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Janaina Mascarenhas
Sumá rio
PROCEDIMENTOS.........................................................................................................................3
PROCEDIMENTO COMUM............................................................................................................5
PROCEDIMENTO ESPECIAL - CRIMES DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO..............................................20
PROCEDIMENTO DO JÚRI...........................................................................................................22
TEORIA DA PROVA......................................................................................................................35
2023
PROCEDIMENTOS
De acordo com o art. 394 do CPP há dois procedimentos no processo penal: o comum e
o especial. O comum se divide em Ordinário, sumário e sumaríssimo.
Procedimento
comum
Art.394 §1º CPP
OBS: Lei Maria da Penha não cabe o rito sumaríssimo, para crimes nem para
contravenções, apesar de a própria lei apenas falar em “crimes”.
OBS2: Os juizados da justiça federal não julgam contravenções, ainda que contra bens
da União e sua entidades.
Procedimento
especial
Art.394 §2º CPP
OBS3: Estatuto do Idoso aplica o rito sumaríssimo para crimes com pena máxima ate
4 anos, mas não aplica os institutos despenalizadores.
OBS4: LEI 14344/22 sobre violência doméstica contra crianças e adolescentes prevê
que nos crimes do contra elas não se aplica a lei 9.099/95. Discussão sobre se seria só os
crimes do ECA (a previsão está no ECA) ou se qualquer crime contra criança e
adolescente, como por exemplo lesão.
OBS: Lei de abuso de autoridade (L 13.869/2019) aplica no que couber o rito ordinário
e sumaríssimo. Na lei anterior não se aplicava o sumaríssimo exceto contra militar.
PROCEDIMENTO COMUM
Havendo conexão entre crimes do procedimento comum e de procedimento especial,
prevalece o procedimento comum, porque esse é mais abrangente (ex: tráfico e roubo).
A regra é manter o procedimento que permite a maior faculdade de defesa. Se for menor
potencial e crime comum conexo, vai pro comum mas respeita a possibilidade de sursis,
transação etc.
Tal previsão está na própria Lei dos Juizados e também se depreende da previsão que
havendo necessidade de citação por edital, remete ao juízo comum, mas isso não retira o
direito aos benefícios despenalizadores. Outro exemplo: menor potencial ofensivo
eleitoral aplica transação, ainda que seja no juízo comum eleitoral. O que é indisponível
é o procedimento.
STJ, 2017 – Não cabe multa por litigância de má-fé no processo penal, por falta de
previsão legal. STF DIVERGE.
Diferença do sumário para o ordinário: sumário é menor que 4 anos a pena máxima.
Prazo para audiência é 30d, ordinário é 60d. Sumario são 5 testemunhas, ordinário são
8.
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir
a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. (Redação
dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
STJ entende que o recebimento ocorre, observando os requisitos do art. 395, abrindo
prazo para resposta do réu. Nesse momento há interrupção da prescrição. Após a
resposta, o juiz pode rever o recebimento, observando o art. 395, bem como o art. 397,
que refere-se a absolvição sumária. Assim, o STJ adota a tese do duplo recebimento.
No caso de citação por edital o prazo para a resposta só corre do momento do
comparecimento do réu ou de defensor constituído. Se não comparecer nem constituir
advogado ocorre a suspensão do processo e do prazo prescricional (art. 366).
STF, INQ 4112, 2016 – Se aplica ao processo penal o art. 229 do CPC que determina
prazo em dobro quando os autos não forem eletrônicos e houver vários patronos e réus.
1.2 Citação
É o ato processual pelo qual o réu compõe a relação jurídica processual. A partir da
citação o réu pode apresentar a defesa técnica, que é indisponível. A citação não
interrompe a prescrição (diferente do processo civil), mas sim o recebimento da
inicial. Se for juízo absolutamente incompetente não interrompe.
No mesmo território de jurisdição: por mandado, oficial de justiça. (art. 351 CPP)
Em território diferente: carta precatória (cooperação entre juízos) (art. 353 CPP)
No estrangeiro: Carta rogatória (art. 368 CPP) – suspende a prescrição até seu
cumprimento no estrangeiro.
STF Sumula 710 – No processo penal contam-se os prazos da data da intimação, e não
da juntada aos autos do mandato ou da carta precatória ou de ordem.
Ex: a carta rogatória suspende a prescrição até a citação, contada essa no dia do
cumprimento, não da juntada;
STF, Info 833, 2016 – É constitucional a citação por hora certa em processo penal. O
direito de autodefesa abrange o direito de não comparecer, ficando revel, mas não de
não ser citado.
1.2.3 Citação ficta por edital (art. 361, 365 e 366 CPP)
Se o réu não for encontrado ou não for sabido seu paradeiro, cabe citação por edital com
prazo de 15 dias.
TEMA 438 STF, 2021 - Em caso de inatividade processual decorrente de citação por
edital, ressalvados os crimes previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é
constitucional limitar o período de suspensão do prazo prescricional ao tempo de
prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o
processo permanecer suspenso
STJ Sumula 455 - A decisão que determina a produção antecipada de provas com base
no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando
unicamente o mero decurso do tempo.
STJ, 2018 – É possível a antecipação da colheita de prova testemunhal (art.
366 CPP) quando for policial, tendo em vista a relevante probabilidade de
esvaziamento da prova pela natureza da atuação profissional, marcada pelo
contato diário com fatos criminosos.
STJ, Info 549, 2014 – Pode ser deferida produção antecipada de prova testemunhal sob
o fundamento de que a medida seria necessária porque a testemunha exerce função de
segurança pública (perigo de lembranças falsas ou confusas)
STF Sumula 351 – É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
STF Sumula 366 – Não é nula a citação por edital que indica dispositivo da lei penal,
embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.
