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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE PROTOCOLO


TRANSDISCIPLINAR DE CUIDADO E (RE)HABILITAÇÃO DE CRIANÇAS
COM SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

SALVADOR
2020
1

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE PROTOCOLO


TRANSDISCIPLINAR DE CUIDADO E (RE)HABILITAÇÃO DE CRIANÇAS
COM SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Projeto de pesquisa científica apresentado


ao Comitê de Ética em Pesquisa do
Instituto de Saúde Coletiva da
Universidade Federal da Bahia, para
apreciação ética.

SALVADOR
2020
2

RESUMO

A epidemiologia do Zika Vírus trouxe desafios ao cuidado de crianças com a Síndrome


Congênita do Zica Vírus (SCZV) para as famílias e para os serviços de saúde. Os serviços
da Atenção Primária à Saúde (APS) revela-se essencial na promoção da saúde de crianças
com SCZV, por meio do acompanhamento do desenvolvimento infantil. Desse modo, a
puericultura se torna um espaço de cuidado para além do conhecimento biomédico. A
integração de saberes relativos às áreas de Nutrição, Psicologia, Odontologia,
Fonoaudiologia, Pedagogia e Enfermagem, para produzir um cuidado mostra-se profícua
no contexto da puericultura. Entretanto, são escassas as intervenções que desenvolvam
estratégias transdisciplinares de cuidado no âmbito da APS. Este projeto de pesquisa
integra estudo anterior intitulado “Efeitos das manifestações neurológicas congênitas
associadas ao Zika Virus (ZIKV) sobre o desenvolvimento infantil: um estudo de coorte
prospectiva no contexto da Atenção Básica, em Salvador-BA”. O estudo encontrou
evidências de que estas crianças apresentaram alterações auditivas, orais, nutricionais,
neurológicas e no desenvolvimento de forma geral. Além disso, considerando que estas
crianças atingiram a idade escolar é necessário pensar sobre ações intersetoriais e
transdisciplinares que visem os cuidados básicos na primeira infância no contexto da
educação infantil inseridas no território. O objetivo geral desta pesquisa é caracterizar a
oferta de cuidado para a primeira infância, desenvolver, aplicar e avaliar a implantação
de protocolo transdisciplinar de cuidado e (re)habilitação com ênfase na SCZV no âmbito
da APS, em quatro Distritos Sanitários de Salvador onde funciona a Residência
Multiprofissional em Saúde Coletiva com ênfase na Primeira Infância no contexto do
Zika Vírus. Será um estudo de intervenção quase experimental com pré e pós avaliação
no contexto da APS e nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI), utilizando
abordagens quantitativas e qualitativas. Será aplicado um protocolo de intervenção
transdisciplinar, contemplando as áreas de nutrição, enfermagem, odontologia,
fonoaudiologia, psicologia e educação, com vistas a melhoria das condições de cuidado
e da saúde das crianças com SCZV. Espera-se que este estudo possa contribuir na oferta
do cuidado na primeira infância, além de contribuir com a inovação em serviços de saúde
no contexto da Atenção Primária, ao implantar um protocolo clínico para aplicação por
profissionais de saúde e educação. Além disso, as tecnologias que são implementadas em
Salvador- Bahia poderão ser disponibilizadas para outros municípios brasileiros, no
intuito de contribuir para a qualificação do cuidado transdisciplinar e qualidade de vida
de crianças com SCZV e suas famílias.

Palavras-chave: Síndrome Congênita do Zika Vírus, Atenção Primária à Saúde,


Transdisciplinaridade, Inovação em Saúde.
3

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4
2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 5
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 5
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 5
3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 6
3.1 SCZV: dados epidemiologicos, descrição da síndrome, impactos para o
desenvolvimento infantil .................................................................................................. 6
3.2 O contexto da Inovação em saúde .............................................................................. 7
3.3 Transdisciplinaridade e o contexto da Saúde Coletiva ............................................... 9
3.4 Contribuições oriundas da Nutrição, Psicologia, Odontologia, Enfermagem e
Fonoaudiologia na construção de cuidados na primeira infância ................................... 10
3.5 A importância da estimulação do desenvolvimento na Primeira Infância ............... 12
3.6 Educação infantil, tecnologia assistiva e desenvolvimento ...................................... 14
4 METODOLOGÍA........................................................................................................ 15
4.1 Local e população do estudo .................................................................................... 15
4.2 Seleção da amostra ................................................................................................... 16
4.3 Etapas do estudo ....................................................................................................... 16
4.4 Avaliação da condição da saúde bucal ..................................................................... 17
4.5 Estado nutricional ..................................................................................................... 17
4.6 Avaliação das condições de saúde auditiva .............................................................. 19
4.7 Avaliação de aspectos psicológicos, educacionais e do desenvolvimento
neuropsicomotor, socioafetivo e de linguagem .............................................................. 19
4.8 Desfechos analisados ................................................................................................ 20
4.9 Análise dos dados ..................................................................................................... 20
5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ..................................................................................... 21
5.1 Riscos e benefícios envolvidos na execução da pesquisa......................................... 22
6 RESULTADOS ESPERADOS ................................................................................... 23
7 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ........................................................................... 25
8 FINANCIAMENTO .................................................................................................... 25
9 EQUIPE EXECUTORA DO PROJETO ..................................................................... 27
4

1 INTRODUÇÃO

Entre 2015 e 2016, o Brasil passou pela epidemia do ZIKV, com consequências
para a trajetória desenvolvimental da geração acometida diante da escassa oferta de
serviços públicos, numa sociedade desigual. Na Bahia, a prevalência da SCZV se
manteve em torno de 13,7 por 10 mil nascidos vivos no período. Dentre 1.920 notificações
realizadas entre 2015 e 2019, 554 (28,9%) foram confirmadas, sendo 41,4% destas em
Salvador.
A construção do conhecimento e de práticas de cuidado são igualmente relevantes
em saúde coletiva, cabendo intervenções que favoreçam a qualidade de vida. Esta
proposta integra o projeto CNPq/CAPES/MSPrevenção processo 440577/2016-0,
“Efeitos das manifestações neurológicas congênitas associadas ao ZIKV sobre o
desenvolvimento infantil: um estudo de coorte prospectiva no contexto da Atenção
Básica, em Salvador-BA”. Os diagnósticos de imagem de 136 crianças confirmadas para
SCZV pelo CIEVS-Salvador revelaram que microcefalia (51,5%), ventriculomegalia
(57,4%) e calcificações cerebrais (77,2%) foram as alterações mais frequentes com 32,4%
das crianças acometidas pela combinação destas três condições. Entre estas crianças,
encontramos idade desenvolvimental muito inferior à idade cronológica, além de
prejuízos cognitivos, linguísticos e motores (Artigo under review, Revista Infant
Behavior).
Dados ainda não publicados de crianças na faixa etária de 28 a 48 meses sobre
saúde auditiva de 26 crianças (19 com SCZV) indicaram alterações auditivas em 52%
(10) dos casos e em 42% (3) das crianças típicas. Observou-se que 19% (5) das alterações
eram reversíveis e 3,8 % (1) escapava desta possibilidade, havendo atraso auditivo
desenvolvimental em 47% (9) dos casos. Sobre o exame bucal de 22 crianças (17 casos
da SCZV), 95% nos dois grupos tinham placa visível, enquanto cárie atingiu 53% (9) dos
casos. Já o sangramento gengival 29,4 (5) e dor 17,7 % (3) somente entre casos;
tratamento odontológico foi indicado para 47% (8) dos casos e 20% (1) das crianças
típicas. Avaliando o estado nutricional de 131 crianças com a SCZV, observou-se 20%
de desnutrição crônica e 30% com baixo peso para idade. Tais resultados sugerem
intervenções para melhoria da qualidade da atenção visando o desenvolvimento integral
da criança no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). Cuidados básicos de saúde na
primeira infância associam-se com educação infantil (1), neste momento em que estas
5

