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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLÍNICA E ASSISTÊNCIA
SOCIAL

Tema:
TEORIA PSICANALÍTICA DE ERIK ERIKSON

Chimoio, Abril de 2022

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLÍNICA E ASSISTÊNCIA
SOCIAL
2º Ano – Pós-laboral, grupo
Disciplina:
Psicanálise e teorias psicanalíticas

Tema:
TEORIA PSICANALÍTICA DE ERIK ERIKSON

Discentes:
Edson Jorge Inácio

Docente: Dr. Ferreira Juliass

Chimoio, Abril de 2022

Índice
1. Introdução...........................................................................................................................1
.1.1. Objectivos.......................................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral............................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos.................................................................................................2

1.1.3. Metodologia.....................................................................................................................2

CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA........................................................................3

2. TEORIA PSICANALÍTICA DE ERIK ERIKSON............................................................3

2.1. Breve Biografia de Erik Erikson.........................................................................................3

2.2. Alguns conceitos importantes da teoria de Erik Erikson....................................................4

 Identidade............................................................................................................................4

2.3. Teoria do desenvolvimento psicossocial.............................................................................7

2.4. Oito estádios de desenvolvimento humano.....................................................................7

2.4.1. O primeiro estágio – confiança vs desconfiança..........................................................8

2.4.2. O segundo estágio – autonomia vs dúvida e vergonha.................................................9

2.4.3. O terceiro estágio – iniciativa vs culpa.......................................................................10

2.4.4. O quarto estágio – indústria (produtividade) vs inferioridade....................................11

2.4.5. O quinto estágio – identidade vs confusão de identidade...........................................11

2.4.6. O sexto estágio – intimidade vs isolamento...............................................................13

2.4.7. O sétimo estágio – generatividade vs estagnação.......................................................14

2.4.8. O oitavo estágio – integridade vs desespero...............................................................15

2.5. O Ego na teoria pós-freudiana...........................................................................................16

2.5.1. Influência da sociedade..............................................................................................17

CAPITULO III: Considerações finais......................................................................................18

3. Conclusão.............................................................................................................................18

Referências Bibliográficas.......................................................................................................19
CAPITULO I: ASPECTOS INTRODUTORIOS

1. Introdução

Este presente trabalho de pesquisa consiste no estudo da teoria psicanalítica de Erik Erikson,
o presente trabalho com tem 3 capítulos dentre eles o primeiro encontramos a introdução os
objectivos a metodologia onde encontramos os Procedimentos que usamos para fazer o
trabalho, e a seguir temos o segundo capitulo onde encontramos a revisão da literatura. Por
fim temos o terceiro capitulo onde encontramos as considerações finais conclusão e as
referencias bibliográficas, no presente trabalho vamos observar que o crescimento
psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da
pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre
uma vertente positiva e uma vertente negativa. As duas vertentes são necessárias, mas é
essencial que se sobreponha a positiva. A forma como cada crise é ultrapassada ao longo de
todos os estágios influenciará a capacidade para se resolverem conflitos inerentes à vida. Esta
teoria concebe o desenvolvimento em 8 estágios, um dos quais se situa no período da
adolescência. Observamos que O foco fundamental de desenvolvimento são as relações
sociais e as propostas dos estágios psicossociais envolvem outras partes do ciclo vital, além
da infância, ampliando a proposta de Freud. Não existe uma negação da importância dos
estágios infantis (afinal, neles se dá todo um desenvolvimento psicológico e motor), mas
Erikson observa que o que construímos na infância em termos de personalidade não é
totalmente fixo e pode ser parcialmente modificado por experiências posteriores.

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.1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Estudar a teoria psicanalítica de Erik Erikson.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Descrever Principais conceitos de Erik Erikson;


 Detalhar a teoria Psicossocial do Desenvolvimento e os seus estágios;
 Conceptualizar O Ego na teoria pós-freudiana.

1.1.3. Metodologia

Para a materialização deste trabalho, o método usado foi o Bibliográfico, onde segundo Gil
(2008), é feito a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por
meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites. Qualquer
trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador
conhecer o que já se estudou sobre o assunto.

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CAPITULO II: revisão da literatura

2. TEORIA PSICANALÍTICA DE ERIK ERIKSON

2.1. Breve Biografia de Erik Erikson

Segundo Oliveira (2005), Acreditamos que ao estudar as ideias fundamentais,


elaboradas por um teórico, o conhecimento de alguns dados da história de vida do mesmo
possa ser muito útil, Erik Erikson nasceu em Frankfurt na Alemanha a 15 de Junho de 1902.
O pai biológico de Erikson, que era dinamarquês, morreu antes de Erikson nascer. Foi
adoptado pelo seu padrasto judeu e ficou com o nome de Erik Homberger. Devido ao seu
cabelo louro e olhos azuis que lhe conferiam um aspecto nórdico, Erikson foi rejeitado pela
vizinhança judia. Na escola secundária, por outro lado, ele foi "gozado" por ser judeu
(Oliveira, 2005).

Sentindo que não se adequava em nenhuma cultura, a crise de identidade de Erikson


começou cedo. Em 1920, em vez de ir para a universidade (por desgostar da estrutura de
educação formal), Erikson viajou pela Europa, mantendo um diário das suas experiências.
Regressou aos Estados Unidos em 1933 e tornou-se o primeiro analista de crianças de
Boston. Ele era um artista e um professor no final da década de 1920 quando conheceu Anna
Freud e começou o estudo da psicanálise infantil com ela no Instituto Psicanalítico de Viena.
Porém, cedo se distancia da psicanálise ortodoxa por considerar que era insuficiente para
explicar o desenvolvimento humano normal (Oliveira, 2005).

