Você está na página 1de 22

TRABALHO DE CULTURA COMPARADA I

OS
PRIMEIROS
ANOS

DEPOIS DA

INDEPENDÊNCI
A EPOIS DA
Professora: Ana Frigieri

Aluna: Helga Schweizer


INTRODUÇÃO

Em primeiro lugar, é importante salientar que no século XX, as lutas que muitos travavam pela
libertação da dominação colonial constituiu um instrumento de união do continente para além
das fronteiras étnicas e contra o invasor branco.

A resistência à ocupação colonial sempre existiu, mas no início muito raramente conseguiu
bons resultados. Até cerca de 1960 franceses e ingleses, os principais ocupantes coloniais,
mantiveram firme seu controle sobre as sociedades africanas. Com um sistema de governo no
qual combinavam as formas africanas tradicionais com as próprias.

Foi entre uma elite letrada que surgiram os primeiros movimentos organizados de contestação
à dominação colonial, principalmente em torno de jornais, associações profissionais e partidos
políticos. Em meados do século XX já havia duas ou três gerações de africanos ocidentalizados,
mas cuja socialização primeira, na infância e juventude, havia sido feita dentro de suas
sociedades tradicionais. Essas pessoas educadas nos dois mundos faziam a ponte de pensar, de
sentir e de viver tradicionais, e as novas, alinhadas às dos colonizadores.

A indústria dos países mais avançados, como EEUU, França e Inglaterra, havia tomado impulso
após a Segunda Guerra Mundial com um salto no aperfeiçoamento tecnológico e um
decorrente aumento na produtividade. Com a ampliação dos mercados de consumo de bens
industrializados, que veio associada à expansão e barateamento da produção, a África era um
mercado promissor.

Por outro lado, cresciam os movimentos pela libertação dos países africanos, que uniam
populações urbanas e rurais, litorâneas e do interior, assim como intelectuais de dentro e de
fora do continente.

Nesta cojuntura histórica quase todos os países africanos sob domínio colonial se tornaram
livres, um depois do outro, entre 1957 e cerca de 1964. A grande exceção foram as colônias
portuguesas, que só se tronaram independentes em 1974 com a queda da ditadura salazarista:

Este breve trabalho pode nos proporcionar alguma ideia sobre os acontecimentos políticos
mais importantes desde a independência das respectivas colônias portuguesas até os anos
1990, 1992 aproximadamente.

O trabalho está dividido em cinco capítulos correspondentes aos cinco países africanos de
expressão lusófona, ordenados alfabeticamente, estes são:

CAPÍTULO I: A REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA. A última e mais rica colônia portuguesa no


continente negro.

CAPÍTULO II: A REPÚBLICA DE CABO VERDE. Este país, foi juntamente com São Tomé e
Príncipe, um dos únicos territórios africanos sob a administração portuguesa no qual não se
desenvolveu uma luta armada de libertação nacional. Após ascensão à independência, e
apesar das muitas dificuldades de ordem econômica, este país adaptou uma postura de
alinhamento que lhe permitiu obter o apoio e o respeito da comunidade internacional em
geral.

CAPÍTULO III: A REPÚBLICA DE GUINE-BISSAU. País onde se desenvolveu uma sangrenta luta
de libertação i, após o reconhecimento da independência pelo governo de Lisboa, viu-se
confrontado com algumas crises internas, das quais a mais grave terá sido a deposição do
presidente Luis Cabral num golpe de Estado liderado pelo João Bernardo Vieira (“Nino”), o
atual presidente da República.

CAPÍTULO IV: A REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE. Outro dos países de expressão


portuguesa que sofreu uma terrível guerra de libertação nacional e após a independência
passou a outra, não contra um ocupante estrangeiro, mas entre moçambicanos. Uma guerra
civil entre duas forças políticas opostas: a FRELIMO e a REMANO, a qual contribuiu à pobreza,
à fome e ao escasso desenvolvimento deste atrasado país.

CAPÍTULO V: A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Juntamente com Cabo


Verde, foi um dos dois únicos territórios africanos sob a administração portuguesa, no qual
não se desenvolveu uma luta armada de libertação nacional. Depois da ascensão à
independência sofreu uma gravíssima crise econômica e política. Mas, apresar disso, o
pequeno arquipélago soube acompanhar as mudanças políticas e econômicas que assistiu nos
seus velhos aliados.
Capítulo I

A REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA

A República Popular de Angola é o maior e o mais rico em recursos naturais de todos os


países africanos de expressão lusófona e foi dominada por Portugal durante cinco séculos.

Em meados de 1974 iniciaram-se as conversações para a independência entre


representantes do governo português e dos três movimentos nacionalistas beligerantes: O
movimento Popular da Libertação de Angola (MPLA) sob a liderança do médico e porta
Agostinho Neto; a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) sob a
liderança de Jonas Savimbi e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) liderada por
Holden Roberto.

Depois da formação de uma frente comum, representantes dos três movimentos


assinaram com a representação portuguesa os Acordos de Alvor, sendo acordada a
independência para novembro de 1975, estabelecendo compartir o poder durante um período
de transição e aceitando o resultado de eleições livres. Mas em março, registraram-se novos
enfrentamentos entre o MPLA e a FNLA, como resultado das diferenças de orientação política
e que viriam a marcar o início de uma longa e sangrenta guerra civil (1).

