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Foraclusão

COMO OCORRE A FORACLUSÃO?


Fórmula do Inconsciente:

S1 S2
S a

Na Foraclusão:

1. S1 0
S0 a-a’

2. S1 - OPERADOR DE
PERPLEXIDADE
S0 - PERPLEXIDADE
COMO OCORRE A FORACLUSÃO?

Metáfora impotente
S1 - OPERADOR DE PERPLEXIDADE Metonímia imóvel

S0 - POSIÇÃO SUBJETIVA DE PERPLEXIDADE

Há, sempre, um significante implícito ao fenômeno


elementar e que funciona segundo dois princípios:

Metáfora impotente: Fixação absoluta em um


único significante.

Metonímia imóvel: Estado de confusão difusa.


O CONCEITO DE FORACLUSÃO

Seminário sobre as Psicoses (1955-1956/1988): Lacan não justifica o emprego do


conceito:
(...) após haver refletido bem, lhes proponho adotar definitivamente esta tradução
que, creio, ser a melhor: a foraclusão (Lacan,1955-1956/1988, p. 456).

Maleval, (2002): em seu estudo sobre o conceito de foraclusão oferece uma pista
importante. Esta gira em torno de outro conceito: o Nome-do-Pai – que designa o
que, no significante, encarna a lei.

Dessa forma, Maleval (2002) explica que Lacan adotou um termo mais específico do
que o termo de rejeição.
A foraclusão, em sua significação jurídica permite esclarecer o processo de lesão no
tesouro dos significantes ocorrido na psicose: ali o significante não foi recalcado,
mas foracluído de modo que, o retorno deste significante não ocorre a partir das
formações do inconsciente, mas como se viesse de fora.
O CONCEITO DE FORACLUSÃO

O recurso à linguística estrutural permitiu à Lacan (1955‐


56/1988) avançar um pouco mais nesta formulação e sustentar
a hipótese freudiana a partir de outros termos: a constituição
da estrutura psíquica depende da ação de um significante
primordial sobre a pulsão (o Um do gozo).
Esse significante primordial será denominado de Nome-do-Pai
(NP).

NP – significante que ordena o mundo e as grandes questões


da existência humana:

A relação entre os sexos Se referem a pulsão –


sem representação psíquica.
A vida e a morte
NOME-DO-PAI E ESTRUTURAS PSÍQUICAS

Inscrição da pulsão no inconsciente pela


consentimento à linguagem, à ação do NP –
formação do sintoma Neurose.

Supressão do NP – desencadeamento com eclosão


dos fenômenos elementares Psicose.

Exemplo princeps do desmoronamento psicótico, do


desencadeamento e da suplência: Caso Schreber
O CONCEITO DE FORACLUSÃO (1955-56/ 1957-58)

Traduz o abismo que existe entre neurose e psicose, ou seja, a estrutura


neurótica é incomparável à estrutura psicótica.

Define a clínica do desencadeamento – assinala o momento em que as


identificações imaginárias, por exemplo, não são mais operatórias.

Revoluciona a compreensão do que a tradição clássica francesa


denominava de bouffés delirantes (irrupção do quadro agudo de psicose)

DESENCADEAMENTO FENÔMENOS ELEMENTARES

Posiciona o sujeito sob o status da foraclusão.


O CONCEITO DE FORACLUSÃO –
CLÍNICA DO DESENCADEAMENTO
(1955-56, 1957-58)

O sujeito pode viver muito bem no mundo, lançando mão do que


melhor lhe parece:
 Bons estudos
 Boa educação
 Habilidades bem feitas
 Algumas originalidades
 Mimetismos (identificação imaginária)
 Engajamentos religiosos

E pode conviver, simultaneamente, com a manifestação de:


 Inquietudes
 Inseguranças
 Angústias
 Intuições
CONJUNTURAS DE DESENCADEAMENTO (Maleval, 2014)

1. Apelo ao significante foracluído do Nome-do-Pai por Um-pai: o caso


Schreber permite localizar com precisão a irrupção do abismo da
foraclusão e a precipitação da psicose.

2. Dissolução de um elemento mais ou menos estabilizador (uma


identificação, por exemplo): Lacan (1955-1956/1988) especifica a
ocorrência de duas modalidades de identificação, nesses casos –
uma, é a identificação conformista e a outra, aquela que teria sua raiz
nos caminhos imaginários por onde o desejo da criança vem a se
identificar com a falta-a-ser da mãe.

