Você está na página 1de 24

UNIDADE II

CULTURA TEMPORÁRIA X CULTURA PERMANENTE

Prof. Esp. Lidiana Antonioli Dal Bem Pires

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Nesta unidade, é fundamental que você, caro aluno, compreenda os tipos de
culturas encontradas na atividade agrícola e que para cada cultura, o método
de contabilização é diferente. Além disso, como são classificadas as culturas, o
que diferencia uma da outra.

PLANO DE ESTUDOS
Serão abordados nesta unidade, os seguintes conteúdos:
 Cultura temporária;
 Cultura permanente;
 Depreciação/ exaustão e amortização;
 Plano de contas.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
CONVERSA INICIAL
Como já comentado, caro aluno, a partir de agora, você vai adquirir um
conhecimento de extrema importância, principalmente para o futuro profissional
que deseja atuar no ramo de contabilidade rural.
Não tem como ignorar, os métodos de contabilização destas culturas, quando
haverá caso de depreciação, a classificação contábil de um determinado
evento nestas atividades.
Então, a partir de agora, fique ainda mais atento ao que eu tenho a passar para
vocês.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
1. CULTURA TEMPORÁRIA
O feijão, o arroz, a batata, a soja são exemplos típicos de cultura temporária e,
com certeza, acadêmico, fica fácil você não esquecê-los, porque são os
alimentos que consumimos praticamente todos os dias. Mas por que motivo
estes produtos são considerados como cultura temporária?
A resposta é simples: o período de vida, a exemplo disso, temos o feijão, visto
que o espaço entre o seu plantio e a colheita é muito breve e todo o gasto que
o agricultor tiver desde o plantio até a colheita é considerado como um custo,
sendo debitado no grupo do ativo circulante – cultura temporária em formação,
por ser considerado como um estoque em andamento, assim como é no caso
das indústrias.
Depois de realizada a colheita, é executada a baixa desta conta pelo valor de
seu custo e transferida para uma nova conta de Produtos Agrícolas. Conforme
a produção é vendida, é realizada a baixa da Conta de Produtos Agrícolas e
transferida para a conta de Custo do Produto Vendido (DRE), podendo, assim,
apurar o resultado do período. Como despesas do período, podemos
considerar os seguintes gastos: taxas bancárias, pessoal de escritório,
comissão de vendedores.
Vamos ao exemplo prático de contabilização de cultura temporária:
A Cia. Batata Purê prepara muitos hectares para plantar batata com qualidade,
voltado para produtos alimentícios. Sabendo-se que o ciclo vegetativo da
batata não ultrapassa 90 dias, que o período de semeadura será entre março e
junho, que o ano agrícola, e consequentemente, o exercício social, está fixado
para 31/12, os custos para a referida cultura foram:

Cultura da batata: de julho a outubro Em R$


Adubo 48.600,00
Semente 64.150,00
Outros Custos 27.100,00
Mão-de-obra – Serviços de terceiros:
Lavra, plantação, desbaste, capina, colheita 35.500,00
Novembro:
Armazenamento em paiol (um mês, aluguel) 2.850,00

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
A colheita totalizou 29.400 sacas; em 30/11, a produção foi totalmente vendida,
à vista 60% e a prazo 40%, a R$ 29,70 a saca. Considerando-se que todos os
custos acima foram à vista, que a empresa contraiu despesas operacionais no
período, no total de R$ 53.300,00, vamos apurar o lucro operacional do
período, sabendo-se que a situação patrimonial ao final de agosto era:

ATIVO PASSIVO
Circulante 196.075,00 Circulante 89.280,00
Disponível 161.675,00 Fornecedores 76.030,00
Cultura em formação 0,00 Empréstimos 13.250,00
Produtos agrícolas 34.400,00 Exig. Não Circulante 14.000,00
Não Circulante 159.495,00 Financiamento 14.000,00
Real. a longo Prazo 7.375,00 Patrimônio Líquido 252.290,00
Imobilizado 152.120,00 Capital 450.475,00
Prejuízo (198.185,00)
TOTAL 355.570,00 TOTAL 355.570,00

