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UNIVERSIDADE ESTADUAL

DO PIAUÍ - UESPI
FLORIANO - PI - CAMPUS DRª JOSEFINA DEMES
Curso: Bacharelado em Administração de Empresas
Disciplina: Gestão em Agronegócio – Bloco VIII
Professor: Adm. Esp. José Lemos de Melo – CRA – PI 1525
(9921-4087/ 3521-3662: lemos2210@hotmail.com)
UESPI – Floriano
Bloco VIII – 2014

Gestão em Agronegócio
Conceitos e dimensões
Título
Ementa - conteúdo
 A empresa rural: definição, tipos e estrutura no mercado
brasileiro.
 Produção agrícola: especificidades e sistemas gerenciais - FAN
pág. 13
 Sistemas Agroindustriais: definições e correntes metodológicas
– GAI pág. 1
 Ambiente agrícola e Planejamento Estratégico – AN pág. 131
 O mercado de insumos e implementos – FAN pág.33
 Custeio, precificação e bolsa de mercadorias – AN pág.72
 Estrutura logística na cadeia produtiva agroindustrial – GAI
pág. 184
 Comercialização agrícola e sistemas de qualidade – GAI pág. 63
 O associativismo no negócio rural – GAI pág. 711
Agricultura e agronegócios

No início das civilizações, os homens viviam em


bandos, nômades de acordo com a disponibilidade
de alimentos que a natureza espontaneamente lhes
oferecia. Dependiam da coleta de alimentos
silvestres, da caça e da pesca. Não havia cultivos,
criações domésticas, armazenagem e tampouco
trocas de mercadorias entre bandos. Assim,
passavam por períodos de fartura ou de carestia. Em
cada local em que um bando se instalava, a coleta, a
caça e a pesca, fáceis no início, ficavam cada vez
mais difíceis e distantes.
Agricultura e agronegócios

Com o passar dos tempos, descobriram que as


sementes das plantas, devidamente lançadas ao
solo, podiam germinar, crescer e frutificar e que
animais podiam ser domesticados e criados em
cativeiro. É o começo da agropecuária e é também
o início da fixação do homem a lugares
predefinidos.
Agricultura e agronegócios

• Durante milhares de anos, as atividades


agropecuárias sobreviveram de forma muito
extrativa;
• Os avanços tecnológicos eram muito lentos;
• Com a fixação do homem à terra, formando
comunidades, surgem organizações das mais
diferenciadas no que se refere ao modo de
produção, tendendo à formação de
propriedades diversificadas quanto à agricultura
e à pecuária.
Agricultura e agronegócios

As propriedades rurais eram muito


diversificadas, com várias culturas e criações
diferentes, necessárias à sobrevivência de
todos que ali viviam. Eram comuns
as propriedades que integravam suas
atividades primárias com atividades
industriais (agroindustriais).
Agricultura e agronegócios

No Brasil, por exemplo, no Estado de Minas


Gerais, cada propriedade rural podia produzir
ao mesmo tempo: arroz, feijão, milho,
algodão, café, cana-de-açúcar, fumo,
mandioca, frutas, hortaliças e outras, além de
criações de bovinos, ovinos, suínos, aves e
equinos.
Agricultura e agronegócios

Na Região Sul do país, o modelo de colônias


transformava cada uma delas em um complexo de
atividades de produção e de consumo, com pouca
geração de excedentes e pouca entrada de outros
produtos.

Esses acontecimentos não se referem a passados


muito longínquos. Eles aconteceram até há menos
de cinco décadas.
Agricultura e agronegócios

Esse modelo geralmente continha uma atividade


comercial (como fumo, trigo, açúcar ou outras), em
escalas de produção diferenciadas, com objetivo de
gerar receita para compra de alguns bens não
produzidos no local, como sal, querosene para
iluminação e outros produtos e para gerar riquezas
para poucos.
Agricultura e agronegócios

As propriedades praticamente produziam e


industrializavam tudo de que necessitavam. Assim,
eram quase auto-suficientes.

