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Resumo Capítulo 8 do livro de

História
A independência nos países da África e da Ásia
Antes da Segunda Guerra Mundial, movimentos nacionalistas enfrentaram o
colonialismo europeu na Ásia e África. Europeus exploraram colônias por recursos, mas
encontraram resistência. Na Guerra Fria, EUA e URSS buscaram influência, apoiando a
autodeterminação das colônias. Até 1965, muitos movimentos na Ásia e África
alcançaram independência, por meios pacíficos ou lutas armadas.

Movimentos nacionalistas pela independência na África


Até o ano de 1945, quatro nações africanas desfrutavam do status de independência,
enquanto a esmagadora maioria estava submersa sob o domínio europeu. Nos anos 1930
e 1940, no Quênia, a Associação Central dos Kikuyu lançou-se na árdua busca pela
retomada de suas terras usurpadas. Esse movimento culminou na gestação da Mau-Mau,
cuja batuta foi habilmente manejada por Jomo Kenyatta, protagonizando um embate
beligerante contra a presença britânica a partir de 1952. Os alicerces dessa resistência
instauraram as bases para a independência queniana, finalmente alcançada em 1963.
No panorama setentrional da África, os contingentes tunisianos e marroquinos trilharam
uma jornada rumo à independência das garras francesas em 1956, tendo como trilha
sonora os ecos das lutas armadas. Entretanto, na imensidão da Argélia, o tabuleiro do
conflito permaneceu em xeque até o ano de 1962, quando a emblemática Frente de
Libertação Nacional (FLN) saiu vitoriosa, concedendo ao país um desfecho de
independência e desatando as amarras coloniais.

A via pacífica

A debilitação do controle europeu devido a um levante de movimentos nacionalistas


forçou algumas das principais potências a engajar em negociações acerca da
emancipação política com os líderes africanos. No entanto, essa disposição para
conceder independência era temperada por uma persistente ânsia de manter as amarras
da dependência econômica colonial. No epicentro desse movimento, a Inglaterra se
ergueu como protagonista, desdobrando uma estratégia de autonomia orquestrada.
Através de uma abordagem de emancipações sem choques, suas possessões coloniais –
como Sudão, Costa do Ouro (atual Gana), Nigéria, Serra Leoa, Quênia, Zâmbia e
Gâmbia – ganharam sua independência, aderindo à malha da Comunidade Britânica das
Nações, um mecanismo que preservava a tapeçaria dos interesses britânicos.
Similarmente, a França traçou uma trajetória análoga, explorando uma rota de
independência para colônias como Guiné, Camarões, Madagascar, Costa do Marfim,
Senegal e Mali.
A via armada
Portugal, impulsionado pela sua fome interminável de extração de recursos e pela sua
inclinação para explorar o trabalho das suas colónias africanas, resistiu veementemente
a conceder-lhes o esquivo presente da independência. As negociações, semelhantes a
agarrar-se a sombras ilusórias, falharam, desencadeando assim uma era tumultuada de
rebelião, salpicando o mapa do continente com as cores da revolta de 1961 em diante.
Em Angola, desenrolou-se uma luta tripartida, um palco inundado de ideologias
conflitantes. A vanguarda apresentou o Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA) de orientação marxista, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA)
anticomunista e a transformação paradoxal da União Nacional para a Independência
Total de Angola (Unita), oscilando desde o início maoísta até a oposição ao
anticomunismo.