Na segunda metade de 1975 continuavam os enfrentamentos, ocupando, cada um dos


movimentos, diversas zonas do país, e sendo o MPLA quem dominava Luanda apoiado por
Cuba e pela União Soviética, enquanto a UNITA contou com o auxílio sul-africano e a FNLA com
o apoio do Zaire, da China e de algumas potências ocidentais. Entretanto, as forças da UNITA e
da FNLA uniram-se para fazer frente ao MPLA originando a denominada “Segunda Guerra de
Libertação”. A situação tornava-se cada vez mais insustentável. No dia 10 de novembro do
mesmo ano retiravam-se do país as tropas portuguesas, abandonando Angola definitivamente.

As 00h00min do dia 11 de novembro de 1975 Agostinho Neto proclamou


«solenemente à África e ao mundo, a independência de
Angola», pondo fim a cinco séculos de colonialismo português
e inaugurando uma nova era, não só para o seu país como para
todo o continente africano. Nessa altura o recém-constituído
governo do MPLA defrontava-se com uma difícil situação
militar e a suas FAPLA (Forças Armadas para a Libertação de
Angola) combatiam simultaneamente contra a invasão de
milhares de soldados sul-africanos que, vindos do sul,
tentavam acercar-se a Luanda, em apoio da UNITA..., e contra
mercenários e efetivos do exército zairense que simulavam ser
combatentes do FNLA...

Contando com o apoio internacionalista de vários países africanos, do campo socialista


europeu e de Cuba, a República Popular de Angola conseguiu rechaçar a invasão em poucos
meses de cruenta guerra e em março de 1976, os últimos efetivos sul-africanos retiravam-se
derrotados, do país (2)

Entretanto, a OUA e a ONU reconheceram formalmente o governo angolano, enquanto


este procedia à criação de uma nova moeda substituindo o escudo angolano pelo Kwanza.

A economia angolana estava então em ruínas: 60% da indústria parada devido à


sabotagem e ao êxodo de cerca de 300 mil portugueses.

A 22 de maio de 1977, aconteceu a chamada “revolta ativa” que tentava derrubar as


chefias do partido e do Estado. A tentativa de golpe fracassou devido ao forte auxilio militar
cubano. Mas como resultado da “revolta ativa” morreram entre 20 e 30 mil pessoas.

Em dezembro o MPLA adotou a designação de MPLA-Partido do Trabalho (MPLA-PT),


declarando-se marxista-leninista. Um ano depois, Agostinho Neto decidiu abolir o cargo de
primeiro ministro e afastar vários ministros também. O país se encontrava muito
desorganizado e precisou-se de novos planos para superar as dificuldades políticas e
econômicas. Iniciara-se então uma reaproximação de Angola com Portugal e o Zaire.

Após a morte de Agostinho Neto em setembro de 1979 o Comitê Central de MPLA-PT


elegeu José Eduardo dos Santos, o então ministro do Plano, como seu sucessor.

Em 1984 a LNLA rendeu-se ao governo, enquanto que a UNITA continuou a desenvolver


a luta de oposição ao regime. Em fevereiro do mesmo ano, Angola e a África do Sul assinaram
um acordo pelo qual os representantes da África do Sul se comprometeram a retirar suas
tropas do território angolano e a pôr termo ao auxilio à UNITA. Em contrapartida, os
representantes angolanos proibiram a utilização do seu território pelos guerrilheiros da
SWAPO (Organização dos Povos do Sudoeste Africano).

Este acordo representou o primeiro passo para a retirada das tropas cubanas de Angola.

Em 1985, houve um violentíssimo ataque aéreo Sul-africano no enclave petrolífero de


Cabinda com o objetivo de destruir totalmente os depósitos petrolíferos da empresa
multinacional Gulf Oil. O governo sentiu uma grande necessidade de expandir e diversificar o
seu relacionamento internacional e, nesse sentido, por exemplo, Angola expandiu suas
relações comerciais com o Brasil.

Em abril de 1986, com a chegada de auxílio norte americano, as posições da UNITA


foram fortalecidas. Em outubro, Savimbi tentou obter no Parlamento Europeu, o
reconhecimento internacional do seu movimento, mas fracassou. Em 1987 e 1988 a posição da
UNITA foi consolidada graças ao apoio constante dos EE UU e da África do Sul.

No entanto, foi excluída duma série de acordos de paz. A posição da guerrilha


enfraqueceu com um acordo de cessar-fogo entre os governos angolano e sul-africano, e com
a retirada das tropas sul-africanas, enquanto a UNITA, que não se aderiu ao acordo, continuou
ativa. (3).

“Durante o ano 1988 surgiram várias iniciativas para a paz em Angola, envolvendo
esforços sul-africanos, zairenses e marroquins [....] Em fevereiro, o
governo ofereceu uma anistia de doze meses a todos os elementos
da UNITA, ao que o movimento respondeu com uma intensificação
da luta, persistindo na reivindicação de integrar um governo de
transição com o MPLA, como prelúdio para a instituição de um
sistema multipartidário e a realização de eleições livres. (4)

Desde meados de maio de 1989 até outubro do mesmo ano, realizavam-se algumas
conferencias com a presença de vários chefes de Estado africanos, tentando celebrar um
acordo de paz entre o MPLA e a UNITA, porém sem êxito.

