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Coleção Resumos

Direito Processual Penal


Parte 2

Janaina Mascarenhas

Sumá rio
PROCEDIMENTOS.........................................................................................................................3
PROCEDIMENTO COMUM............................................................................................................5
PROCEDIMENTO ESPECIAL - CRIMES DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO..............................................20
PROCEDIMENTO DO JÚRI...........................................................................................................22
TEORIA DA PROVA......................................................................................................................35

2023
PROCEDIMENTOS
De acordo com o art. 394 do CPP há dois procedimentos no processo penal: o comum e
o especial. O comum se divide em Ordinário, sumário e sumaríssimo.

Procedimento
comum
Art.394 §1º CPP

Ordinário Sumário Sumaríssimo


Pena máxima > =4 Pena maxima < 4 Pena máxima até 2

A pena em abstrato se calcula contando com causas de aumento e redução.

O rito sumaríssimo se aplica às contravenções, independentemente de pena, e aos


crimes cuja pena máxima é de até 2 anos, considerados crimes de menor potencial
ofensivo.

OBS: Lei Maria da Penha não cabe o rito sumaríssimo, para crimes nem para
contravenções, apesar de a própria lei apenas falar em “crimes”.

OBS2: Os juizados da justiça federal não julgam contravenções, ainda que contra bens
da União e sua entidades.

Procedimento
especial
Art.394 §2º CPP

Funcionário Crimes contra


Juri Leis especiais
Público a honra
Pena máxima > 2

OBS3: Estatuto do Idoso aplica o rito sumaríssimo para crimes com pena máxima ate
4 anos, mas não aplica os institutos despenalizadores.
OBS4: LEI 14344/22 sobre violência doméstica contra crianças e adolescentes prevê
que nos crimes do contra elas não se aplica a lei 9.099/95. Discussão sobre se seria só os
crimes do ECA (a previsão está no ECA) ou se qualquer crime contra criança e
adolescente, como por exemplo lesão.

Exemplo: lei de drogas (L.11.343/06) prevê defesa prévia do acusado no prazo de 10


dias;

OBS: Lei de abuso de autoridade (L 13.869/2019) aplica no que couber o rito ordinário
e sumaríssimo. Na lei anterior não se aplicava o sumaríssimo exceto contra militar.
PROCEDIMENTO COMUM
Havendo conexão entre crimes do procedimento comum e de procedimento especial,
prevalece o procedimento comum, porque esse é mais abrangente (ex: tráfico e roubo).
A regra é manter o procedimento que permite a maior faculdade de defesa. Se for menor
potencial e crime comum conexo, vai pro comum mas respeita a possibilidade de sursis,
transação etc.

Tal previsão está na própria Lei dos Juizados e também se depreende da previsão que
havendo necessidade de citação por edital, remete ao juízo comum, mas isso não retira o
direito aos benefícios despenalizadores. Outro exemplo: menor potencial ofensivo
eleitoral aplica transação, ainda que seja no juízo comum eleitoral. O que é indisponível
é o procedimento.

Exceção: conexão com crime de competência do tribunal do júri, prevalece sempre o


júri, porque é competência constitucional.

STJ, 2017 – Não cabe multa por litigância de má-fé no processo penal, por falta de
previsão legal. STF DIVERGE.

Cabe condenação em honorários advocatícios na ação penal privada, por aplicação


subsidiária do CPC.

MP não tem prazo em dobro no Processo penal! Defensor dativo TEM!

Diferença do sumário para o ordinário: sumário é menor que 4 anos a pena máxima.
Prazo para audiência é 30d, ordinário é 60d. Sumario são 5 testemunhas, ordinário são
8.

1. Procedimento comum ordinário

1.1.1 Recebimento da inicial

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o


juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei
nº 11.719, de 2008).

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir
a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. (Redação
dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

STJ entende que o recebimento ocorre, observando os requisitos do art. 395, abrindo
prazo para resposta do réu. Nesse momento há interrupção da prescrição. Após a
resposta, o juiz pode rever o recebimento, observando o art. 395, bem como o art. 397,
que refere-se a absolvição sumária. Assim, o STJ adota a tese do duplo recebimento.
No caso de citação por edital o prazo para a resposta só corre do momento do
comparecimento do réu ou de defensor constituído. Se não comparecer nem constituir
advogado ocorre a suspensão do processo e do prazo prescricional (art. 366).

Doutrina minoritária entende que o recebimento ocorre SOMENTE após a defesa do


réu.

Petição inicial Recebimento Resposta do réu Absolvição sumária


art. 395 art. 396 art. 397
inepcia 10 dias atipicidade
pressuposto ou excludente d
condição eilicitude
justa causa excludente de
culpabilidade
extinção
punibilidade

STF, INQ 4112, 2016 – Se aplica ao processo penal o art. 229 do CPC que determina
prazo em dobro quando os autos não forem eletrônicos e houver vários patronos e réus.

1.2 Citação

É o ato processual pelo qual o réu compõe a relação jurídica processual. A partir da
citação o réu pode apresentar a defesa técnica, que é indisponível. A citação não
interrompe a prescrição (diferente do processo civil), mas sim o recebimento da
inicial. Se for juízo absolutamente incompetente não interrompe.

Diferença entre pressuposto processual e pressuposto da relação processual – o processo


depende de pressupostos objetivos e subjetivos, como existência de demanda, partes,
juiz. Já a relação processual apenas nasce com a citação, que é a formação da relação
triangularizada. Assim, é pressuposto da relação a citação, mas não para o processo.
Prova disso é que mesmo sem citação o juiz pode de pronto rejeitar a denúncia, por
inépcia, sem sequer haver formação da relação triangular.

1.2.1 Citação real pessoal

Regra geral: citação real, pessoal por oficial de justiça.

No mesmo território de jurisdição: por mandado, oficial de justiça. (art. 351 CPP)

Em território diferente: carta precatória (cooperação entre juízos) (art. 353 CPP)

No estrangeiro: Carta rogatória (art. 368 CPP) – suspende a prescrição até seu
cumprimento no estrangeiro.

Preso: pessoal. (art. 360 CPP)

PODE SER POR WHATSAPP: STJ. 5ª Turma. HC 641877/DF, 2021 - É possível a


utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam adotadas medidas
suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a identidade do
indivíduo destinatário do ato processual.

STF Sumula 710 – No processo penal contam-se os prazos da data da intimação, e não
da juntada aos autos do mandato ou da carta precatória ou de ordem.

Ex: a carta rogatória suspende a prescrição até a citação, contada essa no dia do
cumprimento, não da juntada;

1.2.2 Citação ficta por hora certa (art. 362 CPP)


 Suspeita de ocultação
 Duas tentativas frustradas
 Notificação de parentes, vizinhos, porteiro, de que estará para citação no dia útil
seguinte
 Não precisa de novo mandado
 Completada a citação por hora certa, dará como citado.
 Deixa a contrafé
 Não cabe no JECRIM.
 Se não constituir advogado, é nomeado defensor dativo (réu revel).

STF, Info 833, 2016 – É constitucional a citação por hora certa em processo penal. O
direito de autodefesa abrange o direito de não comparecer, ficando revel, mas não de
não ser citado.

1.2.3 Citação ficta por edital (art. 361, 365 e 366 CPP)

Se o réu não for encontrado ou não for sabido seu paradeiro, cabe citação por edital com
prazo de 15 dias.

Se o acusado não comparecer nem constituir advogado, o processo é suspenso, bem


como o prazo prescricional (art. 366 CPP). Mesmo com processo suspenso, podem ser
produzidas provas antecipadamente que forem urgentes. Deve ser designado advogado
dativo.

STJ Sumula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo


máximo da pena cominada.

TEMA 438 STF, 2021 - Em caso de inatividade processual decorrente de citação por
edital, ressalvados os crimes previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é
constitucional limitar o período de suspensão do prazo prescricional ao tempo de
prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o
processo permanecer suspenso

STJ Sumula 455 - A decisão que determina a produção antecipada de provas com base
no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando
unicamente o mero decurso do tempo.
STJ, 2018 – É possível a antecipação da colheita de prova testemunhal (art.
366 CPP) quando for policial, tendo em vista a relevante probabilidade de
esvaziamento da prova pela natureza da atuação profissional, marcada pelo
contato diário com fatos criminosos.

STJ, Info 549, 2014 – Pode ser deferida produção antecipada de prova testemunhal sob
o fundamento de que a medida seria necessária porque a testemunha exerce função de
segurança pública (perigo de lembranças falsas ou confusas)

STF Sumula 351 – É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.

STF Sumula 366 – Não é nula a citação por edital que indica dispositivo da lei penal,
embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

OBS: Citação por edital com advogado constituído na fase inquisitorial não precisa
suspender o processo no prazo do art. 366, porque já há advogado. [questão cespe
polemica]

1.2.4 Revelia

É o processo sem a presença do réu quando citado deixa de comparecer.

 Citado pessoalmente não comparece


 Citado por hora certa não comparece
 Muda de residência e não comunica
 Citado por edital não comparece nem constitui advogado e passa o período de
suspensão da Sumula 415 do STJ, o processo passa a correr a revelia.
 Tema 438 STF – Após o período de suspensão, o prosseguimento do processo
penal afronta as garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do
contraditório (art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal), CADH
PIDCP, concluindo-se, assim, pela constitucionalidade da suspensão do
processo sem prazo determinado, conforme prevê o art. 366 do Código de
Processo Penal.
 STJ SEGUINDO MESMO ENTENDIMENTO

O único efeito é que o réu deixa de ser notificado dos atos do processo. Não gera
presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial.

Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no
caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.

1.3 Resposta à acusação


A defesa técnica é indisponível, por isso a resposta à acusação é obrigatória.

Na resposta o réu poderá alegar tudo o que interesse, desde questões do mérito até teses
preliminares e pedir produção de provas. Não precisa descer às minúcias de todo o caso
logo na resposta à acusação, até por motivos estratégicos [teoria dos jogos de Alexandre
Rosa e o processo como jogo, Calamandrei].

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o


juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.(Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a
fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). [por isso suspende enquanto não aparece]

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste
Código.(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não


constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos
autos por 10 (dez) dias.

STF Sumula 523 – No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo. para o réu.

Com base nessa súmula, alguns juízes devolvem o prazo para a defesa enfrentar
o mérito, alegando que a deficiência gera prejuízo, mas muitas vezes é estratégia
de defesa. É necessário analisar caso a caso o que é deficiência e o que é
estratégia.

A não apresentação de alegações finais não necessariamente Teoria dos jogos diz respeito à litigância
anula a sentença, porque pode ser absolutória. processual penal estratégica, entendendo
o processo como um jogo dinâmico de
OBS: Exceção de precognição (defesa prévia): só é prevista em informações incompletas. Serve para
alguns procedimentos especiais, por isso os tribunais não aceitam escolher estratégias e táticas específicas. É
uma teoria pragmática.
que ela seja obrigatória no procedimento comum. Não é
cerceamento de defesa, o juiz aceita ou rejeita a denúncia antes de Dilema do prisioneiro – a melhor decisão
qualquer defesa do réu. Segundo a tese majoritária, a resposta à individual impede o melhor resultado
coletivo.
acusação do procedimento comum não é exceção de precognição,
porque o recebimento da inicial ocorre antes, no mesmo momento da citação. A
doutrina minoritária entende que o recebimento ocorre apenas depois da resposta (que
seria defesa prévia) no momento que marca audiência de instrução e julgamento (art.
399 CPP).

OBS2: Réplica do MP, art. 409 CPP: parte da doutrina sustenta a aplicação por
analogia do art. 409 do rito do júri, que prevê a oitiva do MP após a defesa, quanto aos
documentos e preliminares. Baseia-se na ideia da não surpresa.

1.4 Absolvição sumária (art. 397 CPP)

Depois da resposta à acusação o juiz deve absolver sumariamente quando verificar:

 Fato não constitui crime (atipicidade)


 Manifesta causa de exclusão da ilicitude.
 Manifesta causa de exclusão da culpabilidade. Exceção: inimputabilidade.
 Extinta a punibilidade – tecnicamente errado porque a sentença de extinção não
é absolutória. Seria um julgamento antecipado da lide.
o Não pode ser extinção que presuma juízo condenatório, como o perdão
judicial.[polemico porque a sumula 18 do STJ entende que é meramente
declaratória, não condenatória]

É um juízo de certeza e por isso o juiz DEVE absolver. Faz coisa julgada material. Se
houver dúvida, vai para a instrução e esta persistindo ao fim, absolve-se pelo in dubio
pro reu.