OBS: Citação por edital com advogado constituído na fase inquisitorial não precisa
suspender o processo no prazo do art. 366, porque já há advogado. [questão cespe
polemica]
1.2.4 Revelia
O único efeito é que o réu deixa de ser notificado dos atos do processo. Não gera
presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial.
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no
caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
Na resposta o réu poderá alegar tudo o que interesse, desde questões do mérito até teses
preliminares e pedir produção de provas. Não precisa descer às minúcias de todo o caso
logo na resposta à acusação, até por motivos estratégicos [teoria dos jogos de Alexandre
Rosa e o processo como jogo, Calamandrei].
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a
fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). [por isso suspende enquanto não aparece]
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste
Código.(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
STF Sumula 523 – No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo. para o réu.
Com base nessa súmula, alguns juízes devolvem o prazo para a defesa enfrentar
o mérito, alegando que a deficiência gera prejuízo, mas muitas vezes é estratégia
de defesa. É necessário analisar caso a caso o que é deficiência e o que é
estratégia.
A não apresentação de alegações finais não necessariamente Teoria dos jogos diz respeito à litigância
anula a sentença, porque pode ser absolutória. processual penal estratégica, entendendo
o processo como um jogo dinâmico de
OBS: Exceção de precognição (defesa prévia): só é prevista em informações incompletas. Serve para
alguns procedimentos especiais, por isso os tribunais não aceitam escolher estratégias e táticas específicas. É
uma teoria pragmática.
que ela seja obrigatória no procedimento comum. Não é
cerceamento de defesa, o juiz aceita ou rejeita a denúncia antes de Dilema do prisioneiro – a melhor decisão
qualquer defesa do réu. Segundo a tese majoritária, a resposta à individual impede o melhor resultado
coletivo.
acusação do procedimento comum não é exceção de precognição,
porque o recebimento da inicial ocorre antes, no mesmo momento da citação. A
doutrina minoritária entende que o recebimento ocorre apenas depois da resposta (que
seria defesa prévia) no momento que marca audiência de instrução e julgamento (art.
399 CPP).
OBS2: Réplica do MP, art. 409 CPP: parte da doutrina sustenta a aplicação por
analogia do art. 409 do rito do júri, que prevê a oitiva do MP após a defesa, quanto aos
documentos e preliminares. Baseia-se na ideia da não surpresa.
É um juízo de certeza e por isso o juiz DEVE absolver. Faz coisa julgada material. Se
houver dúvida, vai para a instrução e esta persistindo ao fim, absolve-se pelo in dubio
pro reu.
OBS: Se for inimputabilidade por menoridade, não há absolvição sumária, mas sim
declínio de competência, por isso aplica-se o art. 397. Também aplica-se o 397 se a
inimputabilidade for por insanidade mental, porque a absolvição é imprópria, depende
de toda a instrução e ao fim impõe sanção penal de medida de segurança. Mas se a
inimputabilidade for por embriaguez total involuntária não se aplica o 397, porque pode
ser absolvido de imediato, já que é absolvição própria, causa de exclusão de
culpabilidade.
Uma parte da doutrina sustenta que, sendo a única tese defensiva, a inimputabilidade
pode levar à absolvição sumária mesmo no caso de insanidade mental (art. 26 caput) em
aplicação analógica do art. 415, do ritual do júri. A diferença é que no júri a absolvição
sumária só ocorre após a instrução preliminar à pronúncia/impronúncia, enquanto no
rito comum ela ocorrerá antes de qualquer instrução.
OBS: Interrogatório do preso: o art. 185 §1° afirma que o interrogatório será
realizado no estabelecimento prisional, em sala própria. Parte da doutrina afirma que
esse artigo foi revogado, porque o art. 399 §1° afirma que o interrogatório ocorre em
audiência. No entanto, outra parte afirma que não foi revogado, mas apenas deixou a
possibilidade no caso de serem garantidas a segurança do MP, do juiz, do defensor e a
publicidade ao ato. Esse artigo “não pegou” porque isso é muito difícil, ocorre às vezes
em presídios federais de seg. máxima.
OBS: Ausência de memoriais pelo MP: entende-se como desistência, devendo aplicar o
art. 28 do CPP, pela indisponibilidade da ação pública.
Transação
Composição civil
TCO
beneficiado nos
ultimos 5 anos
circunstâncias
pessoais e do
crime
Ausência de Denúncia/
transação queixa oral AIJ Sentença
Já cita o Resposta à acusação
acusado Recebimento/rejeição
testemunhas
debates orais
Devem comparecer vítima e autor, bem como MP. Se acusado não comparecer, há a
revelia. Se vítima não comparecer, há discussão sobre arquivamento temporário ou
consideração de renúncia tácita ao direito de queixa/representação.
Se acusado não for encontrado, há remessa ao juízo comum para citação por edital
2.2 Transação
A transação é título executivo judicial com efeitos na esfera penal, mas não na esfera
civil. Exclui qualquer efeito penal, seja principal [condenação] seja secundário como
reincidência, obrigação de indenizar etc.
Nos crimes ambientais, só pode haver transação se houve prévia composição de danos.
Havendo apenas proposta de MULTA, sem PRD, o juiz pode diminuir até a metade.
Divergência entre juiz e MP: Se o juiz entender ser cabível a transação mas o membro
do MP não, pode ser aplicada analogicamente o art. 28 do CPP, da mesma forma que é
aplicado para o caso de proposta de SURSIS.
