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METODOLOGIA DA PESQUISA E DO

TRABALHO CIENTÍFICO
Equipe de Elaboração
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Marco Antônio Gonçalves

Professor-autor
Luciano de Assis Silva

Coordenação de Design Instrucional do Material Didático


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Revisão
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Boas-vindas

Olá!

É com grande satisfação que o Grupo ZAYN Educacional agradece por


escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN
estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance seus
objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo de
aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno.

Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas


atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente
de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo,
que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã.
Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à
sua necessidade.

Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de


formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e
compromisso discente.

Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você


total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância,
a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on-
line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os
prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu
espaço de aprendizagem virtual.

Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda


licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que
amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento
crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua.
Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa
colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, além de
pleno sucesso na sua formação ao longo da vida.
“O importante não é estar aqui ou ali,
mas ser. E ser é uma ciência
delicada, feita de pequenas
observações do cotidiano, dentro e
fora da gente. Se não executamos
essas observações, não chegamos a
ser: apenas estamos, e
desaparecemos”.

Carlos Drummond de Andrade


METODOLOGIA DA
PESQUISA E DO GRUPO ZAYN
TRABALHO EDUCACIONAL
CIENTÍFICO

EMENTA: CONTEÚDO PROGRAMÁTICO


Na disciplina Metodologia da Pesquisa - Introdução: Critérios de cientificidade
Científica será estudado alguns 1.Conhecimento científico e
critérios de cientificidade; conhecimento popular;
conhecimento científico e 2. Método científico;
conhecimento popular; o método 3. Método dedutivo e método indutivo;
científico; método dedutivo e método 4. Método hipotético-dedutivo;
indutivo; método hipotético-dedutivo; 5. Método dialético;
método dialético e método 6. Método fenomenológico;
fenomenológico. Atividades;
Leitura Complementar;
Referências.

Organização do conteúdo:
Prof.ªM.ª Jéssica de Freitas Lopes
CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA
Disciplina: METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO
CIENTÍFICO

EMENTA

Na disciplina Metodologia da Pesquisa Científica será estudado alguns critérios


de cientificidade; conhecimento científico e conhecimento popular; o método
científico; método dedutivo e método indutivo; método hipotético-dedutivo;
método dialético e método fenomenológico.

OBJETIVOS

Refletir sobre métodos científicos no contexto da pesquisa.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Introdução: Critérios de cientificidade

1.Conhecimento científico e conhecimento popular;

2. Método científico;

3. Método dedutivo e método indutivo;

4. Método hipotético-dedutivo;

5. Método dialético;

6. Método fenomenológico;

Leitura Complementar;

Referências.
SUMÁRIO

Introdução:Critérios de cientificidade 07
1. Conhecimento científico e conhecimento popular 09
2.Método científico 10
3.Método dedutivo e método indutivo 11
4.Método hipotético-dedutivo 13
5. Método dialético 14
6.Método fenomenológico 15
Leitura Complementar 19
Referências 30
7

METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO

Introdução: Critérios de cientificidade

De acordo com Demo (2000) apud Prodanov e Freitas (2013), podemos


alistar critérios de cientificidade normalmente citados na literatura científica:

a) Objeto de estudo bem-definido e de natureza empírica: delimitação


e descrição objetiva e eficiente da realidade empiricamente
observável, isto é, daquilo que pretendemos estudar, analisar,
interpretar ou verificar por meio de métodos empíricos;

b) Objetivação: tentativa de conhecer a realidade tal como é, evitando


contaminá- la com ideologia, valores, opiniões ou preconceitos do
pesquisador;

c) Discutibilidade: significa a propriedade da coerência no


questionamento, evitando, conforme Demo (2000, p. 28), “a
contradição performativa, ou seja, desfazermos o discurso ao fazê-
lo, como seria o caso de pretender montar conhecimento crítico
imune à crítica”; trata-se de conjugar crítica e autocrítica, dentro do
princípio metodológico de que a coerência da crítica está na
autocrítica;

d) Observação controlada dos fenômenos: preocupação em controlar a


qualidade do dado e o processo utilizado para sua obtenção;

e) Originalidade: refere-se à expectativa de que todo discurso científico


corresponda a alguma inovação, pelo menos, no sentido
reconstrutivo; “não é aceito discurso apenas reprodutivo, copiado, já
8

que faz parte da lógica do conhecimento questionador desconstruir


o que existe para o reconstruir em outro nível” (DEMO, 2000, p. 28);

f) Coerência: argumentação lógica, bem-estruturada, sem


contradições; critério mais propriamente lógico e formal, significando
a ausência de contradição no texto, fluência entre premissas e
conclusões, texto bem-tecido como peça de pano sem rasgos,
dobras, buracos.

g) Sistematicidade: parceira da coerência, significa o esforço de dar


conta do tema amplamente, sem exigir que se esgote, porque
nenhum tema é, propriamente, esgotável; supomos, porém, que
tenhamos estudado por todos os ângulos, tenhamos visto todos os
autores relevantes, dando conta das discussões e polêmicas mais
pertinentes, passando por todos os meandros teóricos, sobretudo,
que reconstruamos meticulosamente os conceitos centrais.