OBS: Se for inimputabilidade por menoridade, não há absolvição sumária, mas sim
declínio de competência, por isso aplica-se o art. 397. Também aplica-se o 397 se a
inimputabilidade for por insanidade mental, porque a absolvição é imprópria, depende
de toda a instrução e ao fim impõe sanção penal de medida de segurança. Mas se a
inimputabilidade for por embriaguez total involuntária não se aplica o 397, porque pode
ser absolvido de imediato, já que é absolvição própria, causa de exclusão de
culpabilidade.

Uma parte da doutrina sustenta que, sendo a única tese defensiva, a inimputabilidade
pode levar à absolvição sumária mesmo no caso de insanidade mental (art. 26 caput) em
aplicação analógica do art. 415, do ritual do júri. A diferença é que no júri a absolvição
sumária só ocorre após a instrução preliminar à pronúncia/impronúncia, enquanto no
rito comum ela ocorrerá antes de qualquer instrução.

1.5 Audiência de instrução e julgamento


 São produzidas as provas requeridas na denúncia ou na resposta à acusação.
 Podem ser produzidas outras provas, a pedido das partes (art. 402 CPP)
 Podem ser determinadas diligências pelo juiz quando entender necessárias à
solução do caso (busca da verdade real, art. 156 CPP). Mitigação do acusatório.
 O juiz pode indeferir provas que considere irrelevantes, impertinentes ou
protelatórias.
 Preferencialmente a audiência deve ser una, com sentença ao final.
 Identidade física do juiz (art. 399 §2° CPP) – não é absoluta.
 Testemunhas: máximo de 8 [no sumario é 5]

Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de


60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
acusado.

OBS: Interrogatório do preso: o art. 185 §1° afirma que o interrogatório será
realizado no estabelecimento prisional, em sala própria. Parte da doutrina afirma que
esse artigo foi revogado, porque o art. 399 §1° afirma que o interrogatório ocorre em
audiência. No entanto, outra parte afirma que não foi revogado, mas apenas deixou a
possibilidade no caso de serem garantidas a segurança do MP, do juiz, do defensor e a
publicidade ao ato. Esse artigo “não pegou” porque isso é muito difícil, ocorre às vezes
em presídios federais de seg. máxima.

Declarações do ofendido – não é testemunha, não tem compromisso.

Testemunhas – primeiro a acusação e depois a defesa. 8 para cada. Pode haver


testemunhas do juízo, extranumerárias.

1.6 Alegações finais

Não havendo diligências ou sendo indeferido o pedido, passa às alegações finais em


audiência, para um julgamento mais próximo da produção da prova e um processo mais
célere.

STJ, 2017 – Não há direito subjetivo a memoriais escritos, a regra é a oralidade.

20 min +10min para cada.

Assistente: 10 min (defesa é compensada, paridade de armas.)

Considerando a complexidade da causa ou havendo diligências, pode ser concedido


prazo de 5 dias para apresentação de memoriais.

OBS: Ausência de memoriais pelo MP: entende-se como desistência, devendo aplicar o
art. 28 do CPP, pela indisponibilidade da ação pública.

Ausência de memoriais pela defesa: notifica-se pessoalmente para constituir novo


patrono e, se não o fizer, encaminha para a defensoria, porque a defesa técnica é
indisponível. Se enviar direto pra defensoria é cerceamento de defesa.

Se não for encontrado, deve ser intimado por edital.

2. Procedimento comum sumaríssimo (L. 9.099/95)


Tudo começa coma a audiência preliminar, fase pré-processual, que busca a composição
civil dos danos e há a possibilidade de transação penal.
Não se admite se:
já foi condenado
definitvamente a
PPL por crime

Transação
Composição civil
TCO
beneficiado nos
ultimos 5 anos
circunstâncias
pessoais e do
crime

Ausência de Denúncia/
transação queixa oral AIJ Sentença
Já cita o Resposta à acusação
acusado Recebimento/rejeição
testemunhas
debates orais

Devem comparecer vítima e autor, bem como MP. Se acusado não comparecer, há a
revelia. Se vítima não comparecer, há discussão sobre arquivamento temporário ou
consideração de renúncia tácita ao direito de queixa/representação.

Se acusado não for encontrado, há remessa ao juízo comum para citação por edital

2.1 Composição civil


 A composição em crime de ação privada ou condicionada a representação
implica na renúncia ao direito de queixa ou representação.
 Não cabe recurso da sentença homologatória.
 O não oferecimento da representação ou da queixa nesse momento não implica
decadência (tem 6 meses do conhecimento do autor para representar)
 Título executivo judicial.
 Para crimes ambientais, é obrigatória a composição para que haja transação!

2.2 Transação

O objetivo da transação é a despenalização, substituindo a pena privativa de liberdade


por privativa de direitos e/ou multa e evitando a condenação. Há uma dispensa da
persecução penal pelo magistrado, após proposta do MP (mitiga o princípio da
obrigatoriedade), enquanto o acusado abre mão das prerrogativas do processo penal.
Segunda velocidade do direito penal.

Havendo representação ou sendo ação publica incondicionada, o MP pode oferecer


proposta de transação penal OU pedir o arquivamento. Se for ação privada, a
legitimidade para oferecer transação é do ofendido, bem como de sursis
processual!

Havendo proposta de transação, o autor pode aceitar ou rejeitar, e o juiz aprecia. A


análise do juiz é apenas quanto a voluntariedade, legalidade e requisitos.

A decisão que homologa é recorrível por apelação em 10 dias. [esse é um dos


argumentos a favor da possibilidade de impetrar HC mesmo assumindo o ANPP, não
seria contraditório mas sim exercício da defesa]

A transação é título executivo judicial com efeitos na esfera penal, mas não na esfera
civil. Exclui qualquer efeito penal, seja principal [condenação] seja secundário como
reincidência, obrigação de indenizar etc.

Tema 187 RG STF - As consequências jurídicas extra penais previstas no art. 91 do


Código Penal são decorrentes de sentença penal condenatória. Tal não ocorre, portanto,
quando há transação penal (art. 76 da Lei 9.099/1995), cuja sentença tem natureza
meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do
aceitante. As consequências geradas pela transação penal são essencialmente aquelas
estipuladas por modo consensual no respectivo instrumento de acordo.

Art. 76 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de


certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e
não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

Nos crimes ambientais, só pode haver transação se houve prévia composição de danos.

L.9605/98 Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a


proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista
no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser
formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de
que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Para a jurisprudência dos tribunais superiores, a transação é uma prerrogativa do


MP, não é direito subjetivo do réu.

Havendo apenas proposta de MULTA, sem PRD, o juiz pode diminuir até a metade.

Divergência entre juiz e MP: Se o juiz entender ser cabível a transação mas o membro
do MP não, pode ser aplicada analogicamente o art. 28 do CPP, da mesma forma que é
aplicado para o caso de proposta de SURSIS.

STF Súmula 696: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão


condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o
juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

A transação IMPEDE HC para pedir o trancamento da ação?


STJ: Sim, porque não há ação em curso. Diferente do sursis, que há ação suspensa, por
isso admite o HC.

STF, 1 TURMA – Não impede, o HC é remédio constitucional que vale inclusive


quando não há ação penal.

2.2.1 Vantagens da transação:


 Não implica em reincidência
 Não é sentença condenatória, não faz coisa julgada material.
 Não consta nos antecedentes criminais
 Não impõe PPL

2.2.2 Impedimentos para transação:


 Autor condenado em sentença definitiva a PPL por crime.
 Autor já beneficiado por transação nos últimos 5 anos.
 Antecedentes, conduta social e personalidade, motivos e circunstâncias
desfavoráveis

2.2.3 Descumprimento dos termos

Os termos são o cumprimento das PRD e/ou multa. Lembrando que são PRD: prestação
pecuniária, perda de bens e valores, limitação de fim de semana, serviço à comunidade,
interdição temporária de direitos.

O descumprimento dos termos da transação faz com que o volte ao status ante, podendo
o MP voltar à persecução penal, instaurando inquérito para esclarecer questões em
casos mais complexos (os autos são remetidos à justiça comum, porque no juizado não
se admite inquérito), ou faz a denúncia diretamente.

Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei


9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-
se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da
persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial.

2.3 Denúncia oral

Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena,
pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76
desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não
houver necessidade de diligências imprescindíveis.

§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de


ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial,
prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver
aferida por boletim médico ou prova equivalente.

§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da


denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.

Não sendo caso de transação, devido às vedações do art. 76 §2º, ou devido ao não
comparecimento do acusado na audiência preliminar, o MP deve oferecer denúncia oral.

OBS: não comparecendo, o MP deve oferecer denúncia. Se não conseguir citar, aí


sim remete ao juízo comum, para citação editalícia.

O procedimento sumaríssimo não admite produção de provas complexas, por isso,


sendo necessárias diligências complexas, deve ser remetido para o juízo comum
(adota o rito sumário, art.538 CPP). Da mesma forma se o acusado não for encontrado
na citação, porque não é possível citação por edital no juizado.

Lastro probatório mínimo: TCO. O procedimento do juizado não permite instauração


de inquérito, mas não o proíbe, se for necessário basta remeter ao juízo comum.

Após a denúncia o acusado é intimado na própria audiência para comparecer à AIJ. Se


não está presente, é citado na forma do art. 66 (pessoal ou por mandado). Defensor
Público não tem direito a citação pessoal no Juizado, é direto na audiência ou na
imprensa oficial.

Art. 78 (...)

§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos
do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julgamento.

§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta Lei

2.4 Audiência de instrução e julgamento


 Aberta a audiência, há tentativa de composição civil dos danos quando não foi
possível na audiência preliminar.
 Pode haver condução coercitiva para outros atos que não sejam o interrogatório
(Info 900 STF). Diferente da audiência preliminar, que não admite condução
coercitiva.
 Há defesa prévia.
 Juiz decide pelo recebimento ou não na audiência e segue para instrução e
julgamento.
 Podem ser produzidas provas, juntados documentos, desde que não sejam
complexos.
 A sentença dispensa relatório.

Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos
debates orais e à prolação da sentença.

§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento,


podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias.

2.5 SURSIS – Suspensão condicional do processo

O SURSIS processual é medida despenalizadora (evita condenação), que busca evitar o


processo penal quando não for possível a transação penal. Pode ocorrer nos crimes do
rito sumaríssimo e em crimes de outros ritos também. Uma vez cumpridas condições no
período de 2 a 4 anos, há sentença declaratória de extinção da punibilidade, sem
natureza condenatória.

È uma prerrogativa do MP, não direito subjetivo do réu. Parte minoritária da doutrina
entende o contrário, que é direito subjetivo do réu. No caso de ação privada, cabe ao
querelante propor (STJ), não ao MP.

STF Súmula 696: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão


condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o
juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).

2.5.1 Requisitos:
 Pena mínima até 1 ano.
o Contada com as majorantes e minorantes.
o Concurso e crime continuado: soma não pode ser maior que 1 ano.
 Não estar sendo processado nem ter sido condenado por outro crime.
o A condenação anterior a pena de multa IMPEDE o sursis processual,
mas não impede o sursis penal (art. 77 §1°).
 Culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade, circunstâncias e
motivos favoráveis.
o Não deve ser considerada a culpabilidade porque ainda não há
condenação, sequer processo, de modo que não há análise da
culpabilidade [doutrina].
o STJ tem entendimentos que afirmam que se já se beneficiou de SURSIS
em processo anterior não tem mais direito porque não seria medida
adequada. Discordo totalmente.
 Requisitos do sursis penal – art. 77.
o Não ser reincidente em doloso
o Circunstancias judiciais favoráveis
o Não ser caso de PRD.

STJ SÚMULA N. 243 O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação


às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.

STF Súmula 723: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de um sexto for superior a um ano.

