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A Política Agrícola Comum (PAC)

A agrícola foi a primeira prioridade no Tratado de Roma – fundação da Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1957 pois a
agricultura era um setor pouco desenvolvido e com fracos rendimentos, que resultava numa grande desigualdade entre o nível
de vida das áreas rurais e das áreas urbanas.
Nos países da CEE, a agricultura:
 usava técnicas tradicionais e máquinas pesadas que realizavam apenas as tarefas mais repetitivas e morosas;
 apresentava produtividade muito baixa e não permitia aos agricultores obter rendimentos suficientes para sustentar a
família;
 não garantia o abastecimento agroalimentar da comunidade, o que fazia com que todos os anos faltasse um ou mais
produtos no mercado;
Os preços variavam muito e tornavam-se muito altos para os produtos que, em cada ano, eram mais escassos, pelo que se
verificava uma grande disparidade entre o nível de vida nas cidades e nas áreas rurais.
A Política Agrícola Comum (PAC) foi criada para fazer face a essas debilidades agrícolas, uma realidade confirmada pelos
objetivos iniciais.
PAC – conjunto de directivas, normas e apoios definidos para o setor agrícola e espaço rural da CEE, que passou a União Europeia
em 1992.
Para enfrentar os problemas relacionados com a agricultura e os agricultores a PAC teve os seguintes objetivos iniciais:
 aumentar a produtividade da agricultura, desenvolvendo o progresso técnico, garantindo o desenvolvimento racional da
produção agrícola, bem como um uso óptimo dos fatores de produção, em particular os trabalhadores;
 garantir um padrão de vida justo para a população agrícola, aumentando a renda individual dos que trabalham na
agricultura;
 estabilizar os mercados;
 garantir a segurança do abastecimento (ASAC – fiscaliza áreas do setor alimentar como restaurantes e supermercados);
 garantir preços razoáveis aos consumidores.

1957 – Tratado de Roma (instituiu a PAC).


1962 – Início da PAC Três princípios/pilares
1) Unicidade – projeto de mercado único e uniformização das técnicas e normas do setor.
2) Preferência comunitária – fixar preços mínimos das importações e subsidiar as exportações.
3) Solidariedade – Criação da FEOGA: fundo europeu de orientação e garantia agrícola, que financia as medidas da PAC.
 FEOGA – orientação: financia os programas e projetos destinados a melhorar as estruturas agrícolas (construção
de infraestruturas agrícolas, redimensionamento das explorações)
 o FEOGA- garantia: financia as despesas de regulação dos preços e dos mercados (apoio direto aos agricultores,
despesas de armazenamento, restituições às exportações, etc.)
1984 – Quotas (limites) à produção de certos produtos.
1986 – Portugal passa a membro efectivo da CEE (mas começa a beneficiar da PAC em 1977).
1988 – Set-aside: subsídios para não cultivar uma parte da exploração.
1992 – Primeira reforma da PAC
1. Reequilíbrio dos mercados 2. Preservação ambiental
 Continuação das quotas e do set-aside; > Incentivos:
 Redução dos preços garantidos aos produtores;  ao pousio temporário;
 Incentivos a produções industriais e energéticas;  à agricultura biológica;
 Incentivos à pluriatividade e reforma antecipada.  à silvicultura.
1999 – Reforço das medidas da primeira reforma e redefinição dos pilares da PAC
I. Equilíbrio dos mercados – continuar a reduzir a produção de certos produtos, evitando excedentes.
II. Desenvolvimento rural – com base na usa multifuncionalidade económica, social, ambiental e de ordenamento do
território.
2003 – Segunda reforma da PAC  Mantém os pilares:
 os produtores passam a ter liberdade de escolher o que produzir, de modo a responder à procura dos mercados;
 passar a ser efectuado um pagamento único por exploração (em vez de o fazer para cada produtor);
 princípio da condicionalidade – para receber ajudas, a produção tem de respeitar as normas de proteção ambiental.
2013 – Terceira reforma da PAC Mantém os pilares e as alterações têm como objetivos:
 distribuir de forma mais equitativa os apoios da PAC;
 simplificar os instrumentos e mecanismos de pagamento e controlo da PAC;
 promover uma agricultura mais ecológica e competitiva.
2023 até 2027 – A nova PAC