h) Consistência: base sólida, “refere-se à capacidade do texto de


resistir à contra argumentação ou, pelo menos, merecer o respeito
de opiniões contrárias; em certa medida, fazer ciência é saber
argumentar, não só como técnica de domínio lógico, mas sobretudo
como arte reconstrutiva.”

i) Linguagem precisa: sentido exato das palavras, restringindo ao


máximo o uso de adjetivos;

j) Autoridade por mérito: significa o reconhecimento de quem


conquistou posição respeitada em determinado espaço científico e é
por isso considerado “argumento”; segundo Demo (2000, p. 43),
“corre todos os riscos de vassalagem primária, mas, no contexto
social do conhecimento, é impossível livrarmo-nos dele”;
9

k) Relevância social: os trabalhos acadêmicos, em qualquer nível,


poderiam ser mais pertinentes, se também fossem relevantes em
termos sociais, ou seja, estudassem temas de interesse comum, se
se dedicassem a confrontar-se com problemas sociais
preocupantes, “buscassem elevar a oportunidade emancipatória das
maiorias.”

l) Ética: procura responder à pergunta: a quem serve a ciência? Em


seu contexto extremamente colonizador, o conhecimento científico
tem sido, sobretudo, arma de guerra e lucro e, assim, como
construiu fantástica potencialidade tecnológica, pode tornar inviáveis
as condições ambientais do planeta (DEMO, 2000).

m) Intersubjetividade: opinião dominante da comunidade científica de


determinada época e lugar(PRODANOV E FREITAS, 2013).

1- Conhecimento científico e conhecimento popular

Por existir mais de uma forma de conhecimento, é conveniente destacar o


quevem a ser conhecimento científico em oposição ao chamado conhecimento
popular,vulgar ou de senso comum.Não deixa de ser conhecimento aquele que foi
observado ou passado degeração em geração através da educação informal ou
baseado em imitação ouexperiência pessoal. Esse tipo de conhecimento, dito
popular, diferencia-se doconhecimento científico por lhe faltar o embasamento
teórico necessário à ciência (PRODANOV E FREITAS, 2013).

Conforme Trujillo Ferrari (1974), o conhecimento popular é dado


pelafamiliaridade que temos com alguma coisa, sendo resultado de experiências
pessoaisou suposições, ou seja, é uma informação íntima que não foi
suficientemente refletidapara ser reduzida a um modelo ou uma fórmula geral,
10

dificultando, assim, suatransmissão de uma pessoa a outra, de forma fácil e


compreensível (PRODANOV E FREITAS, 2013).

Para que o conhecimento seja considerado científico, é necessário analisar as


particularidades do objeto ou fenômeno em estudo. A partir desse pressuposto,
Lakatos e Marconi (2007) apud Prodanov e Freitas (2013) apresentam dois aspectos
importantes:

a) a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade;

b) um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado tanto pelo cientista


quanto pelo homem comum; o que leva ao conhecimento científico é a forma de
observação do fenômeno (PRODANOV E FREITAS, 2013).

O conhecimento científico difere dos outros tipos de conhecimento por ter toda
uma fundamentação e metodologias a serem seguidas, além de se basear em
informações classificadas, submetidas à verificação, que oferecem
explicaçõesplausíveis a respeito do objeto ou evento em questão (PRODANOV E
FREITAS, 2013).

2- Método científico
11

Fonte: Imagem retirada da internet

Partindo da concepção de que método é um procedimento ou caminho


paraalcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do
conhecimento, podemos dizer que o método científico é um conjunto de
procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento (PRODANOV E
FREITAS, 2013).

De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço


característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena,
inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista
aolongo do caminho até atingir o objetivo científico preestabelecido (PRODANOV E
FREITAS, 2013).

Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos científicos não é


exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do
cotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos
científicos. Muitos foram os pensadores e filósofos do passado que tentaram definir
um único método aplicável a todas as ciências e a todos os ramos do conhecimento.
Essas tentativas culminaram no surgimento de diferentes correntes de pensamento,
por vezes conflitantes entre si. Na atualidade, já admitimos a convivência, e até a
combinação, de métodos científicos diferentes, dependendo do objeto de
investigação e do tipo de pesquisa (PRODANOV E FREITAS, 2013).

3- Método dedutivo e método indutivo

O método dedutivo, de acordo com o entendimento clássico, é o método que


parte do geral e, a seguir, desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias
consideradas verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares
com base na lógica. “Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e
indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é,
12

em virtude unicamente de sua lógica.” (GIL, 2008, apud PRODANOV E FREITAS,


2013).

O método dedutivo encontra ampla aplicação em ciências como a Física e a


Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Já nas ciências
sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para
obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida
(PRODANOV E FREITAS, 2013).