Por isso, qualquer referência à "agricultura"


relacionava-se a todo o conjunto de atividades
desenvolvidas no meio rural, das mais simples às
mais complexas, quase todas dentro das próprias
fazendas.
Agricultura e agronegócios

Ainda é comum: três setores econômicos

1. Primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária,


extrativismo vegetal e caça.
2. Secundário: transforma as matérias-primas (produzidas
pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas,
máquinas, automóveis, alimentos industrializados,
eletrônicos, etc.). 
3. Terciário: comércio, educação, saúde, telecomunicações,
serviços de informática, seguros, transporte, serviços de
limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços
bancários e administrativos, transportes, etc.
Agricultura e agronegócios
Agronegócios - conjuntura

A evolução da sócioeconomia, sobretudo com os


avanços tecnológicos, mudou totalmente a fisionomia
das propriedades rurais, sobretudo nos últimos 50 anos.
A população começou a sair do meio rural e dirigir-se
para as cidades, passando, nesse período, de 20% para
70% a taxa de pessoas residentes no meio urbano (caso
do Brasil).

O avanço tecnológico foi intenso, provocando saltos nos


índices de produtividade agropecuária. Com isso, menor
número de pessoas cada dia é obrigado a sustentar mais
gente.
Agronegócios - conjuntura
Assim, as propriedades rurais cada dia mais:

 perdem sua auto-suficiência;


 passam a depender sempre mais de insumos e
serviços que não são seus;
 especializam-se somente em determinadas
atividades;
 geram excedentes de consumo e abastecem
mercados, às vezes, muito distantes;
Agronegócios - conjuntura
Assim, as propriedades rurais cada dia mais:

 recebem informações externas;


 necessitam de estradas, armazéns, portos,
aeroportos, softwares, bolsas de mercadorias,
pesquisas, fertilizantes, novas técnicas, tudo de fora
da propriedade rural;
 conquistam mercados;
 enfrentam a globalização e a internacionalização da
economia.
Conceito de agronegócios

Então, o conceito de setor primário ou de


"agricultura" perdeu seu sentido, porque
deixou de ser somente rural, ou somente
agrícola, ou somente primário.
Conceito de agronegócios

A "agricultura" de antes, ou setor primário, passa a


depender de muitos serviços, máquinas e insumos
que vêm de fora. Depende também do que ocorre
depois da produção, como armazéns, infra-estruturas
diversas (estradas, portos e outras), agroindústrias,
mercados atacadista e varejista, exportação.

Cada um desses segmentos assume funções próprias,


cada dia mais especializadas.
Conceito de agronegócios

Por isso, surgiu a necessidade de uma


concepção diferente de "agricultura". Já não
se trata de propriedades auto-suficientes, mas
de todo um complexo de bens, serviços e
infra-estrutura que envolvem agentes diversos
e interdependentes.
Conceito de agronegócios

Foi analisando esse processo complexo que dois


autores (John Davis e Ray Goldberg), professores da
Universidade Harvard, nos Estados Unidos da
América, em 1957, lançaram um conceito para
entender a nova realidade da agricultura, criando o
termo agribusiness, e definindo-o como:
Conceito de agronegócios

" ... o conjunto de todas as operações e


transações envolvidas desde a fabricação dos
insumos agropecuários, das operações de
produção nas unidades agropecuárias, até o
processamento e distribuição e consumo dos
produtos agropecuários 'in natura' ou
industrializados" (apud RUFINO, 1999).
Conceito de agronegócios

O termo agribusiness espalhou-se e foi adotado


pelos diversos países. No Brasil, essa nova visão de
"agricultura" levou algum tempo para chegar. Só a
partir da década de 1980, começa a haver difusão
do termo, ainda em inglês.