Emigrou para os Estados unidos em 1933. Obteve um lugar na Escola de Medicina de


Harvard e, mais tarde, assumiu posições em instituições incluindo Yale, Berkeley, a
Fundação Menninger, o Centro para o estudo avançado de ciências comportamentais em Paio
Alto e o Hospital Mount Zion em São Francisco. O seu interesse especial na influência da
sociedade e da cultura no desenvolvimento da criança conduziram-no ao estudo de grupos de
crianças índias americanas para ajudar a formular as suas teorias (Oliveira, 2005). O estudo
destas crianças possibilitou-o correlacionar o desenvolvimento da personalidade com os
valores parentais e sociais. Estes dados aliados à sua insatisfação com a psicanálise ortodoxa
levam-no a construir a sua própria teoria acerca do desenvolvimento humano, sendo o
primeiro modelo teórico a oferecer uma perspectiva desenvolvimental desde o nascimento até
à morte (Oliveira, 2005).

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O seu primeiro livro foi publicado em 1950 intitulado Childhood and Society. Este
livro tornou-se um clássico no campo da psicanálise. À medida que o seu trabalho com as
crianças continuava, ele desenvolveu o conceito de "crise de identidade". A crise de
identidade é um conflito inevitável que acompanha o crescimento de um sentido de
identidade. Formulou a teoria de desenvolvimento psicossocial em oito estádios, pelo que ele
é mais conhecido. Erik Erikson morreu em Harwich, Massachusetts em 1994. (Oliveira, 2005)

2.2. Alguns conceitos importantes da teoria de Erik Erikson

 Identidade

Segundo Ladiny (S.d), Este pode ser considerado o conceito fundamental para
Erikson. Em 1968, ao lançar Identidade, juventude e crise, seu clássico trabalho sobre a
identidade, afirma que é “chegado o momento de proceder a uma melhor e final delimitação
do que é e do que não é identidade” .

Segundo ele, a identidade pode ser vista como uma imagem mental relativamente
estável da relação estabelecida entre o eu e o mundo social, nos vários contextos e momentos
do processo de desenvolvimento humano. Segundo Erik Erikson (1998) citado por Ladiny
(S.d). assim conceitua a identidade:“...uma configuração que, gradualmente, integra dados
constitucionais, necessidades libidinais idiossincráticas, capacidades preferidas,
identificações significativas, defesas efetivas, sublimações bem sucedidas e papéis
consistentes. Tudo isso, entretanto, só pode emergir de uma mútua adaptação de potenciais
individuais, visões de mundo tecnológicas e ideologias religiosas ou políticas”.
Observamos que Segundo a psicanálise, o ser humano tem necessidades psicológicas
que são diretamente associadas às funções vitais, indispensáveis para a manutenção da vida
do organismo. Elas são associadas à libido, energia psíquica que direciona o indivíduo na
busca de objetos que satisfaçam essas necessidades. Sublimação, segundo a psicanálise, é o
mecanismo de defesa que, sob a influência do Ego, canaliza os impulsos social e
pessoalmente constrangedores, ameaçadores à estabilidade do aparelho psíquico, para uma
postura socialmente útil e aceitável. Ladiny (S.d)

Quanto ao processo de formação da identidade, o mesmo Erikson (1976) citado


Ladiny (S.d). diz: A formação da identidade emprega um processo de reflexão e observação
simultâneas, um processo que ocorre em todos os níveis do funcionamento mental, pelo qual
o indivíduo se julga a si próprio à luz daquilo que percebe ser a maneira como outros o

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julgam, em comparação com eles próprios e com a tipologia que é significativa para eles;
enquanto que ele julga a maneira pela qual eles o julgam, à luz do modo como se percebe a si
próprio em comparação com os demais e com os tipos que se tornaram importantes para ele.
Este processo é (...) em sua maior parte inconsciente.

O autor fala em três dimensões que constituem a identidade humana:

 A primeira, universal, é geneticamente determinada, constituída de um conjunto de


impulsos e pulsões, e faz com que os seres humanos pareçam-se em sentimentos e
motivações básicas, por exemplo.
 A segunda é individual, caracterizando traços particulares do temperamento de cada
ser humano.
 Há uma terceira dimensão, no entanto, que o autor chama de social, e que marca o
nosso pertencimento a um grupo, engloba as características que nos asemelham aos
nossos pares sociais e culturais.
Sem pretender dar primazia a uma das três, Erikson (1976) propõe que há uma
articulação dinâmica entre elas e que, em determinadas fases da vida, uma pode ter maior
importância do que outra. A identidade engloba, então, um sentido consciente de
singularidade individual, um esforço inconsciente para manter a continuidade da experiência
e uma solidariedade com os ideais do grupo. Os padrões básicos de identidade emergem,
portanto, da afirmação ou do abandono das identificações infantis e da maneira pela qual o
processo social e histórico da época identifica a geração jovem. Ladiny (S.d).

 Crise normativa ou conflito nuclear

Segundo Erikson (1976) citado por Ladiny (S.d), cada etapa da vida oferece-nos um
desafio característico, nomeado “crise normativa ou conflito nuclear”. Esses conflitos,
importantes para o desenvolvimento humano, são marcados por um evento significativo,
parcialmente resolvidos e relacionados a instituições sociais e a traços característicos da
personalidade na idade adulta. O uso do termo “normativa” esclarece o caráter de
normalidade e não de patologia que essas crises envolvem.