Os corredores da história de Portugal ecoavam o clamor da tirania desde 1926, uma


época em que as sombras valsavam sob o domínio férreo do autoritarismo. Contudo.
Em Abril de 1974 testemunhou uma audaciosa sinfonia de mudança, uma convulsão
harmoniosa orquestrada pelas fileiras de jovens oficiais das Forças Armadas
portuguesas, carregando subtis tensões de aspirações socialistas. Um regime foi
derrubado no ritmo majestoso da Revolução dos Cravos, inaugurando um novo escalão
de poder. O sol finalmente raiou sobre os domínios outrora imperiais, com a sua
liberdade reconhecida: a Guiné-Bissau desfraldou a sua bandeira independente no
mesmo ano, enquanto Cabo Verde, Moçambique e Angola seguiram o exemplo,
reivindicando a sua soberania na época de 1975.
O resultado revelou as reverberações assustadoras da transição. Em Angola, Agostinho
Neto, porta-estandarte do MPLA, subiu ao pódio presidencial. No entanto, esta subida
marcou o prelúdio de uma narrativa angustiante. O início de um regime socialista
monolítico alimentou as chamas da dissidência, lançando Angola no turbulento
redemoinho da guerra civil. Os anos subsequentes desenrolaram-se como uma saga
enigmática, marcada pela aparência de intenções democráticas através do prisma das
eleições gerais de 1992. No entanto, mesmo a grandeza do palco democrático não
conseguiu abafar a sinfonia discordante de violência. O drama tumultuoso do conflito
civil em Angola atingiu o seu crescendo sombrio em 2002, contabilizando um tributo de
sofrimento humano que ultrapassou os limites da compreensão, um testemunho
comovente das profundezas mais sombrias do abismo da história.
Após o período de conflitos, Angola entrou em uma fase de reabilitação. Corporações
estrangeiras, incluindo aquelas do Brasil, estabeleceram-se no país, com especial
destaque para a ativa presença de empresas chinesas em ambiciosos empreendimentos
de infraestrutura.
A independência incitou um ímpeto de autossuficiência nos Estados recém-formados.
No Sudão, a comunidade cristã ao sul ansiava pela separação do norte muçulmano,
resultando em anos de convulsões civis e, finalmente, na instauração do Sudão do Sul
em 2011.
Na Nigéria, um golpe de Estado entre 1967 e 1970 desencadeou uma guerra civil cruel
que ceifou mais de dois milhões de vidas, majoritariamente da etnia Igbo.
Nessas jovens nações, a necessidade de forjar e equipar forças armadas induziu um
processo de militarização. Elites militares emergiram como alternativas políticas viáveis
em face de líderes civis enfrentando dificuldades. No final dos anos 1960, uma miríade
de países africanos, incluindo Nigéria, Argélia, Zaire, Gana, Burkina Faso, Burundi e
Uganda, viu-se governada por figuras militares, frequentemente instalando regimes
ditatoriais.
Nesse pano de fundo turbulento, um enredo intrigante se desenrolou, lembrando uma
sinfonia composta no epicentro do caos. Cabo Verde e Guiné-Bissau testemunharam
Amílcar Cabral (1924-1973), um ardoroso marxista, liderando o movimento de
emancipação. Em Moçambique, o antropólogo Eduardo Mondlane (1920-1969)
conduziu a evolução marxista da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) em
uma jornada ampla e complexa.

Golpes militares em países da África


Com a independência africana, os problemas do continente - resultantes do tráfico de
escravos e colonização europeia - deflagraram crises e guerras civis. Fronteiras
arbitrárias desenhadas na colonização por europeus provocaram conflitos entre nações e
grupos étnicos, forçando culturas distintas a coexistirem sob um governo. Com o
nacionalismo, rivalidades eclodiram, frequentemente culminando em confrontos.

