínea “c” do inciso III do caput do art. 487 da
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil. (Incluído pelo
Decreto nº 11.080, de 2022)

4.2 Julgamento pela autoridade


 Após autuação e conciliação infrutífera ou por ausência do autuado, segue o
procedimento.
 Abre prazo para defesa em 20 dias.
 Em qualquer momento o autuado pode optar por alguma das medidas:
pagamento, parcelamento, conversão.
 São feitas diligências, perícias.
 Alegações finais em 10 dias.
 Decisão em 30 dias. Pode agravar as medidas impostas pelo agente, nesse caso
deve o autuado se manifestar antes.
 Recurso em 20 dias, sem efeito suspensivo, exceto multa. Tem efeito
regressivo todos os recursos.
 Julgamento pela autoridade superior
o Obs: aqui o decreto fala na possibilidade de recurso de ofício para a
autoridade superior.
 Recurso em 20 dias ao CONAMA, sem efeito suspensivo, exceto multa.
o CONAMA não pode piorar a situação do autuado.
o FOI EXTINTO EM 2023 O RECURSO AO CONAMA
5. Possibilidade de conversão da multa em atividades reparadoras (arts. 139 a
178 do Dec. 6.514/08)
Com a criação dos Núcleos de Conciliação Ambiental, a conversão pode ser requerida
na conciliação, e em qualquer momento antes do julgamento, seja pela autoridade
julgadora seja pela autoridade superior (recurso).
AGORA COM O DEC11373/2023 SÓ PODE CONVERSÃO ATE AS ALEGAÇÕES
FINAIS NO JULGAMENTO DE 1 INSTANCIA. Art. 142
Outra novidade é que não é possível para infração ambiental que resulte em morte
humana (caso Brumadinho).
Se for indeferida na conciliação cabe recurso à autoridade julgadora em 20 dias. Se
indeferida por autoridade superior não cabe recurso.
Se requerido na conciliação – desconto de 60%
Se requerido antes do julgamento da autoridade – desconto de 50%
Se requerido antes do julgamento da autoridade superior – desconto de 40%.
DEC 11373/2023 MUDOU OS % CONVERSÃO
Se requerido ate a defesa com conversão INDIRETA– desconto de 60%
Se requerido ate as alegações finais com conversão INDIRETA – desconto de 50%
Se requerido ate as defesa com conversão DIRETA – desconto de 40%.
Se requerido até as alegações finais com conversão DIRETA – desconto de 35%.
[conversão indireta é quando adere a algo que já existe e direta é ele mesmo criar o
programa]
Nunca pode ser inferior ao valor mínimo legal da infração.
Descumprimento = inscrição em dívida ativa.
E quem fez acordo de conversão antes das mudanças do novo decreto? Deve
escolher:
 Tem 270 dias a partir de 8 de outubro e 2019 para alterar os termos, preservado
o desconto de 60%.
 Trocar a conversão em parcelamento ou pagamento com desconto.
Se ficar inerte significa a desistência da conversão, segue o procedimento
administrativo.
Art. 146 (...) § 8o O inadimplemento do termo de compromisso implica: (Incluído
pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
I - na esfera administrativa, a inscrição imediata do débito em dívida ativa para
cobrança da multa resultante do auto de infração em seu valor integral, acrescido dos
consectários legais incidentes; e (Incluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
II - na esfera civil, a execução judicial imediata das obrigações pactuadas, tendo em
vista seu caráter de título executivo extrajudicial. (Incluído pelo Decreto nº 9.179,
de 2017)
A assinatura do termo suspende a exigibilidade da multa e suspende a prescrição.
6. Apreensão de produto e instrumento de infração administrativa (art. 25 L.
9605/98)
Deve ser norteada pela proporcionalidade.
Podem ser liberados os bens apreendidos desde que comprovado que o dono não
utilizou para o crime, que era terceiro de boa-fé. Se for apreensão como penalidade
(art. 72) não cabe liberação
 Produtos perecíveis ou madeira – são doados
 Produtos não perecíveis - destruídos ou doados.
 Instrumentos para a infração – são vendidos de modo descaracterizado, para não
fomentar novas infrações.
TEMA 405 STJ - O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto n. 3.179/99 (redação original),
quando permite a liberação de veículos e embarcações mediante pagamento de multa,
não é compatível com o que dispõe o art. 25, § 4º, da Lei n. 9.605/98; entretanto, não há
ilegalidade quando o referido dispositivo regulamentar admite a instituição do
depositário fiel na figura do proprietário do bem apreendido por ocasião de infração nos
casos em que é apresentada defesa administrativa - anote-se que não se está defendendo
a simplória liberação do veículo, mas a devolução com a instituição de depósito (e os
consectários legais que daí advêm), observado, entretanto, que a liberação só poderá
ocorrer caso o veículo ou a embarcação estejam regulares na forma das legislações de
regência (Código de Trânsito Brasileiro, p. ex.).
TEMA 1036 STJ - "A apreensão do instrumento utilizado na infração ambiental,
fundada na atual redação do § 4º do art. 25 da Lei 9.605/1998, independe do uso
específico, exclusivo ou habitual para a empreitada infracional".
TEMA 1046 STJ - O proprietário do veículo apreendido em razão de infração de
transporte irregular de madeira não titulariza direito público subjetivo de ser nomeado
fiel depositário do bem, as providências dos arts. 105 e 106 do Decreto Federal n.
6.514/2008 competindo ao alvedrio da Administração Pública, em fundamentado juízo
de oportunidade e de conveniência.
RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
Dano ecológico x Dano ambiental – é um conceito passível de críticas porque o dano
ecológico seria o dano que atinge apenas o ambiente, enquanto o dano ambiental
atingiria o ser humano. Mas em verdade todo dano ao meio ambiente atinge o ser
humano, numa visão holística de meio ambiente.

Declaração do Rio (1992): O país deve editar normas domésticas sobre


responsabilidade civil ambiental.

Opinião consultiva 23/2017 CIDH – Colômbia suscitou opinião consultiva sobre


responsabilidade em relação a exploração de petróleo no Mar do Caribe. A CIDH
entendeu que o Estado da Colômbia, bem como o Estado de bandeira da plataforma tem
responsabilidade de fiscalizar e que, quando há dano, todos os Estados devem cooperar,
inclusive os vizinhos.
A responsalidade civil por danos ambientais é objetiva por risco integral. A empresa se
coloca na posição de garantidora, ainda que seja causa de força maior como um
terremoto [teoria do risco de Beck]. Pode-se fazer um seguro, mas sempre será
responsável.
OBS: doutrina minoritária: Teoria do Risco Criado – bandeira de mello.
O nexo causal é alargado para incluir todas as pessoas da cadeia do dano ambiental,
aquele que faz, aquele que deixa fazer, aquele que financia para que faça (operação
Carne Legal e o supermercados) etc.
Tese 7 STJ - Os responsáveis pela degradação ambiental são co-obrigados
solidários, formando-se, em regra, nas ações civis públicas ou coletivas
litisconsórcio facultativo.
ATENÇÃO! No processo de conhecimento há responsabilidade solidária do
Estado com o ente privado causador do dano, mas na execução a reponsabilidade
é subsidiária.
STJ, 2010 - Vedada a denunciação a lide ou chamamento ao processo de outras
responsabilizadas solidárias (celeridade processual)
Diferença para teoria do risco criado: a teoria do risco criado admite excludentes de
caso fortuito ou força maior, fato de terceiro, culpa exclusiva da vítima.
Tese 10 STJ - A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela
teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que
permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação,
pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de
responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar.
A responsabilidade civil não tem caráter punitivista (punitive damages) como ocorre
nos EUA, mas apenas de compensação (dano moral)/reparação (dano material) pelo
ilícito, devendo ser observados como critérios a gravidade do dano e a intensidade do
risco criado, do tamanho da empresa, do grau de culpa etc.

A pessoa jurídica de direito publico interno também pode ser responsabilizada por
omissão na fiscalização quando a falha do dever de fiscalizar for determinante para a
concretização ou o agravamento do dano causado (Tese 8 STJ). O Estado pode ajuizar
ação regressiva contra o agente privado e nesta fazer uso da desconsideração da
personalidade jurídica se comprovar confusão patrimonial ou desvio de finalidade.

A desconsideração da personalidade jurídica em dano ambiental observa a Teoria


Menor, ou seja, prescinde de prova de fraude, bastando que haja obstáculo ao
ressarcimento (art. 4º L. 9.605/98).

