Você está na página 1de 37

coleção guia da preparação para concursos e exames vol 1

Aprendizagem e Estratégias de Estudos

tuctor 3.0
Uma Revolução
na Usabilidade.
NOVO TUCTOR 3.0 » CONHEÇA O TUCTOR

Uma Revolução na Usabilidade.


www.tuctor.com
O Tuctor é uma ferramenta única e inédita, voltado ao
monitoramento e controle da execução do plano da
preparação. Faça o cadastro, usufrua da licença-
degustação e otimize seus estudos! suporte@tuctor.com

parceiros do tuctor:

www.jurisprudenciaeconcursos.com.br www.editorametodo.com.br www.portalexamedeordem.com.br

2
http://concurseirosolitario.blogspot.com www.itnerante.com.br www.sosconcurseiro.com.br
Cara leitora, caro leitor,
Este documento reúne um conjunto de textos que produzi sobre a preparação para
concursos, mais especificamente abordando o tema da Aprendizagem aplicada ao
presente objetivo, com foco nas Estratégias de Estudo.
A intenção é que as informações trabalhadas nos textos possam contribuir com a
sua almejada aprovação no concurso ou exame pretendido.
Tal tentativa de contribuição consiste na indicação de caminhos e possibilidades,
com a apresentação de conceitos, propostas, estratégias, bem como provocações à
reflexão. Mas sempre pautado pelo compromisso ético de nunca “vender’ verdades
absolutas ou soluções mágicas e milagrosas.
Tenha a certeza de que este trabalho é fruto, por um lado, da minha experiência de
SOBRE O AUTOR candidato a concursos públicos, bem como de alguém que se dedica ao acompan-
Rogerio Neiva é Juiz do Trabalho hamento de candidatos há alguns anos. Por outro lado, o presente trabalho também
desde 2002, foi Procurador de Esta- é fruto de estudos e pesquisas nos campos de conhecimento voltados à gestão e às
do e Advogado da União. Atua como ciências cognitivas, aplicados à preparação para concursos.
Professor de Direito e Processo do
Trabalho de Pós Graduação em Di- Espero que, efetivamente, traga alguma contribuição.
reito e Cursos Preparatórios para
Aproveito para agradecer a colaboração dos parceiros nominados no documento, os
Concursos.
quais de pronto se colocaram à disposição para ajudar na divulgação.
Contando com formação interdisci-
plinar, é Psicopedagogo com especi- Caso você goste, aproveite para enviar o link para baixar o documento aos seus ami-
alização em Psicopedagogia Clínica gos, colegas, fóruns, listas de discussão e redes sociais.
e Institucional, pós graduado em
Boa leitura, bom estudo!
Administração Financeira e pós gra-
duando em Neuroaprendizagem.
Rogerio Neiva
3
Textos

5 Passar em Concurso é só para Gênios?

11 Uma Proposta de Técnica de Estudos!

18 Jurisprudência x Doutrina : um dilema nos estudos

23 Concursos Públicos e Realização de Exercícios

29 As Revisões na Preparação para Concursos

33 Diagnóstico da Reprovação

4
TEXTO | 1

visite:
Passar em Concurso é só
Concursos Públicos
para Gênios?
e Preparação de
Alto Rendimento
É preciso ter uma inteligência acima da média para passar em
blog do prof. neiva concursos públicos ou exames? Quantas pessoas não se pegam
com pensamentos e devaneios do tipo: “mas fulano é muito inteli-
gente mesmo, ele passou em vários concursos difíceis e bem colocado!”.
Ou seja, muitas vezes e de forma não deliberada e espontânea,
associamos inteligência à aprovação.
TUCTOR 3.0
Novo Tuctor. E por conseguinte, estabelecemos que a inteligência, enquanto
Uma Revolução um dom genético-natural-biológico de alguns privilegiados pela
na Usabilidade.
natureza, trata-se de condição que leva à aprovação.
www.tuctor.com

5
Por outro lado, também por vezes, convencionamos que não em vários outros concursos. O outro motivo que me deixa à
somos detentores do referido dom, e assim, chegamos à con- vontade consiste no intenso trabalho de estudos e pesquisas
clusão, ainda que não assumida ou inconsciente, de que não sobre o tema da aprendizagem humana que venho desenvol-
podemos passar. Mas aí reside uma dupla armadilha, a qual vendo academicamente, numa perspectiva aplicada à prepa-
pode gerar algum comodismo e conformismo, bem como cria ração para concursos e exames.
um falso pensamento de inviabilidade da aprovação.
Muitas impropriedades na reflexão do tema começam com
O objetivo do presente texto é apresentar provocações à re- alguma imprecisão conceitual sobre a inteligência, o que se
flexão, no sentido da desconstrução desta idéia, de modo a trata de algo que conta com inúmeras abordagens e para-
evitar que se caia na referida armadilha. digmas, trabalhados há séculos. Desde a antiguidade existem
concepções estabelecidas sobre a inteligência, nem sempre
E para tanto, começo com uma primeira provocação, com sendo corretas, estando também o assunto impregnado no
toda a tranqüilidade de quem passou pelo referido processo senso comum.
de preparação até a aprovação. Ou seja, vivi intensamente o
papel de candidato, passando pela experiência relatada. Por E para lhe despertar à reflexão, começo fazendo a seguinte
vezes tive os mencionados pensamentos de associação da in- provocação: quem é mais inteligente, o ex-Presidente FHC
teligência à aprovação, entendendo que não teria a titulari- ou o ex-Presidente Lula? Esta pergunta, passível de desper-
dade do referido dom bio-cognitivo outorgado pela natureza. tar paixões, foi intencionalmente colocada para contribuir
com o objetivo do texto, no sentido da desconstrução de
Mas a tranqüilidade na abordagem do presente tema atual- concepções pré-estabelecidas. Responda à pergunta! Para
mente não decorre apenas do fato de que logrei êxito no você, o mais inteligente é FHC ou Lula?
concurso público que sempre tive como objetivo principal,
isto é, a Magistratura do Trabalho, tendo também passado

6
FHC conta com inúmeros títulos acadêmicos, sendo respei- plas inteligências, as quais correspondem à lingüística, lógi-
tado em vários cantos do mundo por seu conhecimento. Os co-matemática, espacial, musical, corporal-sinestésica, pes-
seus defensores vão dizer que foi o pai do Plano Real, susten- soal, naturalista e existencial.
tando aí um traço de sua inteligência. Lula, que não tem nem
mesmo um título de graduação, é o mais carismático Presi- Existem diversos estudos e pesquisadores na atualidade tra-
dente da nossa história, superando, segundo muitos, Getúlio balhando intensamente sobre o tema. Argumentos construí-
Vargas. Também é um dos maiores líderes mundiais da atua- dos para refutar a credibilidade dos testes voltados à mensu-
lidade, tratando-se de um fenômeno de quase-unanimidade ração do quociente de inteligência não faltam.
mundialmente.
Inclusive, neste sentido, recentemente foi apresentada uma
Qual dos dois é o mais inteligente mesmo? Não tenho dúvida tese por um professor da Universidade de Toronto, pesquisa
de que aqueles que contam com posição ideológica-partidária dor na área da psicologia cognitiva, chamado Keith Stano-
responderão com base em sua convicções políticas e os neu- vich, no sentido da distinção entre a falta inteligência e o que
tros dirão que não há um mais inteligente. E exatamente isto chama de disracionalidade. Ou seja, ser inteligente não si-
mostra a relatividade do conceito. gnifica ser racional.