A partir de abril de 1990 começaram a realizar-se uma série de conversações entre o


MPLA e a UNITA em Portugal, com a mediação de diplomatas portugueses. Durante as
primeiras três reuniões não foram alcançados quaisquer objetivos formais. Só, a partir da
quarta reunião e com a presença de observadores soviéticos e norte-americanos, obtive-se
alguma evolução no debate das questões técnicas e militares relativas ao cessar-fogo e à
realização de eleições.

Em março de 1991 realizou-se em Lisboa uma reunião tripartidária entre a mediação


portuguesa e os observantes soviéticos e norte-americanos, onde surge a proposta de
participação de representantes das Nações Unidas no processo de negociações de paz.

A 26 de março foi aprovada em Luanda a lei dos partidos e a 4 de abril teve início uma
reunião plenária direta em sistema de non-stop entre as delegações do governo de Luanda e
da UNITA e com a presença da mediação soviética.
Em 31 de maio foram formalmente assinados em Lisboa e com a presença do Primeiro
Ministro português os acordos de paz para Angola.

A 10 de novembro o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos,


anunciou pela primeira vez, a realização de eleições multipartidárias
durante a primeira quinzena de setembro de 1992. (5)

Atualmente a pesar dos grandes esforços feitos durante os últimos


anos para conseguir a paz, Angola continua a ter sérios problemas
políticos e militares, causados palas diferenças ideológicas entre o
governo e a UNITA.

Forte São Miguel em Luanda

(1) c.f. ENCICLOPEDIA UNIVERSAL ILUSTRADA EUROPEO-AMERICANA, p. 643 Y 644.

(2) GUIA DO TERCEIRO MUNDO 1980, p.40

(3) c.f. IDEM, p.p. 25 e 26

(4) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICO DOS PALOP, p. 26

(5) c.f. IDEM, p.p. 28 e 29


Capítulo II

A REPÚBLICA DE CABO VERDE

Vista satelital das Ilhas de Cabo Verde

“Quando os portugueses se instalaram em Cabo Verde em 1857, o arquipélago


(constituído por dez ilhas, dois ilhéus e algumas ilhotas vulcânicas a 300 kilômetros de
Senegal) era efetivamente verde, coberto de vegetação tropical. A rapina da população pelos
colonialistas e quatro séculos de exploração e abandono, conduziram à alteração ecológica
do país, até o converterem num verdadeiro “deserto flutuante”. (1)

A República de Cabo verde, juntamente com São Tomé e Príncipe, foi um dos dois
territórios africanos sob a administração portuguesa no qual não se desenvolveu uma luta
armada de libertação nacional. Em 1956 criou-se o Partido Africano para a Independência de
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), fundado por Amílcar Cabral e integrado por guineenses e cabo-
verdianos. Enquanto na Guiné desatou-se uma terrível luta armada que libertou o território,
em Cabo Verde os patriotas organizavam-se na luta política da clandestinidade.

Depois do reconhecimento da independência de Guiné-Bissau, em setembro de 1974, a


direção do PAIGC em Cabo Verde decidiu que os dois territórios deveriam ter uma existência
separada até conseguirem a formalização de uma Federação como Guiné-Bissau.

Em dezembro foi formado um governo transitório na cidade da Praia, integrado por


representantes do PAIGC e do governo português. A 30 de junho realizavam-se eleições par
constituir a Assembleia Nacional Popular, o único partido que concorreu foi o PAIGC.
Finalmente, a 5 de julho foi formalmente declarada a Independência de Cabo Verde e o
Secretário Geral do PAIGC, Aristide Pereira, tornou-se no primeiro Presidente da República de
Cabo Verde. A primeira Constituição Nacional foi aprovada em setembro de 1980. Desde então
o PAIGC converte-se no primeiro partido do mundo a governar dois Estados diferentes. Tanto
guineenses como cabo-verdianos aspiram à unificação, mas isso não se dará apressadamente.
(2)

“Para o PAIGC a primeira tarefa em Cabo Verde foi evitar que o seu povo morresse de
fome, depois de uma década de seca que assola o território. A população local e a
solidariedade internacional foram mobilizadas na batalha contra a seca, utilizando na
irrigação a água subterrânea inexplorada pelo colonialismo. Ao mesmo tempo iniciou-se um
profundo processo de transformação agrária e estimulou-se os camponeses a organizarem-
se em cooperativas”. (3)

Durante a denominada “segunda guerra de libertação em Angola”, Cabo Verde


demonstrou a sua solidariedade anti-imperialista, permitindo à Força Aérea cubana a servir-se
do território cabo-verdiano durante os voos de combate contra as tropas zairenses e sul-
africanas, invasoras do território angolano. Posteriormente o PAIGC declarou que manterá
uma política de não alinhamento e não permitirá bases estrangeiras no seu território.