Mesmo do ponto de vista puramente lógico, são apresentadas várias objeções ao


método dedutivo. Uma delas é a de que o raciocínio dedutivo é essencialmente
tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Esse
argumento pode ser verificado no exemplo apresentado. Quando aceitamos que
todo homem é mortal, colocar o caso particular de Pedro nada adiciona, pois essa
característica já foi adicionada na premissa maior (PRODANOV E FREITAS, 2013).

O método indutivo é um método responsável pela generalização, isto é, partimos


de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. Para Lakatos e Marconi
(2007, p. 86), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de
dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos
indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das
premissas nas quais se basearam (PRODANOV E FREITAS, 2013).

Essa generalização não ocorre mediante escolhas a priori das respostas, visto
que essas devem ser repetidas, geralmente com base na experimentação. Isso
significa que a indução parte de um fenômeno para chegar a uma lei geral por meio
da observação e de experimentação, visando a investigar a relação existente entre
dois fenômenos para se generalizar. Temos, então, que “o método indutivo procede
inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um
produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares.” (GIL, 2008, p. 10
apud PRODANOV E FREITAS, 2013).

No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da


realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de
13

generalizações. Entre as críticas ao método indutivo, a mais contundente é aquela


que questiona a passagem (generalização) do que é constatado em alguns casos
(particular) para todos os casos semelhantes (geral) (PRODANOV E FREITAS,
2013).

4- Método hipotético-dedutivo

O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de críticas à


indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela
primeira vez em 1935 (GIL, 2008). A indução, conforme Popper, não se justifica,
“pois o salto indutivo de ‘alguns’ para ‘todos’ exigiria que a observação de fatos
isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a
quantidade de fatos observados.” (GIL, 2008, p. 12 apud PRODANOV E FREITAS,
2013).

Como já dito, o método hipotético-dedutivo foi proposto por Karl Popper e


consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: [...] quando os conhecimentos
disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um
fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no
problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas,
deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa
tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método
dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-
dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. (GIL,
2008, p. 12 apud PRODANOV E FREITAS, 2013).

O método hipotético-dedutivo inicia-se com um problema ou uma lacuna no


conhecimento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo
de inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos
abrangidos pela referida hipótese. Podemos apresentar o método hipotético-
14

dedutivo a partir do seguinte esquema (GIL, 2008, p. 12 apud PRODANOV E


FREITAS, 2013):

Problema → Conjecturas → Dedução de consequências observadas → Tentativa de


falseamento → Corroboração.

A pesquisa científica, com abordagem hipotético-dedutiva, inicia-se com a


formulação de um problema e com sua descrição clara e precisa, a fim de facilitar a
obtenção de um modelo simplificado e a identificação de outros conhecimentos e
instrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarão o pesquisador em seu
trabalho. Após esse estudo preparatório, o pesquisador passa para a fase de
observação. Na verdade, essa é a fase de teste do modelo simplificado. É uma fase
meticulosa em que é observado determinado aspecto do universo, objeto da
pesquisa. A fase seguinte é a formulação de hipóteses, ou descrições-tentativa,
consistentes com o que foi observado. Essas hipóteses são utilizadas para fazer
prognósticos, os quais serão comprovados ou não por meio de testes, experimentos
ou observações mais detalhadas. Em função dos resultados desses testes, as
hipóteses podem ser modificadas, dando início a um novo ciclo, até que não haja
discrepâncias entre a teoria (ou o modelo) e os experimentos e/ou as observações
(PRODANOV E FREITAS, 2013).

5- Método dialético

O conceito de dialética é bastante antigo. Platão o utilizou no sentido de arte do


diálogo. Na Antiguidade e na Idade Média, o termo era utilizado para significar
simplesmente lógica. O método dialético, que atingiu seu auge com Hegel (GIL,
2008), depois reformulado por Marx, busca interpretar a realidade partindo do
pressuposto de que todos os fenômenos apresentam características contraditórias
organicamente unidas e indissolúveis (PRODANOV E FREITAS, 2013).

Na dialética proposta por Hegel, as contradições transcendem-se, dando origem


a novas contradições que passam a requerer solução. Empregado em pesquisa
qualitativa, é um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, pois
15

considera que os fatos não podem ser relevados fora de um contexto social, político,
econômico etc (PRODANOV E FREITAS, 2013).

Lakatos e Marconi (2007) apontam as leis da dialética. A Ação Recíproca informa


que o mundo não pode ser entendido como um conjunto de “coisas”, mas como um
conjunto de processos, em que as coisas estão em constante mudança, sempre em
vias de se transformar: “[...] o fim de um processo é sempre o começo de outro.”
(LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 101). As coisas e os acontecimentos existem como
um todo, ligados entre si, dependentes uns dos outros(PRODANOV E FREITAS,
2013).

Na Mudança Dialética, a transformação ocorre por meio de contradições. Em


determinado momento, há mudança qualitativa, pois as mudanças das coisas não
podem ser sempre quantitativas. Por outro lado, como tudo está em movimento,
tudo tem “duas faces” (quantitativa e qualitativa, positiva e negativa, velha e nova),
uma se transformando na outra; a luta desses contraditórios é o conteúdo do
processo de desenvolvimento(PRODANOV E FREITAS, 2013).