Os primeiros movimentos organizados e


sistematizados surgiram de focos, principalmente
em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Conceito de agronegócios

Nessa época surgiram a Associação Brasileira de


Agribusiness (Abag) e o Programa de Estudos dos
Negócios do Sistema Agroindustrial, Universidade
de São Paulo (Pensa/USP), formado inicialmente por
técnicos (professores) da Escola de Administração
da USP, sob a coordenação do Prof. Décio
Zylbersztajn.
Conceito de agronegócios

Nesse início, houve uma tentativa de se criar um


segmento mais voltado para a produção agropecuária
e com maior abertura à participação do público em
geral, em um movimento liderado pelas Universidades
de Ciências Agrárias, sob a liderança da Universidade
Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal de
Viçosa (UFV) e Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq), resultando na criação da Associação
Brasileira de Administração Rural (Abar), em 25 de
maio de 1993.
Conceito de agronegócios

O termo agribusiness atravessou praticamente toda a


década de 1980 sem tradução para o português e foi
adotado de forma generalizada, inclusive por alguns
jornais, que mais tarde trocaram o nome de cadernos
agropecuários para agribusiness.

Somente a partir da segunda metade da década de


1990, o termo agronegócios começa a ser aceito e
adotado nos livros-textos e nos jornais, culminando
com a criação dos cursos superiores de agronegócios,
em nível de graduação universitária.
Conceito de agronegócios

Na Bahia, as primeiras discussões sobre a


necessidade de se entender o setor não mais como
agricultura surgiram em nível da Secretaria da
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), nos
anos de 1988/89.
Conceito de agronegócios

Ainda na Bahia, em nível de instituições de ensino superior,


a primeira proposta de levar o Agronegócio para o meio
acadêmico surgiu na UNYAHNA, em 1997, e na Faculdade de
Tecnologia e Ciências (FTC), em 1999. Foi esta instituição
que deu maiores saltos, criando cursos de graduação de
Administração com Habilitação em Agronegócios em seis
cidades diferentes (Salvador, Feira de Santana, Vitória da
Conquista, Jequié e Itabuna, na Bahia, e Porto Velho, em
Rondônia). Em dezembro de 2000, a FTC criou o Núcleo de
Estudos Avançados em Agronegócios (Nucleagro).
Próxima aula
Agronegócio

SISTEMAS
AGROINDUSTRIAIS
GERENCIAMENTO,
DEFINIÇÕES, ESPECIFICIDADES
E CORRENTES METODOLÓGICAS
Commodity System Approach (CSA)
conceito de Agronegócio

Agribusiness: é a soma das operações de


produção e distribuição de suprimentos
agrícolas, do armazenamento, processamento
e distribuição dos produtos agrícolas e itens
produzidos a partir deles (John Davis e Ray
Goldberg, 1957).
Análise de filières (cadeias produtivas)

1. A cadeia de produção é uma sucessão de operações de


transformação dissociáveis, capazes de ser separadas e
ligadas entre si por um encadeamento técnico;

2. A cadeia de produção é também um conjunto de relações


comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os
estados de transformação, um fluxo de troca, situado de
montante a jusante, entre fornecedores e clientes;

3. A cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas


que presidem a valoração dos meio de produção e
asseguram a articulação das operações.
Cadeias produtivas e cadeias de valor

Surgiu na França em 1960 com o conceito de


filière=fileira, com característica voltada para processos
industriais.

A análise de filiere (ou cadeia produtiva) de cada


produto agropecuário permite visualizar as ações e
inter-relações entre todos os agentes que a compõem e
dela participam.