STJ REsp 1.114.398-PR, 2012 – Dano moral individual ao pescador por ato ilícito
(vazamento de óleo em rio). Exclui da reparação o período de defeso, porque já é
coberto pelo seguro-defeso.
Informativo nº 574 do STJ – Não tem direito ao dano moral pescadores artesanais
profissionais que sofreram consequências com a instalação lícita de hidrelétrica. [mas
material sim]

STJ REsp 1.373.788-SP, 2014, Info 544 – Responsabilidade objetiva pelo risco integral
de pessoa que coloca lixo tóxico ao céu aberto expondo a risco aqueles que manuseiam
o lixo.

STJ, AgRg no REsp 1.365.277-RS, 2014 – Prescrição para cobrança do dano privado
tem como termo inicial o conhecimento do dano e da autoria. Dano decorrente de
tratamento dos postes que contamina lençóis freáticos é dano ao consumidor
(bystandards), podendo ser usado diretamente o prazo do CDC.

O dano privado, individual, é prescritível, porque é dano em ricochete. O Dano


ambiental público (direito difuso) é imprescritível. – Posição clássica do STJ.

STF, TEMA 999, 2020 – É imprescritível a pretensão de reparação civil por dano
ambiental. Esse caso era de um dano ocorrido ANTES DA CF eo STF entendeu que
mesmo para atos anteriores a 1988 aplica-se a imprescritibilidade e não o prazo de 5
anos de Ação Popular.

Não é dano moral in re ipsa, precisa provar o dano material e moral.

Há dano moral coletivo (reparação coletiva) mas esse em regra é prescritível. Apenas
será imprescritível nos casos em que for dano difuso, à toda a coletividade,
considerando-se a extensão do dano. Não precisa haver abalo psíquico ou dor, basta a
violação objetiva dos direitos da personalidade e coletivos.
OBS: Ecocídio (Valérie Cabanes): interpretação ampliada dos crimes contra
humanidade, para abarcar os crimes ambientais que atingem as pessoas de modo difuso.
Por isso, pode haver a jurisdição do TPI sobre causas ambientais porque seriam crimes
contra a humanidade. Os precedentes da utilização desse termo foi o uso pelo
americanos do agente laranja na Guerra do Vietnã.
A procuradoria do TPI faz uma interpretação extensiva para abranger no termo a
devastação da Amazônia, emissão de gases na atmosfera, rompimento de barragens e
rejeitos de mineração. O passo mais recente para a persecução criminal daqueles, fora
do contexto de guerra, ocorreu em setembro de 2016, quando o Escritório da Promotoria
do TPI reconheceu a possibilidade de cooperar com os países signatários do Estatuto de
Roma na eventual apuração de delitos ambientais10. Não é, entretanto, uma adesão
formal do ecocídio à competência da Corte
REsp 1.107.219-SP, STJ, 2010 - A tutela ambiental é de natureza fungível, de modo que
a área objeto da agressão ambiental pode ser de extensão maior do que a referida na
inicial e, uma vez que verificada pelo conjunto probatório, não importa julgamento
ultra ou extra petita.
Sumula 629 STJ! - Admite-se a condenação simultânea e cumulativa das obrigações
de fazer, de não fazer e de indenizar na reparação integral do meio ambiente.

É sempre cumulável obrigação de fazer com obrigação de pagar pelo período em que o
meio ambiente ficou desmatado. Também é cumulável com dano moral. Reparação é
gênero do qual são espécies, em ordem de preferência: (i) restauração ao estado
anterior; (ii) compensação por equivalente; (iii) indenização em pecúnia.

Essa discussão surgiu pela prevalência do princípio da restitutio in integrum, e a lei da


ação civil pública usa conjunção alternativa, fala em “ou” (art. 3º), que virou aditivo
pela interpretação sistemática e teleológica da lei. Pode ser cumulada recomposição
com dano moral coletivo, reflorestamento com pagamento por danos materiais.

Dano ambiental é multifacetário (ética, temporal, ecológica e patrimonialmente


falando, sensível ainda à diversidade do vasto universo de vítimas, que vão do indivíduo
isolado à coletividade, às gerações futuras e aos próprios processos ecológicos em si
mesmos considerados).

Se a reparação for imediata não cabe indenização, em regra REsp 1.328.753-MG STJ,
2013, mas pode ser condenada nos casos em, no futuro, se verifica que aquela
recomposição não foi suficiente para colmatar todas as facetas do dano ambiental, que
há um dano reflexo.

Reparação integral engloba:

Degradação transitória – o tempo que fica sem recompor, entre o dano e a recuperação
natural.

Degradação remanescente – aquela que perdura, ainda que haja a recomposição, ex:
extinção de alguma espécie ou poluição do lençol freático, radioatividade.

Dano moral coletivo – também deve estar incluído na indenização.


Mais-valia ecológica ilícita – é o enriquecimento ilícito do poluidor com a poluição, o
proveito econômico que teve com a degradação.