Em síntese, o método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo


se relaciona, transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada
fenômeno. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o
pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e
conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está
sempre em constante mudança (PRODANOV E FREITAS, 2013).

De acordo com Gil (2008, p. 14), [...] a dialética fornece as bases para uma
interpretação dinâmica e totalizante da realidade, uma vez que estabelece que os
fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente,
abstraídos de suas influências políticas, econômicas, culturais etc. Assim, como a
dialética privilegia as mudanças qualitativas, opõe-se naturalmente a qualquer modo
de pensar em que a ordem quantitativa se torne norma. Desse modo, as pesquisas
fundamentadas no método dialético distinguem-se claramente das pesquisas
desenvolvidas segundo a visão positivista, que enfatiza os procedimentos
quantitativos (PRODANOV E FREITAS, 2013).
16

6- Método fenomenológico

O método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859-
1938), propõe-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposições, para todas
as ciências (GIL, 2008). Para Husserl, as certezas positivas que permeiam o
discurso das ciências empíricas são “ingênuas”. “A suprema fonte de todas as
afirmações racionais é a ‘consciência doadora originária’.” (GIL, 2008, p. 14). Daí a
primeira e fundamental regra do método fenomenológico: “avançar para as próprias
coisas.” Por coisa entendemos simplesmente o dado, o fenômeno, aquilo que é visto
diante da consciência. A fenomenologia não se preocupa, pois, com algo
desconhecido que se encontre atrás do fenômeno; só visa o dado, sem querer
decidir se esse dado é uma realidade ou uma aparência (PRODANOV E FREITAS,
2013).

O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o


que é dado e em esclarecer esse dado. “Não explica mediante leis nem deduz a
partir de princípios, mas considera imediatamente o que está presente à
consciência: o objeto.” (GIL, 2008, p. 14). Consequentemente, tem uma tendência
orientada totalmente para o objeto. Ou seja, o método fenomenológico limita-se aos
aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou
empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado,
o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia (PRODANOV E FREITAS,
2013).
17

LEITURA COMPLEMENTAR

A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA CIENTÍFICA PARA O


ENSINO E APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR

Tamires Aparecida Batista de Oliveira


Kleber Firpo Prado Valença

Resumo

Nos últimos anos, tem sido um aparente consenso na comunidade acadêmica


brasileira o de que instituições de ensino universitário devem aliar às práticas de
ensino tradicional, elementos que promovam o desenvolvimento do pensamento
crítico reflexivo dos alunos, permitindo, através de uma visão real do mundo,
detectar os problemas que o afligem e ao mesmo tempo, dotá-los de ferramentas
capazes de promover medidas que ajudem solucioná- los. O impacto da chegada ao
Ensino Superior é sentido em diversos aspectos, e o campo da pesquisa acadêmica
é setor de maior repercussão. Obrigatória em todos os cursos, a metodologia
científica é fundamental para todo percurso da vida acadêmica dos alunos que
cursam o Ensino Superior no Brasil. Com o objetivo de solucionar problemas
propostos, a pesquisa acadêmica tem seus pressupostos na metodologia científica e
em normas devidamente rígidas e controladas. A Metodologia Científica irá abordar
as principais regras da produção científica para alunos dos cursos de graduação,
fornecendo uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo
auxiliar para melhorar a produtividade dos alunos e a qualidade das suas produções.
No campo informacional da produção científica não é diferente, pois já sendo um
campo com um discurso instaurado, com suas próprias normas que o justificam e o
identificam, torna-se necessário, dentro de um contexto mundial de otimização e
compartilhamento de informações via web, que haja mecanismos de padronização
inerentes à produção científica. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar o
universo da metodologia científica e a importância da mesma para o
18

ensino/aprendizagem no Ensino Superior. Para tal empreitada, utilizaremos um


entrecruzamento de uma literatura de ponta especializada no âmbito da Metodologia
Científica, aos quais serão citados no decorrer do trabalho. Buscando uma melhor
apresentação, o trabalho estará dividido em dois tópicos, além da introdução e
conclusão.