Observações:
- O estoque de produtos agrícolas no valor de R$ 34.400,00 deve permanecer
no balanço.
- Está-se admitindo que não houve depreciação e que todo o Imobilizado é
composto de maquinários. O Realizável a Longo Prazo é composto por
duplicatas a receber.
- As despesas operacionais são compostas por:
 Salários dos funcionários da administração da empresa pagos no período:
R$ 13.850,00;
 Seguro da propriedade pago à vista: R$ 11.700,00;
 Multa fiscal pago à vista: R$ 7.825,00;
 Manutenção de três veículos da fazenda – pagamento 30 dias: R$ 3.470,00;
 Reforma da área de lazer, pagamento 45 dias: R$ 12.975,00;
 Pagamento à vista de fretes: R$ 3.480,00;
Pede-se: Contabilizar as operações e apresentar as demonstrações
financeiras.

Resolução
Primeiramente é necessário fazer os lançamentos contábeis
D - CULTURA TEMP. EM FORMAÇÃO
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
C – CAIXA 175.350,00

D - PRODUTOS AGRÍCOLAS
C - CULTURA TEMP. EM FORMAÇÃO 175.350,00

D - PRODUTOS AGRÍCOLAS
C – CAIXA 2.850,00

D - CLIENTES A RECEBER 349.272,00


D – CAIXA 523.908,00
C - VENDAS À VISTA 523.908,00
C - VENDAS A PRAZO 349.272,00

D – CPV
C - PRODUTOS AGRÍCOLAS 178.200,00

D- SALÁRIOS
C – CAIXA 13.850,00

D – SEGURO
C – CAIXA 11.700,00

D - MULTA FISCAL
C – CAIXA 7.825,00

D - MANUTENÇÃO DE VEICULOS
C – FORNECEDOR 3.470,00

D - MANUTENÇÃO DA SEDE
C – FORNECEDOR 12.975,00

D - FRETES E CARRETOS
C – CAIXA 3.480,00

02º Passo, fazer os razonetes


03º Passo, apurar o resultado

DRE
VENDAS 873.180,00
(-) CPV -178.200,00
(=) LUCRO BRUTO 694.980,00
(-) DESPESAS
OPERACIONAIS -53.300,00
(=) REULTADO 641.680,00

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
Obs.: Apresentado DRE sintética.
04º Passo encerrar as contas de resultado, inclusive apresentar no razonete.
E o último passo, fazer o Balanço Patrimonial

ATIVO 1.013.695,00
CIRCULANTE 854.200,00
DISPONÍVEL 470.528,00
PROD.
AGRÍCOLAS 34.400,00
CLIENTES A RECEBER 349.272,00
ATIVO NÃO CIRCULANTE 159.495,00
DUPLICATAS A RECEBER 7.375,00
IMOBILIZADO 152.120,00

PASSIVO 1.013.695,00
CIRCULANTE 105.725,00
FORNECEDOR 92475
EMPRÉSTIMO 13.250,00
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 14.000,00
FINANCIAMENTO 14.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 893.970,00
CAPITAL 450.475,00
LUCRO 641.680,00
PREJ. -198.185,00

Indicação de recurso didático


Acadêmico, agora assista ao vídeo, sobre o Manejo na Cultura do Milho:

Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=vZh1xs_k5BU>. Acesso em 20 de jul. de