Os termos são o cumprimento das PRD e/ou multa. Lembrando que são PRD: prestação
pecuniária, perda de bens e valores, limitação de fim de semana, serviço à comunidade,
interdição temporária de direitos.
O descumprimento dos termos da transação faz com que o volte ao status ante, podendo
o MP voltar à persecução penal, instaurando inquérito para esclarecer questões em
casos mais complexos (os autos são remetidos à justiça comum, porque no juizado não
se admite inquérito), ou faz a denúncia diretamente.
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena,
pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76
desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não
houver necessidade de diligências imprescindíveis.
Não sendo caso de transação, devido às vedações do art. 76 §2º, ou devido ao não
comparecimento do acusado na audiência preliminar, o MP deve oferecer denúncia oral.
Art. 78 (...)
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos
do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julgamento.
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos
debates orais e à prolação da sentença.
È uma prerrogativa do MP, não direito subjetivo do réu. Parte minoritária da doutrina
entende o contrário, que é direito subjetivo do réu. No caso de ação privada, cabe ao
querelante propor (STJ), não ao MP.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).
2.5.1 Requisitos:
Pena mínima até 1 ano.
o Contada com as majorantes e minorantes.
o Concurso e crime continuado: soma não pode ser maior que 1 ano.
Não estar sendo processado nem ter sido condenado por outro crime.
o A condenação anterior a pena de multa IMPEDE o sursis processual,
mas não impede o sursis penal (art. 77 §1°).
Culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade, circunstâncias e
motivos favoráveis.
o Não deve ser considerada a culpabilidade porque ainda não há
condenação, sequer processo, de modo que não há análise da
culpabilidade [doutrina].
o STJ tem entendimentos que afirmam que se já se beneficiou de SURSIS
em processo anterior não tem mais direito porque não seria medida
adequada. Discordo totalmente.
Requisitos do sursis penal – art. 77.
o Não ser reincidente em doloso
o Circunstancias judiciais favoráveis
o Não ser caso de PRD.
STF Súmula 723: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de um sexto for superior a um ano.
2.5.2 Momento
OBS: Lei Maria da Penha não admite SURSIS processual. (STJ SUMULA 536)
Exceções: emendatio e mutatio libelli (art. 383 e 384 CPP) e procedência parcial da
pretensão punitiva e desclassificação.
Exemplo: crime de furto mediante fraude, com pena mínima maior que 1 ano é
desclassificado para estelionato, pena mínima de 1 ano. Juiz notifica o MP para
emendar e o parquet pode apresentar SURSIS.
Exemplo2: concurso material de crimes com somatório maior que 1 ano. Após sentença,
é condenado apenas em um dos crimes, cuja pena é 1 ano. È cabível sursis, ainda que
depois da sentença.
2.5.3 Condições
O acusado é citado para dizer se aceita a proposta de SURSIS. Uma vez aceita, o juiz
recebe a denúncia e suspende o processo, com suspensão do prazo prescricional.
(diferente da transação)
2.5.4 Revogação
a) Revogação obrigatória:
Beneficiário processado por outro crime
o Obs: há julgado no STJ em que réu não perdeu o beneficio porque no
outro processo foi absolvido sumariamente.
Não efetuar a reparação do dano de modo injustificado
b) Revogação facultativa:
Beneficiário processado por contravenção
Não cumprir outras condições.
ATENÇÃO! STJ Temas 920 e 930 - O fim do prazo de prova não impede a revogação
por condenação/processo ocorridos durante o período de prova. Pode haver
revogação obrigatória após o fim do período de prova se a causa é anterior, durante a
execução do sursis, seja condenação, processo ou descumprimento dos requisitos.
[diferente do livramento condicional, que so revoga se suspendeu o período, não pode a
posteriori]
PROCEDIMENTO ESPECIAL - CRIMES DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
3. Procedimento
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito,
dentro do prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora
da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a
resposta preliminar.
São os crimes funcionais típicos previstos nos arts. 312 a 326 do CP. Somente para
esses delitos é que se aplica o procedimento trazido pelos arts. 513 a 518 do CPP.
A inicial deve ter os caracteres mínimos para uma acusação. Sendo crime afiançável
(hoje, todos os crimes de servidores são afiançáveis), há uma defesa prévia no prazo de
15 dias.
O STF entende que a ausência de defesa prévia gera nulidade relativa, ainda que haja
IPL, portanto precisa prova do prejuízo efetivo à defesa. Já o STJ entende que, havendo
IPL, não gera nulidade.
STJ Sumula 330 – É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do
Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.
OBS: Nulidades relativas: uma vez proferida a sentença condenatória, são superados e
sanados eventuais vícios e irregularidades da inicial acusatória.
Havendo conexão entre crime funcional e não funcional, não precisa a defesa
prévia.
Se estiver em local não conhecido não cita logo por edital, há nomeação de
defensor dativo. Só se receber a denuncia é que passa para o procedimento
ordinário com citação por edital e eventual suspensão do processo.
Não se aplica a quem tem prerrogativa de foro, pois nesse caso segue a regra de
competência originária, Lei 8038/90.
Após a defesa prévia o juiz pode rejeitar liminarmente a denúncia ou queixa se for caso
de: inexistência do crime OU improcedência da ação. O recurso contra essa decisão é
RESE.
STF – Crime conexo com crime de responsabilidade de prefeito (DL 201/67) precisa de
defesa prévia também.
a) a plenitude de defesa;
A soberania dos vereditos impede a revisão criminal? Não, pode haver Revisão
criminal, inclusive com o julgamento direto pelo Tribunal ad quem, com absolvição do
réu (error in iudicando, não nulidade processual). Também pode: confirmar, alterar
pena, desclassificar crime, anular o processo ou absolver, nos termos do art. 626 do
CPP.
