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Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa

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Reitor
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Sumário
Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa
Objetivos ........................................................................................... 04
Introdução ......................................................................................... 05
1. Prazo Médio de Estocagem e Fabricação .................................. 06
2. Prazo Médio de Recebimento ................................................. 09
3. Prazo Médio de Pagamento (PMP) ......................................... 11
Síntese ............................................................................................ 14
Referências ........................................................................................ 15
Objetivos
▪▪ Elaborar análises críticas sobre as Demonstrações Contábeis.
▪▪ Analisar criticamente os conceitos básicos das informações contidas
nas Demonstrações Contábeis.

4 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


Introdução
A gestão financeira é de grande relevância para as organizações, uma
vez que, por meio de ferramentas gerenciais adequadas ao perfil da atividade,
análises econômico-financeiras são desenvolvidas, dando suporte à tomada de
decisões estratégicas. Medidas que resultem, por exemplo, no aumento dos
prazos médios de pagamentos a fornecedores, na redução dos prazos médios
de recebimento de clientes e os de giro de estoque, acabam por ampliar a
folga em seu fluxo de caixa. Com isso, a necessidade de capital de giro para
pagamento dos compromissos de curto prazo é reduzida, o que diminui
o risco de falência das empresas. Esta unidade de aprendizagem tem por
objetivo demonstrar a importância do uso dos ciclos operacional e de caixa
como instrumentos gerenciais, pelos gestores financeiros das empresas.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 5


1. Prazo Médio de Estocagem e Fabricação
Segundo Assaf Neto (2015), o prazo médio de estocagem (PME) de
uma firma é um indicador de grande relevância, uma vez que, se os custos com
produtos em estoque podem reduzir ou aumentar o preço do item ofertado
aos consumidores, esse intervalo de tempo precisa ser bem monitorado. Ou
seja, decisões mais eficientes em relação à gestão de estoques e das operações
logísticas podem ser tomadas a partir do PME, porque esse indicador revela
os dias que os produtos ficam parados no estoque ao longo do exercício. A
logística trabalha, principalmente, com prazo e giro de mercadorias e, portanto,
quanto menor for o prazo de estocagem, melhor será para a organização.

Quando se trata de gestão de estoques, é de suma importância saber


quais são os produtos com viabilidades econômica e financeira suficientes para
proporcionar o máximo de benefício à empresa. Paralelamente, deve haver
um monitoramento constante do andamento das operações logísticas.

Entre os meios disponíveis para promover esse controle, a determinação


do prazo médio de estocagem é um dos mais relevantes. Por meio desse índice,
o administrador financeiro é capaz de identificar desperdícios, eliminando
investimentos e esforços desnecessários, que acabam por comprometer o
capital de giro. Para muitas firmas, os estoques constituem um dos elementos
que consomem grande volume de recursos, exigindo reposição periódica.
Entretanto, é essencial que essas operações sejam realizadas com base em um
planejamento que considere a liquidez da empresa, indicando o momento e o
volume certo para a reposição.

Resumindo: o prazo médio de estocagem revela o tempo que o


estoque permanece na empresa. Ou seja, determina o intervalo, em dias, que
a empresa leva para poder comercializar os itens que estão no estoque. O
cálculo do prazo médio de estocagem se dá por:

PME = (EM/CMV)*360

Onde:

▪▪ PME = Prazo Médio de Estoque.

6 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


▪▪ EM = Estoque Médio, que diz respeito à média do estoque. É
calculado por meio da soma do estoque inicial com o estoque final,
dividido por dois.
▪▪ CMV = Custo da Mercadoria Vendida, que corresponde ao valor
dos produtos que foram comercializados pela empresa durante
determinado período.

De um modo geral, o resultado final do prazo médio de estocagem é


expresso em dias. Valores mais elevados indicam que os estoques permanecem
mais tempo nas prateleiras da firma. Normalmente, o valor máximo não
supera o período de um ano. Vale dizer que as informações para aplicação na
fórmula são encontradas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
e no Balanço Patrimonial da empresa.

Ainda de acordo com Assaf Neto (2015), no caso das organizações


industriais, este cálculo é desenvolvido com maior complexidade, uma vez que
é preciso dividir este prazo em três:

▪▪ Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima – PME (MP);


▪▪ Prazo Médio de Fabricação – (PMF);
▪▪ Prazo Médio de Produtos Acabados – PME (PA).

PME (MP) = (EMP/MAP) x 360

Onde:

EMP = Saldo Médio de Estoque de Matéria-Prima do Balanço;


MAP = Matérias-Primas Aplicadas na Produção.

PMF = (EPP/CPE) x 360

Onde:

EPP = Saldo de Estoque de Produtos em Processo do Balanço;


CPE = Custo dos Produtos Elaborados.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 7


PME (PA) = (E/CPV) x 360

Onde:

E = Saldo de Estoque de Produtos Acabados do Balanço;


CPV = Custo dos Produtos Vendidos.