Introdução

Diferentemente do Ensino Básico, a entrada numa universidade e faculdade


exige um grande uso de algumas habilidades, e a boa escrita é uma delas. Num
país que passa por dificuldades estruturais na educação, como o Brasil, escrever
tornou-se um problema crônico. Assim, a passagem do Ensino Básico para o
superior deveria ser tratado com maior cuidado por parte dos sistemas de ensino
público e privado.
Para Rosane Tolentino Maia (2007), a situação atual do ensino médio encerra
várias e complexas questões, como aspectos estruturais que ainda não foram
resolvidos, a precariedade desse ensino público no Brasil. O cenário educacional em
que convivem velhos e novos problemas aponta para a expansão do ensino médio
com baixa qualidade, para a privatização da sua gestão e, simultaneamente, exibe
um forte componente de exclusão. A reforma político educacional do ensino médio,
em curso, vem afetando sensivelmente o trabalho do professor e a dinâmica
institucional da escola e, em muito menor grau, a realidade educacional do aluno.
Tal fato refletirá na sua atuação enquanto discente de uma instituição de nível
superior.
O impacto da chegada ao Ensino Superior é sentido em diversos aspectos, e
o campo da pesquisa acadêmica é setor de maior repercussão. Obrigatória em
todos os cursos, a metodologia científica é fundamental para todo percurso da vida
acadêmica dos alunos que cursam o Ensino Superior no Brasil. Com o objetivo de
solucionar problemas propostos, a pesquisa acadêmica tem seus pressupostos na
metodologia científica e em normas devidamente rígidas e controladas. Assim, o
objetivo deste trabalho é apresentar o universo da metodologia científica e a
importância da mesma para o ensino/aprendizagem no Ensino Superior.
19

A Metodologia Científica significa estudo dos métodos ou da forma, ou dos


instrumentos necessários para a construção de uma pesquisa científica; é uma
disciplina a serviço da Ciência. Metodologia é a parte onde será indicado o tipo de
pesquisa que será empregado, as etapas a serem realizadas. O conhecimento dos
métodos que auxiliam na elaboração do trabalho científico. Para Severino (2000, p.
18), Metodologia seria:

[...] um instrumental extremamente útil e seguro para a


gestação de uma postura amadurecida frente aos problemas
científicos, políticos e filosóficos que nossa educação
universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais,
sejam eles técnicos ou lógicos, mediante os quais os
estudantes podem conseguir maior aprofundamento na ciência,
nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objetivo intrínseco do
ensino e da aprendizagem universitária.

Frente a essa afirmativa há a necessidade de sistematizar o conhecimento


científico, pois a partir disso a metodologia começa a ser instituída e atrela a
pesquisa o seu pleno desenvolvimento. Nesse sentido, Severino (2000) diz que a
pesquisa assume três dimensões na Universidade:

De um lado, tem uma dimensão epistemológica: a perspectiva


do conhecimento. Só se conhece construindo o saber, ou seja,
praticando a significação dos objetos [...] assume ainda uma
dimensão pedagógica: a perspectiva decorrente de sua relação
com a aprendizagem. Ela é mediação necessária e eficaz para
o processo de ensino/aprendizagem. Só se aprende e só se
ensina pela efetiva prática da pesquisa. Mas ela tem ainda uma
dimensão social: a perspectiva da extensão [...]. (SEVERINO,
2000, p. 26).

Nesse contexto, a pesquisa assume papel importante, pois tanto docente,


quanto o estudante fará uso da pesquisa para aprimorar, pôr em prática e construir
20

conhecimento de maneira significativa. Severino (2000, p. 25-26) diz que o


“professor precisa da prática da pesquisa para ensinar eficazmente; o aluno precisa
dela para aprender eficaz e significativamente [...]”.
Segundo Teixeira (2010), para que se alcance uma educação de qualidade
esta deve estar atrelada ao conhecimento. Dessa maneira, será possível a
construção do conhecimento voltado para uma educação comprometida e,
realmente, construtiva.
Portanto, compete aos professores e estudantes, através da prática de
pesquisa, proporcionar a sociedade novos conhecimentos com a finalidade de torná-
la padrão na praxe do ensino superior e nas demais modalidades de ensino
(principalmente no ensino médio), o que certamente facilitaria, significativamente, a
vida do ingressante de ensino superior.
Para tal empreitada, utilizaremos um entrecruzamento de uma literatura de
ponta especializada no âmbito da Metodologia Científica, aos quais serão citados no
decorrer do trabalho. Buscando uma melhor apresentação, o trabalho estará dividido
em dois tópicos, além da introdução e conclusão. Num primeiro momento será
trabalhada a importância da ciência como um campo de atuação que busca o
conhecimento e o seu papel na construção de soluções para diversos problemas na
humanidade, o tópico é Entre formas e Conhecimento.

No segundo momento, o tema a ser abordado será Da escrita à exposição.


Aqui será analisada a função de algumas instituições, principalmente a da ABNT
(Associação Nacional de Normas e Técnicas) para a normatização de trabalhos
acadêmicos.

Entre formas e conhecimento

A discussão acerca do que seja ciência não é unânime entre os diversos


campos do conhecimento. Mas, de um modo geral, podemos utilizar o termo
“ciência” para designar a área de atuação de um grupo de pesquisadores engajados
em solucionar problemas que estejam ligados à humanidade. Parafraseando o autor
Júlio Aróstegui (2006), ele diz que:
21

Ciência é “um termo que em nossa tradição filosófica e


mundana tem significados muito distintos”. Mas a palavra, em
seu sentido mais preciso e concreto, [...] designa o que
chamamos “ciência moderna” por antonomásia. Quer dizer,
ciência como o resultado da “revolução científica” que teve
início no Renascimento e produziu a Mecânica newtoniana, ou
a Química, dos séculos 17 e 18, os avanços no conhecimento
da eletricidade no século 19, as teorias cosmológicas no século
20, etc. (ARÓSTEGUI, 2006, p. 55).