Integração da agricultura portuguesa na PAC


A agricultura portuguesa, quando se iniciou o processo de adesão de Portugal à CEE, em 1977, tinha um enorme atraso face aos
restantes países comunitários:
 a produtividade e o rendimento eram muito inferiores aos da média europeia;
 o investimento era muito reduzido e as técnicas bastante artesanais;
 as infraestruturas agrícolas e as estruturas fundiárias eram insuficientes;
 a fraca organização e pouca experiência de mercado dificultam a integração, sobretudo após a entrada em vigor das
regras do Mercado Único.
Estas fragilidades foram reconhecidas no Programa de Pré-adesão e no Tratado de Adesão, permitindo beneficiar de condições
especiais, numa integração faseada.
> 1ª Fase – até 1990
Não teve de cumprir as regras de preços e mercados da PAC.
Recebeu fundos do PEDAP – Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa – para:
 corrigir as deficiências estruturais da agricultura;
 melhoraras condições de produção e comercialização.
> 2ª Fase – 1990 a 1999
1ª Reforma da PAC (1992)
As limitações à produção reduziram as possibilidades de crescimento que a agricultura portuguesa teria com os benefícios
económicos da PAC.
Início do Mercado Único (1993)
A abertura das fronteiras à livre circulação de produtos expôs os produtores portugueses a uma concorrência para a qual não
estavam preparados.
Com o tempo, verificou-se que os benefícios foram muito superiores às dificuldades, já que se registaram enormes progressos, em
grande parte devidos aos apoios comunitários do PEDAP, atá 1995, do PMAF – Programa de Apoio à Modernização Agrícola e
Florestal, de 1994, e de outros programas e fundos comunitários. Assim, ocorreu o desenvolvimento do setor agrícola e das áreas
rurais, nomeadamente com programas de formação profissional nos vários ramos da agricultura, mas também noutras áreas,
como a revitalização do artesanato e das tradições locais, da recuperação de património, entre outras. O turismo rural assenta
sobre muitos dos interesses que foram revitalizados com o apoio da PAC.
Progressos:
 Redução do número de explorações;
 Aumento da dimensão média;
 Modernização das infraestruturas e tecnologias;
 Maior formação profissional;
 Maior produtividade e competitividade.
A nova PAC 2023-2027

Entre 2023 a 2027, a nova PAC vai continuar a apostar na sustentabilidade agrícola, ambiente, bem-estar animal, ordenação do
território, à qualidade de vida nas áreas rurais e à sua competividade.
Os objetivos na nova PAC são:
1. Garantir uma renda justa aos agricultores; 5. Cuidado ambiental;
2. Aumentar a competitividade pelo conhecimento e 6. Preservar as paisagens e a biodiversidade;
pela inovação; 7. Suportar os custos da renovação geracional;
3. Melhorar a posição dos agricultores na cadeia de 8. Promover o dinamismo das áreas rurais;
produção alimentar; 9. Proteger a qualidade da alimentação e da saúde.
4. Ação de mudança climática;

Continuar a desenvolver o setor agrário


Apesar dos progressos agrícolas verificados no nosso país, é necessário continuar a implementar medidas para aumentar a
competitividade agrícola.
A melhoria do setor agrícola passa por:
> Redimensionar as explorações agrícolas pelo parcelamento (junção) de terras:
 Aumenta a dimensão física da exploração;
 Maior capacidade de investimento em tecnologia e inovação;
 Maior capacidade de produção;
 Maior dimensão económica.
> Melhorar a organização dos produtores em associações, sociedades ou cooperativas:
 Contratação de serviços comuns;
 Ganho de dimensão;
 Maior capacidade de negociação e de fazer parcerias com empresas distribuidoras.
> Melhorar as redes de publicitação e de comercialização, através de novas formas de marketing e comércio eletrónico para a:
 Promoção e venda das produções agrícolas;
 Promoção de Portugal nos mercados europeu e mundial.
> Apostar na certificação dos produtos, valorizando as especialidades, saberes e técnicas regionais e locais, com maior valor
acrescentado, através da sua certificação, pela UE:
 DOP (Denominação de origem protegida): Produtos agrícolas e alimentares de características específicas, produzidos com
ingredientes da região onde são transformados e preparados com métodos tradicionais reconhecidos (ex: Pera Rocha
do Oeste, queijo da Serra da Estrela, sal de Rio Maior e ananás nos Açores)
 IGP (Indicação Geográfica Protegida): Produtos com características ou reputação específicas que associam um produto a
uma dada região, onde é realizada pelo menos uma fase do processo de produção (cereja do Fundão, maçã de Alcobaça,
citrinos do Algarve e ovos moles de Aveiro).
 ETG (Especialidade Tradicional Garantida): Produtos com características peculiares, produzidos com ingredientes
tradicionais e segundo métodos também tradicionais (Ex: Bacalhau de cura tradicional e sopa da pedra de Almeirim).
Benefícios das certificações:
 garantia de qualidade;  transmite confiança ao consumo;
 protege contra falsificações;  promoção do produto no mercado, que ajuda na
 protege contra a concorrência desleal; economia local.