Em novembro de 1980 o governo cabo-verdiano desaprovou o golpe de Estado realizado


na Guiné-Bissau, que leva à deposição de Luis Cabral e à subida ao poder de João Bernardo
“Nino” Vieira. “Nino” não tinha nenhum interesse na integração da Guiné-Bissau com Cabo
Verde. A 20 de janeiro de 1981 nasceu o Partido Africano para a Independência de Cabo Verde
(PAICV). Em fevereiro a Assembleia Nacional reelegeu Aristide Pereira para a presidência e
foram removidos da Constituição Nacional todos os artigos relacionados à união com a Guiné-
Bissau. Consequentemente, as relações entre os dois países permaneceram tensas por muito
tempo. Graças aos esforços desenvolvidos por Angola e Moçambique, em agosto de 1982,
ambos os países manifestaram o desejo de pôr de lado as rivalidades do passado.

As relações de ambos retomaram o curso normal quando Luis Cabral


regressou a Guiné, depois dum exílio em Cuba e Cabo Verde. Em janeiro
de 1986, Aristide Pereira foi reeleito pela Assembleia Nacional Popular
para desempenhar um novo mandato presidencial de cinco anos. Dois
meses depois foi reestruturado o Ministério do Comércio, Transportes e
Turismo, e em junho o país viveu momentos de grande agitação social após a
descriminalização do aborto.

Em novembro de 1988 foi feita uma remodelação da Comissão Política do PAICV. Em


novembro de 1989 foi anunciado que, apesar da prevista realização de eleições para a
Assembleia Nacional Popular durante o ano de 1990, só em 1991 deveriam ter lugar as
eleições.

A 25 de Janeiro de 1990, João Pablo II visitou Cabo Verde, fato de grande importância
devido à elevada quantidade de católicos existente no país. Em fevereiro o Conselho Nacional
do PAICV, reunido na cidade da Praia, decidiu dirigir-se pela via do multipartidismo. (4)

“A 24 de Maio o presidente Aristide Pereira decidiu abandonar o cargo de secretário


geral do PAICV realizou o seu congresso nas eleições presidenciais como candidato
independente. Em Julho o PAICV realizou o seu congresso extraordinário, no qual forma
debatidos o novo programa e estatutos, tendo sido eleito o novo Conselho Nacional e o novo
secretário geral, Pedro Pires. Posteriormente também a Assembleia Nacional Popular se
reuniu em sessão extraordinária, tendo debilitado e aprovado a Lei Eleitoral e a Lei dos
Partidos Políticos.

A 2 de Novembro um novo partido político, o Movimento para a Democracia (MPD)


presidido por Carlos Veiga, um deputado independente da Assembleia Nacional, realizou a
sua primeira convenção. O dia 15, Aristide Pereira anunciou a sua candidatura às eleições
presidenciais, no que foi secundado por António Mascaranhas Monterio no dia 16.” (5)

Este novo partido político, o Movimento para a Democracia (MPD), no dia 13 de Janeiro
de 1991 saiu vencedor incontestado nas primeiras eleições legislativas da República de Cabo
Verde.

Hoje em dia, apesar de Cabo Verde ser um país muito pequeno e com escassos recursos
naturais, é um país que obteve o respeito e a confiança da comunidade internacional em geral,
como consequência dos grandes esforços de ordem política e econômica após a ascensão à
independência. Cabo Verde soube mudar no momento certo, de forma exemplar, dando
testemunho de maturidade política e social.

(1) GUIA DO TERCEIRO MUNDO 1980, p.80

(2) c.f. Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICO DOS PALOP, p.87

(3)IBIDEM

(4) c.f. IDEM p.p. 88 e 89

(5) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICO DOS PALOP, p.90
Capítulo III

A REPÚBLICA DE GUINÉ-BISSAU

“A história de Guiné-Bissau, país pequeno e pobre, essencialmente agrícola,


demonstra exemplarmente que não há império capaz de submeter um povo que sabe o que
quer.

Os portugueses estavam na Guiné (“terra de negros”, em marroquino) desde 1445. Os


seus postos na costa dedicavam-se ao tráfico de escravos, com escala nas ilhas de Cabo
Verde na sua rota para América. “Desta época data a unidade étnica e cultural de guineenses
e cabo-verdianos, consolidada na luta comum pela independência.” (1)

No ano de 1956 foi criado por Amílcar Cabral o Parido Africano para a Independência de
Guiné e Cabo Verde (PAICV), este inicia a luta armada em 1961 em Guiné. Após a morte de
muitíssimos guineenses e portugueses, como por exemplo, o assassinato de Amílcar Cabral em
Fevereiro de 1973 por Agentes portugueses, a Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau,
reúne-se em áreas consideradas “libertas” e proclama unilateralmente a independência a 24
de Setembro de 1973. Luis Cabral, filho de Amílcar Cabral, assumiu então a presidência do
Conselho de Estado e instala provisoriamente a capital na pequena aldeia de Madina-Boé.

A declaração unilateral da independência de Guiné-Bissau foi reconhecida dois meses


mais tarde pela Assembleia Geral da ONU. Consequentemente, o general Spínola, comandante
do contingente militar português em território guineense, compreendeu que não podia ganhar
a guerra e manifestou a necessidade de ceder algo para não perder tudo. Foi também em
Bissau que nasceu o Movimento dos Capitães que a 25 de abril de 1974 derrubou o fascismo
português.