crianças atingem idade escolar, exigindo medidas transdisciplinares e intersetoriais para


favorecer a qualificação do cuidado no setor público e inclusão social dos sujeitos.
Propomos um estudo de intervenção quase experimental com pré e pós avaliação
na APS e nos CMEIs, em três etapas: i) diagnóstico da situação e construção do protocolo
transdisciplinar de interconsultas a partir do conhecimento em nutrição, odontologia,
psicologia, fonoaudiologia, enfermagem, Serviço Social e pedagogia; ii) avaliação dos
sujeitos e implementação da intervenção através de protocolo transdisciplinar; e iii)
avaliação dos efeitos da intervenção nos participantes, utilizando uma abordagem
qualitativa.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Caracterizar a oferta de cuidado para a primeira infância, desenvolver, aplicar e


avaliar a implantação de protocolo transdisciplinar de cuidado e (re)habilitação com
ênfase na SCZV na APS.

2.2 Objetivos Específicos

• Descrever a oferta de cuidado na primeira infância nas unidades participantes do


estudo e recrutar as crianças participantes da coorte Dica na área de abrangência
do território;
• Realizar visitas domiciliares com o agente comunitário de saúde, para identificar
necessidades e orientar a realização de adaptações de baixo custo no ambiente
familiar visando a autonomia, provisão de segurança e estimulação;
• Elaborar protocolos fundamentados em orientação transdisciplinar integrando
saberes das áreas de Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fonoaudiologia,
Enfermagem, Serviço Social e Pedagogia, para produção do cuidado de crianças
com e sem a SCZV na APS;
• Elaborar protocolo de cuidado e (re)habilitação envolvendo a participação de
profissionais da APS, cuidadores, pesquisadores e equipes da educação infantil
visando o cuidado integral e inclusão escolar das crianças com a SCZV;
6

• Realizar a capacitação das equipes das unidades de saúde visando a


implementação da intervenção transdisciplinar construída a partir do
conhecimento em nutrição, odontologia, psicologia e fonoaudiologia e
enfermagem com vistas a melhorias da saúde da criança com SCZV no contexto
da APS;
• Elaborar recursos de Tecnologia Assistiva (TA), para favorecer o acesso de
crianças com SCZV às atividades lúdico-pedagógicas nas unidades de educação
infantil do território e domicílio da criança;
• Avaliar o protocolo e as intervenções com os atores participantes do processo;
• Identificar limites de atuação no âmbito do desenvolvimento infantil no contexto
da APS e estabelecer fluxos de referência e contra referência entre os níveis de
complexidade da Rede de Atenção do Sistema Único de Saúde.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 SCZV: dados epidemiologicos, descrição da síndrome, impactos para o


desenvolvimento infantil

Os danos cerebrais identificados entre as crianças diagnosticadas com SCZV pelos


procedimentos de Vigilância Epidemiológica no Município de Salvador confirmam
achados de estudos anteriores sobre o espectro de alterações neurológicas em crianças
afetadas pelo ZV (3). As deficiências mais frequentes incluem paralisia cerebral,
epilepsia, deficiência intelectual, problemas de linguagem, dificuldade de deglutição e
anomalias do sistema visual e auditivo. Transtorno do déficit de atenção / hiperatividade
(TDAH) e transtorno do espectro autista se destacam entre os distúrbios do
neurodesenvolvimento, porém alguns bebês se desenvolvem normalmente, apesar dessas
anormalidades (4). A microcefalia pode ser ausente em quase metade das crianças
estudadas enquanto outros danos cerebrais são presentes na SCZV. .
Este cenário confirma a necessidade do seguimento prospectivo dessas crianças,
não somente para identificar as repercussões neurológicas e comportamentais desses
agravos, mas principalmente para promover abordagens adequadas ao desenvolvimento
integral desses sujeitos e apoio psicossocial aos familiares. O desenvolvimento infantil é
7

fortemente influenciado pelo contexto onde vive a criança, e situações que comprometem
esse processo devem ser reconhecidas e abordadas, principalmente em se tratando de
crianças com manifestações neurológicas, como é o caso daquelas acometidas pela
SCZV.
Ademais, consolida-se, principalmente na primeira infância o desenvolvimento de
estruturas e circuitos cerebrais, assim como a aquisição de capacidades fundamentais para
o aprimoramento de habilidades futuras (5). As funções cognitivas mais especializadas
como atenção, memória, planejamento, raciocínio e juízo crítico começam a se
desenvolver na primeira infância, e os circuitos cerebrais responsáveis serão refinados
durante a adolescência até a maioridade, sendo que as conexões iniciadas nos primeiros
anos de vida exercem papéis fundamentais (5,6). As intervenções oferecidas nestes
períodos iniciais são definitivas para um sólido desenvolvimento humano, evitando sérias
consequências neurodesenvolvimentais(6). Uma oferta precoce de práticas psicossociais
de cuidados infantis na APS permite integralidade do cuidado e contribui para reduzir
efeitos deletérios na trajetória desenvolvimental, favorecendo a autonomia da criança e
sua inclusão social.
As repercussões das doenças e condições crônicas apresentadas pelas crianças,
atingem intensamente o funcionamento familiar, alterando estilo de vida, relações
interpessoais, além de aspectos financeiros. É comum uma sobrecarga de estresse e estafa
dos cuidadores, pelo desempenho de cuidados diários ininterruptos com tendência a se
intensificar com o passar dos anos (7). Depressão e ansiedade são frequentemente
desenvolvidas por cuidadores de crianças com desenvolvimento atípico, sendo indicada
a oferta de espaços de acolhimento para promover qualidade de vida e saúde mental dos
cuidadores, reforçar laços de solidariedade e oferecer suporte para enfrentamento do
estigma (7,8). Com base nos aspectos apresentados esta proposta de intervenção
considera, condições sócio-familiares, dificuldades próprias da criança e seu contexto
comunitário, vinculação com recursos educacionais, articulando este cuidado com o nível
especializado de abordagem da deficiência.