O ator tenta fundamentar o seu entendimento por ciência buscando


referência no movimento conhecido como a Revolução Científica que ocorreu na
Inglaterra, mais precisamente. Mas a ciência não fica presa aos conceitos e teorias,
a prática científica é fundamental para o seu desenvolvimento. Afinal, teoria e prática
tem que está interiorizada no pesquisador.
A produção do conhecimento científico exige algumas regras/métodos
imprescindíveis para o seu sucesso, o que a Metodologia Científica explica
detalhadamente. Um produto acadêmico não nasce do vazio e muito menos deve
ser escrito de qualquer forma. Além do passo-a-passo científico (problema, objeto,
fontes, recorte temporal, metodologia, aporte teórico, debate historiográfico, entre
outros), a escrita tem que ser clara e acadêmica. Aqui é a parte onde será indicado o
tipo de pesquisa que será empregado, as etapas a serem realizadas, como: revisão
de literatura, coleta de dados (delimitar o universo da pesquisa, os instrumentos de
coletas, indicando a seleção dos sujeitos), análise dos dados e da redação final. Na
maioria dos trabalhos acadêmicos geralmente utiliza-se a pesquisa bibliográfica,
complementada com tema e dos objetivos da pesquisa, sendo esta parte redigida
em texto contínuo, isto é, não deve apenas apresentar os tópicos, mas explicitar
conceitualmente a pesquisa que se pretende realizar.
Segundo Libânio (2001, p. 39):

O primeiro objetivo da disciplina de Metodologia Científica é


resgatar em nossos alunos a capacidade de pensar. Pensar
significa passar de um nível espontâneo, primeiro e imediato a
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um nível reflexivo, segundo, mediado. O pensamento pensa o


próprio pensamento, para melhor captá-lo, distinguir a verdade
do erro. Aprende-se a pensar à medida que se souber fazer
perguntas sobre o que se pensa.

No conhecimento científico, o pensar deve ser sistemático, verificando uma


hipótese (ou conjunto de hipóteses), atribuindo o rigor na utilização de métodos
científicos. Dessa forma, o trabalho científico configura-se na produção elaborada a
partir de questões específicas de estudo. De acordo com o especialista Galliano
(1986, p. 26), “ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de
explicá-lo, mas também busca descobrir suas relações com outros fatos e explicá-
los”.
Seguindo uma ordem pré-estabelecida: a definição do problema é o primeiro
passo e um dos mais difíceis, pois devemos escolher a questão ou questões a
serem respondidas. O desafio em formular a pergunta para um estudo não está
baseado somente nas incertezas sobre o assunto, mas também na escolha de uma
questão importante que possa ser transformada numa pesquisa possível de ser
realizada e que seja válida. É difícil para o pesquisador selecionar uma pergunta
principal para o seu estudo, pois a vontade é de responder a muitas perguntas em
um único projeto. Por isso, é importante não frear o espírito aguçado e criativo que
deve fazer parte dos requisitos de um pesquisador, mas ser suficientemente
criterioso para dar credibilidade e realmente responder à questão proposta. Lembrar
que para cada pergunta há um tipo de desenho mais apropriado.
Já o método ao qual o objeto será analisado tem uma importância grandiosa.
Diante disso Pinto (2009, p. 4) descreve que:

O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou de


pensamento, leva o indivíduo a adquirir hábitos e posturas
diante de si mesmo, do outro e do mundo que só têm a
beneficiar a sua vida tanto profissional quanto social, afetiva,
econômica e cultural. Por método entendemos caminho que se
trilha para alcançar um determinado fim, atingir-se um objetivo;
para os filósofos gregos metodologia era a arte de dirigir o
23

espírito na investigação da verdade. Ora, as regras e passos


metodológicos que são ensinados na universidade, visando à
inserção do estudante no mundo acadêmico-científico - que
são pertinentes e necessárias - objetivam também, e,
sobretudo, a criar hábitos que o acompanharão por toda a sua
vida, como o gosto pela leitura, a compreensão dos diferentes
interlocutores, um espírito crítico maduro e responsável, o
diálogo claro e profundo com os outros e com o mundo, a
autodisciplina, o respeito à alteridade e ao diferente, uma
postura de humildade diante do pouco que se sabe e da
infinidade de saberes existentes, o exercício da ética e do
respeito a quem pensa diferente, a ousadia/coragem de expor
o próprio pensar.