2.5.2 Momento

OBS: Lei Maria da Penha não admite SURSIS processual. (STJ SUMULA 536)

Momento: momento do oferecimento da denúncia.

Exceções: emendatio e mutatio libelli (art. 383 e 384 CPP) e procedência parcial da
pretensão punitiva e desclassificação.

Exemplo: crime de furto mediante fraude, com pena mínima maior que 1 ano é
desclassificado para estelionato, pena mínima de 1 ano. Juiz notifica o MP para
emendar e o parquet pode apresentar SURSIS.

Exemplo2: concurso material de crimes com somatório maior que 1 ano. Após sentença,
é condenado apenas em um dos crimes, cuja pena é 1 ano. È cabível sursis, ainda que
depois da sentença.

STJ SÚMULA N. 337 - É cabível a suspensão condicional do processo na


desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.

STJ REsp 1.500.029-SP, 2016 ATENÇÃO!– No caso de condenação com prescrição


de apenas um dos crimes pela pena em concreto, não é possível o SURSIS após a
sentença, porque não houve procedência parcial, mas sim procedência total, com
condenação pelos dois crimes, mas com extinção da punibilidade de um deles.

Jurisprudência em Teses STJ: É inadmissível o pleito da suspensão condicional do


processo após a prolação da sentença, ressalvadas as hipóteses de desclassificação ou
procedência parcial da pretensão punitiva estatal.

2.5.3 Condições
O acusado é citado para dizer se aceita a proposta de SURSIS. Uma vez aceita, o juiz
recebe a denúncia e suspende o processo, com suspensão do prazo prescricional.
(diferente da transação)

ATENÇÃO! Primeiro notifica para aceitar a proposta, depois é que recebe. A


prescrição em abstrato continua correndo enquanto o acusado não aceita. Só com o
recebimento é que interrompe.

i. Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.


o Ônus de provar é do acusado. Pode parcelar o pagamento.
ii. Proibição de frequentar determinados lugares
iii. Proibição de ausentar-se da comarca sem autorização.
iv. Comparecimento pessoal e obrigatório mensal.
v. Outras que o juiz entender adequadas (art. 89 §2°)

Jurisprudência em Teses STJ: É admissível a fixação de penas restritivas de direito


como condição para a suspensão condicional do processo, desde que observados os
princípios da adequação e da proporcionalidade.

Não há óbice a que se estabeleçam, no prudente uso da faculdade judicial disposta no


art. 89, § 2º, da Lei nº 9.099/95, obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a
sanções penais (tais como a prestação de serviços comunitários ou a prestação
pecuniária), mas que, para os fins do sursis processual, se apresentam tão somente como
condições para sua incidência.

2.5.4 Revogação
a) Revogação obrigatória:
 Beneficiário processado por outro crime
o Obs: há julgado no STJ em que réu não perdeu o beneficio porque no
outro processo foi absolvido sumariamente.
 Não efetuar a reparação do dano de modo injustificado

Jurisprudência em teses STJ: O descumprimento das condições impostas na suspensão


condicional do processo, conquanto não se preste a fundamentar o aumento da pena-
base no tocante à personalidade do agente, pode justificar validamente a exasperação
com base na conduta social, ensejando, do mesmo modo, a majoração da pena em
igual patamar.

b) Revogação facultativa:
 Beneficiário processado por contravenção
 Não cumprir outras condições.

STJ, REsp 1.795.962-SP,2020 - O processamento do réu pela prática da conduta


descrita no art. 28 da Lei de Drogas no curso do período de prova deve ser considerado
como causa de revogação FACULTATIVA da suspensão processual. Isso porque o
STJ vem analisando a proporcionalidade dos impedimentos gerados pelo artigo 28, já
decidiu por exemplo que ele não gera reincidência nem impede a concessão de
benefício como a PRD, fazendo uma aproximação com contravenção. [cada vez mais
caminha pra descriminalização]

2.5.5 Extinção da punibilidade

Expirado o período de prova sem revogação, o juiz declarará a extinção da punibilidade.


Não há natureza condenatória. Não gera maus antecedentes, reincidência nem pode ser
usado em desfavor nas circunstâncias judiciais do art. 59.

ATENÇÃO! STJ Temas 920 e 930 - O fim do prazo de prova não impede a revogação
por condenação/processo ocorridos durante o período de prova. Pode haver
revogação obrigatória após o fim do período de prova se a causa é anterior, durante a
execução do sursis, seja condenação, processo ou descumprimento dos requisitos.
[diferente do livramento condicional, que so revoga se suspendeu o período, não pode a
posteriori]
PROCEDIMENTO ESPECIAL - CRIMES DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO

3. Procedimento

Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e


julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída
com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com
declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas
provas.

Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito,
dentro do prazo de quinze dias.

Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora
da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a
resposta preliminar.

São os crimes funcionais típicos previstos nos arts. 312 a 326 do CP. Somente para
esses delitos é que se aplica o procedimento trazido pelos arts. 513 a 518 do CPP.

A inicial deve ter os caracteres mínimos para uma acusação. Sendo crime afiançável
(hoje, todos os crimes de servidores são afiançáveis), há uma defesa prévia no prazo de
15 dias.

O STF entende que a ausência de defesa prévia gera nulidade relativa, ainda que haja
IPL, portanto precisa prova do prejuízo efetivo à defesa. Já o STJ entende que, havendo
IPL, não gera nulidade.

STJ Sumula 330 – É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do
Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.

OBS: Nulidades relativas: uma vez proferida a sentença condenatória, são superados e
sanados eventuais vícios e irregularidades da inicial acusatória.

Havendo conexão entre crime funcional e não funcional, não precisa a defesa
prévia.

Se estiver em local não conhecido não cita logo por edital, há nomeação de
defensor dativo. Só se receber a denuncia é que passa para o procedimento
ordinário com citação por edital e eventual suspensão do processo.

Não se aplica a quem tem prerrogativa de foro, pois nesse caso segue a regra de
competência originária, Lei 8038/90.
Após a defesa prévia o juiz pode rejeitar liminarmente a denúncia ou queixa se for caso
de: inexistência do crime OU improcedência da ação. O recurso contra essa decisão é
RESE.

STF – Crime conexo com crime de responsabilidade de prefeito (DL 201/67) precisa de
defesa prévia também.

STF, 2014 – Não se aplica o procedimento especial se o acusado já deixou de ser


funcionário público.

Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se


convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou
da improcedência da ação

Havendo recebimento, o réu é citado para apresentar resposta à acusação. O rito


aplicado é igual ao sumário ou ordinário, a depender da pena.
PROCEDIMENTO DO JÚRI

O julgamento pelo tribunal do Júri é uma garantia individual, de caráter fundamental.

CR/88 Art. 5º, XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização


que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

A soberania dos vereditos impede a revisão criminal? Não, pode haver Revisão
criminal, inclusive com o julgamento direto pelo Tribunal ad quem, com absolvição do
réu (error in iudicando, não nulidade processual). Também pode: confirmar, alterar
pena, desclassificar crime, anular o processo ou absolver, nos termos do art. 626 do
CPP.

STJ, 6 Turma, 2014 - Uma vez que o Tribunal de origem admitiu o erro judiciário,
NÃO POR NULIDADE no processo, mas em face de contrariedade à prova dos autos e
de existência de provas da inocência do réu, NÃO HÁ OFENSA À SOBERANIA DO
VEREDICTO do Tribunal do Júri se, em juízo revisional, ABSOLVE-SE, desde logo, o
réu, desconstituindo- se a injusta condenação.

ATENÇÃO! Na apelação o art. 593, III §3º determina que seja feito novo julgamento
no caso de julgamento contrário à prova dos autos (apenas uma única vez). Já na revisão
pode DIRETO absolver (lembrando que a revisão sempre é benéfica ao réu).

1. Procedimento bifásico

1ª fase (art. 406 a 421 CPP): judicium acusationis, juízo de culpa, de admissibilidade
da acusação ou prelibação.

2º fase (art. 422 a 497 CPP): judicium causae, juízo de causa, de mérito ou delibação.

1.1 Primeira fase – prelibação

Se assemelha ao rito comum ordinário.

Denúncia  Citação e Resposta em 10 dias  MP/querelante em 5 dias  Juiz


determina diligências  Pronúncia/impronúncia/absolvição sumária/mutatio ou
emendatio libelli.

Prazo máximo do procedimento: 90 dias.


Diferença para o rito ordinário: no júri a absolvição sumária só pode ocorrer depois
da audiência de instrução, enquanto no rito ordinário é logo depois da resposta ao réu.

CPP Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do


acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo


cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de
defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital

§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou


na queixa.

Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos

OBS: o defensor dativo tem prerrogativa de vista pessoal dos autos.

Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante


sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias.

Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das


diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.

Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias

1.1.1 Decisões possíveis


a) PRONÚNCIA
 É uma decisão interlocutória mista.
 A fundamentação deve ser limitada, evitando o excesso de linguagem, não há
juízo de culpa.
o STJ, REsp 1.442.002-AL, 2015 (acolhendo decisão pacificada no STF) -
Reconhecido excesso de linguagem na sentença de pronúncia ou no
acórdão confirmatório, deve-se anular a decisão e os consecutivos atos
processuais, determinando- se que outra seja prolatada, sendo
inadequado impor-se apenas o desentranhamento e envelopamento.
 Menciona as qualificadoras e causas de aumento de pena.
o STJ, AgRg no AREsp 1422122/TO, 2019 – O juiz da pronúncia só pode
decotar as qualificadoras quando forem manifestamente improcedentes,
sem qualquer lastro nos autos.
 In dubio pro societate (STF HC 81646-PE)
o STJ, REsp 1.740.921-GO, 2018 - Não se admite a pronúncia de acusado
fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase
inquisitorial – PREVALECE
o STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 1702743/GO – entende que o
in dubio pro societate permite a pronuncia com base em inquérito.
o STJ, 2017 - O testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido
somente na fase inquisitorial, não serve como fundamento exclusivo
da decisão de pronúncia, que submete o réu a julgamento pelo Tribunal
do Júri.
 Decide sobre fiança, liberdade provisória ou manutenção da prisão preventiva.

Art 413. O juiz, fundamentadamente, PRONUNCIARÁ O ACUSADO, se convencido da


materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação

§1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à INDICAÇÃO DA MATERIALIDADE


do fato e da existência de INDÍCIOS SUFICIENTES de autoria ou de participação,
devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.

OBS: crítica à banalização do in dubio pro societate: STF, 2019:

Os modelos de constatação (standards probatórios) são níveis de convencimento ou


de certeza, que servem de critério para que seja proferida decisão em determinado
sentido. Ex: o modelo de constatação para se condenar alguém é baseado em provas
concretas produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa no processo
judicial. Para pronuncia não é preciso uma certeza, mas é preciso um mínimo
probatório de preponderância das teses acusatórias. A primeira fase do júri
exatamente fazer esse FILTRO PROCESSUAL, já que a segunda fase envolve
pessoas que não possuem conhecimento jurídico e que portanto julgarão com outros
critérios. Deve ser adotada na primeira fase a Teoria Racionalista da Prova (não é
totalmente livre, precisa motivar as valorações do standard probatório, nem é totalmente
estanque como era o sistema de tarifação).

Recurso cabível: RESE (com efeito suspensivo).

Requisitos: materialidade + indícios de autoria (não é juízo de certeza)

OBS: princípio da congruência no júri é entre a decisão de pronúncia e os quesitos


julgados pelo jurados. STJ, 2019

Intimação da pronúncia:

i. Pessoal: réu, defensor dativo e MP


ii. Publicação: defensor constituído, querelante e assistente do MP.
iii. Edital: réu solto não encontrado. [NÃO IMPEDE o prosseguimento do rito do
júri]

OBS: defensor dativo ou DP não serem intimados pessoalmente geram nulidade, mas
deve ser alegada no primeiro momento sob pena de preclusão. Não gera nulidade
quando o próprio defensor dativo pede pra ser intimado por publicação oficial.
b) IMPRONÚNCIA
 Decisão interlocutória mista terminativa.
 Pode haver nova denúncia se aparecerem novas provas.
 Não faz coisa julgada material.

Recurso: apelação

Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios


suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente,
IMPRONUNCIARÁ O ACUSADO

Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser


formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova

c) ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
 É julgamento antecipado da lide
 Decisão de mérito, certeza.

