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Queimadas na agricultura
José Adauto Olimpio1
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo levantar as causas e consequências das queimadas na
agricultura brasileira. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e selecionados os
autores que melhor tratam do assunto, visando dar um embasamento teórico ao tema. O
estudo permitiu que se tirassem algumas indicações conclusivas a respeito do estudo, quais
sejam: com o aumento de emissões de gases do efeito estufa, a temperatura no planeta tem
aumentado paulatinamente; as derrubadas, seguidas das queimadas, causam prejuízos
irreparáveis à biodiversidade, ao ciclo hidrológico e ao ciclo do carbono; o impacto das
queimadas ameaça de extinção espécies de animais e de plantas e causa a erosão do solo; a
fumaça e os gases liberados pelas queimadas concentram-se na atmosfera e tornam o clima
mais seco, as temperaturas mais altas e o ar irrespirável; as principais causas dos incêndios
florestais no Brasil são a queima para limpeza do terreno, a queima criminosa ou provocada
por incendiários, os fogos de recreação ou acidentais, o descarte de pontas de cigarro acesas
jogadas nas margens das estradas e no próprio campo, as fagulhas expelidas pelas
locomotivas a lenha ao longo das ferrovias, queimas naturais ou provocadas por raios e
queima de vegetação derrubada para implantação de roças, sem o cuidado de construção de
aceiros adequados; a fragmentação florestal, o isolamento de populações e o aumento das
áreas desmatadas estão, gradualmente, extinguindo espécies de plantas e animais, alterando a
estrutura genética das populações e reduzindo a diversidade genética das espécies.
ABSTRACT
This article aims to raise the causes and consequences of fires in Brazilian agriculture.
Therefore, a literature search was performed and selected the best authors that deal with the
subject, aiming to provide a theoretical foundation to the subject. The study allowed if they
took some conclusive statements about the study, namely: with increasing emissions of
greenhouse gases, the temperature of the planet has increased steadily; tipped, followed by
fire, cause irreparable damage to biodiversity, the water cycle and the carbon cycle, the impact
of fires threatened extinction of animals and plants and cause soil erosion; fumes and gases
released by burning concentrated in the atmosphere and make the climate drier, temperatures
higher and the air unbreathable, the main causes of forest fires in Brazil are burning for land
clearing, criminal or burning caused by arson, recreational fires or accidental, discarding
lighted cigarette butts thrown by the roadside and the field itself, the sparks spewed by
locomotives burning along the railroads, natural or caused by lightning burns and felled
vegetation burning fields for deploying without careful construction of appropriate firebreaks,
forest fragmentation, isolation of populations and increase in deforested areas are gradually
dying out species of plants and animals, altering the genetic structure of populations and
reducing the genetic diversity of the species.
1
Eng°. Agr°., Economista, MSc. em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Servidor do EMATER-PI.
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1 INTRODUÇÃO
As florestas tropicais do mundo estão sendo dizimadas a uma velocidade
impressionante. Todo ano, quatro a cinco milhões de hectares de floresta são completamente
destruídos. Isso significa que, a cada minuto, 12 a 20 hectares de florestas desaparecem do
mundo diariamente. Além disso, uma espécie animal é extinta a cada meia hora.
Hoje, 40% das florestas do planeta já desapareceram e as que ainda restam estão sendo
destruídas a um ritmo acelerado que muitos países já perderam quase totalmente suas
florestas.
As queimadas praticadas para retirar a cobertura vegetal original para o
desenvolvimento agrícola e pecuária provocam uma grande perda de seres vivos da fauna e da
flora, promovendo um profundo desequilíbrio ambiental, às vezes em níveis sem precedentes.
O Brasil é o líder entre os países da América Latina em focos de queimadas, que se
concentram nas regiões Centro-Oeste, Norte e em algumas partes da região Nordeste.
Os impactos negativos causados em todo o planeta envolvem mudanças climáticas,
aumento do aquecimento global, prejuízos à biodiversidade e à dinâmica dos ecossistemas,
bem como a diversos tipos de agricultura.
Desde os primórdios, o homem emprega o fogo objetivando a limpeza do terreno e o
seu manejo para a pecuária e a agricultura. É fato que o uso do fogo é uma prática comum no
meio rural, por ser uma técnica eficiente sob o ponto de vista dos produtores. Os agricultores
utilizam a queima por considerá-la um meio prático para diversas finalidades, como limpeza
do terreno para eliminar restos de cultura; aumento da disponibilidade de nutrientes no solo e,
conseqüentemente, da sua capacidade produtiva; redução da incidência de pragas, de doenças,
de gastos com mão-de-obra para limpeza do terreno; redução dos custos de produção; entre
outras. O uso do fogo é disciplinado pela Portaria/IBAMA n. 231/88, de 08/08/1988, que
regulamenta o Código Florestal Brasileiro.
Os pequenos produtores brasileiros praticam a agricultura de derruba e queima porque
é a sua tradição e porque não têm acesso a outras alternativas.
As queimadas destroem em poucas horas o que a natureza levou dezenas de anos para
construir.
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e estas, por não estarem cobertas pela palha, germinam rapidamente. Para combater essas
plantas invasoras, os agricultores utilizam herbicidas em grande escala e em quantidade cada
vez maior, motivo pelo qual a cultura da cana é responsável pelo uso de mais de 50% de todos
os herbicidas utilizados na agricultura brasileira.
Depois das queimadas também se verifica aumento do aquecimento na superfície do
solo, pela maior absorção da radiação solar, fato causado, não só pela perda da cobertura
vegetal, mas também pela cor que fica na terra (do cinza ao preto).
Na história da pecuária nacional, é prática comum, na região dos Cerrados e da
Amazônia Legal, a utilização de queimadas das áreas com pastagens, visando a renovação ou
recuperação da pastagem, a eliminação de plantas daninhas e adição de nutrientes ao solo,
oriundos do material vegetal queimado. À primeira vista, a pastagem rebrotada surge com
mais força e melhor aparência do que a inicialmente existente. Entretanto, ao longo dos anos,
essa prática provoca degradação físico-química e biológica do solo, e traz prejuízos ao meio
ambiente.
A prática da queimada obriga o produtor a reduzir a lotação animal, pela diminuição
da capacidade produtiva das forrageiras, como conseqüência da desnutrição vegetal e das más
condições do solo (especialmente a compactação) para o crescimento das raízes. A forrageira,
neste tipo de exploração, além de apresentar sistema radicular pouco desenvolvido e com
baixas reservas de carboidratos, perfilha pouco e fixa CO2 ineficientemente, prejudicado pelo
reduzido tamanho de sua folha e pela desnutrição.
O inconseqüente uso do fogo para as práticas agropastoris e para a abertura de locais
de habitação humana sempre foi a realidade do Brasil desde seu descobrimento, sendo que até
hoje se fazem sentir os efeitos dessa prática que, aliás, continua vigente.
Com a febre da monocultura da cana, a prática das queimadas passou a ser rotineira.
Depois da queima inicial da vegetação existente para a implantação dos canaviais, ocorriam
as queimas destinadas a despalhar a cana, para facilitar a colheita.
Durante a queimada da palha da cana-de-açúcar a temperatura a 1,5 cm de
profundidade chega a mais de 100º centígrados e atinge 800º centígrados a 15 cm acima da
terra, afetando gravemente a atividade biológica do solo, responsável por sua fertilidade. O
aumento da temperatura do solo provoca a oxidação da matéria orgânica, sendo que houve
constatação na Colômbia de redução em 55% a 95% no teor da matéria orgânica em solos
após as queimadas.
2 CONCEITO
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secundária – “capoeirão”) até por mais de cinqüenta anos (neste caso, os pousios são cobertos
ao final por uma floresta secundária).
Apesar de serem temporários, estes cultivos devem assegurar, de ano em ano, uma
produção regular. Todos os anos, cada família de agricultor deve desmatar uma superfície
arborizada suficiente para ali praticar o cultivo principal que corresponda às suas
necessidades; a cada ano, este cultivo muda de lugar e, da mesma forma, os cultivos
secundários que lhes sucedem também se deslocam. É por isso que se diz que os cultivos
temporários são também itinerantes.
O cultivo praticado nos primeiros meses após a derrubada-queimada enraíza-se em um
solo particularmente fértil e produz uma colheita abundante, exportando, por este mesmo
meio, uma parte dos minerais disponíveis. Além disso, o solo cultivado perde uma parte de
seus minerais por lixiviação e desnitrificação. Desta forma, os aportes de minerais resultantes
da derrubada-queimada tendem a se esgotar, e os rendimentos dos cultivos seguintes caem
muito rapidamente.
Em regra geral, quando o pousio dura mais de vinte anos e a vegetação que vem a se
reconstituir ali é muito vigorosa, a fertilidade do solo, após a derrubada-queimada, é elevada.
Basta, então, desmatar parcialmente uma superfície bastante reduzida para suprir as
necessidades de uma família. Quando o pousio não dura mais que dez anos, a vegetação que
se reconstitui entre dois desmatamentos é muito pobre, o leito de folhas/madeira e as cinzas
são menos abundantes, a fertilidade do solo é menos elevada e as ervas indesejáveis
proliferam rapidamente. Neste caso, para obter o mesmo volume de produção, é necessário o
desmatamento de uma área mais extensa.
De acordo com Olimpio (2004), as queimadas de áreas naturais no Cerrado possuem
origens diversas:
a) queimadas naturais – surgem como fato comum e sazonal,
havendo estudos que atribuem à presença do fogo a existência das diversas
fisionomias de cerrado (do campo limpo ao cerradão). É que, semelhante a outros
ecossistemas savânicos, o cerrado evoluiu com o fogo;
b) queimadas culturais – relacionadas com as práticas tecnológicas
adotadas nos sistemas produtivos (abertura de novas áreas agropastoris, estimulação
ao rebrote de gramíneas na renovação das pastagens e no manejo de pragas e
doenças). Para essas, é recomendável, por meio da extensão rural e assistência
técnica aos produtores, o desenvolvimento de tecnologias menos impactantes;
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Ocorrem queimadas também nas margens das rodovias brasileiras, na sua maioria,
causadas por fuligem incandescente proveniente dos escapamentos de caminhões e ônibus
com o motor desregulado. Existem também, em menor escala, incêndios causados por pessoas
descuidadas que jogam pontas de cigarro nas margens das estradas, ateiam fogo a lixões e
ainda aqueles causados por balões.
O fogo deteriora a qualidade do ar, levando até ao fechamento de aeroportos por falta
de visibilidade; reduz a biodiversidade e prejudica a saúde humana; altera a química da
atmosfera e influi negativamente nas mudanças globais, tanto no efeito estufa como na
camada de ozônio.
A Amazônia Legal, por exemplo, concentra mais de 85% das queimadas que ocorrem
de forma constante no Brasil. Nas outras regiões, o padrão espacial também é descontínuo e
mais difuso, com áreas de maior ou menor concentração. A região Centro-Oeste concentra
mais de 35% das queimadas, seguida pelo Sudeste (29%) e Norte (24%). Os Estados que mais
contribuíram nos últimos anos são: Mato Grosso (38%), Pará (27%), Maranhão (10%) e
Tocantins (7%).
As áreas muito críticas em termos de queimadas estão situadas no Mato Grosso (20
municípios), Pará (12 municípios), Maranhão (12 municípios) e Tocantins (23 municípios).
As queimadas estão associadas aos sistemas de produção mais primitivos, como os de
caça e coleta dos indígenas. Mas também estão presentes na agricultura mais intensiva e
moderna, como a da cana-de-açúcar, algodão e cereais. Mais de 98% das queimadas
praticadas no Brasil são de natureza agrícola. O agricultor decide quando e onde queimar. É
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uma prática controlada, desejada e faz parte do sistema de produção. Os lavradores queimam
resíduos de colheita, áreas de savana, pastagens nativas e plantadas e palha da cana-de-açúcar
para facilitar a colheita. Já os incêndios florestais são de natureza acidental, indesejados e
difíceis de controlar. Eles só ocorrem em vegetações propícias a esse tipo de fenômeno, como
as florestas degradadas, entremeadas por arbustos e gramíneas, as matas de pinheiro araucária
e a Floresta Atlântica caducifólia de planalto, encontrada nas regiões Sul e Sudeste do País.
A agricultura itinerante tem como fundamento a reciclagem de nutrientes. As
queimadas liberam para o solo cerca da metade do nitrogênio e do fósforo da biomassa
incinerada e, praticamente, todos os demais nutrientes sob a forma de cinzas. As altas
temperaturas, predominantes nos trópicos e a alta umidade, aceleram todos os processos de
decomposição da biomassa vegetal. Os nutrientes removidos através da colheita, além das
perdas decorrentes da lixiviação e dos processos erosivos do solo, resultam na diminuição da
fertilidade inicial do solo. Neste caso, as deficiências de nutrientes e o aumento significativo
das plantas invasoras inviabilizam novos cultivos, sendo as áreas abandonadas ou deixadas
em pousio para o surgimento da vegetação secundária – as capoeiras.
Na região dos Cerrados e da Amazônia Legal, a utilização de queimadas das áreas com
pastagens é prática comum, visando a renovação ou recuperação da pastagem, a eliminação de
plantas daninhas e a adição de nutrientes ao solo, oriundos do material vegetal queimado.
No sistema de agricultura familiar, a queima ocorre no final do pousio, entre dois
períodos de cultivo, quando a vegetação secundária que cresce após o período de cultivo
(capoeira) é cortada, seca e queimada, para disponibilizar ao solo, como fertilizante e
corretivo de acidez, as cinzas resultantes da queimada, que contêm nutrientes acumulados
pela vegetação secundária.
Na atividade pecuária, a queima de pastos é feita, principalmente, para eliminar os
resíduos de capim rejeitados pelo gado, proporcionando uma rebrotação mais tenra, palatável
e de melhor qualidade, em períodos de escassez de alimentos, e para eliminar a ação seletiva
do gado em relação à composição botânica da pastagem, uma vez que a ação do fogo, ao
eliminar também espécies de menor palatabilidade e valor nutritivo que, em geral, são
rejeitadas pelo gado, tende a contribuir para o aumento da incidência de espécies de maior
valor, altamente selecionadas pelos animais. (DIAS FILHO, 2003; ZAINI & DINIZ, 2006)
A exemplo da agricultura, a prática da queima na pecuária também visa à melhoria nas
propriedades químicas do solo pelos constituintes da cinza que fornecem, de imediato, aportes
de cátions e outros elementos para o solo. (DIAS FILHO, 2003)
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Sobre a saúde humana, o efeito da queimada se faz sentir de forma mais evidente
através da ação do material particulado, em especial, o inalável, já que as partículas que são
liberadas pela queimada na atmosfera depositam-se pelo impacto da turbulência do ar, no
nariz, na boca, na faringe e na traquéia, por sedimentação na traquéia, nos brônquios,
bronquíolos e alvéolos, resultando no aumento de problemas respiratórios, doenças
respiratórias e redução na função pulmonar em crianças, aumento da mortalidade em
pacientes com doenças cardiovasculares e/ou pulmonares, aumento ou piora dos ataques de
asma e aumento dos casos de câncer, devido aos efeitos de partículas que contêm
componentes cancerígenos. (RIBEIRO & ASSUNÇÃO, 2002)
4 CAUSAS
As principais causas das queimadas no Brasil estão relacionadas a casos simples como
a limpeza mais rápida ou renovação da pastagem de determinadas áreas de agricultores; aos
interesses maiores, como a ampliação de áreas para criação de gado ou outras culturas
agrícolas; e até mesmo outras causas não controladas, como focos acidentais de pontas de
cigarro, fuligem incandescente de veículos e balões.
Os princípios de queimadas que possuem a forma mais rápida e danosa são os
provocados pelas pontas de cigarro, já que sua condição é em forma plena de brasa que, se
unindo às condições da vegetação local e ao clima, podem ser bem mais danosas e
irreversíveis.
Como as formações das plantas derivaram de longos e complexos processos de
transferências genéticas – realizadas por insetos, como a polinização, por exemplo – a
recuperação de determinadas áreas ou vegetação local fica fortemente prejudicada, podendo
afetar o processo evolutivo da fauna em fase de desenvolvimento.
O fogo pode ser provocado de várias maneiras, entre elas, raios, reflexão de vidros, e
antropogênicas (provocadas pelo homem - casualmente, programadas ou desordenadas).
As queimadas provocadas por raios e reflexões de vidros normalmente ocorrem sobre
uma área de vegetação seca, provocando grandes incêndios e as antropogênicas em quaisquer
das vegetações.
5 CONSEQUÊNCIAS
Um dos principais efeitos negativos da queima da vegetação para a agricultura,
durante o preparo de área para o plantio, é o representado pelas perdas de nutrientes
acumulados na biomassa da vegetação na fase de pousio, entre dois períodos de cultivo, que
atingem valores de 96% do nitrogênio, 47% do fósforo, 48% do potássio, 35% do cálcio, 40%
do magnésio e 76% do enxofre, além da perda de cerca de 98% do carbono que é liberado
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Existe diferença entre a queimada e o incêndio. Este último pode ser definido como
uma queimada sem controle.
Algumas medidas podem diminuir muito as estatísticas brasileiras de ocorrência de
incêndios: fazer queimadas só com a autorização do IBAMA e de maneira controlada; apagar
o fogo feito em acampamentos utilizando água, para evitar que a brasa seja levada pelo vento
para as matas; não jogar pontas de cigarros acesas próximo à vegetação; não utilizar qualquer
tipo de fogo em reservas ecológicas ou parques florestais; planejar os procedimentos
necessários à realização da queima, contemplando a definição de técnicas, equipamentos,
pessoal e cuidados; avisar os vizinhos, com antecedência de pelo menos dois dias, o dia e a
hora da realização da queima; construir aceiros de, no mínimo, três metros de largura ao redor
da área a ser queimada; realizar a queima nas horas mais frescas do dia (pela manhã, entre as
cinco e oito horas, e à tarde, após as dezesseis horas; não queimar uma grande área numa
única operação; iniciar a queima no sentido contrário à direção do vento e pelas partes mais
altas do terreno ou pelas laterais.
A Lei Federal n. 4.771/65 (Código Florestal Brasileiro) determina a proibição do uso
do fogo: na faixa de 50 metros ao redor de Unidades de Conservação; na faixa de 15 metros
de cada lado de rodovias estaduais e federais e de ferrovias; a menos de 15 metros dos limites
das faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica; na faixa
de 100 metros ao redor da área de domínio de subestação de energia elétrica. Os infratores
podem ser punidos de acordo com o que determina a citada Lei.
As alternativas às queimadas são o caminho mais interessante que o punitivo para
cessar a prática. Na agricultura mecanizada, por exemplo, pode-se enterrar a vegetação com o
arado ou empilhar a vegetação cortada e misturada com terra, o que vai aumentar o teor de
matéria orgânica no solo, aumentando sua fertilidade.
Algumas práticas alternativas mostram-se bastante eficazes: a utilização do rolo-facas
para a redução do tamanho do material de capoeiras, o que facilita a decomposição da matéria
orgânica pelos microrganismos do solo; o uso da grade Home ou arado gradeador diretamente
na vegetação da capoeira; o corte e passagem da vegetação em máquina de picar forragem e
distribuição sobre o solo (mulch), protegendo-o da ação dos raios solares, reduzindo a
evaporação e facilitando a ação dos microrganismos; passagem de roçadeira mecânica movida
por trator, nos casos em que a vegetação da capoeira apresenta porte compatível com o uso
desse equipamento ou nas áreas de pastagens.
Um projeto de pesquisa importante para a prevenção e a correção do desequilíbrio
ambiental na atividade agrícola da Amazônia tem o apoio financeiro do Banco da Amazônia,
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7 IMPACTOS AMBIENTAIS
O impacto ambiental das queimadas preocupa a comunidade científica, ambientalistas
e a sociedade em geral, pois afetam diretamente as condições físicas, químicas e biológicas
dos solos, alteram a qualidade do ar em proporções gigantescas, interferem na vegetação, na
biodiversidade e na saúde humana. Indiretamente, podem comprometer até a qualidade dos
recursos hídricos superficiais.
Os impactos ambientais causados pelas queimadas não se resumem somente à perda
material, mas a consequências para a vida humana daqueles que residem próximo a essas
áreas. O grau e quantidade de elementos tóxicos presentes nas fumaças, como o carbono e o
enxofre, afetam o organismo humano no presente momento e futuramente, provocando
infecções do sistema respiratório, vermelhidão e alergia na pele, irritação dos olhos e
garganta, desordens cardiovasculares, asma, conjuntivite, bronquite, tosse, falta de ar e até
transtornos psicológicos.
Dentre outros danos, está a destruição quase que total da fina camada (de 30 a 40
centímetros) de matéria orgânica superficial.
De acordo com o Relatório da CPI do Senado Federal para apurar a devastação da
floresta amazônica e suas implicações,
O agricultor que opta pela queimada para sua plantação acaba tendo um benefício
imediato, mas com um conseqüente prejuízo em médio e longo prazo. Após a queimada, o
produtor tem um ou dois anos de boa produtividade, já que o processo acaba concentrando
alguns nutrientes importantes para a plantação, como o fósforo. Mas, nos anos seguintes, fica
constatada uma perda excessiva dos nutrientes. Uma pesquisa da Embrapa Amazônia Oriental
mostra que, em sete anos, são perdidos 96% de nitrogênio, 76% de enxofre, 47% de fósforo,
48% de potássio, 35% de cálcio, e 40% de magnésio em uma capoeira. Para tentar recuperar
essas perdas, o agricultor deve deixar a área que foi plantada descansando, o chamado período
do pousio. Com esse repouso, surge uma nova vegetação que trará certa reposição dos
nutrientes perdidos. (INDRIUNAS, 2013)
Outro impacto extremamente negativo da queimada é a poluição atmosférica que ela
provoca. Os cientistas apontam as queimadas como as responsáveis por cerca de 70% das
emissões de gás carbônico do Brasil.
8 ASPECTOS LEGAIS
O Instituto de Pesquisas Especiais (INPE) é o responsável pelo monitoramento das
queimadas no Brasil. No site do instituto é possível monitorar o andamento das queimadas no
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País. Entre a detectação dos focos de calor e a postagem dos dados, há uma pequena
defasagem de três horas apenas. O INPE começou a monitorar as queimadas em 1987. O
Instituto também oferece gratuitamente alguns serviços de monitoramento online específicos
e individuais, como coordenadas geográficas dos focos, alertas por e-mail de ocorrências em
áreas de interesse especial, risco de fogo, estimativas de concentração de fumaça, entre outras.
É só se cadastrar.
O monitoramento revela a existência de cerca de 300.000 queimadas por ano no País e
sua origem é essencialmente agrícola, ocorrendo, geralmente, em áreas desmatadas, com
padrões espaciais diferenciados e dinâmica temporal variável.
Em 1989, o governo federal criou o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos
Incêndios Florestais (PREVFOGO), através do decreto nº 97.635. A intenção do programa é
atuar, prioritariamente, na Amazônia e nos Cerrados, na educação, pesquisa, prevenção,
controle e combate aos incêndios florestais e queimadas. Foi através do PREVFOGO que se
consolidaram táticas para ajudar a diminuir os riscos de incêndio durante as queimadas.
A legislação federal não proíbe as queimadas, mas cria várias normas que se baseiam
na experiência do PREVFOGO, como o caso da Lei n. 8.171/91. Além disso, a Lei de Crimes
Ambientais (Lei n. 9.605/98) tenta inibir a prática das queimadas, prevendo prisão de três a
seis anos para quem descumprir as normas, além de multas que variam de R$ 50,00 a R$
50.000.000,00. Além disso, há outras possíveis penalidades, como a obrigação de reparar
qualquer dano ambiental; e perda ou restrição de benefícios concedidos pelo Poder Público
como financiamento.
Para fazer uma queimada controlada é preciso adotar diversos procedimentos,
principalmente, para evitar a proliferação do fogo que pode causar uma grande tragédia. Para
tanto, é necessário seguir os seguintes passos:
É fundamental conhecer a área. Se há montanha (o fogo sobe e se alastra mais
rapidamente com a ajuda do vento nesse tipo de topografia), mananciais ou rios ou
florestas densas próximo do local da queimada;
Evitar queimar grandes áreas de uma só vez, já que dificulta o controle;
Construir valas ou aceiros em torno da área;
Evitar queimar quando o vento está forte;
Preferir os horários com temperaturas mais amenas, como as manhãs ou os inícios
da noite;
Se houver árvores altas no local, cortá-las antes de começar a queimada;
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Mesmo acabando a queimada, permanecer no local por mais duas horas e verificar
se não há nenhum outro foco de calor;
Ter sempre à mão equipamentos para acabar com o fogo, como abafadores, e baldes
de água ou mangueiras;
Avisar os vizinhos e, se possível, coordenar com eles um calendário de queimadas;
Não queimar a menos de 15 metros dos limites das faixas de segurança das linhas
de transmissão e distribuição de energia elétrica;
Não queimar a menos de 100 metros ao redor de uma subestação de energia;
Não queimar a menos de 50 metros ao redor de Unidades de Conservação;
Não queimar a menos de 15 metros de rodovias;
Pedir autorização para o IBAMA.
9 BENEFÍCIOS
Sousa (2013) defende que, em circunstâncias controladas e observados cuidados
referentes a clima, tipo de solo e outros, o uso do fogo pode ser benéfico como trato cultural.
Acentua que, em diversos ambientes, os incêndios fazem parte do ecossistema, e que os
prejuízos à fauna são relativos, havendo, em alguns casos, aumento das populações em áreas
queimadas.
Os agricultores queimam resíduos de colheita para combater pragas, como as
provocadas pelo bicudo do algodão, para reduzir as populações de carrapatos ou para renovar
as pastagens. O fogo também é utilizado para limpar algumas lavouras e facilitar a colheira,
como no caso da cana de açúcar, cuja palha é queimada antes da colheita; usam o fogo
também como forma de controle das ervas daninhas ou plantas invasoras, visando a maior
oferta de forragem fresca e palatável para o gado, obtida através da emissão de brotações.
As queimadas visam à eliminação da macega que aparece no campo após a colheita da
cultura. A queima estimula a remineralização da biomassa e a transferência de nutrientes
minerais para a superfície do solo, sob a forma de cinzas. Como consequência, ocorre o
aumento imediato da produção de forragem ou da cultura, mas ela decresce nos anos
posteriores, principalmente quando a queima é anual e realizada na mesma área.
10 CONCLUSÕES
Com o aumento de emissões de gases do efeito estufa, gerado em grandes cidades e
nas queimadas das florestas, a temperatura no planeta tem aumentado paulatinamente.
As derrubadas, seguidas das queimadas, causam prejuízos irreparáveis à
biodiversidade, ao ciclo hidrológico e ao ciclo do carbono na atmosfera.
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O impacto das queimadas, uma das estratégias principais utilizadas para a expansão da
fronteira agrícola no País, ameaça de extinção espécies de animais e de plantas e causa a
erosão do solo, que fica menos protegido.
A derrubada da floresta e a queima da vegetação por atividades humanas são grandes
transformadoras das paisagens.
A fumaça e os gases liberados pelas queimadas, como o monóxido de carbono e o
ozônio, concentram-se na atmosfera e tornam o clima mais seco, as temperaturas mais altas e
o ar irrespirável.
Os órgãos federal, estaduais, municipais e os produtores precisam firmar um pacto
social no sentido de montar estratégias eficazes e eficientes para eliminar o risco de incêndios
florestais ao longo dos ramais e rodovias estaduais, federais e municipais.
Grande parcela das queimadas é produzida por pequenos produtores, que utilizam o
fogo como meio barato de preparar a terra para o plantio, em razão do desconhecimento de
outras técnicas para trabalhar a propriedade e pela dificuldade de acesso ao crédito e às
tecnologias apropriadas para o cultivo da terra.
As principais causas dos incêndios florestais no Brasil são: a queima para limpeza do
terreno, a queima criminosa ou provocada por incendiários, os fogos de recreação ou
acidentais, o descarte de pontas de cigarro acesas jogadas nas margens das estradas e no
próprio campo, as fagulhas expelidas pelas locomotivas a lenha ao longo das ferrovias,
queimas naturais ou provocadas por raios e queima de vegetação derrubada para implantação
de roças, sem o cuidado de construção de aceiros adequados.
A fragmentação florestal, o isolamento de populações e o aumento das áreas
desmatadas estão, gradualmente, extinguindo espécies de plantas e animais, alterando a
estrutura genética das populações e reduzindo a diversidade genética das espécies.
A educação ambiental é um instrumento que poderá dar suporte ao poder público para
sensibilizar a população urbana e rural quanto à redução dos índices elevados de queimadas
no País.
REFERÊNCIAS
DENICH, M. et al. A concept for the development of fire-free fallow management in the
Eastern Amazon in Brazil. Agriculture Exosystems & Environment, v. 110, 2005, p. 43-58.
RIBEIRO, H.; & ASSUNÇÃO, J. V. Efeitos das queimadas na saúde humana. ESTUDOS
Avançados [online], 2002, v. 16, n. 44, p. 125-148.
ZANINI, A de M.; & DINIZ, D. Efeito da queima sob o teor de umidade, características
físicas e químicas, matéria orgânica e temperatura no solo sob pastagem. In: Revista
Eletrônica de Veterinária, v. 7, n. 3, Espanha, 2006.