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Mas o caminho do sucesso do agronegócio brasileiro e sulista não foi trilhado sem
percalços. Gerações passadas, mesmo com grande espírito empreendedor e
aventureiro, não dispunham de facilidades de infra-estrutura, como estradas e
armazéns; a industrialização dos produtos era realizada em máquinas precárias,
como os moinhos coloniais de pedra, os engenhos de cana tocados a força animal;
as dificuldades de transporte de produtos agrícolas in natura ou processados dos
centros produtores aos centros consumidores. A maioria venceu e como prova aí
estão a agricultura moderna, as eficientes agroindústrias e as pujantes cidades do
interior, principalmente do Centro-Sul e Centro-Oeste. Alguns sossobraram no
próprio campo, outros migraram para as cidades; outros aguardam condições mais
favoráveis para mudar de atividade.
A partir dos anos 70, o agronegócio brasileiro entra numa acelerada fase de
modernização, com diversificação da produção, aumento da produção e da eficiência,
notadamente da terra e da mão-de-obra. O aumento da eficiência da mão-de-obra
está relacionada com a mecanização e a disponibilização de energia elétrica. Novas
variedades de culturas e pastagens, aliadas a fertilizantes químicos, defensivos e
práticas culturais mais eficientes permitem que se produza mais, em uma mesma
área. O exemplo mais recente dessa transformação é o soja, que seguido do milho,
torna-se o grande desbravador de novas fronteiras agrícolas, principalmente no
Centro-Oeste. De uma produção de 1,5 milhões de toneladas, no início da década de
70, atinge a mais de 30 milhões de t., nos últimos dois anos, um crescimento de 20
vezes em menos de 30 anos. À transformação nas culturas de soja e milho, segue-se
a espetacular evolução de suínos e aves.
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No aspecto social, a agricultura é o setor econômico que ainda mais ocupa mão-de-
obra, ao redor de 17 milhões de pessoas, que somados a 10 milhões dos demais
componentes do agronegócio, representa 27 milhões de pessoas, no total. É o setor
que ocupa mais mão-de-obra em relação ao valor de produção: para cada R$ 1
milhão, o número de ocupados, em 1995, era de 182 para a agropecuária, 25 para a
extração mineral, 38 para a construção civil. Mesmo reconhecendo-se os benefícios da
transformação de uma sociedade agrária para uma industrial-urbana, não se pode
esquecer que esta tem capacidade limitada de absorver mão-de-obra. Principalmente
em regiões menos desenvolvidas, os setores da agricultura, da agroindustrialização e
de áreas correlatatas serão importantes para o crescimento da renda e do emprego.
No contexto da recente crise cambial, o agronegócio tem sido um fator que minimizou
os desequilíbrios das contas externas do Brasil. A agricultura, além de ser a âncora do
Plano Real contra a inflação, contribuiu decisivamente para as exportações com saldo
comercial setorial positivo da ordem de US$ 11,7 bilhões de dólares em 1997 e de
10,6 bilhões em 1998. Os setores não agrícolas foram altamente deficitários. (Ver
Gráfico 1)
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Em terceiro lugar, o processo de desenvolvimento do agronegócio só se realiza dentro
de um arcabouço legal apropriado. Os contratos entre os diferentes agentes
econômicos têm que ser respeitados, a começar com o direito da propriedade privada.
Concluindo, ressaltam-se 4 pontos básicos sobre o agronegócio: (i) está nas raízes do
nosso processo de desenvolvimento; (ii) contribui decisivamente para a renda,
emprego, exportações, desenvolvimento do interior e equidade regional; (iii) tem
grande potencialidade para sua expansão, por dispormos de terra, mão-de-obra e
tecnologia; e, (iv) para que esta potencialidade se concretize, são necessários políticas
macroeconômicas saudáveis, melhoria da infra-estrutura física (estradas, portos) e
reforma tributária, com diminuição da carga tributária sobre a produção e simplificação
dos procedimentos.