Requisitos:

i. Inexistência do fato
ii. Não ser autor
iii. Atipicidade
iv. Causa excludente de ilicitude, culpabilidade ou extintiva de punibilidade.
o OBS: Não absolve sumariamente no caso de inimputabilidade por
doença mental [porque a medida de segurança é sanção, que exige
instrução], EXCETO se for a única tese [absolvição sumária impropria].
o STJ, HC 73.201-DF, 2014 [flexibiliza o 415 §unico] - No procedimento
do tribunal do júri, o juiz pode, na fase do art. 415 do CPP, efetivar a
absolvição imprópria do acusado inimputável, na hipótese em que, além
da tese de inimputabilidade, a defesa apenas sustente por meio de
alegações genéricas que não há nos autos comprovação da culpabilidade
e do dolo do réu, sem qualquer exposição dos fundamentos que
sustentariam esta tese.

Recurso: apelação.

OBS: Não existe mais o recurso de ofício do 574, II.

Art. 415. O juiz, fundamentadamente, ABSOLVERÁ desde logo o acusado,


quando:

I – provada a inexistência do fato;

II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;

III – o fato não constituir infração penal;


IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao


caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese
defensiva.

d) DESCLASSIFICAÇÃO
 Se a desclassificação for para outro crime doloso contra a vida, continua o rito
do júri, com pronúncia pelo outro crime (emendatio/mutatio libelli)
 Se a desclassificação gerar incompetência o juiz deve declinar
 Da declinação cabe RESE
 Não há perpetuatio jurisdicionis – o crime conexo também é declinado ao juízo
competente.

1.2 Segunda fase – delibação

Pronúncia  Intimação das partes para arrolar testemunhas-5- e pedir diligências (5


dias)  saneamento do processo  intimação para o julgamento  sorteio dos jurados
(25)

Jurados: a lista geral de jurados é proporcional à população da comarca, sendo


publicada até 10 de outubro do ano, com publicação definitiva, após reclamações, em 10
de novembro. O jurado que tiver integrado júri nos últimos 12 meses não pode estar na
lista geral.

STJ, 2013 – nulidade absoluta do julgamento condenatório em que um dos


jurados integrou o conselho de sentença em um processo nos últimos 12 meses,
ainda que a defesa não tenha consignado a insurgência em ata. Ainda que não se
saiba se votou pela condenação ou não, há prejuízo no caso de condenação por
4x3.

OBS: art. 581 determina RESE para impugnar a lista, mas o art. 426 determina a
RECLAMAÇÃO. Renato Brasileiro afirma que não cabe mais RESE, mas essa
posição não é pacífica na doutrina.

Lista dos 25: audiência de sorteio a portas abertas, não será adiada pelo não
comparecimento das partes (art. 433)

Organização da pauta: a preferência é dos réus presos (art. 429) e entre esses, os que
estão presos há mais tempo.

Assistente da acusação: deve se habilitar até 5 dias antes da sessão (art. 430). Pode
indicar 5 testemunhas (art. 422 CPP) – polemica na doutrina, alguns entendem que não
cabe porque o 422 so fala em intimar MP ou querelante.
Intimação para o julgamento: pode haver julgamento sem o réu, ou seja, o réu não
encontrado pode ser intimado por edital, desde que tenha sido intimado pessoalmente
da pronúncia. O processo não é suspenso, não há crise de instância pela não presença
do réu intimado por edital.

 Composição do Tribunal do Júri e formação do Conselho de Sentença

O Tribunal é composto por 25 + juiz togado. É o sistema tradicional, com apenas um


juiz togado, diferente do sistema escabinado, em que há número proporcional entre
togados e leigos (caso da Justiça Militar). No dia da sessão é feito sorteio para formação
do Conselho de Sentença com 7 jurados.

Quórum mínimo para iniciar a sessão: 15 jurados.

Impedidos (art. 448): até 3 grau.

I. marido e mulher; [considera união estável]


II. ascendente e descendente;
III. sogro (a) e genro ou nora;
IV. irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
V. tio e sobrinho;
VI. padrasto, madrasta ou enteado
VII. Hipóteses de suspeição e impedimento para juízes.

Vedações (art. 449):

I. tiver atuado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da


causa determinante do julgamento novo. [nulidade absoluta] STF Sumula 206
II. no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que
julgou o outro acusado;
III. tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado.

OBS: Os jurados excluídos são contados no quórum para realização da sessão.

Recusas peremptórias: até 3 imotivados por parte, à medida que são sorteados os
jurados. Primeiro a defesa, depois o MP. Não há limite para os motivados.

Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz
presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão
recusar os jurados sorteados, ATÉ 3 (TRÊS) CADA PARTE, SEM MOTIVAR A
RECUSA.

ESTOURO DE URNA: Quando não restam 7 jurados por conta das recusas,
devendo ser separado o julgamento dos réus (separação obrigatória).

STJ, 6T, 2021 - Não há nulidade no ato de se convocar suplentes a fim de evitar
a ocorrência de estouro de urna, possibilidade concretamente extraída do cotejo
do número de réus com o número de jurados a serem sorteados
STJ, RHC 67.383-SP, 2016 – Se no desmembramento, um corréu, com mesma
consciência e voluntariedade que o outro, tem o delito desclassificado pelo
plenário, essa decisão é extensível ao outro corréu, em julgamento por outro júri.
Isso é independente de recurso ou nova decisão do júri.

 Compromisso dos jurados

Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele,


todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos
a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com
a vossa consciência e os ditames da justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo
presidente, responderão: Assim o prometo.

Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o


caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do
processo.

 Instrução

Ofendido – Testemunhas -- Réu

Cada um começa inquirindo a testemunha que arrolou. As perguntas são feitas


diretamente. Os jurados podem fazer perguntas por meio do juiz.

Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução


plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o
querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as
declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas
pela acusação.

§1º Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o defensor do


acusado formulará as perguntas antes do Ministério Público e do assistente,
mantidos no mais a ordem e os critérios estabelecidos neste artigo.

§2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às testemunhas, por


intermédio do juiz presidente.

§3º As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de


pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que
se refiram, EXCLUSIVAMENTE, ÀS PROVAS COLHIDAS POR CARTA
PRECATÓRIA E ÀS PROVAS CAUTELARES, ANTECIPADAS OU NÃO
REPETÍVEIS.

Art. 474. A seguir será o acusado INTERROGADO, se estiver presente, na


forma estabelecida no Capítulo III do Título VII do Livro I deste Código, com as
alterações introduzidas nesta Seção.
§1º O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem,
PODERÃO FORMULAR, DIRETAMENTE, perguntas ao acusado.

§2º Os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presidente.

§3º Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que


permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos
trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física
dos presentes.

Pode se referir a sentença que condenou corréu, não caracteriza uso de argumento de
autoridade e não tem condão de influenciar jurados. (STF, 2015)

OBS: não é qualquer leitura de decisão do processo que gera nulidade, precisa haver ao
argumento de autoridade.

STJ, HC 243591-PB, 2015 – Em regra, o adiamento da sessão por ausência da


testemunha se dá apenas se ela for dita imprescindível. Mas ainda que testemunha não
tenha sido indicada como imprescindível, não se pode admitir que a defesa seja
prejudicada por um equívoco do Estado, que expediu mandado de intimação para
endereço distinto daquele indicado pelos advogados do acusado, obrando em evidente
cerceamento de defesa.

STF, ADPF 779, 2021 – A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, motivo
pelo qual não pode ser alegada como tese defensiva, o que não fere a plenitude de
defesa. Também não pode ser alegada em fase pré-processual. Se for utilizada e ocorrer
a absolvição no 3 quesito, o MP pode recorrer mas não alegando a prova contraria aos
autos mas sim a nulidade posterior à denuncia, já que há nulidade no uso desse
argumento. Isso porque o STF não entende possível o 593, III, d para a acusação.

Adiamentos se não comparecer:

 MP não comparecer
 Advogado do acusado e não houver outro [só adia 1 vez]
 Réu preso não conduzido, salvo se teve pedido de dispensa da sua presença
 Testemunha imprescindível – parte deve pedir intimação por mandado
 Falta de jurados suficientes

Não adia:

 Não comparecer o querelante


 O réu solto
 Assistente
 Testemunha prescindível
 Alegações finais
STJ, 6T, 2021 - Juiz não pode unilateralmente alterar os prazos dos debates orais no Júri
previstos no CPP; no entanto, isso pode ser feito mediante acordo entre as partes

O MP deve se ater às qualificadoras e causas de aumento inscritas na pronúncia, pelo


principio da congruência, mas pode trazer novas causas agravantes.

Não pode fazer referência a (art. 478):

 Decisão de pronúncia ou outras posteriores que admitiram ou algemas – ARG.


AUTORIDADE
 Silêncio do acusado em prejuízo deste
 Documento não juntado aos autos com 3 dias de antecedência

É possível réplica e tréplica e reinquirição de testemunha (art. 476 §3º)

STF Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Debilidade de defesa: nulidade relativa. Falta de defesa: nulidade absoluta.

STJ, 2012 – Defensor que só usou 4 minutos da sustentação oral (que tem
1h30min) configura falta de defesa, devendo ser anulado o júri.

STJ – ABANDONO DO JURI – DVERGÊNCIA – 6 Turma entende que o defensor


sair do júri não configura abandono nos termos do art. 265 do CPP. 5 Turma entende
que é abandono do processo e cabe multa do art. 265, com possibilidade de ação
regressiva contra o defensor.

 Julgamento em plenário
 Os jurados podem pedir esclarecimentos de fato e de direito.
 Não pode o quesito conter valorações sobre a pessoa do acusado, nem os
motivos do crime, sob pena de nulidade.
 Pode haver necessidade de produção de nova prova essencial ao julgamento do
feito, o que gera a dissolução do conselho e novo julgamento posterior com
novo conselho (art. 481)
 O questionário tem perguntas obrigatórias:
o Se há materialidade
o Se há autoria
o Se deve ser absolvido (“o jurado absolve o acusado?”)
o Causas de diminuição de pena
o Causas de aumento ou qualificadoras.

Se a terceira pergunta tiver como resultado a absolvição, as demais restam


prejudicadas.

Se a primeira ou segunda tem resultado negativo, as demais Houve materialidade?


restam prejudicadas. Houve autoria?
*De crime tentado?
*De outro crime do júri?
Absolve?
*Desclassifica?
Causas de diminuição?
Causas de aumento?
Se for alegada desclassificação, deve ser perguntada após a 2º ou 3ª pergunta. [o juiz
togado faz a dosimetria direto, não precisa declinar]. Mas se for uma tese subsidiária
(ex: legitima defesa ou desclassificação), deve vir sempre depois da 3ª pergunta.

STJ, REsp 1501270-PR, 2015 – No caso de desclassificação para crime que não é
competência do júri (ex: latrocinio) o conselho não precisa responder pergunta sobre
qual crime é, cabe ao magistrado togado fazer essa análise.

Se for tese de desclassificação pra LESAO e a acusação alega tentativa, a pergunta deve
ser apenas sobre a tentativa, porque se o júri disser que o crime não se consumou por
motivos alheios, então obviamente esta descartada a lesão, já que essa seria crime
consumado.

STJ, HC 293895 / RS, 2019 – Entende que a competência para julgar o conexo na
segunda fase é do CONSELHO DE SENTENÇA. O juiz só faz a dosimetria.

Se for alegada tentativa, deve ser perguntada após a 2ª pergunta (sendo as duas
anteriores positivas).

STF SÚMULA 156 - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de
quesito obrigatório.

STF SÚMULA 162 - É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os


quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes.

STJ, 2014 - Suscitada a legítima defesa como única tese defensiva, caso mais de
três jurados respondam afirmativamente ao terceiro quesito - "O jurado absolve
o acusado?" -, o Juiz Presidente do Tribunal do Júri DEVE ENCERRAR O
JULGAMENTO E CONCLUIR PELA ABSOLVIÇÃO DO RÉU, não podendo
submeter à votação quesito sobre eventual excesso doloso alegado pela
acusação.

Se houver contradições a votação começa novamente de todos os quesitos da


contradição, após explicação do juiz.

Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em CONTRADIÇÃO com


outra ou outras já dadas, o presidente, explicando aos jurados em que consiste
a contradição, SUBMETERÁ NOVAMENTE À VOTAÇÃO OS QUESITOS A
QUE SE REFERIREM tais respostas.

Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos quesitos, o presidente


verificar que ficam prejudicados os seguintes, assim o declarará, dando por
finda a votação

OBS: SOBRE O QUESITO DA ABSOLVIÇÃO E A APELAÇÃO DO 593, III, d:

Parte da doutrina alega que, após a inserção desse quesito, em 2008, passou a perder o
sentido a apelação por prova contraria aos autos quando há absolvição do réu. Essa é a
posição de Aury Lopes Jr, que foi adotada pelo STF em recente decisão relatada por
Celso de Mello.

Outra corrente, hoje mais dominante na jurisprudência, e adotada pelo STJ, entende que
subsiste a apelação do 593, III, d para a acusação também, entendendo a possibilidade
excepcional, tendo em vista o duplo grau de jurisdição.

Aury Lopes Jr: Já que está autorizado que o jurado absolva por qualquer motivo, por
suas próprias razões, mesmo que elas não encontrem amparo na prova objetivamente
produzida nos autos, será que ainda cabe esse recurso? A resposta sempre nos pareceu
negativa, não cabendo mais esse recurso por parte do Ministério Público quando a
absolvição for com base no quesito genérico, até porque a resposta não precisa refletir e
encontrar respaldo na prova, ao contrário dos dois primeiros (materialidade e autoria),
que seguem exigindo ancoragem probatória pela própria determinação com que são
formulados. O réu pode ser legitimamente absolvido por qualquer motivo, inclusive
metajurídico, como é a ‘clemência’ e aqueles de caráter humanitário.

 Sentença

Após a votação secreta dos quesitos o juiz profere a sentença fixando a pena base,
considerando as agravantes e atenuantes (não são votadas), impõe as causas de aumento
e diminuição, estabelece os efeitos da condenação e determina a necessidade de prisão.

Se a sentença for absolutória o juiz revoga as medidas cautelares ou prisão, e se for caso
de absolvição impropria, determina medida de segurança.

Na desclassificação o juiz faz a dosimetria da pena e do crime conexo. Há perpetuatio


jurisdicionis.

ATENÇÃO! L. 13.964/2019 – Agora há a execução provisória da pena para crimes do


júri com condenação igual ou maior que 15 anos. O efeito suspensivo da apelação pode
ser dado, mas não é regra.

STF, HC 163814 ED/MG , 2019 - Não é possível a execução provisória da pena mesmo
em caso de condenações pelo Tribunal do Júri.

STF 2 TURMA, HC 174.759 CEARÁ 2020 -Não cabe invocar a soberania do


veredicto do Conselho de Sentença , para justificar a possibilidade de execução
antecipada (ou provisória) de condenação penal recorrível emanada do Tribunal do Júri,
eis que o sentido da cláusula constitucional inerente ao pronunciamento soberano dos
jurados (CF, art. 5º, XXXVIII, “ c”) não o transforma em manifestação decisória
intangível, mesmo porque admissível, em tal hipótese , a interposição do recurso de
apelação, como resulta claro da regra inscrita no art. 593, III, “ d”, do CPP.

!STF, HC 198392 AgR, 1 TURMA, 2021 – è possível a execução provisória da pena no


tribunal do Juri.
 Apelação

OBS: Apelação exclusiva da defesa que gera novo julgamento  fica limitado ao
máximo da pena já decidida. Usa essa pena como pena concreta para calcular a
prescrição retroativa.

Se for recurso de defesa e acusação  não tem essa limitação, o novo julgamento pode
piorar para o acusado.

Recurso da acusação  não pode de ofício piorar, mas pode melhorar para o réu.

2. Desaforamento

 É um procedimento no Tribunal, que visa garantir o julgamento imparcial.


 Não tem prazo, é enquanto não ocorre o julgamento.
 Requerimento do acusado, do MP, do querelante ou de ofício. Quem decide é o
Tribunal.
 O juiz é ouvido caso não seja o requerente. Pode haver suspensão do julgamento
liminarmente, mas não é automático.
 Se houver recurso na pronúncia (RESE) ou se já houve o julgamento, não se
admite o pedido de desaforamento, exceto se for por fato que ocorreu no
julgamento.
 Outra comarca da mesma região.

Hipóteses:

 Ordem pública – falta de tranquilidade social


 Dúvida sobre a imparcialidade do júri
 Segurança pessoal do acusado
 Excesso de serviço – mais de 6 meses para júri.

STJ, HC 492.964-MS, 2020 - A mera presunção de parcialidade dos jurados do


Tribunal do Júri em razão da divulgação dos fatos e da opinião da mídia é
insuficiente para o desaforamento do julgamento para outra comarca

Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a


imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a
requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado
ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o
desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não
existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.

§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá


preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente.

§ 2ª Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar,


fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo júri.
§ 4º Na PENDÊNCIA DE RECURSO contra a decisão de pronúncia OU
QUANDO EFETIVADO O JULGAMENTO, não se admitirá o pedido de
desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou
após a realização de julgamento anulado.

Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do


COMPROVADO EXCESSO DE SERVIÇO, ouvidos o juiz presidente e a parte
contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses,
contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia

STF SÚMULA 712 - É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da


competência do júri sem audiência da defesa.

STJ, HC 374.713-RS 2017 - A execução provisória da decisão proferida pelo Tribunal


do Júri – oriunda de julgamento desaforado nos termos do art. 427 do CPP – compete ao
Juízo originário da causa e não ao sentenciante.
TEORIA DA PROVA

A finalidade do Direito Processual de se estabelecer uma verdade jurídica é alcançada


por meio das provas. A prova, portanto, é instrumento para a convicção do juiz,
destinado a demonstrar a realidade de um fato.

A prova pode ser trazida ao processo pelo juiz ou pelas partes (sistema misto, é
acusatório e inquisitório).

Três significados para o conceito de prova (Nucci):

a) Prova como atividade probatória – ato ou conjunto de atos que tendem a formar
a convicção do juiz sobre a existência ou a inexistência de determinada situação
factual.
b) Prova como resultado - a convicção do juiz formada no processo sobre a
existência ou não de uma dada situação de fato.
c) Prova como meio – instrumento probatório em si.

A prova pressupõe contraditório, seja real ou diferido.

3. Objeto da prova

É todo fato, circunstância ou alegação sobre o qual paire algum tipo de dúvida ou
incerteza e que seja importante para o deslinde da ação.

Dúvida + importância + admissível + concludente.

Ex: afirma-se que João matou Carlos e que no dia anterior comeu carne. O fato de
comer carne não é relevante, não precisa ser provado.

Fatos incontroversos (que não foram negados pela parte contrária) precisam ser
provados. Pela presunção de inocência, o autor do processo penal precisa provar todos
os fatos relevantes, ainda que o réu não os conteste.

OBS: objeto DA PROVA – aquilo que será provado, o acontecimento em si. Ex: morte
de alguém.

Objeto DE PROVA: é genérico, aquilo que é pertinente provar.

Não é objeto de prova:5

 O direito (iuria novit curia)


o Exceções: direito consuetudinário, direito internacional, direito local.
 Fatos axiomáticos, evidentes, intuitivos. Ex: que ao jogar óleo quente em
alguém queima
 Fatos notórios ex: que alguém é nacionalmente famoso ou que 25 de dezembro é
feriado.
 Fatos irrelevantes ou inúteis. Ex: o que almoçou no dia
 Presunções legais absolutas (ex: inimputabilidade do menor de 18 anos)

4. Classificação das provas

a) Quanto ao objeto: direta x indireta.

A direta se relaciona diretamente com o objeto da prova, como uma testemunha ocular.
A indireta é mais distante do tema probandi, como por exemplo o indício (uma situação
provada que presume outra que se procura provar).

b) Quanto ao sujeito ou causa: pessoal x real

A pessoal emana de uma pessoa: depoimento de testemunha. Prova real consiste em


coisa: declaração assinada por alguém, perícia.

c) Quanto à forma ou aparência: testemunhal x documental x material


d) Quanto ao efeito ou valor: plena x não plena (indiciária) x emprestada

Prova plena é a que permite a condenação ou a absolvição sumária.

Prova não plena é aquele que não gera juízo de certeza, que permite cautelares,
pronúncia, recebimento da denúncia.

A prova emprestada é considerada lícita, devendo ser submetida ao contraditório no


processo para o qual será trasladada. Serendipidade de primeiro (fatos conexos) ou
segundo grau (fatos não conexos). Nesse último caso a prova serve como notícia
criminis, iniciando nova investigação. Alguns autores ainda falam em serendipidade
objetiva (encontra novos crimes) ou subjetiva (encontra novos acusados)

STF, Inq 3305 AgR/RS, 2016 - É possível compartilhar as provas colhidas em sede de
investigação criminal para serem utilizadas, como prova emprestada, em inquérito civil
público e em outras ações decorrentes do fato investigado. Esse empréstimo é permitido
mesmo que as provas tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial
dos sigilos financeiro, fiscal e telefônico

5. Meio de prova

Tudo o que pode ser usado para provar o objeto. Há meios nominados e inominados.
Alguns autores diferenciam meio de prova, que seriam endoprocessuais, com meios de
obtenção de prova, que seriam extraprocessuais.

Meio de prova x fonte de prova – a fonte de prova é de onde surge a prova. Meio de
prova é o instrumento. Ex: Meio de prova: testemunhal. Fonte da prova testemunhal é a
pessoa. A prova em si é o depoimento da pessoa, o testemunho em juízo. O objeto da
prova testemunhal é o fato que a pessoa traz.

Um exemplo de prova inominada seria o reconhecimento fotográfico, que, mesmo não


encontrando previsão legal, é muito comum da esfera federal.
STJ 6 T entende que o reconhecimento fotográfico por si só pode embasar recebimento
da denuncia, mas nunca condenação, devendo estar junto de outras provas. Deve ser
meio anterior, preparatório do procedimento do 226 para que seja válido para
condenação.

STJ 5 TURMA – A inobservância do procedimento do 226 do CPP para


reconhecimento de pessoas é meramente irregularidade, não gera nulidade da prova

STJ. 5ª Turma. HC 652284/SC, 2021 - O reconhecimento fotográfico serve como prova


apenas inicial e deve ser ratificado por reconhecimento presencial, assim que possível.
E, no caso de uma ou ambas as formas de reconhecimento terem sido efetuadas, em
sede inquisitorial, sem a observância (parcial ou total) dos preceitos do art. 226 do CPP
e sem justificativa idônea para o descumprimento do rito processual, ainda que
confirmado em juízo, o reconhecimento falho se revelará incapaz de permitir a
condenação, como regra objetiva e de critério de prova, sem corroboração do restante
do conjunto probatório, produzido na fase judicial.

STJ. 6ª Turma. HC 598.886-SC, 2020– O reconhecimento de pessoa, presencialmente


ou por fotografia, realizado na fase do inquérito policial, apenas é apto, para identificar
o réu e fixar a autoria delitiva, quando observadas as formalidades previstas no art. 226
do Código de Processo Penal e quando corroborado por outras provas colhidas na fase
judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.

O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia(s) ao reconhecedor, a


par de dever seguir o mesmo procedimento do reconhecimento pessoal, há de ser visto
como etapa antecedente a eventual reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir
como prova em ação penal, ainda que confirmado em juízo

1) O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto


no art. 226 do Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem
garantia mínima para quem se encontra na condição de suspeito da
prática de um crime;

2) À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a


inobservância do procedimento descrito na referida norma processual
torna inválido o reconhecimento da pessoa suspeita e não poderá servir
de lastro a eventual condenação, mesmo se confirmado o
reconhecimento em juízo;

3) Pode o magistrado realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal,


desde que observado o devido procedimento probatório, bem como pode
ele se convencer da autoria delitiva a partir do exame de outras provas
que não guardem relação de causa e efeito com o ato viciado de
reconhecimento;

4) O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia(s) ao


reconhecedor, a par de dever seguir o mesmo procedimento do
reconhecimento pessoal, há de ser visto como etapa antecedente a
eventual reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova
em ação penal, ainda que confirmado em juízo.

