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CETEJ - Disciplina: Geografia 2º ano- Ensino Médio 3º Bimestre Professora: Luziane Sanches Barrozo Spitz

Foco do Bimestre: O espaço agrário no mundo e no Brasil

 A agricultura é uma das atividades básicas da humanidade e foi responsável pelas primeiras grandes
transformações no espaço geográfico. Surgiu há cerca de 12 mil anos, no período Neolítico, quando as
comunidades primitivas passaram de um modo de vida nômade, baseado na caça e na coleta de alimentos,
para um modo de vida sedentário, viabilizado pelo cultivo de plantas e pela domesticação de animais.
Inicialmente, foi praticada às margens de grandes rios, como Tigre e Eufrates (na antiga Mesopotâmia, atual
Iraque), Nilo (no Egito), Yang-Tsé-Kiang (na China), Ganges e Indo (na Índia). Foi justamente nessas áreas
que se desenvolveram as primeiras grandes civilizações. Com a evolução da agricultura, começou a haver
excedente de produção o que possibilitou o desenvolvimento do comércio, inicialmente baseado na troca de
produtos. Nos locais onde ocorriam as trocas, desenvolveram-se várias cidades.
 Graças à Revolução Industrial, evoluíram também as técnicas agrícolas, o que possibilitou o aumento da
produtividade, sem ser necessário ampliar a área de cultivo. Esse desenvolvimento tecnológico aplicado à
agricultura ficou conhecido como Revolução Agrícola. As bases técnicas da Revolução Agrícola foram
propiciadas sobretudo pelas indústrias fornecedoras de insumos para agricultura (máquinas e fertilizantes, por
exemplo).
 As novas relações campo x cidade: A produção agrícola é obtida em condições muito heterogêneas no mundo.
Das diversas formas de relação entre o homem e o meio geográfico, a vida rural, e mesmo a vida da população
urbana que trabalha em atividades agrícolas, é a mais diversificada. Os países desenvolvidos e industrializados
intensificaram a produção agrícola por meio da modernização das técnicas empregadas, utilizando cada vez menos
mão de obra. Nos países subdesenvolvidos, foram principalmente as regiões agrícolas que abastecem o mercado
externo que passaram por semelhante processo de modernização das técnicas de cultivo e colheita. Em
contrapartida, houve o êxodo rural acelerado, que promoveu o drástico empobrecimento dos trabalhadores
agrícolas, concentrados na periferia das grandes cidades. Por outro lado, todas as regiões em que se utilizam
métodos tradicionais de produção - principalmente dos países pobres do Sudeste asiático e a maioria dos países
africanos - buscam ainda meios de associar um modo de vida rural extremamente rudimentar às incertezas
biogeográficas e climáticas, na tentativa de evitar o flagelo da fome e as adversidades da emigração.
 O planeta apresenta países e regiões onde os progressos técnicos nos sistemas de transporte e comunicações
estão plenamente materializados em redes ou sistemas de transportes de pessoas, mercadorias e informações
que lhes permitem partir para uma política agrícola e industrial de especialização produtiva. Regiões ricas e
modernizadas garantindo maiores taxas de lucro. Buscam em outras regiões o que não produzem
internamente. Essa realidade intensificou o comércio mundial. Por outro lado, as regiões pobres e
tecnicamente atrasadas se vêem obrigadas a consumir basicamente o que produzem e são muito mais sensíveis
aos rigores impostos pelas condições naturais, nem sempre favoráveis à produção agrícola. A consequência
imediata dessa situação é a fome.
 Nos países em que predomina o trabalho agrícola, utilizando mão de obra urbana e rural, o papel do estado na
regulamentação das relações de trabalho, do acesso a propriedade da terra e da política de produção,
financiamento e subsídios agrícolas assume importância fundamental no combate a fome.
 As políticas modernas de reforma agrária visam a integração dos trabalhadores agrícolas e dos pequenos e
médios proprietários nas modernas técnicas de produção, e não apenas distribuir terras aos camponeses e
abandoná-los a concorrência com produtores rurais altamente capitalizados, sejam eles do próprio país ou do
exterior. A reforma agrária não é mais sinônimo de expropriação ou estatização das propriedades rurais para
distribui-las aos camponeses. Mais que isso, principalmente em países subdesenvolvidos, trata-se de reformar
a estrutura fundiária e as relações de trabalho, buscando o estabelecimento de propriedades na produção. Em
primeiro plano, visa ao abastecimento do mercado interno de consumo. As outras metas são o abastecimento
de matérias primas às indústrias, o aumento do ingresso de capital, através das exportações, e a criação de uma
legislação que impeça a especulação sobre a propriedade da terra.
