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CORPO, SINTHOMA E ESCABELO: O ULTIMÍSSIMO LACAN

E ALGUMAS PASSAGENS DE SEU ENSINO

Gabriel Silva Medeiros 1; Andréa Guisóli Mendonça.2 gabrielsmedeiros@hotmail.com


1Discentedo Curso de Psicologia das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros-MG;
2Docente do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros-MG;

INTRODUÇÃO RESULTADOS
Jacques Lacan revigora a causa freudiana como se afina as cordas de um Lacan entende que o homem não se identifica com seu corpo (não o é),
instrumento musical. Numa via oposta à da ego psychology, o psicanalista mas o tem, e ter é poder fazer alguma coisa com. A linguagem atribui um
francês retoma a descoberta do inconsciente deixando um legado, a corpo ao sujeito. Enquanto um “corpo incorpóreo”, a linguagem se
despeito de tudo, sui generis. Seu ensino, atravessado por reviravoltas e incorpora, dando-lhe um corpo (SOLER, 2010). E é por meio dela que o
reformulações consiste, num primeiro tempo, em reler Freud e balizar aí a sujeito pode afirmar ter um corpo. Já o escabelo, está condicionado no
preeminência do registro simbólico. Ulteriormente, nos idos dos anos 70, homem pelo fato de que ele vive do ser enquanto tem seu corpo. Não
trata-se da soberania do real, que caracterizará fortemente a psicanálise do obstante diga que o ser vem antes do ter, na verdade o homem o tem no
século XXI – tempo do Outro que não existe (LAURENT, 2007). Está aí princípio. Assim, Lacan afirmará que é somente na fala que o ser tem um
o ponto que nos interessa, porque falasser é o neologismo com que Lacan sentido: aí está, em suas palavras, o balbucio epistemológico. O escabelo
substituirá o inconsciente freudiano. Em seu dizer, “saia daí então, que eu está no nível do gozo da fala, sustentáculo dos ideais do Bem, do
quero ficar aí”. Vemo-lo em Joyce o sintoma (LACAN, 1979/2003), onde Verdadeiro e do Belo. Aqui, o homem se crê senhor de seu ser, e banca o
psicanalista define o humano como falante por natureza. Nesse texto, glorioso. O sinthoma, por sua vez, sempre singular, remete a um gozo
encontrar-se-ão os termos corpo, sintoma e escabelo, próprios do tempo opaco, que exclui o sentido (MILLER, 2015). O sintoma é um evento
do falasser. . corporal, e a gente o tem. Lacan diz: James Joyce, o sintoma. Este
escritor conseguiu, para o psicanalista, fazer convergir o sintoma com o
escabelo; consumar-se como sintoma sem o curso de uma análise. Sua
OBJETIVO GERAL sublimação está em que ele conseguiu savoir-faire; fazer arte com o sem-
sentido de seu sintoma.
Realizar breves reflexões teóricas sobre os termos corpo, sinthoma e
escabelo, presentes no texto Joyce o sintoma.
CONCLUSÃO
Portanto, no tempo do falasser, a interpretação analítica visará produzir no
METODOLOGIA corpo um acontecimento; uma insinuação no sintoma, para a qual a
Para tanto, além de abordar o texto em questão, realizamos uma revisão castração do escabelo é conditio sine qua non
narrativa de que passou por contribuições de Éric Laurent (2007), Jacques
Alain-Miller (2015) e Colette Soler (2010). Este método consiste PALAVRAS-CHAVE: Corpo; Sinthoma; Escabelo;
essencialmente na análise da literatura publicada em livros, artigos de
revista impressas e/ou eletrônicas na interpretação e análise crítica pessoal
do autor (ROTHER, 2007).

REFERÊNCIAS

LACAN, J. (1979). Joyce, o Sintoma. In: Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

LAURENT, E. A sociedade do sintoma. In: A sociedade do sintoma a psicanálise, hoje. Rio de janeiro:
Contra Capa Livraria, 2007. P. 163-177

MILLER, J.-A.; O INCONSCIENTE E O CORPO FALANTE. In: O osso de uma análise + o inconsciente
e o corpo falante. Rio de Janeiro: Zahar, 2015. P. 115-138.

ROTHER E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 20, n. 2, p. v-
vi, June 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
21002007000200001&lng=en&nrm=iso>. access on 23 Aug. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
21002007000200001

SOLER, C. O. O “corpo falante”. Caderno de stylus, Rio de Janeiro, n. 01, maio 2010.

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