ENTÃO A CONDENAÇÃO BASEADA EM RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO


DEVE SER REVERTIDA? NÃO NECESSARIAMENTE, SE TIVER OUTROS
MEIOS DE PROVA.

STF. 2ª Turma. RHC 206846/SP, 2022 - A inobservância do procedimento descrito na


referida norma processual torna inválido o reconhecimento da pessoa suspeita, de modo
que tal elemento não poderá fundamentar eventual condenação ou decretação de prisão
cautelar, mesmo se refeito e confirmado o reconhecimento em juízo. A
desconformidade ao regime procedimental determinado no art. 226 do CPP deve
acarretar a nulidade do ato e sua desconsideração para fins decisórios, justificando-se
eventual condenação somente se houver elementos independentes para superar a
presunção de inocência.

STJ. 6ª Turma. REsp 1969032-RS, 2022 - Mesmo que o reconhecimento pessoal não
tenha observado as formalidades legais, não será o caso de absolvição se a vítima
relatou, nas fases inquisitorial e judicial, conhecer o réu, bem como o pai do acusado,
por serem vizinhos

STJ, 6T, 2022 - Se a vítima é capaz de individualizar o autor do fato, é desnecessário


instaurar o procedimento do art. 226 do CPP

Duplo fator da cadeia de custódia – permitir a investigação mais completa do fato e


também permitir o exercício da ampla defesa e contraditório.

Prova Ilícita x Prova irritual x Prova atípica x Prova anômala

Prova ilícita é gênero. Para alguns, é quando viola regras de direito material –
processual seria ilegítima.

Prova irritual é espécie de prova não admitida por violar a forma prevista em lei. Ex:
reconhecimento de pessoas fora do 226

Prova atípica é aceita. Ex: busca e apreensão digital. Convenção de Budapeste.

Prova anômala é prova típica usada com finalidade de outra prova típica. Ou seja,
poderia ter sido produzida a prova pelo meio típico. Ex: documento unilateral de
testemunhada afirmando que viu o autor cometer o crime. A prova documental é típica
mas aqui visa fazer as vezes de testemunhal. [polemica: discussão sobre carta de
médium. Seria anômala, pois documento unilateral visando força de testemunhal]

6. Sujeitos da prova

São os que produzem as provas, o perito, a testemunha etc. Destinatario imediato – juiz,
mediato – partes.
7. Princípios relativos às provas

a) Princípio da autorresponsabilidade das partes – as partes assumem as


consequências da inércia, erro e das provas.
b) Princípios da aquisição da prova ou da comunhão das provas – não pertence
uma parte, serve ao processo como um todo. Duty to disclosure.
c) Princípio da audiência contraditória
d) Princípio da relatividade das provas – não há hierarquia entre os meios de prova
(livre convencimento motivado). Ex: art. 182 CPP.
e) Princípio da oralidade
f) Princípio da concentração.
g) Princípio da publicidade. Exceção: segredo de justiça.
h) Princípio da liberdade dos meios de prova. Exceção: ilícitas e ilegítimas.
o Pode prova ilícita pro réu, que é uma prova justificada. Aplicação do
principio da proporcionalidade. Ex: gravação clandestina para provar
uma agressão, legitima defesa etc. A agressão ou o crime deve ser
atual e a ilicitude deve seguir uma proporcionalidade.
o Idade: Jurisprudencia entende que não é livre, deve ser comprovado
por documento civil. Mas excepcionalmente, se não há documento, o
que fazer? Admite testemunhas ou perícias.

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais.

Prova ilegítima (ilicitude formal) x prova ilícita stricto sensu (ilicitude


material): classificação doutrinária. Ilegítima é a que não segue regra
processual. Ilícita é a que viola um direito material (ex: obtida por violação de
domicílio).

Exclusionary rules – regras que retiram a prova do processo, pois ilícitas.

Teoria dos frutos da árvore envenenada: ainda que a prova em si seja lícita, se
ela advém de um fato ilícito deve ser desconsiderada. Exceção: se tiver fonte
independente ou for descoberta inevitável, ou seja, se ela por si só seria capaz
de conduzir ao objeto da prova. Quem alega a ilicitude por derivação deve
demonstrar o nexo.

Exemplo: tortura leva ao nome de testemunhas que prestam depoimento regular.


O depoimento em si é licito, mas o modo como foram achadas as testemunhas é
ilícito.

Art. 157 (...) § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas,
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das
primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites
típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz
de conduzir ao fato objeto da prova

Teorias que mitigam a teoria dos frutos da arvore envenenada:

 Teoria da fonte independente- aceita pelo CPP e juris


 Teoria da descoberta inevitável – aceita pelo CPP e juris
 Teoria da contaminação expurgada (“mancha de tinta purgada”) –
NÃO ACEITA, vem do direito americano, quando a prova ilicita tem
nexo com outra prova, mas há um vinculo muito superficial, de modo
que é purgada a ilicitude da prova derivada.
 Teoria da boa-fé – NÃO ACEITA, mitiga a ilicitude da prova derivada
quando não há dolo do agente.

Ilicitude de prova obtida em celular sem autorização (jurisprudência) – Flagrante:


se for conversa de whatssapp ou mesmo interceptação telefônica sem autorização é
prova ILÍCITA e o que derivar dela é ilícito pela teoria dos frutos da árvore envenenada.
Mas se for apenas REGISTRO, números que ligou e horário, não há violação ao sigilo,
pode levar a outros investigados. STF ainda vai julgar RG Tema 977 sobre isso.

Busca e apreensão: não precisa autorização, a BA já pressupõe a análise.

Vítima ou parente da vítima entrega celular: não precisa autorização.

Prova obtida no domicílio sem autorização judicial – precisa de fundadas razões para
entrar no domicílio, confirmadas a posteriori.

STJ. 6ª Turma. HC 674139-SP, 2022 – É ilícita a prova obtida por apreensão domiciliar
quando o consentimento do réu para a entrada na casa foi induzido em erro pelos
policiais. Caso concreto: policial disse que iria entrar pra verificar se havia um suspeito
de roubo. Quando entrou, buscou por drogas e achou. Prova ilícita pois o consentimento
é ilícito.

STJ. 6ª Turma. HC 659527-SP, 2021 - Embora o quarto de hotel regularmente ocupado


seja, juridicamente, qualificado como “casa” para fins de tutela constitucional da
inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI), a exigência, em termos de standard
probatório, para que policiais ingressem em um quarto de hotel sem mandado
judicial não pode ser igual às fundadas razões exigidas para o ingresso em uma
residência propriamente dita, a não ser que se trate (o quarto de hotel) de um local de
moradia permanente do suspeito

8. Cadeia de Custódia

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos


utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em
locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com


procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a


produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)

§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou


recolhido, que se relaciona à infração penal.

ETAPAS: ReIFiCo Arcondicionado a Trans Recebe Proprina Armazena e


Descarta

A) reconhecimento: é a distinção

B) isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime.

 OBS: A entrada não autorizada em área de isolamento é tipificada penalmente,


assim como a remoção de vestígios, sendo fraude processual.

C) fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou


no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial
produzido pelo perito responsável pelo atendimento;

D) coleta: recolher. Preferencialmente por perito oficial.

E) acondicionamento: embalado de forma individualizada, de acordo com suas


características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da
data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento;

 As embalagens devem observar a natureza do material


 O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada.
 A cada rompimento de lacre na embalagem deve ser feito um registro, com
identificação de quem rompeu, e acondicionado em nova embalagem.
 Os Institutos de Criminalística devem possuir órgão centralizado para custódia
de materiais
 Havia entendimento anterior ao Pacote anticrime que entendia não serem nulas
as provas coletadas que não foram lacradas.

F) transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as


condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a
garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua
posse;

G) recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser


documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e
unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o
vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo,
assinatura e identificação de quem o recebeu

H) processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a


metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se
obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

I) armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do


material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou
transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)

 Após o processamento o material vai para a central de custódia.


 Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as
condições de depósito do referido material em local diverso, mediante
requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.

J) descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação


vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

Qual é a consequência decorrente da quebra da cadeia de custódia (break in the chain


of custody)?

1ª corrente: a consequência é a ilicitude da prova, com a sua exclusão, assim como das
demais provas dela derivadas.

2ª corrente (STJ): a quebra da cadeia de custódia não leva, obrigatoriamente, à ilicitude


ou à ilegitimidade da prova, devendo ser analisado o caso concreto.

ATENÇÃO! STJ tem julgado que HC que discute quebra da cadeia de custodia e
consequente nulidade do recebimento da denuncia por ausência de justa causa NÃO
PERDE O OBJETO após a condenação. É exceção da Sumula 648 do STJ.

PROVAS EM ESPÉCIE

9. Declarações do ofendido
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa
indicar, tomando-se por termo as suas declarações.

 A vítima não é testemunha, é ouvida como ofendido.


 Não presta compromisso, não responde por falso testemunho.
 Pode responder por denunciação caluniosa.
 Vértice da prova: quando não há testemunhas, como nos crimes contra a
liberdade sexual, as declarações do ofendido servem como vértice da prova, ou
seja, a partir dele vão se desmembrar as outras provas, diligências.
o Jurisprudência pacífica diz que palavra da vítima em situações de crimes
sexuais ou crimes de violência doméstica tem especial peso, quando em
consonância com outras provas.
o Síndrome da Mulher de Potifar – denunciação caluniosa, José fica preso
2 anos.
 Pode haver condução coercitiva. Mas NÃO responde por desobediência, por
falta de previsão legal e pela proporcionalidade, porque já é a vítima.
o § 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo,
o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.

ATENÇÃO! L. 13.718/2018 – Alterou os crimes de estupro, que passa a ser sempre


incondicionada, mesmo que não seja contra vulnerável. Nesses casos é proporcional e
razoável decretar segredo de justiça, já que a ação corre sem o consentimento do
ofendido.

10. Testemunhas

São pessoas equidistantes do fato. Qualquer pessoa pode ser testemunha, ainda que
menor de idade, com doenças mentais etc. Nesse caso deve buscar um depoimento
adaptado à idade para que não haja dano à criança ou adolescente (DEPOIMENTO
SEM DANO/ESPECIAL). Esse depoimento ocorre com juiz e MP observando de fora,
sem poder fazer perguntas, porque são feitas por um profissional habilitado.

Segue o rito de antecipação de prova se: menor de 7 anos OU violência sexual.

Menor de 14 e incapazes por doença mental não prestam compromisso, mas são
testemunhas.

As testemunhas não emitem opiniões.

 Segundo momento da audiência de instrução e julgamento.


 Primeiro as de acusação e depois as de defesa. Essa ordem pode ser quebrada no
caso de precatória!
o OBS precatória e interrogatório antes das testemunhas do precatório:
pode!
o CUIDADO! STJ. 3 SEÇÃO, 2022 TROUXE DIVERGENCIA - No
entanto, existem também precedentes neste STJ, contemporâneos aos
citados, e outros mais recentes, que firmam posição diversa, baseada na
orientação do Supremo Tribunal Federal, qual seja, a de que a
concretização do interrogatório do réu antes da oitiva das
testemunhas e da vítima lhe priva do acesso à informação,
promovendo nítido enfraquecimento dos princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa, concluindo que a regra do § 1º, do art.
222, do CPP não autorizaria a realização de interrogatório do réu em
momento diverso do disposto no art. 400 do CPP, vale dizer, antes do
final da instrução.
o STF E STJ – INVERSÃO É NULIDADE RELATIVA, EXIGE
PREJUIZO e preclui se não alegada de imediato.
 Rito ordinário – 8 testemunhas. [sumario 5]
 Informantes – não prestam compromisso.
 Testemunha referida – referidas por outras testemunhas. São extranumerárias.
 Testemunhas do juízo – também extranumerárias
 Obrigações: comparecer e dizer a verdade. Sanções:
o Condução coercitiva
o Multa
o Custas da diligência
o Crime de desobediência.

Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e
sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que
grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que
souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais
possa avaliar-se de sua credibilidade.

Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo
justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou
determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força
pública.

Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem
prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento
das custas da diligência.

