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AUTOR

Joseph Rouzel - Tradução: Bernardo Maranhão - Revisão técnica: CON


Carlos Antônio AndradeV I DA DO
Mello

Não há senão isto: o laço social


Joseph Rouzel
Tradução: Bernardo Maranhão
Revisão técnica: Carlos Antônio Andrade Mello

Resumo
Este artigo discute o laço social a partir da teoria lacaniana dos discursos e reflete sobre as possí-
veis formas de resistência dos sujeitos aos efeitos nocivos do discurso do capitalista na sociedade
contemporânea.

Palavras-chave: Laço social, Gozo, Discurso.

Eu o designo com o termo discurso,


porque não há outro meio de designá-lo,
uma vez que se percebeu
que o liame social só se instaura
por ancorar-se na maneira
pela qual a linguagem se situa
e se imprime sobre aquilo que formiga,
isto é, o ser falante.

Lacan, (1972-1973) 1985, p. 74.

I aqueles que não o conhecem, é o pai da


Foi em 1986. Colegas educadores haviam psicoterapia institucional, com a qual,
criado recentemente uma revista sema- no passo da experiência psiquiátrica du-
nal, intitulada Lien social [Laço social]. rante a Guerra da Espanha e com muitos
A ideia inaugural era abrir, no n. 0, uma aportes de Jacques Lacan, operou-se uma
plataforma de pequenos anúncios volta- verdadeira revolução nos cuidados com
dos para os trabalhadores sociais. Eu me doentes mentais. A ideia de que é preci-
juntei a eles a partir do n. 1, para asse- so antes de tudo cuidar dos cuidadores e
gurar que se apresentaria na revista uma da instituição fez história e encontra seus
verdadeira tribuna de expressão e propus prolongamentos na experiência da clíni-
prover a revista de artigos de circunstân- ca de Laborde, sob a batuta do arrependi-
cia. Montou-se um comitê de redação. do Jean Oury, entre outros.
Algum tempo depois, fui encontrar Tosquelles, a quem chamávamos fa-
François Tosquelles,1 que eu via vez ou miliarmente de Tosq’, me acolheu ami-
outra naquela época. Tosquelles, para gavelmente como de costume. Eu estava

1. Nascido em 2 de agosto de 1912, em Reus, François Tosquelles é um psiquiatra catalão antifranquista, refugiado
da revolução republicana da Espanha. Tendo sido detido no campo de Septfonds, assim como cinquenta mil de
seus camaradas, Tosquelles revoluciona a psiquiatria francesa ao inaugurar uma prática de desalienação, que dará
origem ao que Georges Daumezon denominou “psicoterapia institucional”. (Cf. Drogoul, F. Le travail thérapeutique
en psychiatrie. Paris: Érès, 2009; Tosquelles, F. L’enseignement de la folie. Paris: Dunod, 2014).

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Não há senão isto, o laço social