2018.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
2 CULTURA PERMANENTE

Como já foi discutido, nesta unidade serão abordados os tipos de culturas


existentes na atividade agrícola. Anteriormente, foi abordado sobre a cultura
temporária e agora vou comentar sobre o Método de Contabilização de Cultura
Permanente. Diferente da temporária, a cultura permanente proporciona várias
colheitas durante o ano.
De acordo com Crepaldi (2012, p. 110), as culturas permanentes “são aquelas
não sujeitas ao replantio após a colheita, uma vez que proporcionam mais de
uma colheita ou produção, bem como apresentam prazo de vida útil superior a
um ano”. Como exemplo de Culturas Permanentes, tem-se: cana-de-açúcar,
uvas, café.
Os custos de formação são classificados no Ativo Imobilizado, sendo o nome
da conta contábil Cultura Permanente em formação. Depois que houve a
formação, o saldo da conta é transferido para a conta Cultura Permanente
Formada, também inclusa no Ativo Imobilizado.
Em seguida, a cultura formada, iniciará sua primeira colheita. No período que
ocorre a primeira floração, os custos de formação, bem como, maturação,
deverão ser contabilizados em Estoque – Colheita em Andamento – Ativo
Circulante. Acadêmico, nesta fase, também deverão ser contabilizadas as
quotas de depreciação/exaustão.
Quando se encerra a colheita, o saldo da conta Colheita em Andamento deverá
ser transferido para conta de Produtos Agrícolas – Estoque. Os custos também
como silagem e acondicionamento, por exemplo, também deverão ser
classificados na conta Produtos Agrícolas. Logo depois, é só dar baixa nesta
conta e apurar o custo do produto vendido.
Caro aluno, vale lembrar que no período da cultura em formação, todos os
custos serão acumulados nesta conta, também incluem-se os adiantamentos
concedidos a fornecedores. Pode haver outros custos indiretos que deverão
ser rateados (utilizar algum critério de rateio) caso exista mais culturas, e
apropriados à conta Cultura Permanente em Formação.
Resumo do Lançamento Contábil

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
Pela formação da cultura
D – Cultura Permanente em Formação – Ativo Imobilizado
C – Contas a pagar, caixa, banco
Término da formação
D – Cultura Permanente Formada
C – Cultura Permanente em Formação
Período de formação do produto
D – Colheita em andamento – Ativo Circulante
C – Contas a pagar, caixa, banco
Término da Colheita
D – Produtos Agrícolas
C – Colheita em andamento
Pelas vendas
D – Caixa, contas a receber
C – Venda do Produto agrícola
Pela apuração do resultado
D – Custo do Produto Vendido
C – Produtos agrícolas
Exemplo de Contabilização – Cultura Permanente
A Fazenda Bom Dia apresenta o seguinte Balanço Patrimonial em 31.12.x5

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Disponível Fornecedores 42.230,00
Banco 32.400,00 Impostos a pagar 7.460,00
Estoques Salários a pagar 12.380,00
Prod. Agrícola Soja 6.150,00
Prod. Agrícolas Laranja 7.320,00
Cult. Temp. Form. Soja 3.300,00
Passivo Não Circulante
Ativo Não Circulante Exigível Longo Prazo
Realizável Longo Prazo Patrimônio Líquido
Imobilizado Capital Social 180.000,00
Terras 40.000,00 Res.de Capital 1.600,00
Laranjeira 33.000,00 Lucros Acumulados 7.600,00
Trator 73.000,00
(-) Deprec. Acum. Trator (7.300,00)
Colheitadeira 55.000,00
(-) Deprec. Acum. Colheit. (5.500,00)
Móveis e Utensílios 8.000,00
(-) Deprec. Acum. Móveis (800,00)
Cultura em Formação
Cult. Perm. Formação Cafeeiro 6.700,00
TOTAL DO ATIVO 251.270,00 TOTAL DO PASSIVO 251.270,00

São efetuadas as seguintes operações a partir de 02/01/x6


Terminou o plantio da soja, cujos custos foram:
- Insumo à vista 3.400,00
- Adubos a prazo 2.900,00
- Mão de Obra paga 3.150,00
- Outros Custos a prazo 980,00