O apartheid na África do Sul


A trajetória da África do Sul surge como uma intrincada sinfonia de colonização e
resistência. Primeiro, os holandeses ancoraram, seguidos pelos ingleses, imprimindo sua
dominação. No ano de 1911, os africâneres, oriundos de ascendência holandesa,
ergueram muros legais discriminatórios, fragmentando a sociedade.
1931 viu a independência, porém o domínio africâner persistiu, relegando etnias negras
à margem política e econômica. O apartheid, implantado em 1948, projetou uma sombra
sombria, negando terra, voz política e acesso aos brancos.
1960 presenciou um protesto pacífico culminar em tragédia, 69 vidas perdidas. O CNA
foi proibido em 1962 e Mandela encarcerado por sabotagem e conspiração.
Os anos 1970 ecoaram a voz global contra o apartheid, com exclusão da Comunidade
Britânica e sanções da ONU. Os negros abandonaram a não violência, enquanto 1984
testemunhou lei marcial após um protesto. Pressões internas e externas forçaram De
Klerk a libertar Mandela em 1990 e legalizar o CNA.
1994 marcou o crepúsculo do apartheid, Mandela assume o leme, uma luz no fim do
túnel. Sua presidência até 1999, uma epopeia de mudança, sinalizou uma nova era para
a África do Sul.
Movimentos nacionalistas pela independência da Ásia
Na esteira da Segunda Guerra Mundial, a Ásia viu surgirem movimentos nacionalistas
pró-emancipação, alguns com nuances socialistas. Em 1945, a Indonésia declarou
independência, rompendo com a Holanda que detinha seu controle. O choque com os
neerlandeses desencadeou uma guerra que só encerrou em 1949, com o reconhecimento
da autonomia indonésia. As Filipinas, subjugadas pelos EUA desde 1898, conquistaram
a independência em 1946.
Na Indochina, uma colônia francesa, a sua independência ocorreu em 1954, após uma
revolta armada. O território foi dividido em três nações autônomas: Laos, Camboja e
Vietnã. O Vietnã foi inicialmente bipartido: o Norte adotou o comunismo, o Sul o
capitalismo. A reunificação só ocorreu em 1976, após uma guerra sangrenta com
intervenção dos EUA, que buscavam conter o comunismo.
Nas colônias britânicas, a emancipação se trilhou por caminhos pacíficos e armados. A
Índia se tornou independente em 1947. Mianmar e Sri Lanka se libertaram em 1948;
Butão em 1949; a Federação da Malásia em 1957, originando posteriormente Cingapura
e Malásia.

Índia: o caminho da não violência


Na Índia, os ingleses iniciaram sua presença no século XVII, porém, apenas a partir de
meados do século XVIII conseguiram um domínio substancial. Conflitos com Siraj ud-
Daulah, líder da província de Bengala, levaram à ocupação militar dessa região. A
expansão britânica continuou alcançando o norte do país até meados do século XIX.
A resistência indiana começou junto com a dominação, mas ganhou força após a
Primeira Guerra Mundial. A escassez resultante do conflito intensificou a exploração
colonial, levando a um agravamento das condições de vida dos indianos - aumento de
preços, miséria, doenças. Impostos foram elevados e a importação de produtos têxteis
britânicos prejudicou tecelões e artesãos.
Em 1919, a Inglaterra promulgou leis que limitavam os direitos civis, acirrando a
oposição. Mohandas Gandhi, conhecido como Mahatma Gandhi, liderou uma greve
geral em protesto. Assim, surgiu o movimento de independência indiana, com a defesa
da resistência pacífica, não violência e desobediência civil. O boicote a produtos
britânicos e a recusa de pagamento de impostos eram suas estratégias.
Após a Segunda Guerra Mundial, as marés da mudança emergiram com força
imprevisível. Enquanto o Império Britânico enfrentava sua própria turbulência, uma
onda fervorosa por autonomia varreu o mundo. Nesse cenário de crises entrelaçadas e
fervor popular crescente, o movimento de emancipação da Índia ganhou impulso,
culminando em 1947 com a destruição dos grilhões da dominação imperial. No entanto,
essa jornada rumo à independência não foi isenta de complexidades.
No âmago dessa transformação, surgiram as profundas divisões religiosas. Em 1947, o
subcontinente indiano foi dilacerado, dividido em duas entidades. A Índia,
predominantemente hindu, desenrolou sua resplandecente tapeçaria, enquanto o
Paquistão emergiu como um mosaico de fé islâmica.
Essa partição não foi apenas uma saga de soberania. Sob a superfície dessa nova nação,
escondiam-se intricados labirintos de identidade e ambição. Em 1971, essa narrativa
teve um novo capítulo tumultuado. O Paquistão Oriental, conhecido como Ala Oriental,
ansiava por sua própria identidade, culminando na emergência do Bangladesh, uma
nação nascida de lutas internas.
No meio dessa turbulência histórica, uma figura brilhou como farol de determinação e
desafio não violento. Mahatma Gandhi liderou uma marcha de princípios, porém sua
jornada não foi sem sombras. Em 1948, um extremista hindu encerrou tragicamente o
legado de Gandhi, deixando uma cicatriz na busca da nação pelo autogoverno.
Essa era pós-Segunda Guerra Mundial forjou não apenas independência, mas também
complexidade e metamorfoses. À medida que o tempo avança, a história da Índia é
testemunho do espírito humano indomável, navegando por um labirinto de incertezas
rumo ao sonho inalcançável da liberdade.