muito contente de lhe apresentar a revis- da linguagem que se denomina sujeito e


ta e, na ocasião, pedir-lhe uma entrevista. que dela recebe sua estrutura, isto é, seu
– Como se chama essa revista? habitáculo, sua dita-menção.3 O sujeito
– Lien social. habita uma das três estruturas definidas
Após um momento de hesitação, sus- por Freud: neurose, perversão ou psicose.
surrou, com seu sotaque à la Dali, numa Seu modo de habitação – seu habitus, se
voz suave: poderia dizer – faz sintoma.
– Com o laço social é possível se unir,
se vincular, criar coletivos, mas é possível IV
também… se enforcar. Mas uma teoria do laço social não po-
Esse era o Tosq’. Espirituoso e inso- deria deixar de lado a matriz mesma da
lente, mas nunca deixando de pôr em estrutura, a saber, a linguagem, que faz
jogo o equívoco do significante. O víncu- do laço social uma trama de discursos,
lo social: duplo vínculo. um texto. Tanto é assim que as palavras
da tessitura e da escrita têm uma origem
II comum (texto, textura, etc., extraídos de
É bem essa a dificuldade do laço social, textum, texere, tecer).
seu uso duplo e seu paradoxo. Ele pode
ligar o viver juntos, pode manter unido V
um coletivo humano, mas pode também Um discurso, é essa espécie de laço
aprisionar seus membros. É preciso, en- social, é o que chamaremos, de comum
tão, pensar o laço social como situado acordo, se quiserem, o ser falante, o que
no centro de uma aporia,2 uma forma de é um pleonasmo, não é mesmo? É como
tensionamento da qual não é possível se- porque é falante que ele é ser, pois não
parar nenhum de seus termos extremos. há ser senão dentro da linguagem. Então
De um lado, o sujeito, isto é, aquilo que o falante – o falante, todos vocês o são,
no homem fala, recebe da linguagem co- pelo menos eu o suponho, o falante que
mum sua estrutura. Como fazer, então, todos vocês creem ser em muitos dos
para que os sujeitos não desapareçam na casos, em todo caso, neste; basta se crer
ordem do discurso? De outro lado, a lin- para ser de algum modo esse ser falante,
guagem, ou seja, o social, o coletivo só geralmente classificado como animal, é,
permanecem vivos graças ao aporte de a justo título, esse ser falante classificado
cada sujeito, em suas invenções singula- como animal, e é plenamente sensível que
res, ao tesouro comum. Mas como fazer, ele tem laços sociais; em outros termos,
então, para que o coletivo não exploda não é sua condição comum viver de modo
sob a carga das expressões individuais so- solitário (Lacan, 13/10/1972).
lipsistas?
VI
III A fabricação do filhote do homem, sua
Uma teoria do laço social resulta de le- entrada no discurso coletivo como su-
var em conta essa forma de produção jeito, exige uma aparelhagem muito es-
pecífica à espécie humana. A linguagem
2. Do grego a-poria, im-passe. Dela só se sai por um salto
dialético. Por exemplo, Banesh Hoffmann, um físico
inglês, conta a seguinte anedota em seu livro L’étrange 3. O termo “dit-mension” é uma invenção de Lacan, que
histoire des quanta (Points-Seuil, 1981). O aluno ques- põe o dito em relação com o termo inglês “mansion”,
tiona: “A luz é uma onda ou uma partícula?” O professor que significa “casa”. O dito é formado de significantes
responde: “Sim!”. (Ver também Derrida, J. Apories: que têm sua sede no lugar do Outro, o “tesouro dos
mourir, s’attendre aux limites de la vérité. Galilée, 1996). significantes”.

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humana, com efeito, oferece essa parti- entra no corpo do pequeno homem por
cularidade, única entre os animais, de efração. Essa língua primeira, pesada-
poder representar a ausência. Ausência mente carregada dos afetos desse vínculo
das coisas, ausência dos seres. A lingua- social primário, reveste a consistência de
gem, engastada em uma língua, atualiza- uma matéria sonora. Entramos na lingua-
da e posta em ação pelos sujeitos na fala, gem não pelo sentido, mas pelo real do
apresenta-se do seguinte modo, segundo som, do qual o dizer materno produz um
o matema que Lacan (1961-1962) extrai eco no corpo do filhote5 do homem.6 Essa
de sua elaboração ao final do Seminário matéria sonora que Lacan, por ocasião
9: A identificação: “Um significante re- de um gracejo na fala, denominará “la
presenta um sujeito para um outro signi- lalangue” [a lalíngua], constitui-se como
ficante”. mediação simbólica nas idas e vindas do
Tomemos o seguinte matema: Outro maternal. Esses primeiros sons re-
tidos pela criança em seu próprio corpo,
S1 → S2 ali onde vieram se depositar, produzem
S os embriões literais, matriz do simbóli-
co, permitindo re-presentar (tornar pre-
Ele constitui o embrião do Discurso sente) a ausência da mãe e subjetivá-la,
do Mestre (DM) que Lacan só formulará fazer dela um assunto seu. “Fala anterior
anos mais tarde, em 1969, no Seminário às palavras”,7 precisa Antonin Artaud em
17: O avesso da psicanálise ([1969-1970] Sobre o teatro balinês. A perda de gozo da
1992). mãe (nos dois sentidos do termo, pois a
Essa especificidade do humano não separação é vivida de parte a parte), in-
cai do céu. Ela se produz em uma ope- troduz o filhote do homem nas leis na lin-
ração: a castração que inscreve “os sesu- guagem. Isso que se apresenta de início
manos”4 sob a rubrica do corte e do equí- como um não radical ao “gozo da vida”
voco e, portanto, do mal-entendido. Se a (Lacan, 1975, p. 190), eis por que os
linguagem faz laço social, ela, ao mesmo psicanalistas usam o termo de castração,
tempo, nos divide. Nós, os humanos, não constitui o preço a pagar pela humaniza-
nos compreendemos. Eis por que a entra- ção. Esse “não”, ao inscrever o homenzi-
da do infans na linguagem se apresenta de nho sob a rubrica, ao mesmo tempo, da
partida como traumatismo. perda e do vínculo, constrói o alicerce de
um “sim”. O impossível autoriza o possí-
O que são todos vocês, senão mal-en- vel. Uma parte da mãe cai assim como
tendidos? O denominado Otto Rank das Ding, a Coisa, o irrepresentável; e o
o abordou ao falar do traumatismo do outro é preservado como Nebenmensch,
nascimento. Traumatismo, não há senão próximo, e entra no domínio dos signifi-
este: o homem nasce mal-entendido…
Não hã outro traumatismo do nascimento
senão o de nascer como desejado. Deseja-
do ou não, dá no mesmo, pois é pelo ser 5. No original, “petit d’homme”. A tradução dessa expres-
de fala (Lacan, 10 jun. 1980). são varia, ao longo do texto, entre “filhote do homem”,
“homenzinho” e “infans”, conforme nos terá parecido
mais conveniente em cada passagem. (NT).
É a língua do Outro e, inicialmente, 6. Donde a definição de Lacan para a pulsão: “A pulsão
do Outro presentificado pela mãe, que é o eco no corpo do fato de que há um dizer… esse di-
zer, para que ele ressoe, para que ele consoe… é preciso
que o corpo lhe seja sensível”. Lacan, J. O seminário 23:
4. No original, “les trumains”. Lacan, J. Le moment de O sinthoma, sessão de 18 nov. 1975.
conclure, seminário inédito. (NT). 7. No original, “parole d’avant les mots”. (NT).