Foi necessária a obtenção de um empréstimo no valor de R$15.000,00, para


pagar em 02/12/x6, com juros totais de 15% ao ano, sendo devolvido junto com
o valor principal.
A empresa está em processo de formação da cultura permanente do cafeeiro,
obteve os seguintes custos pagos à vista:

- irrigação 1.900,00
- adubos 1.320,00
- sementes 2.250,00
- mão-de-obra 1.800,00

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
Foi vendida a laranja constante em estoque à vista, pelo valor de R$20.200,00.
A empresa iniciou a colheita da próxima safra de laranja, obtendo os seguintes
custos:
- Mão de obra paga R$ 1960,00
- Outros custos a prazo R$ 780,00

A depreciação do trator e colheitadeira é distribuída: metade para a soja e


metade para a colheita da laranja, pois é utilizado na manutenção da colheita
por meio do cálculo pelo ano de vida útil.
- Depreciação do trator: 10% aa
- Depreciação colheitadeira: 10 aa
- Depreciação de móveis e utensílios: 10% aa
- Depreciação da laranjeira: 5%aa
A colheita da soja foi totalmente concluída (inclusive a cultura em estoque),
efetuou-se a venda de 1/3 da produção e também o saldo constante em
estoque, à vista, pelo valor de R$22.500,00.
As Despesas Operacionais pagas à vista foram:
- Despesas com vendas 820,00
- Administrativa (não inclui depreciação) 880,00
- Desp. com armazenagem 1.200,00

Além de todos os gastos, a empresa ainda teve custos finais com as culturas
de cafeeiro em formação, no valor de R$840,00, e da laranjeira de R$610,00, a
prazo.
A colheita da laranjeira foi concluída, ficando em estoque. A cultura em
formação do cafeeiro está no 3º ano.
Apurar o Resultado do período, apresentar o Balanço Patrimonial e a DRE.

RESOLUÇÃO:
1) Pelos gastos:
D - Cultura em formação soja
- Outros custos – 980,00

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
- Adubos – 2.900,00
C - Fornecedores_____________ 3.880,00
D - Cultura em formação soja
- Mão-de-obra – 3.150,00
- Insumos – 3.400,00
C - Banco__________ 6.550,00

2) Pela aquisição do empréstimo:


D - Banco
C - Empréstimos bancários_____ 15.000,00
D - juros passivos
C - Empréstimos a pagar________ 2.250,00

PELO PGTO:
D - Empréstimos a pagar
C - Banco_____________ 17.250,00

3) Custo cultura em formação do cafeeiro:


D - Cult. perm. em formação cafeeiro (IMOBILIZADO)
- Irrigação – 1.900,00
- Adubos – 1.320,00
- Sementes – 2.250,00
- Mão-de-obra – 1.800,00
C – Bancos __________ 7.270,00

4) Pela venda laranja - estoque


D - Banco
C - Venda _______ 20.200,00
D - CPV
C - Prod. Agrícola de laranja_______ 7.320,00

5) Custos colheita laranja:

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
D - Colheita andamento laranja
- Mão-de-obra – 1.960,00
C - Banco________________ 1.960,00
D - Colheita andamento laranja
- Outros Custos
C – Fornecedores __________ 780,00

6) Pela depreciação do trator (73.000,00 x 10%)


D - Cultura temp. formação soja
C - Deprec. acum. Trator ______ ___ 3.650,00
D - Colheita andamento laranja
C - Deprec. acum. Trator ________ 3.650,00

7) Depreciação do laranjeira
D - Colheita andamento - laranjeira
C - Deprec. acum. Laranjeira ______ 732,00

8) Depreciação móveis
D - Depreciação (desp)
C - Deprec. acum. Móveis _____ 800,00 (8.000,00 X 10%)

9) Depreciação colheitadeira (55.000,00 X 10%)


