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“ontem era noite escura do colonialismo, hoje é o sofrimento da guerra, mas amanhã

será o paraíso. Um amanhã que nunca vem, um hoje eterno. Tao eterno que as
pessoas esquecem o passado e dizem que ontem era melhor do que hoje: Pepetela –
Geração da utopia.

A República de Angola é um território plural, diverso, em constante


reconstrução. O país carrega marcas do colonialismo europeu foi explorada por
mais de quatro séculos. Segundo Douglas e Rene Angola foi marcada por duas
guerras que duraram quase trinta anos. Esse período corresponde duas fases:
de 1961 a 1975, a guerra colonial e de 1975 a 2002, a guerra civil que foi ainda
mais destrutiva e generalizada. É necessário um breve histórico da reigão
analisando as consequências dessas guerras para compreendermos os
aspectos da sociedade angolana que levou a milhares de migrantes angolanos
pelo mundo.
Angola está localizada na costa ocidental da África do Sul. De acordo
com INE (2016), a população de Angola em 2014 era de 25 789 024, sendo a
maioria composta por mulheres, sendo elas 13.289.983 em comparação aos
12.499.041 homens. Atualmente o país é constituído por 18 províncias, 162
municípios e 559 comunas. A língua oficial é o português, falado por 71% da
população, com maior predominância para a população residente nas áreas
urbanas. Angola tem vários dialectos e o Umbundo é o mais falado (23%),
seguindo-se o Kikongo (8%) e Kimbundu (8%) (INE, 2021).
A província de Cabinda é uma área administrativa que fica mais a Norte
e forma um pequeno território ainda separado do resto do país. A província de
Luanda é a mais populosa com 6 945 386 pessoas, o que representa pouco
mais de um quarto (27%) da população do país. Seguem-se as províncias da
Huíla, Benguela e Huambo com mais de 2 milhões de residentes, com 2 497
422 (10%), 2 231 385 (9%) e 2 019 555 (8%), respectivamente. Angola tem
uma fronteira extensa a norte e nordeste, com a República Democrática do
Congo, com a Zâmbia a Sudeste e com a Namíbia sul (INE,2016).
FOTO
Segundo Douglas Wheeler e René Pélissier (2009) antes da chegada
dos europeus, o grupo racial negroide invadiu e dominou os primeiros
invasores do grupo bosquímano. A maior parte dos povos de Angola são
falantes de língua bantu. Esses povos correspondem mais de cem etnias sou
subgrupos, apesar da diversidade étnica e da variação de tipos físicos
presentes nos grupos angolanos de língua bantu, estes encontram-se
essencialmente ligados por quer em termos culturais, quer raciais. As etnias ou
reinos que compreendem os povos ovimbundo do plantalto de benguela, mais
da metade tinha uma língua comum e estava unida por laços históricos de
império e gratidão. Os principais grupos etnolinguísticos entre os povos
angolanos são os seguintes: os bacongo, os quimbundo, os ovimbundo, os
luda-quioco, os nganguela, os nyaneka-humbe, os herero e os ambo.
POSSÍVEL FOTO.
A história das migrações bantu e o estabelecimentos dos estados bantu em
angola constituem o pano de fundo para a chegada dos portugueses em finais
do século XIV. É provável que o primeiro reino bantu de angola a definir sua
civilização alcançar uma unidade marcada tenho sido o Reino do Congo, outros
reinos destacam se também como os reinos do Ndongo, Matamba, Benguela e
os do Planalto Central (WHEELER, PÉLISSIER, 2009).
A MULHER NA SOCIEDADE ANGOLANA.
Angola viveu por mais de quatro séculos sendo explorada e dominada
por Portugal. No entanto, segundo José Honório Rodrigues (1964, p. 343), não
podemos deixar de abordar as resistências e revoltas da população angolana,
motivadas e intensificadas em 1822 após a independência do Brasil, inspiradas
nesse modelo de libertação e movidos por um ideal de se libertar de um
colonizador em comum, que eram os portugueses.
A verdade é que havia há muito tempo uma crescente
insatisfação entre os angolanos. A resistência aberta nasceu não só
da acumulação de sofrimentos e injustiças, como também da
insuficiência da vitória da independência em outros territórios
africanos (RODRIGUES, 1964, p.343).

