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OS
PRIMEIROS
ANOS
DEPOIS DA
INDEPENDÊNCI
A EPOIS DA
Professora: Ana Frigieri
Em primeiro lugar, é importante salientar que no século XX, as lutas que muitos travavam pela
libertação da dominação colonial constituiu um instrumento de união do continente para além
das fronteiras étnicas e contra o invasor branco.
A resistência à ocupação colonial sempre existiu, mas no início muito raramente conseguiu
bons resultados. Até cerca de 1960 franceses e ingleses, os principais ocupantes coloniais,
mantiveram firme seu controle sobre as sociedades africanas. Com um sistema de governo no
qual combinavam as formas africanas tradicionais com as próprias.
Foi entre uma elite letrada que surgiram os primeiros movimentos organizados de contestação
à dominação colonial, principalmente em torno de jornais, associações profissionais e partidos
políticos. Em meados do século XX já havia duas ou três gerações de africanos ocidentalizados,
mas cuja socialização primeira, na infância e juventude, havia sido feita dentro de suas
sociedades tradicionais. Essas pessoas educadas nos dois mundos faziam a ponte de pensar, de
sentir e de viver tradicionais, e as novas, alinhadas às dos colonizadores.
A indústria dos países mais avançados, como EEUU, França e Inglaterra, havia tomado impulso
após a Segunda Guerra Mundial com um salto no aperfeiçoamento tecnológico e um
decorrente aumento na produtividade. Com a ampliação dos mercados de consumo de bens
industrializados, que veio associada à expansão e barateamento da produção, a África era um
mercado promissor.
Por outro lado, cresciam os movimentos pela libertação dos países africanos, que uniam
populações urbanas e rurais, litorâneas e do interior, assim como intelectuais de dentro e de
fora do continente.
Nesta cojuntura histórica quase todos os países africanos sob domínio colonial se tornaram
livres, um depois do outro, entre 1957 e cerca de 1964. A grande exceção foram as colônias
portuguesas, que só se tronaram independentes em 1974 com a queda da ditadura salazarista:
Este breve trabalho pode nos proporcionar alguma ideia sobre os acontecimentos políticos
mais importantes desde a independência das respectivas colônias portuguesas até os anos
1990, 1992 aproximadamente.
O trabalho está dividido em cinco capítulos correspondentes aos cinco países africanos de
expressão lusófona, ordenados alfabeticamente, estes são:
CAPÍTULO II: A REPÚBLICA DE CABO VERDE. Este país, foi juntamente com São Tomé e
Príncipe, um dos únicos territórios africanos sob a administração portuguesa no qual não se
desenvolveu uma luta armada de libertação nacional. Após ascensão à independência, e
apesar das muitas dificuldades de ordem econômica, este país adaptou uma postura de
alinhamento que lhe permitiu obter o apoio e o respeito da comunidade internacional em
geral.
CAPÍTULO III: A REPÚBLICA DE GUINE-BISSAU. País onde se desenvolveu uma sangrenta luta
de libertação i, após o reconhecimento da independência pelo governo de Lisboa, viu-se
confrontado com algumas crises internas, das quais a mais grave terá sido a deposição do
presidente Luis Cabral num golpe de Estado liderado pelo João Bernardo Vieira (“Nino”), o
atual presidente da República.
Este acordo representou o primeiro passo para a retirada das tropas cubanas de Angola.
“Durante o ano 1988 surgiram várias iniciativas para a paz em Angola, envolvendo
esforços sul-africanos, zairenses e marroquins [....] Em fevereiro, o
governo ofereceu uma anistia de doze meses a todos os elementos
da UNITA, ao que o movimento respondeu com uma intensificação
da luta, persistindo na reivindicação de integrar um governo de
transição com o MPLA, como prelúdio para a instituição de um
sistema multipartidário e a realização de eleições livres. (4)
Desde meados de maio de 1989 até outubro do mesmo ano, realizavam-se algumas
conferencias com a presença de vários chefes de Estado africanos, tentando celebrar um
acordo de paz entre o MPLA e a UNITA, porém sem êxito.