D - Cultura temp. formação soja
C - Deprec. acum. colheitadeira ___ 2.750,00
D - Colheita andamento laranja
C - Deprec. acum. Colheitadeira _______ 2.750,00

10) Pela transf. prod. acabado (3.880,00+6.550,00+3.650,00+2.750,00)


D - Prod. agric. soja
C - Cultura temp. form. soja ________ 3.300,00
D - Prod. agric. soja
C - Cultura temp. form. soja ________ 16.830,00

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
11) Pela venda prod. soja 1/3:
D - Banco
C – Venda _______ 22.500,00
D – CPV
C – Produção agrícola soja ______ 12.860,00 (16.830+3300 = 20.130/3=
6.710,00 + 6.150,00)

12) Pela desp. operacionais


D – Despesas administrativas
C – Banco ____________________ 880,00
D – Despesas com vendas
C – Banco ___________________ 820,00
D – Despesa com armazém
C – Banco __________________ 1.200,00

13) Custos Finais:


D – Cult. perm. form. cafeeiro
C – Fornecedor __________ 840,00
D – Colheita andamento - laranja
C – Fornecedor __________ 610,00

14) Pela transferência, produto acabado - laranja:


D - Produção agrícola - laranja
C - Colheita andamento laranja ______ 10.482,00

DRE – DEMONSTRAÇÃO RESULTADO EXERCÍCIO – Em X7

Receita Operacional ___________42.700,00


Vendas _____42.700,00
(-) Custos Prod. Vendidos ______ 20.180,00
CPV ____ (20.180,00)
(=) Lucro Bruto ______________ 22.520,00
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
(-) Despesas ________________ (5.950,00)
Vendas – 820,00
Administ.– 880,00
Deprec.- 800,00
Armazenagem – 1.200,00
Juros Passivos- 2.250,00
(=) Lucro Líquido ___________ 16.570,00

Encerramento das contas de resultado


D – Vendas
C – Contas resultado ______ 42.700,00
D – Conta resultado
C – CPV _______________________ 20.180,00
D – Conta resultado
C – Despesas com vendas ___________ 820,00
D – Conta resultado
C – Despesas administrativas _________ 880,00
D – Contas resultado
C – Depreciação __________ 800,00
D – Contas resultado
C – Despesas com armazenagem _____ 1.200,00
D – Contas resultado
C – Juros passivos _______ 2.250,00
D – Conta resultado
C – Lucro acumulados ____ 16.570,00

BALANÇO PATRIMONIAL - EM X7

FAZENDA BOM DIA S/A


Ativo Passivo
Circulante Circulante
Bancos 54.170,00 Fornecedores 48.340,00
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
Prod. Agrícola Soja 13.420,00 Impostos a pg 7.460,00
Prod. Agrícola Laranja 10.482,00 Salários a pg 12.380,00
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
Imobilizado Patrimônio Líquido
Terras 40.000,00 Capital Social 180.000,00
Laranjeira 33.000,00 Reserva Capital 1.600,00
Trator 73.000,00 Lucros Acumulados 24.170,00
Colheitadeira 55.000,00
(-) Deprec. Acum. Trator (14.600,00)
Móveis e Utensílios 8.000,00
(-) Deprec. Móveis (1.600,00)
(-) Dep. Acum. Laranj. (732,00)
(-) Deprec. Acum. Colheit. (11.000,00)
Cult. Perm. Form. Café 14.810,00
Total do Ativo 273.950,00 Total do Passivo 273.950,00

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
3 DEPRECIAÇÃO/ EXAUSTÃO/ AMORTIZAÇÃO

