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GEOGRAFIA

Resumo de preparação para o teste


→ As fragilidades dos sistemas agrários

Sistema agrário: modo de exploração do meio. Envolve um conjunto diversificado de


meios de produção, adaptados ao condicionalismo bioclimático de um determinado
espaço, que visa dar respostas às condições e às necessidades sociais do momento.

Paisagens agrárias: paisagens resultantes da combinação de um conjunto de


características relacionadas com a morfologia agrária, o tipo de povoamento rural e o
sistema de cultura, que lhes confere uma certa identidade espacial.

Características das paisagens agrárias

Morfologia agrária: evidencia fortes contrastes regionais. No Norte, sobretudo no


Noroeste, predominam os minifúndios organizados em campos fechados, vulgarmente
cercados por sebes, muito parcelados de traçado irregular e dispersos na paisagem. No
Sul do país, sobretudo no Alentejo e no Ribatejo e Oeste, predominam as propriedades de
média e grande dimensão organizadas sob a forma de campos abertos, distribuem-se no
espaço de forma contínua e apresentam um traçado mais regular ou geométrico.

Povoamento: pode ser concentrado, disperso ou misto.

Sistema de cultura: pode ser intensivo — ocupação total e contínua do solo, que dá
origem a várias colheitas anuais, de onde resultam elevados níveis de produtividade e
rendimento; regime de policultura em campos fechados, irregulares e de pequena
dimensão; predomina nas regiões de solos mais férteis; associa-se a cultura de regadio
(cultivo de espécies exigentes em água); emprega uma mão de obra numerosa e
predomina nas regiões agrárias de Entre Douro e Minho, Beira Litoral, Ribatejo e Oeste,
Madeira e Açores — ou extensivo — ocupação descontínua do solo, com recurso
frequente ao afolhamento com rotação de culturas e ao pousio (deixar a terra em
repouso) os quais determinam baixos níveis de produtividade e rendimento; predomínio
do regime de monocultura em campos abertos e de média dimensão, frequentemente
ligados ao cultivo de cereais, com destaque para o trigo; associa-se a solos pouco férteis
e a um clima mais seco; emprega uma mão de obra pouco numerosa e predomina nas
regiões agrárias do Alentejo e do Interior Norte (Trás-os-Montes e Beira Interior).

→ Os problemas estruturais da agricultura portuguesa

Superfície agrícola utilizada (SAU): superfície constituída pelas terras aráveis (limpa e
sobcoberto de matas e florestas), culturas permanentes, pastagens permanentes e
hortícolas familiares.
As fragilidades do setor agrícola nacional resultam também de vários problemas
estruturais que limitam a expansão e competitividade deste setor. Os mais importantes
relacionam-se com as seguintes variáveis:

Composição e distribuição da SAU

- O Alentejo absorve mais de metade da SAU do país, fruto do relevo aplanado, da


fraca densidade populacional e do povoamento concentrado.
- Composição da SAU muito variável de região para região, em função de
condicionalismos como a aptidão dos solos, o clima, o relevo, as políticas agrícolas,
etc.

Formas de exploração da SAU

Conta própria

Potencialidades:
● O produtor é o proprietário;
● Maior preocupação em preservar a fertilidade do solo e investir na modernização
das explorações para rentabilizar a atividade agrícola;
● Desenvolvimento de atividades paralelas à exploração-valorização do património
natural e cultural das áreas rurais de pertença;
Fragilidades:
● Ameaça à valorização económica e ambiental da SAU;
● Risco de abandono das terras devido às características socioprofissionais da
generalidade dos proprietários - classe envelhecida; baixo nível de instrução e
formação profissional; baixo conhecimento das novas tecnologias e técnicas de
produção modernas e inovadoras.

Arrendamento

Potencialidades:
● Alternativa de abandono das terras quando os proprietários, por algum motivo,
deixam de as explorar;
● Diminuição dos custos sociais, ambientais e econômicos resultantes do abandono
de terras, tais como o desemprego, os incêndios, a degradação da paisagem, a
redução da biodiversidade, etc.
Fragilidades:
● O produtor utiliza uma terra alheia, com a qual não possui nenhum tipo de ligação;
● Aumento do risco de esgotamento dos solos, devido ao uso de práticas agrícolas
intensivas e pouco cuidadas, com vista a obtenção de repetidas e máximo
rendimento.
A grande maioria dos produtores singulares (86,9%) trabalha em regime de pluriatividade
como forma de compensar o baixo rendimento proveniente das atividades agrícolas. Esta
pluriatividade apresenta vantagens para as áreas rurais do interior do país porque
previne o abandono de terras e o êxodo rural.