3.2 O contexto da Inovação em saúde

Considerando o contexto do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIM),


há uma grande confluência de interesses nos campos da economia e da saúde. Neste
sentido, a saúde torna-se um setor estratégico para o desenvolvimento do país, dado que
8

a produção em saúde contribui, para o Produto Interno Bruto, geração de empregos e


investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Portanto o caráter estratégico da saúde
potencializa o seu aspecto de inovação, sendo fonte de geração de conhecimento por meio
da realização de pesquisas no cenário nacional (2).
Entende-se por inovação um processo de conversão de ideias ou invenções em seu
uso prático, levando a apresentação de um novo produto ao mercado. Neste sentido, as
organizações e instituições tendem a incorporar estes novos conhecimentos na produção
de bens e serviços. As inovações podem ser do tipo processo em que há alteração das
formas de produção de alguns produtos; inovação do tipo produtos com a criação de um
novo produto sem alterações no processo; inovação organizacional em que há mudanças
ou melhorias nos processos de gestão (2).
No campo da saúde, a inovação encontra-se presente num complexo de atividades
produtivas de bens e serviços, ocupando importante espaço na produção de pesquisa no
Brasil. O Sistema Nacional de Inovação vem incorporando boa parte dos esforços de
produção nesta área. Este conceito engloba o conjunto de instituições que vêm
contribuindo para o desenvolvimento e difusão de tecnologias com o envolvimento de
diversas organizações, tanto públicas quanto privadas. Ressalta-se que a inovação está
diretamente associada ao processo de investimento na capacitação científica, tecnológica
e organizacional (2) .
O campo da saúde tem se destacado cada vez mais na inovação por compor um
importante elemento do CEIM. É responsável por gerar, incorporar e difundir novas
tecnologias que estão associadas à revolução científica e tecnológica como os campos da
biotecnologia, engenharia genética, nanotecnologia, robótica, dentre outras. Entretanto, é
possível pensarmos a inovação em saúde também no âmbito dos serviços de saúde onde
inovações não tecnológicas em saúde são mais frequentes. As inovações em serviços de
saúde estão focadas nos ajustes em procedimentos e protocolos clínicos, com caráter
incremental. Ressalta-se que apesar da grande importância nesta área, há uma escassez
de estudos em inovação em saúde nos serviços de saúde, havendo grande dificuldade de
mensurá-la (2) .
A importância do investimento para inovação em saúde levou ao desenvolvimento
de uma Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS), a qual
integra a Política Nacional de Saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS), instituída na
Constituição Brasileira, artigo 200, inciso V, garantindo o incremento do
desenvolvimento científico e tecnológico na saúde. O principal objetivo da PNCTIS é
9

garantir um desenvolvimento sustentável apoiado na produção de conhecimentos técnicos


e científicos ajustados às necessidades econômicas, sociais, culturais e políticas
nacionais.
Dentre os princípios da PNCTIS está o desenvolvimento e otimização de
processos de produção, incorporação do conhecimento tecnológico e científico nos
sistemas, serviços e instituições de saúde, centros de formação de recursos humanos,
empresas do setor produtivo e demais segmentos da sociedade.

3.3 Transdisciplinaridade e o contexto da Saúde Coletiva

O campo da saúde coletiva tem exigido cada vez mais a construção de modelos
complexos para compreender objetos complexos que devem incluir desde aspectos micro
até aspectos macro. A complexidade destes objetos tem levado a construção de modelos
interdisciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares, tendo em vista que o campo
disciplinar especializado não tem dado conta de compreender aspectos que envolvem os
processos de saúde-doença-cuidado (9).
Na tentativa de construir uma perspectiva integral, que contemple os aspectos
intersetoriais comuns no âmbito da saúde, muitas tentativas têm surgido para integrar
múltiplos olhares de profissionais que partem de diferentes áreas do saber. A própria
formação dos profissionais de saúde não fornece as bases para a compreensão desse fazer
conjunto, que necessita dialogar com profissionais procedentes de outras áreas, assim
como o próprio usuário que se encontra no sistema de saúde.
Neste sentido, o conceito de transdisciplinaridade surgiu como uma tentativa para
suplantar os olhares parciais sobre o objeto de estudo. Compreende-se como
transdisciplinaridade a proposta de um campo teórico e operacional novo e mais amplo
que contemple a atuação de diferentes disciplinas. A integração de várias disciplinas em
um campo compartilhado de saberes possibilita a ideia de horizontalização nas relações
de poder, diferentemente da interdisciplinaridade em que esta relação paritária nem
sempre é possível. A transdisciplinaridade é considerada uma radicalização da
interdisciplinaridade, uma vez que nela se propõe uma verdadeira integração disciplinar
sem fronteiras definidas (9).
10

3.4 Contribuições oriundas da Nutrição, Psicologia, Odontologia, Enfermagem e


Fonoaudiologia na construção de cuidados na primeira infância

O conceito de APS compreende um conjunto de ações de saúde, no âmbito


individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, que
visa à promoção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação e a manutenção da saúde. Para que estas ações sejam de fato efetivas, o
princípio da integralidade do cuidado deve ser garantido, e isso inclui a organização do
fazer profissional, em que o processo de trabalho seja cooperativo entre sujeitos
trabalhadores, gestores e usuários (10).
A APS se coloca enquanto nível de atenção capaz de oferecer suporte para o
acompanhamento do Desenvolvimento Infantil, promovendo integralidade e atividades
de orientação aos cuidadores. Desse modo, a puericultura se torna um espaço de cuidado
para além do conhecimento biomédico. A integração de saberes relativos às áreas de
Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fonoaudiologia e Enfermagem, para produzir um
cuidado mostra-se profícua no contexto da puericultura, visando o desenvolvimento de
um modelo de cuidado integral que possibilite avançar para a intersetorialidade,
ampliando as ações necessárias para o desenvolvimento saudável na primeira infância.
Para garantir o desenvolvimento saudável, o acompanhamento da criança deve ser
realizado desde o pré-natal de maneira multiprofissional, transdisciplinar e que leve em
consideração o contexto social da criança e sua família (11). De acordo com a Política
Nacional de Saúde Bucal de 2004, a mãe tem um papel fundamental nos padrões de
comportamento apreendidos durante a primeira infância, o que sinaliza a importância de
ações educativo-preventivas com gestantes, tanto para minimizar potenciais riscos para
ela e o bebê no período gestacional, quanto para fortalecer a introdução de bons hábitos
desde o início da vida da criança.
Quando o acompanhamento na APS acontece com crianças com necessidades
especiais, como aquelas com SCZV, o cuidado em saúde demanda um olhar atento, numa
postura acolhedora com escuta atenta e qualificada, com o cuidado singularizado e o
estabelecimento de vínculo de forma implicada (1). Naturalmente estas crianças podem
apresentar atraso no desenvolvimento cognitivo, motor e fala, problemas na visão e
audição, epilepsia, paralisia cerebral. Como não há tratamento específico para esta
síndrome, as informações devem ser advindas de profissionais capacitados para reduzir
11

incertezas e preocupações dos familiares, e com inserção de estratégias de prevenção e