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Não há senão isto, o laço social

cantes, para retomar a partição proposta VII


por Freud ([1895] 1977) no Projeto.8 Eis aqui um pequeno quadro, já desen-
Não há corte, portanto: a humani- volvido em um trabalho anterior, em que
zação, isto é, a entrada no laço social se eu reúno o essencial desta abordagem:
faz por meio da imposição ao filhote do Tipo de Tratamento Modalidade
homem de uma perda de gozo. Lacan em- vínculo social do gozo de linguagem
prega dois termos para designá-la: extra- Humano Não ao gozo A linguagem
ção ou subtração de gozo, colocando em Social Lei(s) A língua
evidência o objeto a, essa invenção que Familiar Interdição A lalíngua
do incesto
ele dizia ser sua única contribuição no-
Subjetivo ($) Castração A fala
tável à psicanálise (Lacan [1957-1958],
1998, p. 560, nota 16).9 Os diferentes enlaçamentos do vín-
Por exemplo, quando a mãe vai cui- culo social – humano, social, familiar e
dar de seus afazeres, a criança é reduzida subjetivo – são determinados por um não
a representar sua ausência por diversos radical a isso que Lacan (1975) designa
movimentos sonoros: balbucia, produz como “gozo da vida”.11 É essa mutilação
lalações. Françoise Dolto inventa esta primeira, esse primeiro “troumatisme” no
bela impressão: a criança mamaniza.10 corpo do pequeno homem, que condi-
O enigma da ausência da mãe se orga- ciona o conjunto da cadeia e constitui
niza, então, em um dispositivo simbólico a armadura do vínculo social. As leis, as
que Lacan ([1955-1956] 1985) desig- regras de sociabilidade, a interdição do
na, no Seminário 3, como Nome-do-Pai. incesto e a castração são as declinações
Bem mais tarde, ele indicará que se trata dessa aparelhagem primeira. Os “moti-
exatamente de uma das modalidades de vos” primeiros, no sentido que explorei
entrada no laço social. O Nome-do-Pai mais acima, fundam os traços, os trilhos
deve ser entendido não como patroními- a partir dos quais o sujeito franqueará sua
co, mas como capacidade de nomear a via no mundo e em meio aos outros.
ausência da mãe e, a fortiori, toda ausên-
cia. A matéria sonora amalgamada a essa VIII
construção simbólica abre a primeira via A partir dessas premissas, podemos en-
de entrada do pequeno do homem nisso trar mais profundamente na exploração
que Freud ([1891] 2014) designa como do laço social. Freud ([1921] 1977), em
spracheapparat, ou seja, o aparelho de Psicologia das massas e análise do eu, nos dá
fala. A aparelhagem do sujeito à lingua- uma primeira matriz de sua constituição.
gem, seu assujeitamento à normatividade Ele precisa, de partida, que “A oposição
da linguagem, inaugura sua entrada no entre a psicologia individual e a psicolo-
vínculo social. gia coletiva, que pode, à primeira vista,
parecer muito profunda, perde muito de
sua acuidade quando a examinamos mais
de perto”. Seja na vida social, seja na sub-
8. O título “barafunda” seria mais judicioso... jetividade, a presença do outro é sempre
9. “[O campo da realidade] só se sustenta pela extra- traduzida ora em termos de amor, ora em
ção do objeto a que, no entanto, lhe fornece seu en- termos de ódio. O que dá coesão a um
quadre”. O objeto designado aqui como @ (objeto a
em Lacan), que é também a marca da associação l’@ grupo é a projeção de uma ideia sobre um
psychanalyse, é para ser pensado mais como um signo chefe ou um princípio organizador: aque-
que como uma letra. O @ faz signo do furo do real no
lugar do significante. Ele se situa no ponto de enoda-
mento do nó borromeano, no coração de RSI. 11. Ver também Miller, J.-A. Les six paradigmes de la
10. No original, “l’enfant mammaïse”. (NT). jouissance. La cause freudienne, n. 46, 1999.