Para Ladiny (S.d). a expressão crise (do grego krisis – ato ou faculdade de distinguir,
escolher, dividir ou resolver) já não padece, em nossos dias, do significado de catástrofe
iminente, que em certo momento pareceu constituir um obstáculo à compreensão do termo.
Atualmente, aceita-se que a crise designa um ponto conjuntural necessário ao

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desenvolvimento, tanto do indivíduo como das instituições. A adolescência, por exemplo, é
uma crise vital, momento evolutivo assinalado por um processo normativo de organização
das estruturas do indivíduo. A identidade e a crise têm dimensão psíquica, mas também
social, fazendo parte natural do próprio desenvolvimento da pessoa. Se as crises normativas
não forem resolvidas nos estágios de desenvolvimento em que foram vivenciadas, no entanto,
as fases seguintes podem ser comprometidas. Se o conflito é resolvido de uma maneira
satisfatória, a qualidade positiva é constituída dentro do ego e pode-se verificar um
desenvolvimento subsequente, sadio. Mas se o conflito persiste ou é resolvido
insatisfatoriamente, o ego em desenvolvimento é prejudicado porque a qualidade negativa se
incorpora a ele.
As crises que modelam o desenvolvimento da identidade são sociais, porque essa
identidade cresce dentro da comunidade à qual o indivíduo pertence e depende durante toda a
vida do suporte de modelos sociais. Dependendo do grupo social, determinadas crises podem
ser acentuadas, ou podem não ser sequer perceptíveis.

 Ciclo Epigenético ou diagrama Epigenético

Erikson descreve o ciclo vital humano através de um diagrama ou gráfico que


representa o desenvolvimento psicossocial que ocorre por meio de pontos críticos de
mudança (as crises normativas ou conflitos nucleares).

Segundo Erikson (1976), a personalidade humana desenvolve-se, seguindo passos que


são determinados à medida que o indivíduo torna-se capaz de perceber e interagir com um
raio social crescente e que a sociedade, pelo menos em princípio, aceita essa sucessão de
potencialidades, encorajando a sequência e a razão ideal de seu desenvolvimento. (Ladiny,
S.d).
O autor define o princípio epigenético, afirmando que tudo o que cresce tem um plano
básico e que é a partir desse plano básico que se erguem as partes ou peças componentes,
tendo cada uma delas o seu tempo de ascensão especial até que todas tenham sido levantadas
para formar um todo em funcionamento. Erikson estabelece cada etapa do ciclo epigenético
como uma crise, cada uma delas constituída por um plano positivo e negativo. Cada uma é
mais evidente numa fase especifica do ciclo vital, aparecendo de certa forma, em todo o
desenvolvimento. No que diz respeito à integração das sucessivas crises, a sua teoria
encontra-se entre a teoria de Piaget e a teoria de Freud, em que cada crise é formada a partir
da anterior, influenciando as seguintes. (Ladiny, S.d)

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O termo e pigenético existe há mais de cem anos, mas só recentemente ganhou
definição mais precisa. É o campo da Biologia que estuda as interações causais entre os genes
e seus resultados, que são responsáveis pela produção do fenótipo. Um traço é epigenético se
resulta de uma predisposição genética que se revela sob influência ambiental. Trata-se do
estudo das características genéticas que não estão ligadas a alterações causadas na sequência
do DNA. (Ladiny, S.d).

2.3. Teoria do desenvolvimento psicossocial

Fiedler (2016), No estudo do desenvolvimento humano, do ponto de vista do enfoque


psicanalítico, a contribuição de E. H. Erikson (1902-1994) destaca-se pela ênfase na inserção
do estudo do homem no plano das relações psicossociais. Essas relações do ego com a
organização humana salientam as dimensões da crise de identidade encontrada no homem
moderno. Assim, como com S. Freud, a maioria de seus trabalhos baseia-se no estudo e na
prática de casos clínicos. Contribuiu com um novo dimensionamento da teoria psicanalítica,
mantendo-se sempre fiel ao pensamento freudiano.

Verissimo (2002), A ênfase de sua posição teórica está no estudo das relações do ego
com a organização social e sua principal premissa reside no fato de que a pessoa possui
capacidade para relacionar-se com seu ambiente de maneira equilibrada, no sentido de
assumir sua identidade em níveis cada vez mais sofisticados. A motivação básica do
desenvolvimento, para Erikson é inconsciente, embora consista em afirmar uma importância
mais acentuada no estudo dos processos de socialização. Segundo Erikson os fenômenos
psicológicos e as estruturas biológicas seguem um mesmo processo evolutivo, no sentido da
integração de uma identidade unificada. É o desenvolvimento do ego, que determina o estado
de convergência entre o organismo humano e o mundo; os comportamentos ajudam a criança
a sobreviver em seu mundo, ajudam o mundo a sobreviver nela.

2.4. Oito estádios de desenvolvimento humano

Xavier & Nunes (2015), a firma que Erikson destacou a adolescência como etapa
fundamental no percurso do desenvolvimento humano. Para este teórico, o desenvolvimento
se dá em direção à formação da identidade através de diferentes estágios que ele denominou
de “oito idades do Homem”. Cada uma das idades está caracterizada, essencialmente, pela
resolução de uma importante “crise”, através da qual o indivíduo evolui buscando um
equilíbrio.