Uma das primeiras tentativas de mensurar a inteligência Segundo o autor, os testes de QI não medem a disracionali-
ocorreu por volta de 1890, com a iniciativa de um primo de dade, a qual é determinada pela forma de solução de proble-
Charles Darwin, chamado Francis Galton. Em 1955, horas mas e pelo conteúdo intelectualmente apropriado. Assim, é
depois da morte de Albert Einstein, tido por símbolo da inte- normal que pessoas inteligentes segundo os testes de QI,
ligência humana, seu cérebro já estava cortado em 240 fatias. não sejam racionais, seja pela forma como desenvolvem o ra-
Mais contemporaneamente, Howard Garner promoveu uma ciocínio, seja pela bagagem cultural e conceitual que carre-
pequena revolução no tema, propondo o conceito das múlti-

7
gam (“O     QI  ”. MC- muitos estudiosos do funcionamento do cérebro humano, a
, . 216, A XVIII, . 42/43). função faz órgão! Assim, quanto mais nos mantemos nos es-
tudos, mais avançam nossas capacidades intelectuais. Sim-
Ainda conforme o mesmo autor, os “gênios” também fazem ples assim, sem precisar de milagres ou fórmulas mágicas!
besteiras e erram, sendo que exemplos públicos e notórios
não faltam. Tal compreensão, inclusive numa perspectiva aplicada à pre-
paração para concursos, pode ser adotada juntamente com
Não tenho dúvida de que esta tese consiste num argumento as construções de Reuven Fuerstesin, uma das grandes auto-
muito importante para desconstruir a idéia de que passar em ridades contemporâneas no tema da aprendizagem e autor
concurso é para os iluminados e premiados por sua carga da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural. Confor-
bio-neuro-genética-cognitiva. Ou seja, o candidato deve ser me a lógica da referida teoria, “...a crença na inteligência como
predominantemente inteligente ou racional? algo fixo, na potencialidade dos estímulos externos e na ênfase da
emoção começou a encontrar alguns opoentes como Piaget, para
Também existem estudos indicativos de que traços da inteli-
quem a inteligência estaria ligada à construção ativa do pensa-
gência decorrem do tamanho da massa cinzenta existente no
mento a respeito do mundo, e Feurstein, cuja teoria se baseia na
cérebro e da capacidade de baixo consumo enérgico quando
crença de que a inteligência é dinâmica e modificável, construída
da realização de determinadas operações mentais. Mas aí há a partir dos múltiplos fatores gerais que podem ser relacionados a
duas boas notícias. A primeira é que o tamanho da massa todos os comportamentos cognitivos.” (S, A M,
cinzenta se altera. A segunda é que o treino leva à redução do
D, L  M, O T. “A -
consumo de energia (, . 41).
     ”. S P: S,
. 31).
Estas constatações, no plano neurobiológico, nos remetem
ao conceito de plasticidade cerebral. Conforme sustentam

8
As colocações até aqui apresentadas nos levam ao reconhe- Neste sentido, o concurso público, indo muito além de um
cimento de duas constatações de grande importância. A pri- mero teste de inteligência, exigirá do candidato a realização
meira é que a prova do concurso público não é um teste de de várias atividades intelectuais, como a capacidade de reso-
QI, estando mais para um teste de racionalidade. A segunda lução de problemas com prévia compreensão e identificação
é que a inteligência é dinâmica. da suas variáveis, mobilização da memória, identificação de
conceitos, desenvolvimento de raciocínio e rotas cognitivas,
Tais premissas, por sua vez, nos levam à conclusão de que concentração, enquanto capacidade de seleção de estímulos e
você não tem o direito de achar que a aprovação é monopólio informações, elaboração de respostas e busca de soluções
dos detentores de uma carga neuro-bio-genética privilegiada! criativas, dentre outras congêneres.

O concurso público está mais para um processo de intensa Isto sem falar, ao longo do processo de preparação, na neces-
mobilização cognitiva, do que um mero teste de QI. Vale sidade de planificação dos estudos, bem como de condições
lembrar que, conforme descrito e explicado no livro que es- emocionais para a manutenção na trajetória de busca da
crevi sobre o tema da metapreparação para concursos públi- aprovação.
cos (Como Se Preparar Para Concursos), temos funções cog-
nitivas primárias, que correspondem à atenção, memória e Ainda nesta perspectiva crítica, se é bem verdade que o con-
percepção, bem como funções cognitivas secundárias, cor- curso não é exclusivo dos iluminados detentores de elevados
respondentes à aprendizagem e linguagem (C  P- quocientes de inteligência, não é menos verdade que não é
  C  A R, E. M- preciso que o candidato busque métodos e soluções mágicas
, . 132,  PANTANO, T. N e milagrosas, para se transformar numa espécie de mutante
  . S P: P, 2009,  da cognição.
23).

9
Atualmente existe um verdadeiro mercado de venda de solu- • procure se manter e avançar nos estudos, inclusive tra-
ções milagrosas, que dizem aumentar a velocidade e a eficá- balhando com a lógica do foco no processo, no sentido de
cia de funções cognitivas. Quando as vejo lembro do perso- contribuir com a lógica da plasticidade;
nagem Professor Xavier (do “X-Men”), de modo que conside-
ro se enquadrar bem em roteiros de ficção científica. Mas • procure se submeter à realização de provas ou mesmo
não à realidade dos concursos e exames. Inclusive em função exercícios, considerando a tese de que o treino tende a
de várias limitações de ordem biológica. Porém, não pode- reduzir o consumo de energia cerebral. Mas cuidado, pois
mos descartar a possível pequena eficácia decorrente do efei- os exercícios devem ser tidos como um processo secun-
to placebo. dário-complementar;

Com tudo isto, é imperativa a conclusão de que a aprovação • se convença de que você não tem o direito de dizer que
no concurso público não é monopólio de uma elite privilegi- não conta com condições cognitivas de conquistar a
ada por capacidades neuro-bio-cognitivas, geneticamente re- aprovação. Seja mais do que inteligente, seja racional!
cebidas da natureza. Mas também não é preciso se tornar um
mutante cognitivo para conquistar a aprovação.

