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Referencial Teórico

Segundo Small & Witherich (1992, cit. em Castigo 2000):


Frequentemente, os termos “agricultura”, “agricola” ou “agronómico”, são usados sem uma
distinção clara. Em sentido mais amplo, a agricultura é o cultivo do solo para a produção de
alimentos (Silva et al, 1986:32). A agricultura é toda actividade humana de produção vegetal e
animal. (p.7).
Segundo Pijnenburg (1996, cit. em Castigo):
Enquanto os termos agrícola e agricultura referem-se á produção vegetal e animal, o agronómico,
refere-se apenas a produção vegetal, onde se inclui a horticultura e a fruticultura
Neste trabalho o termo agricola, limita-se á produção vegetal. (p. 7).
Produção
Segundo DOLL & ORAZEM (1984) :
A produção é um processo coordenado que junta trabalho, capital e empresário de vários
modos e em várias formas – matérias-primas, produtos já processado, equipamentos de
toda a espécie, plantas, tecnologia, força de trabalho, conhecimentos de gestão – com o
objectivo de criar um bem ou, de forma crescente em agricultura, um serviço que é
desejado pela comunidade consumidora.
Produção agricola
Segundo DOLL & ORAZEM (1984):
Produção agrícola depende da reprodução e do crescimento natural das plantas e dos animais. Contudo, os
agricultores podem controlar e estimular estes processos, com vista à produção de alimentos e outros bens
para consumo humano. Para esta actividade produtiva, os agricultores têm de estar fornecidos com uma
série de recursos produtivos tais como terra, sementes, animais reprodutores, conhecimentos técnicos,
mão de obra, ferramentas, máquinas, etc. Estes recursos produtivos são conhecidos pela designação
genérica de factores de Produção. (p.2).
Segundo PEDSA (2017):
A produção agrícola constitui fonte principal de alimentos e pode contribuir para a segurança alimentar e
nutricional em Moçambique, sobretudo para os produtores do sector familiar. Para além da sua
importância na produção de alimentos, o sector agrícola pode contribuir na geração da renda e para o
equilíbrio da balança de pagamentos.
Segundo Small & Witherich (1992, cit. em Castigo):
A produção agrícola pode ser de subsistência ou comercial. A primeira esta basicamente
orientada á satisfação das necessidades dos próprios produtores e, a segunda, á fins lucrativos,
tendo o mercado como principal destino da sua produção. (P.7).
Segundo Fernandes et al,1984; Andrade (1996, cit. em Castigo):
A produção agrícola também pode ser classificada em extensiva, caracterizada pelo uso
tecnológico rudimentar, resultando na obtenção de baixa produção por unidade de superfície e,
em intensiva, quando o solo é cultivado intensivamente, com aplicação de tecnologia moderna. A
mecanização na produção intensiva leva ao rendimento e produtividade elevados. (p.7).

Segundo (Dvergsdal, 1992; FAO, 1986; Chonguiça, 1997) embora muitos países em via
desenvolvimento, incluindo Moçambique, a actividade agrícola seja a base de desenvolvimento
económico, ocupando cerca de 80% da população rural, ela está pouco desenvolvida.
Contrariamente, em muitos países desenvolvidos, pequena parte da população encontra-se no
sector agrícola. Mas, o uso de tecnologia moderna garante um rendimento e produtividade
agrícolas elevados
Nas últimas décadas, o desenvolvimento agricola de africa refletiu sistematicamente várias
teorias de desenvolvimento (NEGRAO, 1998).
Segundo AMIN (1973), MOYO (1995) e BUNDY (1979) citados por Castigo (2000), no modelo
de modernização, desenvolvidos nos anos 1950 e 1960, o desenvolvimento era tido como fruto
do crescimento económico resultante da mecanização da agricultura e do uso intensivo da terra.
A agricultura tradicional, reservou-se as terras marginais, com o objectivo essencial de obter
mão-de-obra para as indústrias e as empresas agrícolas. Este modelo só levou a um crescimento
económico dos países e dos grandes agricultores, sem, contudo, desenvolver as áreas rurais e, os
camponeses, sem condições de investir em tecnologias e explorar intensivamente o solo, ficaram
cada vez mais pobres. (p.8)
De acordo com ROBERTS (1986) citados por Castigo (2000), a revolução verde, nos anos 1960
e 1970, levou ao modelo produtivista, onde a estratégia para o sector familiar era a maximização
da produção e produtividade, independentemente da qualidade nutricional dos produtos. A
agricultura e produtividade baseava-se somente na transferência tecnológica através da
contribuição de pacotes tecnológicos pela extensão rural. (p.8-9)
Este modelo incidiu-se na pesquisa de variedades melhoradas de culturas de modo a aumentar a
produção e garantir a proteção das culturas contra doenças ou vulnerabilidade as pragas (Oldhof
& Pereira,1995).
Segundo (NEGRÃO (1998, cit. em Castigo,2000):
Pelo facto dos camponeses não possuírem possibilidade de adquirir os pacotes tecnológicos, este
modelo só favoreceu os latifundiários, a quem estes viram-se obrigados a venderem as suas
terras
Das enumeras teorias sobre o desenvolvimento agricola, onde procura-se a localização e
organização da produção com vista a obtenção de uma boa renda agricola salienta-se:

