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SALVADOR
2020
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SALVADOR
2020
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RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4
2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 5
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 5
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 5
3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 6
3.1 SCZV: dados epidemiologicos, descrição da síndrome, impactos para o
desenvolvimento infantil .................................................................................................. 6
3.2 O contexto da Inovação em saúde .............................................................................. 7
3.3 Transdisciplinaridade e o contexto da Saúde Coletiva ............................................... 9
3.4 Contribuições oriundas da Nutrição, Psicologia, Odontologia, Enfermagem e
Fonoaudiologia na construção de cuidados na primeira infância ................................... 10
3.5 A importância da estimulação do desenvolvimento na Primeira Infância ............... 12
3.6 Educação infantil, tecnologia assistiva e desenvolvimento ...................................... 14
4 METODOLOGÍA........................................................................................................ 15
4.1 Local e população do estudo .................................................................................... 15
4.2 Seleção da amostra ................................................................................................... 16
4.3 Etapas do estudo ....................................................................................................... 16
4.4 Avaliação da condição da saúde bucal ..................................................................... 17
4.5 Estado nutricional ..................................................................................................... 17
4.6 Avaliação das condições de saúde auditiva .............................................................. 19
4.7 Avaliação de aspectos psicológicos, educacionais e do desenvolvimento
neuropsicomotor, socioafetivo e de linguagem .............................................................. 19
4.8 Desfechos analisados ................................................................................................ 20
4.9 Análise dos dados ..................................................................................................... 20
5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ..................................................................................... 21
5.1 Riscos e benefícios envolvidos na execução da pesquisa......................................... 22
6 RESULTADOS ESPERADOS ................................................................................... 23
7 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ........................................................................... 25
8 FINANCIAMENTO .................................................................................................... 25
9 EQUIPE EXECUTORA DO PROJETO ..................................................................... 27
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1 INTRODUÇÃO
Entre 2015 e 2016, o Brasil passou pela epidemia do ZIKV, com consequências
para a trajetória desenvolvimental da geração acometida diante da escassa oferta de
serviços públicos, numa sociedade desigual. Na Bahia, a prevalência da SCZV se
manteve em torno de 13,7 por 10 mil nascidos vivos no período. Dentre 1.920 notificações
realizadas entre 2015 e 2019, 554 (28,9%) foram confirmadas, sendo 41,4% destas em
Salvador.
A construção do conhecimento e de práticas de cuidado são igualmente relevantes
em saúde coletiva, cabendo intervenções que favoreçam a qualidade de vida. Esta
proposta integra o projeto CNPq/CAPES/MSPrevenção processo 440577/2016-0,
“Efeitos das manifestações neurológicas congênitas associadas ao ZIKV sobre o
desenvolvimento infantil: um estudo de coorte prospectiva no contexto da Atenção
Básica, em Salvador-BA”. Os diagnósticos de imagem de 136 crianças confirmadas para
SCZV pelo CIEVS-Salvador revelaram que microcefalia (51,5%), ventriculomegalia
(57,4%) e calcificações cerebrais (77,2%) foram as alterações mais frequentes com 32,4%
das crianças acometidas pela combinação destas três condições. Entre estas crianças,
encontramos idade desenvolvimental muito inferior à idade cronológica, além de
prejuízos cognitivos, linguísticos e motores (Artigo under review, Revista Infant
Behavior).
Dados ainda não publicados de crianças na faixa etária de 28 a 48 meses sobre
saúde auditiva de 26 crianças (19 com SCZV) indicaram alterações auditivas em 52%
(10) dos casos e em 42% (3) das crianças típicas. Observou-se que 19% (5) das alterações
eram reversíveis e 3,8 % (1) escapava desta possibilidade, havendo atraso auditivo
desenvolvimental em 47% (9) dos casos. Sobre o exame bucal de 22 crianças (17 casos
da SCZV), 95% nos dois grupos tinham placa visível, enquanto cárie atingiu 53% (9) dos
casos. Já o sangramento gengival 29,4 (5) e dor 17,7 % (3) somente entre casos;
tratamento odontológico foi indicado para 47% (8) dos casos e 20% (1) das crianças
típicas. Avaliando o estado nutricional de 131 crianças com a SCZV, observou-se 20%
de desnutrição crônica e 30% com baixo peso para idade. Tais resultados sugerem
intervenções para melhoria da qualidade da atenção visando o desenvolvimento integral
da criança no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). Cuidados básicos de saúde na
primeira infância associam-se com educação infantil (1), neste momento em que estas
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2 OBJETIVOS
3 REVISÃO DE LITERATURA
fortemente influenciado pelo contexto onde vive a criança, e situações que comprometem
esse processo devem ser reconhecidas e abordadas, principalmente em se tratando de
crianças com manifestações neurológicas, como é o caso daquelas acometidas pela
SCZV.