 Atualmente, observa-se a tendência a penetração do capital agro-industrial no campo, tanto nos setores
voltados ao mercado externo quanto ao mercado interno. Assim, a produção agrícola tradicional tende a se
especializar, não para concorrer com o mais forte, mas para produzir a matéria prima utilizada pela
agroindústria. Dependendo da ação do estado como agente regulador, essa penetração pode levar a
democratização econômica ou à deterioração das condições de vida da população local, seja ela rural ou
urbana.
 Foi-se o tempo  em que a economia rural comandava as atividades urbanas. Atualmente, o que se verifica, em
escala planetária, é a subordinação do campo à cidade, uma dependência cada vez maior das atividades
agrícolas às máquinas, insumos, agrotóxicos, tecnologia, fatores concebidos e produzidos nas cidades
industriais.
 Os sistemas agrícolas (maneira como as sociedades organizam econômica, social e espacialmente a
atividade agrícola em determinada área cultivada): Os sistemas agrícolas e a produção pecuária podem ser
classificados como intensivos ou extensivos. Essa noção esta ligada ao grau de capitalização e ao índice de
produtividade, independentemente da área cultivada ou de criação. As propriedades que, através da utilização de
modernas técnicas de preparo do solo, cultivo e colheita, apresentam elevados índices de produtividade e
conseguem explorar a terra por um longo período de tempo, praticam agricultura intensiva. Já as propriedades que
se utilizam da agricultura tradicional - aplicação de técnicas rudimentares, apresentam baixo índice de exploração
da terra e obtendo, assim, baixos índices de produtividade - praticam agricultura extensiva.
 Na pecuária, por exemplo, o rendimento é avaliado pelo número de cabeças por hectare. Quanto maior a
densidade de cabeças, independentemente de o gado estar solto ou confinado, maior é a necessidade de ração,
de pastos cultivados e de assistência veterinária. Com tudo isso, a um aumento da produtividade e do
rendimento, que são características da pecuária intensiva. Quando o gado se alimenta apenas em pastos
naturais, a pecuária é considerada extensiva, e geralmente apresenta baixa produtividade.
 Agricultura itinerante de subsistência e a roça: São sistemas agrícolas largamente aplicados em regiões
onde a agricultura é descapitalizada. A produção é obtida em pequenas e médias propriedades ou parcelas de
grandes latifúndios, com utilização de mão de obra familiar e técnicas tradicionais e rudimentares. Por falta de
assistência técnica e de recursos, não há preocupação com a conservação do solo, as sementes utilizadas são
de qualidade inferior, não se investe em fertilizantes e, portanto, a rentabilidade, a produção e a produtividade
são baixas. Após alguns anos de cultivo, há uma diminuição da fertilidade natural do solo, geralmente exposto
à erosão. Ao perceber que o rendimento da terra esta diminuindo, a família desmata uma área próxima e
pratica a queimada para acelerar o plantio, dando inicio a degradação acelerada de uma nova área, que
também será brevemente abandonada. Daí o nome de agricultura itinerante.
 Em regiões miseráveis do planeta, a agricultura de subsistência - itinerante e roça - está voltada as
necessidades imediatas de consumo alimentar dos próprios agricultores. A produção destina-se a subsistência
da família do agricultor, que se alimenta praticamente daquilo que planta. Tal realidade ainda existe em boa
parte dos países africanos, em regiões do sul e sudeste asiático e na América Latina, mas o que prevalece hoje
é uma agricultura de subsistência voltada ao comércio urbano.
 O agricultor e sua família cultivam algum produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro
que recebem é suficiente apenas para garantir a subsistência deles. Não há excedente de capital que lhes
permita buscar uma melhoria nas técnicas de cultivo e aumento de produtividade.
 Esse tipo de agricultura é comum em áreas distantes dos grandes centros urbanos onde a terra é mais barata,
em função das grandes dificuldades de comercialização da produção. Nesse sistema, predominam as pequenas
propriedades, cultivadas em parceria. A também os posseiros, agricultores que simplesmente ocupam terras
devolutas.
 Agricultura de jardinagem: Essa expressão se originou no sul e sudeste da Ásia, onde há uma enorme
produção de arroz em planícies inundáveis, com utilização intensiva de mão de obra.