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Erikson descreve o desenvolvimento psicossocial em 8 estádios. Em cada estádio, o
sujeito depara-se com a realização de tarefas de desenvolvimento necessitando para a sua
resolução de efectuar uma nova síntese ou balanço dinâmico do eu em função do período de
crescimento físico /cognitivo em que se situa e das exigências da sociedade. Ou seja, ao
longo do desenvolvimento a sociedade vai colocando ao ego novas exigências implicando
que o indivíduo desenvolva capacidades para poder lidar com essas exigências. Cada estádio
envolve tarefas desenvolvimentais (de natureza psicossocial), referidas em dois termos
opostos - por isso são designadas de crises bipolares -e é um balanço que se deve alcançar.

2.4.1. O primeiro estágio – confiança vs desconfiança

Ocorre aproximadamente durante o primeiro ano de vida, 0 - 18 meses - (Oral-


Sensorial), Erikson apresenta o desenvolvimento humano, fundamentado nesta primeira fase,
onde a aquisição de identidade nesta idade pode muito bem ser resumida: “Eu sou a
esperança que tiver e der”. É a afirmação da esperança de ser. Após a regularidade orgânica e
intuitiva na satisfação de suas necessidades, no calor e no aconchego da vida intrauterina, a
criança experimenta a realidade da vida em seus primeiros contatos com o mundo exterior. A
convivência com a mãe traduz a convivência com o mundo. A maneira como a mãe abre seus
braços para recebê-la é a maneira como o mundo abre seus braços para recepcioná-la. O grau
de disponibilidade da mãe ou pessoa significativa na relação de cuidado, bem como, a
qualidade de seu comportamento depende, até certo ponto, do apoio que ela recebe de
pessoas e fatos, seu companheiro conjugal, outros membros de sua família e, em sentido mais
amplo, o reconhecimento por parte da sociedade de que a família é mesmo uma instituição
básica e digna de respeito. (Xavier & Nunes, 2015),

O sentido de confiança básica se converte no tema mais crítico da primeira fase do


desenvolvimento. Se as necessidades básicas são satisfeitas- alimentação, conforto no calor e
no frio, higiene, calor afetivo no relacionamento com a mãe – a criança estenderá sua
confiança a novas experiências. Se, ao contrário, as experiências físicas e psicológicas forem
insatisfatórias – determinando um sentido de desconfiança – a criança se conduzirá de
maneira temerosa frente a situações futuras. (Xavier & Nunes, 2015)
O sentido de confiança básica ajuda a criança a construir produtivamente sua
personalidade e a desenvolver expectativas favoráveis à propósito das novas experiências de
sua vida. A criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em
relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não lhe der

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amor e não responde às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios,
sentimentos de desconfiança que poderão vir a reflectir-se nas relações futuras. Se a relação é
de segurança, a criança recebe amor e as suas necessidades são satisfeitas, a criança vai ter
melhor capacidade de adaptação às situações futuras, às pessoas e aos papéis socialmente
requeridos, ganhando assim confiança.
 Virtude social desenvolvida: esperança.

2.4.2. O segundo estágio – autonomia vs dúvida e vergonha

Aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos - (Muscular-Anal), A tarefa principal


da criança nessa fase é desenvolver o conhecimento e valorização das suas capacidades e
habilidades para lidar consigo mesma, no mundo. A partir da confiança em sua, em seu
mundo e modo de vida, a criança descobre o processo de desenvolvimento que está
ocorrendo nela própria. Afirma o sentido de autonomia. Analogamente à formulação da
primeira fase, pode-se afirmar esta: “Eu sou o que posso querer livremente”. É a afirmação da
vontade. Por outro lado, a dependência da criança no mundo dos adultos cria, ao mesmo
tempo, um sentido de dúvida em relação ás suas capacidades e à sua liberdade para afirmar
sua autonomia e existir como uma unidade integrada e independente. Esta dúvida se acentua
e pode causar um sentido de vergonha suscitada pela rebelião intuitiva contra a dependência e
o receio de ultrapassar os limites do ambiente e os seus próprios. Para Erikson, a
ambivalência de afirmar-se como pessoa e a autonegar-se o direito e a capacidade de realizar
esta afirmação corresponde à crise fundamental desta segunda fase. Em resumo, a criança
sente que está num mundo de adultos e que sua ação está limitada aos parâmetros já
estipulados. O modo como os adultos passam esses valores do ambiente é crucial. (Xavier &
Nunes, 2015)

Durante a primeira fase – a da confiança, a mãe e a criança esforçaram-se em


estabelecer uma confiança mútua e uma disposição de enfrentar, juntas, os desafios de buscar
a autonomia, o autogoverno, busca encontrar o reconhecimento do seu próprio valor como ser
que quer explorar e conquistar o mundo com seu próprios instrumentos de ação. Isto pode ser
visto quando pretende sozinho, alimentar-se, vestir-se, etc. O desenvolvimento passa a ter o
sentido, para ela, como processo de dirigir-se pela própria vontade e de estabelecer seus
próprios limites. (Xavier & Nunes, 2015)
O controle esfincteriano é um exemplo típico dos problemas desta idade e reflete de
modo relevante a questão das relações entre a criança e o mundo dos adultos e os

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mecanismos de regulação de seus respectivos poderes. A ação de dar e receber, entre pais e
filhos, oferece ampla oportunidade aos primeiros para educar gradualmente a criança no
sentido e sua independência e poderá afirmar em sua personalidade o sentimento de
tolerância e segurança.
 Virtude social desenvolvida: desejo.