O nacionalismo e o populismo latino-americano


No início do século XX, uma enorme onda de nacionalismo eclodiu no México,
desencadeada pela turbulenta revolução de 1910. Esta paixão espalhou-se como fogo
por toda a vasta tapeçaria da América Latina. Impulsionados por um forte desdém pelas
influências estrangeiras, os nacionalistas embarcaram numa cruzada para celebrar a
cultura latino-americana nas suas muitas formas, desde os aromas sedutores das artes
culinárias aos ritmos rítmicos da literatura, pintura, música e dança. Uma grande
celebração da fusão das heranças branca, negra e indígena, uma fusão que desencadeou
o nascimento de uma nação continental, ressoou em todas as camadas do movimento.
No coração do México, as raízes da antiga civilização asteca, a história do país e o
espírito fervoroso da cultura popular combinam-se para apoiar os esforços criativos de
uma gama diversificada de artistas. Visionários, incluindo o Diego Rivera (1886-1957)
e a Frida Kahlo (1907-1954), encontrou a sua bússola artística na quintessência da
essência mexicana. No começo de 1929, o terremoto econômico reverberou
globalmente com a quebra cataclísmica da Bolsa de Valores de Nova York,
desenterrando a besta colossal da Grande Depressão. Esta revolta cataclísmica enviou
ondas de choque que percorreram o tempo e o espaço. As poderosas nações capitalistas,
recuando para as suas fortalezas económicas, cortaram o cordão que as ligava às
importações latino-americanas, particularmente a força vital da agricultura e os veios
brilhantes de minerais. Isto, no entanto, teve uma consequência devastadora: uma queda
esmagadora nos valores de mercado destas mercadorias que ressoou muito além das
fronteiras. Uma tempestade de crise, um prenúncio de desespero incomparável, atingiu
as costas da América Latina. O espectro do desemprego paira sobre o país como uma
catástrofe descontrolada e o fosso na desigualdade social está a aumentar. A tempestade
económica desencadeou uma convulsão política que derrubou o governo na maioria dos
países latino-americanos, abrindo caminho para uma era de golpes de estado
devastadores. Simbolizando a convulsão política, os anais chilenos testemunharam a
surpreendente viragem de nove presidentes num momento crucial, em Julho de 1931 a
Outubro de 1932. Em muitos países, líderes carismáticos revestidos de retórica
nacionalista subiram ao poder. Estas mudanças formaram uma sinfonia de críticas
dirigidas à elite oligárquica envelhecida que permaneceu leal ao governo desde o início
da emancipação política no século XIX. Os partidos tradicionais, que eram meras
relíquias do passado, sentiram-se rejeitados. À medida que as gavinhas da influência
americana varrem o continente, elas contornam as armadilhas da arbitragem partidária
para assumir o microfone. Descrevem-se como campeões das massas amorfas, o
“povo”, que criam um coro cacofónico que ignora o ruído das divisões de classe e dos
interesses divergentes. Tal como os marionetistas de um grande marionetista, o seu
objetivo é manipular a lealdade do seu público e executar danças coreografadas para
evitar uma tempestade de rebelião. É por isso que esse fenômeno é chamado de
populismo. A classificação etária narra figuras notáveis que emergiram como titãs da
era latino-americana. Getúlio Vargas do Brasil (1930-1945 e 1951-1954); Lázaro
Cárdenas (1934-1940); José Maria Velasco Ibarra (1934-1935, 1944-1947, 1952-1956);
Jacobo Arbens (1950-1954); e Juan Domingo Perón (1946-1955 e 1973-1974).