A 26 de agosto do mesmo ano, representantes do governo português e do PAIGC


negociaram os passos para a formalização da independência, o que aconteceu a 10 de
setembro. (2)

“A Guiné-Bissau inicia a reconstrução. Teremos uma sociedade profundamente


democrática – anuncia Luis Cabral – criaremos uma administração
descentralizada que destruirá as estruturas coloniais. Os nossos
camponeses, que representam 99 por cento das forças combatentes,
serão os primeiros beneficiários. Controlaremos o comércio externo e
a exportação de produtos agrícolas. Teremos a nossa própria moeda. Eliminaremos os
impostos desumanos. (3)

O PAIGC, o único movimento de luta pela libertação, ascendeu ao poder com o objetivo
de instaurar um regime socialista. Iniciam-se as difíceis tarefas de reconstruir a economia
nacional e restaurar os debilitados setores da saúde e da educação. A agricultura foi
diversificada, o comércio externo foi nacionalizado e a Reforma Agrária implantada.

Em novembro de 1977, no terceiro congresso do PAIGC foi definido o principal objetivo


do partido: a criação de uma democracia nacional revolucionária. O tema central desse
congresso foi a unificação com Cabo Verde, o que levaria a união dos dois países. Nas relações
externas, mantiveram uma postura de não alinhamento e de luta incondicional contra a
apartheid e o colonialismo no continente africano.

Até 1980, o PAIGC continuou governando as repúblicas de Guiné-Bissau e Cabo Verde,


com duas Constituições diferentes, mas alimentando a esperança de uma união futura.

A 14 de novembro, “Nino” Vieira liderou um golpe de Estado que derrubou Luis Cabral.
A Assembleia Nacional Popular foi dissolvida e Vieira ascendeu e afastou do partido todos os
seus dirigentes cabo-verdianos.

Estes, a 20 de janeiro de 1981, decidiram se dividir, dando origem ao Partido Africano


para a Independência de Cabo Verde (PAICV). Cabo Verde cortou então as relações com a
Guiné-Bissau até 1982, ano em que Luis Cabral voltou, depois de um exílio em Cuba e Cabo
Verde. Graças a esse fato e aos esforços desenvolvidos por Moçambique e Angola, os dois
estados desavindos, decidiram reatar as suas relações gradualmente.

Em 1982, Vítor Saúde Maria, foi nomeado Primeiro Ministro da Guiné-Bissau. Em abril
de 1983, “Nino” Vieira assumiu formalmente a chefia do governo e encarregou uma revisão da
Constituição e da Lei Eleitoral, demitindo Vítor Saúde Maria da chefia do governo em 1984.
Esta demissão deveu-se à discordância manifestada por Vítor Saúde face ás propostas de
alteração constitucional, tendentes a reforçar os poderes do presidente da República. Vários
outros membros do PAIGC também foram expulsos do partido, acusados de apoiarem Vítor
Saúde Maria.
A Assembleia Nacional Popular ratifica a nova Constituição e procedeu à abolição formal
do cargo de Primeiro Ministro, enquanto Vieira continuou a acumular funções.

Em outubro de 1985 registrou-se a detenção de cerca de 60 pessoas acusadas de


conspirarem contra o poder.

No mesmo ano “Nino” Vieira aumentou o número de membros do Conselho de


Ministros e criou os cargos de Ministros das Províncias. Em novembro, no quarto congresso do
partido, o chefe do Estado guineense foi reeleito para o cargo de Secretário Geral do PAIGC
por mais quatro anos.

Desde fevereiro de 1987 até fevereiro de 1989 fizeram-se algumas remodelações


governamentais como, por exemplo: a nomeação de Vasco Cabral, antigo ministro da Justiça,
como secretário permanente do Comitê Central do Partido; a nomeação de um novo ministro
da Justiça e a criação de uma comissão nacional para a revisão constitucional. Em junho de
1989 realizaram-se eleições gerais, nas quais a única força autorizada a participar foi o PAIGC.

Em janeiro de 1990 “Nino” Vieira anunciou a constituição de duas comissões destinadas


a rever o programa e os estatutos do PAIGC e as leis sobre a prosperidade da terra.

Em maio de 1991 a Assembleia Nacional Popular introduziu no texto da Constituição


novos direitos civis e políticos, entre os quais o direito de formar e aderir a partidos políticos e
movimentos sindicais e a consagração da liberdade de expressão. Também foi abolido o
polemico artigo quarto, que consagrava o PAIGC como “força política dirigente da sociedade e
do Estado”. (4)

Comparando a Guiné-Bissau com os restantes países de expressão lusófona, podemos


perceber que é o mais lento e indeciso em termos de mudanças políticas.

(1) GUIA DO TERCEIRO MUNDO 1980, p 138

(2) c.f. Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p 118

(3) IDEM, p 139

(4) c.f. IDEM p.p. 119 e 120


Capítulo IV

A REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE [hasta aqui]

No ano de 1962, fundado por Eduardo Mondlane, nasce a Frente de Libertação de


Moçambique (FRELIMO) constituída por militantes e organizações de todas as regiões e etnias
do país. Este movimento, em 25 de setembro de 1964, desencadeia a luta armada para
conquistar “a independência total e completa”.