3. Descompensação da operatividade de uma causa específica :


Maleval (2014) relata o caso de Fulmen Cotton, um dos mais célebres
loucos literários franceses da segunda metade do século XIX que
teria tido, aos oito anos de idade quando fizera a primeira comunhão,
a ideia fixa de tornar-se Papa. Os sinais evidentes do
desencadeamento de sua psicose só apareceriam aos trinta e três
anos já no contexto de sua vida sacerdotal.
Fórmula do desencadeamento:

Não há dúvida de que a figura do prof. Flechsig, em sua gravidade


de pesquisador (...) não ter conseguido suprir o vazio subitamente
vislumbrado da verwerfung inaugural (Lacan, 1955-56/ 1988, p.219)

Eclosão do vazio - verwerfung inaugural

Modos de compensação do vazio da foraclusão do significante:


Identificação imaginária (que, provisoriamente, supre a
foraclusão)
Metáfora delirante (ordenação pelo delírio)
FENÔMENOS ELEMENTARES
O QUE SÃO OS FENÔMENOS ELEMENTARES (S1)?

Marco do emprego da noção por Jacques Lacan:


Na tese sobre Marguerite Anzieu – o Caso Aimée (1932).
Ao longo de O Seminário. Livro 3. As Psicoses (1955-1956).
No escrito De uma Questão Preliminar à todotratamento possível da
Psicose (1957-58)

Extraída da pesquisa psicopatológica conduzida pelo psiquiatra


francês Gaetan Gatian de Clérambault (1872-1934) em torno do
fenômeno do automatismo mental nas psicoses (denominado de
Síndrome S).

Característica do automatismo mental – o que faz traço do caso:


Define um grupo elementar de sintomas de natureza alucinatório-
sensorial para as psicoses.
Característica mecânica, desprovida de sentido emocional.
Clérambault (1872-1934):

Desencadeamento da psicose – irrupção da Síndrome S.

Define a experiência subjetiva de sentir:

Que está sendo objeto de alusões (pseudoconstatação perpétua)


Que o pensamento está sendo penetrado por ideias estranhas.
Que a linguagem está sendo repetida (Eco).
Que as palavras são comentadas por outros.

São fenômenos que ressoam em seu íntimo e são sentidos como


alheios à própria subjetividade.
Evidência do caráter parasitário da palavra:

Aos trinta e cinco anos, aparecimento de uma pseudoconstatação


perpétua: desconhecidos fazem, ao passar, um movimento com a mão,
de uma forma estereotipada, nada mais. Nenhum outro gesto, nenhum
toque, nenhuma mímica, nenhuma palavra nem ruídos de garganta. Os
figurantes são incontáveis, eles se sucedem sempre novos e se
antecipam ao sujeito em todo lugar.
(Clérambault. Sobre um mecanismo automático de alguns delírios
interpretativos, 1933)

Alucinação que serve de exemplo em O Seminário. Livro 3. As Psicoses (1955-


1956) -
PORCA

Eu venho do salsicheiro
Eu sou angustiada pela auto-sugestão que ordena a meu coração que
pare de bater. A cada vez, sou obrigada a dar contra-ordens. É do
gênero ‘pare meu coração...eu quero que você pare...’ como vindo do
exterior de mim. É uma voz bem clara. Às vezes, é como se eu falasse e
não tivesse voz.(...) – CARÁTER XENOPÁTICO DA LINGUAGEM

(...) O apresentador da TV, eu envio para ele imagens de santos e de


sexos; eu não estava segura, mas ele ficava perturbado, eu tenho o
sentimento de me desdobrar. – EXTERIORIDADE E DESDOBRAMENTO
DO PENSAMENTO.

(...) Às vezes, vejo uma mão segurando uma faca e que a enfia em meu
coração; como uma imagem transparente, que vai embora quando eu
digo ‘sai Satanás’ – EXTERIORIDADE ALUCINATÓRIA

(Tyszler, J.J. Clérambault, 2009,p.156)


 
Os fenômenos da Síndrome S evidenciam a determinação do
significante na constituição do sujeito segundo o funcionamento do
inconsciente à céu aberto. Lacan (1955-1956/1988) denomina tais
fenômenos a partir de uma nova terminologia:

São fenômenos elementares – precisamente porque não


podem
  ser considerados de forma diferente do
funcionamento de toda a estrutura da psicose.

Incluem os fenômenos de corpo e de linguagem –


precisamente em função desse caráter estrutural.

A denominação de fenômenos elementares define a


relação entre alucinação e delírio, para a psicanálise:

Alucinação Verwerfung Delírio


Hipótese de Lacan:

A alucinação verbal é o estatuto de fenômeno elementar


mais fundamental, na medida em que ela evidenciaria não
só a presença determinante do significante na constituição
do sujeito como também, sua ocorrência a céu aberto:

É justamente o que se apresenta no fenômeno da alucinação


verbal. No momento em que ela aparece no real, isto é,
acompanhada desse sentimento de realidade que é a
característica fundamental do fenômeno elementar, o sujeito fala
literalmente com o seu eu, e é como se um terceiro, seu
substituto de reserva, falasse e comentasse sua atividade.
(Lacan, 1955‐56/1988, p.24)
 
São elementares como o é, em relação a uma planta, a folha
em que se poderá ver um certo detalhe do modo como as
nervuras se imbricam e se inserem – há alguma coisa de
comum a toda planta que se reproduz em certas formas que
compõem sua totalidade.
(Lacan, 1955-1956/1988, p.29)
Fenômeno elementar:

Alucinação Verwerfung Delírio

(FORACLUSÃO)

Evidencia a mesma força da foraclusão na alucinação


e no delírio.