Ademais, consolida-se, principalmente na primeira infância o desenvolvimento de
estruturas e circuitos cerebrais, assim como a aquisição de capacidades fundamentais para
o aprimoramento de habilidades futuras (5). As funções cognitivas mais especializadas
como atenção, memória, planejamento, raciocínio e juízo crítico começam a se
desenvolver na primeira infância, e os circuitos cerebrais responsáveis serão refinados
durante a adolescência até a maioridade, sendo que as conexões iniciadas nos primeiros
anos de vida exercem papéis fundamentais (5,6). As intervenções oferecidas nestes
períodos iniciais são definitivas para um sólido desenvolvimento humano, evitando sérias
consequências neurodesenvolvimentais(6). Uma oferta precoce de práticas psicossociais
de cuidados infantis na APS permite integralidade do cuidado e contribui para reduzir
efeitos deletérios na trajetória desenvolvimental, favorecendo a autonomia da criança e
sua inclusão social.
As repercussões das doenças e condições crônicas apresentadas pelas crianças,
atingem intensamente o funcionamento familiar, alterando estilo de vida, relações
interpessoais, além de aspectos financeiros. É comum uma sobrecarga de estresse e estafa
dos cuidadores, pelo desempenho de cuidados diários ininterruptos com tendência a se
intensificar com o passar dos anos (7). Depressão e ansiedade são frequentemente
desenvolvidas por cuidadores de crianças com desenvolvimento atípico, sendo indicada
a oferta de espaços de acolhimento para promover qualidade de vida e saúde mental dos
cuidadores, reforçar laços de solidariedade e oferecer suporte para enfrentamento do
estigma (7,8). Com base nos aspectos apresentados esta proposta de intervenção
considera, condições sócio-familiares, dificuldades próprias da criança e seu contexto
comunitário, vinculação com recursos educacionais, articulando este cuidado com o nível
especializado de abordagem da deficiência.
O campo da saúde coletiva tem exigido cada vez mais a construção de modelos
complexos para compreender objetos complexos que devem incluir desde aspectos micro
até aspectos macro. A complexidade destes objetos tem levado a construção de modelos
interdisciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares, tendo em vista que o campo
disciplinar especializado não tem dado conta de compreender aspectos que envolvem os
processos de saúde-doença-cuidado (9).
Na tentativa de construir uma perspectiva integral, que contemple os aspectos
intersetoriais comuns no âmbito da saúde, muitas tentativas têm surgido para integrar
múltiplos olhares de profissionais que partem de diferentes áreas do saber. A própria
formação dos profissionais de saúde não fornece as bases para a compreensão desse fazer
conjunto, que necessita dialogar com profissionais procedentes de outras áreas, assim
como o próprio usuário que se encontra no sistema de saúde.
Neste sentido, o conceito de transdisciplinaridade surgiu como uma tentativa para
suplantar os olhares parciais sobre o objeto de estudo. Compreende-se como
transdisciplinaridade a proposta de um campo teórico e operacional novo e mais amplo
que contemple a atuação de diferentes disciplinas. A integração de várias disciplinas em
um campo compartilhado de saberes possibilita a ideia de horizontalização nas relações
de poder, diferentemente da interdisciplinaridade em que esta relação paritária nem
sempre é possível. A transdisciplinaridade é considerada uma radicalização da
interdisciplinaridade, uma vez que nela se propõe uma verdadeira integração disciplinar
sem fronteiras definidas (9).
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Compreende-se como primeira infância o período que vai dos 0 aos 6 anos,
período considerado fundamental para o desenvolvimento do sistema nervoso central e
habilidades centrais para o aprimoramento de funções mais complexas. As crianças que
apresentam um desenvolvimento integral saudável nestes primeiros anos de vida têm
maiores chances de adaptação a novos ambientes e de adquirirem novos conhecimentos,
os quais serão importantes para o seu desempenho escolar (5).
Crianças que recebem cuidados adequados de saúde e nutrição, usufruem de
ambientes seguros, estimulantes e estáveis no contexto familiar, além de terem acesso a
educação formal de qualidade, estão construindo bases sólidas para alcançar um futuro
com plenitude (5).