(re)habilitação que ampliem a qualidade de vida destas crianças (12).
Crianças com alteração neurológica resultante de infecção congênita pelo zika
vírus naturalmente tem apresentado alterações funcionais, orais e maxilofaciais e menor
desenvolvimento facial em comparação com crianças sem esta condição (13). A erupção
tardia do primeiro dente decíduo, a presença de palato estreito e o frênulo lingual alterado,
interferem em aspectos funcionais, como a deglutição, bem como contribuem
consideravelmente para o estabelecimento de uma maloclusão (14). O mal
posicionamento dos dentes é mais um fator que aumenta a suscetibilidade à retenção do
biofilme dentário, o que requer uma atenção especial quanto a higiene oral e qualidade da
dieta. Além disso, as alterações musculoesqueléticas associadas a SCZV estão associadas
ao crescimento e desenvolvimento infantil, o que influencia o seu estado nutricional.
No que consiste as habilidades de comunicação, algumas crianças com SCZV
podem apresentar maior dificuldade em expressar palavras, do que compreender a
comunicação verbal. Assim, a estimulação precoce da vocalização ou gestos não-verbais,
por meio de dispositivos de comunicação assistida, são cruciais para expressar suas
necessidades e desejos básicos. Acrescenta-se ainda os desafios sociais, emocionais e
comportamentais de longo prazo nestas crianças (6).
Nesse contexto a atenção precoce, que inclui cuidados à infância desde o primeiro
momento com grande foco no potencial preventivo da estimulação, promovendo o
desenvolvimento saudável em todas as dimensões e em todas as áreas, da saúde à
educação. O que se deve buscar no âmbito da rede de atenção à saúde é o
acompanhamento profissional adequado à criança, família e escola, tendo como um dos
objetivos principais o fortalecimento dos vínculos e o suporte à autonomia da criança
(15). O fortalecimento das ações desenvolvidas de forma intersetorial entre escola,
responsáveis e unidade de saúde. Esta articulação poderá reduzir vulnerabilidades e
oportunizar o reconhecimento de problemas, seus determinantes e fatores de risco
associados, favorecendo o empoderamento individual e coletivo. As ações podem revelar
a importância da saúde bucal, psíquica, nutricional e fonoaudiológica, com os atos de
sorrir, mastigar, engolir, falar, dentre outras. Soma-se a isso o fato que a realização de
ações preventivo-promocionais em qualquer área da saúde, possuem um menor custo,
principalmente quando praticadas coletivamente, do que atendimentos clínicos curativos-
reabilitadores.
12

Estas questões acima colocadas indicam a necessidade de se ampliar estratégias


de prevenção e promoção da saúde para melhorias no desenvolvimento infantil de
crianças com SCZV no contexto da atenção básica, com todas as áreas aqui sinalizadas
se inserindo ativamente nas consultas de pré-natal e na puericultura. Estes profissionais
tenderão a reconhecer que o processo formativo deve ser articulado, garantindo a
participação das diferentes profissões da saúde na construção de um saber coletivo, onde
se agreguem as contribuições dos diferentes núcleos de saberes inseridos nesse processo.

3.5 A importância da estimulação do desenvolvimento na Primeira Infância

Compreende-se como primeira infância o período que vai dos 0 aos 6 anos,
período considerado fundamental para o desenvolvimento do sistema nervoso central e
habilidades centrais para o aprimoramento de funções mais complexas. As crianças que
apresentam um desenvolvimento integral saudável nestes primeiros anos de vida têm
maiores chances de adaptação a novos ambientes e de adquirirem novos conhecimentos,
os quais serão importantes para o seu desempenho escolar (5).
Crianças que recebem cuidados adequados de saúde e nutrição, usufruem de
ambientes seguros, estimulantes e estáveis no contexto familiar, além de terem acesso a
educação formal de qualidade, estão construindo bases sólidas para alcançar um futuro
com plenitude (5).
Durante a primeira infância, são estabelecidos os principais elementos para a
maturação do nosso sistema nervoso. Este processo começa com a neurogênese, o
nascimento dos neurônios, células cerebrais mais envolvidas no processamento de
informações. Em seguida, esses neurônios migram para lugares apropriados de acordo
com a organização do cérebro. Apesar de ocorrer em maior velocidade durante os
estágios iniciais de vida, a neurogênese pode acontecer durante toda a vida (16).
Após este período, ainda é possível que o cérebro sofra transformações, sendo isto
garantido através da plasticidade cerebral, isto é, da capacidade de modificação de sua
estrutura a partir de novas experiências de vida (17). Quanto mais precoce, mais esta
plasticidade conseguirá atuar. Os períodos sensíveis de janela de desenvolvimento são
aqueles que vão concentrar a maior chance da plasticidade atuar na formação de novas
habilidades (5).
Como mostram os estudos, as experiências de início de vida serão fundamentais
na construção de novos caminhos cerebrais guiados pela plasticidade dos períodos
13

sensíveis. Isto ocorrerá em diferentes domínios na vida da criança como aspectos


perceptivos, cognitivos e também emocionais. O desenvolvimento destes novos circuitos
cerebrais será influenciado pela qualidade das relações socioafetivas que estas crianças
estabelecem com os seus cuidadores (5).
Importante destacar que, nestes períodos sensíveis, as crianças também ficam mais
suscetíveis a influência de aspectos negativos associados aos efeitos negativos do meio,
como a ausência de estímulos inadequados, situações estressoras, dentre outras
experiências negativas que deixarão suas marcas de forma cumulativa ao longo do tempo.
Desta forma, o meio onde a criança está inserida será um fator de grande influência para
favorecer ou dificultar o seu desenvolvimento. Seus cuidadores, familiares, professores,
profissionais de saúde, dentre outras pessoas que façam parte da sua comunidade, serão
figuras centrais para promover o seu desenvolvimento adequado, uma vez que é através
das relações que elas estabelecem com eles que se sentirá segura e estimulada para
explorar o ambiente em que ela se encontra (18).
Os estudos têm apontado cada vez mais que prover as condições favoráveis ao
desenvolvimento infantil é mais eficaz e menos oneroso do que reverter os efeitos das
adversidades precoces que venham a ocorrer neste período. A justificativa para este fato
encontra-se na janela de desenvolvimento do período crítico que propicia um maior efeito
da plasticidade no cérebro. Ademais estes efeitos, sejam eles positivos ou negativos,
tendem a se somar ao longo da vida, favorecendo ou dificultando ainda mais o
desenvolvimento de habilidades nas próximas etapas. Desta forma, o efeito de atrasos ou
dificuldades no desenvolvimento necessitarão, cada vez mais, de investimentos pessoais,
econômicos, políticos e sociais. O efeito disso poderá vir em cascata até a vida adulta,
resultando em envolvimento em comportamentos de risco, atraso escolar, ciclo
interoperacional de pobreza, dentre outros (5).
Assim, a primeira infância ganhou destaque em agendas de pesquisa e formulação
de políticas públicas, considerando que este é um período crítico que impactará em todo
resto da vida. Foi observado que países que investiram em políticas públicas voltadas para
a primeira infância, como a exemplo de cuidados primários em saúde e educação na
primeira infância, garantia de nutrição adequadas, políticas de apoio social, dentre outras,
observaram efeitos socioeconômicos positivos a longo prazo com o aumento nos anos de
estudo, melhores condições de saúde física e mental na vida adulta, assim como maior
inserção no mercado de trabalho e menor necessidade de apoio de programas de governo
(como programas de transferência de renda, concessão de benefícios). Percebe-se que o
14