→ A PAC: conhecer a história para compreender o país

PAC: criada em 1962, a PAC é uma política comum a todos os países da UE, gerida e
financiada com base nos recursos do orçamento da UE, visando, no território europeu, o
desenvolvimento sustentável da agricultura, dos espaços rurais e dos seus múltiplos
atores.

A PAC foi implementada em 1692, num período de recuperação da profunda crise


económica, política e social, legada pela II Guerra Mundial, que deixou milhões de
pessoas por toda a Europa em situação de fome ou privação alimentar. Nesta fase, o
setor agrícola tornou-se um pilar estratégico da integração europeia. Era urgente
revitalizar o setor e fazer face aos seus principais problemas: atraso tecnológico,
produção agroalimentar deficitária, forte dependência externa e baixo rendimento das
populações rurais.

Objetivos da PAC (art. 39.º do Tratado de Roma, 1957)

- Incrementar a Produtividade agrícola;


- Garantir a segurança dos abastecimentos;
- Assegurar um nível de vida equitativo à população agrícola;
- Estabilizar os mercados;
- Assegurar preços razoáveis aos consumidores.

Princípios da PAC

- Unidade do Mercado;
- Preferência comunitária;
- Solidariedade financeira.

Pilares da PAC: 1º Pilar - pagamentos diretos e medidas de regularização do mercado; 2º


Pilar - medidas do desenvolvimento rural.

Os objetivos iniciais foram alargados e passaram a incluir objetivos sociais, ambientais,


climáticos e territoriais, correspondendo assim a desafios ditados pelos vários
alargamentos da UE e às novas exigências da sociedade. As alterações introduzidas
pelas várias reformas deram origem a três fases principais da história da PAC: da
escassez alimentar à abundância; a sustentabilidade e o ambiente; o desenvolvimento
dos espaços rurais.
→ A PAC na linha do tempo

1962 (Fundação da PAC) - criação de uma política comum para tornar a Europa
autossuficiente, fornecer alimentos e preços acessíveis aos cidadãos da CEE e um nível
de vida justo aos agricultores.
1992 (Reforma da PAC) - alteração profunda do modelo da PAC para responder aos
seguintes objetivos: ajustar a produção à procura; baixar os preços junto do consumidor;
conter as despesas da PAC; proteger o ambiente e apoiar a agricultura familiar.
1999 (Reforma da PAC “Agenda 2000”) - consolidação do desenvolvimento rural como o
2.º pilar da PAC. Aposta na multifuncionalidade da agricultura e no seu papel económico,
ambiental, social e territorial. Uma política mais centrada no ambiente, na qualidade dos
alimentos e na vitalidade dos espaços rurais.
2021 (Reforma da PAC) - a nova reforma, que vigorará entre 2023-2027, visa uma PAC
mais justa, mais ecológica, mais respeitadora dos animais, mais flexível e mais assente
no desempenho.

→ Reflexos da PAC na agricultura portuguesa: desafios e oportunidades

Data de adesão de Portugal para a UE - 1986.

À data de adesão de Portugal para a PAC, o setor agrícola encontrava-se económica e


tecnicamente estagnado, com graves carências estruturais, um nível de produtividade
muito baixo e muito dependente das importações de géneros alimentícios essenciais.
Atualmente, o financiamento da PAC é assente pelos fundos FEAGA (Fundo Europeu
Agrícola de Garantia) e FEADER (Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural).

Não obstante os progressos alcançados no setor agrícola nacional, a integração na PAC


não foi fácil, tendo o país sido confrontado com vários obstáculos.

Incentivos: aplicação dos fundos comunitários (FEAGA e FEADER) para o


desenvolvimento rural.

Progressos
- Aumento do nível de instrução e de formação profissional dos agricultores;
- Melhoria dos rendimentos agrícolas, que cresceram cerca de 30% nas duas
décadas seguintes à adesão;
- Aumento da produção animal, acompanhado pelo aumento da área de pastagens;
- Aumento da dimensão média das explorações agrícolas;
- Acréscimo das explorações de dimensão superior a 50 hectares;
- Melhoria das infraestruturas fundiárias: eletrificação, sistemas de rega, de
drenagem, rede de caminhos, etc.;
- Melhoria dos sistemas de produção, com o aumento da mecanização, introdução
de novas espécies, práticas mais ecológicas, sistemas menos intensivos, etc.
Obstáculos: Limitações à produção independentemente do seu caráter deficitário ou
excedentário; não consideração das especificidades nacionais; desequilíbrios na
repartição das ajudas, que beneficiavam os países que mais produziam e os grandes
produtores; quebra dos preços agrícolas, com vista à sua aproximação aos preços intra e
extracomunitários.