 Tal como a agricultura de subsistência, esse sistema é praticado em pequenas e médias propriedades
cultivadas pelo dono da terra e sua família ou em parcelas de grandes propriedades. A diferença é que nelas se
obtêm alta produtividade, através da seleção de sementes, da utilização de fertilizantes, da aplicação de
avanços biotecnológicos e de técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na
propriedade por tempo indeterminado. Não há a necessidade de ela se deslocar para outra área. Em países
como as Filipinas, Tailândia,  Indonésia, etc., devido a elevada densidade demográfica, as famílias contam
com áreas muitas vezes inferiores a 1 hectare e as condições de vida são bastante precárias. Em países que
realizam reforma agrária - Japão e Taiwan - e ao redor dos grandes centros urbanos de áreas tropicais, após a
comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova safra, a um excedente de capital que
permite melhorar, a cada ano, as condições de trabalho e a qualidade de vida da família. Na China, desde que
foram extintas as comunas populares, após a morte de Mao-tsé-tung, em 1976, houve significativo aumento da
produtividade. A produção é predominantemente obtida em propriedades muito pequenas e em condições de
trabalho muito precárias. Devido ao excedente populacional, a modernização da produção agrícola foi
substituída pela utilização de enormes contingentes de mão de obra. No entanto, em algumas províncias
litorâneas, está havendo um processo de modernização, impulsionado pela expansão de propriedades
particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica a partir de 1978. Sua produção é
essencialmente voltada para abastecer o mercado interno. 
 As empresas agrícolas: São as responsáveis pelo desenvolvimento do sistema agrícola dos países
desenvolvidos, com destaque para os EUA e a União Européia. Nesse sistema, a produção é obtida em médias
e grandes propriedades altamente capitalizadas, onde se atingiu o máximo de desenvolvimento tecnológico. A
produtividade é muito alta em decorrência do selecionamento de sementes, uso intensivo de fertilizantes,
elevado grau de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita, utilização de silos de armazenagem,
sistemático acompanhamento de todas as etapas da produção e comercialização por técnicos, engenheiros e
administradores. Funciona como uma empresa e sua produção é voltada ao abastecimento tanto do mercado
interno quanto do externo. Nas regiões onde se implantou esse sistema agrícola, verifica-se uma tendência a
concentração de terras, na medida em que os produtores que não conseguem acompanhar a elevação dos
níveis de produtividade perdem condições de concorrer no mercado e acabam por vender suas propriedades. É
o sistema agrícola predominante nos EUA, Canadá, Austrália, União Européia (com exceção da região
mediterrânea) e porções da Argentina e do Brasil (regiões onde se cultivam soja e laranja, por exemplo).
 Nos EUA, as grandes propriedades se organizaram em cinturões, em função das características do clima e do
solo. O alto nível de capitalização exigiu uma especialização produtiva em grandes propriedades.
 A Plantation: É a grande propriedade monocultora, com produção de gêneros tropicais, voltada para
exportação. Forma de exploração típica dos países subdesenvolvidos, a Plantation foi um sistema agrícola
amplamente utilizado durante a colonização européia na América. Nesse período de expansão do capitalismo
mercantilista, utilizava-se em larga escala, a mão de obra escrava. Expandiu-se posteriormente para África e
Sul e Sudeste asiático.
 Na atualidade, esse sistema persiste em várias regiões do mundo subdesenvolvido, utilizando, além de mão de
obra assalariada, trabalho semi-escravo ou escravo, que não envolve pagamento de salário. Trabalha-se em
troca de moradia e alimentação. No Brasil, encontramos Plantation em vastas porções do território, com
destaque para as áreas onde se cultivam café e cana de açúcar, dois dos nossos principais produtos agrícolas
de exportação.
 Ao lado das Plantations sempre se instalam pequenas e médias propriedades policultoras, cuja produção
alimentar abastece os centros urbanos próximos.
 Cinturão verde e bacia leiteira: Ao redor dos grandes centros urbanos, onde a terra é valorizada, pratica-se
agricultura e pecuária intensivas para atender às necessidades de consumo da população local. Nessas áreas,
produzem-se hortifrutigranjeiros e cria-se gado para a produção de leite e laticínios em pequenas e médias
propriedades, com predomínio da utilização de mão de obra familiar. Após a comercialização da produção, o
excedente obtido é aplicado na modernização das técnicas.