> Diversificar culturas e apostar na exportação:


 Criar ou aproveitar janelas de oportunidade; Aumenta a capacidade de
 Ir ao encontro de novas necessidades de mercado; competitividade
 Recuperar produções tradicionais.
> Investir na inovação e formação dos agricultores:
 Promover o alargamento dos processos agrícolas de precisão, exige grande investimento em tecnologia e serviços
digitais mas permite reduzir os custos com mão de obra, água e fitofármacos e reduz os impactes ambientais.
> Continuar a melhorar as infraestruturas:
• Construção de perímetros de rega;
• Melhoramento de estradas e caminhos;
• Promoção do ordenamento das explorações florestais.

Garantir a sustentabilidade
Os sistemas de produção agrícola e pecuário intensivos têm impactos ambientais muito elevados, principalmente na qualidade
dos solos e dos recursos hídricos. Os principais têm origem:
• Na utilização de inseticidas, pesticidas e fitofármacos, assim como a fertilização do solo com nitratos e fosfatos,
contamina os solos e os recursos hídricos;
• No uso intensivo do solo, sem recurso ao pousio ou à ocupação com plantas que regeneram o solo, bem como a maior
mobilização dos solos e a utilização de maquinaria pesada que contribui para o empobrecimento e a erosão dos solos,
prejudicando igualmente os habitats de muitas espécies;
• Os dejetos sólidos e líquidos e as águas das lavagens das explorações pecuárias são lançados aos cursos de água sem
qualquer tratamento prévio, e, por isso, têm graves impactes, nomeadamente na morte de peixes e eutrofização das
águas.
A integração na PAC de Portugal com atraso relativamente aos outros países da UE permitiu que a agricultura nacional não
fosse tão longe na intensificação da produção, à custa da utilização intensiva de agroquímicos e maquinaria. Assim foi possível
manter práticas agrícolas menos agressivas para o ambiente, pelo que a relação agricultura/conservação ambiental e paisagística
não foi perdida, facilitando a transição para as práticas sustentáveis, apoiadas pela PAC, em 1992.
Com o objetivo de garantir a sustentabilidade das áreas rurais, a PAC incentiva e apoia modos de produção sustentáveis:
• Modo de produção biológico: produção de alimentos utilizando apenas substâncias e processos naturais de modo a
garantir um elevado nível de biodiversidade e a preservação de recursos naturais;
• Modo de proteção integrada: integração de medidas adequadas para diminuir as populações de organismos nocivos e
manter a utilização de produtos fitofarmacêuticos e outras formas de intervenção a níveis económica e ecologicamente
justificáveis.
• Modo de produção integrada: sistema de produção de alimentos de alta qualidade com gestão racional dos recursos
naturais privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural;