STJ, 2018 – Assinatura de TAC com órgão ambiental (esfera administrativa) não
impede ajuizamento de ação penal pelo MP, pela independência de esferas. O TAC é
proteção mínima.
MPF 4 CCR Enunciado 7 - O MPF tem atribuição para atuar, na área cível, buscando a
prevenção ou reparação de danos ambientais decorrentes da atividade de mineração,
quando:
a) o dano, efetivo ou potencial, atingir bem do domínio federal ou sob a gestão/proteção
de ente federal, tais como unidades de conservação federais e suas respectivas zonas de
amortecimento, rios federais, terras indígenas, terrenos de marinha, bens tombados pelo
IPHAN e seu entorno, sítios arqueológicos e pré-históricos, cavidades naturais
subterrâneas;
b) o dano, efetivo ou potencial, atingir mais de uma unidade da federação ou países
limítrofes;
c) o licenciamento ambiental da atividade se der perante o IBAMA; ou
d) for possível responsabilizar a União, o DNPM, o IBAMA, o ICMBio, o IPHAN ou
outro ente federal pela omissão no dever de fiscalização da atividade.
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (L. 9985/00)
Um dos deveres do poder público determinados pela CR/88 é a determinação de
espaços territoriais especialmente protegidos, que podem ser criados por lei ou ato mas
só podem ser suprimidos por lei.
Art. 225 §1º CF
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
ADI 4717/DF, 2018, Informativo 896 do STF - Impossibilidade de diminuição ou
supressão ou recategorização de espaços territoriais especialmente protegidos por meio
de medida provisória. Requisitos de urgência e relevancia não estão presentes,
necessidade de participação popular. Lei em sentido formal. Proteção deficiente do MA.
1. Conceito de Unidade de conservação (UC)
Lei. 9985/00 Art. 2° Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo
Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção
Para que servem os espaços protegidos? Para proteger os biomas e biodiversidade.
Tem precedentes na reserva de Yellowstone, que tinha como objetivo manter a
biodiversidade mas com caráter antropocêntrico, para o uso pelo homem.
No Brasil, os primeiros foram Parque Nacional de Itatiaia (1937) e o Parque Nacional
de Iguaçu (1939), em Foz do Iguaçu.
2. Classificação
a) Unidades de Proteção Integral (art. 8° SNUC): [EEREBIPANAMONAREVIS]
 Estação Ecológica;
o Tem domínio e posse públicos.
o Não precisa de consulta pública para criar
o Só pode visitação para fins educacionais.
 Reserva Biológica;
o Tem domínio e posse públicos.
o Não precisa de consulta pública para criar.
o Só pode visitação para fins educacionais
 Parque Nacional;
o Tem domínio e posse públicos.
 Monumento Natural;
 Refúgio de Vida Silvestre;
São as que só admitem uso indireto dos recursos naturais, ou seja, não envolve
consumo, coleta ou dano (art. 7º§1° L. 9.985/00).
OBS: As unidades de conservação em áreas privadas não configuram desapropriação
indireta (demanda a retirada da posse), mas sim limitação administrativa, que só
implica em indenização se retirar total ou parcialmente o conteúdo econômico do bem
(interdição do uso da propriedade). O prazo prescricional para reclamar indenização
pela limitação administrativa é de 5 anos, enquanto que o prazo para reclamar
desapropriação indireta é de 10 anos.
STJ, 1 TURMA, 2020 – Se o proprietário ajuíza ação de desapropriação indireta
quando na verdade era limitação administrativa, estando dentro do prazo de 5
anos, o juiz deve julgar o mérito e não extinguir sem resolução, pelo principio da
instrumentalidade das formas.
OBS2: POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM UNIDADES DE PROTEÇÃO
INTEGRAL
Artigo 42 da L. 9985/00 e art. 39 do Dec.4340/2002 determina a realocação das
comunidades tradicionais. Porém o art. 16 da Convenção 169 da OIT afirma que esta
deve ser a última opção (pode ser precedida de desafetação, de recategorização de dupla
afetação). Assim, faz-se juízo de convencionalidade e constitucionalidade para que se
garanta a sobrevivência das culturas tradicionais (at. 68 ADCT)
MPF 6 CCR Enunciado 25 - Os direitos territoriais dos povos indígenas,
quilombolas e outras comunidades tradicionais têm fundamento constitucional
(art. 215, art. 216 e art. 231 da CF 1988; art. 68 ADCT/CF) e convencional
(Convenção nº 169 da OIT). Em termos gerais, a presença desses povos e
comunidades tradicionais tem sido fator de contribuição para a proteção do meio
ambiente. Nos casos de eventual colisão, as categorias da Lei 9.985 não podem
se sobrepor aos referidos direitos territoriais, havendo a necessidade de
harmonização entre os direitos em jogo. Nos processos de equacionamento
desses conflitos, as comunidades devem ter assegurada a participação livre,
informada e igualitária. Na parte em que possibilita a remoção de comunidades
tradicionais, o artigo 42 da Lei 9.985 é inconstitucional, contrariando ainda
normas internacionais de hierarquia supralegal.
Enunciado 22 - Em casos de sobreposição territorial entre comunidades
tradicionais e/ou unidades de conservação, é necessária a realização de estudo
antropológico para contextualizar a dinâmica sociocultural.
Caso CORTE IDH – POVOS KALINA LOKONO X SURINAME – falou
sobre dupla afetação
OBS3: Conselho consultivo: UPI TODAS TEM. Nas UUS: RPPN não tem. Reserva
extrativista e de Desenvolvimento sustentável tem conselho DELIBERATIVO. Reserva
de fauna e Área de Relevante Interesse Ecológico: facultativo.
b) Unidades de Uso Sustentável (art. 14 SNUC)
 Area de Proteção Ambiental
o importantes para a qualidade de vida e o bem- RESERVA LEGAL é como se fosse
estar das populações humanas, e tem como UUS.
objetivos básicos proteger a diversidade APP é como se fosse UPI.
biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos Nenhuma delas é UC de verdade.
naturais. (art. 15 SNUC)
 Área de Relevante Interesse Ecológico - pequena
 Floresta Nacional
o Tem domínio e posse públicos.
o Pode ter concessão de uso às comunidades tradicionais (tutela do
meio ambiente cultural)
 Reserva Extrativista
o Pode ter concessão de uso às comunidades tradicionais
o Tem domínio e públicos.
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável
o Pode ter concessão de uso às comunidades tradicionais
o Tem domínio públicos.
 Reserva de Fauna
o Tem domínio públicos
 Reserva Particular do Patrimônio Natural.
o Só em área particular.
o Perpetuidade
o Recreação, turismo, educação, pesquisa.
Permitem o uso direto dos recursos naturais, mas de forma sustentável (art. 7º§2° L.
9985/00).
Podem haver outros espaços atípicos estaduais ou municipais, a critério do CONAMA
(art. 6° §único).
OBS: Pantanal e planícies pantaneiras são Áreas de Uso Restrito, no qual pode haver
exploração ecologicamente sustentável. É vedada a conversão de novas áreas, exceto
por utilidade pública e interesse social. A supressão de vegetação nativa deve ser
autorizada pelo órgão estadual de fiscalização (arts 10 e 11 da L. 12.651/12 – Cod.
Florestal). Tambem é patrimônio nacional (art. 225 §4º CF)
OBS2: Apicuns e salgados (mangues e áreas salgadas) (art. 11-A da L. 12.651/12) são
patrimônio nacional mas não significa que são bens da União. Não atraem a
competência automática da JF.
OBS3: APA E RPPN são exceções para: zona de amortecimento (únicas UC que não
tem, art. 25 SNUC); pesquisa científica com aprovação previa do órgão que administra
(não precisam de aprovação prévia, art. 32 §2° SNUC)
3. Organização do SNUC (art. 6° L. 9985/00)
Se aproxima da organização do PNAMA.
a) Órgão consultivo e deliberativo – CONAMA
o Acompanha a implementação do sistema
b) Órgão central – Ministerio do Meio Ambiente
o Coordena o sistema
c) Órgãos executores: ICMBio e IBAMA (supletivo) e órgãos municipais e
estaduais.
o Implementa o sistema, subsidia as propostas de criação e administra as
UC em suas respectivas áreas de atuação.
4. Requisitos para criação
 Lei ou ato normativo
 Estudos técnicos
 Consulta pública
o Não é deliberação pública, não há votação, mas discussão.
o Parecer do conselho consultivo não equivale a consulta pública.
o Exceções: EEREBI (Estação ecológica e Reserva Biológica)
5. Limitação administrativa provisória
Pode ser criada por até 7 meses, improrrogáveis (art. 22-A) para não desnaturar a razão
de ser da unidade de preservação enquanto são feitos os estudos técnicos para a criação
da UC. Exceção à limitação: atividade agropecuárias, atividades econômicas em
andamento e obras públicas licenciadas.
6. Alteração e supressão de UC
ADI 4717/DF, 2018, Informativo 896 STF – Inconstitucionalidade de MP que diminui
ou suprime UC, por ausência dos requisitos de urgência e relevância e materialmente
porque feriu, no caso, o principio da vedação ao retrocesso (atingiu o núcleo essencial
de proteção do meio ambiente). Só é possível supressão por meio de lei formal (at. 225
§1° , III CF/88), questão ambiental é limite constitucional material implícito para
edição de MP. Julgamento com efeitos ex nunc.
OBS: A conversão da MP em lei não convalida vícios. Pode, portanto, o STF analisar
se seguiu os requisitos de relevância e urgência ainda que já tenha sido convertida.
Informativo 579 do STF - pode ser criada mais de uma UC através de um único
processo administrativo, desde que respeite os requisitos de cada uma delas.
7. Institutos paralelos às UCS
Zona de amortecimento (art. 25 SNUC): é o entorno de uma unidade de conservação,
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o
propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. Não tem ZA: APP E
RPPN
Outros: Corredor ecológico, mosaico de UC.
CÓDIGO FLORESTAL (Lei 12.651/12)
Protege não só florestas, como também outros biomas (cerrado, caatinga) e áreas
urbanas. As UC da Lei 9.985/00 são consideradas áreas rurais.
Um dos pontos polêmicos do Código foi o PRA (Programa de Regularização
Ambiental), que permitiu que aqueles que poluíram até o Decreto nº 6.514/2008, 22 de
jul de 2008, que determinou o procedimento para infrações administrativas ambientais,
pudessem, pela segurança jurídica, regularizar a situação e ficar isentos das penalidades
administrativas e criminais.
Houve também a consolidação de áreas usadas em APP e RL(arts. 61-A e 66). Para
APP, a Lei prevê algumas exigências de manter área mínima ao redor de olhos dagua,
curso dagua, lagoas e lagos.
Para a RL não precisa aderir ao PRA, basta escolher entre recompor a área de RL,
permitir a regeneração natural ou compensar (aquisição de cota de reserva ambiental,
arrendamento sob servidão ambiental, doação ao poder publico de área que esteja no
interior de UC, cadastramento de outra área em imóvel de sua propriedade no mesmo
bioma.)
 Requisitos do PRA:
CAR (cadastro ambiental rural) + Plano de regularização agrária + recompor toda a
vegetação
O STF afirmou ser constitucional o PRA e que durante o cumprimento dos termos a
prescrição não corre.
Pode haver códigos florestais estaduais e municipais, porque a competência para legislar
é concorrente e a material para proteger é comum. Mas as normas estaduais devem ser
mais protetivas, a lei federal é o piso mínimo.
1. Conceitos importantes (art. 3°)
IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente
a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris,
admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio.
O STF julgou constitucional a recomposição em níveis inferiores nessas áreas rurais
consolidadas.
VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de
benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos
produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo
sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;
A obrigação de demarcar, averbar e restaurar reserva legal é um dever jurídico de
natureza real, propter rem, e por isso acompanha a coisa independentemente de nexo ou
culpa do atual proprietário no desmatamento.
2. Limitações ao direito de propriedade
2.1 Área de Preservação Permanente (APP)
É uma área protegida, que pode ser criada por lei ou ato, com o objetivo de preservar a
paisagem, os recursos hídricos, estabilizar a biodiversidade. Ainda que seja devastada
continua sendo APP.
 Pode ser em área rural ou urbana
 Criada por lei ou ato.
 Não incide ITR
 Incide IPTU
 Em regra não pode sofrer intervenção
Pelo Código Florestal (art. 4º) são APPs:
 Margens de curso d’água - entre 30 e 500 metros, contados do leito regular.
 Entornos dos lagos naturais – faixa de 30 metros para zona urbana e 100 m para
zona rural.
o Exceção: lagos e rios naturais menores que 1 hectare– não precisa APP
mas não pode nova supressão de vegetação nativa.
o reservatórios artificiais que não são barramento de agua natural
 Entorno dos lagos artificiais (barramento) na faixa definida no licenciamento.
 Entorno as nascentes na faixa mínima de 50 metros.
 Restingas como fixadoras de dunas (e a próprias dunas).
 Manguezais
 Bordas de tabuleiros e chapadas – faixa mínima de 100 metros.
 Áreas mais altas que 1800 metros.
Por ato do executivo são criadas APPs quando declarado o interesse social, com
finalidade de (art. 6º):
 Conter erosão do solo.
 Proteger várzeas, restingas e veredas.
 Abrigar fauna e flora ameaçados.
 Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
 Proteger sítios de excepcional beleza, valor histórico, científico.
 Proteger faixas ao longo de rodovias e ferrovias.
 Auxiliar a defesa do território nacional
 Assegurar o bem-estar público.
Intervenção, supressão e responsabilidade
A vegetação deve ser preservada pelo proprietário, possuidor ou ocupante, porque é
obrigação propter rem o dever de recompor.
No entanto, pode ser removida a vegetação em casos excepcionais de:
 utilidade pública (art. 3º, VIII) ou
o O STF julgou inconstitucional a expressão “gestão de resíduos” e
“instalações necessárias à realização de competições esportivas
estaduais, nacionais ou internacionais”.
o Nascentes, dunas e restingas somente por utilidade publica
 interesse social (art. 3º, IX) ou
 baixo impacto ambiental (art. 3º, X).
 O STF entendeu deve também não ter alternativa técnica ou locacional para os
casos de utilidade publica e interesse social.
OBS: é possível a supressão sem autorização no caso de urgência, para atividade de
segurança nacional e defesa civil, prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.