STJ, 6 Turma, 2014 - Uma vez que o Tribunal de origem admitiu o erro judiciário,
NÃO POR NULIDADE no processo, mas em face de contrariedade à prova dos autos e
de existência de provas da inocência do réu, NÃO HÁ OFENSA À SOBERANIA DO
VEREDICTO do Tribunal do Júri se, em juízo revisional, ABSOLVE-SE, desde logo, o
réu, desconstituindo- se a injusta condenação.
ATENÇÃO! Na apelação o art. 593, III §3º determina que seja feito novo julgamento
no caso de julgamento contrário à prova dos autos (apenas uma única vez). Já na revisão
pode DIRETO absolver (lembrando que a revisão sempre é benéfica ao réu).
1. Procedimento bifásico
1ª fase (art. 406 a 421 CPP): judicium acusationis, juízo de culpa, de admissibilidade
da acusação ou prelibação.
2º fase (art. 422 a 497 CPP): judicium causae, juízo de causa, de mérito ou delibação.
Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos
Intimação da pronúncia:
OBS: defensor dativo ou DP não serem intimados pessoalmente geram nulidade, mas
deve ser alegada no primeiro momento sob pena de preclusão. Não gera nulidade
quando o próprio defensor dativo pede pra ser intimado por publicação oficial.
b) IMPRONÚNCIA
Decisão interlocutória mista terminativa.
Pode haver nova denúncia se aparecerem novas provas.
Não faz coisa julgada material.
Recurso: apelação
c) ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
É julgamento antecipado da lide
Decisão de mérito, certeza.
Requisitos:
i. Inexistência do fato
ii. Não ser autor
iii. Atipicidade
iv. Causa excludente de ilicitude, culpabilidade ou extintiva de punibilidade.
o OBS: Não absolve sumariamente no caso de inimputabilidade por
doença mental [porque a medida de segurança é sanção, que exige
instrução], EXCETO se for a única tese [absolvição sumária impropria].
o STJ, HC 73.201-DF, 2014 [flexibiliza o 415 §unico] - No procedimento
do tribunal do júri, o juiz pode, na fase do art. 415 do CPP, efetivar a
absolvição imprópria do acusado inimputável, na hipótese em que, além
da tese de inimputabilidade, a defesa apenas sustente por meio de
alegações genéricas que não há nos autos comprovação da culpabilidade
e do dolo do réu, sem qualquer exposição dos fundamentos que
sustentariam esta tese.
Recurso: apelação.
d) DESCLASSIFICAÇÃO
Se a desclassificação for para outro crime doloso contra a vida, continua o rito
do júri, com pronúncia pelo outro crime (emendatio/mutatio libelli)
Se a desclassificação gerar incompetência o juiz deve declinar
Da declinação cabe RESE
Não há perpetuatio jurisdicionis – o crime conexo também é declinado ao juízo
competente.
OBS: art. 581 determina RESE para impugnar a lista, mas o art. 426 determina a
RECLAMAÇÃO. Renato Brasileiro afirma que não cabe mais RESE, mas essa
posição não é pacífica na doutrina.
Lista dos 25: audiência de sorteio a portas abertas, não será adiada pelo não
comparecimento das partes (art. 433)
Organização da pauta: a preferência é dos réus presos (art. 429) e entre esses, os que
estão presos há mais tempo.
Assistente da acusação: deve se habilitar até 5 dias antes da sessão (art. 430). Pode
indicar 5 testemunhas (art. 422 CPP) – polemica na doutrina, alguns entendem que não
cabe porque o 422 so fala em intimar MP ou querelante.
Intimação para o julgamento: pode haver julgamento sem o réu, ou seja, o réu não
encontrado pode ser intimado por edital, desde que tenha sido intimado pessoalmente
da pronúncia. O processo não é suspenso, não há crise de instância pela não presença
do réu intimado por edital.
Recusas peremptórias: até 3 imotivados por parte, à medida que são sorteados os
jurados. Primeiro a defesa, depois o MP. Não há limite para os motivados.
Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz
presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão
recusar os jurados sorteados, ATÉ 3 (TRÊS) CADA PARTE, SEM MOTIVAR A
RECUSA.
ESTOURO DE URNA: Quando não restam 7 jurados por conta das recusas,
devendo ser separado o julgamento dos réus (separação obrigatória).
STJ, 6T, 2021 - Não há nulidade no ato de se convocar suplentes a fim de evitar
a ocorrência de estouro de urna, possibilidade concretamente extraída do cotejo
do número de réus com o número de jurados a serem sorteados
STJ, RHC 67.383-SP, 2016 – Se no desmembramento, um corréu, com mesma
consciência e voluntariedade que o outro, tem o delito desclassificado pelo
plenário, essa decisão é extensível ao outro corréu, em julgamento por outro júri.
Isso é independente de recurso ou nova decisão do júri.
Instrução
Pode se referir a sentença que condenou corréu, não caracteriza uso de argumento de
autoridade e não tem condão de influenciar jurados. (STF, 2015)
OBS: não é qualquer leitura de decisão do processo que gera nulidade, precisa haver ao
argumento de autoridade.
STF, ADPF 779, 2021 – A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, motivo
pelo qual não pode ser alegada como tese defensiva, o que não fere a plenitude de
defesa. Também não pode ser alegada em fase pré-processual. Se for utilizada e ocorrer
a absolvição no 3 quesito, o MP pode recorrer mas não alegando a prova contraria aos
autos mas sim a nulidade posterior à denuncia, já que há nulidade no uso desse
argumento. Isso porque o STF não entende possível o 593, III, d para a acusação.