A 26 de março foi aprovada em Luanda a lei dos partidos e a 4 de abril teve início uma
reunião plenária direta em sistema de non-stop entre as delegações do governo de Luanda e
da UNITA e com a presença da mediação soviética.
Em 31 de maio foram formalmente assinados em Lisboa e com a presença do Primeiro
Ministro português os acordos de paz para Angola.
(4) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICO DOS PALOP, p. 26
A República de Cabo verde, juntamente com São Tomé e Príncipe, foi um dos dois
territórios africanos sob a administração portuguesa no qual não se desenvolveu uma luta
armada de libertação nacional. Em 1956 criou-se o Partido Africano para a Independência de
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), fundado por Amílcar Cabral e integrado por guineenses e cabo-
verdianos. Enquanto na Guiné desatou-se uma terrível luta armada que libertou o território,
em Cabo Verde os patriotas organizavam-se na luta política da clandestinidade.
“Para o PAIGC a primeira tarefa em Cabo Verde foi evitar que o seu povo morresse de
fome, depois de uma década de seca que assola o território. A população local e a
solidariedade internacional foram mobilizadas na batalha contra a seca, utilizando na
irrigação a água subterrânea inexplorada pelo colonialismo. Ao mesmo tempo iniciou-se um
profundo processo de transformação agrária e estimulou-se os camponeses a organizarem-
se em cooperativas”. (3)
A 25 de Janeiro de 1990, João Pablo II visitou Cabo Verde, fato de grande importância
devido à elevada quantidade de católicos existente no país. Em fevereiro o Conselho Nacional
do PAICV, reunido na cidade da Praia, decidiu dirigir-se pela via do multipartidismo. (4)
Este novo partido político, o Movimento para a Democracia (MPD), no dia 13 de Janeiro
de 1991 saiu vencedor incontestado nas primeiras eleições legislativas da República de Cabo
Verde.
Hoje em dia, apesar de Cabo Verde ser um país muito pequeno e com escassos recursos
naturais, é um país que obteve o respeito e a confiança da comunidade internacional em geral,
como consequência dos grandes esforços de ordem política e econômica após a ascensão à
independência. Cabo Verde soube mudar no momento certo, de forma exemplar, dando
testemunho de maturidade política e social.
(2) c.f. Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICO DOS PALOP, p.87
(3)IBIDEM
(5) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICO DOS PALOP, p.90
Capítulo III
A REPÚBLICA DE GUINÉ-BISSAU
No ano de 1956 foi criado por Amílcar Cabral o Parido Africano para a Independência de
Guiné e Cabo Verde (PAICV), este inicia a luta armada em 1961 em Guiné. Após a morte de
muitíssimos guineenses e portugueses, como por exemplo, o assassinato de Amílcar Cabral em
Fevereiro de 1973 por Agentes portugueses, a Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau,
reúne-se em áreas consideradas “libertas” e proclama unilateralmente a independência a 24
de Setembro de 1973. Luis Cabral, filho de Amílcar Cabral, assumiu então a presidência do
Conselho de Estado e instala provisoriamente a capital na pequena aldeia de Madina-Boé.
O PAIGC, o único movimento de luta pela libertação, ascendeu ao poder com o objetivo
de instaurar um regime socialista. Iniciam-se as difíceis tarefas de reconstruir a economia
nacional e restaurar os debilitados setores da saúde e da educação. A agricultura foi
diversificada, o comércio externo foi nacionalizado e a Reforma Agrária implantada.
A 14 de novembro, “Nino” Vieira liderou um golpe de Estado que derrubou Luis Cabral.
A Assembleia Nacional Popular foi dissolvida e Vieira ascendeu e afastou do partido todos os
seus dirigentes cabo-verdianos.
Em 1982, Vítor Saúde Maria, foi nomeado Primeiro Ministro da Guiné-Bissau. Em abril
de 1983, “Nino” Vieira assumiu formalmente a chefia do governo e encarregou uma revisão da
Constituição e da Lei Eleitoral, demitindo Vítor Saúde Maria da chefia do governo em 1984.
Esta demissão deveu-se à discordância manifestada por Vítor Saúde face ás propostas de
alteração constitucional, tendentes a reforçar os poderes do presidente da República. Vários
outros membros do PAIGC também foram expulsos do partido, acusados de apoiarem Vítor
Saúde Maria.