2.2 Reserva Legal


É menos restritiva que a APP, busca o uso sustentável da propriedade rural e pode ser
criada por lei apenas.
 Área rural apenas
 Só pode ser criada por lei
 Não incide ITR
 Pode ter intervenção desde que sustentável (com ou sem comercio, se com
comercio precisa autorização do órgão ambiental)
 Registro no Cadastro Ambiental Rural (preferencialmente no órgão municipal
ou estadual), não precisa averbar no registro de imóveis.
Área mínima de reserva legal (art. 12):
 Áreas de floresta na Amazônia Legal 80%;
o Municipio pode reduzir pra 50% quando mais da metade do município
for ocupado por UC e terra indígena homologada.
o Estado pode reduzir pra 50% quando tiver Zoneamento Ecologico-
economico e 65% ocupado por UC e terra indígena homologada.
 Áreas de cerrado na Amazônia Legal 35%;
 Resto da Amazônia Legal 20%;
 Resto do país 20%.
Se a área estiver em vários desses critérios (ex: propriedade que parte está na área de
floresta e parte na área de cerrado): calcula proporcionalmente .
Não tem RL:
 abastecimento de água
 tratamento de esgoto
 áreas adquiridas para explorar energia hidrelétrica ou instalar as linhas de
transmissão
 Áreas adquiridas para rodovias e ferrovias. Obs: área não edificável de 5m para
rodovias de cada lado e 15m para ferrovias, Lei do Parcelamento do Solo.
PODE CALCULAR APP NA RL (ART. 15) desde que: (i) não importe em conversão
de novas áreas para uso, (ii) a área esteja recuperada ou em recuperação e (iii) haja
registro no CAR.
STJ, REsp 1646193/SP, 2020 - O art. 15 do Código Florestal não se aplica para
situações consolidadas antes de sua vigência (25 mai 2012). Não pode haver
retrocesso ambiental, se não era permitido não pode passar a permitir.
Art. 19. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei
municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de
Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do parcelamento do
solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação específica e consoante as
diretrizes do plano diretor de que trata o § 1º do art. 182 da Constituição Federal.
Só extingue a RL quando o perímetro urbano passar a englobar se houver o
parcelamento do solo para fins urbanos.
Quando a área envolver espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção ou
espécies migratórias, a supressão dependerá da adoção de medidas compensatórias e
mitigadoras que assegurem a conservação da espécie (art. 27)
REsp 1.356.207-SP, 2015 – (Usucapião e Reserva Legal) A averbação da reserva legal
no CAR é condição para o registro do imóvel no nome do proprietário que usucapir.
OBS: a área de reserva legal é retirada do cálculo da produtividade no caso de
desapropriação para fins e reforma agrária (não cumpre função social) DESDE QUE
haja a averbação da RL no CAR.
STJ Resp 1090607/SC , 2015 – Entendeu que nas demandas expropriatórias, é incabível
a indenização da cobertura vegetal componente de área de preservação permanente.
STF entendeu o contrário, mas o julgado é antigo – que cabe indenização sobre a APP
expropriada.
FLORESTAS PÚBLICAS (Lei 11.284/2006)
Essa lei perdeu o protagonismo depois o julgamento do Código Florestal.
Art. 3º, I - florestas públicas: florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos diversos
biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do
Distrito Federal ou das entidades da administração indireta;
As florestas públicas na verdade podem ser qualquer bioma protegido, natural ou
plantado, sob domínio de qualquer dos entes ou da administração indireta.
Podem ser concedidas mediante licitação:
 Apenas para pessoa jurídica constituída sob a lei brasileira e com sede no país
 Concessão onerosa
 Prazo determinado
 Licitação por concorrência
 Para praticar manejo sustentável
É vedada a inexigibilidade!
Art. 3°, VII concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do
direito de praticar atividades de manejo florestal sustentável, de restauração florestal
e de exploração de produtos e serviços em unidade de manejo, conforme especificado
no objeto do contrato de concessão, mediante licitação, à pessoa jurídica, em
consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado; (Redação dada pela Lei nº 14.590, de 2023)
Também podem ser criadas Reservas Extrativistas ou de Desenvolvimento Sustentável
para concessão de uso às comunidades tradicionais.
Art. 4o A gestão de florestas públicas para produção sustentável compreende:
I - a criação de florestas nacionais, estaduais e municipais, nos termos do art. 17 da
Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e sua gestão direta;
II - a destinação de florestas públicas às comunidades locais, nos termos do art. 6o
desta Lei;
III - a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as unidades de
manejo das áreas protegidas referidas no inciso I do caput deste artigo.
Novidades 2023:
 Plano plurianual de outorga florestal
o 4 anos, pode ser alterado na vigência.
o Proposto pelo órgão gestor e definido pelo poder concedente
o Determina as áreas que serão objeto de concessão florestal.
o Se tiver faixa de fronteira tem que ouvir o Conselho de Defesa Nacional
 Direitos que podem ser outorgados com a concessão:
o Acesso ao patrimônio genético para pesquisa!!! – antes era vedado
o Exploração de recursos pesqueiros e fauna
o Creditos de carbono
o Não pode outorgar direitos de: propriedade da terra, recursos hídricos,
mineração, exploração madeireira.
 Previu a inversão das fases da Nova Lei de licitações
 Previu exigência de seguro no edital, inclusive contra danos a terceiros
 Aplica-se subsidiariamente a Lei 8987 e 11079-ppp
Formas de extinção da concessão:
 - fim do prazo
 - rescisão pelo descumprimento da concessionária
 Ação judicial pelo descumprimento do poder concedente
 - Anulação
 - Desistência da concessionaria com anuência do concedente
LEI DE BIODIVERSIDADE (L. 13.123/2015)
1. Introdução
Essa lei protege o patrimônio genético do Brasil e o meio ambiente cultural, os
conhecimentos tradicionais dos povos e comunidades. O conhecimento pode ser
coletivo ou individual.
A lei não se aplica ao patrimônio genético humano, pois esse não pode ser explorado.
Ademais, o patrimônio genético brasileiro não pode ser usado para práticas nocivas ao
meio ambiente, à cultura e à saúde humana (arma biológicas, químicas etc).
Art. 225 §1°(...)
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar
as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
É ação administrativa da União (art. 7° da LC 140/11) gerir o patrimônio genético e o
acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais.
Proteção do conhecimento tradicional associado: precisa que seja relevante para
diversidade biológica e para integridade do patrimônio genético do país.
Condições in situ (art. 2°, XXV da L. 13.123/2015 ): o patrimônio genético está em
ecossistemas e habitats naturais. Inclui espécies domesticadas ou cultivadas de
populações espontâneas.
Condições ex situ (art. 2°, XXVII da L. 13.123/2015 ): o patrimônio genético é
mantido fora do seu habitat natural. Para ser protegido deve ser encontrado no território
nacional in situ.
2. Conceitos importante
Art. 2° (...)
a) Patrimônio genético (art. 2°, I)
Informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas ou espécies
de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo destes seres vivos;
b) conhecimento tradicional associado (art. 2°, II)
Informação ou prática de população indígena, comunidade tradicional ou agricultor
tradicional sobre as propriedades ou usos diretos ou indiretos associada ao patrimônio
genético
Não identificável é quando não se consegue rastrear uma comunidade que deu origem.
c) Comunidade tradicional (art. 2°, IV)
Grupo culturalmente diferenciado que se reconhece como tal, possui forma própria de
organização social e ocupa e usa territórios e recursos naturais como condição para a
sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando
conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição;
d) Consentimento prévio informado
Consentimento formal, previamente concedido por população indígena ou comunidade
tradicional segundo os seus usos, costumes e tradições ou protocolos comunitários.
OBS: Na convenção 169 da OIT há o conceito de consulta prévia e informada. O acesso
ao conhecimento tradicional depende de consentimento prévio informado.
e) Agricultor tradicional (art. 2°, XXXI)
Pessoa natural que utiliza variedades tradicionais locais ou crioulas ou raças localmente
adaptadas ou crioulas e mantém e conserva a diversidade genética, incluído o agricultor
familiar;
OBS: Alguns autores falam em diversidade BIOCULTURAL, uma visão integra que
coloca a diversidade de vida não apenas a diversidade biológica da natureza, mas
também a diversidade de modos de vida, de saberes, de culturas e conhecimentos
tradicionais. Aqui se insere a discussão sobre BIOPIRATARIA, quando sujeitos
alóctones se apropriam de conhecimentos tradicionais sem repartir de modo justo os
resultados, sem consentimento e sem participação das comunidades autóctones.