Assim, é mais fácil:


Cadeias produtivas e cadeias de valor

• efetuar descrição de toda a cadeia da produção


• reconhecer o papel da tecnologia na estruturação da
cadeia produtiva;
• organizar estudos de integração;
• analisar as políticas voltadas para todo o
agronegócio;
• compreender a matriz de insumo-produto para cada
produto agropecuário;
• analisar as estratégias das empresas e das
associações;
Cadeias produtivas e cadeias de valor

As principais características
de cadeias produtivas são as seguintes:

• "Refere-se ao conjunto de etapas consecutivas pelas


quais passam e vão sendo transformados e
transferidos os diversos insumos, em ciclos de
produção, distribuição e comercialização de bens e
serviços;
• implica em divisão de trabalho, na qual cada agente
ou conjunto de agentes realiza etapas distintas do
processo produtivo;
Cadeias produtivas e cadeias de valor

As principais características
de cadeias produtivas são as seguintes:

• não se restringe, necessariamente, a uma mesma


região ou localidade;
• não contempla necessariamente outros atores, além
das empresas, tais como instituições de ensino,
pesquisa e desenvolvimento, apoio técnico,
financiamento, promoção, entre outros" (ALBAGLI et
al., s.d.).
Cadeias produtivas
Três macrossegmentos
1. Produção de matérias-primas: reúne as empresas
que fornecem as matérias-primas iniciais para
que outras empresas avancem no progresso de
produção do produto final (agricultura, pecuária,
pesca, piscicultura, etc).

2. Industrialização: representa as empresas


responsáveis pela transformação das matérias-
primas em produtos finais destinados ao
consumidor. O consumidor pode ser uma
unidade familiar ou outra agroindústria.
Cadeias produtivas
Três macrossegmentos

3. Comercialização: representa as empresa que


estão em contato com o cliente final da cadeia
produtiva que viabilizam o consumo e o comércio
dos produtos finais (supermercados, mercearias,
restaurantes, etc).
Cadeias produtivas
Níveis de análises do SAI

Sistema Agroindustrial (SAI) pode ser considerado o conjunto


de atividades que concorrem para a produção de produtos
agroindustriais, desde a produção de insumos (sementes,
adubos, máquinas agrícolas, etc) ao consumidor. Pode ser
visto como sendo composto por seis conjuntos de atores:
1. Agricultura, pecuária e pesca
2. Indústrias agroalimentares (IAA)
3. Distribuição agrícola e alimentar
4. Comércio internacional
5. Consumidor
6. Indústrias e serviços de apoio.
Cadeia Produtiva Agroindustrial Genérica

Produção de
Insumos
FATORES FATORES
SOCIAIS MERCADO LEGAIS

Fluxo de informação
Produção de

Fluxo financeiro
Matéria-prima MECANISMOS
FATORES

Fluxo físico
DE
INSTITUCIONAIS MERCADO COORDENAÇÃO

Agroindústria
FATORES DE
FATORES
INFRA-
TECNOLÓGICOS
MERCADO ESTRUTURA

Distribuição
FATORES FATORES
AMBIENTAIS ECONÔMICOS
CONSUMIDOR
FINAL
Cadeias produtivas
Complexo industrial

Tem como ponto de partida determinada matéria-prima


de base. Desta forma, poder-se-ia, por exemplo, fazer
alusão ao complexo soja, complexo leite, complexo cana-
de-açúcar, complexo café, etc.

A arquitetura deste complexo agroindustrial seria ditada


pela “explosão” da matéria-prima principal que o
originou, segundo os diferentes processos industriais e
comerciais que ela pode sofrer até se transformar em
diferentes produtos finais
Cadeias produtivas
Unidades Socioeconômicas de
produção (USEP)

 Asseguram o funcionamento do sistema

 Têm a capacidade de influenciar e ser


influenciadas pelo sistema no qual estão
inseridas.
Sistema Agroindustrial
Visão sistêmica

 A agricultura deve ser vista dentro de um sistema


mais amplo composto também, e principalmente,
pelos produtores de insumos, pelas agroindústrias
e pela distribuição/comercialização;

 Sucessão de etapas produtivas, desde a produção


de insumos até o produto acabado, como forma
de orientar a construção de suas análises.
Sistema Agroindustrial
Visão sistêmica

Um sistema pode ser definido como um conjunto


formado de elementos ou subelementos em
interação. Caracteriza-se pelas seguintes condições:

• Está localizado em um meio ambiente;