MP não comparecer
Advogado do acusado e não houver outro [só adia 1 vez]
Réu preso não conduzido, salvo se teve pedido de dispensa da sua presença
Testemunha imprescindível – parte deve pedir intimação por mandado
Falta de jurados suficientes
Não adia:
STF Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
STJ, 2012 – Defensor que só usou 4 minutos da sustentação oral (que tem
1h30min) configura falta de defesa, devendo ser anulado o júri.
Julgamento em plenário
Os jurados podem pedir esclarecimentos de fato e de direito.
Não pode o quesito conter valorações sobre a pessoa do acusado, nem os
motivos do crime, sob pena de nulidade.
Pode haver necessidade de produção de nova prova essencial ao julgamento do
feito, o que gera a dissolução do conselho e novo julgamento posterior com
novo conselho (art. 481)
O questionário tem perguntas obrigatórias:
o Se há materialidade
o Se há autoria
o Se deve ser absolvido (“o jurado absolve o acusado?”)
o Causas de diminuição de pena
o Causas de aumento ou qualificadoras.
STJ, REsp 1501270-PR, 2015 – No caso de desclassificação para crime que não é
competência do júri (ex: latrocinio) o conselho não precisa responder pergunta sobre
qual crime é, cabe ao magistrado togado fazer essa análise.
Se for tese de desclassificação pra LESAO e a acusação alega tentativa, a pergunta deve
ser apenas sobre a tentativa, porque se o júri disser que o crime não se consumou por
motivos alheios, então obviamente esta descartada a lesão, já que essa seria crime
consumado.
STJ, HC 293895 / RS, 2019 – Entende que a competência para julgar o conexo na
segunda fase é do CONSELHO DE SENTENÇA. O juiz só faz a dosimetria.
Se for alegada tentativa, deve ser perguntada após a 2ª pergunta (sendo as duas
anteriores positivas).
STF SÚMULA 156 - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de
quesito obrigatório.
STJ, 2014 - Suscitada a legítima defesa como única tese defensiva, caso mais de
três jurados respondam afirmativamente ao terceiro quesito - "O jurado absolve
o acusado?" -, o Juiz Presidente do Tribunal do Júri DEVE ENCERRAR O
JULGAMENTO E CONCLUIR PELA ABSOLVIÇÃO DO RÉU, não podendo
submeter à votação quesito sobre eventual excesso doloso alegado pela
acusação.
Parte da doutrina alega que, após a inserção desse quesito, em 2008, passou a perder o
sentido a apelação por prova contraria aos autos quando há absolvição do réu. Essa é a
posição de Aury Lopes Jr, que foi adotada pelo STF em recente decisão relatada por
Celso de Mello.
Outra corrente, hoje mais dominante na jurisprudência, e adotada pelo STJ, entende que
subsiste a apelação do 593, III, d para a acusação também, entendendo a possibilidade
excepcional, tendo em vista o duplo grau de jurisdição.
Aury Lopes Jr: Já que está autorizado que o jurado absolva por qualquer motivo, por
suas próprias razões, mesmo que elas não encontrem amparo na prova objetivamente
produzida nos autos, será que ainda cabe esse recurso? A resposta sempre nos pareceu
negativa, não cabendo mais esse recurso por parte do Ministério Público quando a
absolvição for com base no quesito genérico, até porque a resposta não precisa refletir e
encontrar respaldo na prova, ao contrário dos dois primeiros (materialidade e autoria),
que seguem exigindo ancoragem probatória pela própria determinação com que são
formulados. O réu pode ser legitimamente absolvido por qualquer motivo, inclusive
metajurídico, como é a ‘clemência’ e aqueles de caráter humanitário.
Sentença
Após a votação secreta dos quesitos o juiz profere a sentença fixando a pena base,
considerando as agravantes e atenuantes (não são votadas), impõe as causas de aumento
e diminuição, estabelece os efeitos da condenação e determina a necessidade de prisão.
Se a sentença for absolutória o juiz revoga as medidas cautelares ou prisão, e se for caso
de absolvição impropria, determina medida de segurança.
STF, HC 163814 ED/MG , 2019 - Não é possível a execução provisória da pena mesmo
em caso de condenações pelo Tribunal do Júri.
OBS: Apelação exclusiva da defesa que gera novo julgamento fica limitado ao
máximo da pena já decidida. Usa essa pena como pena concreta para calcular a
prescrição retroativa.
Se for recurso de defesa e acusação não tem essa limitação, o novo julgamento pode
piorar para o acusado.
Recurso da acusação não pode de ofício piorar, mas pode melhorar para o réu.
2. Desaforamento
Hipóteses:
A prova pode ser trazida ao processo pelo juiz ou pelas partes (sistema misto, é
acusatório e inquisitório).
a) Prova como atividade probatória – ato ou conjunto de atos que tendem a formar
a convicção do juiz sobre a existência ou a inexistência de determinada situação
factual.
b) Prova como resultado - a convicção do juiz formada no processo sobre a
existência ou não de uma dada situação de fato.
c) Prova como meio – instrumento probatório em si.
3. Objeto da prova
É todo fato, circunstância ou alegação sobre o qual paire algum tipo de dúvida ou
incerteza e que seja importante para o deslinde da ação.
Ex: afirma-se que João matou Carlos e que no dia anterior comeu carne. O fato de
comer carne não é relevante, não precisa ser provado.
Fatos incontroversos (que não foram negados pela parte contrária) precisam ser
provados. Pela presunção de inocência, o autor do processo penal precisa provar todos
os fatos relevantes, ainda que o réu não os conteste.