Relação com D civil: Marcas coletivas  prevista na LPI (Lei n. 9.279/1996), as MC
visam identificar serviços e produtos de membros específicos de uma instituição
coletiva, que pode ser uma cooperativa, um sindicato ou uma associação. São usadas
por algumas comunidades tradicionais para protegerem seu conhecimento tradicional
Direitos conexos – Lei de Direitos Autorais – é o direito do interprete ou executante de
uma obra autoral, não é o direito do autor propriamente dito, mas de quem utiliza como
reprodutor. Alguns usam esse termo para proteger direitos de comunidades porque elas
não possuem um autor especifico, mas são reproduzidas pela comunidade.
3. Acesso ao patrimônio genético
Art. 3° O acesso ao patrimônio genético existente no País ou ao conhecimento
tradicional associado para fins de pesquisa ou desenvolvimento tecnológico e a
exploração econômica de produto acabado ou material reprodutivo oriundo desse
acesso somente serão realizados mediante cadastro, autorização ou notificação, e
serão submetidos a fiscalização, restrições e repartição de benefícios nos termos e nas
condições estabelecidos nesta Lei e no seu regulamento.
Parágrafo único. São de competência da União a gestão, o controle e a fiscalização
das atividades descritas no caput, nos termos do disposto no inciso XXIII do caput do
art. 7o da Lei Complementar no 140, de 8 de dezembro de 2011.
Pessoa natural estrangeira NÃO PODE ter acesso ao patrimônio genético brasileiro ou
ao conhecimento tradicional (art. 11 §1°)
4. Repartição dos benefícios pelo uso econômico
Art. 17. Os benefícios resultantes da exploração econômica de produto acabado ou de
material reprodutivo oriundo de acesso ao patrimônio genético de espécies
encontradas em condições in situ ou ao conhecimento tradicional associado, ainda que
produzido fora do País, serão repartidos, de forma justa e equitativa, sendo que no
caso do produto acabado o componente do patrimônio genético ou do conhecimento
tradicional associado deve ser um dos elementos principais de agregação de valor, em
conformidade ao que estabelece esta Lei.
Os benefícios devem ser divididos de forma justa e equânime quando o patrimônio
genético ou o conhecimento tradicional associado for um dos elementos fundamentais
que agregam valor ao produto final.
 Os produtores intermediários da cadeia não precisam repartir os benefícios.
 Quando um único produto se utilizar do acesso a mais de uma origem genética
ou conhecimento tradicional, a repartição é uma só.
 Isentas da repartição:
o ME e EPP
o Agricultores tradicionais e cooperativas
 Fundo Nacional de Repartição de Benefícios – FNRB, vinculado ao Ministério
do Meio Ambiente com o objetivo de valorizar o patrimônio genético e os
conhecimentos tradicionais associados.
Aqueles que acessaram o patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado ou
que exploraram economicamente produto acabado oriundo desse acesso antes da edição
dessa lei devem se regularizar, com uma ou mais das ações:
 Cadastrar o acesso
 Notificar o produto acabado
 Repartir os benefícios
Deve firmar Termo de compromisso, exceto se for exploração com fins de pesquisa
científica, bastando o cadastro ou autorização da atividade.
BIOSSEGURANÇA – LEI 11.105/2005 – Protocolo de Cartagena da CDB
Questões interessantes:
1. ADI 3510/DF – PESQUISA COM CÉLULAS TRONCO
 A pesquisa com células tronco embrionárias excedentes não caracteriza aborto e
é constitucional.
 Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana.
 Células-tronco embrionárias inviáveis biologicamente ou para os fins a que se
destinam
 Liberdade de expressão científica.
CRIMES AMBIENTAIS (L. 9605/98)
 Todos os crimes ambientais são de ação penal pública incondicionada.
 Nos crimes de menor potencial ofensivo a transação penal só pode ocorrer após
a composição civil dos danos ambientais, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.
 A responsabilidade criminal é sempre subjetiva.
STJ CC 139.197/RS, 2017 - Para a responsabilização da CEF por dano ambiental
causado pela obra é imprescindível sua atuação na elaboração do projeto, mormente
em se tratando de direito penal que inadmite a responsabilidade objetiva. Não basta o
financiamento para responsabilizar criminalmente.
STF, Informativo 714 – FIM DA DUPLA IMPUTAÇÃO. É possível condenar pessoa
jurídica por crime ambiental, sem a pessoa física.
Insignificância nos crimes ambientais – é possível, desde que presentes os requisitos
de mínima ofensividade, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Devem ser analisadas condições subjetivas do caso.
STJ, AgRg no AREsp 1793949/RN, 2021 - Mesmo quando a conduta tenha ocorrido
durante o período de defeso, reconhece-se a sua insignificância, se não houve
utilização de petrechos proibidos OU não houve apreensão de pescado no momento
do flagrante.
X
STF 1 TURMA, HC 122560/SC, 2018 O princípio da bagatela não se aplica ao crime
previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98 (pesca ilegal)
HC em crimes ambientais – só é cabível para pessoas físicas. Cumpre salientar, em
relação ao HC em favor de pessoa jurídica, que para o STJ há possibilidade, desde que
esteja em litisconsórcio com pessoa física, mas para o STF não é cabível, pois o HC
tutela a liberdade de locomoção e a pessoa jurídica não tem capacidade de locomoção.
Sursis da pena - Suspensão condicional da pena nos crimes ambientais é para crimes
com pena máxima de 3 anos (no código penal é 2 anos).
2. Penas aplicáveis às pessoas Jurídicas
a) Multa
b) Restritiva de direitos
 I - suspensão parcial ou total de atividades;
o Quando não obedecerem as disposições legais relativas ao meio
ambiente
 II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
o Quando funcionar sem autorização
 III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter
subsídios, subvenções ou doações.
o Prazo de 10 anos.
c) Prestação de serviços a comunidade
 I - custeio de programas e de projetos ambientais;
 II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
 III - manutenção de espaços públicos;
 IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas
d) Liquidação forçada - Se a PJ for utilizada preponderantemente para permitir,
facilitar ou ocultar crimes ambientais. O patrimônio vai para o Fundo
Penitenciário Nacional.
3. Penas aplicáveis Às Pessoas Físicas
a) Pena privativa de liberdade
b) Penas restritivas de direitos (não tem limitação fds nem perda de bens)
 I – Prestação de serviços à comunidade
 II – interdição temporária de direitos
o Proibição de contratar ou receber benefícios, participar de
licitações por 5 anos se o crime for doloso e 3 anos se for
culposo.
 III – suspensão parcial ou total das atividades
 IV – prestação pecuniária
o Entre 1 e 360 SM
o Em benefício da vítima ou entidade publica ou privada
o É deduzida do valor da reparação civil
 V - recolhimento domiciliar
o Autodisciplina e senso de responsabilidade
o Deve estudar ou trabalhar
4. Competência
Em regra a competência é da justiça estadual. Mas se estiver nas hipóteses do art. 109
da CF é da JF. Alguns casos interessantes de competência da JF:
a) crime de descarte de resíduos tóxicos em rio que corta mais de um Estado
Competência da JF, por causar dano a mais de um Estado.
b) Liberação de OGMO na natureza
Organismos geneticamente modificados refletem a política agrícola nacional.
c) Manter em cativeiro espécies em extinção.
d) Contrabando de animais silvestres (transnacionalidade).
 Enunciado 58 4 CCR - O Ministério Público Federal tem atribuição
para atuar em procedimento instaurado para averiguar a prática dos
crimes previstos nos artigos 296, §1º, inciso III, do Código Penal e 29,
§1º, inciso III, da Lei nº 9.605/1998 (adulteração de anilhas e
manutenção de pássaros em cativeiro sem licença ou autorização),
pois existe interesse federal no monitoramento da atividade de criador
amador no País, haja vista a manutenção, pelo Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de sistema
para o controle da criação de pássaros silvestres por cidadãos (Sispass),
restando configurada a competência federal, nos termos do artigo 109,
IV, da Constituição Federal.
 Enunciado 57 4 CCR - Tem atribuição o Ministério Público Federal
para atuar em procedimentos judiciais e extrajudiciais instaurados para
apurar suposta inserção de dados falsos no sistema de controle de
produtos florestais via DOF (Documento de Origem Florestal),
considerando tratar - se de documento público federal, cujo sistema é
mantido, administrado e de responsabilidade do IBAMA.
 Enunciado 62 4 CCR - A persecução penal dos crimes decorrentes da
inserção de informações ideologicamente falsas no Sistema de
Comercialização e Transporte de Produtos Florestais - Sisflora,
gerido e operacionalizado por órgão estadual, previstos nos artigos 46 da
Lei nº 9.605/98 e 299 do Código Penal, é da atribuição do Ministério
Público Federal QUANDO VERIFICADA, na cadeia de venda das
empresas, a existência de transações interestaduais ou transnacionais