América latina a caminho da industrialização


Em decorrência da crise precipitada pelo colapso da Bolsa de Valores de Nova York em
1929, as portas das importações se cerraram quase hermeticamente para a América
Latina. Nesse cenário adverso, emergiu a ação audaciosa de certos governos, os quais
optaram por rejeitar a prática da aquisição de produtos manufaturados do exterior. Em
vez disso, eles abraçaram vigorosamente a tarefa de fomentar a expansão da esfera
industrial doméstica, engajados no propósito de aplacar as demandas internas e
engendrar oportunidades de emprego de envergadura.
A resposta veio por meio da criação de indústrias estatais e incentivos à iniciativa
privada. O resultado foi impressionante: Brasil, México, Argentina e Chile
testemunharam o surgimento de usinas siderúrgicas, hidrelétricas e indústrias de bens
duráveis. Essa audaciosa abordagem transformou drasticamente a fisionomia desses
países, desencadeando processos de industrialização e expansão urbana que
impulsionaram o desenvolvimento econômico.
Em 1950, Brasil, Argentina e México dominavam a cena, sendo responsáveis por
incríveis 72,4% da produção industrial em toda a América Latina. Enquanto isso,
nações como Haiti, República Dominicana, Honduras, Equador e Panamá, que
mantiveram sua dependência na exportação agrícola, encontraram-se em um distante
patamar econômico, evidenciando o abismo criado pelos investimentos na
industrialização.

Guerra ao comunismo
Após o desenlace da Segunda Guerra Mundial e o emergir do cenário da Guerra Fria, os
regimes governantes na América Latina se encontraram sob uma crescente pressão por
parte dos Estados Unidos, instando-os a uma intensificação vigorosa na sua luta
anticomunista. No ano de 1948, irrompeu a cena geopolítica a Organização dos Estados
Americanos (OEA), cuja sede se erigiu em Washington, D.C., solidificando um alicerce
ideológico norte-americano que se estendeu pela totalidade dos países continentais. A
intrínseca doutrina dessa nascente entidade delineava sem ambiguidade o propósito de
salvaguardar a integridade do hemisfério face à insidiosa ameaça da subversão
comunista.
Porém, por trás da aparência democrática, desenrolava-se uma trama geopolítica
complexa. A influência predominante dos Estados Unidos, de forma implícita, dava o
seu aval a uma série de regimes autocráticos que ganharam força na América Central.
Lideranças como Rafael Trujillo na República Dominicana, Anastasio Somoza García
na Nicarágua e Fulgêncio Batista em Cuba, em vez de serem marginalizadas, foram, de
fato, apoiadas de maneira dedicada no âmbito das influências americanas.
O ano de 1954, como uma encruzilhada histórica, testemunhou uma trama complexa —
a execução de um golpe de estado meticulosamente planejado, respaldado pelo selo
invisível de aprovação dos Estados Unidos. O clímax desse enredo foi a dramática
remoção do presidente guatemalteco Jacobo Arbenz, que ousou adotar medidas
nacionalistas em prol do desenvolvimento do país. Esse padrão se repetiu em outras
esferas geopolíticas, ressoando nas narrativas sócio-políticas do Brasil e do Chile.
À medida que os acontecimentos de 1961 se desenrolaram, uma nova nota de apreensão
perpassou as estratégias geopolíticas dos Estados Unidos. O estrondo da Revolução
Cubana ecoou nos corredores de Washington, acarretando temores acentuados de uma
difusão ideológica varrendo o cenário latino-americano. Uma paranoia paralisante
tomou conta dos formuladores de políticas, alimentando um desejo fervoroso de
neutralizar a influência crescente dos enclaves esquerdistas presentes nos meandros dos
movimentos trabalhistas. A resposta estratégica a essa emergência se materializou na
forma da Aliança para o Progresso, um programa ambicioso destinado a promover uma
série abrangente de reformas, incluindo a transformação radical das paisagens agrícolas.
Concomitantemente, os círculos militares dos Estados Unidos entraram em ação,
treinando as forças armadas latino-americanas para conduzir operações de contra
insurgência, numa tentativa preventiva de suprimir os movimentos guerrilheiros
incipientes, inspirados pelo ritmo revolucionário cubano, que começavam a surgir na
paisagem continental.