Em fevereiro de 1969 Mondlane é assassinado por agentes ao serviço dos colonialistas,


então, começaram a surgir na FRELIMO diferentes tendências de orientação, gerando uma luta
entre os que consideravam a independência como uma mera “africanização” do poder e os
que procuravam instaurar uma nova sociedade democrática e popular. No segundo congresso
do partido, a segunda tendência sai vencedora e Samora Machel, quem depois da morte de
Mondlane ficou com a direção dos destinos do partido, é eleito pelo Comitê Central,
presidente da organização. A partir daí a luta expandiu-se a novas áreas. (1)

“Com a revolução de 25 de abril de 1974, em Portugal, iniciaram-se as negociações


para a independência entre representantes do governo português e da FRELIMO, que
conduziram á criação de um governo de transição e à formalização da independência, o que
sucedeu a 25 de junho de 1975. Samora Machel foi então empossado como primeiro
Presidente da República de Moçambique declarando que “a luta continua”, desta vez contra
a ameaça do neo-colonialismo, que pairava sobre outros países africanos. O novo chefe do
estado moçambicano proclama também a solidariedade do seu país e do seu povo para com
todos os lutadores pela liberdade na Rodésia e na África do Sul. O governo de Maputo
procedeu então à nacionalização da educação, da saúde, dos bancos estrangeiros e de várias
empresas multinacionais. (2)

Em 1976 nasceu a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) liderada por André


Matade Matsangaisse e integrada por indivíduos hostis à atuação da FRELIMO. Da oposição
armada entre a FRELIMO a RENAMO nasceu no mesmo ano a guerra civil no país. (1)

Em março de mesmo ano, Moçambique encerrou as suas fronteiras à Rodésia, em apoio


à ação da guerrilha, apesar disso acarretar consideráveis prejuízos econômicos, Moçambique
passa a fazer parte da “Linha da Frente” na batalha contra a apartheid.

Por outro lado, em fevereiro de 1977, a FRELIMO foi formalmente consagrada como
partido FRELIMO, de orientação marxista-leninista e adesão restrita.

Em março de 1980 o presidente Samora Machel lançou uma campanha contra a


corrupção, a ineficiência e a burocracia nas empresas e serviços estatais. Ao mesmo tempo, foi
implantado um plano econômico para dez anos, com o projeto de incrementar os laços
econômicos com os países ocidentais, mas o projeto foi afetado pela deteriorada relação com
a África do Sul que, além de invadir em 1981 o território moçambicano, passou a apoiar a
RENAMO. Desde então até 1987, os rebeldes receberam apoio logístico e militar sul-africano.

Em março de 1984, em Nkomati, Moçambique e a África do Sul assinaram um pacto


conjunto de não agressão e boa vizinhança, comprometendo-se a não apoiar grupos de
oposição nem a permitir ataques a partir do seu território. Porém, este acordo não foi
cumprido pela África do Sul, que continuou a auxiliar a RENAMO. Em 1985 o governo de
Maputo solicitou o incremento do auxílio militar ao Zimbábue para combater as forças da
RENAMO, que se tornava cada vez mais forte.

Em março de 1986, para aumentar o controle da FRELIMO, foi dividido o Conselho de


Ministros em três seções, cada uma supervisionada por um oficial do partido. Em julho foi
criado o cargo de Primeiro Ministro. A 19 de outubro, Samora Machel, o chefe do Estado
moçambicano, morreu num acidente aéreo, junto com outras figuras importantes do regime.
No mesmo ano, o Comitê Central da FRELIMO nomeou como sucessor da presidência da
República a Joaquim Chissano, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.

Em julho de 1987, elementos da RENAMO massacraram 424 pessoas na povoação de


Homoine, e Moçambique acusou novamente à África do Sul de persistir no apoio aos rebeldes.
Os dois países reconciliaram-se um ano depois, com a criação de uma comissão conjunta para
a cooperação e o desenvolvimento.

Em junho de 1989 a FRELIMO apresentou a proposta de oferecer um diálogo com a


RENAMO para resolver o conflito entre as duas forças, mas a negociação não foi possível por
causa das exigências por parte da RENAMO.

Em julho a FRELIMO renuncia à sua orientação marxista-leninista, adotando orientações


mais pragmáticas e abrindo a adesão ao partido a todos os setores da sociedade. Em março de
1990 o governo de Maputo decidiu reativar as negociações de paz, iniciando contatos com o
Vaticano e a Santa Sé. Desde então, realizaram-se sete rondas de conversação entre o governo
de Maputo e a RENAMO, embora tenham significado um importante passo nas relações entre
ambas as forças, estes encontros não representaram quase nenhum avanço em relação ao
acordo de paz tão esperado por todos os moçambicanos.

Em outubro de 1991, o governo de Maputo e a RENAMO reuniram-se novamente para a


oitava ronda para negociar, desta vez com maior sucesso, pois foi assinado o Protocolo Nº 1,
denominado Dos Princípios Fundamentais. (3)

“Ambas as partes afirmaram o seu empenho em alcançar o acordo geral de paz no


mais curto espaço de tempo possível, tendo acordado o princípio de
constituição de uma comissão de supervisão e controle do
cumprimento do acordo de paz. A referida comissão deverá ser
integrada por representantes do governo moçambicano e da
RENAMO, bem como das Nações Unidas e de outras eventuais
organizações ou governos”. (4)

Hoje em dia, lamentavelmente, Moçambique constitui um dos países mais pobres, mais
subdesenvolvidos e mais atrasados economicamente. Um país que além de ter poucos
recursos naturais, foi terrivelmente devastado por uma guerra civil entre duas forças políticas
opostas que parece não acabar nunca.