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les que compartilham a mesma referên- implicam justamente essa dimensão do


cia se sentem irmãos e se amam, mas ao impossível, como falha, como escorre-
preço de recalcar – nas fronteiras do país gada, para dizê-lo à maneira de Beckett
e da psique – o objeto de ódio (Freud, (1991), que acrescenta, em Worstward
[1915] 1997). Essas premissas permitem Ho, que se trata, no fim das contas, de
a Freud ([1925] 1996), designar três pro- “falhar melhor”. É desse ponto de trata-
fissões impossíveis: governar, educar e mento do impossível, engastado no obje-
curar. Impossíveis porque se trata, nessas to a, que Lacan infere os quatro discursos
profissões, de inscrever e articular no vín- em 1969, em seu seminário O avesso da
culo social justamente aquilo que lhe re- psicanálise. Para começar, é preciso en-
siste. Articular o impossível, não recalcá tender que o mais singular do sujeito, ex-
-lo. Isso eleva o impossível ao nível de um presso na fala ou no sintoma, é o produto
conceito fundamental da teoria freudia- da confrontação com o discurso comum
na. Com efeito, precisa o pai da psicaná- (S2). Se o S é barrado (castrado, não-
lise em 1937, se ele classifica essas profis- todo) – e às vezes mal barrado! –, é por
sões da relação humana – profissões, por meio da operação da linguagem que se
excelência, da aprendizagem do vínculo torna dividido em dois, de um lado, um
social – na categoria do impossível, é por- significante (S1) e, de outro, essa parte de
que nessas práticas sociais “pode-se, de sombra, o enigma do sujeito falante ( S ).
partida, ter certeza de um resultado in- Mas ele se encontra também, sob o golpe
suficiente” (Freud, [1937] 1977). Essa é da operação da fala, separado de outrem
a própria raiz do que Freud designa sob o (S2). Divisão, portanto, em si e entre-si.
termo “mal-estar na civilização”, a saber, Toda a dificuldade reside então no fato
que as histórias humanas não são do do- de que o sujeito não se dissolva nos dis-
mínio da perfeição nem do controle abso- cursos de massa: novilínguas,12 discursos
luto. Há um resto. A palavra, em todas as vazios, pensamentos únicos, ideologias
suas dimensões, como colocação em ato dominantes. Mas trata-se igualmente de
das leis da fala e da linguagem (Légault, evitar que os modos de expressão subjeti-
2003), permanece como a única tentati- va venham a corroer o coletivo por meio
va de sustentar, na relação a outrem, esse das descargas massivas de ódio, de vio-
resto. Um resto que reveste os adereços lência, de exclusão, de segregação. Lacan
do fracasso e desposa os avatares dessa inventa uma teoria do vínculo social par
falha constitutiva da condição humana. remediar esses dois riscos permanentes:
Notemos que a palavra deve ser aqui dissolução do sujeito ou estilhaçamento
entendida além de sua expressão verbal, do coletivo.
pois, como o sublinha com justeza Martin
Heidegger (1976, p. 13): X
O sujeito sempre aparece representado.
O ser humano fala. Falamos despertos; Ele falta a ser, o que Lacan anota: a. Esse
falamos em sonho. Falamos incessante- objeto indicativo da falta que impulsiona
mente, mesmo quando não proferimos o desejo: “objeto causa do desejo”, preci-
nenhuma fala... sa Lacan em um primeiro tempo, depois,

IX 12. Sobre a novilíngua, cf. Orwell, G. 1984, Folio Gal-


Lacan retomará a questão do vínculo so- limard, 1972. Ler também Charlotte Herfray, que aca-
ba de falecer no momento em que escrevo este texto,
cial, na mesma trilha aberta por Freud, Ces novlangues qui colonisent nos esprits. Disponível em:
ao evocar os modos sociais de tratamento <http://www.psychasoc.com/Textes/Ces-novlangues-
da alteridade, modos de tratamento que qui-colonisent-nos-esprits>.

