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Sujeito a’ outro
Ego a A Outro
FIGURA 1 – Esquema L
Fonte: Lacan, 1998
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mão mais novo. Há, então, a confir- mento de completude. Quando a cri-
mação de que todo o conhecimento ança parece ter ameaçada a imagem
do objeto vem do conhecimento do especular, uma experiência de não-
ciúme. O objeto passa a ser fonte de especularização da imagem do infans
concorrência e de rivalidade. Podemos faz desencadear o sentimento de ciú-
verificar que existe uma relação me, inaugurando o segundo simbóli-
assimétrica de idealização contrapon- co. Na trama do ciúme, vem uma ima-
do-se a uma relação simétrica de riva- gem que nos capta: reconhecer o
lidade. Na trama do ciúme, existe uma sujeito como igual e, ao mesmo tem-
imagem que não se capta – reconhe- po, como rival. Essa experiência é o
ce-se o outro como igual, mas tam- corte que o imaginário sofre pelo sim-
bém como rival. Em outras palavras, bólico, o momento em que incide uma
o desejo do sujeito vai se consolidar a fissura no eu. A divisão do eu é, pois,
partir de uma rivalidade com o Ou- a marca de um sujeito irremediavel-
tro, no campo da simetria e de uma mente cindido. Lacan, a partir dessa
idealização assimétrica. experiência, faz a distinção entre o moi
As representações do Outro tra- (imaginário) e o Je (simbólico).
zem a palavra para sustentar a ima- Quando a criança detecta sua re-
gem. O ciúme e a rivalidade do infans lação com o irmão de leite, uma agres-
são a garantia dos dizeres que vêm do sividade original é formada: o eixo
Outro. Existe um acordo que inclui a imaginário aa’ inaugura o que Lacan
palavra. O processo dialético se situa denominou de “O estádio do espe-
na negação do que captura a imagem lho”, constituindo a alienação do su-
do “ou eu ou você”. Para Lacan, te- jeito em sua imagem ideal. A conse-
ríamos duas subjetivações: de um lado, quência disso é a agressividade
o eixo do imaginário, e de outro, o eixo incompatível com o moi, a dificulda-
do simbólico. Isso quer dizer que, em de do moi em alcançar os ideais como
um primeiro momento, no eixo aa um corte narcísico do sujeito. Existe
estaria a intencionalidade agressiva; uma justaposição entre a castração
talvez aí possamos compreender a erótica e a agressividade. A relação
ambivalência freudiana, em que ainda agressiva intervém na relação do moi.
não existe um reconhecimento do Ela é uma intenção agressiva que in-
sujeito no Outro. A criança ainda as- tegra o funcionamento da imagem e,
simila-se pela imagem. É em outro por isso, Lacan aponta o afeto do ódio
eixo – SA’ – que teríamos o corte como o que mais se refere ao ser.
da relação especular incidindo no sim- É justamente no aparecimento da
bólico. identificação simbólica que teríamos
O valor da cena da criança olhan- o desejo de reconhecimento. O Ou-
do o irmão é o espetáculo imaginário, tro passa a coordenar o infans com seu
proporcionado pelo próprio senti- desejo. A partir daí, podemos pensar
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NOTAS
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Recebido em novembro/2008.
Aceito em janeiro/2009.
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