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VARIAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR

Ao chegar ao topo da atmosfera terrestre, parte da radiação solar sofre:


 Absorção – por poeiras, nuvens, vapor de água e outros gases que constituem a atmosfera e absorvem a radiação
nociva (por ex: a radiação ultravioleta - ozono estratosférico)
 Reflexão – ocorre no limite superior da atmosfera, no topo das nuvens e na superfície terrestre, incluindo oceanos,
mares, lagos e rios – é o chamado albedo (relação entre a proporção de energia radiante refletida por uma
determinada superfície em relação ao total que incide sobre ela).
 Difusão – resulta de inúmeras reflexões dos raios solares sobre os gases e partículas constituintes da atmosfera, que
dispersam a radiação solar acabando alguma por atingir a superfície de forma indireta – radiação difusa ou indireta;
A radiação difusa (quando o céu se encontra muito nublado), ao atingir o solo, junta-se à radiação solar direta e forma a
radiação solar global.
A radiação solar global (direta e difusa) é, então, absorvida pela superfície da Terra e rapidamente convertida em energia
calorífica, sendo posteriormente reenviada para a atmosfera e absorvida por gases, como o dióxido de carbono, metano, vapor
de água….. criando o efeito de estufa – fenómeno de retenção do calor na baixa atmosfera, se não se verificasse, as
temperaturas noturnas poderiam descer bruscamente.
A quantidade de energia recebida à superfície é igual à devolvida para a atmosfera, a Terra encontra-se em equilíbrio térmico.
A radiação solar global apresenta uma variação:
 latitudinal  diurna  anual ou sazonal
Variação Latitudinal (devido à forma esférica da Terra)
A radiação solar global é maior na zona equatorial, diminuindo em direção às zonas polares:
o Excesso energético até aos 40º de latitude, norte e sul;
o Défice energético a partir dos 40º de latitude, norte e sul;
o Portugal situa-se na transição da zona de excesso energético para a zona de défice energético.
À medida que a latitude aumenta, o ângulo de incidência diminui e a massa atmosférica atravessada pelos raios solares
aumenta o que faz com que as perdas por absorção, reflexão e difusão sejam maiores e, portanto, a quantidade de radiação
recebida diminua.
Quanto menor é o ângulo de incidência, maior é a superfície pela qual a radiação se distribui o que reduz consideravelmente a
quantidade de energia recebida por unidade de superfície e, consequentemente, a capacidade de aquecimento.
Variação Diurna
O movimento de rotação tem implicações na variação diurna da radiação:
 Ao nascer do Sol, o ângulo de incidência é nulo;
 À medida que o Sol se eleva no horizonte, e até ao meio-dia solar, o ângulo de incidência vai aumentando 
quantidade de energia recebida é cada vez maior;
 A partir do meio-dia solar, o ângulo de incidência começa a diminuir a quantidade de energia solar recebida vai
diminuindo;
 No ocaso (pôr do sol), o ângulo de incidência volta a ser nulo (situação que se mantém até ao nascer do Sol do dia
seguinte).
O movimento de rotação tem implicações na variação diurna da radiação, uma vez que origina:
 A sucessão dos dias naturais e das noites;
 A variação do ângulo de incidência e da massa atmosférica atravessada pelos raios solares ao longo do dia natural.
A variação do ângulo de incidência, da massa atmosférica e da área recetora dos raios solares ao longo do dia natural, resulta do
movimento diurno aparente do Sol, à latitude de 0º (equador).
Variação Anual ou Sazonal
A inclinação do eixo da Terra em relação ao plano da sua órbita no movimento de translação faz variar, num mesmo lugar, a
obliquidade/inclinação dos raios solares, ao meio-dia solar, ao longo do ano., causa:
 A variação da quantidade de energia recebida;
 A duração dos dias e das noites ao longo do ano.
No hemisfério norte entre o solstício de dezembro e o solstício de junho:
 Registam um aumento do ângulo de incidência (ou seja menor obliquidade) e da duração do dia natural;
 Uma diminuição da massa atmosférica atravessada pelos raios solares;
Condições que contribuem para um aumento da quantidade de radiação solar recebida;
Entre o solstício de junho e o solstício de dezembro:
 Observam a diminuição do ângulo de incidência (ou seja maior obliquidade) e dos dias naturais;
 E o aumento da massa atmosférica;
Pelo que a radiação solar recebida vai diminuindo.
No hemisfério sul tudo se passa de modo inverso e, portanto:
 Os menores valores de radiação acontecem próximo do solstício de junho;
 Os valores mais elevados ocorrem, habitualmente, junto ao solstício de dezembro;
As diferenças anuais são, em alguns casos, pouco significativas, como acontece na região equatorial, mas noutros são muito
acentuadas, como sucede nas regiões de grande latitude.
VARIAÇÃO DA TEMPERATURA
A temperatura média mensal mais elevada, para a generalidade dos lugares situados no hemisfério norte, regista-se
normalmente nos meses de julho ou agosto.
Nestes meses (julho ou agosto), o hemisfério sul regista as temperaturas mais baixas pelas razões inversas.
As temperaturas médias mensais mais baixas para os mesmos lugares do hemisfério norte ocorrem normalmente nos meses de
dezembro ou janeiro porque os raios solares incidem com maior obliquidade e os dias naturais são menores que as noites, pelo
que recebem menor quantidade de energia.
Nestes meses, os lugares do hemisfério sul registam as médias mais elevadas, pelas razões inversas.
------- EM PORTUGAL ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A variabilidade sazonal e espacial da temperatura no território nacional está diretamente relacionada com os valores da
insolação e da radiação solar global do país
A radiação solar global varia com:
 a latitude – diminui de sul para norte;
 o movimento de translação da Terra – é maior no verão e mais reduzida no inverno;
A radiação solar varia do litoral para o sul:
 a influência atlântica, no litoral e nas ilhas, torna a radiação solar global menor, pela maior nebulosidade, que reduz a
insolação;
 para o interior, diminui a nebulosidade e aumenta a insolação, logo há maior radiação solar global.
Variação da temperatura
Em Portugal, situado na zona temperada do Norte, a temperatura média anual (TMA) é moderada em todo o território.
A TMA evidencia a influência da latitude, com valores mais baixos a norte do Tejo, sobretudo nas áreas de montanha: a altitude
acentua a diferença norte-sul. Os valores mais altos registam-se no sul, sobretudo no litoral algarvio, de menor latitude.
> A temperatura média mensal:
No inverno diminui de sudoeste para nordeste, sendo superior no litoral (isotérmicas oblíquas) - variação em função da latitude:
 Norte: temperaturas mais baixas
 Menor ângulo de incidência dos raios solares (maior inclinação dos raios).
 Maior espessura de atmosfera atravessada pelos raios solares.
 Menor duração do dia natural.
 Maior influência das massas de ar frio polar durante o inverno.
 Sul: temperaturas mais elevadas
 Maior ângulo de incidência dos raios solares (menor inclinação dos raios solares).
 Menor espessura de atmosfera atravessada pelos raios solares.
 Maior duração do dia natural.
 Maior influência das massas de ar quente tropical, oriundas do Norte de África.
No verão, aumenta de oeste para este (isotérmicas quase paralelas ao litoral) - variação em função da
proximidade/afastamento do mar.
 Litoral: temperaturas amenas (Menor amplitude térmica anual)
 Ação moderadora do oceano sobre a temperatura (calor específico da água - aquece e arrefece mais
lentamente do que o continente).
 Maior influência dos ventos húmidos de oeste, oriundos do oceano Atlântico, que suavizam as temperaturas.
 Os verões são amenos e os invernos pouco rigorosos.
 Interior: temperaturas mais rigorosas (Maior amplitude térmica anual)
 Intensifica-se o efeito da continentalidade, pela maior distância ao oceano.
 Menor influência dos ventos húmidos de Oeste, cujo efeito se vai perdendo ao longo do seu trajeto
continental.
 Os verões tornam-se mais quentes e os invernos mais rigorosos.
A proximidade/afastamento do oceano é o fator que mais contribui para a variação da amplitude térmica anual em Portugal
continental.
ATA mais elevadas
 Vale superior do rio Douro - abrigado dos ventos húmidos de oeste pelas montanhas do Noroeste e com um traçado
que favorece a penetração os ventos de leste do interior da Península Ibérica.
 Vale superior do rio Tejo - abrigado dos ventos húmidos de oeste pelas serras da Gardunha e do Muradal.
 Interior alentejano, ao longo do vale do Guadiana - influência dos ventos de leste oriundos do interior da Península
Ibérica.
RELEVO
1. Altitude
Quanto maior a altitude, menor a temperatura - gradiente térmico vertical da troposfera.
Reforço dos contrastes térmicos entre o Norte, mais montanhoso, e o Sul, onde o relevo é mais baixo e aplanado.
2. Exposição solar das vertentes
Vertentes soalheiras - Temperatura média anual mais Vertentes umbrias - Temperatura média anual mais
elevada baixa
As diferenças térmicas entre as vertentes soalheiras e umbrias reflete-se: na densidade e no tipo de vegetação predominante,
que é tão mais rica quanto melhores são as condições de luz e calor das encostas.
 As vertentes soalheiras (viradas a sul) – recebem maior radiação solar, pois o ângulo de incidência dos raios
solares é maior (incide com menor inclinação).
 As vertentes umbrias (viradas a norte) – recebem menor radiação solar, pois o ângulo de incidência dos raios
solares é menor (incide com maior inclinação).
3. Orientação das montanhas em relação à linha de costa
Montanhas concordantes:
o Posição quase paralela à linha de costa.
o Obstáculo à penetração das massas de ar húmido para o interior que acentua os contrastes térmicos litoral/interior
Barreira de condensação
o Barreira de condensação: Impede que os ventos húmidos do Atlântico atinjam o vale superior do Douro Aumento da
temperatura estival na secção superior do vale do Douro (inflexão das isotérmicas para oeste)
Montanhas discordantes:
o Posição oblíqua à linha de costa.
o Favorece a passagem dos ventos húmidos de oeste para o interior - ex.: Cordilheira Central; efeito amenizador das
temperaturas em regiões mais afastadas do oceano.
o Progressão dos ventos húmidos do Atlântico ao longo do vale do Mondego  Amenização das temperaturas de verão
no vale superior do Mondego (inflexão das isotérmicas para este).
----------- Portugal insular -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A localização atlântica dos arquipélagos dos Açores e da Madeira acentua a influência do oceano sobre a temperatura do ar
destas regiões, originando amplitudes térmicas anuais pouco significativas.
AÇORES
Relevo - Altitude: a temperatura aumenta das áreas centrais das ilhas, de maior altitude, para as terras baixas da periferia.
Correntes marítimas - influência moderadora da corrente quente do Golfo, que ameniza a temperatura do ar das áreas em
contacto com o oceano.
MADEIRA
Relevo - Altitude: a temperatura aumenta das áreas centrais, mais altas, para a faixa costeira.
- Exposição geográfica das vertentes: a orientação este-oeste do relevo, opõe as vertentes viradas a norte ( umbrias e expostas
aos ventos húmidos) às vertentes viradas a sul (soalheiras e abrigadas dos ventos húmidos), originando variações regionais
significativas da temperatura.
VALORIZAÇÃO DA RADIAÇÃO
Portugal tem um alto potencial de aproveitamento da radiação solar em quase todo o território: interior do Continente,
sobretudo no Alentejo e no Algarve, e na região da Madeira. Tal deve-se à grande duração da insolação, que ocorre na maior
parte do ano, sobretudo no sul interior e no Algarve, com fraca nebulosidade e virado a sul.
Pode fazer-se o aproveitamento térmico: para aquecimento das águas ou edificios. E também o aproveitamento fotovoltaico:
produção de energia elétrica.
A produção fotovoltaica tem crescido significativamente, contribuindo para a economia regional e nacional, prevendo-se de
novos investimentos. Assim, são ampliadas as suas vantagens económicas (diminuição da fatura energética), sociais (emprego e
desenvolvimento regional) e ambientais (redução das emissões de GEE).
A radiação solar é também favorável às atividades turísticas e àquelas que lhes estão associadas. Destaca-se o turismo balnear,
que conjuga a amenidade e luminosidade do clima com a extensa linha de costa. O setor imobiliário, por sua vez, beneficia do
turismo (aquisição de segunda habitação, fixação de residência em Portugal de muitos idosos reformados e intensificação da
reabilitação de imóveis e requalificação de espaços).

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