A alucinação e o delírio são os fenômenos mínimos,


estruturais do funcionamento da psicose.
Tabela 9. Quadro-síntese dos Fenômenos Elementares
FENÔMENOS ELEMENTARES CARACTERÍSTICAS “Perturbação” psíquica

 Humor delirante REAL: evidenciam a


Fenômenos elementares que  Percepção delirante presença da CERTEZA, da
concernem ao sentido e à  Ocorrência delirante DESLOCALIZAÇÃO da
verdade.  Interpretação delirante PULSÃO e da
 Desrealização PERPLEXIDADE.

Alterações do pensamento:
 Difusão do pensamento
 Leitura de pensamento
 Inserção do pensamento
 Roubo do pensamento SIMBÓLICO: com destaque
 Eco ou sonorização do para as alucinações auditivas
Fenômenos elementares de
pensamento ou verbais por se referirem
automatismo mental.
Alterações da linguagem: diretamente à história do
 Descarrilamento sujeito simbólico;
 Alucinações auditivas ou
verbais
 Neologismo

Vivências de desestruturação
do eu e influência corporal:
Fenômenos elementares de • Despersonalização IMAGINÁRIO: Por se referir à
automatismo corporal. • Sinal do Espelho relação entre o eu e o corpo.
• Alucinações cenestésicas
Causalidade dos fenômenos elementares à luz do
Esquema L
(releitura do conceito freudiano de narcisismo)
Rompendo com a tradição filosófica da filosofia da consciência,
que defende a reflexividade da consciência de si, e localizando
a consciência de si como uma miragem que funde sujeito e
consciência, Lacan retoma a tese subversiva e antifilosófica de
Freud em Sobre o Narcisismo: Uma Introdução (1914), de que a
constituição do Eu depende de um endosso simbólico, de um
endosso pelo significante:

Referências teóricas em
Lacan:

 ESTÁDIO DO ESPELHO
 ESQUEMA L
O tema da imagem especular é introduzido por Lacan com o caso
Aimée
(1932).

Diagnóstico de Margueritte Anzieu (Aimée): paranóia de


autopunição.
O caso, evidencia que o sujeito paranóico pode desdobrar-se
especularmente e mesmo falar com o seu duplo.

Este fato pode ser demonstrado pela tendência, não rara nesses
casos, de o paranóico quebrar vidraças e espelhos, na medida
em que estes lhe mostram o duplo do seu eu, sem a mediação do
simbólico.
HUGUETTE DUFLOS
MARGUERITTE ANZIEU
Um dia, enquanto eu trabalhava no escritório, sempre
procurando em mim de onde poderiam vir estas ameaças
contra meu filho, ouvi uma de minhas colegas falar de
Madame Z, Huguette-Duflos. Compreendi que era ela quem
estava contra mim. Eu falara mal dela. Todos a
consideravam distinta, de classe. Eu protestara dizendo
que era uma puta. Era por isto que ela devia me querer
mal.

(Jacques Lacan. Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade.  Rio


de Janeiro, Forense-Universitária)
Mme Huguette ex-Duflos, la grande actrice classée première à
notre Concours des Vedettes, a été blessée par une démente

Le Petit Journal Illustré 


n°2106
3 mai 1931
Une des plus grandes actrices du théâtre et du cinéma français,
Mlle Huguette ex. Duflos que mes lecteurs ont classé première
de notre référendum, Concours des vedettes de cinéma, a été
victime il y a quelques jours d'une folle.
Elle se rendait au théâtre Saint-Georges où elle joue
actuellement lorsqu'elle fut abordée par une femme
correctement vêtue qui lui demanda :
- C'est bien vous, Huguette ex. Duflos?
La question fut posée avec un tel ton de menace que l'artiste,
après avoir répondu affirmativement voulut pénétrer rapidement
dans le théâtre. Comme elle en franchissait le seuil, l'inconnue
l'arrêta par le bras et lui dit :
- Ah! il y a assez longtemps que vous me faites souffrir!
Comme Mme Huguette ex. Duflos tentait de se dégager, la
femme, furieuse, brandit un couteau qu'elle avait, ouvert dans
son sac, et frappa. L'artiste para de la main droite et fut
profondément blessée à la base de l'auriculaire.
A cet instant l'énergumène fut maîtrisée par le personnel du
théâtre et par le chauffeur de l'artiste. Au commissariat où elle
fut conduite, on s'aperçut bientôt qu'on avait affaire à une
démente.

Tous nos lecteurs apprendront avec joie que Mlle Huguette ex.
Duflos est en bonne voie de guérison.
Qual é a lição da teorização do Estádio do Espelho,
evidenciada pelo Esquema L?

1. Essa teorização, elaborada por Lacan, é um releitura da teoria


freudiana do narcisismo.