Recuos
- Decréscimo da produção agrícola (sobretudo dos cereais), bem como do
contributo do setor para o PIB
- nacional;
- Quebra do investimento tecnológico no setor;
- Desaparecimento de milhares de explorações familiares de pequena dimensão e
consequente abandono rural:
- Decréscimo da mão de obra agrícola (entre 1989 e 1997 mais de 400 000 pessoas
abandonaram o setor);
- Aumento das importações, conduzindo ao agravamento do défice da balança
comercial e da dívida externa.

→ A PAC 2023-2027

A nova reforma da PAC para o período 2023-2027 apresenta-se estruturada em torno de


objetivos sociais, ambientais, económicos e territoriais, que orbitam em torno de um
objetivo comum, o conhecimento e a inovação, privilegiando uma abordagem cada vez
mais multidimensional.

Objetivos da reforma da PAC para o período 2023-2027

● Rendimento justo para os agricultores;


● Aumentar a competitividade;
● Equilibrar forças na cadeia de valor;
● Adaptação às alterações climáticas;
● Gestão eficiente dos recursos naturais;
● Preservação da paisagem e da biodiversidade;
● Incentivar a renovação geracional;
● Promover áreas rurais dinâmicas;
● Proteger a segurança alimentar e o bem-estar animal.

Espera-se, com as medidas da nova PAC, impactes positivos na agricultura portuguesa:


modernizar toda a cadeia de valor, desde a produção, a transformação, à distribuição e
comercialização; atrair mais jovens para o setor, fixando-os nos territórios rurais;
melhorar o nível de vida dos agricultores e das comunidades rurais; aumentar os níveis de
competitividade nos mercados externos; preservar os solos, a biodiversidade e as
paisagens, tornando o setor mais resiliente às alterações climáticas; promover a
empresarialização do setor; proteger a agricultura familiar e os pequenos produtores,
dotando-os de maior competitividade.

→ As oportunidades de desenvolvimento rural

O desenvolvimento rural é o segundo pilar da PAC e, por isso, uma das suas grandes
prioridades. A sua operacionalização é realizada através dos programas de
desenvolvimento rural (PDR) de cada Estado-membro, os quais obedecem a três grandes
objetivos de longo prazo, numa lógica de desenvolvimento sustentável do território.

Objetivos do desenvolvimento rural

● Dinamismo económico nas áreas rurais: aumento da competitividade da


agricultura e da silvicultura.
● Sustentabilidade ambiental: gestão sustentável dos recursos naturais e ações no
domínio do clima.
● Equilíbrio territorial: desenvolvimento equilibrado do território e das economias e
comunidades rurais através da criação e manutenção de emprego.

Oportunidades de desenvolvimento rural


- Turismo no espaço rural (TER);
- Silvicultura;
- Indústria;
- Serviços;
- Energias renováveis;
- Produtos regionais de qualidade.

Turismo no espaço rural (TER): conjunto de atividades e serviços realizados e prestados a


turistas, mediante remuneração, em espaços rurais.

A dinamização do TER deve obedecer a uma estratégia integrada de desenvolvimento do


património cultural paisagístico, respeitadora do ambiente, da paisagem e dos recursos
endógenos das áreas rurais, capaz de captar investimento, gerar emprego e atrair e fixar
pessoas.

Algumas oportunidades para o espaço rural proporcionadas pelo TER


- Melhoria do rendimento dos agricultores;
- Pluriatividade e plurirrendimento;
- Criação de emprego e diversificação da estrutura produtiva;
- Preservação do ambiente natural e paisagístico;
- Recuperação do património histórico;
- Apoio à arte e ao artesanato rural;
- Alteração e desenvolvimento de novos serviços;
- Diversificação das atividades de exploração agrícola.
Modalidades do TER