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na esteira da mais-valia de Marx, “obje- derá mais de perto como objeto mais-de-
to mais-de-gozar”. Trata-se, no discurso, gozar). Os quatro giram sobre o tetrápo-
de produzir um modo de tratamento. de, para a direita ou para a esquerda, mas
Em outras palavras, para Lacan, o único numa ordem invariável.
modo de tratamento do gozo reside no Ora, nem todo gozo poderia ser ab-
discurso que mantém unidos os coletivos sorvido pelo significante, pois, contra-
humanos. Ele retira daí quatro modos riamente ao que Françoise Dolto (2002)
de tratamento: de início, o Discurso do chegou a anunciar no título de um de
Mestre (DM), do qual evoquei o primeiro seus célebres livros, nem tudo é lingua-
estágio de elaboração, no final do semi- gem. Existe, sob a categoria do Real, al-
nário A identificação. Depois, por um jogo guma coisa que não cessa de escapar à
de rotação, giram os três outros discursos: nomeação. Em Freud, das Ding.
o da histérica (DH), o universitário (DU) Donde um jogo de flechas, que Lacan
e o do analista (DA). introduz nos quatro discursos para locali-
Primeiramente, contudo, Lacan es- zar o impossível e a impotência.
tabelece um tetrápode: quatro lugares Por exemplo, no DM, a flecha (→)
imutáveis: indica uma impossibilidade estrutural de
que o significante possa desposar o todo
o agente o outro do saber. Além disso, o produto nunca é
a verdade a produção equivalente à verdade (//):

O lugar do agente dá seu nome a S1 → S2


cada discurso em função do elemento S // a
que o ocupa: Discurso do Mestre (DM)
quando o S1 aí está alojado; discurso da No DA, a razão desse fracasso está
histérica (DH) quando é o S; discurso ligada à irredutibilidade do real à ordem
universitário para o S2; discurso do ana- da linguagem: o ser falante pode falar e
lista com o objeto @ no lugar de agen- falar, mas jamais se reunirá ao seu ser, fal-
te.13 O lugar do agente é o lugar de onde tante por excelência. S é disjunto de @.14
ele fala, sabendo-se que a verdade per- Assim, os quatro discursos, como matriz
manece sob a barra, à sombra daquilo do laço social, se apresentam como modo
que causa a fala, daquilo que a provoca. de tratamento do gozo, de seu excesso in-
O outro é aquele a quem me dirijo e o cessante, engastado no objeto @.
que isso produz constitui o resultado da Haveria, decerto, muito a dizer sobre
operação discursiva. a teoria dos quatro discursos, tal como
Nesses quatro lugares fixos, Lacan faz desenvolvida por Lacan. Retenhamos
com se desloquem esses quatro termos: S que é a inscrição na linguagem que per-
(sujeito do inconsciente), S1 (significan- mite ao sujeito tratar a questão de sua
te-mestre), S2 (o saber), a (o objeto causa unicidade e, portanto, de sua profunda
do desejo, que mais tarde Lacan apreen- solidão, ao fabricar permanentemente o
laço social. O sujeito somente se sustenta
13. Evidentemente, o discurso do analista não é especí- pela existência de um aparelho discursivo
fico ao psicanalista. Sucede a cada um endossá-lo, cada ao qual ele não cessa de reverter sua quo-
vez que o lugar do agente é marcado por um furo, uma
falta, um não saber (@). Como nesta anedota: Um ta-parte. Assim, uma paciente acaba de
homem vai visitar um jesuíta: Eu os admiro muito, os me dizer que fabricamos Deus para que,
jesuítas sabem um monte de coisas, mas o que mais me
irrita é que cada vez que alguém lhes faz uma questão,
vocês respondem por uma questão. Ah é?, responde o 14. Sobre isso ver Lapeyre, M.; Sauret, M.-J. Lacan, le
jesuíta, e o que o leva a dizer isso? retour à Freud. Milan, 2000.

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em seguida, ele nos fabrique! Essa circu- XI