investimento em políticas públicas voltadas para este período de vida geram benefícios
para toda a sociedade (5).

3.6 Educação infantil, tecnologia assistiva e desenvolvimento

Considera-se Educação Infantil a primeira etapa da educação básica, sendo


oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais
não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que
cuidam e educam de crianças de 0 a 5 anos de idade(19).
Considerada como uma das etapas mais importantes da formação da criança, a
educação infantil permite que ela conheça o mundo fora do ambiente familiar,
socializando, aprendendo e se desenvolvendo. Por meio da interação com outras crianças
da mesma faixa etária é possível organizar as vivências deste espaço escolar promovendo
desenvolvimento cognitivo, social e motor. As orientações legais que respaldam a
educação infantil (19) orientam que as práticas deste espaço sejam organizadas aliando
cuidar e educar, sendo um lugar onde as crianças recebem cuidados de higiene,
alimentação, saúde e ao mesmo tempo sejam estimuladas a aprender e se desenvolver por
meio do brincar.
A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo
muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças (19), daí
a relevância da educação infantil.
A educação é um direito de todas as crianças, independentemente das diferenças
de cada uma, e com o objetivo de garantir esse direito, desde a década de 1990 o Brasil
institui no sistema educacional a inclusão escolar, que consiste em “um paradigma
educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e
diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade
formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e
fora da escola” (20).
Na perspectiva de educação inclusiva, todas as crianças têm o direito de estar e
aprender juntas no mesmo espaço escolar, porém tendo suas necessidades e
especificidades atendidas, sejam elas decorrentes ou não de deficiência.
Por muito tempo as crianças com deficiência tiveram seus direitos negados,
ficando excluídas do espaço escolar, entretanto com a inclusão escolar crianças com
deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades/superdotação são
15

consideradas Público Alvo da Educação Especial (PAEE) e devem estar incluídas nos
sistemas escolares, dentre eles nos espaços da educação infantil, além de ter garantido o
Atendimento Educacional Especializado, o qual tem como função “identificar, elaborar e
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas” (20).Isto, é as
crianças PAEE precisam ser estimuladas para que desenvolvam suas potencialidades, o
que em muitos momentos requer a parceria entre saúde e educação, trocando informações,
conhecimentos e práticas que garantem o desenvolvimento integral da criança.
Dentre as possibilidades de intervenção e de atendimento às necessidades da
criança PAEE para aprender e se desenvolver integralmente destacam-se os recursos de
Tecnologia Assistiva (TA). TA “é uma área do conhecimento, de característica
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e
serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação
de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social" (21). Daí sua relevância
no atendimento às crianças com deficiência.

4 METODOLOGÍA

Este estudo será concebido em três etapas, com desenhos metodológicos distintos,
utilizando abordagens quantitativas e qualitativas. Na primeira etapa, ocorrerá o
diagnóstico da situação e a construção do protocolo transdisciplinar de interconsultas a
partir do conhecimento de diferentes áreas. Na segunda etapa será realizada a primeira
avaliação dos sujeitos e implementação da intervenção (protocolo). Finaliza-se com a
terceira etapa avaliando os efeitos da intervenção e sua repercussão, utilizando uma
abordagem qualitativa com cuidadores, profissionais de saúde e educadores, enquanto
uma nova medida do estado de saúde da criança será realizada para verificar o impacto
da aplicação do protocolo.

4.1 Local e população do estudo

Unidades de APS e Centros Municipais de Educação Infantil de quatro distritos


sanitários em Salvador-Bahia, campos de prática da Residência Multiprofissional em
16

Saúde Coletiva com Ênfase na Primeira Infância no contexto do Zika, desde março de
2018. A população do estudo se constitui por menores de 06 anos com e sem SCZV e
seus familiares/cuidadores e por equipes das unidades de saúde e de educação infantil.

4.2 Seleção da amostra

Os quatro distritos do estudo abrigam 83 crianças com diagnóstico da SCZV, e 51


com desenvolvimento típico todas participantes da Coorte que avaliou o desenvolvimento
cognitivo, motor e linguístico antes de 42 meses. A distribuição conforme Distrito é a
seguinte: Boca do Rio (9 crianças) Brotas (18) Cabula/Beiru (45) Itapoan (62). Além da
participação destas 134 crianças e respectivos familiares (134 cuiadores) serão incluídas
neste Estudo de Intervenção as crianças menores de cinco anos registradas na unidade de
saúde e nas Escolas de Educação infantil dos territórios. Também serão incluídos
profissionais de saúde e educadores que aceitarem participar da pesquisa (amostra por
conveniência). Não serão incluídos no estudo crianças com idade acima de seis e não
residentes nos territórios estudados.

4.3 Etapas do estudo

Etapa 1: Desenvolvimento de protocolo transdisciplinar de interconsultas entre as áreas


da nutrição, odontologia, psicologia, fonoaudiologia, enfermagem, profissionais da
educação e usuários. Este protocolo será forjado no modelo das interconsultas que
consistem em atendimento conjunto de duas ou mais áreas do saber, visando uma
assistência integral do usuário.

Etapa 2: Avaliação de Saúde das Crianças e implementação do Protocolo nas Unidades.