Saiba Mais
O Prazo Médio de Estoque (PME) é uma ferramenta de análise
financeira de grande relevância para os administradores financeiros.
Assista às explicações do contador sobre o assunto, por meio do vídeo
indicado. Assista agora

A partir dos números da Cia Hipotética, disponíveis nas Tabelas 1 e 2,


calcularemos alguns dos índices apresentados nessa seção.

Ativo 2016 2015 Passivo 2016 2015


Circulante 5.100.000 4.220.000 Circulante 3.200.000 3.400.000
Caixa 100.000 400.000 Fornecedores 1.600.000 2.000.000
Duplicatas a receber 2.200.000 1.500.000 Salários a pagar 360.000 300.000
Estoques 2.800.000 2.320.000 Impostos a pagar 640.000 600.000
Dividendos a pagar 600,000 500.000
Não Circulante 3.200.000 3.680.000 Não Circulante 2.100.000 1.000.000
Estoques 1.400.000 1.580.000 Exigível a LP 2.100.000 1.000.000
Produtos em Processo 400.000 520.000 Patrimônio Líquido 3.000.000 3.500.000
Matérias-Primas 1.000.000 1.060.000 Capital 3.000.000 3.000.000
Realizável LP (coligadas) 400.000 500.000 Reservas de Lucros 500.000 500.000
Investimentos 500.000 600.000
Imobilizado 600.000 700.000
Intangível 300.000 300.000
Total do Ativo 8.300.000 7.900.000 Total do Passivo 8.300.000 7.900.000

Tabela 1: Balanço Patrimonial da Cia Hipotética S.A. - Exercícios de 2015 e de 2016. Fonte: Do autor.

8 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


DRE - 2016 (R$)
Receita Líquida 8.000.000
(-) CMV 6.500.000
(=) Lucro Bruto 1.500.000
(-) Despesas Operacionais 1.000.000
Despesas de Vendas 300.000
Desp. Administrativas (inclui a Depreciação: R$100.000) 700.000
(=) Lucro Operacional 500.000
(+) Resultado Financeiro [Rec Fin(10.000) – Desp Fin(30.000)] -20.000
(=) Resultado antes do IR e CSLL 480.000
(-) IR e CSLL 144.000
Lucro Líquido 336.000

Tabela 2: DRE da Cia Hipotética S.A. – Exercício de 2016. Fonte: Do autor.

Cálculo do Prazo Médio de Estoque em 2016:

Estoque Médio (EM) = (2.320.000 + 2.800.000) ÷ 2 = 2.560.000


CMV = 6.500.000
PME = (2.560.000/6.500.000) x 360 = 142 dias

Cálculo do Prazo Médio de Estocagem de Produtos Acabados em 2016:

E = 2.800.000
CPV = 6.500.000
PME (PA) = (2.800.000/6.500.000) x 360 = 155 dias

2. Prazo Médio de Recebimento


Para Marion (2012), o Prazo Médio de Recebimento (PMR) é um
indicador financeiro, que está refletido no prazo em que as vendas dão retorno
para a empresa, ou seja, é o período de tempo, em dias, decorrido entre a
venda e o efetivo recebimento de dinheiro.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 9


Conceder crédito aos clientes é uma ótima política no sentido de
incentivar as compras e alavancar as vendas. Essa medida, contudo, envolve
a gestão de risco de crédito, podendo impactar, negativamente, no fluxo de
caixa da organização.

A partir do momento em que são adotadas medidas que possibilitam


o estabelecimento de um prazo médio de recebimento de vendas, a firma deve
analisar se esse prazo é compatível com a média mais viável para o fluxo de
caixa desejado, e se haverá necessidade de capital de giro.

Também é importante notar que os prazos médios de recebimento


podem variar, de acordo com o tipo de negócio e setor de atuação da empresa.
Como exemplo, podemos citar uma loja de departamentos que, ao mesmo
tempo, pode vender alimentos à vista e eletrodomésticos a prazo. Para
determinar o Prazo Médio de Recebimento, utiliza-se a seguinte fórmula:

PMR = (Duplicatas a Receber X 360) ÷ Receita de Vendas

Uma vez que a empresa define seu prazo médio de recebimento, é


chegado o momento de avaliar a sua Necessidade de Capital de Giro (NCG).
Esse índice irá revelar o quanto de capital de giro o negócio precisa ter para
manter as atividades em perfeitas condições de funcionamento, envolvendo
compra, venda, produção, pagamentos de fornecedores e funcionários. A
NCG revela se existe caixa interno, ou se é preciso recorrer ao capital de
terceiros. Determina-se a NCG por meio da fórmula:

NCG = Contas a Receber + Estoque – Contas a pagar

Se o valor da NCG for negativo, significa que os recursos devem


ser obtidos por meio de financiamentos ou empréstimos. Uma empresa
pode adotar medidas no sentido de mitigar os riscos de um prazo médio de
recebimento muito alto. Confira:

▪▪ Negocie prazos melhores com os fornecedores, de modo que o seu


prazo de pagamento fique equilibrado;

10 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


▪▪ Utilize a criatividade, promovendo campanhas de incentivo para
pagamentos à vista, ou antes do final do prazo, no caso de compras
no crediário;
▪▪ Procure gerenciar a inadimplência.