2. Freud (1914) já acentuara a relevância do outro na constituição do


eu. É conhecida a fórmula do narcisismo, em Freud, de que se
trata de uma projeção do Ideal do eu, dos pais, sobre a criança.

3. Lacan introduz uma releitura importante, que consiste em um


procedimento de redução teórica:

Ideal do Eu´- psicológica

Linguística

SIGNIFICANTE - estrutural
Qual é a lição da teorização do Estádio do Espelho,
evidenciada pelo Esquema L?

4. Essa redução do psicológico ao estrutural revela que, até


para reconhecer a imagem especular da Gestalt do próprio
corpo em um espelho (que pode parecer ser a mais familiar das
imagens ), a criança não pode confiar em seu sentimento
solitário de reconhecimento, manifestado por seu júbilo diante
da imagem refletida, mas é forçada à recorrer à verificação por
um Outro simbólico.

Só esta verificação simbólica fundará o reconhecimento da


imagem especular ofertada ao olhar da criança.
Qual é a lição da teorização do Estádio do Espelho,
evidenciada pelo Esquema L?

5. Isso significa que a criança não pode, de fato, vir a si como


sujeito, a menos que seja identificada pelo Outro,
no acoplamento retroativo de dois significantes:

Vamos traduzir:

As "marcas de resposta"  do Outro para a criança que se vê no


espelho é que converterão seu grito em apelo (S1) e, mais
precisamente, apelo  a uma identificação , respondendo aos
gritos por meio de insignias (S2), que representam os ideais do
eu. São esses S2 que tornarão retroativamente S1, a
representação de um sujeito.
Esquema L (1954-55)

RELAÇÃO ENTRE AS PULSÕES


PARCIAIS E O oUTRO

S2

ENDOSSO PELO
SIGNIFICANTE
Esquema L (1954-55)

PSICOSE:

TRANSITIVISMO
TEMPO 1 – MARCADO PELA RELAÇÃO ESPECULAR COM O
OUTRO – TRANSITIVISMO: A IMAGEM POR SI SÓ NÃO FAZ
SENTIDO (ou seja, não basta a mãe)

TEMPO 2: ENTRADA DE UM TERCEIRO TERMO COM


TRIANGULAÇÃO MÍNIMA – NOME-DO-PAI SOBRE O DESEJO
DESSE OUTRO DO TRANSITIVISMO (sem efetividade ainda – não
basta afirmar um trabalho, uma atividade que interceda sobre o
transitivismo)

TEMPO 3: ENTRADA DE UM QUARTO TERMO NA


TRIANGULAÇÃO – O NOME-DO-PAI (o significante que nomeará o
movimento da criança e com o qual ela se identificará)

CONSTITUIÇÃO DO EU.
CAUSALIDADE PSÍQUICA DA PSICOSE – ESQUEMA L

TEMPO 1 – MARCADO PELA RELAÇÃO ESPECULAR COM O OUTRO:


Na psicose, a experiência é a de que só existe o par transitivista, sem a entrada da
alteridade, ou seja, sem mediação simbólica: trata-se apenas do sujeito e da imagem
diante dele, que tanto lhe confere identidade como pode ser o agente que rouba essa
identidade. A experiência subjetiva é a de redução a puro objeto do outro cuja
base é a ausência de S2 (foraclusão de S2).

CONJUNTURA DE DESENCADEAMENTO:

1.Apelo ao significante foracluído do Nome-do-Pai por Um-pai: o caso Schreber


permite localizar com precisão a irrupção do abismo da foraclusão e a
precipitação da psicose.

2. Dissolução de um elemento mais ou menos estabilizador (uma identificação,


por exemplo): Lacan (1955-1956/1988) especifica a ocorrência de duas
modalidades de identificação, nesses casos:
 Identificação conformista.
 A outra, aquela que teria sua raiz nos caminhos imaginários por onde o
desejo da criança vem a se identificar com a falta-a-ser da mãe.
Como fica o funcionamento pulsional? Regulado pelo
transitivismo, de modo que a inflação do outro (imaginário)
provoca diretamente a irrupção da pulsão.

NA PSICOSE NO ADULTO:

 TENTATIVA DE ELIMINAÇÃO DA PULSÃO POR MEIO DE


AUTOMUTILAÇÃO COM RETIRADA DE PARTES DO CORPO E
PERFURAÇÕES NO CORPO.

 NA PARANOIA, ATOS DE VIOLÊNCIA ENDEREÇADA AO


EXTERIOR, FUNCIONANDO SEGUNDO A FÓRMULA “OU ELE OU
EU”: o sujeito pode agredir e matar seu perseguidor desavisado,
que sequer sabe da existência do sujeito, alegando legítima
defesa.