Portanto, diante de todas as considerações, como conclusão,


proponho à reflexão e atitude as seguintes idéias:

• a aprovação no concurso público não é restrita a candida-


tos que contem com capacidades e estruturas neurobio-
lógicas tidas por privilegiadas, até mesmo pelo princípio
da isonomia no seu sentido jurídico;

10
TEXTO | 2

visite: Uma Proposta de Técnica


de Estudos!
Concursos Públicos
e Preparação de
Alto Rendimento

blog do prof. neiva


Neste texto vou trabalhar com uma construção ou idéia que con-
sidero ter grande utilidade nos estudos para concursos públicos.
Trata-se de um conceito que faz parte de um amplo objeto de
TUCTOR 3.0 pesquisas que venho desenvolvendo, no campo das teorias da
aprendizagem e ciências cognitivas aplicadas à preparação para
Novo Tuctor.
Uma Revolução concursos. Assim, o presente texto consiste num pequeno ensaio
na Usabilidade. introdutório sobre as referidas construções.
www.tuctor.com

11
Inicialmente, veja a figura abaixo com bastante atenção: utilizou alguma estratégia específica, de forma consciente e
deliberada?

Agora olhe para a figura novamente e tente identificar, sepa-


rando os objetos visualizados, os que pertencem à categoria
de seres inanimados, dos seres pertencentes ao reino animal
e vegetal. Ou seja, voltando-se para a figura, tente fazer a lei-
tura categorizada e promova mentalmente o devido enqua-
dramento, conforme os mencionados critérios de classifica-
ção.

Ficou mais fácil?

A presente estratégia proposta envolve a técnica de categori-


zação e classificação. Trata-se de um conceito que compõe o
Agora olhe para outro lado, tirando a figura do seu campo de
conjunto de construções que formam a Teoria da Modificabi-
visão, pegue uma folha de papel ou abra um espaço para ano-
lidade Cognitiva Estrutural, desenvolvida por Reuven Feues-
tações se estiver com algum meio eletrônico de registro, e
tein. A presente construção vem ganhando dimensão, rele-
anote tudo que se lembrar, sem que voltar (neste momento)
vância e respeito cada vez maior entre os estudiosos, pesqui-
a olhar a figura. Em seguida, após anotar, volte ao presente
sadores e aplicadores das ciências da aprendizagem.
texto.

Muito bem, quantos “objetos observados” (no sentido amplo


de objeto) conseguiu anotar? Sete? Oito? Nove? Dez? Você

12
A técnica de categorização e classificação, caso o candidato a Considerando o disposto no texto constitucional, seria preci-
concursos públicos adquira a capacidade de adoção adequa- so se apropriar intelectualmente e ter a disponibilidade cog-
da, pode ser de grande utilidade nos estudos. nitiva de que se inserem na competência privativa da União
as seguintes matérias:
Muitos doutrinadores e autores de livros técnicos de matéri-
as cobradas em concursos públicos, e não apenas na área ju- Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
rídica, desenvolvem sofisticadas construções de classificação
de conceitos e institutos. Considero que em diversas circuns- I. direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
tancias tais classificações contam com um sentido muito agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do traba-
mais de sofisticação do conhecimento, sem necessariamente lho;
trazer utilidade. E também considero que muitos autores II. desapropriação;
não fazem tais classificações impulsionados pela finalidade
III. requisições civis e militares, em caso de iminente
de elaborar recursos que facilitem a compreensão. Ou seja,
perigo e em tempo de guerra;
muitas vezes o objetivo é a sofisticação.
IV. águas, energia, informática, telecomunicações e ra-
Vejamos um exemplo prático, envolvendo conhecimentos diodifusão;
mais diretamente relacionados à preparação para o concurso V. serviço postal;
público, adotando a presente técnica.
VI. sistema monetário e de medidas, títulos e garantias
Vamos imaginar que você pretenda contar com a disponibi- dos metais;
lidade cognitiva e intelectual das matérias inerentes à com- VII. política de crédito, câmbio, seguros e transferência
petência legislativa privativa da União, assim previstas no de valores;
art. 22 da Constituição Federal. VIII. comércio exterior e interestadual;

13
IX. diretrizes da política nacional de transportes; XX. sistemas de consórcios e sorteios;
X. regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marí- XXI. normas gerais de organização, efetivos, material bé-
tima, aérea e aeroespacial; lico, garantias, convocação e mobilização das polí-
XI. trânsito e transporte; cias militares e corpos de bombeiros militares;

XII. jazidas, minas, outros recursos minerais e metalur- XXII. competência da polícia federal e das polícias rodovi-
gia; ária e ferroviária federais;

XIII. nacionalidade, cidadania e naturalização; XXIII. seguridade social;

XIV. populações indígenas; XXIV. diretrizes e bases da educação nacional;

XV. emigração e imigração, entrada, extradição e expul- XXV. registros públicos;


são de estrangeiros; XXVI. atividades nucleares de qualquer natureza;
XVI. organização do sistema nacional de emprego e con- XXVII. normas gerais de licitação e contratação, em todas
dições para o exercício de profissões; as modalidades, para as administrações públicas di-
XVII. organização judiciária, do Ministério Público e da retas, autárquicas e fundacionais da União, Estados,
Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Terri- Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto
tórios, bem como organização administrativa des- no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e socie-
tes; dades de economia mista, nos termos do art. 173, §
1°, III
XVIII. sistema estatístico, sistema cartográfico e de geolo-
gia nacionais; XXVIII. defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marí-
tima, defesa civil e mobilização nacional;
XIX. sistemas de poupança, captação e garantia da pou-
pança popular; XXIX. propaganda comercial.

14
É fácil ter todas estas informações disponíveis intelectual- Recursos Naturais:
mente no momento da prova? Obviamente que não! Águas; energia; jazidas; minas; outros recursos minerais e
metalurgia;
Diante deste cenário, adotando a técnica de categorização e
classificação, poderíamos organizar o presente objeto de co- Atividades de Natureza Financeira e Comercial:
nhecimento da seguinte forma: sistema monetário e de medidas; títulos e garantias dos me-
tais; política de crédito; câmbio; seguros e transferência de
Matérias Jurídicas/Ramos do Direito: valores; comércio exterior e interestadual; sistemas de pou-
civil; comercial; penal; processual; eleitoral; agrário; maríti- pança; captação e garantia da poupança popular; sistemas de
mo; aeronáutico; espacial e do trabalho; consórcios e sorteios; propaganda comercial;

Serviços Públicos e Privados: Logística e Transporte:


telecomunicações e radiodifusão; serviço postal; sistema es- diretrizes da política nacional de transportes; regime dos
tatístico; sistema cartográfico e de geologia nacionais; regis- portos; navegação lacustre; fluvial; marítima; aérea e aeroes-
tros públicos; informática; pacial; trânsito e transporte;

Administração Pública e Atuação Administrativa: Administração Pública e Atuação Administrativa:


desapropriação; organização do sistema nacional de emprego desapropriação; organização do sistema nacional de emprego
e condições para o exercício de profissões; organização judi- e condições para o exercício de profissões; organização judi-
ciária do Ministério Público e da Defensoria Pública do Dis- ciária do Ministério Público e da Defensoria Pública do Dis-
trito Federal e dos Territórios, bem como trito Federal e dos Territórios, bem como organização admi-
nistrativa destes; normas gerais de licitação e contratação,
em todas as modalidades, para as administrações públicas