2.4.3. O terceiro estágio – iniciativa vs culpaeditareditar código-fonte

Aproximadamente entre os 3 e 6 anos - (Locomotor-Fálico), Após ter reconhecido sua


habilidade para lidar com o mundo e ter aprendido, em certo grau, a exercer o controle
consciente sobre si mesma e seu meio, a criança avança na direção de novas conquistas num
mundo cada vez mais descentralizado de si, em espaços sociais e físicos cada vez mais
amplos. O sentido de iniciativa está presente na maior parte da vida da criança, na medida em
que o meio ambiente a incita a executar tarefas do cotidiano, a desenvolver várias atividades
e realizá-las em função de uma finalidade.

A realização da gama de capacidades da criança é permitida na convicção firmemente


estabelecida e invariavelmente crescente de que “Eu sou o que posso imaginar que serei”. É a
afirmação da objetividade. Nesta fase, a expectativa sobre a criança é no sentido de que
assume a responsabilidade de si própria e daquilo que está englobado no seu mundo, como,
por exemplo, seu corpo, hábitos de higiene e alimentação, seus brinquedos, o irmão menor,
pequenas tarefas, A medida que a criança investiga e elabora fantasias a propósito da pessoa
produtiva que deseja chegar a ser, consciente e inconscientemente, põe a prova seus poderes,
seus conhecimentos, suas capacidades e habilidades. (Xavier & Nunes, 2015),
Dá início às formas de conduta, cujas implicações transcendem os limites de sua
própria pessoa; incursiona no espaço dos outros e faz com que estes se vejam implicados em
sua própria conduta. Este aspecto de comportamento apresenta à criança acentuados
sentimentos de frustrações e culpas, porque a autonomia que alcançou na fase anterior do
desenvolvimento é frustrada de alguma forma pelo comportamento autônomo separado dos
outros, que, nem sempre concordam com o seu próprio. Começa o treino dos papéis sociais,
principalmente na família. O jogo do desempenho e expectativas começa a acentuar- se, por
exemplo: o pai e mãe como seus primeiros modelos de identificação social e sexual. (Xavier
& Nunes, 2015),
Em suma, o desenvolvimento nesta fase acentua que o Id, o Ego, e o Superego
começam a funcionar em equilíbrio mútuo, de modo que a criança possa converter-se numa

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unidade psicológica, integrada e unificada: a criança começa a perceber diferenças sexuais
entre as pessoas do seu ambiente; estas diferenças, associadas aos desempenhos dos papéis
sociais, afetam tanto seus próprios sentimentos – impulso do id como a direção que ela deve
seguir em concordância com as expectativas sociais de seu ambiente. A criança agora
empreende um período de intensa aprendizagem e níveis psicomotor, atitudinal e cognitivo,
que, através de suas próprias limitações lhe abre grandes e futuras possibilidades.
 Questão chave: serei bom ou mau?
 Virtude social desenvolvida: propósito.

2.4.4. O quarto estágio – indústria (produtividade) vs inferioridadeeditareditar


código-fonte

Decorre na idade escolar antes da adolescência, 6 - 12 anos - (Latência), A luta para


explorar e conquistar o mundo põe a criança em contato dinâmico com uma avalanche de
novas experiências. Ela compreende que necessita encontrar um espaço entre os indivíduos
de sua idade, pois, com seu modo característico de pensar e agir, não pode aspirar à ocupação
do mesmo espaço em igualdade com os adultos.

Dirige, portanto, suas energias no sentido da solução de questões cruciais


concernentes ao seu grupo. O tema importante dessa fase reflete a determinação da criança de
realizar com êxito as tarefas que a vida lhe propõe. A contribuição da idade escolar para um
sentido de identidade pode ser expressa nas palavras: “Eu sou o que posso aprender a realizar
com o trabalho”. É a afirmação da competência e da produtividade pessoal.
A comparação flagrante de suas limitações frente ao poder de realização dos adultos
desenvolve na criança um sentido de improdutividade pessoal. Para isto a criança deverá
sentir-se aceita e valorizada e com amplas oportunidades, na família e na escola, para
manifestar suas capacidades e habilidades de explorar e transformar o mundo. Ao mesmo
tempo em que aprende a manipular os instrumentos e os símbolos, aprende também que,
através destas habilidades, pode realizar sua competência. Esta fase coincide com o estágio
da inteligência operacional concreta. Questão chave: Serei competente ou incompetente?
 Virtude social desenvolvida: competência.
 Vertente negativa nesse desenvolvimento: formalismo, a repetição obsessiva de
formalidades sem sentido algum em determinadas ocasiões.

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2.4.5. O quinto estágio – identidade vs confusão de identidadeeditareditar código-fonte

Marca o período da Puberdade e adolescência Sentido de definição e fidelidade


consigo mesmo. Idade: de 11-12 a 20-25anos. Uma das principais tarefas nesta fase do
desenvolvimento traduz o esforço de integrar as novas realidades do organismo, em termos
cognitivos e fisiológicas, ou seja, o aperfeiçoamento de estruturas abstratas e formais do
pensamento e a maturação sexual, com os aspectos que significam uma realidade enquanto
crianças. Interpretar e integrar estas novas realidades com o processo histórico de seu
desenvolvimento constituem o grande dilema a ser enfrentado, na primeira fase da
adolescência.

