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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO

GESTÃO DIURNO E PÓS-LABORAL


FISCALIDADE
2º ANO – 1º SEMESTRE ANO LETIVO 2015/2016

EQUIPA DOCENTE: CRISTINA SÁ E FERNANDO AMADO


DURAÇÃO: 2H00M 2ª PROVA ESCRITA 2016/JAN/16

DATA LIMITE PARA DIVULGAÇÃO DE RESULTADOS: 29 DE JANEIRO 2016

Leia atentamente todo o enunciado antes de iniciar a resolução. Responda apenas ao que
lhe é pedido. Seja conciso e preciso. Pode consultar a legislação considerada adequada
pelo docente.
RESPONDA A CADA GRUPO EM FOLHAS SEPARADAS.

Grupo I (7 valores)

1 - Explicite o conceito de lucro e desenvolva o tema da incidência real no âmbito do


IRC. (2 V)

2 - Defina o conceito de transparência fiscal e explicite os seus objetivos e implicações


no âmbito do IRC. (1 V)

3 - Para cada uma das situações seguintes defina os conceitos e faça o enquadramento
fiscal em IRC: (4 V)
3.1 - Mais e Menos Valias.
3.2 - As ajudas de custo pagas aos trabalhadores.
3.3 - Despesas não documentadas.
3.4 - Imparidades sobre clientes.

GRUPO II (13 valores)

4 - A empresa Beta, Lda., dedica-se à prestação de serviços na área da consultoria e tem


a sua sede em Leiria. Relativamente a 2015, conhecem-se os seguintes elementos:

RENDIMENTOS E GASTOS 2015

Vendas e serviços prestados 550.000,00

Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas 50.000,00

Fornecimentos e serviços externos 105.000,00

Gastos com o pessoal 180.000,00

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GESTÃO DIURNO E PÓS-LABORAL – FISCALIDADE
2ª PROVA ESCRITA 2016/JAN/16

Ajustamentos de Inventários (perdas/reversões) 5.000,00

Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) 25.000,00

Provisões (aumento/reduções) 14.000,00

Outros gastos e perdas 3.500,00

Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 167.500,00

Gastos/reversões de depreciação e de amortização 80.000,00

Imparidade de ativos depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) 0,00

Resultado operacional (antes de financiamento e Impostos) 87.500,00

Juros e rendimentos similares obtidos 10.000,00

Juros e gastos similares suportados 3.500,00

Resultado antes de Impostos 94.000,00

Imposto sobre o rendimento do período (estimado) 21.150,00

Resultado líquido do período 72.850,00

a. Prevê-se a atribuição de uma gratificação aos trabalhadores a título de


participação no resultado no valor de 10.000 €. Ao sócio-gerente deve ser
atribuído o montante de 6.000 €. Este gerente possui uma quota correspondente
a 20% do capital social e auferiu durante o período de 2015 uma remuneração
mensal igual ao valor 2.500 €.
b. A contabilidade evidencia um saldo nas ajudas de custo no valor de 2.500 €.
Sabe-se que metade desse valor foi faturado a um cliente e a outra metade tem
um mapa justificativo e está isenta de IRS.
c. As depreciações incluem 6.000 € de uma viatura ligeira de passageiros cujo
valor de aquisição foi de 60.000 €. A viatura foi adquirida em 2015. A taxa
máxima de depreciação do DR 25/2009 é de 25%. Está a ser utilizado o método
da linha reta.
d. Relativamente à viatura ligeira de passageiros está contabilizado como gasto a
totalidade do seguro anual (maio 2015 a abril 2016), no valor de 1.200 €.
e. Está contabilizada uma multa por atraso no fornecimento a um cliente no valor
de 500 €.
f. O mapa de imparidades da contabilidade apresenta a seguinte informação:
Cliente Divida Mora Imparidade
2015

a Empresa Alfa 20.000 € 9 meses 10.000 €

b Câmara Municipal de Leiria 5.000 € 13 meses 5.000 €

c Empresa Gama 15.000 € 7 meses 10 000 €

1) Todos os créditos estão reconhecidos como créditos de cobrança duvidosa.


2) A política de cobranças da empresa Beta obriga a enviar cartas a solicitar a
regularização do pagamento das faturas após 30 dias de vencimento das mesmas.
3) Correm rumores que a empresa Alfa irá entrar em insolvência.
4) A empresa Gama é detida em 25% pela empresa Beta.