OBS: objeto DA PROVA – aquilo que será provado, o acontecimento em si. Ex: morte
de alguém.
A direta se relaciona diretamente com o objeto da prova, como uma testemunha ocular.
A indireta é mais distante do tema probandi, como por exemplo o indício (uma situação
provada que presume outra que se procura provar).
Prova não plena é aquele que não gera juízo de certeza, que permite cautelares,
pronúncia, recebimento da denúncia.
STF, Inq 3305 AgR/RS, 2016 - É possível compartilhar as provas colhidas em sede de
investigação criminal para serem utilizadas, como prova emprestada, em inquérito civil
público e em outras ações decorrentes do fato investigado. Esse empréstimo é permitido
mesmo que as provas tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial
dos sigilos financeiro, fiscal e telefônico
5. Meio de prova
Tudo o que pode ser usado para provar o objeto. Há meios nominados e inominados.
Alguns autores diferenciam meio de prova, que seriam endoprocessuais, com meios de
obtenção de prova, que seriam extraprocessuais.
Meio de prova x fonte de prova – a fonte de prova é de onde surge a prova. Meio de
prova é o instrumento. Ex: Meio de prova: testemunhal. Fonte da prova testemunhal é a
pessoa. A prova em si é o depoimento da pessoa, o testemunho em juízo. O objeto da
prova testemunhal é o fato que a pessoa traz.
STJ. 6ª Turma. REsp 1969032-RS, 2022 - Mesmo que o reconhecimento pessoal não
tenha observado as formalidades legais, não será o caso de absolvição se a vítima
relatou, nas fases inquisitorial e judicial, conhecer o réu, bem como o pai do acusado,
por serem vizinhos
Prova ilícita é gênero. Para alguns, é quando viola regras de direito material –
processual seria ilegítima.
Prova irritual é espécie de prova não admitida por violar a forma prevista em lei. Ex:
reconhecimento de pessoas fora do 226
Prova anômala é prova típica usada com finalidade de outra prova típica. Ou seja,
poderia ter sido produzida a prova pelo meio típico. Ex: documento unilateral de
testemunhada afirmando que viu o autor cometer o crime. A prova documental é típica
mas aqui visa fazer as vezes de testemunhal. [polemica: discussão sobre carta de
médium. Seria anômala, pois documento unilateral visando força de testemunhal]
6. Sujeitos da prova
São os que produzem as provas, o perito, a testemunha etc. Destinatario imediato – juiz,
mediato – partes.
7. Princípios relativos às provas
Teoria dos frutos da árvore envenenada: ainda que a prova em si seja lícita, se
ela advém de um fato ilícito deve ser desconsiderada. Exceção: se tiver fonte
independente ou for descoberta inevitável, ou seja, se ela por si só seria capaz
de conduzir ao objeto da prova. Quem alega a ilicitude por derivação deve
demonstrar o nexo.
Art. 157 (...) § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas,
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das
primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites
típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz
de conduzir ao fato objeto da prova
Prova obtida no domicílio sem autorização judicial – precisa de fundadas razões para
entrar no domicílio, confirmadas a posteriori.
STJ. 6ª Turma. HC 674139-SP, 2022 – É ilícita a prova obtida por apreensão domiciliar
quando o consentimento do réu para a entrada na casa foi induzido em erro pelos
policiais. Caso concreto: policial disse que iria entrar pra verificar se havia um suspeito
de roubo. Quando entrou, buscou por drogas e achou. Prova ilícita pois o consentimento
é ilícito.
8. Cadeia de Custódia
A) reconhecimento: é a distinção
B) isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime.
1ª corrente: a consequência é a ilicitude da prova, com a sua exclusão, assim como das
demais provas dela derivadas.
ATENÇÃO! STJ tem julgado que HC que discute quebra da cadeia de custodia e
consequente nulidade do recebimento da denuncia por ausência de justa causa NÃO
PERDE O OBJETO após a condenação. É exceção da Sumula 648 do STJ.
PROVAS EM ESPÉCIE
9. Declarações do ofendido
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa
indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
10. Testemunhas
São pessoas equidistantes do fato. Qualquer pessoa pode ser testemunha, ainda que
menor de idade, com doenças mentais etc. Nesse caso deve buscar um depoimento
adaptado à idade para que não haja dano à criança ou adolescente (DEPOIMENTO
SEM DANO/ESPECIAL). Esse depoimento ocorre com juiz e MP observando de fora,
sem poder fazer perguntas, porque são feitas por um profissional habilitado.
Menor de 14 e incapazes por doença mental não prestam compromisso, mas são
testemunhas.
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e
sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que
grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que
souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais
possa avaliar-se de sua credibilidade.
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo
justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou
determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força
pública.
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem
prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento
das custas da diligência.
STJ, - A testemunha em processo criminal que mente ao prestar depoimento para evitar
que seja incriminada por outro ilícito não comete crime algum, no final das contas. Isso
porque a Constituição Federal garante o direito à não autoincriminação.
STF – segue esse mesmo entendimento, a testemunha quando puder se incriminar se
reveste da garantia constitucional da não autoincriminação.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
quiserem dar o seu testemunho.
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
indicadas pelas partes.
Verdade real x verdade processual – alguns defendem a busca da verdade real, por isso
se justificaria a atividade probatória do juiz. Para outros não existe a verdade real, mas
apenas a verdade jurídica, aquela produzida nos autos.
STF Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação
da expedição de precatória para inquirição de testemunha.
STJ Súmula n. 273 - Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se
desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.