A definição de uma identidade social e política moral e religiosa, vocacional e


profissional, sexual e afetiva, entre outras, passa a constituir uma busca constante, ansiosa e
angustiante, desta fase. Não se pode, afirma Erikson, separar o desenvolvimento pessoal da
transformação social, nem separar a crise de identidade na vida individual e a crise
contemporânea; uma e outra estão verdadeiramente relacionadas entre si. A formação da
identidade não só é um problema vinculado ao desenvolvimento do indivíduo, mas também,
uma questão sóciocultural num mundo em caleidoscópicas mudanças.
O sentido de identidade, assim como o de superação da difusão da identidade,
constituem, a bipolaridade dinâmica desta fase de desenvolvimento. De um lado, o esforço
para integrar as direções internas e externas do organismo e do meio; de outro lado, ao
contrário, a difusão que conduz a um septo de instabilidade, de indefinição, em meio a
confusas expectativas internas e externas. Esta bipolaridade deve resolver-se no período da
adolescência, para que se previna perturbações transitórias ou duradouras na vida adulta.
No período da adolescência o Ego realiza uma síntese gradual do passado e do futuro,
realizando-a num presente que integrará novas identidades nos planos psicossocial, cultural,
econômico, religioso, moral, etc. Este período de moratória após a infância é importante para
que a pessoa possa integrar-se gradualmente na idade adulta. O jovem vive crises parciais de
identidade antes de adotar decisões integras. (Xavier & Nunes, 2015)
A atividade lúdica, assim como fora desenvolvida na infância, não tem mais tanta
importância como função primária do ego. A representação de papeis e o exagero das
verbalizações desafiadoras são formas de jogo social e um substituto do jogo infantil. No
adolescente saudável uma grande de fantasia vem acompanhada de mecanismos heroicos que
permitem ele aprofundar-se em perigosos espaços de fantasia ou de experienciação social, e
ao mesmo tempo, tolher tudo isto repentinamente e distrair- se com a companhia de outros,

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com os esportes, com a música, etc. Este jogo social inclui principalmente atitudes e papeis
de significado adulto, como conduta ocupacional, afetiva, entre outras.
 Neste estágio a questão chave é: Quem sou eu?
 Virtude social desenvolvida: fidelidade/Lealdade.
 Vertente Positiva: Socialização.
 Vertente negativa: O fanatismo.

2.4.6. O sexto estágio – intimidade vs isolamentoeditareditar código-fonte

Ocorre entre os 21 e os 40 anos, aproximadamente - (Adulto Jovem), Tendo


alcançado uma relativa identificação consigo próprio no que tange à sua vocação e vida
profissional, à sua religiosidade, à mediação com os valores vigentes sociais, culturais,
morais, políticos e outros, o adolescente começa a vencer suas defesas egocêntricas,
narcisistas e onipotentes e busca estabelecer laços profundos com sua comunidade através das
amizades e solidariedade. É a busca de uma base de confiança para construir seu mundo
actual.

O tema fundamental do desenvolvimento passa a girar em torno da atitude de


disponibilidade aos compromissos de mútua intimidade. As amizades, o namoro, o casamento
e as relações estáveis começam a ter significados em sua vida no sentido de que estabelecem
as bases de uma vida saudável em conjunto com o próximo. Se superada relativamente à crise
de identidade, o amor romântico cede lugar ao amor produtivo em que as relações humanas
se caracterizam principalmente pelo respeito à liberdade e dignidade da pessoa, pela
responsabilidade consigo mesmo e com outros, pelo desvelo no relacionamento e pela
identificação profunda com os semelhantes.
Citando Freud, a pessoa que deseja demonstrar capacidade para realizar uma vida
adulta saudável mediante sua capacidade para “lieben und arbeiten” (amar e trabalhar), busca
a realização de uma vida personalizada que lhe garanta uma identidade individual na
intimidade com os outros. “Amar”, significando tanto a generosidade na intimidade como o
amor erótico e “trabalhar”, significando uma produtividade geral do trabalho que não
submetesse o indivíduo ao ponto em que pudesse perder o seu direito ou capacidade para ser
uma criatura livre e amorosa. (Xavier & Nunes, 2015)
A superação da crise adolescente requer um sentido de identidade, enquanto a
superação desta fase da vida adulta exige concluir experiência de identidade “compartilhada”.
Os jovens adultos procuram experienciar uma íntima unidade com sua realidade social, do

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contrário, sentir-se-ão isolados. O amor e o trabalho, quando produtivos, estabelecem as
bases da confiança para que os jovens construam seu mundo de adultos e tracem suas
perspectivas. A tarefa essencial deste estágio é o estabelecimento de relações íntimas
(amorosas, e de amizade) duráveis com outras pessoas.
 Questão chave deste estágio: Deverei partilhar a minha vida ou viverei sozinho?
 Virtude social desenvolvida: amor.
 A vertente negativa é o isolamento, pela parte dos que não conseguem estabelecer
compromissos nem troca de afectos com intimidade.

2.4.7. O sétimo estágio – generatividade vs estagnaçãoeditareditar código-fonte

Sentido de produção e cuidado – Idade: de 30-35 a 55-65 anos. (Adulto), Nesta fase
desenvolve-se o sentido de criação, justamente com o de paternidade do objeto criado. É
homem que cria e assume a criação com atitudes responsáveis. A criação de uma nova
unidade baseada na confiança e na intimidade mútua inclui a preparação de um lugar para
iniciar uma nova fase de desenvolvimento mediante a divisão do trabalho e da convivência. O
encontro conjugal sadio é a base que permite operacionalizar o cuidado com o
desenvolvimento de novas gerações.