Durante a primeira infância, são estabelecidos os principais elementos para a
maturação do nosso sistema nervoso. Este processo começa com a neurogênese, o
nascimento dos neurônios, células cerebrais mais envolvidas no processamento de
informações. Em seguida, esses neurônios migram para lugares apropriados de acordo
com a organização do cérebro. Apesar de ocorrer em maior velocidade durante os
estágios iniciais de vida, a neurogênese pode acontecer durante toda a vida (16).
Após este período, ainda é possível que o cérebro sofra transformações, sendo isto
garantido através da plasticidade cerebral, isto é, da capacidade de modificação de sua
estrutura a partir de novas experiências de vida (17). Quanto mais precoce, mais esta
plasticidade conseguirá atuar. Os períodos sensíveis de janela de desenvolvimento são
aqueles que vão concentrar a maior chance da plasticidade atuar na formação de novas
habilidades (5).
Como mostram os estudos, as experiências de início de vida serão fundamentais
na construção de novos caminhos cerebrais guiados pela plasticidade dos períodos
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investimento em políticas públicas voltadas para este período de vida geram benefícios
para toda a sociedade (5).
consideradas Público Alvo da Educação Especial (PAEE) e devem estar incluídas nos
sistemas escolares, dentre eles nos espaços da educação infantil, além de ter garantido o
Atendimento Educacional Especializado, o qual tem como função “identificar, elaborar e
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas” (20).Isto, é as
crianças PAEE precisam ser estimuladas para que desenvolvam suas potencialidades, o
que em muitos momentos requer a parceria entre saúde e educação, trocando informações,
conhecimentos e práticas que garantem o desenvolvimento integral da criança.
Dentre as possibilidades de intervenção e de atendimento às necessidades da
criança PAEE para aprender e se desenvolver integralmente destacam-se os recursos de
Tecnologia Assistiva (TA). TA “é uma área do conhecimento, de característica
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e
serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação
de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social" (21). Daí sua relevância
no atendimento às crianças com deficiência.
4 METODOLOGÍA
Este estudo será concebido em três etapas, com desenhos metodológicos distintos,
utilizando abordagens quantitativas e qualitativas. Na primeira etapa, ocorrerá o
diagnóstico da situação e a construção do protocolo transdisciplinar de interconsultas a
partir do conhecimento de diferentes áreas. Na segunda etapa será realizada a primeira
avaliação dos sujeitos e implementação da intervenção (protocolo). Finaliza-se com a
terceira etapa avaliando os efeitos da intervenção e sua repercussão, utilizando uma
abordagem qualitativa com cuidadores, profissionais de saúde e educadores, enquanto
uma nova medida do estado de saúde da criança será realizada para verificar o impacto
da aplicação do protocolo.
Saúde Coletiva com Ênfase na Primeira Infância no contexto do Zika, desde março de
2018. A população do estudo se constitui por menores de 06 anos com e sem SCZV e
seus familiares/cuidadores e por equipes das unidades de saúde e de educação infantil.
a) Perfil antropométrico: serão avaliados peso, altura e perímetro cefálico. A aferição das
medidas antropométricas segue as recomendações do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN) do Ministério da Saúde (25). Em caso de comprometimento motor
serão seguidos as recomendações de Stevenson(26) para aferição do peso e da altura. O
peso será aferido por meio de balança plataforma da marca TANITA com capacidade de
136 kg e a aferição da altura será realizada por um infantômetro com capacidade de 100
cm. O perímetro cefálico será aferido conforme orientações do Ministério da Saúde(25),
utilizando fita inelástica com capacidade de 150 cm. Os indicadores antropométricos
utilizados para interpretação das variáveis coletadas serão peso por idade (P/I), altura por
idade (A/I) e índice de massa corporal por idade (IMC/I), para avaliação do ganho de
peso, crescimento e avaliação do peso em relação à altura, respectivamente (25).
Primários:
i) indicadores de saúde bucal, auditiva e de estado nutricional
ii) marcos do desenvolvimento e educação infantil
Secundários:
i) aceitação dos protocolos pelos profissionais de saúde e educadores
ii) percentual de menores de cinco anos frequentando as unidade de saúde
iii) grau de satisfação de familiares e cuidadores
5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS
6 RESULTADOS ESPERADOS
7 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
8 FINANCIAMENTO
Pesquisadora responsável
Pesquisadores associados:
Clara de Oliveira
REFERÊNCIAS