Da escrita à exposição

Percebe-se que ao longo do ano acadêmico os discentes se encontram


diante de muitas dificuldades para cumprir as exigências que as universidades e
faculdades impõem, provavelmente, em decorrência de uma formação deficiente na
formação básica. Esse fato é refletido quando os estudantes estão cursando o último
ano do curso de graduação. Muitos deles não conhecem as normas mais
elementares para a elaboração de um texto científico, tais como: desenvolvimento e
estrutura do trabalho (Pré-projeto), padrões de redação, procedimentos para se
fazer pesquisas bibliográficas, seleção e organização da leitura das obras,
construção de citações diretas e indiretas, bem como sobre o propósito de incluí-las
no corpo do próprio texto.
Essas dificuldades podem ser a causa de uma grande aflição para estes
alunos, que muitas vezes podem levá-los ao desânimo, a uma longa duração no
curso e, até mesmo, a desistência, quando os mesmos têm a consciência que no
decorrer do período acadêmico não conseguiram entender o real valor da disciplina
de Metodologia Científica, e da Prática de Pesquisa, quando os mesmos recebem
orientações para o seu objeto de pesquisa, ministradas ao longo dos Cursos.
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Nos últimos anos, tem sido um aparente consenso na comunidade acadêmica


brasileira o de que instituições de ensino universitário devem aliar às práticas de
ensino tradicional, elementos que promovam o desenvolvimento do pensamento
crítico reflexivo dos alunos, permitindo, através de uma visão real do mundo,
detectar os problemas que o afligem e ao mesmo tempo, dotá-los de ferramentas
capazes de promover medidas que ajudem solucioná- los.

Os cursos de graduação pressupõem a produção de conhecimento na área,


mediante um projeto de pesquisa para a elaboração de uma monografia e/ou artigo
com base em metodologia científica. Assim, torna-se fundamental que o graduando
esteja capacitado a escolher o tema, a abordagem metodológica, as técnicas para a
coleta, análise e interpretação dos dados da pesquisa, com vistas à produção de
conhecimento adquirido ao longo do curso. Para Leite (2009, p.10):

Metodologia Científica não é um conteúdo a ser decorado pelo


acadêmico, para ser verificado num dia de prova; trata-se de
fornecer aos acadêmicos um instrumental indispensável para
que sejam capazes de atingir os objetivos da Academia, que
são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento.

Diante disso, a Pesquisa e Linguagem Científica é uma ciência que dita


algumas regras, pois, é nesse sentido que a disciplina de Metodologia Científica é
eminentemente prática e deve estimular o acadêmico para que esse busque
motivações para encontrar respostas às suas dúvidas.
Dentro dessa concepção, percebe-se que esta disciplina é essencial para o
desenvolvimento de um trabalho científico, pois é nesta que os acadêmicos
precisam saber realmente o que é e como se faz trabalhos, artigos e projetos, onde
o papel do professor neste momento é o de orientar, ensinar, trabalhar de forma
clara e objetiva com seu aluno, tendo uma linguagem que pode mudar a conduta do
estudante frente as etapas que irão surgir.
Assim, diante do exposto, a preparação, a redação e a apresentação de
trabalhos científicos envolvem um grande número de questões de natureza técnica e
estética, dentre as quais, pode-se destacar a disciplina, a criatividade na seleção da
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bibliografia, a leitura de forma organizada, a ousadia e o rigor na abordagem do


assunto, além da obediência a certas normas de redação e apresentação do texto
final. A Metodologia Científica irá abordar as principais regras da produção científica
para alunos dos cursos de graduação, fornecendo uma melhor compreensão sobre
a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar para melhorar a produtividade dos
alunos e a qualidade das suas produções.
No mundo contemporâneo competitivo, de produção em larga escala e de
amplitude produtiva global, torna-se necessário criar mecanismos internacionais
normativos que subsidiarão serviços e produtos a atingirem a máxima utilização e
qualidade. Para isso, existem padrões internacionais bem conhecidos, tais como os
padrões ISO 9000. Esses padrões internacionais possuem como objetivo principal o
1 Brainstorming ou “tempestade ideias” é uma técnica ligada a área de
Administração de Pessoas e que faz menção ao fomento expressivo de várias ideias
sobre determinado tema até que se encontre uma variável comum. 3 Intercâmbio e a
cooperação mundial, de modo que a qualidade seja condição para a execução de
todas as atividades organizacionais.
No campo informacional da produção científica não é diferente, pois já sendo
um campo com um discurso instaurado, com suas próprias normas que o justificam
e o identificam, torna-se necessário, dentro de um contexto mundial de otimização e
compartilhamento de informações via web, que haja mecanismos de padronização
inerentes à produção científica.
No Brasil, o órgão responsável e competente para normalizar é a Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, fundada em 1940, a partir de uma demanda
levantada pela Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, em 1937. Nessa
época, os ensaios com materiais de concreto (para medir a resistência) eram
realizados em dois laboratórios tidos como referências em termos de qualidade: o
Instituto Nacional de Tecnologia (INT – localizado no Rio de Janeiro) e o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT, localizado em São Paulo). Os laboratórios, apesar de
respeitados e rigorosos em suas avaliações, utilizavam procedimentos diferentes
para testar materiais de concreto, o que gerava uma enorme confusão: um ensaio
realizado e aprovado em um laboratório poderia não ser aprovado no outro (e vice-
versa), devido à diferença de metodologia de testes entre eles.
26