Ditaduras militares
Na latino-americana, a luta contra o comunismo desencadeou uma onda tumultuada de
golpes militares, muitas vezes apoiados secretamente ou indiretamente pelos Estados
Unidos. Vejamos o Brasil, por exemplo, onde as Forças Armadas, impulsionadas pelo
apoio civil, orquestraram a deposição do Presidente João Goulart na fatídica em Março
de 1964. Seguiu-se um efeito dominó, enredando outras nações nas suas garras: Bolívia
(1964), Argentina (1966), Peru (1968), Panamá (1968), Uruguai (1973), Chile (1973) e
mais além. Os regimes militares que varreram a América Latina exibiram uma
ferocidade autoritária, particularmente na sua repressão impiedosa aos movimentos de
esquerda. Na Argentina, uma história assustadora de horror se desenrolou quando o
aparato militar ergueu impressionantes 340 campos de concentração, cujos muros
testemunharam a tortura e a morte de quase 20 mil pessoas. Outros nove mil argentinos
foram detidos e ainda estão listados como desaparecidos até hoje. Uma crueldade
gritante emergiu quando cerca de 500 crianças, nascidas de mães presas e assassinadas
pelo regime militar, foram raptadas e enviadas para outras famílias, muitas delas ligadas
à própria maquinaria militar que orquestrou tais horrores. Aventurando-se no Chile,
palco de um quadro profundamente sombrio, onde a derrubada militar do presidente
socialista Salvador Allende, em setembro de 1973, manifestou uma torrente de presos
políticos. A magnitude desta população cativa foi tal que, logo nos primeiros dias, foi
relegada aos confins de um estádio de futebol. O capítulo seguinte desta tragédia
testemunhou inúmeras pessoas executadas, enterradas em sepulturas coletivas, cuja
existência foi apagada pelas maquinações da administração do general Augusto
Pinochet. No meio da disputa geopolítica, os governos militares embarcaram em
estratégias económicas, esforçando-se por rejuvenescer as suas respectivas nações.
Surgiu uma história de duas políticas: uma enraizada no estímulo impulsionado pelas
exportações e na abertura do mercado externo, a outra caracterizada por ajustamentos
económicos destinados a combater os défices públicos e a inflação. O Brasil
experimentou seu “milagre econômico” sob o presidente Médici durante esta época. No
entanto, o desenrolar da crise petrolífera no início da década de 1970 e uma mudança no
apoio dos EUA (com a administração de Jimmy Carter a apoiar estes regimes com
menos fervor do que os seus antecessores) precipitaram uma recessão económica
devastadora em toda a América Latina. Esta terrível constelação produziu uma
confluência de dívidas externas aumentadas, inflação crescente, restrições salariais,
queda do poder de compra de sectores da população, um aumento da pobreza e um
abismo cada vez maior de disparidades sociais. Os tremores sísmicos da recessão
abalaram os alicerces das ditaduras latino-americanas, acelerando o declínio dos
regimes militares à medida que a década de 1980 se aproximava. Gradualmente, a
democracia recuperou a sua posição na região, orquestrando um regresso faseado entre
1979 e 1990. treze países retornaram ao regime democrático, entre eles, Bolívia (1982),
Argentina (1983), Uruguai (1984), Brasil (1985), Guatemala (1985) e Chile (1990).

Aluno: Gabriel de Góis França


Turma: 3ºano D

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