O sentimento anticolonialista foram surgindo por diversos fatores em


relação a postura de de Portugal na colônia. Conforme aponta Maria conceição
Neto, a estagnação económica em angola exploração colonial, agravadas
neste caso pela fraqueza económica da metrópole e o baixíssimo nível de
instrução que, naturalmente, reduzia o alcance da literatura, da informação e da
propaganda escritas, aliadas a falta de oportunidades escolares, mesmo
básicas e técnico-profissionais, era um dos grandes fatores de ressentimento
contra o domínio português, além de impostos e trabalho forçado.
À medida que o ano de 1960 se aproximava, com as independências
africanas no horizonte e o regime português recusando qualquer diálogo sobre
o futuro das colónias, crescia o número dos que pensavam que só pelas armas
poderiam obter a independência. Alguns dos que se tinham exilado na Europa,
fugindo de Portugal, preparavam o regresso a África, na previsão do
desencadear da luta armada, e procuravam a todo o custo restabelecer laços
com os que, no interior ou em territórios vizinhos, se organizavam no mesmo
sentido. (NETO)
Os movimentos separatistas e as conspirações indenpendentistas
europeias do século XIX floresceram em angola e nos períodos de maior
debilidade de Portugal. O nacionalismo angolano tornou-se cada vez mais
republicano ao longo so século XIX e encorajou os a seguir com um desejo de
emancipação e progresso. Antes da eclosão das revoltas, em 1961,
encontravam-se clandestinamente ativos vários partidos ou gripo políticos.
Todos os movimentos cujo objetivo manifesto ou implícito consistia em por fim
ao domínio português em angola( WHEELER, PÉLISSIER, 2009).
Esses movimentos com suas diferenças refletiam o nacionalismo
angolano e revelam-se distintas formas organizativas, perspectivas de luta e
concepções políticas, com maior ou menor influência do pan-africanismo, do
marxismo, do anti-colonialismo dos Estados Unidos, ou simplesmente
estimuladas pelas independências asiáticas e africanas (e a Conferência de
Bandung em 1955), que confirmavam o declínio do domínio da Europa no
mundo. Sobre este pano de fundo, vários agrupamentos políticos se formam,
se cruzam, de desfazem e se recompõem, sendo difícil estabelecer a sua
trajectória e actividades, quase sempre clandestinas (NETO)
Diversas facções acabaram por se juntar e formar a frente nacional de
libertação de angola FNLA. A união política do norte de angola conseguiu obter
patrocínio internacional e até estabelecer um governo provisório no exilio, que
seguia o modelo do governo exilado da Argélia. Além do reconhecimento por
diversos governos africanos recém independentes e, por um comitê
panafricano dedicado a impulsionar a descolonização, a chamada frente
nacional do Norte conseguiu obter apoio da china e da américa. (david)119
Outro movimento de libertação que tinha o apoio soviético, surgiu em
Luanda no seu interior. Esse movimento popular de libertação de angola, o
MPLA, era um herdeiro distante dos clubes, associações e jornais que os
diversos regimes coloniais haviam suprimido.A UNITA (União Nacional para
Independencia Total de Angola), formada por homens de ascedencia
obimbunda, tinham quebrado quase tosos os laços com o Congo Elitista e criou
um movimento politico no Sul independente. (david)
Esses três movimentos com suas diferenças políticas e ideológicas
travaram lutas contra o colonialismo português e esse período ficou conhecido
como Guerra colonial. Embora enfraquecessem o domínio português, não foi o
principal fator que resultou no fim da dominação colonial.
Com o golpe militar de 25 de abril de 1974 em Lisboa e as suas
complexas consequências políticas em Portugal tiveram um profundo impacto
em angola. Após meses de negociações intermitentes entre Portugal e os três
partidos nacionalistas africanos levaram ao acordo de alvor que estabeleceu
um governo de transição e fixou a data da independência de angola em 11 de
novembro de 1975(WHEELER, PÉLISSIER, 2009).
Contudo, Angola estava dividida entre os partidos políticos. De fato, os
três movimentos políticos não conseguiram conviver pacificamente e
disputaram o comando de Angola. A independência dá início outra guerra
alimentada por conflitos sangrentos na disputa pelo poder e pela riqueza.
Depois de celebrarem a independência no dia 11 de novembro de 1975,
o MPLA atacou seus rivais e ao longo de sucessivos confrontos, em janeiro de
1976, conseguiram recuperar o norte de angola e estavam suficientes forte
para atacar e atingir o sul tomando posse de todo país. A partir do momento
que o MPLA garantiu o seu domínio sobre o pais, as disputas no interior do
circulo do poder sobre a natureza da nova nação eram muitos.(davi)
As forças armadas estrangeiras começaram a desempenhar um papel
crescente naquilo que começou como um conflito puramente doméstico. A
internacionalização da guerra civil em angola agravou-se a medida que as
superpotências começaram a apoiar ativamente as partes do conflito. A união
soviética começou a apoiar o MPLA usando as forças armadas cubanas, bem
como pessoal militar e civil das nações do bloco comunista, especialmente da
Europa de Leste. O ditador Mobutu, do vizinho Zaire, apoiou a FNLA de
Holden roberto e enviou tropas zairenses para o norte de angola. Entretanto,
forças sul-africanas, enconrajadas pelos estados unidos, começaram a partir
de outubro de 1975, a entrar em território angolano para apoiar a FNLA e a
UNIta, avançando para o norte, a fim de atacar zonas e cidades controladas
pelo MPLA. (WHEELER, PÉLISSIER, 2009).
Nas primeiras fases da guerra civil, o MPLA, surgiu
temporariamente vitoriosos sobre os seus rivais, a FNLA e
a UNITA. Em marco de 1976 as forças do MPLA,
apoiadas por tropas cubanas e peritos da união soviética
e dos estados do seu bloco de aliados, bem como por
uma infusão maciça de armas, tinha, derrotado e
dispersado as forças rivais. (WHEELER, PÉLISSIER,
2009, p.362)