Saiba Mais
Um bom dimensionamento da necessidade de capital de giro é um
fator crítico para a saúde financeira de uma organização. Assista ao
vídeo indicado e confira algumas dicas do consultor sobre o assunto.
Assista agora

Utilizando os dados do BP e da DRE das Tabelas 1 e 2, calcularemos:

Prazo Médio de Recebimento (PMR) no exercício de 2016:

Duplicatas a Receber = 2.200.000


Receita de Vendas = 8.000.000
PMR = (2.2000.000 X 360) ÷ 8.000.000 = 99 dias

Necessidade Líquida de Capital de Giro no exercício de 2016:

Contas a Receber = 2.200.000


Estoques = 2.800.000
Contas a Pagar = 1.600.000 + 360.000 + 640.000 = 2.600.000
NLCG = 2.800.000 + 2.200.000 – 2.600.000 = 2.400.000

3. Prazo Médio de Pagamento (PMP)


De acordo com Perez e Begalli (2015), o Prazo Médio de Pagamento
(PMP) nos diz quantos dias, em média, a empresa demora para pagar suas
compras. Ou seja, quanto tempo o fornecedor terá que aguardar até que a
organização pague as duplicatas decorrentes de compras a prazo.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 11


O Prazo Médio de Pagamentos é um indicador muito importante e
merece atenção especial por parte dos gestores financeiros, no que tange às
suas funções para manter uma organização estável. Ele revela o número de
dias que, em média, uma organização leva para quitar seus compromissos
com fornecedores, e reflete a capacidade negocial da organização junto aos
seus credores, sendo determinado por meio da seguinte fórmula:

PMP = (Fornecedores/Compras) X 360

O PMP, contudo, está sujeito a algumas limitações, pois depende do


saldo de contas a receber que, por sua vez, está relacionado com o volume
de vendas, que podem estar sujeitas a sazonalidade. Desta forma, qualquer
variação positiva ou negativa influenciará o saldo de contas a receber; isso
faz com que o prazo médio de pagamentos seja, muitas vezes, uma medida
inconstante. Este saldo também não diferencia as vendas recentes das vendas
de meses anteriores.

Se considerarmos, uma vez mais, o exemplo da Cia Hipotética S.A.,


o Prazo Médio de Pagamento no exercício de 2016 seria determinado da
seguinte forma:

CMV = 6.500.000
EF = 2.800.000
EI = 2.320.000

O é determinado pela fórmula CMV = EI + Compras – EF. Logo, o


volume de compras pode ser determinado pela fórmula:

C = CMV + EF – EI

Desse modo:

C = 6.500.000 + 2.800.000 – 2.320.000 = 6.980.000

O Prazo Médio de Pagamento da Cia Hipotética S.A. em 2016 seria:

PMP = (1.600.000 ÷ 6.980.000) X 360 = 82 dias

12 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


Saiba Mais
O controle do PMP constitui uma forma importante de melhorar
a situação financeira da empresa, uma vez que, geralmente, o
pagamento das contas possui certo prazo, que é definido e acordado
entre a organização e seus fornecedores. É por isso que o gestor
financeiro precisa compreender esse indicador e saber calculá-lo.
Confira a explicação do professor, por meio do vídeo indicado. Assista agora

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 13


Síntese
Vimos em nossos estudos que o ciclo operacional revela as diversas fases
operacionais de uma organização, ou seja, compras, fabricação, estocagem,
vendas e cobrança. Cada uma dessas etapas possui um determinado prazo.

Aprendemos também que o ciclo de caixa, por sua vez, está diretamente
relacionado com as necessidades de caixa da organização, que aumentam à
medida que os prazos de estocagem e de cobrança crescem em uma proporção
maior que os prazos de pagamento aos fornecedores, e diminuem, quando
ocorre redução dos prazos operacionais dos ativos, acompanhado de aumento
dos passivos operacionais. E finalizamos esta unidade apresentando as
composições dos ciclos operacional e de caixa e dos seus respectivos prazos.

14 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


Referências
AJO GERENCIAL. Como Calcular o Prazo Médio de Pagamento de
Compras. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oS-
z469a0dQ>. Acesso em: 10 jan. 2018.

ASSAF NETO, A. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômico-


financeiro. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2015.

FABRICANDO RESULTADOS. Capital de Giro - Como Calcular a


necessidade? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mXXnAV-
QSRk>. Acesso em: 10 jan. 2018.

FICA ESPERTO. Prazo médio estoque (fácil entendimento)Thiago Martins


Avila. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1obXy2oGZb4>.
Acesso em: 10 jan. 2018.

MARION, J. C. Análise das Demonstrações Contábeis: contabilidade


empresarial. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

PEREZ, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e Análise das Demonstrações


Financeiras. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2015.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 15

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