Uma conjuntura favorável Os tratados de armistício fixaram novas fronteiras para os
Com o termo da 2ª Guerra Mundial e a divisão do mundo em
dois blocos antagónicos deu-se o arranque irreversível dos
processos de descolonização.
A guerra, que exigiu também pesados sacrifícios às colónias,
“acordou” os povos para a injustiça da dominação estrangeira.
Entre os povos colonizados surgem vanguardas nacionalistas
locais, lideradas por minorias intelectuais formadas nas
universidades soviéticas e europeias, que rejeitam o jugo
colonial e organizam os movimentos de luta pela
independência.
A participação dos povos colonizados nos exércitos europeus
contra o nazismo revelou, indiretamente, a dominação
colonial e despertou uma consciência de liberdade e a luta
pelo direito à auto-determinação dos povos.
A guerra pôs também em evidência as fragilidades das
potências europeias (enfraquecimento político e económico -
incapazes de defender os seus territórios da invasão
estrangeira). Como na Ásia, da ocupação da Indochina,
Malásia, Birmânia e Índias Orientais Holandesas pelo Japão.
Desprestigiados e com a economia arruinada, os países
coloniais viram-se impotentes para suster a vaga
independentista.
O papel da Assembleia-Geral da ONU na defesa intransigente
da descolonização.
O apoio das superpotências aos movimentos de libertação a
fim de estenderem as áreas de influência política, económica
às antigas colónias europeias e de controlarem os seus
recursos (neocolonialismo).
Recorde-se que os EUA foram uma colónia e daí a sua política
era adversa a um colonialismo tradicional e a URSS marxista
defendia a libertação dos povos oprimidos pelo imperialismo
capitalista.
O Conflito Israelo-Árabe:
A Palestina era uma antiga província Turca (Império
Otomano). De 1922 a 1948, a Palestina esteve sob tutela do
Reino Unido.
Em 29 de Novembro de 1947, a Assembleia-Geral da ONU sob
pressão dos EUA propôs um plano de partilha da Palestina
Britânica em dois Estados, ficando Jerusalém sob controlo
internacional: um Estado judaico (os judeus, após o genocídio,
reivindicam a formação de um Estado de Israel independente
– a Terra Prometida dos Hebreus, do Antigo Testamento) e um
Estado árabe-palestiniano.
Em 14 de Maio de 1948, o líder judeu Ben Gourion proclamou
a criação do Estado de Israel. O Estado palestino não se
concretiza.
Os Estados Árabes constituem a Liga Árabe formada pelo
Egito, Iraque, Líbano e Jordânia e declaram guerra a Israel.
A guerra durou até janeiro de 1949, quando Israel, com o
apoio dos EUA, ocupou toda a Galileia e o deserto de Negeu,
desalojando milhões de palestinos.
palestinos ficando o território árabe sob o controle da
Jordânia e do Egipto
A Descolonização: 1ª vaga
> A descolonização asiática
A primeira vaga de descolonizações inicia-se em 1947, na
sequência da Carta das Nações Unidas com a independência
da Índia Britânica, que dá origem a dois países – o Paquistão,
com uma população maioritariamente muçulmana, e a Índia,
maioritariamente hindu.
Esta independência, considerada inevitável desde o período
entre as duas guerras, com a perda de preponderância do
Reino Unido ao nível internacional, torna-se mais premente
com a participação activa de soldados indianos na luta ao lado
dos aliados contra as potências do Eixo e com o apoio activo
de Mahatma Gandhi que à frente do Partido do Congresso,
conduz a luta nacionalista com a sua filosofia da não-violência
e da resistência passiva ganha adeptos por todo o mundo.
Pregando a resistência pacífica, Gandhi desencadeia um
amplo movimento de desobediência civil que inclui o boicote
aos produtos britânicos e a recusa ao pagamento de
impostos.
Em 1930, Gandhi lidera a Marcha do Sal desafiando o
monopólio britânico.
O Movimento de Desobediência Civil (1930-34), que exige a
independência, e o Movimento Saiam da Índia, que se segue
à prisão de Gandhi em 1942, consolidam o apoio popular ao
Congresso.
Incapazes de suster a onda de contestação desencadeada, os
Britânicos reconhecem a independência do território (1947)
O objectivo é preparar a independência com a criação de uma
Assembleia Constituinte e a formação de um governo de
transição indiano, que preserve a unidade do território e
assegure os inúmeros interesses económicos da Inglaterra.
O vasto subcontinente alberga etnias e religiões distintas. A
Liga Muçulmana, de Mohamed Ali Jinnah, fundada em 1905,
exige uma pátria muçulmana separada, o Paquistão.
A 15 de Agosto de 1947 divisão da Índia (a “jóia da coroa
britânica”) em:
• União Indiana (maioritariamente hindu)
• Paquistão (maioritariamente muçulmano)
Outros territórios do Império Inglês do Oriente, como o Ceilão,
a Birmânia e a Malásia, reclamam igualmente a sua
independência. Com exceção da Malásia, cuja excelente
posição estratégica dificulta a cedência britânica, os Ingleses
aceitam que é chegado o momento da descolonização. Dando
mostras de grande pragmatismo, uma vez concluída a
transferência de poderes, abrem às antigas colónias a entrada
na Commonwealth, preservando, assim, os seus interesses
económicos na região.
Independência da Indonésia / 1949
Em 1945, o dirigente nacionalista Sukarno proclama a
República da Indonésia. Pouco dispostos a abdicar do
território, os Holandeses recorrem à força das armas, mas,
pressionados pela ONU, acabam por reconhecer, em 1949, a
independência do novo país.
Guerra na Indochina
Em 1945, Ho Chi Minh, que tinha fundado em 1941 um
movimento independentista conhecido por Vietminh, instalou
em Hanoi um governo de maioria comunista que se estendia a
todo o Vietname.
No final de 1946, a França retira a confiança a Ho Chi Minh e
nomeia Bao-Dai (ex-imperador de Annam). Ho Chi Minh é
reconhecido pela URSS e recebe apoio militar da China.
Em 1954 os expedicionários franceses são derrotados e o 1º
Ministro francês Mendes France assina, a 21 de Julho de 1954,
os Acordos de Genebra que puseram fim à guerra.
É reconhecido o nascimento de três novas nações: o Vietname
(provisoriamente dividido entre o Norte e o Sul), o Laos e o
Camboja.
No entanto a Indochina será palco ainda da Guerra do
Vietname (1957-1975)
2ª vaga de descolonizações
> A descolonização africana
A descolonização africana inicia-se nas regiões arabizadas do
Norte, que, a partir de 1945, contestam vivamente o domínio
europeu. A Líbia, colocada sob a tutela da ONU, obtém a
independência logo em 1951 e, cinco anos mais tarde, a
França vê-se forçada a retirar de Marrocos e da Tunísia. Só a
Argélia, onde habita 1 milhão de colonos franceses, mergulha
numa longa guerra e tem de esperar até 1962 para ver
reconhecido o seu direito à independência.
Partindo do Norte, as reivindicações independentistas
estendem-se rapidamente à África Negra, onde se organizam
também movimentos nacionalistas que encabeçam a luta
contra o Estado colonizador.
Estes movimentos têm dificuldade em promover a coesão e a
participação das populações, divididas por uma multiplicidade
de etnias, que os interesses do colonialismo não respeitaram.
Com o fim de criarem um sentimento de identidade nacional,
os líderes nacionalistas promovem a revalorização das raízes
ancestrais do seu povo, a sua cultura comum, mostrando que
ela é tão válida como a civilização dos europeus colonizadores.
Muitos destes líderes foram educados nas metrópoles, onde
assimilaram valores de liberdade e de justiça social. A luta pela
independência assumiu uma dupla vertente de uma luta
política e de uma luta contra a pobreza e o atraso económico,
vistos como consequência direta da exploração colonial. Foi
por esta razão que muitos movimentos de libertação se
deixaram seduzir pela mensagem igualitária do socialismo.
O processo independentista contou com o apoio da ONU, que
se colocou inequivocamente ao lado dos povos dominados.
Em 1960, a Assembleia-Geral aprovou a Resolução 1514, que
consagra o direito à autodeterminação dos territórios sob
administração estrangeira e condena qualquer ação armada
das metrópoles, no sentido de a impedir.
> A emergência do Terceiro Mundo e a denúncia do
neocolonialismo
O desmoronar dos impérios europeus alterou profundamente
o mapa das nações. Entre 1945 e 1975, constituíram-se novos
países na Ásia e em África, assumindo o seu atraso económico,
herdado do colonialismo, e os seus interesses comuns,
apresentam-se como uma terceira força, independente do
bloco americano e do bloco soviético: um Terceiro Mundo.
A emergência política do Terceiro Mundo manifestou-se pela
primeira vez em 1955, na Conferência de Bandung (Indonésia),
convocada por países asiáticos para definir as linhas gerais de
atuação dos países recém-formados. A conferência foi a
primeira a realizar-se sem a participação de qualquer potência
ocidental ou da URSS.
A mensagem de Bandung tornou-se no Movimento dos Não
Alinhados, criado oficialmente na Conferência de Belgrado,
em 1961. O não alinhamento atraiu um número crescente de
países da Ásia, da África e da América Latina, tornando-se o
símbolo do sonho de igualdade e de paz mundial.
Face à pressão das grandes potências, os desentendimentos
surgiram, enfraquecendo o movimento. O mesmo não se
passou, porém, no que respeita aos esforços conjuntos para
lutar contra o colonialismo e denunciar a exploração
económica dos países pobres pelos países desenvolvidos.
Fornecedores de recursos primários, os países do Terceiro
Mundo viram-se na dependência económica dos países ricos
que, através de grandes companhias, exploravam terras e
minas e vendiam, como no passado, produtos manufaturados.
Privados da gestão dos seus recursos naturais, necessitados de
empréstimos, a braços com a degradação progressiva dos
termos de troca, as nações mais pobres procuravam, em vão,
a via do desenvolvimento. Denunciada veementemente como
um verdadeiro neocolonialismo, esta situação foi tratada em
conferências, fóruns e debates, tendo-se nos anos 70, apelado
à criação de uma “nova ordem económica internacional”.