Trata-se de intervenção quase experimental com aplicação do protocolo de interconsulta
transdisciplinar a ser desenvolvido na etapa 1. A implementação do Protocolo é precedida
pela avaliação de saúde bucal (exame clínico e índice de sangramento gengiva), auditiva
(triagem auditiva e desenvolvimento das funções auditivas), estado nutricional (avaliação
antropométrica, consumo alimentar e segurança alimentar e nutricional) e avaliação de
aspectos psicológicos, educacionais e do desenvolvimento neuropsicomotor, socioafetivo
e de linguagem.
17

Etapa 3: Avaliação com abordagem qualitativa para compreender as percepções do


processo segundo os participantes, quanto a viabilidade e importância da utilização do
protocolo no contexto da APS. Os profissionais de saúde e educadores serão
entrevistados a partir de um roteiro a ser construído e os cuidadores serão convidados a
participarem de um grupo focal. Espera-se realizar os aperfeiçoamentos/adaptações do
protocolo antes do mesmo ser disponibilizado para outros serviços e gestores.

4.4 Avaliação da condição da saúde bucal

Será realizada por cirurgiões-dentistas previamente calibrados, em ambiente


clínico das unidades parceiras da residência em primeira infância, utilizando espelho
bucal e sonda OMS. Antes do exame clínico o cuidador será questionado sobre episódios
de dor e sobre hábitos de higiene oral da criança e presença de hábitos parafuncionais,
como mordedura de objetos, onicofagia, apertamento e/ou ranger de dentes e sucção
digital ou de chupeta/ objetos. Com o auxílio de luvas, máscaras descartáveis e espelho
clínico, cada face dentária dos elementos dentais será examinada quanto a presença de
placa visível de Ainamo & Bay(22) que permite avaliar o percentual de superfícies
dentárias apresentando placa bacteriana no momento do exame bucal.
Em seguida, com o auxílio de uma fita dental, registra-se o Índice de Sangramento
Gengival (Carter & Barnes flossing index - CBI). Posteriormente, cada elemento dentário
será limpo e seco com gaze estéril e examinado quanto à presença alterações no esmalte
dentário através do critério definido pela International Dental Federation - Commission
on Oral Health, Research and Epidemiology (23) e quanto à presença de cárie, pela
aplicação do instrumento Caries Assessment Spectrum and Treatment (CAST) (24). Os
indivíduos serão categorizados como possuindo: dentição saudável (códigos 0, 1 e 2),
pré-morbidade reversível (código 3), morbidade (códigos 4 e 5), morbidade grave
(códigos 6 e 7) e mortalidade (código 8). A necessidade de tratamento de cada face
dentária também será estabelecida no momento do exame.

4.5 Estado nutricional

O estado nutricional da criança será avaliado através de antropometria, consumo


alimentar e insegurança alimentar e nutricional, descritos a seguir:
18

a) Perfil antropométrico: serão avaliados peso, altura e perímetro cefálico. A aferição das
medidas antropométricas segue as recomendações do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN) do Ministério da Saúde (25). Em caso de comprometimento motor
serão seguidos as recomendações de Stevenson(26) para aferição do peso e da altura. O
peso será aferido por meio de balança plataforma da marca TANITA com capacidade de
136 kg e a aferição da altura será realizada por um infantômetro com capacidade de 100
cm. O perímetro cefálico será aferido conforme orientações do Ministério da Saúde(25),
utilizando fita inelástica com capacidade de 150 cm. Os indicadores antropométricos
utilizados para interpretação das variáveis coletadas serão peso por idade (P/I), altura por
idade (A/I) e índice de massa corporal por idade (IMC/I), para avaliação do ganho de
peso, crescimento e avaliação do peso em relação à altura, respectivamente (25).

b) Investigação do padrão de consumo alimentar:


Será avaliado mediante aplicação de Questionário de Frequência Alimentar
(QFA) e o Recordatório de 24h (R24h). Para construção do QFA utilizar-se-á
informações do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essas informações subsidiarão a construção de uma lista de alimentos mais próxima do
hábito alimentar da população de estudo. O QFA apresentará sete categorias de consumo
(nunca; menos de uma vez ao mês; de uma a três vezes ao mês; uma vez por semana; de
duas a quatro vezes por semana; uma vez ao dia; e duas ou mais vezes ao dia) e se será
organizado em grupos alimentares que apresentem características nutricionais similares
segundo Guia Alimentar da População Brasileira (27). Para aplicação do R24h o
entrevistador solicitará as mães que relatem todos alimentos e bebidas consumidas nas
últimas 24h. Adotar-se-á um álbum de registro das porções alimentares de Monteiro et al.
(28), com a finalidade de auxiliar na memória do entrevistado.
Os alimentos relatados no R24h serão comparados com os alimentos inseridos na
lista do QFA elaborado inicialmente. O alimento que for relatado no R24h, mas que não
se encontra na lista de alimentos do QFA poderá ser incluído, para tanto, adotar-se-á como
critério a frequência de consumo de pelo menos uma vez por semana (28), e que o
alimento apresente no mínimo 15% de citação (28). Os alimentos da lista do QFA que
apresentarem menos de 15% de consumo/ou citação serão excluídos da lista final.
19

c) Segurança alimentar e nutricional: aplicar-se-á a Escala Brasileira de Insegurança


Alimentar (EBIA) (29) com as mães e/ou responsáveis pela criança. Além disso, será
investigado as dificuldades relativas à alimentação das crianças.

4.6 Avaliação das condições de saúde auditiva

Os aspectos da saúde auditiva serão avaliados por instrumento que identifica


limitações funcionais auditivas referidas pelo cuidador principal, e por meio de triagem
auditiva com protocolos pré-estabelecidos. As avaliações ocorrerão em um único
momento e serão realizadas por profissionais habilitados e treinados, seguindo o
protocolo do estudo, em sala silenciosa.
Para avaliar limitações auditivas funcionais serão aplicadas, ao cuidador principal,
as perguntas CF4, CF5 e CF6 do questionário sobre funcionalidade e incapacidade do
“UNICEF/WASHINGTON GROUP EXTENDED SET ON CHILD FUNCTIONING
AND DISABILITY”.
O protocolo de triagem auditiva incluirá a pesquisa das Emissões Otoacústicas
Evocadas (transientes e por produto de distorção) e das Medidas de Imitância Acústica
(curva timpanométrica e pesquisa dos reflexos acústico-estapedianos) para identificação
de comprometimentos do sistema auditivo, na orelha média e/ou interna, associados a
perdas auditivas potencialmente reversíveis (perdas auditivas de condução) e irreversíveis
(perdas auditivas sensoriais). Adicionalmente, será avaliado o desenvolvimento das
funções auditivas por meio da observação de respostas comportamentais frente à
percussão de instrumentos sonoros não calibrados, de espectro conhecido.