 NA ESQUIZOFRENIA, A MÁQUINA DE INFLUÊNCIA DE TAUSK,


EVIDENCIA A OCORRÊNCIA DESSA POSIÇÃO SUBJETIVA DE
OBJETO DO OUTRO (IMAGINÁRIO)
Fenômenos Elementares de automatismo corporal
Despersonalização

Vivência predominante de estranheza inicialmente relacionado ao meio


externo, estendendo-se progresssivamente para todo o funcionamento
do eu e de seu corpo – o sujeito assiste como um espectador indiferente
e inerte ao desenrolar de sua vida psíquica, como se nada estivesse
relacionado à ele (tudo se torna estranho para o sujeito, o sujeito sente
que poderia estar fora do corpo, da individualidade, despersonalizado,
alheio). Pode vir acompanhada de angustia e desânimo, atomização da
imagem corporal (descorporização) e de alteração com os vínculos que
cercam o sujeito ou perda da familiaridade com a realidade
(desrealização). No caso de desrealização, a despersonalização vem
acompanhada por uma experiência de estranheza, de vazio e irrealidade
que afeta todo o campo da realidade do sujeito
Historia da Psicopatologia: Localizado por Pierre Janet (1903) como
perturbação da consciência na histeria (personalidade segunda). Victor
Tausk (“Acerca da gênese do aparelho de influenciar”- 1919) associa a
despersonalização à esquizofrenia não exclusiva de uma
estrutura psíquica.
O aparelho de influenciar em Tausk (1919):

Um instrumento construído pelo delírio, ou ainda é uma máquina composta de caixas,


manivelas, alavancas, rodas, botões, fios, bateria, etc., que normalmente não são bem
situadas e definidas pelo sujeito, só podendo ser evocadas por alusões.
1) Ele pode apresentar imagens ao sujeito, como um cinema, um projetor.
2) Ele é capaz de produzir ou furtar os pensamentos e, ou, sentimentos do paciente
via ondas, raios ou forças ocultas, uma vez que está sob o comando do
perseguidor.
3) O aparelho pode produzir ações motoras no corpo do paciente como ereções e
poluções. Tais ações também são efeitos produzidos por correntes elétricas, ou
magnéticas, raios-X, etc.
4) Produz sensações muitas vezes indescritíveis, outras são comparadas pelo
paciente como, por exemplo, de uma corrente elétrica.
5) O aparelho é responsável por outros fenômenos somáticos que são sentidos
como implantados no sujeito. Assim, uma erupção cutânea ou um furúnculo é algo
atribuível ao aparelho.
6) O aparelho é manipulado por um perseguidor inimigo do sujeito que o coloca em
funcionamento de forma obscura e enigmática.

O aparelho nem sempre se constitui como um aparelho, ou seja, nem sempre o


paciente pode reconhecê-lo como tal, sendo, muitas vezes, reconhecido como uma
influência psíquica estranha, uma sugestão, uma força telepática.
Para Tausk (1919 [1990]), na psicose há uma regressão a um
estádio infantil em que a libido ainda não foi capaz de
investir em objetos do mundo exterior e permanece caótica,
dispersa no corpo do sujeito, que é, ele todo, tomado como
fonte erótica – o corpo todo é um órgão genital erogeneizado
e sem regulação. Desta forma, a criança não conhece ainda
o que poderia ser um corpo em unidade: é o que
conhecemos como autoerotismo.
Despersonalização (Helen Deustch, 1942)

O termo é empregado por Deutsch para designar a ocorrência de


perturbações na relação com o eu nas quais o sujeito tem plena
consciência de “seu defeito e e se queixa dele” (Deutsch, 1942, p. 1).
O sujeito percebe a despersonalização:

1.Como parte de sua personalidade: ”Eu estou mudado”/ “Não sinto


coisa alguma”/ “Tudo me parece irreal”.

2. Projetada no mundo externo: o sujeito se queixa de que o mundo


parece estranho, os objetos sombrios e os seres humanos e os
acontecimentos parecem irreais ou teatrais.
Identificação Imaginária
(Personalidades ‘As If’ – Helen Deutsch)

1. Normalidade: Oferece uma compensação para a foraclusão de tal


natureza que o sujeito conduz sua vida normalmente como se possuísse
capacidade emocional completa e sensível para tal.
São intelectualmente preservadas, bem dotadas e compreendem os
problemas intelectuais e emocionais. No entanto, no ponto em que seguem
alguma aspiração profissional, desenvolvem como que um protocolo sem
originalidade. O mesmo ocorre com as relações afetivas: as expressões
afetivas são formais e destituídas de qualquer vivência mais íntima.

Sujeitos com retração do investimento pulsional; a relação com o mundo


corresponde à capacidade de imitação, à identificação com o ambiente
com resultados eficazes, porém sem investimento pulsional.
Características da Identificação Imaginária
(Personalidades ‘As If’ – Helen Deutsch)

2. Sugestionabilidade: O sujeito apresenta presteza passiva de ser


influenciado e uma identificação de tipo autômato.

3. Presença de tendências agressivas na base da presteza passiva.

(Leitura exemplo clínico Deustch, 1942, p. 5-7)

Por que sujeitos ancorados na identificação imaginária


procuram tratamento?