Segundo FOUND, (1971, cit. Castigo 2000):


A teoria de Von Thunen, faz uma relação entre a distância do mercado e a renda da terra e
conclui que há uma tendência para o declínio de renda duma determinada terra, a medida que a
distancia ao mercado aumenta. Este declínio, resulta do aumento do custo de transporte. (p.10)
Segundo Amir & Vergoupolos (1978, cit. em Castigo):
A teoria de Kal Kautsky analisa a dominação do capitalismo na agricultura, tendo concluído que,
para o pequeno camponês, quando o preço de venda dos seus produtos, deduzidas as despesas,
lhe paga o trabalho, ele pode viver e renunciar ao lucro a renda fundiária (p.10)
A de Chayanov opõe-se a de Kautsky ao considerar a organização da produção como resultado
do equilíbrio entre a satisfação das necessidades da família e a penosidade do trabalho, onde o
equilíbrio será, por sua vez, afectado pela proporção dos dependentes na família e da exploração
(Amir & Vergoupolos, 1979).
Muitas das teorias e estratégias agrícolas desenvolvidas depois da década de 1950 não foram
bem-sucedidas em africa. Falharam em objectivos essenciais internos. As barreiras estruturais ao
desenvolvimento, relacionadas com a propriedade fundiária altamente centralizada, a
inadequabilidade da tecnologia e incentivos oferecidos aos agricultores que não se basearam na
sua realidade socioeconómico e cultural e não envolveram as comunidades locais, são referidas
como causas deste fracasso (Cardoso, 1993; Pejenenburg, 1996; Negrão, 1997ª).
O desenvolvimento agricola depende de muitos factores de produção, tais como, o trabalho, as
condições físico-naturais e o capital (Small & Witherich, 1992; Pereira, 1994). Cada um dos
factores acima tem um valor limitado quando considerados isoladamente. As produções são
combinadas convenientemente (Pereira, 1994:4).
De acordo com MAP (1997ª, cit.em Castigo 2000):
As causas primarias das baixa produção e produtividade da agricultura moçambicana relaciona-
se com vulnerabilidade dos sistemas de produção ao comportamento adverso aos factores
climáticos, limitação de ordem tecnológica e fragilidade e incoerência na cadeia produção-
transformação -distribuição de produtos agrícolas, donde ressalta com maior expressão o
problema de mercado. As causas secundarias tem a ver com a inadequabilidade de políticas e
estratégias do Estado e factores de caracter institucional. (p.11-12).

Referencias bibliográficas
1. AMDRADE, Ximena (1996). Apontamentos da Cadeira de Geografia Agraria,
Faculdade de Letras, Curso de Geografia, UEM.
2. AMIR, Samir & VERGOUPOLOS, Kostas (1978). A questão camponesa e o
capitalismo, sl.
3. CARDOSO, F, Jorge (1993). Gestao e Desenvolvimento Rural, Mocambique no contexto
da Africa subsubsariana, Lisboa.
4. CHONGUICA, Ebenizario (1997). Desenvolvimento Sustentável, in: Emídio Sebastião
(ed), Boa Governação e Desenvolvimento Sustentável, Coleção desenvolvimento
sustentável, Maputo, n°1. Pp.13-19.
5. Doll, J.P., Orazem, F. (1984). Production Economics – Theory with Applications. New
York.EU.
6. DVERGSDAL, Olda (1992). “Agricultura no Desenvolvimento económico”, In: EXTRA
n°9, Revista para o Desenvolvimento e Extensão Rural, Agricultura no
Desenvolvimento Economico: Melhoramento das tecnologias não significa apenas
utilização de máquinas avançadas, mas também o melhoramento técnico e da
organização, Maputo, pp. 3-8.
7. FAO (1986). African Agriculture, sl.
8. FERNANDES, M. Alice, GAMERO, M.A. Roque, COSTA, ANTONIO (1984).
Pequeno Dicionário de Geografia, Porto Editora, Porto.
9. FOUND, William, C. (1971). A theoretical Approach to Rural land-use Patterns, London
10. OLTHOF, W. & PEREIRA, I (1995). Avaliação e analise do Uso de Terra, Maputo,
UEM
11. PIJENENBURG, Bartolomeu (1996). Apontamentos de Introdução á Agricultura,
Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, UEM.
12. PEREIRA, Inocencio (1994). Apontamento da Cadeira de Bases Tecnico-economicas,
curso de Geografia, 1° ano, UEM.
13. PIJENENBURG, Bartolomeu (1996). Apontamento de Introducao a Agricultura,
Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, UEM
14. PNISA. (2017). Mozambique National Agricultural Investment Assessment. November,
1– 505. Republic.
15. SMALL, John & WITHERICH, Michael (1992). Dicionario de Geografia, Publicações
Dom Quixote, Lisboa.
16. https://conceitos.com/producao-agricola /. São Paulo, Brasil.
17. NEGRAO, José (1997). Repensando as modas de desenvolvimento rural, Maputo.
18. NEGRAO, Jose (1998). “ Land Reform and Community Based Natural Resource
Management im Mozambique” in: Mutefpa, F.,Dendu, E, e Chenje, M (eds), Enhancing
Land Reforms in southern Africa, Reviews on Land reform Strategeis and community
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