Antes de comentar sobre os casos que sofrem depreciação, bem como


exaustão e amortização, vamos relembrar os conceitos de cada um deles.
Para Crepaldi (2012, p. 130), “depreciação, quando corresponder à perda do
valor dos direitos que tem por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou à
perda de utilidade por uso, ação de natureza ou obsolescência”.
Ainda para Crepaldi (2012, p. 130), “exaustão, quando corresponder à perda do
valor, decorrente da sua exploração de direitos cujo objeto seja recursos
minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração”.
Amortização, para Santos et al (2008, p. 88), “refere-se à aquisição de direitos
sobre os empreendimentos de propriedade de terceiros”.
Essas ações devem ser contabilizadas conforme a Lei 6.404/76 – Lei das
Sociedades por Ações, por representarem a perda da utilização do bem ou
direito, independente da obsolescência ou da ação da natureza.
Estimado(a) aluno(a), em que casos, na contabilidade rural, ocorrem a
depreciação/ exaustão e a amortização? Como deverão ser os cálculos e de
que forma será registrado o fator contábil?
Na contabilidade rural, só deverá ocorrer depreciação quando houver
empreendimentos próprios da empresa, da qual serão extraídos os frutos. Os
exemplos mais típicos estão na cultura permanente. Um exemplo é a laranja,
pois ela é o próprio fruto.
Logo, toda cultura que produzir frutos, com certeza, terá depreciação. Não se
pode esquecer também dos ativos Imobilizados como veículos, máquinas que
também sofrem depreciação sendo comuns em outras atividades.

Reflita
Assim como em outras áreas é necessário contratar um profissional para avaliar o estado do
Bem e sua taxa de depreciação, na atividade agrícola não se torna diferente. Nada melhor do
que o próprio agricultor, técnicos em agronomia para verificar a taxa de depreciação, pois eles
conhecem bem a vida útil da produção de uma árvore.

Reflita
Você sabia que os animais de trabalho, gado reprodutor, sofrem também depreciação?
Pois então, todo animal que estiver contabilizado no Ativo Imobilizado estará incluído na
depreciação, pois com o passar do tempo, estes perdem a capacidade de produção ou
trabalho.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
Exemplo de cálculo de depreciação do touro:
 Valor contábil: R$ 4.000,00
 (-) Valor residual: R$ 1.600,00
 (=) Valor depreciável: R$ 2.400,00
 Taxa de depreciação: 13%
 Depreciação 1º ano: R$ 312,00
Ativo Não Circulante
Imobilizado
Touro ______________R$ 4.000,00
(-) Dep. Acumulada ___ R$ 312,00
Valor líquido _________R$ 3.688,00

Obs.: A depreciação também pode ser definida em porção monetária além de


R$ (reais), também em Ufir.
Exemplo: imagine que a cultura de laranja, em que as laranjeiras possuam uma
vida útil de 15 anos, e utilizam de recursos no valor de 40.000 Ufir para sua
formação e ainda tem-se uma taxa de depreciação de 6.67%, que será
aplicada sobre o montante da cultura. Qual será o valor da depreciação,
supondo que o valor de cada Ufir corresponde a $ 0,9108? Qual o lançamento
contábil?
D – Colheita em Formação-Laranja
C – Dep. Acumulada Laranjal R$ 2.430,01
Para exemplos de exaustão não podemos nos esquecer de que toda cultura
que tiver a extração do caule, permanecendo apenas a raiz, haverá exaustão.
Vale se atentar os seguintes pontos para exaustão:
1º Quantidade de cortes;
2º Produção por corte;
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
3º Produção no período;
4º Valor da aquisição ou formação;
Numa determinada área de reflorestamento com 40.000 eucaliptos, cujo custo
de formação foi de R$ 200.000,00, com previsão de quatro cortes, a cota de
exaustão será de 25% por corte.
Qual será o custo de exaustão, supondo que no primeiro ano de corte, houve a
colheita de 19.200 árvores?
Percentual = 19.200/ 40.000 = 0,48 ou 48%
Cálculo da exaustão = 0,48 extraídas x 0,25 exaustão x R$ 400.000,00 = R$
48.000,00
Já demos o conceito de amortização, agora é oportuno compreender os
critérios que podem ser utilizados.
 Amortização em forma de linha reta;
 Proporcional à produção estimada anualmente.
Exemplo do cálculo da Amortização de uma fábrica que compra o direito de
explorar um laranjal por 03 anos, pelo valor de 15.000 Ufir.
15.000 Ufir/ 03 anos = 5.000 Ufir/ ano
Obs.: Considerar o valor do Ufir $ 0,9108
D – Colheita em Andamento Laranjal
C – Amortização laranjal $ 4.554,00