Atenção! Quando a testemunha, ao depor, puder se autoincriminar, é válido que ela


exerça seu direito a não autoincriminação.

STJ, - A testemunha em processo criminal que mente ao prestar depoimento para evitar
que seja incriminada por outro ilícito não comete crime algum, no final das contas. Isso
porque a Constituição Federal garante o direito à não autoincriminação.
STF – segue esse mesmo entendimento, a testemunha quando puder se incriminar se
reveste da garantia constitucional da não autoincriminação.

10.1 Testemunhas não compromissadas


 Menor de 14 anos
 Deficientes mentais
 Ascendentes, descendentes, cônjuge ainda que separado, irmão. [CADI]
o Esses podem recusar-se a prestar depoimento, salvo quando não for
possível obter prova do fato por outro meio.

A falta de compromisso não impede a tipicidade do falso testemunho.

O compromisso serve para avaliar a credibilidade da testemunha.

10.2 Testemunha sigilatárias


 São as proibidas de depor em razão de função, profissão, ofício.
 Se a parte interessada desobrigá-las elas podem (facultativo) depor.
 Caso haja o depoimento proibido há tipicidade do crime de violação de sigilo
(art. 153 e 325 CP). É prova ilícita.
 Prestam compromisso quando desobrigadas e decidem depor.

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
quiserem dar o seu testemunho.

10.3 Testemunhas extranumerárias

São as referidas, as que não prestam compromisso e as testemunhas do juízo.

Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
indicadas pelas partes.

§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se


referirem.

Verdade real x verdade processual – alguns defendem a busca da verdade real, por isso
se justificaria a atividade probatória do juiz. Para outros não existe a verdade real, mas
apenas a verdade jurídica, aquela produzida nos autos.

10.4 Inquirição da testemunha

Local: Em regra deve ocorrer em audiência, pelo princípio da identidade física e da


concentração. No entanto, pode ser expedida precatória no caso de testemunha em outro
juízo. Uma boa alternativa, que preserva a identidade física, é a oitiva por
videoconferência.

STF Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação
da expedição de precatória para inquirição de testemunha.
STJ Súmula n. 273 - Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se
desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.

OBS: A lógica da sumula 273 não se aplica quando for defendido pela
defensoria pública. É necessária a intimação da defensoria local por parte do
juízo deprecado quanto à realização da oitiva.

Carta rogatória – é excepcionalíssima, deve ser demonstrada a necessidade. As custas


são arcadas pela requerente da carta.

10.5 Contradita

Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha


ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou
indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou argüição e a resposta da
testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não lhe deferirá compromisso nos casos
previstos nos arts. 207 e 208.

 É um momento importante para a posterior valoração da prova testemunhal.


 As mesmas regras de impedimento e suspeição se aplicam às testemunhas.
Exemplo: testemunha é melhor amiga do réu. Não se amolda ao art. 208,
portanto é obrigada a testemunhar e presta compromisso, mas pode ser
contraditada.
 Há preclusão da contradita, devendo se manifestar na primeira oportunidade.

10.6 Exame direto e cruzado


 Antigamente o sistema era presidencialista, o juiz era intermediário da pergunta
entre a parte e a testemunha.
 Hoje o exame é direto e cruzado, as partes perguntam diretamente.
 A testemunha de acusação é perguntada primeiro pela acusação. A testemunha
de defesa é perguntada primeiro pela defesa.
 O juiz complementa a inquirição e serve como moderador para perguntas
inúteis, protelatória etc.

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a
causa ou importarem na repetição de outra já respondida.

OBS: A inobservância do art. 212 gera nulidade RELATIVA, é o que prevalece no STF
e STJ.

10.7 Videoconferência

Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor,
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a
verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
inquirição, com a presença do seu defensor.

O réu tem o direito de presença e de audiência (autodefesa), por isso a saída do réu da
sala de audiência é excepcionalíssima.

10.8 Casos especiais

Algumas autoridades têm como prerrogativa agendarem dia e lugar para seu
depoimento como testemunha. É obrigatório depor, como qualquer testemunha, só pode
escolher o dia e o local.

Algumas (linha sucessória) podem também optar por responder as perguntas por escrito.
Exceção à oralidade da prova testemunhal.

Se for réu NÃO TEM essa prerrogativa, mas pode deixar de ir ao interrogatório, já que é
meio de defesa, e não pode ser conduzido coercitivamente.

Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados


federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os
secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados
às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e
juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como
os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados
entre eles e o juiz.

1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal,


da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela
prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas
partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício

Pessoas doentes ou impossibilitadas são ouvidas onde estiverem (art. 220 CPP).

Militares devem ser requisitados por autoridade superior.

Para servidores públicos o chefe deve ser notificado da data da audiência.

11. Interrogatório

 É o último ato da instrução, em qualquer rito.


o OBS: precatória de testemunha: o interrogatório pode vir antes porque a
precatória não interrompe a instrução. Nesse caso pra nulidade tem
que demonstrar prejuízo e preclui se não alegada de imediato.
Nulidade relativa!
 Majoritariamente se entende que o interrogatório é meio de defesa, mas
antigamente era entendido como meio de prova.
 Há uma posição intermediária que entende que é meio de defesa e de prova,
porque durante o interrogatório podem ser produzidas provas, como confissão
ou colaboração premiada.
 Direito de entrevista com o defensor: antes do interrogatório, mas não antes da
inquirição de outras testemunhas.

11.1 Característica
 Indispensável – réu pode não comparecer
o Mas o réu não precisa responder as perguntas
o DISCUSSÃO SOBRE DIREITO AO SILENCIO PARCIAL – pode o
reu responder apenas as perguntas da defesa? Art. 187 §2º prevê que o
juiz faça as duas etapas e após o art. 188 determina que havendo ainda o
que se esclarecer, as partes perguntem. Uma corrente entende que pode
responder apenas as perguntas da defesa, outra que somente poderia se
responder as do juiz.
o STJ, 6T 2022 - É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente
que se nega a responder aos questionamentos do juiz instrutor antes de
oportunizar as indagações pela defesa
 Oralidade. Exceção: surdos e mudos é por escrito [inclusão: poderia fazer por
libras]
 Não privativo do juiz.
 Não adota o sistema da inquirição testemunhal. O juiz é o primeiro a interrogar,
passando para as partes depois.
o Parte da doutrina critica, afirmando que primeiro deveria ser acusação,
depois defesa e por ultimo o juiz apenas para complementar.

OBS: Pode haver novo interrogatório, quando surgirem novos fatos a serem
esclarecidos (art. 196 CPP).

Interrogatório é presidencialista. Testemunha é cross examination.

11.2 Momentos do interrogatório

O interrogatório se divide em dois momentos: sobre a pessoa do acusado e sobre os


fatos.

A primeira parte, sobre o acusado, serve para caso haja condenação o juiz ter elementos
para avaliar a personalidade, conduta social.

Art. 187 (...)

§1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de


vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida
pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo,
qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena
imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
Na segunda parte é perguntado sobre se é verdadeira a acusação, podendo confessar.
Não sendo verdadeira, se tem motivo a que atribuir a acusação ou pessoas a quem deva
ser imputado o crime. Pergunta-se também onde estava no momento da infração etc. O
rol do art. 187 §2° é exemplificativo, pode ser ampliado.

O réu tem direito de não responder nas duas partes? Para parte da doutrina sim, já
que todo ele é meio de defesa. Para doutrina predominante, só pode permanecer calado
quanto às perguntas da segunda parte do interrogatório.

11.3 Direito à não autoincriminação (nemo tenetur se detegere)

O réu não é obrigado a produzir prova contra si mesmo, esse é um ônus do Estado.
Nesse sentido, o silêncio não pode ser valorado negativamente.

No entanto, a mentira pode ser valorada negativamente pelo juízo. Ela não é vedada,
mas pode ser valorada negativamente. STJ NÃO ACEITA (HC 98013-MS,, REsp
1520203-SP) valoração negativa como personalidade/conduta.

Ex: falsa identidade para não se incriminar é crime. Não é acobertado pela autodefesa.

11.4 Interrogatório em outra comarca

Pode ser por carta rogatória, precatória e por videoconferência.

A videoconferência mitiga a imediatidade mas preserva a identidade física do juiz,


sendo melhor alternativa do que o interrogatório por precatória.

Hipóteses

 Segurança pública, por fundada suspeita de envolvimento com organização


criminosa ou possibilidade de fuga.
 Dificuldade de comparecimento
 Impedir influência do réu no depoimento de testemunhas.
 Gravíssima questão de ordem pública

11.5 Condução coercitiva

O STF nas ADPFs 395 e 444 decidiu pela inconstitucionalidade da condução coercitivia
do réu para o interrogatório, porque este é meio de defesa, sendo direito do réu a não
autoincriminação e a presunção de inocência. Assim, o réu não pode ser obrigado a
depor, podendo dispor do seu direito de presença (autodefesa). A ampla defesa engloba
a defesa técnica (indisponível) e a autodefesa, esta última na forma de direito de
presença e direito de audiência.

12. Confissão

STJ Súmula 545 - Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
A confissão é causa atenuante.

Confissão qualificada – é quando o réu confessa mas diz que praticou o ato típico
acobertado por excludente de ilicitude. Continua sendo causa atenuante.

Confissão do tráfico – não basta dizer que era pra consumo próprio.

É atenuante com caráter preponderante (personalidade).

13. Interceptação telefônica (L. 9296/96) [VER LEIS PENAIS


EXTRAVAGANTES]
13.1 Requisitos para a interceptação (art. 2°)
 Presença de indícios suficientes de autoria e participação
 Não haver outro meio de prova disponível.
 Crime deve ser punido com reclusão

13.2 Serendipidade e competência do juízo

STJ, RHC 67.468/SP, 2018 – Como consequência da serendipidade, aplica-se a


TEORIA DO JUÍZO APARENTE, segundo a qual não há nulidade na colheita de
elementos de convicção autorizada por juiz até então competente para supervisionar a
investigação.

OBS: Polemica STJ X STF – sobre homologação de acordo que envolve pessoa com
prerrogativa.

STJ, Rcl 31.629-PR, 2017, Informativo 612 TEORIA DO JUIZO APARENTE - A


homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de primeiro grau de
jurisdição, que mencione autoridade com prerrogativa de foro no STJ, não traduz
em usurpação de competência desta Corte Superior. A colaboração é delatio
criminis, elemento informativo, e não prova. A homologação é mero juízo de
legalidade, regularidade e voluntariedade do acordo. Havendo encontro fortuito de
provas (serendipidade) em relação a indivíduos com prerrogativa não há usurpação de
competência na homologação, porque segundo a Teoria do Juízo Aparente é legítima
a obtenção de elementos por juízo que até aquele momento era competente.

Ocorrendo a serendipidade em relação a pessoa com prerrogativa, o juízo deve


homologar e encaminhar integralmente ao tribunal para que este decida acerca de
conexão ou continência e conveniência do desmembramento

STF, HC-151605, 2018, Informativo 895 RESTRIÇÃO À TEORIA DO JUIZO


APARENTE – A homologação de acordo que envolve pessoa com prerrogativa de foro
deve ser feita pelo tribunal da prerrogativa. Assim, há usurpação de competência com
a homologação, pelo juízo de primeira instância, de acordo de colaboração que
envolve pessoa com foro por prerrogativa.
O delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo porque é mera delatio, não há
contraditório. Mesmo entendimento do STJ.

No entanto, para o STF, ainda que seja negada ao delatado a possibilidade de impugnar
o acordo, esse entendimento não se aplica em caso de homologação sem respeito à
prerrogativa de foro. Efeito: INEFICÁCIA da colaboração em relação ao delatado
com foro por prerrogativa de função, por usurpação de competência ao homologar.
As provas devem ser excluídas do inquérito e o inquérito trancado.

ATENÇÃO! STF sempre tem que acompanhar a investigação de parlamentar com foro
no STF, autorizando a abertura. Não havendo, há usurpação da competência por essa
serendipidade, há a ineficácia em relação ao parlamentar, mas pode ser usada para
outros réus sem foro. Ex: interceptação de pessoa sem foro que acaba incriminando
parlamentar: pode ser usada contra o sem foro. É ineficaz apenas para o com
prerrogativa.