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2ª PROVA ESCRITA 2016/JAN/16

g. Os ajustamentos de inventários respeitam a mercadorias cujo valor de aquisição


foi de 12.000 € e o seu valor de venda no mercado é de 10.000 €. Estima-se
que seja necessário suportar custos no valor de 1.000 € para vender as
mercadorias.
h. Em 2015, foi assinado um contrato de incentivos que atribui à empresa um
subsídio para a aquisição de ativos fixos tangíveis. O subsídio financia 75% dos
encargos. Em 2015 foram adquiridos equipamentos no valor de 100.000. A taxa
de depreciação praticada é de 10%. A taxa máxima de depreciação do DR
25/2009 é de 25%. Não foi reconhecido nenhum rendimento relativo a este
subsídio.
i. Foi pago à Associação Empresarial de Portugal o valor de 1.000 €
j. A rubrica de juros e rendimentos incluem, 3.000 € decorrentes da distribuição
de dividendos de uma empresa com sede em Lisboa, na qual a Beta, Lda., detém
uma participação de 30% desde 2012.
k. Foi vendido um conjunto de ativos pelo valor de 25.000 €. O valor contabilístico
era de 20.000€. O coeficiente de desvalorização monetária a aplicar é de 1,05.
De acordo com o diretor financeiro existe intenção de reinvestir 20.000 € na
aquisição de mobiliário.
l. Em 2014 a Beta apresentou um prejuízo fiscal de 95.000 €.
m. Em 2015, o Pagamento Especial por Conta foi de 2.000 €.
4.1 - Determine o lucro tributável para o período de 2015, utilizando todas as informações
que tem disponíveis, na perspetiva de maximização do resultado pós impostos.
Ignore a existência de Derrama. Justifique com base na legislação aplicável todas as
opções que tomar.
(12 V)
4.2 - Determine o valor do Pagamento Especial por Conta a realizar no ano de 2016.
(1 V)

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NOTA:
A resolução a seguir apresentada não se encontra corrigida pelos docentes.
Tudo fizemos para que esta resolução fosse o mais correta possível, contudo devem ter
atenção

Resolução 2º Frequência; 2015/2016 ; Fiscalidade


Grupo I

1. O IRC é um imposto de incidência real pois o mesmo incide sobre “o lucro das
sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, das cooperativas e das empresas públicas
e o das demais pessoas coletivas ou entidades referidas nas alíneas a) e b) do nº1 do artigo
anterior que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou
agrícola.” (artigo 3º nº1 a) CIRC). O lucro sobre o qual incide o IRC é definido como “a diferença
entre os valores do património líquido no fim e no início do período de tributação”, como
podemos conferir no artigo 3ºnº2 CIRC.

A incidência do IRC era recair sobre o Lucro ou sobre o Rendimento Global no caso em
que o sujeito passivo seja residente, isto é, com sede ou direção efetiva. Ou poderá incidir
sobre o lucro imputável ao estabelecimento estável ou sobre o rendimento das diferentes
categorias de IRS, no caso do sujeito passivo ser considerado não residente, isto é, sem sede
ou direção efetiva.

Neste último caso, pode conferir-se que o lucro imputável ao estabelecimento estável
é composto por “os rendimentos de qualquer natureza obtidos por seu intermédio” e por “os
demais rendimentos obtidos em território português, provenientes de atividades idênticas ou
similares às realizadas através desse estabelecimento estável, de que sejam titulares as
entidades aí referidas” como é descrito no artigo 3º nº3 do CIRC.

2. A transparência fiscal é um regime caracterizado pelo facto dos rendimentos


obtidos pelas entidades a ele sujeitas serem imputados aos respetivos sócios,
independentemente da distribuição de lucros. A imputação é feita aos sócios ou membros nos
termos que resultarem do ato constitutivo das entidades aí mencionadas ou, na falta de
elementos, em partes iguais. As entidades sujeitas a este regime estão isentas de pagamento
do IRC (art.º12º), exceto no que respeita ao IRC devido em resultado de tributações
autónomas. Mas não são desobrigadas do cumprimento das obrigações acessórias impostas
pelo CIRC.

Este regime tem como objetivos eliminar a dupla tributação económica, a neutralidade
fiscal e o combate a evasão fiscal. Este regime é de caracter obrigatório para sociedades
residentes e agrupamentos residentes como é conferível no artigo 6º nº1 a) e nº2,
respetivamente.