(1) c.f. GUIA DO TERCEIRO MUNDO 1980, p.p. 194 e 195

(2) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p 150

(3) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p.p 151 até 154
(4) IDEM p.p. 155

Capítulo V

A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

O arquipélago de São Tomé e Príncipe é o país menor da África, mas com enormes
problemas. Tem uma história terrível, que comove muitos africanos ao relembrar o tráfico de
escravos que se prolongou até há poucos anos.

No ano de 1953, a repressão colonial em São Tomé e Príncipe aumentou muitíssimo,


mais de mil homens foram assassinados em menos de uma semana na localidade de Batepô. A
partir daí, são-tomenses compreenderam a necessidade de organizar-se.

Criou se em 1969 o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), cujos


objetivos foram: Independência e Reforma Agrária. Os trabalhadores agrícolas foram, e são,
uma das principais bases do apoio do MLSTP. (1)

Devido à natureza do terreno, que impedia o desenvolvimento da luta armada, o MLSTP


realizou um intenso trabalho político clandestino, que lhe valeu o reconhecimento da OUA,
dos não alinhados e da ONU.

Após a revolução do dia 25 de abril de 1974, Portugal inicia uma política de


descolonização. A 4 de agosto, reconheceu o direito das ilhas de São Tomé e Príncipe à
independência. A 21 de dezembro tomou posse o governo português, o secretário geral do
MLSTP, Manuel Pinto da Costa, assumiu o cargo de Presidente da República, a 12 de julho de
1975, data em que se concretizou a Independência. A 15 de julho foi designado um governo
provisional presidido por Miguel Trovoada.

Desde então o governo procedeu à nacionalização dos bancos e terras, à socialização da


medicina; criou-se uma moeda nacional, reorganizaram-se a Administração Pública e criaram-
se vários centros da cultura popular numa campanha de alfabetização nacional. (2)

Em 1978, depois de uma tentativa de golpe de estado, organizada por um grupo de


mercenários e dissidentes sob o comando de Carlos Graça, o governo são-tomense convidou
um contingente militar angolano a estacionar em São Tomé e Príncipe. A tentativa serviu para
consolidar a unidade do MLSTP.

Em setembro de 1979, Miguel Trovoada foi acusado e detido por conspirar contra o
governo, consequentemente, foi abolido o cargo de primeiro ministro.

Em março de 1980 realizaram-se eleições para as Assembleias Populares Distritais,


estas, junto com a Assembleia Nacional Popular reelegeram Pinto da Costa em 1980 e 1984
para novos mandatos presidenciais. Em 1981 foi libertado Miguel Trovoada, que se exilou em
Gabão e logo na França, onde permaneceu até a democratização do país, em 1990.

Em 1985, Manuel Pinto da Costa desempenhava ao mesmo tempo os cargos de


Presidente da República, Presidente do MLSTP, Ministro Defesa, Ministro dos Negócios
Estrangeiros, Ministro do Plano e Comandante em Chefe das Forças Armadas.

Em março de 1986 a Frente de Resistência Nacional de São Tomé e Príncipe (FRNSTP),


fundada por Carlos Graça, uniu-se com a UDISTP (União Democrática Independente de São
Tomé e Príncipe). Ambas as dois originaram a Coligação Democrática de Oposição, cujo
objetivo era a realização de eleições livres no país. Alguns meses depois, Carlos Graça
abandona a liderança da FNSTP para integrar-se ao governo são-tomense.

Em outubro de 1987, realizou-se uma reforma constitucional, incluindo eleições


presidenciais e legislativas por sufrágio universal. Também foi recriado o cargo de primeiro
ministro e questionado o papel do MLSTP enquanto partido único.

A 8 de março de 1988 registrou-se uma nova tentativa de golpe de estado, os EE UU


cederam então a São Tomé dois navios patrulha para a vigilância costeira. Em novembro do
mesmo ano, foi abolida a pena de morte, e em janeiro de 1989, Pinto da Costa organizou uma
revisão da Constituição para introduzir algumas reformas políticas como, por exemplo: a
extinção do Tribunal Contrarrevolucionário e as propostas de elaborar um novo texto
constitucional e novos estatutos partidários.

Em meados de março de 1990, a Assembleia Nacional Popular e o Comitê Central do


MLSTP, aprovaram o projeto de Constituição, mas a realização de eleições legislativas e
presidenciais ficou adiada para meados do mesmo ano. A 30 de maio, Miguel Trovoada
regressou a São Tomé depois de dez anos no exílio. A 22 de agosto, a nova Constituição foi
submetida a referendo popular, ganhando o apoio de mais de 90% dos eleitores. Em setembro
o MLSTP decidiu mudar para uma orientação socialdemocrata, passando a denominar-se
MLSTP/PSD, enquanto Manuel Pinto da Costa abandonou a chefia do partido para se
apresentar como candidato independente às eleições presidenciais, embora, finalmente não
se candidatasse.