e) Crime em área que depois passa a integrar UC federal.


f) APP na margem de rio federal (STJ - CC 55130).
g) Extração de minério sem autorização da União ainda que em área privada
(STJ - CC 22.975 e 116.477).
h) Crime em zona de amortecimento em UC federal
Ofende direito direto e específico da União.
i) Pesca sem autorização em área adjacente a UC federal.
j) Desmatamento e área particular vizinha a UC federal.
k) UC estadual mas administrada pela União.
l) Crime em mar territorial.
OBS: O fato de ser patrimônio nacional ou ter a atuação do IBAMA OU INCRA não
necessariamente torna competente a JF, é preciso que envolva interesse relevante da
União ou bem da União (ex: agrotóxicos pulverizados em assentamento do INCRA a
competência é da Justiça Estadual; transporte de madeira sem autorização do IBAMA).
OBS: STJ REsp 1.417.279-SC, 2015 - No caso do art. 54, de crime de poluição que
resulte dano à saúde é imprescindível laudo pericial que demonstre o dano à saúde.
OBS2: STJ REsp 1.639.723PR,2017 (Info 597) [polemica] – o crime de edificação em
local proibido (art. 64) absorve o crime de destruição de vegetação (art. 48)
OBS3: STF HC 89878/SP, 2010 – concurso de crimes do art. 2º da Lei 8.176/91
(usurpar bens pela exploração não autorizada) e 55 da Lei 9.605/98 (extrair recursos
minerais sem autorização).
5. Circunstâncias para gradação da pena
 a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências
para a saúde pública e para o meio ambiente;
 os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse
ambiental;
 a situação econômica do infrator, no caso de multa.
6. Atenuantes
 I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
 II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano,
ou limitação significativa da degradação ambiental causada;
 III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação
ambiental;
 IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle
ambiental.
7. Agravantes
 I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
 II - ter o agente cometido a infração:
o para obter vantagem pecuniária;
o coagindo outrem para a execução material da infração;
o afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o
meio ambiente
o Domingo e feriado.
o Outros [VER ART. 15]
8. JURISPRUDÊNCIA
STJ, 2020 – Os crimes do artigos 54 e 56 são permanentes, portanto a prescrição
começa da cessação.
STJ, REsp 1805706/CE, 2021 - O proprietário do veículo apreendido em razão de
infração de transporte irregular de madeira não titulariza direito público subjetivo de ser
nomeado fiel depositário do bem, cabendo à Administração Pública a adoção das
providências dos arts. 105 e 106 do Decreto Federal n. 6.514/2008, em fundamentado
juízo de oportunidade e de conveniência
STF, ADPF 747 MC, 2020 - É inconstitucional a revogação de Resolução do Conama
que protegia o meio ambiente sem que ela seja substituída ou atualizada por outra que
também garanta proteção. Retrocesso ambiental. Proteção deficiente.
STJ, REsp 1532719/MG, 2020 - Área consolidada já degradada de RL até 2008, pode:
compensar, recompor ou permitir a regeneração. A compensação pode se dar por: cota
de reserva ambiental (já tem área de RL excedente em outro lugar), arrendamento de
área como servidão ambiental, doação da área para o poder publico quando estiver
dentro de UC de domínio publico, cadastramento de área equivalente. Tais medidas
precisam que a área seja a mesma e que seja no mesmo BIOMA. Se fora do Estado,
precisa ser área prioritária. (art. 66 e §5º COD florestal)
STJ, REsp 1612887/PR,, 2020 - O erro na concessão de licença ambiental não configura
fato de terceiro capaz de interromper o nexo causal na reparação por lesão ao meio
ambiente
STF, ADI 5996, 2020 - É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais
para desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos
STJ, REsp 1802754/SP, 2020 - O cumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta
deve ser regido pelo Código Florestal vigente à época da celebração do acordo. O STJ
consolidou o entendimento de que o novo Código Florestal não pode retroagir para
atingir o ato jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada.
STJ, REsp 1784755/MT, 2020 - O transporte em quantidade excessiva de madeira, não
acobertada pela respectiva guia de autorização, legitima a apreensão de toda a
mercadoria. . Nesse sentido, a gravidade da conduta de quem transporta madeira em
descompasso com a respectiva guia de autorização não se calcula com base no referido
quantitativo em excesso. Sobredita infração compromete a eficácia de todo o sistema de
proteção ambiental, seja no tocante à atividade de planejamento e fiscalização do uso
dos recursos ambientais, seja quanto ao controle das atividades potencial ou
efetivamente poluidoras, seja no que diz respeito à proteção de áreas ameaçadas de
degradação. Logo, a medida de apreensão deve compreender a totalidade da mercadoria
transportada, apenando-se a conduta praticada pelo infrator e não apenas o objeto dela
resultante.
STF, ADPF 516, 2018 - Inconstitucional lei municipal que proíbe o transporte de
animais vivos no Município
STF, ADI 4988, 2018 - É inconstitucional formal e materialmente lei estadual que prevê
a supressão de vegetação em APP para a realização de atividades exclusivamente de
lazer.
STF, ADI 2303, 2020 - É inconstitucional lei estadual que exercendo competência
concorrente apenas remete o regramento do cultivo comercial e das atividades com
organismos geneticamente modificados à regência da legislação federal. A lei estadual
deve complementar a norma geral, a simples remissão configura renúncia de
competência constitucional.
STJ, REsp 1602106/PR , 2017 - No caso, inexiste nexo de causalidade entre os danos
ambientais (e morais a eles correlatos) resultantes da explosão do navio Vicuña e a
conduta das empresas adquirentes da carga transportada pela referida embarcação.
ENUNCIADOS 4 CCR – TUTELA COLETIVA

1 - PROCESSUAL
 AUTUAÇÃO
Numeração Ementa Enunciado

Enunciado Decisões sujeitas à As promoções de arquivamento e


nº1- 4ªCCR revisão pela 4ª CCR. outras decisões sujeitas à revisão
Correta autuação para pela 4ª Câmara de Coordenação e
fins de registro e Revisão – Meio Ambiente e
controle. Patrimônio Cultural – devem estar
contidas em regular procedimento,
devendo ser previamente autuadas,
mesmo como Notícia de Fato,
possibilitando assim o adequado
registro e controle.
(Consolidação do Enunciado nº 3 – 4ª
CCR, de 17 de setembro de 2013, e
do Enunciado nº 12 – 4ª CCR, de 18
de outubro de 2011.)

Enunciado Inquéritos Civis e Nas portarias de instauração de


nº2- 4ªCCR Procedimentos procedimentos preparatórios e
Preparatórios. Portaria inquéritos civis, em matérias
de Instauração. ambiental e de patrimônio cultural,
Temas/assuntos devem constar a câmara revisora e o
CNMP. tema objeto de apuração conforme
tabela unificada de temas/assuntos
do CNMP.

(Adequação do Enunciado nº 27 –
4ªCCR, de 11 de fevereiro de 2014.)