 Episódios depressivos.
 Inibição nos estudos ou no trabalho.
 Transtornos psicossomáticos.
Sinal do espelho:
Se refere a projeção imaginária do corpo no eu. Nas
psicoses, especialmente nas esquizofrenias, é comum o sinal
espelho – caracterizado por Capgras pelo sintoma de
estranheza frente a imagem do espelho ao qual o sujeito
responde com controle e angústia.

Introduzido pela Escola francesa (Abély e Delmas) no final dos anos


de 1920. Caracterizado pelo fato de o sujeito revelar-se preocupado
com sua imagem, se examinando longa e fequentemente diante de
superfícies refletoras; o sujeito tem a experiência de estar colado à
imagem e, repentinamente, pode ser tomado de horror diante de
algo terrível na superfície do espelho (ele mesmo). Detectado nos
estados melancólicos clássicos e na esquizofrenia, mas não é raro
nos casos de psicose ordinária. Possui 3 estágios:

1. Observação incessante
2. Recusa da Autoscopia
Karim atrajo mi atención sobre este síntoma. Durante varios meses,
en su adolescencia, llegó a estar cuatro y cinco horas diarias ante
el espejo de su cuarto. Diez años más tarde, la cura analítica ha
aportado una cierta atenuación de los síntomas, pero sigue
llamativamente preocupado por su imagen. «Al final de las clases,
me confía, me apresuro a ir a los lavabos para mirarme al espejo».
Y añade con una pizca de humor: «Me doy cuenta de que no hay
nadie como yo, si no aquello estaría abarrotado». En la calle,
necesita observarse en los escaparates. Tiene la impresión de estar
adherido a su imagen. «Estoy encerrado, dice, en un mundo donde
mi imagen está por todas partes...». En una ocasión tuvo una visión
horrible en el espejo: había algo espantoso allí dentro, y no era otra
cosa que él mismo. Perdió literalmente todo apoyo, teniendo en el
acto que echarse en la cama presa de una intensa angustia.

(Jean Claude Maleval. Identificaciones imaginarias y estructura psicótica no


desencadenada, p. 631)
Primeiro estágio - Observação incessante
O sujeito experiencia o caráter enigmático da imagem. Sente que
ocorreu uma mudança, mas não pode dar conta do que há de
inabitual ou anormal. Neste sentido, a observação incessante é
uma resposta ao estranhamento mais ou menos inquieto que o
sujeito experiencia a propósito da mudança que ele identifica.

O reconhecimento constitutivo da imagem do eu (o estofo do ser)


no espelho simplesmente é impossível ao sujeito. (a textura do
simbólico se desfaz).

Jean Pierre me confidencia ver apenas uma imagem vazia. Ela


lhe parecia desabitada . “Sou eu”, diz ele, “mas eu quase não me
reconheço . Minha imagem carece de sentido”.
Sinal do espelho - Observação incessante
Ao mesmo tempo, o sujeito tem dificuldade de ficar separado da
imagem, encontrando-a por toda a parte em que vai ou está.

Em termos freudianos, o funcionamento autoerótico da pulsão


invade o campo onde o eu deveria advir.

Identificação imaginária

Recorre repetidamente ao espelho

Reconhecimento da própria imagem


Segundo estágio –Autoscopia:
O sujeito experiencia a invasão das pulsões na imagem especular. O exemplo de
uma paciente de 21 anos, descrito por Ostancow (1934) é preciso:
Ao longo de vários anos, ele se devotava a um exame minucioso de sua
figura, permanecendo horas inteiras diante de um espelho. (...) Ele
acreditava, dizia, observar que as pessoas do seu entorno notavam que ele
tinha um aspecto cômico, uma pequenina cabeça, uma testa estreita, toda a
estrutura de um frango. Ele alegava ter escutado dizer, a seu respeito, que
ele não tinha nariz e, quando retornava à sua casa, ele se observava no
espelho e, de fato, parecia-lhe que seu nariz havia mudado de formato e que
sua testa tornara-se muito estreita. Essas sensações faziam com que o
doente evitasse a sociedade. Parecia-lhe que os transeuntes zombavam
dele, desviavam suas trajetórias para não cruzar com ele na rua, tapavam o
nariz e a boca quando ele se aproximava. Ele também acreditava que alguém
espalhava o boato de que ele se devotava ao onanismo. (Ostancow, 1934).

Na autoscopia, o paciente pode, também, ter a experiência de se ver fora de seu


próprio corpo
Segundo estágio –Autoscopia:

A experiencia de invasão das pulsões na imagem especular se


evidencia, no relato de Ostancow de um paciente melancólico, ao
relatar sua experiência de surgimento de uma cabeça de frango que,
em pouco tempo, toma todo o sujeito, que se sente como um animal
ridículo, fedorento e masturbador.