14. Compartilhamento de informações fiscais com o MP

O STF fixou teses no Tema 990 de RG declarando ser constitucional o


compartilhamento direto com o MP sem autorização judicial:

(i) É constitucional o compartilhamento de relatórios de inteligência da UIF e


da RF, devendo resguardar o sigilo dos procedimentos instaurados.
(ii) As comunicações devem ser formais, com garantia de sigilo e certificação do
destinatário.

ATENÇÃO! Por outro lado, neste julgado, o STF não autorizou que o Ministério
Público faça a requisição direta (sem autorização judicial) de dados fiscais, para fins
criminais. Ex: requisição da declaração de imposto de renda.

STJ. 3ª Seção. RHC 83233-MG, 2022 - A requisição ou o requerimento, de forma


direta, pelo órgão da acusação à Receita Federal, com o fim de coletar indícios para
subsidiar investigação ou instrução criminal, além de não ter sido satisfatoriamente
enfrentada no julgamento do RE 1.055.941/SP, não se encontra abarcada pela tese
firmada no âmbito da repercussão geral em questão.

15. Teoria da perda de uma chance no âmbito penal

Existem alguns Ministros do STJ que defendem que a teoria da perda de uma chance
poderia ser aplicada também nas relações entre o Estado e o particular.

A transposição da perte d'une chance do direito civil para o processo penal é uma ideia
original de Alexandre Morais da Rosa e Fernanda Mambrini Rudolfo. Segundo essa
doutrina, compete ao autor da ação penal a obrigação de produzir todas as provas
necessárias à formação da convicção do julgador. Quando o acusador apenas faz o
mínimo, não produzindo todas as provas possíveis para a acusação, acaba retirando a
chance de defesa do réu (discordo, pq a defesa pode ser processual por falta de provas).
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.940.381-AL, 2021 - Quando a acusação não produzir todas
as provas possíveis e essenciais para a elucidação dos fatos – capazes de, em tese,
levar à absolvição do réu (!) ou confirmar a narrativa acusatória caso produzidas –,
a condenação será inviável, não podendo o magistrado condenar com fundamento nas
provas remanescentes. A investigação falha "extirpou a chance da produção de provas
fundamentais para a elucidação da controvérsia" – postura que viola o artigo 6º, III, do
Código de Processo Penal, o qual impõe à autoridade policial a obrigação de "colher
todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias".

16. Outras jurisprudências sobre Provas

STJ, RESP 1.695.349/RS, 2019 – Revista íntima em presídio precisa de fundadas razões
para ser feita, sob ofensa do princípio da dignidade humana e do direito à intimidade.
Denúncia anônima por si só não caracteriza fundada razão. Ilicitude da prova obtida por
revista íntima realizada apenas com base em denúncia anônima.

Atenção! STF vai julgar Tema 998 sobre a constitucionalidade da revista íntima e sobre
a licitude da prova obtida por esse meio.

STJ Jurisprudência em Teses – É indispensável a prova pericial para auferir o


rompimento de obstáculo no furto. Só é suprida (pela confissão, testemunhas ou exame
indireto) se desaparecerem os vestígios ou for impossível ser feita por outro motivo.

STJ Jurisprudência em teses – Não precisa apreender a arma para aplicar a majoração
do crime de roubo, nem para configurar a grave ameaça elementar do crime. Mas se
apreender e a arma for desmuniciada ou inapta a atirar não é possível o aumento de
pena, sendo roubo simples.

OBS: STF: desmuniciada pode majorar, inapta não.

STJ, RHC 86.305/RS, 2019 – O estudo antropológico no caso de réu indígena é


relevante instrumento de melhor compreensão dos contornos socioculturais dos fatos
analisados, bem como dos próprios indivíduos a quem são imputadas as condutas
delitivas, de modo a auxiliar o Juízo de primeiro grau na imposição de eventual
reprimenda, mormente diante do que prescreve o art. 56 do Estatuto do Índio, segundo o
qual, "[n]o caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e
na sua aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola".

STJ, HC 470.937/SP, 2019 – agente privado de segurança não pode realizar busca
pessoal nem domiciliar, são atos de autoridade judicial, policial ou seus agentes.

STJ, HC 511.484/RS, 2019 – É ilícita a prova obtida pelo policial que atende o telefone
do investigado e se passa por ele para obter informações.

STF, 2019 – O agente policial não pode atuar como agente infiltrado sem autorização
judicial. A diferença entre agente infiltrado e mera atuação de inteligência, à paisana e
observando, é que o agente infiltrado efetivamente se mescla ao grupo criminoso,
planejando crimes ou até atuando neles.

Três características: (i) dissimulação da identidade (ii) engano dos suspeitos (iii)
integração. Está presente na Lei de Drogas, Lei Org. Crim(que é a lei geral) e ECA.

STJ, RHC 99.735/SC, 2018 – Espelhamento do Whatssapp web NÃO É interceptação


telefônica e não pode ser deferido pelo juízo como se fosse. Ilegalidade das provas
obtidas por esse meio. Diferenças para interceptação: (i) O Whatssappweb permite
atuação do investigador apagando e conversando, sem deixar vestígios (criptografia
ponta-a-ponta). (ii) Whatsappweb exige a apreensão, ainda que momentânea, do celular
para a leitura do QR code (iii) Whatssappweb permite a análise de conversas passadas,
presentes e futuras, interceptação só presentes e futuras. O ordenamento não possui
instrumento que se coadune com esse monitoramento, motivo pelo qual é ilegal.

STJ, 5T 2017 – Reconhecimento pessoal que não observa o art. 226 do CPP é mera
irregularidade, não gera nulidade.

STJ, 6 T – 226 é imprescindível no reconhecimento do agente.

STF, RHC 117767, 2017 – A busca em veículo automotor se equipara a busca pessoal,
não precisa autorização judicial quando houver fundada suspeita de elementos de prova
ou convicção à elucidação dos fatos.

STF, Recl 7116, 2016 – Não cabe reclamação sobre uso de algemas quando o ato foi
emanado de autoridade policial, apenas se aplica a SV 11 para atos judiciais! No caso o
preso foi conduzido a entrevista coletiva com algemas, ato policial.

STJ, Jurisprudencia em Teses – A denúncia exige apenas indícios de materialidade e


autoria, de modo que a certeza deve ser comprovada no curso da instrução, vigorando
no recebimento da denúncia in dubio pro societate. [obs: standards probatórios ou
modelos de constatação]

SUSAN HAACK

 Regra da preponderance of evidence – mais provável do que o oposto,


quando há mais provas em um sentido. Minimiza o custo do erro.
 Clear and convicing evidence – há evidencias claras e convincente em
um sentido.
 Beyond resonable doubt – acima de duvida razoável, prevalece para
condenações criminais, exige alto grau de probabilidade ou quase
certeza.

O legislador brasileiro não detalhou qual standard para cada fase ou decisão, por
isso a doutrina se debruça. A condenação exige alto grau de prova, mas o
recebimento pode ser apenas para preponderância? Um limite mínimo dado pela
lei é do art. 155 do CPP, que proíbe o uso de elementos de informação apenas.

STJ Jurisprudência em teses - O reconhecimento fotográfico do réu, quando ratificado


em juízo, sob contraditório e ampla defesa, pode servir como meio idôneo de prova para
fundamentar a condenação. – 6T 2020 DIVERGE, só serve como preliminar ao 226,
não como autônoma.

STJ Jurisprudência em teses – Não precisa transcrever o depoimento se já foi colhido


em audiovisual, por conta da celeridade processual e duração razoável do processo,
salvo comprovada necessidade.

STJ REsp 1.806.792-SP, 2021 - É ilegal a quebra do sigilo telefônico mediante a


habilitação de chip da autoridade policial em substituição ao do investigado titular da
linha. [mesma logica do whatssappweb]

STJ, RHC 114683/RJ. 2021 - Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre
o resultado da diligência ficar adstrito aos elementos relacionados com os fatos sob
apuração, deve ser assegurado à defesa acesso à integra dos dados obtidos no
cumprimento do mandado judicial. – DUTY TO DISCLOUSURE

STJ, 2021 – É valida a autorização de entrada para B&A dada por representante
putativa da empresa, que tinha aparência de representante mas não era. Tinha chave do
escritório e outras pessoas no recinto não lhe barraram. Teoria da aparência.

STJ, 5 E 6T - A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o


ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser
feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar,
indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve
ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo.

Principais conclusões do STJ:

1) Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de standard


probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem mandado judicial, a existência de
fundadas razões (justa causa), aferidas de modo objetivo e devidamente
justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito.

2) O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de


natureza permanente, nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde
supostamente se encontra a droga. Apenas será permitido o ingresso em situações de
urgência, quando se concluir que do atraso decorrente da obtenção de mandado judicial
se possa objetiva e concretamente inferir que a prova do crime (ou a própria droga) será
destruída ou ocultada.
3) O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais em sua
casa e a busca e apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser voluntário e
livre de qualquer tipo de constrangimento ou coação.

4) A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na


residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com
declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se,
sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada
em áudio-vídeo e preservada tal prova enquanto durar o processo.

STJ. 6ª Turma. HC 674139-SP, 2022 – É ilícita a prova obtida por


apreensão domiciliar quando o consentimento do réu para a entrada na
casa foi induzido em erro pelos policiais. Caso concreto: policial disse
que iria entrar pra verificar se havia um suspeito de roubo. Quando
entrou, buscou por drogas e achou. Prova ilícita pois o consentimento é
ilícito.

5) A violação a essas regras e condições legais e constitucionais para o ingresso no


domicílio alheio resulta na ilicitude das provas obtidas em decorrência da medida, bem
como das demais provas que dela decorrerem em relação de causalidade, sem prejuízo
de eventual responsabilização penal do(s) agente(s) público(s) que tenha(m) realizado
a diligência.

STJ, AgRg no RHC 133.430/PE, 2021 – STJ não aceita prova obtida por printscreen de
whatssappweb, porque a plataforma permite edição e apagar mensagens sem deixar
rastros.

STJ, RMS 60531-RO, 2020 – Não é possível aplicar multa por descumprimento de
ordem judicial que mandou interceptar mensagens do whatsapp, porque esse pedido é
impossível do ponto de vista tecnológico já que são criptografadas ponta a ponta as
mensagens. È possível, para ter acesso as mensagens, apenas a apreensão do celular
com autorização judicial para acessar as conversas.

STJ, HC 587732, 2020 - Para dados telemáticos não é necessária limitação temporal
para ter acesso, já estão armazenados no aparelho. Diferente para interceptação
telefônica, que o prazo é de 15 dias prorrogáveis. Também não se trata de pedido de
dados cadastrais ou registros de acesso a aplicações feita a provedores.

STJ, 2020 - a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por
parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra
medida desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos
crimes, não impõe risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários
possivelmente atingidos por tal diligência

STJ, 2020 - Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio
mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo
de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à
fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente

TEMA 1041 RG STF - Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a
prova obtida mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo. Correios:
tem que ser na presença da pessoa.

STJ, RHC 102.322-RJ, 2020 - Inquirição feita totalmente por autoridade estrangeira, no
exercício de auxilio direto para inquirição de testemunha ou réu que está no brasil gera
nulidade ABSOLUTA, não se coaduna com a ordem jurídica nacional, já que o membro
do MP e juiz do brasil é que devem conduzir, segundo as leis brasileiras, a diligência
requerida pela autoridade estrangeira. Além disso, não se tratava de caso de auxilio
direto, mas sim de carta rogatória, já que a decisão foi proferida por juiz estrangeiro.
Deveria passar pelo juízo de delibação do STJ, com expedição do exequatur.

A mera alegação genérica de “atitude suspeita” é insuficiente para a licitude da busca


pessoal Desse modo, a busca pessoal não pode ser realizada com base unicamente em:

a) informações de fonte não identificada (e.g. denúncias anônimas); ou

b) intuições e impressões subjetivas, intangíveis, apoiadas, por exemplo,


exclusivamente, no tirocínio (experiência) policial.

Razões:

- evitar uso excessivo do expediente e a restrição desnecessária a direitos


fundamentais

- garantir a sindicabilidade da abordagem

- evitar a repetição, ainda que inconsciente, de racismo estrutural.

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