 COMPETÊNCIA
Numeração Ementa Enunciado

Enunciado Patrimônio Cultural. A inexistência de tombamento


nº3- 4ªCCR Atuação do Ministério não caracteriza a ausência de
Público Federal na valor cultural, uma vez que o
preservação de bens tombamento tem valor meramente
culturais. Ausência de declaratório quanto a este
tombamento. aspecto. Assim, mesmo na
ausência de tombamento, deve o
Ministério Público Federal atuar
para a preservação do bem,
inclusive, se necessário, através
da propositura de ação judicial
que declare o seu valor cultural.

(Adequação do Enunciado nº 9 –
4ª CCR, de 3 de setembro de
2009.)

Enunciado Patrimônio Cultural. A inexistência de tombamento


nº4- 4ªCCR Atribuição do Ministério federal, por si só, não configura
Público Federal na fundamento para justificar o
preservação do declínio de atribuições para o
patrimônio cultural. Ministério Público Estadual, pois
o tombamento é ato apenas
declaratório do valor cultural e
pode ser realizado por todas as
esferas de poder.

(Adequação do Enunciado nº 10 –
4ª CCR, de 3 de setembro de
2009.)

Enunciado Atribuição do Ministério A atribuição é do Ministério


nº5- 4ªCCR Público Federal. Público Federal sempre que
houver ofensa a bem ou interesse
da União, independentemente do
órgão responsável pelo
licenciamento.
(Adequação do Enunciado nº 18 –
4ªCCR, de 12 de março de 2013.)

Enunciado Áreas de Proteção Obras ou atividades localizadas na


nº6- 4ªCCR Ambiental do Planalto APA do Planalto Central e na
Central e de APA de Petrópolis/RJ não
Petrópolis/RJ. atraem, por si só, a atribuição
Atribuição. federal.
(Adequação do Enunciado nº 19 –
4ª CCR, de 13 de agosto de 2013.)

Enunciado nº Atribuição do Ministério O MPF tem atribuição para atuar,


7- 4ªCCR Público Federal. na área cível, buscando a
Mineração. prevenção ou reparação de danos
ambientais decorrentes da
atividade de mineração, quando:

a) o dano, efetivo ou potencial,


atingir bem do domínio federal
ou sob a gestão/proteção de
ente federal, tais como unidades
de conservação federais e suas
respectivas zonas de
amortecimento, rios federais,
terras indígenas, terrenos de
marinha, bens tombados pelo
IPHAN e seu entorno, sítios
arqueológicos e pré-históricos,
cavidades naturais subterrâneas;

b) o dano, efetivo ou potencial,


atingir mais de uma unidade da
federação ou países limítrofes;

c) o licenciamento ambiental da
atividade se der perante o IBAMA;
ou

d) for possível responsabilizar a


União, o DNPM, o IBAMA, o
ICMBio, o IPHAN ou outro ente
federal pela omissão no dever de
fiscalização da atividade.
(Adequação do Enunciado nº 28 -
4ª CCR, de 1 de abril de 2014.)

Enunciado 57- Tem atribuição o Ministério


4ªCCR Público Federal para atuar em
procedimentos judiciais e
extrajudiciais instaurados para
apurar suposta inserção de
dados falsos no sistema de
controle de produtos florestais
via DOF (Documento de Origem
Florestal), considerando tratar - se
de documento público federal,
cujo sistema é mantido,
administrado e de
responsabilidade do IBAMA.

Enunciado 58- O Ministério Público Federal tem


4ªCCR atribuição para atuar em
procedimento instaurado para
averiguar a prática dos crimes
previstos nos artigos 296, §1º,
inciso III, do Código Penal e 29,
§1º, inciso III, da Lei nº 9.605/1998
(adulteração de anilhas e
manutenção de pássaros em
cativeiro sem licença ou
autorização), pois existe interesse
federal no monitoramento da
atividade de criador amador no
País, haja vista a manutenção,
pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), de sistema
para o controle da criação de
pássaros silvestres por cidadãos
(Sispass), restando configurada a
competência federal, nos termos
do artigo 109, IV, da Constituição
Federal.

Enunciado nº Degradação ambiental O Ministério Público Federal tem


59- 4ªCCR em assentamentos do atribuição para atuar em
INCRA. Atribuição do procedimento instaurado que visa
MPF. apurar possível degradação
ambiental em assentamentos do
INCRA, considerando a
caracterização do interesse federal
no feito, em conformidade com o
art. 109, I, da Constituição Federal.

Enunciado nº Desmatamento em Não é cabível o arquivamento de


60 - 4ª CCR assentamentos do procedimento instaurado para
INCRA. Arquivamento. apurar eventual desmatamento
de floresta nativa em
assentamentos do INCRA sem
autorização do órgão ambiental
competente, quando pela
dimensão da área desmatada
ficar evidenciado que seu uso
não é para subsistência e houver
nos autos indícios de autoria e
materialidade suficientes ao
oferecimento de denúncia ou à
propositura de ação civil pública,
visando a reparação do dano
ambiental provocado.

Enunciado nº Sistema de As informações extraídas do


61 - 4ª CCR Informações Sistema de Informações
Georreferenciadas - Georreferenciadas - SIGEO não
SIGEO. Insuficiência são suficientes para afastar a
das informações. atribuição do MPF no feito,
considerando que o sistema não
possui todos os dados sobre as
áreas federais existentes no País.
Necessário, portanto,
complementá-las com elementos
referentes à ocorrência ou não do
ilícito em área pertencente ou
protegida pela União, podendo-se
diligenciar o Incra, a SPU, o
Ibama ou o ICMBio.

Enunciado n° A persecução penal dos crimes


62-4ªCCR decorrentes da inserção de
informações ideologicamente
falsas no Sistema de
Comercialização e Transporte
de Produtos Florestais -
Sisflora, gerido e
operacionalizado por órgão
estadual, previstos nos artigos 46
da Lei nº 9.605/98 e 299 do
Código Penal, é da atribuição do
Ministério Público Federal
quando verificada, na cadeia de
venda das empresas, a existência
de transações interestaduais ou
transnacionais

 ATUAÇÃO EM GERAL
Numeração Ementa Enunciado

Enunciado Declínio de Atribuições. As promoções de declínio de


nº 8- 4ªCCR Encaminhamento de atribuição promovidas nas Notícias
Notícias de Fato, de Fato, Procedimentos
Procedimentos Preparatórios ou Inquéritos Civis,
Preparatórios ou que tratam de meio ambiente e
Inquéritos Civis à 4ª patrimônio cultural, devem ser
CCR para homologação submetidas à homologação da 4ª
da decisão de declínio Câmara de Coordenação e Revisão
de atribuições. - Meio Ambiente e Patrimônio
Tratamento prioritário na Cultural, nos autos originais, para
tramitação. exercício da função revisional e
terão prioridade na análise.

(Adequação do Enunciado nº 4 – 4ª
CCR, de 17 de setembro de 2013.)

Enunciado Notificação ao O representante deve ser


nº 9- 4ªCCR representante. comunicado quando houver
indeferimento de instauração de
inquérito civil, promoção de
arquivamento, promoção de
declínio de atribuição e celebração
de TACs.
(Adequação do Enunciado nº 14 –
4ª CCR, de 21 de novembro de
2012.)

Enunciado Interposição de recurso Quando o representante interpuser


nº 10- pelo representante. recurso em face da promoção de
4ªCCR Manifestação prévia do arquivamento o Membro oficiante
Membro oficiante. deverá previamente manifestar-se
acerca do seu teor.
(Adequação do Enunciado nº 15 –
4ª CCR, de 21 de novembro de
2012.)

Enunciado Promoção de A promoção de arquivamento


nº 11- arquivamento fundada na judicialização do feito
4ªCCR fundamentada na deve ser instruída com cópia da
judicialização do feito. respectiva petição inicial, de forma
Necessária a juntada de a se comprovar que o objeto do
cópia da petição inicial. procedimento foi integralmente
abordado.
(Adequação do Enunciado nº 17 –
4ªCCR, de 12 de março de 2013.)

Enunciado Observância da A existência de investigação


nº 12- independência entre as criminal, em matérias de meio
4ªCCR esferas cível e criminal ambiente e patrimônio cultural, não
na atuação em obsta a continuidade dos
procedimentos procedimentos extrajudiciais no
extrajudiciais vinculados âmbito cível, mesmo no caso de
à 4ª CCR. transação penal, sendo necessário
observar a independência entre
as esferas, sem prejuízo de que a
solução num feito possa autorizar o
arquivamento do outro.
(Adequação do Enunciado nº 29 -
4ª CCR, de 18 de dezembro de
2014.)

Enunciado Arquivamento de Considerando a indisponibilidade


nº 13- procedimento do direito ambiental, a instauração
4ªCCR extrajudicial específico de procedimento extrajudicial com
com fundamento na objeto mais abrangente, por si só,
existência de não justifica o arquivamento de
procedimento mais procedimentos extrajudiciais
abrangente sobre o específicos, devendo-se distinguir
tema. Impossibilidade. irregularidades pontuais de
políticas públicas em matéria
ambiental.
(Adequação do Enunciado nº 31 -
4ª CCR, de 10 de março de 2015.)