A partir dessa necessidade, começaram os estudos para determinar uma


padronização única para essa demanda. Com o tempo, surgiram necessidades de
padronização em todos os setores, e a ABNT participou dessa história de criação e
regulamentação de forma muito atuante: foi uma das entidades fundadoras da
InternationalOrganization for Standardization – ISO, entidade que determina as
normas internacionais, fundada em 1947, com sede em Genebra (Suíça). Além
disso, participou da criação de várias entidades e comitês importantes.
A Norma é um documento que fornece diretrizes, regras para atividades, com
o objetivo de ordenar com qualidade determinada informação. Cada país tem suas
próprias regras para normalização, que ao serem levadas para a ISO influencia a
norma mundial. Como já foi mencionado, no caso do Brasil, o encaminhamento é
feito através da ABNT.
No âmbito da produção de documentos também é exigida a normalização.
Existem normas para isso que devem ser seguidas, pois no caso de um trabalho
acadêmico, por exemplo, não pode deixar de ser observada a apresentação gráfica.
No momento da apresentação do trabalho realizado além dos aspectos relativos ao
conteúdo, o aspecto visual e de padronização dos dados também são itens de suma
importância e, certamente, serão avaliados.
Atualmente a produção acadêmica tem aumentado consideravelmente, sendo
exigido na maioria dos cursos a elaboração de TCC (Trabalho de Conclusão de
Curso), além da elaboração constante de tantos outros trabalhos como relatórios,
projetos e artigos. O estímulo à produção de artigos é constante nas mais diversas
áreas do conhecimento, muitas vezes carentes de materiais bibliográficos. Nesse
contexto, a qualidade de trabalhos elaborados pela comunidade acadêmica recebe o
suporte dado pelas normas a sua elaboração. Elas existem para facilitar o trabalho
realizado tanto por acadêmicos quanto por pesquisadores, e devem ser seguidas
para que obtenham maior credibilidade, pois auxiliam na diminuição da possibilidade
de erros.
A presença de tantas regras, detalhes, indicações rígidas para digitação e
formatação do texto, que parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e
escrever sem nenhuma exigência metodológica, faz com que o estudo de
Metodologia Científica nas universidades raramente seja bem aceito pelos alunos. A
metodologia, porém, objetiva bem mais do que levar o aluno a elaborar projetos, a
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desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo científico como requisito final e


conclusivo de um curso acadêmico.
Na verdade, ela almeja levar o aluno a comunicar-se de forma correta,
inteligível, demonstrando um pensamento estruturado, plausível e convincente,
através de regras que facilitam e estimulam à prática da leitura, da análise e
interpretação de textos e consequentemente a formação de juízo de valor, crítica ou
apreciação com argumentação plausível e coerente.

Considerações finais

Assim, pretendemos ter cumprido o desafio de apresentar os principais


pressupostos da Metodologia Científica e a sua importância para um melhor
desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos no Brasil.
A iniciação científica é um dever da instituição e não deve representar uma
atividade eventual ou esporádica. A atividade de pesquisa universitária,
especialmente a pesquisa básica, sempre exigiu um conjunto de condições que
estão fora do alcance da realidade da maior parte dos estabelecimentos de ensino
superior privados no Brasil. No setor público, a pesquisa universitária só
institucionalizou-se a partir do final da década de sessenta, em função da
implementação da reforma de 1968. As várias propostas demandavam mudanças
estruturais para o ensino superior brasileiro, objetivando modernizar e democratizar
o sistema.
As regras e passos metodológicos que são ensinados na universidade visam,
portanto, a inserção do estudante no mundo acadêmico-científico desenvolvendo
nele hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura e o
espírito crítico maduro e responsável. A disciplina de Metodologia Científica ajuda os
alunos na experiência de sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis e os auxilia a
administrar suas emoções, a exercitar o bom senso e a enfrentar desafios na
conquista de suas metas.
Fica evidente a necessidade de se repensar na inserção da disciplina de
Metodologia Científica na matriz curricular do ensino médio, uma vez que promovida
a sua integração com as demais disciplinas, viabilizaria o que deveria ser o objetivo
de todas as instituições de ensino: estimular a construção criativa de conhecimento
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pelo aluno. Lima (2004) deixa bem clara essa ideia ao declarar que a pedagogia de
ensino fundada na reprodução indefinida de conhecimentos acumulados, que
prevalece no ensino fundamental e médio, frequentemente não capacita técnica,
conceptual, teórica e metodologicamente jovens universitários para construir um
pensamento crítico e reflexivo mais elaborado.

Texto completo disponível em:

http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/17807_10482.pdf.

MATERIAL COMPLEMENTAR:

VÍDEO: O Método Científico e os Tipos de Pesquisa:

https://www.youtube.com/watch?v=ey9bTshV308.
___________________________________________________________________

Referências

PRODANOV, Cleber Cristiano. FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho


científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Novo
Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil 2013.

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