A 20 de janeiro de 1991, os são-tomenses deram o primeiro grande passo, realizaram-se


as primeiras eleições legislativas por sufrágio secreto, direto e universal. O segundo passo
importante foi dado a 3 de maio com a realização de eleições
presidenciais que consagraram Trovoada como novo Presidente da
República São-tomense. (3)

Na qualidade de candidato à presidência da República, Miguel Trovoada, o atual chefe


de Estado de São Tomé e Príncipe, formulou um projeto de sociedade que propôs ao povo
são-tomense. A proposta em questão tinha como principais linhas de força “a construção e
defesa de um estado de direito e o seu posicionamento nos planos internos e externos, a
democratização da vida política e social e o saneamento da economia nacional e
implementação da justiça social”.

Miguel Trovoada assumiu as funções de Presidente da República a 3 de abril de 1991.


Mas, a situação econômica e social do país agravava cada vez mais, e por causa disto, Miguel
Trovoada viu-se forçado a demitir o governo, por decreto, a 22 de abril de 1992. (5)

El ecuador atraviesa Ilhéu das Rolas, en Santo Tomé y Príncipe, en donde se ha trazado un planisferio para
resaltar este hecho.

(1) c.f. GUIA DO TERCEIRO MUNDO 1980, p.p. 194 e 195

(2) c.f. ENCICLOPEDIA UNIVERSAL ILUSTRADA EUROPEO-AMERICANA, p. 965 Y 966.


(3) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p.p 190 até 192

(4) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p 194

(5)c.f. IDEM p.p. 196

CONCLUSÃO

Os movimentos de libertação da ocupação colonial portuguesa surgiram somente após a


queda da ditadura em Portugal, em 1974. A independência nas colônias portuguesas
corresponderam à implantação de regimes de partido único, geralmente autoritários, muitos
deles marxistas ( como por exemplo o MPLA de Angola), providos das forças de repressão
necessárias à manutenção do poder.

A situação dos cinco países de língua oficial portuguesa é bem diversa no inicio da
década de noventa. Angola e Moçambique vivem com as suas sociedades e economias
destroçadas, como consequência das duas violentas guerras civis. Guiné-Bissau e São Tomé e
Príncipe foram incapazes de encontrar uma direção para as suas economias. Cabo Verde, por
último, conseguiu distinguir-se desse conjunto, tornando-se um país de prestigio internacional
graças a sua maturidade política.

De entre os cinco países, Angola era aquele em que o conflito entre os dois movimentos
opostos (a UNITA e o MPLA) se reflete mais diretamente. A presença cubana e soviética no
país, em apoio do governo e do MPLA, o apoio da África do Sul e dos EE UU à resistência (a
UNITA),estabelecia uma complexa rede de relações político militares que só por mediações
internacionais poderia conduzir à retirada dos cubanos, ao fim da luta de libertação nacional e
à paz em Angola.

As lutas pela libertação de Angola do domínio colonial português foram acompanhadas


com vivo interesse por brasileiros, ainda que naquela época amordaçados pela ditadura. O
movimento negro festejou a independência de Angola, e o rápido reconhecimento das novas
nações africanas pelo governo brasileiro criou uma abertura diplomática importante entre as
duas nações.

Outro dos países de expressão portuguesa que foi cenário de uma violentíssima guerra
civil foi Moçambique. As forças opostas da FRELIMO (apoiada por Zimbábue) e da RENAMO
(apoiada pela África do Sul) deixaram milhares de vítimas, além de prejudicar gravemente a
fraca economia do país.

Atualmente, Moçambique é considerado um dos países mais pobres, mais


subdesenvolvidos e mais atrasados economicamente.

São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, apesar da ausência de guerra civil, ambos os países
sofreram graves crises políticas como, por exemplo: o golpe de Estado liderado por “Nino”
Vieira na Guiné e a detenção de Miguel Trovoada, alto dirigente do MLSTP em São Tomé e
Príncipe. E, ainda hoje, têm sérias dificuldades de ordem econômica.

Por outro lado, e ao contrário da Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe concretizou a


realização de eleições livres e democráticas.

Finalmente, Cabo Verde, apesar de ser um pequeno país, soube resolver com
inteligência e diplomacia a SUS terrível situação econômica e, simultaneamente obteve o
respeito e a confiança da comunidade internacional em geral. Além de levar a cabo, de forma
exemplar, os processos políticos de transição democrática sem problemas. (Como o Professor
José Luis Mendes d’Amaral comentou durante uma conferencia sobre este país: “Cabo Verde é
um exemplo de democracia”).
BIBLIOGRAFÍA

 “Portugal se retiró de Angola: sigue la lucha”, CLARÍN, Buenos Aires, Nº 10.667,


Martes 11 de noviembre de 1975, pp. 2 e 3.

 Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo Americana, supl. 1973-74 e 1975-76,


Madrid-Barcelona, Espasa Calpe, 1980.

 Guia do Terceiro Mundo 1980, Suplemento Anual dos cadernos do Terceiro


Mundo, Lisboa, Tricontinental Editora, 1980.

 Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, Guia Político dos Palop, Lisboa,
Editorial Fragmentos/Fundação de Relações Internacionais, S/D.

 Gomez, Maria E. Reis; Matos, Margarida Mendes de; Faria, Ana M. Leal de e
Pereira, Joaquina Mendes, História de Portugal, 4ª edição, Lisboa, Texto
Editora, 1989.

 Segabinazi Dumas, Maria Lúcia, “África e o Brasil Africano”, São Paulo, Janeiro
de 2007.

Você também pode gostar