15
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distri- É preciso esclarecer e ressaltar, por um lado, que esta forma
to Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, de categorização e classificação foi desenvolvida por mim e
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia para o meu próprio estudo, de modo que estabeleci os meus
mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; próprios critérios, que naturalmente reputo relevantes. Por
conta disto, tendem a contar com potencial de manutenção
Atividades Militares, Bélicas, Segurança Pública e Nu- cognitiva superior aos critérios que sejam desenvolvidos por
clear: outra pessoa, ainda que se trate de um respeitado doutrina-
requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em dor da área do Direito Constitucional.
tempo de guerra; normas gerais de organização, efetivos,
material bélico, garantias, convocação e mobilização das po- Por outro lado, é preciso que se compreenda que a constru-
lícias militares e corpos de bombeiros militares; competência ção do critério de categorização já faz parte do processo de
da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária fede- aprendizagem. Além disto, as nossas construções tendem a
rais; defesa territorial , defesa aeroespacial, defesa marítima, contar com relevância maior para nós, ao menos em termos
defesa civil e mobilização nacional; defesa territorial, defesa cognitivos, se comparadas com construções desenvolvidas
aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização na- por terceiros. Ou seja, ainda que você ache interessante e
cional; atividades nucleares de qualquer natureza; adote os critérios de classificação que estabeleci neste texto,
provavelmente, a relevância cognitiva que tem para mim não
Cidadania, Direitos Fundamentais e Estrangeiros: será a mesma que tem para você.

nacionalidade, cidadania e naturalização; seguridade social; Considerando as ponderações apresentadas, sugiro que
diretrizes e bases da educação nacional; populações indíge- promova a devida reflexão sobre a adoção da presente estra-
nas; emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão tégia de estudos. E advirto que não se trata de fórmula mági-
de estrangeiros. ca, tampouco de mecanismo voltado a turbinar o cérebro, ou

16
qualquer outra solução congênere, passível de atrair candida- Por fim, registro que a presente estratégia de estudos consis-
tos que se enquadrem no perfil “candidato microondas”. te apenas e tão somente em uma proposta, com a devida
fundamentação científica e passível de trazer alguma contri-
Vale lembrar que o candidato microondas consiste naquele buição. Espero que de fato ajude.
que busca um processo de preparação para concursos de
forma rápida, fácil e sem maiores esforços pessoais e cogni- Bons estudos e boas estratégias de categorização e classifica-
tivos. Assim, se contrapõe ao perfil do candidato de alto ren- ção!
dimento, que busca desenvolver uma preparação consisten-
te, de longo prazo, com foco no processo – e não no resulta-
do, pautado pela execução, monitoramento e controle de um
adequado planejamento de estudos.

17
TEXTO | 3

visite:
Jurisprudência x Doutrina :
Concursos Públicos
um dilema nos estudos
e Preparação de
Alto Rendimento

blog do prof. neiva

Recentemente, ao visitar um colega em determinada Vara do


Fórum no qual atuo, travei uma conversa com um assessor, ocu-
pante do cargo de Analista Judiciário, o qual me disse que estava
TUCTOR 3.0 estudando para o concurso da Magistratura. Ele se dirigiu a mim
com a intenção de discutir algumas estratégias de estudo. No de-
Novo Tuctor.
Uma Revolução senvolvimento da conversa,colocou que para a primeira fase do
na Usabilidade. concurso (prova objetiva) estava procurando “decorar súmulas e
www.tuctor.com orientações jurisprudenciais”, sustentando que este consistia no
objeto de cobrança nas referidas provas.

18
Não vou negar que há um consenso no referido sentido, ou esclarecer que geralmente algumas vantagens salariais se sujei-
seja, de que nas provas objetivas apenas são cobradas a lei tam à referida lógica de causa e efeito, como no caso do adicional
seca, súmulas e, no caso dos concursos trabalhistas, orienta- noturno e de insalubridade. Mas há uma vantagem que mesmo
ções jurisprudenciais do TST. Diante da convicção com a qual salarial não se sujeita a esta lógica de causa e e feito de forma ab-
foi sustentada a referida afirmação,comecei a propor algu- soluta, sendo garantida a incorporação, o que ocorre com a grati-
mas reflexões de modo a desconstruir e provocar a reavalia- ficação do gerente, quando exerce a função por pelo menos 10
ção daquela idéia enquanto algo absoluto. anos e não comete falta para a perda da função.”

Daí apresentei ao aludido assessor e candidato a concursos Muito bem, contada esta “historinha” em formato conceitu-
públicos o seguinte conceito do Direito do Trabalho: al, em poucos minutos apresentei um conjunto de informa-
ções. E daí indaguei se havia compreendido e apreendido in-
“As horas extras contam com natureza salarial em função do seu telectualmente o que disse, obtendo resposta positiva.
caráter retributivo, sendo, por isto, devidas mesmo que prestadas
fora dos parâmetros legais, ou seja, sem a observância de ajuste Em seguida, informei ao meu interlocutor que ele havia se
entre empregado e empregador e do limite de 2 hs diárias. Mas apropriado intelectualmente de ao menos 1 artigo de lei e 6
apesar da natureza salarial, não há direito à incorporação, sendo Súmulas do TST, quais sejam:
assegurada apenas uma indenização ocorrendo a supressão par-
cial ou total das horas extras pelo empregador, no caso do empre- • art. 59 da CLT: requisitos para a realização de horas
gado ter realizado horas extras por pelo menos 1 ano. Ou seja, extras;
apesar das horas extras se sujeitarem a uma lógica de causa e
• Súmula 376, I: natureza salarial das horas extras;
efeito, na medida em que cessada a causa cessa o direito, afas-
tando assim o direito à incorporação, quando suprimidas , respei-
• Súmula 376, II: obrigação de pagamento das horas
tado o período de 1 ano, garante-se algum a compensação. Vale
extras realizadas de forma ilícita;

19
• Súmula 265: supressão do adicional noturno no caso chamar de doutrina. Ou seja, textos conceituais, geralmente
de mudança para o turno diurno; denominados doutrinários, os quais têm como objeto de
abordagem o conteúdo de súmulas e legislação, nos permi-
• Súmula 248: supressão do adicional de insalubridade tem compreender e nos apropriar intelectualmente do con-
no caso de desclassificação do agente insalubre pelo teúdo destas mesmas súmulas e legislação.
Mistério do Trabalho;
Por outro lado, se você vai insistir neste caminho de estudar
• Súmula 291: ausência do direito à incorporação de ou tentar “decorar” o conteúdo de súmulas e legislação no
horas extras e direito ao recebimento de indenização a formato original, por vezes denominado em formato “seco”,
partir de 1 ano; pode ser eficiente e adequado que procure entender a lógica
envolvida nas normas e teses correspondentes, de modo a
• Súmula 372: incorporação da gratificação de gerente, construir seus conceitos, inclusive enquanto recurso de
diante do exercício da função por ao menos 10 anos, aprendizagem.
desde que não tenha ocorrido motivo para a supres-
são. Entendo que por trás dos aparentes dilemas e compreensões
há algumas construções e teorias relevantes, estabelecidas
Este mesmo raciocínio se aplica a todas as outras matérias
no âmbito das ciências voltadas ao estudo da aprendizagem
jurídicas. Mas qual é o seu sentido? humana.