laridade do social e do subjetivo poder ser Quatro discursos, mais um:
ilustrada pela banda de Moebius, em que
o avesso e o direito se distinguem, mas
em um continuum unilateral. Essa pro-
posição desemboca, para Lacan, notada-
mente no final de seu ensino, em fórmu-
las aparentemente aporéticas, tais como
“o inconsciente é o social” ou “o incons-
ciente é a política” ou ainda “o coletivo
não é senão o tema do individual.15
Desse enunciado, Jacques-Alain
Miller, em 2002, extrairá algumas conse- XII
quências: Nota-se que Lacan introduz um quinto
• a experiência analítica é uma expe- discurso, o discurso do Capitalista (DC),
riência coletiva a dois; que se produz a partir da inversão do pri-
• as funções e os fenômenos postos meiro membro do DM:
em evidência no nível do coletivo são os
mesmos que as funções que se revelam e $ em lugar de S1
os fenômenos que se desdobram no trata- S1 $
mento analítico;
• disso decorre uma nova definição [...] uma mínima inversão, simplesmente
do coletivo: ele é feito de uma multiplici- entre o S1 e o S barrado (S), que é isso
dade de indivíduos que tomam o mesmo sujeito… isso basta para que a coisa
objeto como Ideal do eu; ande como sobre rodinhas, isso não pode
• o coletivo, as formações coletivas, andar melhor, mas justamente isso anda
as associações e os agrupamentos diver- depressa demais, isso se consome, isso se
sos e variados se analisam como uma consome tão bem que isso se consuma
multiplicidade de relações individuais ao (Lacan, 12 maio 1972).
Um do Ideal do eu;
• mas o individual não é o subjetivo. Essa inversão evidentemente não é
O que é individual é um corpo, é um eu. sem consequência sobre a natureza do
O efeito-sujeito que se produz nesse eu e laço social, tanto sobre a maneira de cada
que lhe perturba as funções é articulado sujeito a ele se articular, quanto sobre a
ao Outro. É isso que se denomina o cole- maneira de os sujeitos se manterem jun-
tivo ou o social.16 tos em coletivos, em grupos, em nações...
Posicionar o S em lugar de agente
tira o sujeito do lado da histerização, mas
de um modo no qual tende a se apagar
a marca, portada pelo objeto a, da falta
significada pelo impossível. Pierre Bruno
15. “Que o leitor que prosseguir nesta coletânea volte define o discurso capitalista como “um
à referência ao coletivo que constitui o final deste ar- discurso sem perda” que exerce seu co-
tigo, para situar o que Freud produziu sob o registro da
psicologia coletiva (Massen Psychologie und Ichanalyse): mando sobre o sujeito consumidor, que
o coletivo não é nada senão um sujeito do individual” termina por ser… consumido (Bruno,
(Lacan, [1945] 1998, p. 213, nota 6). 2010). Um sujeito cujo efeito de bar-
16. Miller, J.-A. Théorie de Turin. Intervenção no I
Congresso Científico da Scuola Lacaniana di Psicoana- ra marcado pela castração tenderia a se
lisi, em 21 maio 2000. atenuar. As sociedades modernas, ou
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pós-modernas, como as designam certos de texto de Freud Mal-estar na civilização


autores, tendem a transformar tudo o que (ou “na cultura”, a depender da tradu-
há na terra em mercadoria. Essa mercan- ção), publicado em 1929 e que perma-
tilização generalizada arrasta em suas on- nece atualíssimo. Dito de outro modo,
das tudo do humano, seu corpo, suas re- ele resulta radicalmente contemporâneo
lações sociais, seus objetos, que, em lugar nestes tempos de crise. O título proposto
de serem marcados pela incompletude, por Freud era, com efeito, “Infelicidade
sobem ao zênite da modernidade como [Unglück] na cultura”, logo suavizado
promessas de um mundo pleno, sem fa- por seu editor, devido a razões comer-
lha. Um mundo de onde a incompletude ciais, para “mal-estar” [Unbehagen].18 A
estrutural, marca de fabricação do huma- infelicidade se vende mal! Mas o termo
no, seria expulsa para sempre. Lacan o “mal-estar” é bem fraco. Freud propõe
diz bem: “[...] isso anda como sobre rodi- nesse livro uma questão radical: que
nhas”, mas o drama é que isso anda bem quer o homem? Desafio qualquer um a
demais; isso gira e termina por desandar. responder outra coisa, sob qualquer for-
Essa estreita colagem entre sujeitos e ob- mulação, que seja diferente de: eu que-
jetos da indústria, de feição incestuosa, ro ser feliz! Mas, em vista dessa vigorosa
transforma de fato o sujeito em consu- vontade de Felicidade, Freud precisa que
midor que consome tão bem que “ele se três obstáculos se apresentam: o corpo,
consuma”. E eis o homem reduzido, ele o mundo e os outros, que obrigam cada
também, ao estado de objeto, de coisa, sujeito a dar um desconto a suas preten-
daquilo que Marx já havia entrevisto sob sões de Felicidade, para, conforme ele
o conceito de “reificação” (do latim res, indica a uma paciente ao final de uma
rei, uma coisa). O laço social se estilhaça, sessão, aprender a se contentar com sua
de um lado, em indivíduos, como a etimo- infelicidade banal. Até aqui, as civiliza-
logia o indica, em sujeitos não divididos ções têm inventado processos simbólicos
pela palavra, uma espécie de “tudo para para sustentar essa amarga decepção e
o ego”; do outro, em pequenas comuni- mesmo para transmitir sua estrutura de
dades holísticas (do grego holos, inteiro) uma geração a outra. Podemos reagrupar
voltadas para si mesmas, encerradas nas sob a rubrica do laço social o conjunto
dobras de um comunitarismo beato, que desses dispositivos. A educação, primei-
faz com que seus membros se furtem a su- ra modalidade de laço social, “sacrifício
portar, cada um, o fardo da divisão subje- da pulsão”, como enunciado por Freud
tiva, recalcando-a seja no interior, com a ([1915-1917] 1977) na Conferência I –
designação de bodes expiatórios, seja ex- Parapraxias – Introdução, ensina bem cedo
teriormente, geralmente sob os aspectos o filhote do homem a reduzir suas preten-
do ódio. Individualismo e comunitarismo sões ao gozo. É imperativo abrir mão do
se perfilam, assim, como as duas mamas gozo para tomar lugar entre os outros.
do capitalismo. Ora, nossa sociedade neoliberal,
ponta de lança do capitalismo, tenta
XIII subverter essa ordem imposta à humana
Donde o mal-estar no capitalismo.17 A condição. Que é feito do viver juntos,
expressão evidentemente deriva do gran- numa sociedade irradiada pelo sem limi-