• Cumpre uma função ou exerce uma atividade;
• É dotado de uma estrutura e evolui no tempo;
• Tem objetivos definidos.
Sistema Agroindustrial
Visão sistêmica e mesoanálise
O enfoque sistêmico da produção agroindustrial é
guiado por cinco conceitos-chave:
1. Verticalidade: cada elo da cadeia influencia
fortemente os outros;
2. Orientações pela demanda: demanda gera
informações que determinam novos fluxos de
produtos;
3. Coordenação dentro da cadeia: as relações verticais
dentro das cadeias são importantes para a dinâmica
funcional;.
Sistema Agroindustrial
Visão sistêmica e mesoanálise

O enfoque sistêmico da produção agroindustrial é


guiado por cinco conceitos-chave:

4. Competição entre sistemas: exportação e


mercado doméstico;

5. Alavancagem: analisar pontos-chaves na


sequência produção-consumo.
Cadeias de produção como espaço
de análise das inovações tecnológicas

A utilização de inovações tecnológicas como forma de


gerar novos produtos é cada vez menos ditada pelo
acaso. É necessário que as empresas desenvolvam
mecanismos de análise que permitam avaliar o
impacto das inovações tecnológicas sobre suas
atividades e as da concorrência.
Cadeias de produção como espaço
de análise das inovações tecnológicas

Do ponto de vista da competitividade, o


desenvolvimento e/ou implantação de uma nova
tecnologia só faz sentido se aumentar de alguma
forma sua capacidade de permanecer no mercado em
condições julgadas adequadas pela empresa.
Competitividade e agronegócio
Duas vertentes:

1. Desempenho de uma empresa ou produto no


mercado – market share;
2. Eficiência: medir o potencial de competitividade
de um setor ou empresa.

Capacidade de a empresa formular e implementar


estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar
ou conservar, de forma duradoura, uma posição
sustentável no mercado (Ferraz et al. 1996, p.3)
Sistema Agroindustrial
Mesoanálise

Pode ser definida como sendo “a análise


estrutural e funcional dos subsistemas e de sua
interdependência dentro de um sistema
integrado”. Esta definição remete diretamente a
um enfoque sistêmico, segunda característica
importante de uma cadeia de produção
industrial.
Gestão de processos e
especificidades dos SAI da produção

Sazonalidade:

A produção agropecuária é dependente das


condições climáticas de cada região, apresentando
períodos de safra e de entressafra.

Já do lado do consumo, grosso modo, não há grande


variação ao longo do ano nas quantidades
procuradas, que permanecem mais ou menos
constantes.
Especificidades da produção

Sazonalidade:

Com isso surgem algumas implicações:

• variações de preços: mais elevados na entressafra e mais


baixos nos períodos de safra;
• necessidade de infra-estrutura de estocagem e conservação;
• períodos de maior utilização de insumos e fatores de
produção
• características próprias de processamento e transformação
das matérias-primas;
• logística mais exigente e mais bem definida
Especificidades da produção

Influência de fatores biológicos: doenças e pragas

Tanto no campo como após a colheita, os produtos


agropecuários estão sujeitos ao ataque de pragas e
doenças que diminuem a quantidade produzida e a
qualidade dos produtos, ou podem até mesmo levar
à perda total da produção.
Especificidades da produção

Influência de fatores biológicos: doenças e pragas

A ocorrência de pragas ou de doenças assume


importância com relação não somente às perdas
diretas dos produtos nos locais onde são produzidos
ou comercializados, mas também, à possibilidade de
levar as pragas ou as doenças para outros locais,
onde poderão provocar perdas.
Especificidades da produção

Influência de fatores biológicos: doenças e pragas

Consequentemente, o combate às mesmas implica o uso


de insumos (inseticidas, fungicidas e outros),
predominantemente químicos, cuja aplicação resulta em:

• elevação dos custos de produção e, consequentemente,


redução nos lucros da atividade;
• riscos para os operadores e para o ambiente;
• possibilidade de resíduos tóxicos nos produtos, que
serão levados até os consumidores.
Especificidades da produção