A primeira idéia é que entendo inexistir este aparente abis- Primeiramente, em tese, há um modelo de aprendizagem
mo e caráter excludente entre o estudo da legislação e da ju-
mecânica e de significados. No primeiro há um processo de
risprudência no seu formato original, geralmente chamado
apropriação cognitiva da informação, ou ao menos tentativa
de formato “seco”, e o estudo da informação ou conhecimen-
de apropriação, sem compreensão de sentido, corresponden-
to em formato textual-conceitual-explicativo, o que podemos

20
do ao famoso decoreba puro. No segundo, sistematizado e Outra idéia importante, neste aparente dilema entre doutri-
construído pelo médico-psiquiatra e psicólogo educacional na e jurisprudência sumulada, consiste na possibilidade de se
Daivid Ausubel, subsiste uma compreensão de sentido a par- distinguir e separar os conceitos lógicos dos arbitrários. Os
tir dos antecedentes prévios (MOREIRA, Marco Antonio. conceitos lógicos são aqueles em que há condições de identi-
Teorias de Aprendizagem: São Paulo, EPU, p. 151). ficar uma compreensão lógica de sentido. Já osarbitrários
são estabelecidos arbitrariamente, havendo dificuldades para
Por exemplo, podemos “decorar” o conteúdo da Súmula Vin- a compreensão de sentido. Por exemplo, o conceito de cláu-
culante 25 do STF, a qual estabelece a seguinte redação: “É sula pétrea e o art. 60, § 4o da Constituição Federal podem
ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a ser entendidos como um conceito lógico, ao passo que as ma-
modalidade do depósito”. Isto significa não se preocupar com térias da competência privativa da União (art. 22 da CF) ou
a compreensão dos elementos conceituais e lógicos que com- quoruns do processo legislativo são conceitos de caráter mais
põe a Súmula. arbitrário.

Porém,podemos também tentar entender o seu sentido, Neste sentido, as súmulas que contam com um sentido de
identificando e compreendendo o conceito de prisão civil, de conceito arbitrário, talvez devam ser trabalhadas com mode-
depositário, as modalidades de depósitos e principalmente los de aprendizagem mecânica, com base na idéia do decore-
os fundamentos da tese adotada para a construção da Súmu- ba, inclusive com a adoção de técnicas mnemônicas. Já aque-
la, desde o texto da Constituição Federal, passando pelo Pac- las com um sentido mais lógico, talvez mereçam um modelo
to de São José da Consta Rica, pela sistemática constitucio- de aprendizagem de significados.
nal atual sobre os efeitos da incorporação de tratados dis-
pondo sobre direitos fundamentais, bem como a evolução Outra estratégia que pode ser trabalhada consiste na técnica
jurisprudencial que resultou na súmula. de categorização. Esta técnica inclusive acaba sendo adotada
pelos índices temáticos das editoras. Mas você também pode

21
– e talvez deva, construir o seu próprio “índice temático”, A aprendizagem humana consiste em fenômeno complexo,
inclusive enquanto uma estratégia de aprendizagem própria. como complexo é o ser humano. Daí porque não há como
criar fórmulas universais, principalmente com o rótulo de
O fundamental é que compreenda o sentido das possibilida- segredo do sucesso para passar em concursos e exames.
des de estratégias de aprendizagem ao estudar a jurispru-
dência, inclusive para provas objetivas. O mesmo alerta vale Procure buscar caminhos eficientes, seja crítico, rejeite as
para o estudo da legislação. universalizações absolutas e bom estudo!

22
TEXTO | 4

visite:
Concursos Públicos e Realização
Concursos Públicos
de Exercícios
e Preparação de
Alto Rendimento
Você considera importante a realização de exercícios na pre-
blog do prof. neiva paração para concursos públicos?
Muitos candidatos contam com a compreensão de que os ex-
ercícios são fundamentais. Alguns candidatos lotam as salas de
cursos preparatórios voltados à resolução de questões, na es-
TUCTOR 3.0 perança de que irão adquirir todas as condições necessárias ao al-
Novo Tuctor. cance da aprovação, e em pouco tempo. Existem aqueles que, de
Uma Revolução forma talvez radical, entendem adequado se preparar para o con-
na Usabilidade. curso público apenas e tão somente pela realização de exercícios.
www.tuctor.com Há ainda candidatos que fazem dos exercícios uma verdadeira
competição consigo mesmo, inclusive ficando frustrados quando,
ao conferir o gabarito, não acertam as questões.
23
Diante deste universo de possibilidades, é fundamental a • mapeamento de limitações de conteúdo.
compreensão dos papéis que os exercícios podem represen-
Quanto à apropriação primária, trata-se do processo por
tar na preparação para concursos públicos e, a partir desta
meio do qual se apropria primariamente, em termos intelec-
percepção, identificar a eficiência do investimento de tempo
tuais e cognitivos, de uma determinada informação. Ou seja,
e esforços cognitivos na referida atividade.
trata-se da situação na qual aprendemos determinado con-
O objetivo do presente texto consiste na apresentação de ceito ou informação no processo de realização do exercício.
conceitos, concebidos empiricamente e tecnicamente fun-
O papel de reforço consiste na situação, muito comum na
damentados, de modo a provocar a reflexão. Desde já escla-
preparação para concursos públicos, na qual o candidato,
reço, conforme é a lógica do trabalho de orientação voltada à
após se apropriar primariamente da informação objeto do
preparação para conc ursos públic os que ve nho de se nvol-
exercício, seja por meio de um estudo bibliográfico ou uma
vendo, que não é minha intenção impor conclusões ou teses
aula, passa à realização das questões. Já a ambientação pro-
absolutas e definitivas, ainda que tenha as minhas opiniões.
cedimental-operatória envolve a resolução de exercícios en-
Considero, neste sentido, que cabe a cada candidato avaliar o
quanto meio para a familiarização com o procedimento de
que é melhor para si, a partir de uma avaliação eficiente em
solução de questões, isto é, seria o treino para a prova, inclu-
termos de custo-benefício.
sive no sentido de estar familiarizado com o processo de ra-
Teoricamente, os exercícios podem exercer, sem prejuízo de ciocínio a ser trabalhado. Por fim, o mapeamento obviamen-
outros, os seguintes papéis: te que tem sua importância para que o candidato identifique
eventuais deficiências quanto ao universo de matérias e con-
• apropriação primária; teúdos com compõe o seu programa de estudos.
• reforço da informação primariamente apropriada;
Assim, primeiramente, é fundamental que o candidato com-
• ambientação procedimental-operatória; preenda o que pretende com os exercícios. É bem verdade