17. Tema do seminário conduzido por Joseph Rouzel 18. Das Unglück [acidente, infelicidade, azar] in der
em 2010-2011, em Montpellier, no âmbito da Associa- Kultur tornou-se, assim, Das Unbehagen [mal-estar,
tion Psychanalyse sans Frontière (PSF). (Ver também preocupação, descontentamento] in der Kultur. Por
Sauret, M.-J. Malaise dans le capitalisme. Paris: PUM, uma vez, Freud cede quanto às palavras e, logo, quanto
2009). ao sentido!

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Joseph Rouzel - Tradução: Bernardo Maranhão - Revisão técnica: Carlos Antônio Andrade Mello

te, profundamente solipsista, devotada torno da tarefa encontrar um equilíbrio


de corpo e bens ao consumo sem fim de conveniente, ou seja, capaz de propor-
objetos produzidos pela tecnologia, essas cionar felicidade entre essas exigências
“latusas”,19 das quais Lacan inventa o pa- individuais e as reivindicações culturais
radigma? das massas, e é um dos problemas cruciais
da humanidade saber se esse equilíbrio é
O mundo está cada vez mais povoado de alcançável através de uma determinada
latusas. [...] pequenos objetos a que vão conformação da cultura ou se tal conflito
encontrar ao sair, no pavimento de todas é irreconciliável (Freud, ([1930] 2010,
as esquinas, atrás de todas as vitrines, na p. 99).
proliferação desses objetos feitos para
causar o desejo de vocês, na medida em É assim que, a partir dessa reflexão,
que agora é a ciência que o governa, pen- seria possível apreciar quais são hoje os
sem neles como latusas (Lacan, [1969- modos de resistência dos sujeitos, o que
1970] 1992, p. 171-172). os sujeitos põem em ação para não serem
reduzidos ao estado de produtos consu-
Em “latusa” se aninha léthé, o esque- míveis.
cimento. Mas se a verdade o afeta, a-lé-
théia, se o esquecimento é levantado, se Isso implica distinguir as vias de uma
o oculto reaparece, se o real expulso pela verdadeira política do sintoma (Sauret,
porta retorna pela janela, então surge a 2008).
angústia. Donde a inquietação incessan- A função do sintoma se manifesta por
te e a voracidade insaciável de que somos um eu não quero ser gozado pelo Outro
presas, diante do objeto de consumo, que, (Bruno, 2010).
tão logo é capturado, se faz monstruoso
(Lacan, [1969-1970] 1992). Retorno A sociedade que vemos proliferar
do real escamoteado. Lacan, a partir de sob nossos olhos, com suas repercussões
1972, propõe que o capitalismo forclui a em termos de mercado, de consumo, de
castração (O saber do psicanalista). tecnociência e de ideologia cientificista,
Para alcançar todas as consequências exige dos sujeitos e dos coletivos que se
dessa virada no laço social, convém re- organiza um verdadeiro salto para não
tomar mais una vez a reflexão freudiana, sucumbir, de corpo e bens, num infra-
desta vez com apoio em Marx, para abrir mundo, ou num imundo, dos quais os
perspectivas: primeiros estragos já nos afetam. A es-
pécie dita humana, da qual o húmus se
Não me parece que se possa levar o ho- constitui pelo aparelhamento às leis da
mem, através de algum tipo de influência, linguagem, está ameaçada de desapa-
a transformar a sua natureza na de um rição. O laço social, não importa o que
cupim; é provável que ele sempre defenda se diga, é relativamente frágil e não po-
sua pretensão à liberdade individual con- deria de forma alguma ser substituído
tra a vontade da massa. Uma boa parte por esse sucedâneo (sucesso-dano!)20 de
da luta da humanidade se concentra em vínculo organizado pelo Divino mercado
(Dufour, 2009), novo Moloch21 novo
19. “Latusa”, achado de Jacques Lacan, que ele introduz
em duas lições de seu Seminário 17: 20 maio e 18 jun.
1970. Ver também a conferência de meu amigo Guy 20. No original: “ce succédané, (succès damné!)” (NT).
Massat, em janeiro de 2015, L’objet petit a. Disponível 21. Moloch ou Molech é uma divindade cujo culto era
em: <http://cerclepsychanalytique-paris.fr/conferences/ praticado na região de Canaã, segundo a tradição bíbli-
linterpretation-desir-lobjet-petit>. ca. Esse culto é ligado ao sacrifício de crianças no fogo.