Entre períodos de estabilidades e conflitos seguia o período da guerra


civil. Na década de 80 do século xx eram muitos envolvendo atores
internacionais no cenário da guerra friame fomentadas pelo mercado do
petróleo. Pode-se argumentar que foi o petróleo que manteve as diversas
guerras de angola ativas durante vinte e sete anos. Enquanto as eminências
pardas da cidade se mostravam sem vontade de partilhar os despojos do
petróleo e de reciclar a saúde nacional de um pais em reconstrução, os
políticos do sul de angola recusavam-se em aceitar a derrota política ou militar
(davi)
Em 15 de maio de 1991 foi estabelecido um cessar-fogo em Angola,
MPLA, UNITA, EUA E URSS assinaram os Acordos de Paz de Bicesse.
Durante o período de paz (1991-92) começaram os preparativos para aquilo
que seriam as primeiras grandes eleições de Angola, presidenciais e
parlamentares, marcadas para o final de setembro (WHEELER, PÉLISSIER,
2009, p.362) Os líderes da UNITA perderam na eleição do parlamento e
preparam pra retomar a guerra (David)
A guerra civil revelou-se como um desafio diplomático e particularmente
intratável, sucessíveis negociações de paz até conseguiram fechar o acordo
em lusaca e se estendeu em um fria hostilidade entre acordos e conflitos. (davi)
Em finais de 1998, durante o quarto congresso do MPLA depois de ser
tornado claro que o processo de paz não estava a funcionar adequadamente, o
MPLA declarou guerra a UNITA, declarando fim do processo de paz de lusaca.
Na ultima fase da guerra, a UNITA foi sucessivamente derrotada pelas forças
do MPLA e foi obrigada a mudar de tática, passando de um guerra
convencional para um combate de guerrilha. WHEELER, PÉLISSIER, 2009)
O conflitou adentrou no século XXI, MPLA no poder e UNITA oposição,
“Nos primeiros meses do milênio, o capitalismo selvagem de Luanda ficou mais
uma vez inundado por dinheiro, os benefícios da riqueza, contudo, não
chegavam ao povo.” (DAVI, p. 178)
Em inícios de 2002 com a morte do líder na UNITA, teve fim o conflito,
assim tiveram início as negociações com os lideres sobreviventes da UNITA.
guerra civil terminou e deu-se inicio a reconstrução de um país devastado.
Durante a fase de 1992-1994 da guerra civil, estimativas apontam mais de 500
mil mortos. Em 2002 quando foi assinado o acordo de paz apontam mais de
800 mil mortes e mais de 4 milhões de pessoas deslocadas ou refugiadas no
seu próprio país e pelo menos meio milhão fugido de Amgola WHEELER,
PÉLISSIER, 2009)
Neste cenário, o país foi totalmente inviabilizado de projetar sua
industrialização. O desenvolvimento nacional e social passou a ser desafiador.
Neste sentido, percebemos que a situação econômica e política de Angola foi
resultado de anos de colonização, ou seja, anos de exploração que, aliada à
guerra, sofreu as suas consequências por longos anos.
De acordo com Douglas no ano de 2008, angola experimentou vários
marcos importantes na transição da guerra civil para uma recuperação
definitiva, foram descobertas maiores reservas de petróleo e gas natural, em
mar e terra, houve uma expansão dessas novas fontes de energia, com a
entrada de angola de novas companhias energéticas apostadas em expandir a
produção e a participação no setor da energia.A projeção no cenário
internacional também foi atingindo visibilidades e o fechamento de diversos
acordos, inclusive com o Brasil que foi um importante parceiro estratégico de
angola.
Compreender os efeitos da colonização em angola e as consequências
as guerra civil, nos Isso nos ajuda a entender por que ocorrem tantos
deslocamentos forçados do povo angolano do século XX até os dias atuais e o
Brasil continua sendo um dos destinos mais comum pois suas relações são
antigas e consolidadas.

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