24
que a referida atividade na preparação para concursos públi- las pétreas (art. 60, §4o da Constituição Federal), sem saber
cos pode exercer funções híbridas, conjugando todas ou par- o que são cláusulas pétreas, porque existem, o que é poder
te das mencionadas funções. constituinte derivado e quais as espécies de constituição
quanto à mutabilidade constitucional.
Fazendo uma leitura crítica dos possíveis papéis dos exercí-
cios, considero que, na esteira das teorias cognitivistas-pia- No entanto, reconheço que, por outro lado, existem matérias
getianas da aprendizagem, atribuir a esta atividade o papel de caráter bastante abstrato, tais como ramos da matemática
de apropriação primária não seria muito eficiente. aplicada, que inclusive para a apropriação primária exigem a
adoção de procedimentos operatórios como a realização de
Segundo as mencionadas concepções, o processo de aprender
exercícios. Neste sentido, considero que não há como apren-
pauta-se por um fenômeno denominado assimilação e aco-
der matemática financeira ou estatística sem realizar exercí-
modação, para, a partir da consolidação do segundo, alcançar cios. Note que no caso o papel de apropriação primária acaba
um estado de equilíbrio. A assimilação consiste na checagem
por se confundir com o papel de reforço.
do conhecimento novo com o já existente e adquirido, ao
passo que a acomodação consiste na efetiva apropriação do Mas considero, conforme a proposta metodológica que ve-
novo, por meio da compreensão das diferenças entre a nova nho sustentado, que a preparação para o concurso público
informação e a anterior, bem como com a compreensão de deve ser desenvolvida em duas etapas. Uma primeira voltada
sentido, de modo a, em seguida, alcançar o equilíbrio. à apropriação primária do objeto de conhecimento a ser es-
tudado e outra voltada à apropriação secundária, o que con-
Diante desta compreensão, fazer exercícios sem o domínio
siste numa fase de manutenção e aperfeiçoamento. Assim,
prévio das premissas conceituais relacionadas ao próprio
considero, mais uma vez sem a pretensão de ser detentor do
exercício, ou mesmo dos antecedentes lógicos vinculados ao
monopólio da verdade absoluta, que o momento ideal para
conteúdo objeto da questão, pode ser ineficiente. Seria ten- os exercícios seria a segunda fase da preparação.
tar fazer uma questão sobre matérias protegidas por cláusu-

25
Outro aspecto relevante a ser destacado quanto aos papéis Cabe também chamar destacar o papel dos exercícios en-
dos exercícios na preparação para concursos públicos, cor- quanto meio de mapeamento de deficiências e limitações,
responde à importância daambientação procedimental e do considerando os conteúdos previstos no edital do concurso
mapeamento. público e passíveis de cobrança nas provas. Tal função pode
ser de grande importância para que o candidato identifique
Não há dúvida de que a resolução de questões, enquanto determinados temas que contam com fragilidade e domínio
uma espécie de treino, colabora com a realização de provas.
intelectual precário.
Tanto pela possibilidade de repetição de questões ou temas
cobrados, quanto pela aquisição do hábito de raciocínio e Ainda refletindo sobre o papel dos exercícios, é fundamental
caminhos cognitivos para a busca de solução, aspectos que, uma avaliação a partir da noção dos estilos de aprendizagem,
inegavelmente, contam com um papel importante, relacio- os quais correspondem ao teórico, reflexivo, ativo e pragmá-
nado à ambientação procedimental-operatória. tico. Naturalmente que o referido recurso não terá a mesma
repercussão para todos os candidatos, inclusive consideran-
Porém, considero que a condição para a adoção deste recurso
do suas particularidades em termos de estilos de aprendiza-
deveria ser a eficácia atividade intelectual desenvolvida na
gem.
realização dos exercícios, o que afastaria o papel de apropria-
ção primária, conforme já sustentado. Assim, voltamos à Aliás, este é apenas mais um motivo que invoco para susten-
grande questão envolvendo o domínio e estudo prévio dos tar que a compreensão e desenvolvimento do complexo pro-
conteúdos objeto dos exercícios, bem como a eficiência e a cesso de preparação para concursos públicos não comporta
disponibilidade de tempo para os estudos, sendo necessário fórmulas mágicas, fechadas, prontas e acabadas. É preciso
avaliar se, efetivamente, vale a pena o investimento nesta considerar e respeitar as peculiaridades de cada candidato.
atividade.

26
Outra preocupação merecedora de destaque consiste no Portanto, é fundamental entender os exercícios muito mais
comportamento de fazer dos exercícios uma verdadeira como uma oportunidade para a compreensão dos erros, do
competição, espírito que acaba por provocar frustrações di- que uma para uma busca do acerto. Este espírito de com-
ante da constatação do erro. Definitivamente, tenho a con- promisso com o acerto deve predominar apenas nas prova,
vicção de que a realização de exercícios na preparação para com certo cuidado, para não transforma o processo de busca
concursos públicos não pode ser encarada com o espírito da aprovação numa batalha contra um inimigo inexistente.
competitivo. Aliás, como venho sustentando a tese da prepa-
Cabe também tecer considerações sobre a relação entre a ati-
ração para concursos públicos com alto rendimento, esclare-
vidade de exercícios e as modalidades de memória. Isto é, o
ço que este conceito não se confunde com a idéia do espírito
candidato precisa compreender se a sua intenção é que os
competitivo, mas sim do planejamento e da disciplina na im-
exercícios envolvam a mobilização de informações apropria-
plementação de esforços voltados à busca da aprovação.
das enquanto memórias de curto prazo ou de longo prazo?
Inclusive, saliento que o erro, devidamente trabalhado e De modo a tentar encontrar uma resposta, considero que a
compreendido, tem um papel muito importante na aprendi- realização de exercícios enquanto mecanismo de reforço, já
zagem. Segundo sustenta a Profa. Evelise Portilho, psicope- tendo o candidato se apropriado previamente dos conteúdos
dagoga, docente da PUC-PR e autora de obra sobre o tema da objeto das questões, tende a se tornar memória de longo
aprendizagem, prazo, ao passo que, cumprindo o papel de apropriação pri-
mária, sem a realização do estudo prévio por algum outro
“...a visão construtivista da aprendizagem tem sua origem na to-
processo cognitivo, tende a constituir memória de curto pra-
mada de consciência dos fracassos ou dos desequilíbrios entre as
zo.
representações e a realidade. Este ponto da teoria piagetiana vem
contrapor a crença de que não se podiam cometer erros para Inclusive, desenvolvi construções e ponderações mais expli-
aprender.” cadas e aprofundadas no livro que publiquei pela Editora

27
Método, que leva o título “Como se Preparar para Concursos E procure, de maneira bem avaliada, adotar caminhos que se
Públicos com Alto Rendimento”. traduzam em eficiência .

Diante de todas as ponderações apresentadas, a intenção Sucesso nos estudos e, principalmente, nos “exercícios” que
principal desse texto é que procure entender o sentido da re- fará no momento da prova!
alização de exercícios na preparação para o concurso público.
Evite atribuir a esta atividade a tábua de salvação que garan-
tirá a sua aprovação. Evite imprimir o espírito competitivo
na solução de questões, enxergando nesta tarefa uma opor-
tunidade de aprendizado, sem um compromisso absoluto e
rígido com o acerto.