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Não há senão isto, o laço social

deus terrível. Bem que Tosquelles tinha de humanização (a estrada do humano)


razão ao me advertir que esse tipo de laço para que isso não se perca. E ele profere
social pode nos estrangular. Saberemos, o seguinte enunciado: “Deus não existe e
nos anos por vir, estabelecer barreiras de nós somos seus profetas!”. Essa frase ter-
resistência suficientemente sólidas? Tal é rível condensa toda a potência de evoca-
a questão que se delineia no início, que já ção da palavra e da linguagem: produção
vai bem avançado, de um século decisivo de um real que, ao mesmo tempo, é assu-
na história da humanidade. mido pelo simbólico. Somente o recurso
Sair do discurso capitalista é, portan- ao semblante (ao sangue branco!)23 nos
to, retornar ao vínculo social instaurado salvará. Um laço social encontrando seu
pelos quatro discursos e reintroduzir, de ponto de amarração numa pura vacuida-
uma maneira ou de outra, o humano, de, eis o que está em jogo. O Anjo?24 j
medida de todas as coisas, segundo a cé-
lebre forma do sofista Protágoras, como
essencialmente faltante. Esse retorno THERE IS NOTHING
passa necessariamente por uma reativa- BUT THIS: THE SOCIAL BOND
ção dos avanços produzidos pelas Luzes
no século XVIII na Europa. Trata-se de Abstract
convocar de modo renovado o poder das This article discusses the social bond
transcendências para erigir pirâmides under the light of Lacan’s theory of the
agora respiráveis. E, talvez, com um passo discourses and reflects on how can subjects
suplementar até o ponto em que o poeta in contemporary society resist the noxious
Hölderlin acrescenta: “até que a falta de effects of capitalist’s discourse.
Deus venha em nosso auxílio” [Bis Gottes
Fehl hilft]. Keywords: Social bond; Enjoyment;
Discourse.
XIV
Cormac McCarthy, em um romance
sombrio, La route,22 que narra a destrui-
ção do mundo pelos homens, põe em
cena um pai e um filho vivendo à deriva
na estrada para sobreviver. O pai, apesar
do desaparecimento geral dos bens de
subsistência, dos recursos naturais, ape-
sar da derrocada da moral social e da éti-
ca, tenta desesperadamente transmitir a
seu filho a essência mesma dos processos

22. MCCARTHY, Cormac. La route. Points-Seuil,


2009. Ver também o apaixonante desenvolvimento so-
bre a negatividade, do arrependido Jean-Daniel Causse,
em Lacan et le christianisme. Campagne Première, 2018,
a partir do “Deus está morto”. Algo que um poeta
como Paul Celan apreende finamente em um de seus
últimos escritos: “Eu, se ele está liberado de Deus, não
está liberado da rosa! Ao se fazer verbo, a carne do Eu
que fala não está liberada da rosa do fruir!” (Renverse
du souffle, Seuil, 2006). No original: Je, s’il est quitte de 23. No original: Seul le recours au semblant, (au sang
Dieu, n’est pas quitte de la rose! À se faire verbe, la chair du blanc!), nous sauvera. (NT).
Je qui parle n’est pas quitte de la rose du joui! 24. No original: “...tel est l’enjeu. L’Ange?”. (NT).

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Joseph Rouzel - Tradução: Bernardo Maranhão - Revisão técnica: Carlos Antônio Andrade Mello

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Não há senão isto, o laço social

Sobre o autor

Joseph Rouzel
Após haver trabalhado por muitos anos como
educador junto a diversos públicos (psicóticos,
toxicômanos, casos sociais), Joseph Rouzel é hoje
psicanalista em consultório particular e formador
como profissional liberal. Lecionou nos Centres
d’Entraînement aux Méthodes d’Education Acti-
ve (CEMEA) de Toulouse e no Institut Régional
du Travail Social (IRTS) de Montpellier.

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