Uma paciente melancólica de Abély (1930) afirmava: Doutor, por


favor me livre desse mártir; contra minha vontade, sinto-me forçado
a observar meu rosto e me é bastante penoso ver no que eu me
transformei; quanto mais eu me examino, mais me parece que eu
possuo uma cabeça de pato.

O pato e o frango: coisas horríveis que surgem quando falha a


transmissão de S2.

Característica repugnante
NA ESQUIZOFRENIA, EM ESPECIAL: EMPUXO-À-MULHER

Há situações em que verificamos o empuxo-à-mulher: Schreber


apresentava a “tendência a se desnudar e se observar ao espelho,
enfeitar-se como uma mulher com fitas e galões coloridos etc.”
(Schreber, 1903/1975, p. 307). Ele próprio fornece as razões que
podem justificar nessas circunstâncias a autoscopia iterativa: uma
observação conduzida de modo distraído não bastaria para
convencê-lo de sua feminilização.

O observador (...) precisaria fazer o esforço de permanecer junto a


mim cerca de dez a quinze minutos. Nesse caso, qualquer um
poderia observar que meu peito, alternadamente, aumenta e diminui
de volume. Naturalmente, permanecem nos braços e no tórax os
pelos viris, que, aliás, em mim estão presentes em pequena escala;
também os mamilos continuam do tamanho pequeno, que
corresponde ao sexo masculino. Mas à parte isso, ouso afirmar que
qualquer pessoa que me vir de pé diante do espelho, com a parte
superior do corpo desnuda – sobretudo se a ilusão for corroborada
por algum acessório feminino –, terá a impressão indubitável de um
torso feminino (Schreber, 1903/1975, p. 228).
NA ESQUIZOFRENIA, EM ESPECIAL: COBRINDO O ESPELHO
COM PANOS

A imagem é diferente, mas ela possui a mesma estrutura. Um


paciente esquizofrênico, descrito por Maleval, se via lívido, a tez
azul, perdendo seus cabelos, uma imagem de cadáver.

Outros sujeitos preferem contornar os espelhos ou cobri-los com um


pedaço de pano. Uma esquizofrênica, relata Colette Naud, relata o
caso de uma paciente esquizofrênica que foi confrontada de
surpresa com o espelho, quando caiu a echarpe com a qual ela o
havia velado. Ela se observou com uma expressão de terror, deu um
grito, em seguida, lançou-se sobre um despertador e o arremessou
com força no espelho que se quebrou (Naud, 1962, p. 13).

Colette Naud chega a debater se não haveria aí o indicativo de


entrada em um terceiro estágio – a reação clástica – que consiste na
experiência de quebra do espelho.
Caracterização do desencadeamento
esquizofrênico, por Klaus Conrad (1958):

Seu posicionamento se insere na perspectiva psicopatológica, com


Binswanger como marco dessa perspectiva e fundador da Psiquiatria
compreensiva da existência humana. Tal como Binswanger, Conrad
considera que a gênese da esquizofrenia só é elucidável na condição
de se buscar as razões na biografia clínica do paciente, considerando
cada paciente como ser no mundo, e como portando um projeto de
vida. Se o projeto de vida é inalcançável e, ao mesmo tempo, se o
paciente é incapaz de renunciar, só haveria uma saída: o delírio.

Amostra: Mais de 140 casos de esquizofrenia, em seu estágio inicial,


retomando o problema da crise e do desencadeamento e rompe com
a hipótese de que crise e desencadeamento são processos
somáticos:

ESQUIZOFRENIA plano intrapsíquico interrupção do


projeto do ser no mundo.
Caracterização do desencadeamento esquizofrênico,
por Klaus Conrad (1958):

Cinco fases do desencadeamento da esquizofrenia:

1. TREMA.
2. APOFANIA
3. APOCALIPSE
4. CONSOLIDAÇÃO
5. FASE RESIDUAL
FASE 1 – TREMA:

1. Estreitamento do campo perceptivo: a experiência subjetiva é


de que o mundo está repleto de barreiras intransponíveis, como
uma cela sem grandes possibilidades de fuga. O sujeito experiencia
a perda da liberdade: ele não pode se movimentar devido as
barreiras, ele se sente rejeitado nesse mundo de celas, e que é o
seu mundo, sem poder se comunicar com as pessoas, separado
delas por um abismo crescente. A relação figura-fundo se enrijece
progressivamente, porque o fundo experiencial invade o campo
perceptivo e passa a ocupar a figura.

2. A tensão do campo perceptivo pode pressionar o sujeito a tentar


ultrapassar essas barreiras gerando condutas sem sentido,
alterações do comportamento, reações inadequadas a realidade
exterior.

3. Ocorrência de manifestações somáticas: cefaleia, palpitação,


dor pré-cordial, astenia.