4.7 Avaliação de aspectos psicológicos, educacionais e do desenvolvimento


neuropsicomotor, socioafetivo e de linguagem

Inicialmente, realizaremos entrevista semi-estruturada e aplicação de questionário


com familiares e profissionais da educação nos CMEI para verificar aspectos da interação
social da criança.
Segue-se com uma avaliação qualitativa de aspectos do desenvolvimento
neuropsicomotor, socioafetivo e de linguagem das crianças. Esta avaliação será baseada
nos marcos do desenvolvimento, seguindo as diretrizes da Caderneta de Saúde da Criança
e referenciais teóricos da Psicologia (Vigotski, Bowlby). Trata-se de uma avaliação para
20

identificar aspectos desenvolvimentais em atraso e que demandam estimulação ou


reabilitação conforme o protocolo de intervenção.
Para observação do Desenvolvimento Neuropsicomotor, Socioafetivo e de
Linguagem, além das referências da Caderneta de Saúde da Criança, serão utilizados
materiais como tatame, tapete sensorial, brinquedos, livros infantis, livros de figuras e
papel ofício com lápis de cor, para viabilizar os procedimentos de avaliação. Ao colocar
o tatame e tapete sensorial no chão da sala, os pesquisadores avaliam os marcos mais
evidentes naquele contexto, conforme a idade da criança. O nível de desempenho desses
marcos orienta a conduta ou recomendações realizadas na aplicação do protocolo.
Além disso, uma entrevista será realizada com os profissionais da educação para
verificar as condições de acessibilidade e a disponibilidade ou ausência de recursos de
tecnologia assistiva. Serão avaliadas as condições de acesso à informação, à comunicação
e ao espaço físico, bem como a adoção de estratégias de flexibilização curricular e uso de
recursos de tecnologia assistiva para favorecer o acesso às atividades lúdico-pedagógicas.

4.8 Desfechos analisados

Primários:
i) indicadores de saúde bucal, auditiva e de estado nutricional
ii) marcos do desenvolvimento e educação infantil

Secundários:
i) aceitação dos protocolos pelos profissionais de saúde e educadores
ii) percentual de menores de cinco anos frequentando as unidade de saúde
iii) grau de satisfação de familiares e cuidadores

4.9 Análise dos dados

Serão realizadas análises exploratórias. Testes de hipóteses, qui-quadrado e t de


student, serão empregados para avaliar diferenças entre subpopulações e/ou momento de
avaliação. Para avaliar a comparabilidade entre as medidas obtidas pelos instrumentos
nos dois momentos de aplicação (pré e pós intervenção) utilizaremos o teste McNemar
com nível de significância de 5% (p<0,05). As associações entre variáveis de interesse
21

serão testadas por meio de análises multivariadas (regressões logísticas ou de poisson), e


serão estimadas razões de chance e de prevalência e seus respectivos intervalos de
confiança de 95 %. A análise dos dados será realizadas pelos programas estatísticos R e
Stata.
Já a análise dos dados qualitativos seguirá o modelo da análise temática a qual,
baseia-se em operações de desmembramento do texto em unidades, descobrindo os
núcleos de sentido e posteriormente reagrupando em classes ou categorias(30). A
primeira etapa, denominada pré-análise, buscará compreender o material através de uma
leitura flutuante e identificar a ideia central. Em seguida, busca-se apreender as
características comuns em eixos ou categorias temáticas, que estruturam os depoimentos.
Por fim, seguirá o tratamento e interpretação dos dados através da articulação do tema,
objetivo, questões e pressupostos da pesquisa com a literatura.

5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS

Este projeto se caracteriza como continuidade de projeto anteriormente


apresentado e aprovado por este CEP, pelo qual foi constituída uma parceria entre a
residência multiprofissional REDICA e a Secretaria Municipal de Saúde do município de
Salvador-BA, já existindo, portanto, autorização anteriormente expedida pela instituição
coparticipante. Sendo justificada pelos autores, então, a apresentação de termo de
anuência anterior. Entretanto, uma nova solicitação já foi enviada a Secretaria de Saúde
do município.
No que tange os propósitos do estudo e sua metodologia, estes serão explicados
aos participantes da pesquisa, inclusive o compromisso de confidencialidade dos dados,
através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Somente após a concordância
explícita dos participantes será realizada a coleta de dados. O termo de consentimento
contém informações explícitas sobre a natureza e os objetivos da pesquisa. Os resultados
das dosagens bioquímicas serão fornecidos às mães ou responsáveis pela criança, com
encaminhamento para unidade de saúde, caso necessário.
Os pesquisadores comprometem-se em seguir todas as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos descritas nas Resoluções
466/12 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012, 2016). Desta forma,
serão garantidos os princípios de autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e
equidade.
22

A autonomia será garantida através do esclarecimento de que a participação é


voluntária, podendo se desligar da pesquisa a qualquer momento. A beneficência ou não
maleficência será garantida aos mesmos através do sigilo das suas identidades, devendo
todo o procedimento ser feito de maneira a não trazer desconforto ou constrangimento
aos sujeitos. A justiça será garantida através do esclarecimento acerca dos benefícios
indiretos dos sujeitos na participação da pesquisa. Serão garantidas as salvaguardas éticas,
no sentido de esclarecer aos participantes os objetivos e benefícios diretos e indiretos que
poderão advir deste trabalho, bem como de informar acerca dos potenciais riscos e
procedimentos para minimizá-los. A confidencialidade e o sigilo das identidades também
serão garantidos. Os participantes serão informados também acerca da publicação dos
resultados da pesquisa com finalidade científica. Considerando o exposto acima, a
realização deste projeto não implicará em qualquer infração ética.

5.1 Riscos e benefícios envolvidos na execução da pesquisa

As crianças podem sentir desconforto ao passarem por avaliação nutricional,


odontológica, psicológica e fonoaudiológica. As famílias, cuidadores e educadores
podem sentir desconforto ao falarem sobre as crianças que estão sob avaliação.
Considerando que toda pesquisa apresenta risco em potencial, os pesquisadores
comprometem-se em reduzir estes possíveis efeitos da melhor forma possível. As crianças
serão avaliadas em conjunto com a equipe de Saúde da Família, além de receber os
cuidados através da aplicação de um protocolo transdisciplinar de cuidado e
(re)habilitação orientado pelo conhecimento dos profissionais de saúde e educação. A
família será igualmente acolhida perante dificuldades na sua dinâmica de funcionamento.
Em qualquer destas situações ou outra não prevista, o Comitê de Ética em Pesquisa será
comunicado, visando adequar os procedimentos previstos neste projeto de pesquisa para
reduzir os possíveis riscos.
É reconhecida a possibilidade de que os procedimentos de avaliação da saúde das
crianças podem incorrer em constrangimento e incômodos físicos. Como forma de
minimizar esta ocorrência, o protocolo de exame prevê que este seja realizado em local
reservado, na presença apenas do examinador, anotador e do cuidador da criança.
Crianças e cuidadores serão informados sobre os procedimentos antes que estes sejam
realizados e ao final serão referenciados à unidade de saúde que abrange a sua residência
ou a unidade especializada que possa suprir as necessidades identificadas.
23

