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Título: As três fases da teoria lacaniana e suas implicações na prática clínica

Resumo: A teoria de Jacques Lacan é caracterizada por uma evolução ao longo


de sua carreira, dividida em três fases: a primeira focada no registro imaginário,
a segunda no registro simbólico e a terceira no registro do real. Este artigo
discute como essas fases influenciaram a prática clínica de Lacan e de seus
seguidores, explorando suas implicações para o tratamento psicanalítico e para
a formação de analistas. Além de Lacan, dois autores são citados: Sigmund
Freud e Slavoj Žižek.

Palavras-chave: Jacques Lacan, teoria psicanalítica, prática clínica, registro


imaginário, registro simbólico, registro do real.

A teoria de Jacques Lacan passou por uma evolução significativa ao longo de


sua carreira, refletindo mudanças em seu pensamento e prática clínica. Essa
evolução pode ser dividida em três fases, cada uma delas enfatizando um
registro diferente da experiência humana.

Na primeira fase, que se estende até o final dos anos 1950, Lacan enfatizou a
importância do registro imaginário, argumentando que a imagem especular
desempenha um papel fundamental na formação da identidade. Ele via o ego
como uma construção imaginária que tenta unificar a experiência fragmentada
da realidade. Nessa fase, a prática clínica de Lacan focava na compreensão das
fantasias e na interpretação das projeções do paciente.

Na segunda fase, que começou na década de 1960, Lacan voltou sua atenção
para o registro simbólico, argumentando que a linguagem e o discurso são
fundamentais para a formação da subjetividade humana. Ele desenvolveu a
teoria do significante, argumentando que o inconsciente é estruturado como
uma linguagem e que a fala livre é um método crucial para acessar essas
estruturas inconscientes. Nessa fase, a prática clínica de Lacan focava na
interpretação dos significantes e na análise da transferência.

Finalmente, na terceira fase, que começou na década de 1970, Lacan voltou-se


para o registro do real, que ele via como uma dimensão irredutível da
experiência humana que escapa à simbolização e à representação. Ele enfatizou
a importância de reconhecer os limites da linguagem e da representação
simbólica na compreensão da psique humana. Nessa fase, a prática clínica de
Lacan focava na desconstrução do sujeito e na abertura para o desconhecido e
o inesperado na experiência clínica.

Essas três fases da teoria lacaniana tiveram implicações significativas para a


prática clínica e para a formação de analistas. Como Lacan afirmou, "a
psicanálise é uma prática que evolui" (Lacan, 1986, p. 278). A primeira fase
enfatizava a compreensão das fantasias e das projeções do paciente, enquanto
a segunda fase enfatizava a interpretação dos significantes e a análise da
transferência. Na terceira fase, a prática clínica de Lacan envolvia uma
desconstrução do sujeito e uma abertura para o desconhecido e o inesperado
na experiência clínica.

Essas mudanças na teoria e prática de Lacan tiveram influências significativas de


outros teóricos, como Sigmund Freud e Slavoj Žižek. Freud é frequentemente
citado por Lacan como uma influência importante em sua teoria e prática
clínica, e é através de Freud que Lacan desenvolveu a ideia de que a psique
humana é estruturada como uma linguagem. Žižek, por sua vez, é um dos
principais teóricos lacanianos contemporâneos, e enfatiza a importância da luta
política e da ideologia na compreensão da subjetividade humana.

Em resumo, as três fases da teoria de Jacques Lacan refletem sua evolução


como pensador e clínico, e tiveram implicações significativas para a prática
clínica e a formação de analistas. Enquanto a primeira fase enfatizava a
importância da imagem especular na formação da identidade, a segunda fase
enfatizava o papel da linguagem e do discurso na subjetividade humana, e a
terceira fase enfatizava a dimensão irredutível da experiência humana que
escapa à simbolização e à representação.

Referências: Lacan, J. (1986). Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Žižek, S.


(1999). The Ticklish Subject: The Absent Centre of Political Ontology. London:
Verso. Freud, S. (1915). Repressão. In: Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud, vol. XIV. São Paulo: Imago, 1996.

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