Influência de fatores biológicos: doenças e pragas

Obviamente, nenhuma região ou país tem interesse na entrada


de praga ou de doença originária de outra região.
Também, consequentes da ocorrência de pragas e doenças,
surgem as necessidades de:

• pesquisas específicas;
• desenvolvimento e produção de produtos para controlá-las ou
combatê-las e de máquinas, equipamentos e implementos
apropriados;
• serviços especializados.
Especificidades da produção

Perecibilidade rápida

Mesmo após a colheita, a atividade biológica dos


produtos agropecuários continua em ação. Com isso,
a vida útil desses produtos tende a ser diminuída de
forma acelerada. Sem cuidados específicos, esses
produtos, após colhidos, podem durar poucas horas,
dias, ou poucas semanas.
Especificidades da produção

Perecibilidade rápida

Devido a essas especificidades, o agronegócio envolve


outros segmentos da economia, torna-se muito mais
complexo que a produção agropecuária propriamente
dita e passa a necessitar de uma compreensão muito
mais ampla: tecnologia, colheita cuidadosa,
classificação e tratamento dos produtos, estruturas
apropriadas para armazenagem e conservação,
embalagens mais adequadas, logística específica para
distribuição, etc.
Especificidades da produção
resumo
• Sazonalidade de disponibilidade de matérias-primas:
grande parte delas é obtida diretamente da atividade
agropecuária;
• Variações de qualidade de matéria-prima: sujeição às
variações climáticas e de técnicas de manejo:
• Perecibilidade da matéria-prima: grande parte deve ser logo
transformada ao chegar às indústrias;
• Sazonalidade de consumo: variações de demanda segundo
datas específicas/variações climáticas;
• Perecibilidade do produto final: alguns produtos perecíveis
onde, na maioria deles, a qualidade está ligada à sua chegada
ao mercado.
Visão sistêmica do AN

A compreensão do agronegócio, em todos os seus componentes


e inter-relações, é uma ferramenta indispensável a todos os
tomadores de decisão, sejam autoridades públicas ou agentes
econômicos privados, para que formulem políticas e estratégias
com maior previsão e máxima eficiência.

Por isso, é fundamental compreender o agronegócio dentro de


uma visão de sistemas que engloba os setores denominados
"antes da porteira", "dentro da (ou 'durante a') porteira" e
"após a porteira", ou ainda, significando a mesma "a montante
da produção agropecuária“, "produção agropecuária
propriamente dita" e a "jusante da produção agropecuária".
Visão sistêmica do AN

• Antes da porteira: fornecedores de insumos e serviços


como (máquinas, implementos, defensivos fertilizantes
corretivos sementes, tecnologia, etc.
• Dentro da porteira: conjunto de atividades desenvolvidas
dentro das unidades produtivas agropecuárias (as
fazendas), ou produção agropecuária propriamente dita,
que envolve preparo e manejo de solos, tratos culturais,
irrigação, colheita, etc.
• Após a porteira: atividades de armazenamento,
beneficiamento, industrialização, embalagens,
distribuição, etc.
Agronegócio brasileiro (2007) - Total 642 bilhões
Visão sistêmica do AN

Visto assim, o agronegócio


envolve as funções seguintes:

• suprimentos à produção agropecuária;


• produção agropecuária propriamente dita;
• transformação;
• acondicionamento;
• armazenamento;
• distribuição;
• consumo;
Visão sistêmica do AN

• Serviços complementares
(publicidade, bolsas de mercadorias, políticas públicas, etc.)

Primeiros trabalhos: Davis e Ray Goldberg, da Universidade


Harvard, publicados em 1957.