Enunciado Feito cível. Promoção de Considerando a unificação das


nº 55 - 4ª arquivamento de atribuições civil e criminal no
CCR procedimento cível. âmbito da 4ª CCR, na temática do
Necessidade de se Meio Ambiente e Patrimônio
demonstrar as ações Cultural, bem como em atenção ao
adotadas no âmbito Princípio da Eficiência, as
criminal com vistas à promoções de arquivamento dos
responsabilização do feitos cíveis deverão demonstrar as
infrator. ações adotadas no âmbito criminal,
com vistas à responsabilização do
infrator pelo fato investigado, ou
justificativa razoável para não o
fazer.

(Necessidade de se buscar mais


eficiência na atuação revisional da
4ª CCR)

 PA DE ACOMPANHAMENTO
Numeração Ementa Enunciado

Enunciado Arquivamento de Inquérito É admissível o arquivamento


nº 14- Civil com fundamento na do Inquérito Civil com
4ªCCR instauração de PA de fundamento na instauração de
Acompanhamento para o PA para o acompanhamento
Termo de Ajustamento de de Termo de Ajustamento de
Conduta. Admissibilidade. Conduta, porém, ao final,
Necessidade, contudo, de deverão os autos do PA ser
encaminhamento à 4ª CCR encaminhados à 4ª CCR para
para verificação do efetivo verificação do efetivo
cumprimento do cumprimento do TAC.
TAC. (Revogada pela Portaria
Nº 07/2018 - 4ªCCR) (Adequação do Enunciado nº
32 - 4ª CCR, de 18 de agosto
de 2015.)

Enunciado Arquivamento de Nos casos de arquivamento


nº 15- Procedimento Preparatório e de Inquérito Civil com
4ªCCR Inquérito Civil fundamentado fundamento na assinatura de
na assinatura de TAC e TAC e instauração de PA de
instauração de PA de acompanhamento, não há
acompanhamento. necessidade do
Desnecessidade de encaminhamento do Inquérito
encaminhamento à 4ª arquivado à 4ª CCR,
CCR (Revogada pela Portaria bastando a comunicação
Nº 07/2018 - 4ªCCR) por meio do encaminhamento
da Portaria de Instauração do
Procedimento Extrajudicial
arquivado e da minuta do
TAC.
(Adequação do Enunciado nº
33 - 4ªCCR, de 6 de julho de
2016.)
2 - DIREITO MATERIAL

 TAC
Numeração Ementa Enunciado

Enunciado Termo de Não devem ser firmados Termos de


nº 16- 4ªCCR Ajustamento de Ajustamento de Conduta que violem
Conduta. dispositivo legal, a exemplo dos que
Inviabilidade de visam a regularizar intervenções em
assinatura. Área de Preservação Permanente.

(Adequação do Enunciado nº 1 – 4ª
CCR, de 15 de dezembro de 2005.)

 OCUPAÇÃO DE DUNAS
Numeração Ementa Enunciado

Enunciado Solicitação de Resolução CONAMA 341/2003, em


nº 17- manifestação da relação ao uso e ocupação de dunas. As
4ªCCR Câmara acerca da consequências desse fato atingem,
derrogação da inclusive, os empreendimentos com
Resolução licenciamentos já concluídos à época da
Conama n.º 341. entrada em vigor da Resolução 369/2006.
As planícies de deflação integram o
campo de dunas e, como parte desse
ecossistema, possuem a devida proteção
jurídica.
Referencias: 1) MPF – PR/CE n.º
1.15.000.002476/2005-10; 2) MPF –
PR/CE n.º 0.15.000.000568/2002-78 e 3)
MPF – PR/CE n.º 0.081056.000273/99-56
– CE.
Adequação do Enunciado nº 5 – 4ª CCR,
de 4 de dezembro de 2008.)

 TESES JURÍDICAS DAS ADIs


Numeração Ementa Enunciado
Enunciado Teses jurídicas do MPF As teses jurídicas em ações
nº 18- em Ações Direta de diretas de inconstitucionalidade
4ªCCR Inconstitucionalidade. ajuizadas pelo Ministério Público
Observância. Federal, em questões relativas ao
meio ambiente e ao patrimônio
cultural, deverão ser observadas
nas proposições a respeito dos
respectivos temas.

(Adequação do Enunciado nº 20 –
4ª CCR, de 12 de novembro de
2013.)

ENUNCIADOS DE COORDENAÇÃO

Numeração Ementa Enunciado

Enunciado Controle de processos Os Ofícios do meio ambiente e


nº 19- judiciais relacionados patrimônio cultural deverão ter,
4ªCCR ao Meio Ambiente e obrigatoriamente, registro atualizado
Patrimônio Cultural no de todos os processos judiciais em
Ofício. trâmite.
(Adequação do Enunciado nº 7 – 4ª
CCR, de 9 de março de 2009.)

Enunciado Atividade econômica Toda e qualquer atividade


nº 20- de grande porte. econômica de grande porte, com
4ªCCR Riscos iminentes de riscos iminentes de impacto
impacto ambiental. ambiental, deve ser identificada
Atuação preventiva. com antecedência, a fim de
possibilitar uma atuação preventiva
na tutela do meio ambiente e do
patrimônio cultural.
(Adequação do Enunciado nº 13 –
4ª CCR, de 21 de novembro de
2012.)

Enunciado Notificação do Visando atender ao princípio da


nº 21- representante. publicidade, o representante deverá
4ªCCR ser comunicado quando houver
propositura de ação judicial e envio
de recomendações.
(Adequação da numeração do
Enunciado nº 14 – 4ª CCR., de 21
de novembro de 2012.)

Enunciado Ações Civis Públicas. As Ações Civis Públicas relativas


nº 22- Repasse do Custo do a meio ambiente e a patrimônio
4ªCCR Trabalho Técnico- cultural deverão contemplar, em
Pericial. atenção ao princípio do poluidor-
pagador, o repasse ao infrator de
todos os custos administrativos,
inclusive do trabalho pericial.
(Adequação do Enunciado nº 21 –
4ª CCR, de 12 de novembro de
2013.)

Enunciado Termos de Termos de Ajustamento de


nº 23- Ajustamento de Conduta que envolvam valores
4ªCCR Conduta. Valores monetários, ambientais ou sociais
Significativos. significativos devem ser
Audiência Púbica. precedidos de audiência pública.
(Adequação do Enunciado nº 22 –
4ª CCR, de 12 de novembro de
2013.)

Enunciado Termos de Os valores oriundos de termos de


nº 24- Ajustamento de ajustamento de conduta ou de
4ªCCR Conduta ou Acordos acordos judiciais não estão
Judiciais. Valores sujeitos à remessa obrigatória ao
Monetários. FDD – Fundo Federal de Defesa dos
Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), à luz do art.
Direitos Difusos. 13 e §§ da Lei da Ação Civil Pública
Remessa Não (Lei Nº 7.347/85). Constitui
Obrigatória. alternativa à remessa, a execução
de projetos no local do dano pelo
sistema da CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL, do FUNBIO, sem
prejuízo de outros.
(Adequação do Enunciado nº 23 –
4ª CCR, de janeiro de 2013.)

Enunciado Acordos. Os acordos deverão prever a


nº 25- vinculação dos empreendedores à
4ªCCR sua execução, eis que a obrigação
desses é de resultado.
(Adequação do Enunciado nº 24 –
4ª CCR, de 12 de novembro de
2013.)

Enunciado Termos de O Ministério Público Federal não


nº 26- Ajustamento de pode figurar como gestor nos
4ªCCR Conduta ou Acordos contratos de repasse de valores
Judiciais. Contratos de provenientes de termos de
Repasse. Vedação de ajustamento de conduta ou
Gestão pelo MPF. acordos judiciais, nos termos do
Enunciado 24-4ª CCR.
(Adequação do Enunciado nº 25 - 4ª
CCR, de 16 de fevereiro de 2016.)
Enunciado Termos de Na seleção de projetos a serem
nº 27- Ajustamento de beneficiados por valores
4ªCCR Conduta ou Acordos provenientes de termos de
Judiciais. Seleção de ajustamento de conduta ou acordos
Projetos. judiciais, deverão ser prestigiados
aqueles que mais se relacionem
com a natureza e local do dano,
que deu origem aos recursos, além
da qualidade técnica do projeto,
sendo conveniente que se busque
contrapartida dos entes
proponentes.
(Adequação do Enunciado nº 26 –
4ª CCR, de 12 de novembro de
2013.)

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