Não estão previstos custos de deslocamento para os as famílias participantes. As


atividades propostas serão promovidas no contexto do território, priorizando o ambiente
escolar, o domicílio e os estabelecimentos de saúde locais.
Esta pesquisa apresenta benefícios indiretos e diretos para os participantes.
Apresenta benefícios indiretos ao contribuir com o avanço do conhecimento científico
acerca oferta do cuidado na primeira infância em crianças com a SCZV, período
considerado fundamental para evitar possíveis efeitos negativos na saúde integral do
indivíduo em todo o seu curso de vida. Os benefícios diretos encontram-se na oferta do
cuidado, por meio da aplicação de um protocolo, que beneficiará o desenvolvimento das
crianças, considerando os padrões de atrasos evidenciados nas pesquisas. Diante da
ocorrência de alterações neurológicas congênitas, o cuidado integral, aliada às iniciativas
de inclusão social da criança à sua família, e toda perspectiva de empoderamento e
exercício de cidadania assumida pela proposta são fatores que favorecem a família no
enfrentamento das consequências do problema apresentado pela criança.
Registramos que a coleta de dados do presente protocolo de pesquisa será
realizada respeitando as medidas sanitárias necessárias para a prevenção e enfrentamento
da pandemia COVID-19, de acordo com instruções normativas municipais, vigilância
sanitária e órgãos de classe. Assim, está previsto o uso de máscara de proteção individual
e disponibilidade de alcool 70% para higienização das mãos para todos os participantes.
Além disso, será garantido o distanciamento procotolar quando realizadas atividades em
grupo, preconizando o número de indivíduos permitido pelas diretivas municipais para
permanência em ambientes fechados.

6 RESULTADOS ESPERADOS

Os principais resultados esperados envolvem, entre outros aspectos:


• Produzir estudos com foco transdisciplinar quanto ao cuidado e (re)habilitação de
crianças com SCZV;
• Contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento de tecnologias leve e leve-
dura como estratégia de prevenção e promoção da saúde de crianças com SCZV
no contexto da APS;
24

• Reduzir os impactos negativos à saúde e ao desenvolvimento cognitivo de


crianças com a SCZV;
• Favorecer a formação de profissionais da saúde e da educação para lidar, de forma
transdisciplinar, com as especificidades das crianças com SCZV;
• Fortalecer a tríade, ensino, pesquisa e extensão, de maneira que esta articulação
permita a construção de um espaço-rede permanente de articulação e participação
de pesquisadores, profissionais da saúde e educação e comunidade;
• Instrumentalizar a tomada de decisão de gestores e formuladores de políticas
públicas, principalmente no que diz ao fortalecimento da APS;
• Produzir tese de doutorado, dissertação de mestrado, trabalhos de conclusão de
curso de graduação, além de relatórios de planos de trabalho de iniciação
científica, artigos e resumos para a serem apresentados em congressos científicos
da área da Saúde Coletiva e da Educação.
25

7 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Identificação da Etapa Início Término

Submissão do projeto ao CEP 23/11/2020 03/12/2020

Levantamento da revisão de literatura 03/12/2020 30/12/2022

Coleta de dados na APS 01/02/2021 30/09/2021

Coleta de dados na CMEI 01/02/2021 30/09/2021

Construção do protocolo de intervenção 01/06/2021 30/09/2021

Aplicação do protocolo de intervenção 01/10/2021 29/04/2022

Reavaliação 02/05/2022 31/10/2022

Construção de relatório final 01/11/2022 30/12/2022

É reconhecida pela equipe de pesquisa a possibilidade de que as atividades das


CMEI continuem suspensas, ocasionando assim a necessidade de adiamento das ações
previstas para inicio em fevereiro/2021 e, consequentemente, readequação do calendário
aqui apresentado.
Havendo o retorno das atividades, permitindo o inicio das coletas nas unidades
escolares, reitera-se, conforme apresentado no item de aspectos éticos que todas as etapas
do projeto, especialmente aquelas dedicadas à coleta de dados e à aplicação do protocolo,
respeitarão as medidas sanitárias e vigentes no município no período da sua execução,
considerando os procedimentos para a prevenção e enfrentamento da pandemia COVID-
19.

8 FINANCIAMENTO

O presente projeto foi construído em resposta à chamada pública nº 02/2020 -


Programa Pesquisa Para o SUS: Gestão compartilhada em saúde – PPSUS, realizada pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB. O referido edital
26

convocou pesquisadores de instituições sediadas na Bahia a apresentarem projetos de


pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação que busquem soluções para as questões
de saúde sinalizadas como prioritárias pela Secretara de Saúde do Estado da Bahia.
O orçamento deste projeto (anexo ao Sistema da Plataforma Brasil), o que também
foi apresentado à FAPESB se encontra em acordo com o edital da chamada, o qual indica
a possibilidade de submissão de propostas até o valor de R$200.000,00 (duzentos mil
reais) por projeto. Desta forma, tem-se que a obtenção do material e serviços constantes
no orçamento são dependentes da seleção final deste projeto pela agência. Ou seja, o
financiamento desta pesquisa está vinculado à aprovação do projeto na chamada n
02/2020 PPSUS e à assinatura dos documentos de repasse financeiro.
No que tange o processo de seleção da chamada, o presente projeto foi aprovado
nas etapas de seleção I, II e III (Resultado divulgado em 03/11/2020 e disponível em
http://www.fapesb.ba.gov.br/chamada-fapesb-no-022020-programa-pesquisa-para-o-
sus-gestao-compartilhada-em-saude-ppsus/) e encontra-se na 11ª posição entre as 44
propostas selecionadas selecionadas até o momento (documento comprobatório anexo ao
sistema). No momento, o coordenador do projeto aguarda convocação para a penúltima
etapa (IV - Análise pela Comissão de Avaliação Presencial - CAP), a qual foi
temporariamente suspensa devido ao ataque cibernético aos sítios eletrônicos do
Ministério da Saúde (http://www.fapesb.ba.gov.br/wp-content/uploads/2019/08/Errata-
a-chamada-02_2020-CRONOGRAMA.pdf).
27

9 EQUIPE EXECUTORA DO PROJETO

Pesquisadora responsável

Profa. Dra. Darci Neves dos Santos

Pesquisadores associados:

Andrêa Jacqueline Fortes Ferreira

Profa. Camila Barreto Bonfim

Clara de Oliveira

George Anderson Alves dos Santos

Prof. Dr. Ismael Henrique da Silveira

Prof. Dr. Marcos Pereira Santos

Prof. Marcia da Silva Lopes

Mércia Sacramento dos Santos

Prof. Regiane da Silva Barbosa

Renata Cardoso de Castro Tourinho

Prof. Rodolfo Macedo Cruz Pimenta

Prof. Dra. Samilly Silva Miranda

Prof. Dr. Sheila de Quadros Uzêda

Tamiles Cerqueira Lopes da Silva


28

REFERÊNCIAS

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Criança : orientações para implementação. Brasília : Ministério da Saúde, 2018.
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30

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Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA: análise psicométrica de uma dimensão
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