Esses trabalhos foram aprofundados e, em 1968, Ray Goldberg,


em estudos de casos (produtos agrícolas) específicos,
apresentou a necessidade de entender o agronegócio em uma
visão de Sistemas Agroindustriais, introduzindo o conceito de
Commodity System Approach (CSA), como:
Visão sistêmica do AN

“Todos os participantes envolvidos na produção,


processamento e marketing de um produto
específico. Inclui o suprimento das fazendas, as
fazendas, operações de estocagens, processamento,
atacado e varejo envolvidos em fluxo desde a
produção de insumos até o consumidor final. Inclui
as instituições que afetam e coordenam os estágios
sucessivos do fluxo do produto, tais como governo,
associações e mercados futuros“.
A concepção de sistemas agroindustriais foi evoluindo. Em
1991, Shelman propôs um fluxograma (Figura 1.1), objetivando
melhor visualizar o assunto. Mais recentemente, em 1993, a
Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (ABIA, 1993)
já concebe diferenças entre "Sistema Agroalimentar" (SAA) e
"Sistema Agroindustrial Não Alimentar", concebendo-os da
maneira seguinte:

Sistema Agroalimentar: "é o conjunto das atividades que


concorrem à formação e à distribuição dos produtos
alimentares e, em consequência, o cumprimento da função de
alimentação";
Sistema Agroindustrial Não Alimentar

"é o conjunto das atividades que concorrem à


obtenção de produtos oriundos da agropecuária,
florestas e pesca, não destinadas à alimentação
mas aos sistemas energético, madeireiro, couro e
calçados, papel, papelão e têxtil".
Vantagens da Visão sistêmica do
Agronegócio

A compreensão do agronegócio como sistema apresenta


as vantagens seguintes:

• compreensão melhor do funcionamento da atividade


agropecuária;
• aplicação imediata para a formulação de estratégias
corporativas,
• precisão com que as tendências são antecipadas;
• importância significativa e crescente do agronegócio,

Entendida assim, vale repetir a afirmação:


Vantagens da Visão sistêmica do
Agronegócio

"Esta visão sistêmica do negócio agrícola - e seu


consequente tratamento como conjunto -
potencializa grandes benefícios para um
desenvolvimento mais intenso e harmônico da
sociedade brasileira. Para tanto, existem problemas e
desafios a vencer. Dentre estes, destaca-se o
conhecimento das inter-relações das cadeias
produtivas para que sejam indicados os requisitos
para melhorar sua competitividade, sustentabilidade
e equidade" (RUFINO, 1999).
Clusters e arranjos produtivos
locais
Clusters
“É um grupo econômico constituído por empresas instaladas
em determinada região, líderes em seus ramos, apoiado por
outras que fornecem produtos e serviços, ambas sustentadas
por organizações que oferecem profissionais qualificados,
tecnologias de ponta, recursos financeiros, ambiente propícios
para negócios e infra-estrutura física. Todas estas organizações
interagem. Ao proporcionarem umas às outras os produtos e
serviços de que necessitam, estabelecendo, deste modo,
relações que permitem produzir mais e melhor, um custo
menor. O processo toma as empresas mais competitivas"
(OPER..P.- DORES DO PROJETO CHIHUAHUA. México: Sigla
Veinteuno, apud LOPES NETO, 1998. p. 14)
Clusters e arranjos produtivos
locais
Cluster significa aglomerado e o estudo dos clusters
agroindustriais procura mostrar as integrações e inter-
relações entre sistemas (ou cadeias) do agronegócio, em um
espaço delimitado. Por exemplo, os sistemas agroindustriais
da soja e do milho têm vinculações diretas à montante e à
jusante de outros sistemas agroindustriais (Figura 1.2). Então,
quando esses sistemas agroindustriais encontram-se
integrados entre si, em determinada região, é possível
denominá-Ios como um cluster. Em alguns países, como na
Itália, não especificamente em agronegócio denominam-se
"distritos industriais" a esses aglomerados, delimitados em
determinadas regiões e envolvendo toda a cadeia produtiva.
Referências
CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2
ed. São Paulo: Atlas, 2008

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de


Agronegócio. 2 ed. – 4. Reimpr. – São Paulo:
Atlas, 2009.

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