A criação não tem só o sentido de “criar filhos”, mas também, de criar ideias que
devem se transformar em ações produtivas. Nesta fase do desenvolvimento adulto, o homem
age sobre o mundo para recriá-lo (filhos, ideias, ações) e para manter e transmitir o resultado
às novas gerações. Desta forma, o adulto sadio transmite às gerações que se seguem as
esperanças, as virtudes e a sabedoria que ele acumulou com sua experiência. A vida de cada
indivíduo implica num processo que identifica o amor por seus filhos (sentido universal da
paternidade responsável), por seu trabalho e por suas ideias. Sua vida, personalizada e
criadora, e sua comunidade precisam converter-se em uma unidade. Nem sempre, porém, o
indivíduo tem a oportunidade de realizar-se neste sentido produtivo de generatividade.
(Xavier & Nunes, 2015)
Estender a mão no sentido de que as novas gerações possam confiar na fidelidade do
cuidado oferecido traduz a principal tarefa da vida adulta. É caracterizado pela necessidade
em orientar a geração seguinte, em investir na sociedade em que se está inserido. É uma fase
de afirmação pessoal no mundo do trabalho e da família. Há a possibilidade do sujeito ser
criativo e produtivo em várias áreas. Existe a preocupação com as gerações vindouras;

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produção de ideais; obras de arte; participação política e cultural; educação e criação dos
filhos.
 Virtude social desenvolvida: cuidado do outro.
 A vertente negativa leva o indivíduo à estagnação nos compromissos sociais, à falta
de relações exteriores, à preocupação exclusiva com o seu bem estar, posse de bens
materiais e egoísmo.

2.4.8. O oitavo estágio – integridade vs desesperoeditareditar código-fonte

Ocorre a partir dos 55 a 60 anos em diante - (Maturidade). Na medida em que o adulto


assegura o desenvolvimento de nova geração – generatividade – realiza a perspectiva mais
complexa de seu próprio ciclo vital: desenvolve o sentido da integridade. O sentido da
confiança básica alcança seu grau mais pleno através da segurança e da fidelidade com
respeito à integridade do outro. (Xavier & Nunes, 2015)

Olhar para trás no tempo e constatar o que foi semeado e colhido, num balanço de
conquistas e derrotas, de lutas e frustrações e, ao mesmo tempo, olhar para frente e deparar-se
com o futuro inusitado, pode bem ilustrar o que acontece quando a idade avança no tempo da
senescência. A síntese do passado e do presente, na perspectiva do futuro, pode levar o
homem a desenvolver, de um lado, o sentido de integridade, dado na medida em que tenha se
identificado consigo e com o mundo, superado o isolamento e se tornando íntimo e
generativo; de outro lado, o sentido de desespero relacionado com a difusão de identidade, a
negação da intimidade e da experiência do amor.

Na primeira hipótese, a morte, pode representar a transcendência do próprio sentido


de viver e renascer, sem medo - com a aceitação do seu momento histórico, sem revolta ou
desespero; na segunda hipótese, pode representar o fim, sem chance de renascer – com medo
e com um sentimento de revolta frente ao tempo que passa – o desesperado fim. Desta forma
o primeiro tema do desenvolvimento se converte no último e ao mesmo tempo se evidencia
que o tema final possui raízes no primeiro. (Xavier & Nunes, 2015)

É favorável uma integração e compreensão do passado vivido. É a hora do balanço, da


avaliação do que se fez na vida e sobretudo do que se fez da vida. Quando se renega a vida,
se sente fracassado pela falta de poderes físicos, sociais e cognitivos, este estágio é mal
ultrapassado. Integridade - Balanço positivo do seu percurso vital, mesmo que nem todos os
sonhos e desejos se tenham realizado e esta satisfação prepara para aceitar a idade e as suas

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consequências. Desespero - Sentimento nutrido por aqueles que considerem a sua vida mal
sucedida, pouco produtiva e realizadora, que lamentem as oportunidades perdidas e sentem
ser já demasiado tarde para se reconciliarem consigo mesmo e corrigir os erros anteriores.

 Neste estágio a questão chave é: Valeu a pena ter vivido?


 Virtude social desenvolvida: sabedoria.

2.5. O Ego na teoria pós-freudiana

Oliveira (S.d) afirma que Freud usou a analogia de um cavaleiro no lombo de um


cavalo para descrever a relação entre o ego e o Id. O cavaleiro (ego) está, em últi- ma análise,
à mercê do cavalo, mais forte (Id). O ego não tem força própria; portanto, deve tomar
emprestada sua energia do Id. Além do mais, o ego está constantemente tentando equilibrar
as demandas cegas do superego contra as forças incessantes do id e as oportunidades realistas
do mundo externo. Freud acreditava que, para as pessoas psicologicamente sadias, o ego é
desenvolvido o suficiente para colocar rédeas no id, mesmo que seu controle ainda seja tênue
e os impulsos do id possam emergir e invadir o ego a qualquer momento.

Em contraste, Erikson defendia que o ego é uma força positiva que cria uma
identidade pessoal, uma noção de “eu”. Como centro da personalidade, o ego ajuda as
pessoas a se adaptarem aos vários conflitos e crises da vida e evita que elas percam sua
individualidade para as forças niveladoras da sociedade. Durante a infância, o ego é fraco,
flexível e frágil; mas, na adolescência, ele começa a assumir forma e ganhar força. Durante
toda a nossa vida, ele unifica a personalidade e evita a fragmentação. Erikson via o ego como
uma agência organizadora parcialmente inconsciente que sintetiza nossas experiências
presentes com identidades pessoais passadas e também com as imagens esperadas do self. Ele
definiu o ego como a capacidade de uma pessoa de unificar experiências e ações de uma
maneira adaptativa (Oliveira, S.d).