 A agropecuária e a questão agrária no Brasil: a agropecuária no Brasil apresenta duas faces: o agronegócio,
com elevada produtividade, que a coloca entre as mais competitivas do mundo; e a questão agrária, que mantém
milhares de trabalhadores rurais sem emprego e terra, o que os deixa sem condições de prover a própria
subsistência. 
 Um dos pilares da economia brasileira desde os tempos coloniais, a agropecuária – a agricultura e a criação de
animais (pecuária) – ostenta números grandiosos no país, e o setor continua a crescer. A pecuária do Brasil
ocupa destaque no mercado mundial, particularmente na criação de aves e bovinos. Entre os produtos
agrícolas do Brasil, destacam-se a soja, o café, a laranja, o milho, a cana-de-açúcar e o feijão.
 Apesar dos bons resultados apresentados no últimos anos, a agropecuária brasileira terá de enfrentar sérios
desafios para manter a escalada produtiva. Internamente, há falta de silos para armazenar os grãos após a
colheita, além das dificuldades de transporte (estradas ruins) e da falta de portos secos, locais para armazenar
produtos antes do embarque ao exterior. A ampliação das plantações de soja e cana também sofre limitações
para preservar as matas nativas. No mercado externo, o Brasil tenta emplacar o etanol como commodity, ou
seja, torná-lo uma mercadoria negociada nas bolsas internacionais, com regras padronizadas, o que poderia
ampliar as exportações.
 Estrutura fundiária: a principal característica da ocupação do território brasileiro, desde a colonização, tem
sido a distribuição desigual da terra e dos recursos naturais. O Brasil está entre os países com maior
concentração da propriedade rural da América e é um dos mais desiguais do mundo nesse quesito, apesar de
seu imenso território e das extensas superfícies de terras cultivadas. Verificamos aqui uma grande
concentração de terras nas mãos de alguns poucos proprietários, enquanto a maioria dos produtores rurais
detém uma parcela muito pequena da área agrícola. Há, ainda, centenas de milhares de trabalhadores rurais
sem terra. Essa realidade é extremamente perversa, à medida que cerca de 32% da área agrícola nacional é
constituída por propriedades onde a terra está parada, improdutiva.
 Lei e concentração de terra: no Brasil, a concentração de terra em poucas mãos vem desde o início da
colonização portuguesa, quando o território foi dividido em capitanias hereditárias e o modelo produtivo
adotado foi a monocultura da cana. Atualmente, a agroindústria exportadora mantém um modelo baseado em
propriedades enormes, e a modernização da produção no campo acabou provocando, na segunda metade do
século XX, um forte êxodo rural – com os lavradores saindo da zona rural e engrossando as populações
urbanas. O marco legislativo recente para a reforma agrária foi feito justamente pelo primeiro governo da
ditadura militar, que sancionou em 1964 o Estatuto da Terra, que regulamentou direitos e obrigações dos
proprietários rurais e a reforma agrária – com base no conceito da função social da terra, ou seja, de que a
posse da terra tem de produzir benefícios para a sociedade. Nos anos seguintes, foi criado o Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (Incra).Nos anos 70, é fundada a Comissão pastoral da Terra, na época
ligada à Igreja Católica, para organizar e defender os trabalhadores rurais. Nos anos 1980, surgem o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Democrática Ruralista (UDR), que
representa proprietários de terra. Fundado em 1984, o MST tornou-se um dos mais importantes movimentos
populares do Brasil. Seu objetivo é lutar pela reforma agrária e por uma política pública de sustentação da
agricultura familiar. Com frequência, as atividades do MST são ilegais e visam a forçar a desapropriação de
terras para assentamento de famílias. O movimento, cujas principais lideranças são de esquerda, também
desenvolve uma atuação política.
 Na Constituição de 1988, fica consagrado o conceito de que a terra deve ter função social, ou seja, deve
produzir ou ser reserva ambiental. Desde a ditadura, portanto, o governo brasileiro realiza assentamentos de
reforma agrária, mas até hoje não houve mudança significativa na concentração de terras.
 As relações de trabalho na zona rural: Em nossa zona rural predominam as seguintes relações de trabalho:
   trabalho familiar - Na agricultura brasileira, predomina a utilização de mão de obra familiar em pequenas e
médias propriedades de agricultura de subsistência ou jardinagem, espalhadas pelo país. No caso de a família
obter bons índices de produtividade e de rentabilidade, a qualidade de vida é boa e seus membros raramente
sentem necessidade de complementar a renda com outras atividades. É uma situação encontrada no cinturão verde
das grandes cidades  e em algumas regiões agro-industriais, com destaque para a região da laranja no estado de
São Paulo. Mas, quando a agricultura é praticada pela família é extensiva, de subsistência, todos os membros se
vêem obrigados a complementar a renda como trabalhadores temporários ou bóias frias em épocas de corte,
colheita ou plantio nas grandes propriedades agro-industriais. Às vezes, buscam subemprego até mesmo nas
cidades, retornando ao campo apenas em épocas necessárias ou propícias ao trabalho na propriedade familiar.
