O Brasil agrário é marcado por contrastes. De um lado, há o Brasil do agronegócio, em que
predominam as grandes propriedades e as relações capitalistas de produção (trabalho assalariado, mecanização intensa, monocultura, produção em grande escala e concentração de poder político e econômico nas mãos de empreendedores). Do outro lado, convivem diferentes formas de ocupação da terra. Existe a pequena agricultura familiar, com produtos destinados a abastecer o mercado interno, com produtos destinados a abastecer o mercado interno, com diversificação da produção e intensa necessidade de mão de obra. Temos, ainda, produtores que vivem em minifúndios e com grande dificuldade de assegurar sua subsistência. Esses modelos apresentados são extremos, pois, entre eles, ainda há as pequenas e médias propriedades, parcialmente mecanizadas, às vezes, com uso coletivo de maquinaria e forte cooperativismo. No agronegócio, a escolha do produto a ser plantado de forma intensiva é feita com base na demanda internacional, já que a produção é destinada majoritariamente à exportação. No Brasil, os principais produtos ligados a essa agricultura são: algodão, café, cana-de-açúcar, soja e laranja. As principais regiões produtoras do país são Sul, Sudeste e Centro-Oeste com grande extensão de terras férteis, fácil aquisição de insumos agrícolas necessários à atividade e escoamento da produção, facilitado pelo acesso às rotas de exportação. É importante salientar que o país enfrenta sérias questões ligadas à infraestrutura do transporte. A opção que se fez pelo transporte rodoviário, num país de dimensões continentais, leva o Brasil a conviver com uma grande precariedade relacionada a ele. Devido ao excesso de caminhões e às longas distâncias, a malha rodoviária requer vultosos investimentos, que não vêm ocorrendo a contento. Por outro lado, a infraestrutura dos portos e dos aeroportos também tem se mostrado inadequada, diante de uma demanda cada vez maior. As regiões Nordeste e Amazônica vêm sendo incorporadas, cada uma à sua maneira, pela atividade agroindustrial. A soja é um importante motor do desenvolvimento dessa atividade, sendo sua área de maior produção a região Centro-Oeste. Porém, a penetração da soja na floresta Amazônica tem se intensificado desde a década de 1990. A lógica da agroindústria no país pressupõe a incorporação incessante de novas áreas/terras à atividade, tendo em vista que a produção em larga escala garante a competitividade do produto em termos de preço no mercado internacional. O dano ambiental, no entanto, é imenso, e não há nenhuma medida para valorá-lo, já que não é calculado o impacto ambiental causado pela incorporação de novas áreas de fronteira. A fronteira aqui mencionada não se refere necessariamente a uma região distante, vazia no aspecto demográfico, mas às áreas onde ainda existam terras "sem dono", a serem incorporadas ao sistema produtivo capitalista. A soja penetrou durante a década de 1980 e de 1990 na região Centro-Oeste e avançou sobre o Cerrado, o qual sofreu enorme impacto e foi praticamente eliminado. Hoje essa região produtora é uma das maiores do mundo. O Brasil era, em 2002, um dos três principais produtores mundiais de soja, competindo com a Argentina e os Estados Unidos. Essa é hoje a principal cultura agrícola brasileira, com 60 milhões de toneladas colhidas em aproximadamente 21 milhões de hectares dos territórios da soja no Brasil. O agronegócio é uma importante fonte de 87 divisas para o país. Isso se deve a um crescente incentivo ao aumento contínuo da produção, com base na expansão desse tipo de agricultura sobre novas áreas. A escolha desse tipo de atividade, com baixo valor agregado e com forte dependência dos preços ditados internacionalmente, coloca o Brasil em uma situação de fragilidade diante do mercado internacional. Ao longo do século XX, o país passou por importantes mudanças econômicas, atraiu empresas estrangeiras e modernizou seu parque industrial. Com essas transformações, em nossa pauta de exportações poderiam figurar bens de outra natureza e com maior valor agregado. O fato é que, embora o Brasil seja um grande exportador de produtos agropecuários e esteja entre os grandes produtores de alimentos do mundo, nossas exportações não definem mais o peso econômico do país. Nosso comércio exterior representa apenas pouco mais de 1% do total mundial. Outra questão referente a esse tipo de agricultura é que ela é altamente informatizada, utiliza tecnologia sofisticada, é muito produtiva, mas emprega um pequeno número de trabalhadores. Ou seja, esses empresários produzem uma ilha de riqueza, moderna e sofisticada tecnologia, mas cercada por uma grande miséria social e cultural. Fonte: Coleção Viver e Aprender, Ciências Humanas Ensino Médio, 2016.