4. Ocorrência de letargia e sintomas depressivos.


5. Ocorrência da desconfiança, sendo difícil perceber os limites
entre desconfiança normal e patológica.
FASE 1 – TREMA:

6. A evolução do trema produz o humor delirante (uma alteração


sutil na vivência do sujeito em relação a tudo o que o cerca - há
algo no ar, acontece qualquer coisa, mas não sei o que é, diga-me o
que é que se passa)

7. O trema pode ser experienciado como:


A. Pressão ou tensão, inquietação, angústia,
às vezes também como animação, alegria, como acontece na
esperança.
B. Culpa ou condenação, como se estivessem a espera de um
castigo, como se tivessem cometido um crime.
C. Inibição, falta de vontade e de esperança: aqui se confunde com
o diagnóstico de depressão, sobretudo se tivermos em linha de
conta o risco de suicídio.
D. Atmosfera de desconfiança, enfrentam o mundo inimigo que
os rodeia.

8. A forma de experienciar o trema varia segundo a personalidade


prévia, a qual determina, igualmente, a temática do próprio delírio.
FASE 1 – TREMA:

O Trema pode durar de dias a vários anos. No


entanto, ao desaparecer, surge aquilo que já vinha
sendo anunciado pela tensão crescente: o delírio.

Condutas sem sentido, alterações do


comportamento, reações inadequadas a realidade
exterior.

DELÍRIO
FASE 2 – APOFANIA:

1. A fase do Trema, normalmente, está presente durante esta fase,


isto é, quem no Trema se encontrava numa tensão e expectativa
neutral, continua, na Apofania, como espectador neutral. Conrad dá
o exemplo do depressivo angustiado, que esperava a sua execução
continua, na apofania, com graves exacerbações e raptos suicidas.

Ocorre a modificação da relação de sentido e significação: as


«coisas» embora externamente pareçam iguais, já não são as
mesmas: alteraram o seu carácter, saíram da sua neutralidade,
adquiriram um significado, embora este possa não ser
imediatamente claro.

Tudo o que o sujeito olha adquire um aspecto novo, estranho,


bizarro, algo tenso.
FASE 2 – APOFANIA:

2. Ocorrência da percepção delirante: o sujeito experiencia que os


objetos ao redor sofreram uma intensa alteração:

 Primeiro: o objeto percebido indica ao doente que se refere a ele,


embora este não saiba a razão.
 Segundo: o objeto percebido refere-se a ele e sabe
imediatamente a razão (por exemplo, alguém colocou aquele
objeto para submetê-lo a uma prova, para lhe chamar a atenção –
apofania (origem grega, e que significa tornar manifesto).

O sujeito utiliza expressões como: instruídos, postos, truques,


preparado, provas, tramado, dissimulado.
FASE 2 – APOFANIA:
Na apofania, ocorre a transformação da esturura de funcinamento
do trema para a consciência anormal de significação – definida
como um modo de experienciar que se estende para todo o
funcionamento psíquico. É na fase apofânica que se produz o
delírio. Na produção do delírio, o sujeito fica mais atento às vozes,
aos passos, ao comportamento dos outros, à luz.

O sujeito se comporta como se estivesse diante de uma revelação


que impõe como certeza e, pouco a pouco toma conta de todo o
funcionamento psíquico. Por esse motivo, é difícil para o sujeito
entender as divisões subjetivas, dúvidas e conflitos dos seres
humanos.
FASE 3 – APOCALIPSE

No apocalipse o delírio se desestabiliza, evidenciando sua


fragilidade. Dessa forma, se na apofania vigorava a
continuidade do sentido a partir do trema, no apocalipse a
ordenação delirante cede lugar para imagens (às vezes
arquetípicas) que não guardam relação de sentido. Com o
declínio do sentido, o sujeito pode entrar em angústia
extrema, estado de ânimo elevadíssimo dando a impressão
de alcoolismo até entrar em catatonia.
FASE 4 - DE CONSOLIDAÇÃO
Nesta fase, ocorre uma lenta «relaxação do campo». O sujeito pode
chegar a afirmar que terminou a difusão do pensamento e que,
finalmente, os deixam em paz.
Mas preserva a certeza garantida pelo delírio:

(…) se observa en nuestro enfermo una clara resistencia a


abandonar su temática primera por la que se sentía sometido a
pruebas: «¡No vuelva a arrojarme otra vez a esa duda terrible!».
Esta fijación, que tiene completamente. (Conrad, 1958, p. 6)
FASE 5 – RESIDUAL

Na fase residual o sujeito experiencia vivências de transformação


de si mesmo e do mundo. É certo que não pode confiar na
humanidade

(…) Ya no podrá creer nunca más en los hombres; prefiere leer


novelas baratas, a las que antes despreciaba. Ya no es capaz de
asimilar lo grande y lo bello, sólo puede concentrarse en lo
impersonal. Ya no es despreocupado, sino, por el contrario, se
siente inquieto y oprimido: «Tengo la impresión como si mi vida
fuese a estar, a partir de este instante sometida a una mala
estrella... Hay en mí un mal designio... Ya no me siento tan seguro,
ya no tengo confianza en lo que emprendo».
(Conrad, 1958, p. 7)

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