A Assembleia Nacional Popular ratifica a nova Constituição e procedeu à abolição formal
do cargo de Primeiro Ministro, enquanto Vieira continuou a acumular funções.
(2) c.f. Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p 118
Por outro lado, em fevereiro de 1977, a FRELIMO foi formalmente consagrada como
partido FRELIMO, de orientação marxista-leninista e adesão restrita.
Hoje em dia, lamentavelmente, Moçambique constitui um dos países mais pobres, mais
subdesenvolvidos e mais atrasados economicamente. Um país que além de ter poucos
recursos naturais, foi terrivelmente devastado por uma guerra civil entre duas forças políticas
opostas que parece não acabar nunca.
(2) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p 150
(3) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p.p 151 até 154
(4) IDEM p.p. 155
Capítulo V
O arquipélago de São Tomé e Príncipe é o país menor da África, mas com enormes
problemas. Tem uma história terrível, que comove muitos africanos ao relembrar o tráfico de
escravos que se prolongou até há poucos anos.
Em setembro de 1979, Miguel Trovoada foi acusado e detido por conspirar contra o
governo, consequentemente, foi abolido o cargo de primeiro ministro.
El ecuador atraviesa Ilhéu das Rolas, en Santo Tomé y Príncipe, en donde se ha trazado un planisferio para
resaltar este hecho.
(4) Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, GUIA POLÍTICA DOS PALOP, p 194
CONCLUSÃO
A situação dos cinco países de língua oficial portuguesa é bem diversa no inicio da
década de noventa. Angola e Moçambique vivem com as suas sociedades e economias
destroçadas, como consequência das duas violentas guerras civis. Guiné-Bissau e São Tomé e
Príncipe foram incapazes de encontrar uma direção para as suas economias. Cabo Verde, por
último, conseguiu distinguir-se desse conjunto, tornando-se um país de prestigio internacional
graças a sua maturidade política.
De entre os cinco países, Angola era aquele em que o conflito entre os dois movimentos
opostos (a UNITA e o MPLA) se reflete mais diretamente. A presença cubana e soviética no
país, em apoio do governo e do MPLA, o apoio da África do Sul e dos EE UU à resistência (a
UNITA),estabelecia uma complexa rede de relações político militares que só por mediações
internacionais poderia conduzir à retirada dos cubanos, ao fim da luta de libertação nacional e
à paz em Angola.
Outro dos países de expressão portuguesa que foi cenário de uma violentíssima guerra
civil foi Moçambique. As forças opostas da FRELIMO (apoiada por Zimbábue) e da RENAMO
(apoiada pela África do Sul) deixaram milhares de vítimas, além de prejudicar gravemente a
fraca economia do país.
São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, apesar da ausência de guerra civil, ambos os países
sofreram graves crises políticas como, por exemplo: o golpe de Estado liderado por “Nino”
Vieira na Guiné e a detenção de Miguel Trovoada, alto dirigente do MLSTP em São Tomé e
Príncipe. E, ainda hoje, têm sérias dificuldades de ordem econômica.
Finalmente, Cabo Verde, apesar de ser um pequeno país, soube resolver com
inteligência e diplomacia a SUS terrível situação econômica e, simultaneamente obteve o
respeito e a confiança da comunidade internacional em geral. Além de levar a cabo, de forma
exemplar, os processos políticos de transição democrática sem problemas. (Como o Professor
José Luis Mendes d’Amaral comentou durante uma conferencia sobre este país: “Cabo Verde é
um exemplo de democracia”).
BIBLIOGRAFÍA
Costa, Fernando Marques da e Falé, Natália, Guia Político dos Palop, Lisboa,
Editorial Fragmentos/Fundação de Relações Internacionais, S/D.
Gomez, Maria E. Reis; Matos, Margarida Mendes de; Faria, Ana M. Leal de e
Pereira, Joaquina Mendes, História de Portugal, 4ª edição, Lisboa, Texto
Editora, 1989.
Segabinazi Dumas, Maria Lúcia, “África e o Brasil Africano”, São Paulo, Janeiro
de 2007.