OBS: A lógica da sumula 273 não se aplica quando for defendido pela
defensoria pública. É necessária a intimação da defensoria local por parte do
juízo deprecado quanto à realização da oitiva.
10.5 Contradita
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a
causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
OBS: A inobservância do art. 212 gera nulidade RELATIVA, é o que prevalece no STF
e STJ.
10.7 Videoconferência
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor,
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a
verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
inquirição, com a presença do seu defensor.
O réu tem o direito de presença e de audiência (autodefesa), por isso a saída do réu da
sala de audiência é excepcionalíssima.
Algumas autoridades têm como prerrogativa agendarem dia e lugar para seu
depoimento como testemunha. É obrigatório depor, como qualquer testemunha, só pode
escolher o dia e o local.
Algumas (linha sucessória) podem também optar por responder as perguntas por escrito.
Exceção à oralidade da prova testemunhal.
Se for réu NÃO TEM essa prerrogativa, mas pode deixar de ir ao interrogatório, já que é
meio de defesa, e não pode ser conduzido coercitivamente.
Pessoas doentes ou impossibilitadas são ouvidas onde estiverem (art. 220 CPP).
11. Interrogatório
11.1 Característica
Indispensável – réu pode não comparecer
o Mas o réu não precisa responder as perguntas
o DISCUSSÃO SOBRE DIREITO AO SILENCIO PARCIAL – pode o
reu responder apenas as perguntas da defesa? Art. 187 §2º prevê que o
juiz faça as duas etapas e após o art. 188 determina que havendo ainda o
que se esclarecer, as partes perguntem. Uma corrente entende que pode
responder apenas as perguntas da defesa, outra que somente poderia se
responder as do juiz.
o STJ, 6T 2022 - É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente
que se nega a responder aos questionamentos do juiz instrutor antes de
oportunizar as indagações pela defesa
Oralidade. Exceção: surdos e mudos é por escrito [inclusão: poderia fazer por
libras]
Não privativo do juiz.
Não adota o sistema da inquirição testemunhal. O juiz é o primeiro a interrogar,
passando para as partes depois.
o Parte da doutrina critica, afirmando que primeiro deveria ser acusação,
depois defesa e por ultimo o juiz apenas para complementar.
OBS: Pode haver novo interrogatório, quando surgirem novos fatos a serem
esclarecidos (art. 196 CPP).
A primeira parte, sobre o acusado, serve para caso haja condenação o juiz ter elementos
para avaliar a personalidade, conduta social.
O réu tem direito de não responder nas duas partes? Para parte da doutrina sim, já
que todo ele é meio de defesa. Para doutrina predominante, só pode permanecer calado
quanto às perguntas da segunda parte do interrogatório.
O réu não é obrigado a produzir prova contra si mesmo, esse é um ônus do Estado.
Nesse sentido, o silêncio não pode ser valorado negativamente.
No entanto, a mentira pode ser valorada negativamente pelo juízo. Ela não é vedada,
mas pode ser valorada negativamente. STJ NÃO ACEITA (HC 98013-MS,, REsp
1520203-SP) valoração negativa como personalidade/conduta.
Ex: falsa identidade para não se incriminar é crime. Não é acobertado pela autodefesa.
Hipóteses
O STF nas ADPFs 395 e 444 decidiu pela inconstitucionalidade da condução coercitivia
do réu para o interrogatório, porque este é meio de defesa, sendo direito do réu a não
autoincriminação e a presunção de inocência. Assim, o réu não pode ser obrigado a
depor, podendo dispor do seu direito de presença (autodefesa). A ampla defesa engloba
a defesa técnica (indisponível) e a autodefesa, esta última na forma de direito de
presença e direito de audiência.
12. Confissão
STJ Súmula 545 - Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
A confissão é causa atenuante.
Confissão qualificada – é quando o réu confessa mas diz que praticou o ato típico
acobertado por excludente de ilicitude. Continua sendo causa atenuante.
Confissão do tráfico – não basta dizer que era pra consumo próprio.
OBS: Polemica STJ X STF – sobre homologação de acordo que envolve pessoa com
prerrogativa.
No entanto, para o STF, ainda que seja negada ao delatado a possibilidade de impugnar
o acordo, esse entendimento não se aplica em caso de homologação sem respeito à
prerrogativa de foro. Efeito: INEFICÁCIA da colaboração em relação ao delatado
com foro por prerrogativa de função, por usurpação de competência ao homologar.
As provas devem ser excluídas do inquérito e o inquérito trancado.
ATENÇÃO! STF sempre tem que acompanhar a investigação de parlamentar com foro
no STF, autorizando a abertura. Não havendo, há usurpação da competência por essa
serendipidade, há a ineficácia em relação ao parlamentar, mas pode ser usada para
outros réus sem foro. Ex: interceptação de pessoa sem foro que acaba incriminando
parlamentar: pode ser usada contra o sem foro. É ineficaz apenas para o com
prerrogativa.
ATENÇÃO! Por outro lado, neste julgado, o STF não autorizou que o Ministério
Público faça a requisição direta (sem autorização judicial) de dados fiscais, para fins
criminais. Ex: requisição da declaração de imposto de renda.
Existem alguns Ministros do STJ que defendem que a teoria da perda de uma chance
poderia ser aplicada também nas relações entre o Estado e o particular.
A transposição da perte d'une chance do direito civil para o processo penal é uma ideia
original de Alexandre Morais da Rosa e Fernanda Mambrini Rudolfo. Segundo essa
doutrina, compete ao autor da ação penal a obrigação de produzir todas as provas
necessárias à formação da convicção do julgador. Quando o acusador apenas faz o
mínimo, não produzindo todas as provas possíveis para a acusação, acaba retirando a
chance de defesa do réu (discordo, pq a defesa pode ser processual por falta de provas).