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
4 PLANO DE CONTAS
Apresento agora o modelo de plano de contas Rural, com algumas contas
dispostas, segundo a Legislação.

1. Ativo
1.1 Circulante
1.1.1 Disponível
1.1.1.01 Bens Numerários
1.1.1.02 Bancos c/ Movimento
1.1.2 Direitos Realizáveis - Clientes e Títulos
1.1.2.01 Duplicatas a receber
1.1.2.02 Títulos a receber
1.1.2.03 (-) Duplicatas Descontadas
1.1.3 Direitos Realizáveis – Outros Créditos
1.1.3.1 Adiantamento a Fornecedor
1.1.3.2 Adiantamento a Empregados
1.1.3.3 Impostos a Recuperar
1.1.4 Circulante - Estoques
1.1.4.1Rebanhos Bovinos em Formação
1.1.4.1.01 Bezerros de 0 a 12 meses
1.1.4.1.02 Bezerras de 0 a 12 meses
1.1.4.1.03 Novilhos de 13 a 24 meses
1.1.4.1.04 Novilhas de 13 a 24 meses
1.1.4.1.05 Novilhos de 25 a 36 meses
1.1.4.1.06 Novilhos de 25 a 36 meses
1.1.4.1.07 Garrotes (tourinhos) acima de 25 meses
1.1.4.1.20 (-) Provisão para despesas de distribuição
1.1.4.2 Outros Rebanhos
1.1.4.2.01 Equinos
1.1.4.2.02 Caprinos
1.1.5 Circulante – Culturas Temporárias em Formação
1.1.5.1 Cultura de Milho

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
1.1.5.2 Cultura de Soja
1.1.6 Despesas do Exercício Seguinte
1.2 Não Circulante
1.2.1 Realizável a Longo Prazo
1.2.2 Investimentos
1.2.3 Imobilizado
1.2.3.1 Pastagens Artificiais Formadas
1.2.3.2 Pastagens Artificiais Melhoradas
1.2.3.3 Instalações Pecuárias
1.2.3.4 Veículos
1.2.3.5 Móveis e Utensílios
1.2.3.6 Rebanhos Permanentes
1.2.3.6.01 Reprodutores
1.2.3.6.02 Matrizes
1.2.3.6.20 (-) Depreciação de Rebanhos
1.2.3.7 Culturas Permanentes em Formação
1.2.4 Intangíveis
1.2.4.1 Marcas e Patentes
1.2.4.2 Pesquisa e desenvolvimento de Produtos
2. Passivo
2.1 Passivo Circulante
2.1.1 Fornecedores
2.1.2 Empréstimos e Financiamentos
2.1.3 Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias
2.1.4 Outras Obrigações
2.2 Não Circulante
2.2.1 Exigível a Longo Prazo
2.3 Patrimônio Líquido
2.3.1Capital Social
2.3.2 Reservas
3. Receitas
3.1 Receita Op. Bruta

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
3.1.1 Receitas de Vendas
3.1.1.1 Gado Bovino
3.1.1.2 Outros Animais
3.1.2 Vendas de Serviços
3.1.3 Deduções da Receita Bruta
3.1.3.1 (-) Vendas Canceladas
3.1.3.2 (-) Impostos Incidentes s/ Vendas
4. Custos e Despesas
4.1 Custo de Produção
4.1.1 Custos dos Rebanhos Bovinos
4.1.2 Custos da Produção Agrícola
4.2 Custo dos Produtos/ Serviços Vendidos
4.3 Outros Gastos
4.3.1 Gastos com Pessoal
4.3.2 Despesas com veículos
4.3.3 Despesas com máquinas pesadas e equipamentos
4.3.4 Despesas financeiras
4.3.5 Outras Despesas Administrativas
4.3.6 Receitas Financeiras
4.3.7 Provisão para Imposto de Renda
4.3.8 Resultado do Exercício
Fonte: Elaborado pela autora.