Apoios da PAC ao desenvolvimento rural


Apesar dos progressos alcançados, a concorrência internacional e as exigências da PAC colocam desafios que obrigam o setor
agrícola português a aprofundar a sua modernização. Esta é uma medida integrada na política de desenvolvimento rural que,
desde 1999, a PAC tem valorizado cada vez mais, sendo um fator de sustentabilidade económica, social e ambiental.
Os principais fundos comunitários de financiamento desta política são:
> FEAGA – Fundo Europeu Agrícola de Garantia:
• Subsídios à exportação de produtos agrícolas para países terceiros;
• Ações de regularização dos mercados agrícolas e de promoção de produtos agrícolas europeus;
• Pagamentos diretos aos agricultores.
• Despesas de reestruturação em diferentes setores agrícolas.
> FEADER – Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, em Portugal são aplicados para alcançar:
• o objetivo fundamental: o crescimento sustentável das atividades agroflorestais;
• os objetivos estratégicos:
o aumento do valor acrescentado do setor agroflorestal e dos rendimentos da agricultura;
o promoção de uma gestão eficiente, proteção dos recursos naturais e prevenção das alterações climáticas;
o criação de condições para a dinamização económica e social das áreas rurais, criando e mantendo o emprego.
A (re)descoberta da multifuncionalidade do espaço rural
Cada vez mais se deve ter em conta a multifuncionalidade das áreas rurais para melhorar as condições de vida das áreas rurais, e
não apenas a tradicional dependência da agricultura. Esta multifuncionalidade permite:
 A pluriatividade, com a realização de várias outras atividades alternativas ou complementares à agricultura, associadas à
valorização e à mobilização dos recursos endógenos;
 O plurirrendimento, que permite obter rendimento extra e melhorar a qualidade de vida das populações.
 O reconhecimento do papel essencial da população rural na preservação dos valores ambientais, patrimoniais e culturais.
As novas oportunidades para as áreas rurais permitem uma dinamização de atividades económicas no espaço rural, numa lógica
de descentralização e coesão territorial através de práticas agrícolas sustentáveis e da valorização dos recursos endógenos para
diversificar as atividades lucrativas.
Oportunidades das áreas rurais:
 Pluriatividade e plurirrendimento;
 Aproveitamento dos recursos endógenos que permite criar produtos (emprego – fator atrativo ao turismo);
 Produção de energia renovável;
 Património rico e diversificado;
 Qualidade ambiental e de vida;
 Começam a surgir aldeias sustentáveis.
Ameaças às áreas rurais:
 População envelhecida;
 Êxodo rural  sobretudo na década de 80 do século XX;
 Pouca atractividade devido à falta de emprego, serviços como o comércio, indústrias e hospitais;
 Pouca acessibilidade;
 Rede móvel e internet precária;
 Pouco desenvolvimento;
 Inexistência de rede de saneamento em algumas áreas do interior.
O Programa de Desenvolvimento Rural 2020, e o seu novo período até 2030, apoia projetos que possam dinamizar as áreas rurais:
 pela diversificação funcional e de criação de rendimento;
 privilegiando os jovens agricultores e os projetos que gerem emprego e promovem a consolidação do tecido produtivo
das zonas rurais;
 contribuindo para atrair e fixar população;
 para alcançar a sustentabilidade económica, ambiental, e social das áreas rurais.

Turismo em espaço rural (TER)


Uma das atividades com mais dinamismo e efeitos multiplicadores nas áreas rurais é o turismo em espaço rural (TER).
Turismo em espaço rural (TER): conjunto de atividades e serviços de alojamento e animação, realizado e prestado a turistas, no
espaço rural, mediante renumeração.
Este possui as seguintes características:
 Situa-se em espaços marcadamente rurais (em termos de ambiente ou paisagem) ou com forte ligação à agricultura;
 Implica a existência de serviços remunerados de hospedagem, com atividades complementares de animação turística;
 Implica o acolhimento personalizado e de acordo com a tradição de bem receber da comunidade em que se insere;
 Preserva as características arquitetónicas e dos materiais de construção típicos da região, e a sua dimensão não põe em
causa a escala rural.
O TER, por si só, não constitui a solução para os problemas das áreas rurais. É um complemento das restantes atividades
desenvolvidas em equilíbrio com o ambiente e de forma integrada – as áreas rurais atuam como um todo no qual as diversas
atividades se articulam e complementam, num modelo de desenvolvimento sustentável.

Modalidades de TER
O TER baseia-se na ligação ao património natural e paisagístico, aos valores culturais, às práticas agrícolas e às particularidades
regionais. Teve um crescimento muito significativo nos últimos anos mesmo no período pandémico.
As principais modalidades referem-se a ofertas diversas, em alojamento e atividades e são:
> Hotel rural: estabelecimento hoteleiro em área rural fora da sede de concelho. Deve ocupar a totalidade de um ou mais
edifícios, e a sua arquitetura, os materiais de construção, o mobiliário e a decoração devem refletir as características tradicionais
da região. ex.: Cooking and Nature
> Agroturismo: observação e participação em atividades agrícolas (vindima, apanha de fruta, cuidado de animais, fabrico de
queijo, mel, etc.); ex.: Quinta da Moita e Quinta dos Padres.
> Casas de campo: casas rústicas particulares, de arquitetura, materiais de construção, mobiliário e decoração característicos da
região. São casas pequenas, onde também pode viver o proprietário, que organiza atividades de lazer e disponibiliza
equipamentos (passeios a cavalo, de bicicleta, etc.). ex.: Aldeia da Pedralva e Aldeia da Malta pequena.

Outras atividades turísticas no espaço rural


Para além do TER, o espaço rural permite o desenvolvimento de várias outras atividades turísticas. Destacam-se:
> Turismo de habitação: em solares, casas apalaçadas ou residências de reconhecido valor histórico e arquitetónico, com
mobiliário e decoração adequados à época da casa e serviço de elevada qualidade;
> Turismo fluvial: atividades de lazer e desporto nos rios e albufeiras;
> Turismo ambiental: contacto com a Natureza e atividades ao ar livre;
> Turismo cultural: descoberta do património arqueológico, histórico e etnográfico local;
> Turismo cinegético: nas zonas de caça turística e associativa, promove a preservação do ambiente, ajudando a manter o
equilíbrio das espécies e da cadeia alimentar;
> Turismo gastronómico e enoturismo: permite desfrutar da diversidade e da qualidade da gastronomia e dos vinhos regionais;
> Turismo termal: ligado às ocorrências de águas termais, a que se associam outras ofertas aproveitando os recursos e as
paisagens regionais.
O TER contribui para a sustentabilidade das comunidades rurais porque gera emprego e riqueza. Além disso, tem importantes
efeitos multiplicadores, ou seja, promove o desenvolvimento noutras atividades económicas:
 No desenvolvimento dos serviços, construção civil, transportes, comércio, restauração, atividades culturais e de lazer.
 Produção de artesanato e de produtos alimentares regionais – compostas, enchidos e queijo;
 Na conservação do património arquitetónico, artístico e cultural (material e imaterial);
 Na preservação da natureza e do património natural e paisagístico.
O turismo rural é um fator de diversificação das atividades no espaço rural (diversas modalidades que aproveitam as diferentes
potencialidades do espaço rural), pelos seus efeitos na dinamização de outras atividades, é um setor de grande relevância para a
revitalização económica, social e demográfica do espaço rural.
Constitui, por isso, uma forma de reduzir as assimetrias entre o litoral urbano e o interior rural.

Sustentabilidade do turismo
As atividades turísticas, para constituírem um fator de sustentabilidade regional e assegurar a viabilidade das atividades que lhe
estão associadas, devem ser planeadas no respeito pelo ambiente e pelos valores culturais locais, preservando a diversidade
biológica, valorizar as diferentes áreas da cultural e promovendo a qualidade da oferta, ajustando-a à capacidade de ocupação dos
lugares. Isto requer a monotorização constante dos seus impactes (Turismo).

Serviços
Os serviços podem desenvolver as áreas rurais, pois:
 o proporcionam melhor qualidade de vida;
 o criam emprego, geram rendimento promovendo a fixação da população;
 o apoiam outras atividades económicas.
A PAC, ao valorizar o papel do agricultor como agente de conservação ambiental, incentiva a criação de novos serviços na área do
ambiente.
Indústria:

É um importante fator de desenvolvimento das áreas rurais e destacam-se as indústrias da madeira, da cortiça e agroalimentares
ou agro-indústrias. Alguns dos efeitos multiplicadores são:
A montante: promove o desenvolvimento de atividades produtoras de matérias-primas tais como a indústria extrativa, a
silvicultura e a produção agrícola, por exemplo;
A jusante: cria riqueza; desenvolve serviços e outras indústrias; gera emprego e fixa população; aumenta o consumo,
impulsionando o comércio local e regional; promove a internacionalização da região.