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.940.381-AL, 2021 - Quando a acusação não produzir todas
as provas possíveis e essenciais para a elucidação dos fatos – capazes de, em tese,
levar à absolvição do réu (!) ou confirmar a narrativa acusatória caso produzidas –,
a condenação será inviável, não podendo o magistrado condenar com fundamento nas
provas remanescentes. A investigação falha "extirpou a chance da produção de provas
fundamentais para a elucidação da controvérsia" – postura que viola o artigo 6º, III, do
Código de Processo Penal, o qual impõe à autoridade policial a obrigação de "colher
todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias".
STJ, RESP 1.695.349/RS, 2019 – Revista íntima em presídio precisa de fundadas razões
para ser feita, sob ofensa do princípio da dignidade humana e do direito à intimidade.
Denúncia anônima por si só não caracteriza fundada razão. Ilicitude da prova obtida por
revista íntima realizada apenas com base em denúncia anônima.
Atenção! STF vai julgar Tema 998 sobre a constitucionalidade da revista íntima e sobre
a licitude da prova obtida por esse meio.
STJ Jurisprudência em teses – Não precisa apreender a arma para aplicar a majoração
do crime de roubo, nem para configurar a grave ameaça elementar do crime. Mas se
apreender e a arma for desmuniciada ou inapta a atirar não é possível o aumento de
pena, sendo roubo simples.
STJ, HC 470.937/SP, 2019 – agente privado de segurança não pode realizar busca
pessoal nem domiciliar, são atos de autoridade judicial, policial ou seus agentes.
STJ, HC 511.484/RS, 2019 – É ilícita a prova obtida pelo policial que atende o telefone
do investigado e se passa por ele para obter informações.
STF, 2019 – O agente policial não pode atuar como agente infiltrado sem autorização
judicial. A diferença entre agente infiltrado e mera atuação de inteligência, à paisana e
observando, é que o agente infiltrado efetivamente se mescla ao grupo criminoso,
planejando crimes ou até atuando neles.
Três características: (i) dissimulação da identidade (ii) engano dos suspeitos (iii)
integração. Está presente na Lei de Drogas, Lei Org. Crim(que é a lei geral) e ECA.
STJ, 5T 2017 – Reconhecimento pessoal que não observa o art. 226 do CPP é mera
irregularidade, não gera nulidade.
STF, RHC 117767, 2017 – A busca em veículo automotor se equipara a busca pessoal,
não precisa autorização judicial quando houver fundada suspeita de elementos de prova
ou convicção à elucidação dos fatos.
STF, Recl 7116, 2016 – Não cabe reclamação sobre uso de algemas quando o ato foi
emanado de autoridade policial, apenas se aplica a SV 11 para atos judiciais! No caso o
preso foi conduzido a entrevista coletiva com algemas, ato policial.
SUSAN HAACK
O legislador brasileiro não detalhou qual standard para cada fase ou decisão, por
isso a doutrina se debruça. A condenação exige alto grau de prova, mas o
recebimento pode ser apenas para preponderância? Um limite mínimo dado pela
lei é do art. 155 do CPP, que proíbe o uso de elementos de informação apenas.
STJ, RHC 114683/RJ. 2021 - Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre
o resultado da diligência ficar adstrito aos elementos relacionados com os fatos sob
apuração, deve ser assegurado à defesa acesso à integra dos dados obtidos no
cumprimento do mandado judicial. – DUTY TO DISCLOUSURE
STJ, 2021 – É valida a autorização de entrada para B&A dada por representante
putativa da empresa, que tinha aparência de representante mas não era. Tinha chave do
escritório e outras pessoas no recinto não lhe barraram. Teoria da aparência.
STJ, AgRg no RHC 133.430/PE, 2021 – STJ não aceita prova obtida por printscreen de
whatssappweb, porque a plataforma permite edição e apagar mensagens sem deixar
rastros.
STJ, RMS 60531-RO, 2020 – Não é possível aplicar multa por descumprimento de
ordem judicial que mandou interceptar mensagens do whatsapp, porque esse pedido é
impossível do ponto de vista tecnológico já que são criptografadas ponta a ponta as
mensagens. È possível, para ter acesso as mensagens, apenas a apreensão do celular
com autorização judicial para acessar as conversas.
STJ, HC 587732, 2020 - Para dados telemáticos não é necessária limitação temporal
para ter acesso, já estão armazenados no aparelho. Diferente para interceptação
telefônica, que o prazo é de 15 dias prorrogáveis. Também não se trata de pedido de
dados cadastrais ou registros de acesso a aplicações feita a provedores.
STJ, 2020 - a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por
parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra
medida desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos
crimes, não impõe risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários
possivelmente atingidos por tal diligência
STJ, 2020 - Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio
mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo
de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à
fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente
TEMA 1041 RG STF - Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a
prova obtida mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo. Correios:
tem que ser na presença da pessoa.
STJ, RHC 102.322-RJ, 2020 - Inquirição feita totalmente por autoridade estrangeira, no
exercício de auxilio direto para inquirição de testemunha ou réu que está no brasil gera
nulidade ABSOLUTA, não se coaduna com a ordem jurídica nacional, já que o membro
do MP e juiz do brasil é que devem conduzir, segundo as leis brasileiras, a diligência
requerida pela autoridade estrangeira. Além disso, não se tratava de caso de auxilio
direto, mas sim de carta rogatória, já que a decisão foi proferida por juiz estrangeiro.
Deveria passar pelo juízo de delibação do STJ, com expedição do exequatur.
Razões: