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TEXTO EXPOSITIVO EXPLICATIVO

(Ficha informativa)

1. CARACTERÍSTICAS DE UM TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO

 Objectivo do texto do expositivo-explicativo: informar, transmitir


conhecimentos relativos a uma realidade. Transforma, deste modo, o
estado cognitivo do leitor.
Ex. : O texto “UM CONDIMENTO QUE TAMBÉM CURA”

 Estrutura do texto:
- Questionamento ex.: 1º e 2º parágrafos
- Resolução ex. : 3º ao penúltimo parágrafos
- Conclusão ex. : último parágrafo

Estes três momentos correspondem à tripartição (introdução,


desenvolvimento e conclusão)
A fase do questionar pode não conter necessariamente, frases
interrogativas. Pode ser encontrada nesta parte do texto, apenas uma
explicitação do assunto.

 Características discursivas
O texto expositivo-exolicativo é composto por três tipos de enunciados:
- Enunciados expositivos, que contém informações que visam fazer
saber, fazer conhecer;
Ex. : O piri-piri é um condimento quase obrigatório na dieta alimentar de
milhões de moçambicanos que diariamente o utilizam simples ou preparado
de diversas maneiras e para os mais diversos paladares.

- Enunciados explicativos, com a finalidade de fazer compreender o


saber transmitido;
Ex. : E quem utiliza sabe exactamente em que prato o vai pôr, pois o
tamanho e o picante fazem parte dos segredos da culinária tradicional
moçambicana.
Desde o denominado “sacana”, muito pequeno mas autêntica
pólvora picante,

- Enunciados baliza, que marcam a articulação do discurso, com a


finalidade de fazer a ligação entre as frases, os parágrafos, as partes do
texto, criando, deste modo, uma coesão textual.
Ex. : O intertítulo: OS FÁRMACOS E O PLANTIO DO PIRI-PIRI
Acabamos de viajar um pouco ....

 Características linguísticas
O texto expositivo-explicativo revela-se um texto factual e objectivo.
Nele há uma exposição de verdades e uma omissão do sujeito enunciador.

Principais formas linguísticas que caracterizam este tipo de texto:


- forma passiva

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- frases relativas
- nominalizações
- presente histórico/genérico
- uso de conectores (conjunções, preposições,…)

A forma passiva torna o discurso impessoal, constitui uma estratégia de


objectividade e de afastamento do sujeito enunciador do seu discurso;
ex. : Os achares são fabricados em casa. (Passiva de ser)
Os achares fabricam-se em casa. (Passiva de se)
As frases relativas, introduzidas por pronomes e advérbios relativos, funcionam
como uma estratégia para assegurar a coesão e evitam a repetição.
ex. : “... que diariamente o utilizam simples ou preparado de diversas maneiras
e para os mais diversos paladares.”

As nominalizações, processo que consiste na transformação de um sintagma


verbal ou adjectival num nome, permitem condensar o que foi dito e assegurar
uma determinada orientação de reflexão.
ex. : Se em todo o país plantam as sementes, podemos também afirmar que,
relativamente ao plantio

O tempo presente tem um valor genérico ou estativo e atemporal. Neste


contexto, a informação contida perdura, independentemente do tempo da
enunciação.
ex. : O piri-piri é um condimento quase obrigatório

Os conectores, elementos que asseguram a ligação entre as diferentes partes


do texto, podem marcam vários tipos de relações (adição, oposição,
causalidade, consecução, …)
ex.: desde ... relativamente a .... embora ... , etc.

Texto

UM CONDIMENTO QUE TAMBÉM CURA

Quem não gosta em Moçambique de um caril acompanhado de um


bom achar de manga ou de limão? Quem não aprecia uma boa galinha
assada na brasa e uma pitada de piri-piri?
O piri-piri é um condimento quase obrigatório na dieta alimentar de
milhões de moçambicanos que diariamente o utilizam simples ou preparado de
diversas maneiras e para os mais diversos paladares. Mas será que todos os
que consomem piri-piri sabem que ele também serve para curar e que é usado
no campo farmacêutico?
Convidamo-lo a viajar connosco por este mundo quente, gostoso e
também terapêutico do piri-piri. Quem viajar por Moçambique e visitar os seus
mercados encontra efectivamente um produto que nunca falta – o piri-piri.
Verde ou vermelho maduro, encontramo-lo exposto para venda em todas as
bancas, quer em molhinhos, quer aos montes para venda a peso. São dos
mais diversos tamanhos, variando também na intensidade do seu picante. E

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quem utiliza sabe exactamente em que prato o vai pôr, pois o tamanho e o
picante fazem parte dos segredos da culinária tradicional moçambicana.
Desde o denominado “sacana”, muito pequeno mas autêntica pólvora
picante, ao malagueta comprido e volumoso que até pode ser recheado com
frutos do mar ou carne moída, um prato tradicional e antigo da Ilha de
Moçambique, de Quelimane e de Inhambane, importantes pólos de culinária
tradicional multicultural, o “capscum frutescens” (nome científico desta espécie
vegetal) tem diferentes designações nas diversas línguas moçambicanas como
piri-piri.
Embora em alguns supermercados já apareça piri-piri preparado em
forma de achares, seja de manga, limão, ou em pickles, a verdade é que a
nível nacional, esses produtos são ainda e na maior parte de fabrico caseiro,
longe de serem produzidos em escala industrial para consumo interno e
exportação.
Se assim acontece com o condimento, podemos também afirmar que,
relativamente ao plantio, a sua produção está ainda limitada às pequenas
quintas ou machambas familiares, praticamente não existindo herdades.

OS FÁRMACOS E O PLANTIO DO PIRI-PIRI

Se relativamente à culinária já vimos a utilidade do “capscum


frutescens”, vamos conhecer agora, também o seu uso no campo farmacêutico.
Do piri-piri extrai-se um óleo especial denominado “capcino” e que é utilizado
na preparação de certas pomadas quentes como as que se usam para curar
dores musculares. Importante, também, é referir que dele se preparam
medicamentos contra vermes.
Ao nível da tradição do centro e do sul de Moçambique afirma-se que,
utilizado em certos molhos, é um bom purgante e que o piri-piri “sacana” serve
até para baixar febres. Mas isto não está ainda estudado de modo científico
pelo que fica aqui apenas como apontamento à margem da sua real utilização
como fármaco. Temos, portanto, um pequeno fruto de uma planta que não
apenas condimenta mas também serve para curar. Daí a sua importância
económica e o seu valor como produto de utilidade confirmados.
Antes de darmos alguns dados sobre a cultura do piri-piri, e apenas
como curiosidade, diremos que, apesar de picante, o piri-piri é muito apreciado
pelos pássaros, sendo por isso que os ingleses o designam também de
“pimenta para pássaros”.
Por outro lado, curioso é também recordar que muitos ocidentais se
questionam e espantam sobre os motivos e as razões que levam as pessoas
africanas e da Ásia do sul, em pleno Verão, a usar muito piri-piri nas suas
comidas. Dizem os “sages” dessas regiões que, ao se condimentarem os
manjares com muito picante na estação do ano mais quente, ajudam a
equilibrar a temperatura interior do corpo com a exterior, que é muito alta,
fazendo com que as pessoas se sintam mais confortáveis. Aliás, tal como
acontece nas mesmas regiões ao tomar-se chá em pleno Verão.
Podemos mencionar que o“capscum frutescens” é uma planta da família
das solanáceas cultivada com incidência nas zonas quentes do mundo. É uma
cultura polianual (uma vez plantada dura todo o ano) mas não é muito exigente
relativamente a solos. Desenvolve-se melhor quando exposta ao sol e tem um

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rendimento de cerca de 800 quilos por hectare, sendo que um grama de
semente produz, teoricamente, uma média de 400 plantas.
Para se assegurar um bom crescimento lançam-se primeiramente as
sementes à terra em viveiros para, só mais tarde, quando a planta atingir oito a
dez centímetros então, ser colocada em sacos de plástico e posta à sombra.
Quando a planta atinge entre 20 e 30 centímetros é então transplantada para o
terreno definitivo. E quando os frutos começam a mudar de verde para
vermelho é tempo de colheita.
Acabamos de viajar um pouco ao sabor quente do piri-piri, e de ver que
não se trata apenas de um condimento, hoje cada vez mais usado no mundo,
mas também um produto de valor farmacêutico.

Calane da Silva
In Revista Índico
I. Leitura e compreensão do texto

Questões
1. O título do texto que acabou de ler é: “Um Condimento que também cura”.
- Explique o seu sentido por tuas palavras.
2. Que utilidades do piri-piri são apontadas no texto?
3. Qual é o nome científico do piri-piri?
4. O que é o capcino?
5. Aponte os aspectos “curiosos” do piri-piri, referidos no texto.
6. Qual é o objectivo do texto?
7. “Se em todo o país plantam as sementes, podemos também afirmar que,
relativamente ao plantio, a sua produção está ainda limitada às pequenas quintas
ou machambas familiares...”
a) Classifica, morfologicamente, as palavras acima sublinhadas.
a) Qual é o processo que resultou na palavra “plantio”? Em que consiste?
8. Quem é o destinatário da mensagem deste texto?
9. Que nível de língua foi usado no texto?
II. Exercício

1. Identifica no texto os seguintes aspectos no texto:


a) Delimita as partes do texto.
b)Identifica:
- enunciados expositivos
- enunciados explicativos
- conectores
- frases na forma passiva
- frases relativas
- nominalizações
- frases com verbos no presente

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