Energia e desenvolvimento rural


A biomassa é a produção a partir de resíduos florestais e agrícolas e a partir dos efluentes da pecuária:
 O biogás, obtido a partir de efluentes agropecuários;
 Os biocombustíveis, produzidos a partir das culturas energéticas;
 A bioeletricidade, produzida em centrais de biomassa e minicentrais associadas à pecuária, que podem vender o
excedente para a rede pública, reduzindo as despesas com energia e diversificando os rendimentos da exploração.
As mini-hídricas são pequenas barragens hidroelétricas:
 Provocam menor impacte ambiental do que as grandes barragens;
 Abastecem pequenas localidades com energia e água para rega;
 Promovem o desenvolvimento local.
A energia solar e eólica é a produção de energia a partir da radiação solar e do vento: diversifica a base económica, pela venda ou
arrendamento de terrenos, para a colocação de aerogeradores e painéis solares.
Existem boas condições:
 nas áreas rurais onde custo do solo é mais baixo, importante para as centrais solares, grandes consumidoras de espaço;
 em áreas de montanha e no litoral, onde a velocidade e regularidade do vento permitem o seu aproveitamento
energético de forma mais continua.
A maior incidência de:
 parques eólicos ocorre, principalmente, no litoral e nas áreas de montanha, destacando-se as serras de Montemuro e
Montejunto;
 centrais solares ocorre no interior do Alentejo, no Algarve e na costa de Lisboa, devido à maior insolação e maior
potencial fotovoltaico.
A produção de energia a partir de fontes renováveis é uma das formas de valorizar os recursos disponíveis nas áreas rurais e de
criar novas oportunidades para essa produção, através do cultivo de espécies a isso destinadas. E um setor para o qual existem
boas condições em Portugal e que pode contribuir para a criação de emprego e riqueza, respondendo também as preocupações das
políticas nacionais e comunitárias, em energia e descarbonização. Aproveita a função social, económica e ambiental da floresta.

A silvicultura
As florestas têm grande riqueza ambiental e são um elemento importante para a multifuncionalidade nas áreas rurais, uma vez
que desempenham várias funções:
> Social: uma vez que é uma fonte de ar puro e espaços de lazer para a população;
> Económica: produz frutos e matérias-primas (madeira, cortiça, resina, etc.) e gera emprego e riqueza;
> Ambiental pois contribui para a:
 preservação dos solos;  captura e armazenamento de carbono;
 conservação da água;  proteção da biodiversidade.
 regularização do ciclo hidrológico;

A floresta em Portugal caracteriza-se pelo predomínio de espécies autóctones como o pinheiro-bravo, sobreiro e azinheira. No
entanto a espécie que mais se destaca é o eucalipto que é oriundo da Austrália.
Os principais problemas:
 Elevado risco económico pelo elevado risco de incêndio;
 Inexistência de cadastro florestal, (sem conhecimentos dos proprietários e dos limites do terreno que dificulta a gestão
florestal);
 Fragmentação da propriedade, que dificulta a organização e gestão da floresta;
 Baixa rendibilidade (ritmo lento de crescimento das espécies autóctones);
 Abandono de muitas parcelas florestais, de práticas de pastoreio e recolha de mato.
As possíveis soluções:
 Melhorar a gestão e o ordenamento;
 Completar o cadastro florestal;
 Promover o emparcelamento;
 Promover o associativismo e formação profissional e investigação florestal;
 Aumentar a eficácia no combate aos incêndios e aumentar a sua prevenção através da limpeza e desbaste dos terrenos,
optimização dos pontos de água e manutenção das vias de acesso;
 Reduzir a vulnerabilidade a pragas e doenças;
 Retomar o pastoreio tradicional de ovinos e caprinos, que mantém a floresta limpa.
Os incêndios destroem a floresta, com toda a biodiversidade, deixando os solos desprotegidos, o que prejudica a infiltração das
águas pluviais e promove a escorrência e o assoreamento dos cursos de água.

Estratégias de desenvolvimento rural


Para o desenvolvimento destas e de outras atividades que se adequem ao espaço rural de forma sustentável existem apoios
financeiros, no âmbito da PAC (FEADER), e de programas como o PDR (Programa de Desenvolvimento Rural), em que se integra a
Iniciativa LEADER, e a Rede Europeia/Nacional de Desenvolvimento Rural (REDR), em que se integra a Rede Rural Nacional (RRN).
A iniciativa LEADER privilegia:
 pequenos investimentos de criação ou modernização de unidades de transformação e comercialização de produtos
agrícolas, ou de outras que diversifiquem as atividades da exploração;
 criação de circuitos de distribuição de produtos agrícolas e transformados;
 promoção de produtos locais de qualidade certificada;
 preservação, conservação e valorização o do património cultural, paisagístico e ambiental.

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