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perspectiva, a Metáfora Paterna se relativiza, sendo apenas uma das formas de cifrar o
um índice para o diagnóstico da psicose, ao mesmo tempo, não são mais o único
quando, a propósito da fobia de Hans, Lacan indica que a fobia aos cavalos representa
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A instauração da Metáfora Paterna traz como consequência o efeito de
castração, pela qual se inscreve o falo, o significante da falta. Esse percurso dominou
sujeito frente ao Outro. Mas Lacan observa, em R.S.I., que Freud, para manter sua
distingue esses dois momentos de seu ensino, tão distanciados no tempo. No intervalo
de mais de 15 anos que os separa, vamos ver a estrutura se localizar no plano dos
suturar a falha no Outro, vai nos levar a dizer que o Nome-do-Pai já não é
indispensável?
função, pois o significante aparece fora da cadeia, no real, por carência do efeito
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metafórico. Entretanto, nos Seminários R.S.I. (1974-75) e O Sinthoma (1975-76), a
noção de sintoma se inverte, já não tem nada a ver com nenhum sujeito, e “não diz
disso, é a psicose que dá o modelo do núcleo real de todo sintoma. Muda o acento, e
mas, sim, fruto da função da letra em fixar o gozo sem Outro. Pode se dizer que há, a
a propósito de sua escrita, uma solução singular de amarração dos registros Real,
Simbólico e Imaginário, cujo efeito não é a produção de sentido. Sua arte “é uma arte
para o que convém o nome de sinthoma” (Lacan). Joyce goza da letra fora de sentido,
e é, para Lacan, a referência dessa virada final, na medida em que seu saber-fazer
com a letra, por um modo completamente particular, retirado do campo que leva ao
efeito de sentido, a letra como lixo, é um saber- fazer com lalangue (lalíngua) .
lalangue ... lalangue é uma cifragem que suporta o inconsciente, e o que se faz com
linguagem...os efeitos de lalangue já estão se fazendo sentir antes mesmo de tudo que
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Ao tomar o exemplo da obra de Joyce como paradigma, Lacan reconhece no
deixar-se invadir por sua polifonia, seguir o fluxo indecidível entre o fonema, a
palavra e a frase, produzindo um escrito para não ler. Promove, desse modo, um
além dos efeitos que causou na literatura, serviu-se de sua arte como suplência à
Não é sem reservas que enuncia sua suposição da psicose em Joyce, pois toma
como apoio não os traços que se poderia chamar de ‘paranóicos’ do artista, mas, sim,
toma os elementos específicos, analíticos, por assim dizer, que são: 1) o fato de que o
pai não lhe retorna, que o pai é ‘uma ficção legal’, no dizer do próprio Joyce, cuja
escritura. Para que os três registros não estejam em continuidade é preciso que exista
uma clivagem entre símbolo e sinthoma, escrito com uma nova grafia, com th,
versões do pai que se pode recolher da clínica, para o que é preciso tomar, como
estaria na escrita de Joyce, que, com essa escrita, fez-se filho de um pai inventado,
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A hipótese de Lacan de uma psicose em Joyce é tocada com muita reserva, e o
que lhe indica esse caminho é, principalmente, o fato dele padecer de ‘palavras
impostas’, que operam como o próprio terreno onde sua escrita se fará, num trabalho
em que a linguagem mesma termina por se dissolver. Além desse ponto, há dois
outros aspectos que chamam a atenção de Lacan. O primeiro seria o fato de sua
método seria distinto do recurso delirante, mas, ainda assim, um modo de tratar as
palavras como coisas, expulsando o sentido, do qual mantém só um resto com função
de enigma.
violentamente e que, transposto para uma narrativa literária, esse episódio denota a
desrealização do sentido das palavras, que passam a lhe parecer irreais. A perda de
psicose de Joyce. Isso se confirma pela relação do autor com sua obra, onde o sujeito
se tece no exercício mesmo da escrita, tece a si mesmo. O ego de Joyce é sua obra.
Através dela o sujeito se ‘aperta’ como um nó, se enlaçando como corpus textual,
trabalho com o Nome, fazendo reverberar as palavras de seu pai, restos da lalação,
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impostas ao sujeito, por uma espécie de ‘domínio retórico’do pai, a ser desmontado e
revisitado pelo puro gozo da letra, reinventado, na via da evocação de restos sonoros,
trabalha com restos, que eleva à dignidade da arte, articulando simbólico e real. O
acontecimento de corpo, faz sintoma literário, erigindo um ego via obra, no que, e é
preciso que se diga, é imprescindível que seja publicada. Esse é o ponto _da obra
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LACAN, J. – Seminário XX, Mais, Ainda, (1972-73), Jorge Zahar Ed, Ltda, RJ, 1982.
------------- - Seminário XXIII, O Sinthoma, (1975-76) , Jorge Zahar Ed. Ltda, RJ, 2007.
LAIA, S. – Os Escritos Fora de Si, Autêntica Ed./FUMEC, Belo Horizonte, 2001.
MANDIL, R. – Os Efeitos da Letra, Contracapa/UFMG, RJ, 2003.
MILLER, J-A – Los Signos Del Goce, Paidós, B. Aires, 1998.
SOLER, C. – O Filho Necessário, in Os Destinos da Pulsão, Contracapa, RJ, 1997.