Sempre abandonados pelos serviços públicos e excluídos do acesso a financiamentos agrícolas, esses lavradores
pobres geralmente acabam por vender sua propriedade, instalando-se em submoradias na periferia das grandes
cidades. Sua fonte de renda é o subemprego, já que o Estado nunca se preocupou em amparar os que considera
subcidadãos, gerando no mínimo, o recrudescimento da violência, tanto rural quanto urbana. Essa condição
miserável de vida está espalhada por todos os estados, sobretudo em áreas distantes dos grandes centros urbanos e
que não receberam investimentos governamentais em obras de infraestrutura.
  Trabalho temporário - Os bóias-frias (Centro-sul), corumbás (Nordeste e Centro-oeste) ou peões (Norte) são
trabalhadores diaristas, temporários e sem vínculo empregatício. Em outras palavras, recebem por dia segundo a
produtividade. Eles têm serviço somente em algumas épocas do ano e não possuem carteira de trabalho registrada.
É uma mão de obra que atende principalmente à agroindústria de cana de açúcar, laranja, algodão e café,
trabalhando apenas no período do plantio e do corte ou da colheita. Quando a família que se sujeita a essa relação
ilegal de trabalho possui uma pequena propriedade, ela faz um "bico" no latifúndio e retorna para casa. Quando
nada possuem, as famílias são "volantes", ou seja, ao terminar a temporada de serviço em uma região, são
obrigadas a se deslocar pelo campo até encontrar trabalho novamente. Embora completamente ilegal, essa relação
de trabalho continua existindo, em função da presença do "gato", um empreiteiro que faz a intermediação entre o
fazendeiro e os trabalhadores. Por não ser empresário, o gato não tem obrigações trabalhistas, não precisa registrar
os funcionários. Em algumas regiões do Centro-Sul do país, sindicatos fortes e organizados passaram a fazer essa
intermediação. Os bóias-frias agora recebem sua refeição no local de trabalho, têm acesso a serviços de assistência
médica e recebem salários maiores que os bóias-frias de regiões onde o movimento sindical é desarticulado.
Contudo, ainda enfrentam condições muito precárias de vida, já que seus filhos não têm acesso a um sistema
educacional e também estão fadados ao subemprego. As estatísticas referentes à quantidade de trabalhadores
temporários utilizados na agricultura são precárias, pois alguns bóias-frias são também pequenos proprietários.
Calcula-se que aproximadamente 10% da mão de obra agrícola viva nessas condições.
   Trabalho assalariado - Representa apenas 10% da mão de obra agrícola. São trabalhadores que possuem
registro em carteira, recebendo, portanto, pelo menos um salário mínimo por mês. Trabalhando em fazendas e
agroindústrias, tem direito ainda a férias, com acréscimo de 30% do salário, 13º salário, FGTS, descanso semanal
remunerado e aposentadoria.
   Parceria e arrendamento - Parceiros e arrendatários "alugam" a terra de alguém para cultivar alimentos e criar
gado. Se o aluguel for pago em dinheiro, a situação é de arrendamento. Se o aluguel for pago com parte da
produção, combinada entre as partes, a situação é de parceria.
   Escravidão por dívida - Trata-se do aliciamento de mão de obra através de promessas mentirosas. Ao entrar na
fazenda, o trabalhador é informado de que está endividado e, como seu salário nunca é suficiente para quitar a
dívida, fica aprisionado sob vigilância de jagunços fortemente armados.

Texto resumido e adaptado para fins didáticos com trechos retirados das seguintes obras:
ATUALIDADES Vestibular + ENEM – Editora Abril, 1º Semestre 2010.

BOLIGIAN, Levon; BOLIGIAN, Andressa Turcatel Alves. Geografia: Espaço e Vivência. São Paulo: Atual. 1 ª Ed. 2010.

LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Claudio. Território e Sociedade. São Paulo: Saraiva. 1 ª
Ed. 2010.

SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral do Brasil: espaço geográfico e globalização. Vol.3.São
Paulo: Scipione, 2010.

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