Indicação de recurso didático


Pessoal, para melhor compreensão do conteúdo, principalmente em relação à Contabilização
da Cultura Permanente, indico a obra de José Carlos Marion – Contabilidade Rural:
Contabilidade Agrícola, Contabilidade da Pecuária e Imposto de Renda – Pessoa Jurídica.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
Autor: José Carlos Marion
Edição: 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Disponível em: Biblioteca Virtual da Unifamma.
Sinopse: Este texto, utilizando-se de uma abordagem atual, prática e objetiva, vem preencher
uma lacuna na bibliografia de Contabilidade Rural, no Brasil, e atender à necessidade de um
texto com conteúdo programático adequado ao ensino e à prática profissional. Em primeiro
lugar, trata da Contabilidade Agrícola, onde são destacadas as diferenças básicas na
contabilização das culturas temporárias e permanentes, bem como é analisado o tratamento
contábil que deve ser dado ao desmatamento e preparo do solo para o cultivo. Um dos pontos
altos aqui abordados é o tratamento da depreciação na agropecuária. Além disso, o Autor
introduz um plano de contas para empresas agrícolas e faz comentários sobre o funcionamento
das principais contas. Em segundo lugar, discorre sobre a Contabilidade de Pecuária e trata
pormenorizadamente do método de custo, do custo na pecuária, bem como do método do valor
de mercado. Em terceiro lugar, trata do Imposto de Renda aplicado à atividade rural. Em
resumo, o conteúdo deste livro é o seguinte:

- conceitos básicos da atividade rural: agrícola, zootécnica e agroindustrial;


- ano agrícola X exercício social; forma jurídica de exploração na agropecuária;
- fluxo contábil na atividade agrícola: culturas temporárias, permanentes, correção monetária;
- novos projetos agropecuários e gastos com melhorias;
- depreciação na agropecuária; casos de exaustão e amortização;
- planificação contábil e operacionalização do plano de contas; inventário periódico e
permanente; sistema auxiliar de contas;
- contabilidade da pecuária; classificação do gado no balanço patrimonial;
- métodos do custo X método a valor de mercado;
- Imposto de Renda - pessoa jurídica. [...]

Fonte: LivraLivro, 2018.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
CONCLUSÃO
Nesta unidade caro aluno, você pode aprender que na atividade agrícola,
existem dois tipos de culturas, sendo elas, cultura temporária e cultura
permanente, as diferenças físicas entre elas, seus conceitos e principalmente o
método de contabilização.
Vimos que cada ramo de atividade apresenta seu plano de contas, pois
existem particularidades do ramo, até mesmo em processo de contabilização
em culturas diferentes na agricultura.
Também você pode aprender que depreciação ocorre apenas na cultura
permanente, a partir do momento que há o fruto, além disso, ocorre também
amortização e exaustão. Os implementos agrícolas devem ser depreciados em
hora, já que os mesmos, trabalham por hora, em determinados períodos do
ano.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CREPALDI, A. Sílvio. Contabilidade Rural: Uma abordagem decisorial. 07ª


ed. São Paulo: Atlas, 2012.

OLIVEIRA, Fábio. Manejo na Cultura do Milho. Youtube. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=vZh1xs_k5BU>. Acesso em: 12 jun. 2014.

SANTOS, Gilberto José; et al. Administração de Custos na Agropecuária.


03ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.

Você também pode gostar