28
TEXTO | 5

visite:
As Revisões na Preparação
para Concursos
Concursos Públicos
e Preparação de
Alto Rendimento

blog do prof. neiva


O desenvolvimento do processo de preparação para o concurso
público pode ser empreendido de maneira racionalizada e
pautado pela busca de eficiência ou não. A racionalização do pre-
sente processo significaotimizar esforços, o que, no mínimo con-
TUCTOR 3.0
tribui para ou determina a conquista da aprovação. Esta com-
Novo Tuctor. preensão de natureza estratégica implica na preocupação com
Uma Revolução
na Usabilidade. uma série de fatores, a começar pela estruturação do planeja-
www.tuctor.com mento de estudos. Mas um elemento que não pode ser descon-
siderado consiste no papel das revisões.

29
Existem diversos fundamentos que determinam a importân- adquirir novos conhecimentos...” (Subjetividade e Objetividade:
cia das revisões, enquanto meio de reiteração de contato com Petrópolis, RJ, Vozes, 2009, p. 64/65).
o objeto de conhecimento estudado.
Há ainda outro motivo relevante que determina a importân-
Primeiramente, as revisões são fundamentais para a consoli- cia das revisões, envolvendo construção desenvolvida por
dação de memórias, inclusive por uma questão neurofisioló- Alexander Luria, clássico neuropsicólogo russo e não menos
gica. Ou seja, memórias consistem em formas de comunica- prestigiado. Trata-se da idéia deencurtamento da rota cogni-
ção entre neurônios, por meio da atuação de neurotransmis- tiva inerente à percepção do estímulo. Isto é, quando temos
sores, consistindo num determinado padrão neural. contato com um objeto de conhecimento, quanto mais este
se encontra consolidado, menor se torna o custo cognitivo e
Assim, a reiteração do contato, por meio da repetição viabili-
o tempo para domínio deste. É o que ocorre quando perce-
zada pelas revisões, tende areforçar os referidos padrões. bemos que o tempo para resolver uma questão sobre um
Outro fundamento importante, decorrente do anterior, con- tema quanto ao qual reiteramos o contato muitas vezes é
siste no automatismo, o que tende a contribuir inclusive no menor do que no caso da questão abordando tema que não
processo de realização de provas. Segundo a prestigiada psi- se teve tanto contato assim.
cóloga cognitiva e psicopedagogoa argentina Sara Paín,
Portanto é fundamento a realização das revisões.
“a automatização é fundamental para a aprendizagem. Se ficás- Superada a presente premissa, cabe refletir sobre como pro-
semos pensando que temos de respirar, ou de abrir a pupila para
ceder.
entrar mais ou menos luz no olho, não poderíamos aprender. A
automatização permite que uma parte já não seja pensada – que Conforme havia sistematizado no livro que escrevi sobre o
esteja inscrita -, para que o pensamento possa se preocupar em tema da metapreparação para concursos (Como se Preparar
para Concursos Públicos com Alto Rendimento) – e sem pre-

30
tensão de ostentar o título de detentor do monopólio da consiste em trabalhar o objeto de conhecimento mais numa
verdade absoluta sobre o tema, quanto à freqüência, existem perspectiva de memória de curto prazo. Tem importância
basicamente duas modalidades de revisões: as periódicas e as principalmente para a realização de provas objetivas.
de véspera de prova.
Independente da modalidade de revisão a ser considerada, é
As revisões periódicas, por sua vez, podem ser trabalhadas de preciso definir as fontes a serem adotadas para tanto. Ou
maneira cíclica e permanente. seja, por exemplo no caso do candidato que vem estudando
por fontes bibliográficas, para a revisão deveria reler ou rees-
Na primeira modalidade o candidato disponibiliza alguns
tudar tudo o que foi antes estudado e pelas mesma fontes?
momentos de seu tempo permanente de estudos para a rea-
Talvez seja pouco viável e razoável.
lização de revisões. Assim, está sempre a realizar a referida
atividade. No caso de ter elaborado resumos, anotações, esquemas,
mapas mentais ou trechos sublinhados das fontes adotadas
Já no formato cíclico, o candidato não irá incorporar de for-
na primeira fase, talvez seja mais adequado adotar este ma-
ma permanente as revisões à sua rotina. No caso, são estabe-
terial como a fonte de revisão.
lecidos determinados períodos para ocupar parte ou todo o
tempo disponibilizado aos estudos com as revisões, de modo Outra possibilidade a ser adotada, não necessariamente ex-
a rever todo o conteúdo até então estudado. Adotando esta cludente em relação às demais, consiste em trabalhar as revi-
opção, é necessário definir a periodicidade de realização das sões no contexto daquilo que venho denominando de segun-
revisões, por exemplo a cada bimestre, trimestre ou semes- da etapa da preparação. Conforme esta construção metodo-
tre. lógica, a primeira fase seria voltada à apropriação intelectual
primária do objeto de conhecimento estabelecido no plano
Quanto à revisão de véspera de prova, a qual se distingue do
de estudos. Já a segunda fase, iniciada após a conclusão da
modelo permanente e programado, a principal finalidade

31
primeira, seria destinada à manutenção e aperfeiçoamento Por outro lado, aquele que conclui antes a primeira etapa já
do conhecimento apropriado na primeira fase. pode partir mais cedo para a segunda, trabalhando neste
contexto as revisões.
Neste sentido, entendo que as revisões consistem em objeti-
vo típico da segunda fase. Porém, daí você pode questionar: Ao longo do meu processo de preparação adotei a segunda
mas qual seria o ideal, trabalhar as revisões na primeira ou opção. E tenho plena convicção de que foi uma decisão e ati-
na segunda fase? tude adequada. Mas isto não significa que tal compreensão
deva ser universalizada.
Mais uma vez, talvez para a sua frustração, não tenho uma
resposta única e universal. Como venho reiteradamente sus- O fundamental é que você compreenda a importância desta
tentando, a intenção é apresentar caminhos, possibilidades e atividade cognitiva correspondente às revisões, bem como-
provocar reflexões, com fundamento e seriedade. trabalhe estratégias que viabilizem a sua execução.

Considero que, se o candidato, ao longo da execução da pri-


meira fase promove revisões, irá retardar a conclusão desta
etapa. Porém, tende a avançar na consolidação das memórias
correspondentes ao objeto de conhecimento estudado.

32
TEXTO | 6

visite:

Diagnóstico da Reprovação
Concursos Públicos
e Preparação de
Alto Rendimento

blog do prof. neiva Fui procurado recentemente por uma psicopedagoga clínica,
minha colega de turma na especialização em neuroaprendizagem,
que estava promovendo o atendimento clínico de uma candidata
ao Exame da OAB. A referida profissional tinha algumas dúvidas
sobre a dinâmica do processo de preparação para concursos púb-
TUCTOR 3.0 licos e exames oficiais, mas já contava com alguns elementos para
Novo Tuctor. fechar o seu diagnóstico preliminar, inclusiveestando convencida
Uma Revolução
na Usabilidade.
de algumas limitações cognitivas e comportamentais quanto à
candidata, a qual já colecionava nada mais nada menos do que-
www.tuctor.com
sete reprovações no exame.