Erikson (1968) identificou três aspectos inter-relacio- nados do ego: o ego corporal, o
ideal do ego e a identidade do ego. O ego corporal se refere a experiências com nosso corpo,
uma maneira de ver nosso self físico como diferente de outras pessoas. Podemos estar
satisfeitos ou insatisfeitos com a aparência e funcionamento do corpo, mas reconhecemos que
ele é o único corpo que temos. O ideal do ego representa a imagem que temos de nós mesmos
em comparação com um ideal estabelecido; ele é responsável por estarmos satisfeitos ou
insatisfeitos com nossa identidade integral. (Oliveira, S.d).

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A identidade do ego é a imagem que temos de nós mesmos na variedade de papéis
sociais que desempenhamos. Apesar de a adolescência ser, em geral, a época em que esses
três componentes estão mudando com rapidez, as alterações no ego corporal, no ideal do ego
e na identidade do ego podem ocorrer, e ocorrem, em qualquer estágio da vida.

2.5.1. Influência da sociedade

Mesmo que as capacidades inatas sejam importantes no desenvolvimento da


personalidade, o ego emerge da sociedade e é, em grande parte, moldado por ela. A ênfase de
Erikson nos fatores sociais e históricos ia de encontro ao ponto de vista predominantemente
biológico de Freud. Para Erikson, o ego existe como potencial no nascimento, mas ele deve
emergir do interior de um ambiente cultural. (Oliveira, S.d).

Diferentes sociedades, com suas variações nas práticas de criação dos filhos, tendem a
moldar personalidades que se enquadram nas necessidades e nos valores de sua cultura. Por
exemplo, Erikson (1963) identificou que os cuidados prolongados e permissivos dos bebês da
nação Sioux (às vezes, por 4 ou 5 anos) resultaram no que Freud chamava de personalidades
“orais”, ou seja, as pessoas que obtêm grande prazer por meio das funções da boca. Os Sioux
atribuem grande valor à generosidade, e Erikson acreditava que o reconforto resultante da
amamentação ilimitada forma as bases para a virtude da generosidade (Oliveira, S.d).

Oliveira (2005), Erikson não acredita nesta irreversibilidade da personalidade


defendendo a sua construção ao longo da existência do sujeito. Deste modo, o
desenvolvimento da personalidade não é circunscrito ao período da infância, apesar de a
considerar como um período importante: "A infância longa faz do homem um virtuoso
técnico e mental, mas também deixa nele para toda a vida um resíduo de imaturidade
emocional" (Erikson, 1976, p.14). O período com maior relevo para o autor é o da
adolescência, onde a tarefa da construção da identidade se constitui como tarefa primordial,
sendo por isso uma fase de reconstrução de estádios anteriores e de preparação para a vida
adulta. Na vida adulta, considera como tarefas o investimento nas gerações seguintes e a
reflexão/ balanço sobre a vida. (p.70)

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CAPITULO III: Considerações finais

3. Conclusão

Concluímos que a teoria de desenvolvimento de Erik Erikson considera o ser humano


como um ser social, um ser que vive em grupo e sofre a pressão e a influência deste. Por isso,
a sua teoria é designada psicossocial. O autor considera o ciclo vital como um contínuo, onde
cada fase influencia a seguinte. Cada uma das oitos fases sugere uma crise vertical que
culmina em sua solução psicossocial, e ao mesmo tempo, uma crise horizontal que se
relaciona, do ponto de vista pessoal e social, com o problema das motivações de cada estágio
maturacional. Da infância à velhice, as fases delineiam uma condição afectiva em relação à
solução de cada tarefa: 1) Sentido de confiança; 2) Sentido de Autonomia; 3) Sentido de
Iniciativa;4) Sentido de indústria (produtividade pessoal); 5) Sentido de Identidade; 6)
Sentido de Intimidade; 7) Sentido de Generatividade; 8) Sentido de Integridade.
Percebecemos que a cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas do seu
ego, mas também das exigências do meio em que vive, sendo, portanto, essencial a análise da
cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questão;Em cada estágio o ego passa por
uma crise (que dá nome a ao esse estágio). Esta crisede ter um desfecho positivo
(ritualização) ou negativo (ritualismo). Da solução positiva da crise surge um ego mais rico e
forte; da solução negativa resulta um ego mais fragilizado.

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Referências Bibliográficaseditareditar código-fonte

1. Fiedler, A. J. P. (2016), revista educação o desenvolvimento psicossocial na


perspectiva de erik herikson: as “oito idades do homem”. 4ª Edição, São Paulo.
2. Ladiny, J. (S.d). Psicologia e Educação|Principais abordagens teóricas do
desenvolvimento humano: o ciclo epigenético de Erik Erikson. Brasil. Recuperado aos
11 de Novembro de 2020 Em https://www.passeidireto.com/arquivo/83354052/aula-
10-principais-abordagens-teoricas-do-desenvolvimento-humano-o-ciclo-epigene/2
3. Oliveira, C. (S.d). Erikson: teoria-Freudiana: Pos-Freudiana. São Paulo. Recuperado
aos 11 de Novembro de 2020 Em
https://www.passeidireto.com/arquivo/86250147/erikson/12
4. Oliveira, J. S. (2005). desenvolvimento psicossocial e estilos de vinculação:
convergência e divergência de percepções de satisfação na família. 1a Edição, Porto.
5. Verissimo, R. (2002), Desenvolvinento psicossocial (Erick Erick). 1a Edição: Porto
6. Xavier, A. S. & Nunes, A. I. (2015), Psicologia do desenvolvimento. 4ª Edição,
Fortaleza – Ceará
7. Gil, A. C. (2008), Método e técnicas de pesquisa social. 6 edição . São Paulo : Atlas

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