3.1. As Mais e Menos Valias são os “ganhos obtidos ou as perdas sofridas mediante
transmissão onerosa, qualquer que seja o título por que se opere, e, bem assim, os decorrente
de sinistros ou os resultantes da afetação permanente a fins alheios à atividade exercida (…)”
como está definido no artigo 46º Nº1.

3.2. As ajudas de custo pagas aos trabalhadores podem ser definidas como um abono
compensatório que é atribuído aos trabalhadores que exerçam deslocações em viatura própria
NOTA:
A resolução a seguir apresentada não se encontra corrigida pelos docentes.
Tudo fizemos para que esta resolução fosse o mais correta possível, contudo devem ter
atenção

em prol da empresa. No IRC as ajudas de custo não serão dedutíveis para efeitos fiscais
“sempre que a entidade patronal não possua, por cada pagamento efetuado, um mapa através
do qual seja possível efetuar o controlo das deslocações a que se referem aqueles encargos”
como podemos conferir no artigo 23ºA nº1 (h). Poderá ser dedutível se “haja lugar a

tributação em sede de IRS na esfera do respetivo beneficiário”, como o artigo confere de


seguida.

3.3. As despesas não documentos são todas as despesas efetuadas pela empresa que
não possuem um documento como prova da mesma despesa. No IRC, estas despesas não são
dedutíveis para efeitos fiscais como nos diz o Artigo 23ºA nº1 (b).

3.4. As Imparidades sobre clientes podem ser enquadradas no CIRC no artigo 28ºA e
28ºB onde se confere que podem ser deduzidas para efeitos fiscais, no mesmo período de
tributação ou em períodos seguintes as perdas por imparidade “relacionadas com créditos
resultantes da atividade normal, incluindo os juros pelo atraso no cumprimento de obrigação,
que, no fim do período de tributação, possam ser considerados de cobrança duvidosa e sejam
evidenciados como tal na contabilidade” (Artigo 28ºA nº1 (a)). Grupo II
RAI = 94000 (IRC Incluído) Artigo 23ºA nº1(a)

(A) + 6000€ Artigo 23ºA nº1 (n)

Limite: 33€ Artigo 23ºA nº1 (o)


Excedente: 6000 – 5833.33 = 166.67€

(b) Não se faz nada pois se for faturado a cliente ou possuir mapa é dedutível.

Artigo 23ºA nº1 (r)

(c) Depreciações Fiscal = 25000 * 0.25 = 6250

Depreciações Contabilidade = 6000€

-250€ que não estão contabilizados como gastos.

Artigo 29º Nº1 (a) ; Artigo 34º Nº1 (c)

(d) 2015: 800€

00€
Artigo 18º

(e) É dedutível porque é de natureza contratual Artigo 23ºA Nº1 (e)

(f) A. Ainda não entrou em insolvência Artigo 28ºB Nº1 e 2

PI = 20000*0.25 = 5000€

B. 5000; Artigo 28ºB Nº3 (a)


NOTA:
A resolução a seguir apresentada não se encontra corrigida pelos docentes.
Tudo fizemos para que esta resolução fosse o mais correta possível, contudo devem ter
atenção

C. +10% Artigo 28º B nº3 (d) 10000€

(g) PIf = (12000 – 1000) – 10000 = 1000€

-1000€

Artigo 28º Nº1

(h) Subsídio= 100000 * 0.75 = 75000€

Gasto fiscal = 75000* 0.125 = 9375€

-9375€

Artigo 22º Nº1 (a)

(i) 𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒: 1100€


Artigo 44º Nº1 e 2

BF = 1.5 * 1000 = 1500€

BF não contab. = 1000 – 1100 = -100€

(j) -3000€ Artigo 51º nº1 (a) (b)

(k) QE = 20000€ (VA – Dep. Acm – PI acum) MVE = 25000-20000 = 5000€

MVF = 25000 – 20000 * 1.05 = 4000€

% de Invest. = = 0.8
(l) DF = 95000 €

(m) PFC = 2000€

L. Tributável = 100641.67€

Mat. Coletável = 100641.67 – 95000 = 5641.67

Coleta 2015: 5641.67 * 0.17 = 959.09 Artigo 81º Nº2 (é PME porque VN < 50 Milhões) TA

= 2520€

Pagamento Especial por Conta Artigo 106º Nº2

1% * 550000 = 5500€ > 850€

PEC = [850 + 20% * (5500 – 850) – PPC – 100] * 0.875

= 1470€

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