Agroturismo: engloba os imóveis que se localizam em explorações agrícolas e prestam


serviços de alojamento a turistas, permitindo ao hóspede conhecer, acompanhar e
participar nas atividades agrícolas aí desenvolvidas (ordenha, apanha de frutos, etc.)
Hotel rural: serviço de hospedagem em hotéis situados em espaços rurais que, pela sua
traça arquitetónica, decoração, mobiliário e materiais de construção, respeitam
características dominantes da região onde estão inseridos.
Casas de campo: imóveis situados em aldeias e espaços rurais que prestam serviços de
alojamento a turistas, podendo o proprietário aí residir. Integram-se, pela sua traça,
materiais de construção e demais características, na arquitetura típica local.
Turismo de aldeia: as casas de campo recebem a designação de turismo de aldeia no
caso de se situarem na mesma aldeia ou freguesia, ou em aldeias ou freguesias
contíguas, e de serem exploradas de uma forma integrada, por uma única entidade.

Silvicultura: cultivo de florestas.

A floresta é o principal uso do solo em Portugal e apresenta uma grande diversidade de


funções, não só a nível económico, como social e ambiental, predominando o montado,
os pinhais e os eucaliptais. É uma importante fonte de emprego, quer de forma direta,
como indireta, mas enfrenta várias ameaças, a maior das quais, o elevado risco de
incêndio, que exige a implementação de políticas de gestão ativa dos múltiplos usos e
recursos da floresta.

Contributos da floresta para o desenvolvimento rural


- Diversificação das atividades nas explorações florestais e agroflorestais, numa
lógica de multifuncionalidade - caça, pastoreio extensivo, produção de bens não
lenhosos, como cogumelos, frutos, plantas aromáticas, mel, resina;
- Promoção de atividades de recreio e lazer (pedestrianismo, turismo cinegético, de
natureza, de aventura, etc.);
- Utilização de biomassa florestal na produção de energia;
- Pluriatividade e Plurirrendimento;
- Melhoria do nível de vida da população rural;
- Fixação da população no território.

Os recursos endógenos das áreas rurais apresentam um forte potencial de exploração


industrial. Destaca-se a exploração agropecuária (transformação do tomate, produção
de azeite, vinho, etc.), silvícolas (indústrias do papel, cortiça, madeira, etc.) e a extração e
transformação de rochas e minerais. Os seus efeitos multiplicadores, a montante e a
jusante, são uma oportunidade para alavancar a economia do interior do país, fixar a
população e promover um território mais coeso e competitivo.
Biomassa: é a fração biodegradável de produtos, resíduos e detritos de origem biológica
provenientes da agricultura (substâncias de origem vegetal e animal), da silvicultura
(resíduos vegetais e florestais) e de indústrias afins, como a pesca e a aquicultura.

Em Portugal, a principal fonte de energia renovável é a biomassa, que representa mais de


40% da produção nacional e do consumo de energia final de renováveis. Da biomassa
produz-se bioenergia, que engloba combustíveis sólidos, líquidos e gasosos, permitindo
uma grande diversidade de usos - pode ser diretamente queimada para gerar calor e
eletricidade, ou convertida em óleo ou gás para a produção de biocombustíveis, usados,
por exemplo, no setor dos transportes.

As áreas rurais, com vastos espaços florestais e agrícolas, têm um grande potencial de
produção de biomassa para fins energéticos, o que permite, por um lado, incentivar a
limpeza e a melhor gestão da floresta, diminuindo o risco de incêndio e, por outro, reduzir
a dependência nacional de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito de
estufa.

Contributo dos produtos de qualidade para o desenvolvimento rural


- Diversificação da economia rural, com o desenvolvimento de atividades ligadas à
agroindústria, ao turismo, à gastronomia, ao artesanato, etc.;
- Valorização dos recursos e produtos locais no mercado nacional e estrangeiro,
permitindo o aumento do rendimento dos pequenos produtores;
- Valorização da agricultura familiar e dos produtos e sistemas de produção
tradicionais, agregando valor aos espaços rurais;
- Aumento da capacidade exportadora dos pequenos produtores locais,
contribuindo para um maior dinamismo da economia rural e nacional;
- Plurirrendimento dos agricultores;
- Criação/manutenção do emprego.

DOP - Denominação de origem protegida (cabrito Transmontano; carne Arouquesa;


ananás dos Açores, etc.).
IGP - Indicação geográfica protegida (alheira de Mirandela; pão de ló de Ovar; etc.).
ETG - Especialidade tradicional garantida (bacalhau de cura tradicional portuguesa; sopa
da pedra de Almeirim).

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