33
Ao descrever as considerações e elementos levantados para a 1. pegue a prova ou as provas (objetivas) e separe identi-
elaboração do diagnóstico, colocava problemas de ordem fa- ficando as questões que não foram objeto de acerto;
miliar, limitações quanto às funções cognitivas primárias
2. apure em percentual o quanto estas representam do
como a atenção e concentração, bem como bloqueios de na-
universo total de questões;
tureza psicológica. E eu ouvia aquelas colocações como se
fosse a fundamentação de uma sentença condenatória. Ou 3. do universo das questões separadas (erradas) as clas-
seja,da forma inicialmente constatada, de fato, a candidata sifique (separando) conforme os seguintes critérios:
estava condenada a mais reprovações.
Q.1- questões que não sabia a resposta;
Daí comecei a fazer questionamentos à minha interlocutora,
Q.2- questões que sabia a resposta, mas não compre-
trazendo conceitos psicopedagógicos, mas principalmente
aspectos relacionados ao universo da preparação para con- endeu o comando da questão;
cursos públicos e Exame da OAB. Q.3- questões que sabia a resposta e compreendeu o
comando da questão, mas não conseguiu identificar a
Após uma longa rodada de conversas e debates,propus que o
alternativa correta(mesmo sabendo a resposta e com-
diagnóstico passasse por um roteiro de levantamento de da-
preendendo adequadamente o comando da questão);
dos sobre as reprovações anteriores. Para isto, seria preciso
que na próxima sessão a candidata levasse ao consultório as Q.4- questões que sabia a resposta, compreendeu o
suas duas últimas provas objetivas (nas quais fora reprova- comando da questão e identificou a alternativa corre-
da), para que fossem realizadas algumas apurações. ta, mas marcou errado no gabarito;
Assim, sugeri um levantamento de dados e informações, 4. identifique em percentual o quanto cada grupo repre-
conforme o seguinte roteiro: senta (meu palpite desde já é que o grupo Q.4 será o
menor e o Q.1 será o maior);

34
5. No universo do grupo de questões Q.1, ou seja, ques- No casso, a solução pode passar, por um lado, pelo trabalho
tões em relação as quais não se sabia a resposta, sepa- com a atenção, enquanto função cognitiva primária e fun-
re as questões entre os seguintes subgrupos: damental à compreensão do enunciado e identificação da
resposta correta.
Q.1.1- questões não acertadas envolvendo temas que
foram estudados; Por outro lado, ainda quanto ao processo de realização de
provas, no caso da falta de capacidade de compreensão do
Q.1.2- questões não acertadas envolvendo temas que
comando da questão, uma alternativa consiste na realização
não foram estudados.
de exercícios, enquanto estratégia de familiarização com a
Levantados os referidos dados, reitero que a minha hipótese presente atividade.
inicial é de o grupo de questões classificadas em Q.1.2, ou
Mas havendo a confirmação da principal hipótese levantada
seja, questões que não foram objeto de acerto e envolvem
– a qual, no caso da paciente da minha colega de turma, efe-
temas não estudados, será significativamente maior.
tivamente restou confirmada – a solução passa por outro
Independente da confirmação da referida hipótese prelimi- caminho. Ou seja, se o maior universo de questões que não
nar,após o levantamento, será identificado um cenário bem foram objeto de acerto envolvem conteúdos não estudados
mais claro da realidade. E neste sentido, diante das possibili- (grupo Q .1.2), o problema está no planejamento do processo
dades de resultados, algumas considerações, sem prejuízo de de preparação.
outras, devem ser refletidas.
Assim, se impõe os seguintes questionamentos relevantes:
Em relação aos grupos de questões Q.2, Q.3 e Q.4, inegavel-
1. por que os referidos temas não foram estudados?;
mente, o problema recai sobre o processo de realização da
prova. 2. havia um plano de estudos?;

35
3. se havia, os referidos temas foram inseridos no pla- Neste sentido, por um lado, é preciso avaliar como foi o pro-
no?; se não foram inseridos, qual o motivo, isto é, foi cesso de busca de apropriação intelectual, ou seja, como este
uma exclusão estratégia e seletiva? estudo foi desenvolvido? Qual a sua consistência? Por outro
lado, também não se pode descartar aadoção de alguma es-
Neste cenário é preciso montar um planejamento de estudos
tratégia de mobilização de memória, principalmente para
de forma adequada, baseado na idéia do planejamento estra-
conceitos classificados como arbitrários.
tégico e tático. Para a compreensão de conceitos metodológi-
cos voltados à estruturação e execução de um adequado pla- Avançando para a conclusão, apesar do título do presente
no de estudos, sugiro a palestra sobre o tema (Veja a Palestra texto, na realidade, os elementos apresentados são mais vol-
sobre (Como Passar em Concursos Públicos e Exames). tados a um diagnóstico de caráter preliminar, e não definiti-
vo. Porém, antes de impor uma condenação de fracasso
Para aqueles que já contam com um planejamento e estão há
quanto à capacidade de passar no concurso público, é preciso
algum tempo em processo de preparação, considere a possi-
entender o cenário estabelecido, de forma real e rac ional .
bilidade de suprir suas limitações quanto aos temas em rela-
ção aos quais não se tem (e não teve na prova) a disponibili- No caso objeto de inspiração do texto, a minha colega acabou
dade intelectual. Ou seja, supere a referida limitação. se convencendo de que boa parte das hipóteses inicialmente
levantadas, principalmente quanto às limitações cognitivas e
Já no caso de confirmação da prevalência do grupo Q.1.1,
problemas psicológicos, estavam erradas enquanto causas
isto é, questões envolvendo temas estudados, mas que não
determinantes das reprovações. Na realidade, o problema
se lembrava a resposta, primeiramente, é preciso compreen-
era apenas uma questão de planejamento de estudos, ou seja,
der que“não se lembrava” significa não havia a disponibilida-
aquilo que não era objeto de acerto, na sua maioria, não ha-
de cognitiva da informação. Ou seja, o problema envolveu
via sido estudado.
uma função cognitiva primária denominada memória.
Bom diagnóstico e bom estudo!

36
NOVO TUCTOR 3.0 » CONHEÇA O TUCTOR

Uma Revolução na Usabilidade.


www.tuctor.com
O Tuctor é uma ferramenta única e inédita, voltado ao
monitoramento e controle da execução do plano da
preparação. Faça o cadastro, usufrua da licença-degustação
e otimize seus estudos! suporte@tuctor.com

parceiros do tuctor:

www.jurisprudenciaeconcursos.com.br www.editorametodo.com.br www.portalexamedeordem.com.br

37
http://concurseirosolitario.blogspot.com www.itnerante.com.br www.sosconcurseiro.com.br

Você também pode gostar