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SUMÁRIO

1 A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL ................................................................ 5

2 SURGIMENTO DO SUS ............................................................................. 7

2.1 Universalidade...................................................................................... 9

2.2 Integralidade ....................................................................................... 10

2.3 Equidade ............................................................................................ 11

2.4 Princípios organizativos...................................................................... 12

3 AVANÇOS E DESAFIOS DO SUS ........................................................... 16

3.1 Descentralização da gestão do SUS .................................................. 16

3.2 Arranjo institucional e processo decisório do SUS ............................. 16

3.3 Regionalização da assistência à saúde.............................................. 17

3.4 Espaços de governança do SUS ........................................................ 17

3.5 Recursos financeiros .......................................................................... 18

3.6 Responsabilidades dos entes que compõem o SUS .......................... 19

3.7 Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) ..................................... 20

3.8 VIII Conferência Nacional de Saúde e o SUS .................................... 22

4 Legislação Básica do SUS ........................................................................ 23

4.1 Lei orgânica da Saúde........................................................................ 23

4.2 NOB — Normas Operacionais Básicas .............................................. 23

6 DIREITOS E DEVERES DOS USUÁRIOS DO SUS ................................ 25

6.1 Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde......................................... 26

7 SERVIÇOS E ATENDIMENTOS DO SUS ................................................ 31

7.1 Estratégia Saúde da Família — ESF .................................................. 32

7.2 Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) .................................... 33

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7.3 Programa Nacional de Imunização — PNI ......................................... 34

7.4 Humaniza SUS ................................................................................... 37

7.5 Serviço de atenção domiciliar — melhor em casa .............................. 39

7.6 Força Nacional do Sistema Único de Saúde ...................................... 40

7.7 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção


Básica (PMAQ) ...................................................................................................... 41

7.8 Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) ......................................... 42

7.9 Farmácia popular ............................................................................... 43

7.10 Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) ................. 44

7.11 Programa Nacional de Triagem Neonatal ....................................... 45

7.12 Rede cegonha ................................................................................. 47

7.13 Caderneta da gestante .................................................................... 48

8 Rede de Atenção Psicossocial — RAPS .................................................. 49

9 REDE DE BANCOS DE LEITE HUMANO .............................................. 51

10 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ............................... 52

10.1 Rede de atenção às urgências e emergências ............................... 53

10.2 Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h).................................... 55

11 Programa Nacional de Controle do Tabagismo — PNCT ......................... 56

12 Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública ............................... 57

12.1 Biossegurança laboratorial .............................................................. 58

12.2 Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) ................... 58

13 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) .................................................. 59

14 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE — SIS .................................. 60

14.1 Datasus — Departamento de informática do SUS. ......................... 61

14.2 Principais sistemas do Datasus ...................................................... 62

14.3 Sistema de Informações de Nascidos Vivos — SINASC ................ 62

14.3.1 Benefícios ........................................................................................ 63

3
14.3.2 Funcionalidades ......................................................................... 63

14.4 Sistema de Informação de Agravos de Notificação — SINAN ........ 63

14.5 Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações-SI-


PNI 65

14.6 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS — SIA .................. 66

14.7 Sistema de Informações Hospitalares do SUS — SIH .................... 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 67

INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro — quase improvável — um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para ser esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta.
No espaço virtual, é o mesmo. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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1 A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Durante o período colonial e imperial no Brasil, que abrangeu aproximadamente


389 anos, houve uma notável ausência de iniciativas relacionadas à saúde pública. A
inexistência de políticas públicas estruturadas e a ausência de estabelecimentos de
assistência médica eram evidentes. Além disso, o acesso ao tratamento e à
assistência médica estava fortemente condicionado à posição social: os nobres e
colonos brancos, que detinham propriedades e posses, desfrutavam de maior acesso
aos médicos e medicamentos da época, aumentaram suas chances de sobrevivência.
Enquanto isso, os menos privilegiados, como os pobres e escravos, enfrentavam
condições de vida extremamente precárias e tinham poucas chances de sobreviver
às doenças que assolavam a região (MERELES, 2018).
Nesse contexto colonial, os recursos alocados no Brasil foram direcionados
principalmente para melhorias estruturais mínimas, destinadas a facilitar o
escoamento da matéria-prima explorada na colônia. Não havia um interesse genuíno
em investir na melhoria das condições de vida da maioria da população, composta
majoritariamente por indígenas, senhores e escravos. Durante esse período,
epidemias de doenças transmissíveis, como malária (1549), varíola (1561),
hanseníase e febre-amarela (1680), que foram trazidas pelos colonizadores e
aventureiros envolvidos no comércio de escravos, eram recorrentes (ORDONEZ,
2017).
A chegada da Família Real portuguesa ao Brasil em 1808 marcou o início de
uma mudança significativa na paisagem da saúde pública. O objetivo da Família Real
era modernizar o Brasil, que o aproximou mais da realidade vívida em Portugal. Uma
das primeiras medidas tomadas foi a criação de cursos universitários, isso inclui
cursos de Medicina, Cirurgia e Química. Logo levou à fundação de instituições
pioneiras, como a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio Médico-Cirúrgico
no Real Hospital Militar de Salvador. Com o tempo, médicos brasileiros ou formados
no Brasil substituíram gradualmente os estrangeiros (MERELES, 2018).
Ao analisar a história da saúde pública brasileira, nota-se que o conceito
predominante é o da filantropia, mais especificamente, a filantropia de natureza
religiosa, baseada na caridade. As instituições e médicos filantropos desempenharam
um papel crucial no atendimento à população. Paralelamente, o Estado realizou

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intervenções esporádicas em saúde, especialmente em resposta a epidemias, como
campanhas de vacinação. Isso foi evidenciado no final do século XIX e no início do
século XX, durante o saneamento do Rio de Janeiro e a extensa campanha de
vacinação contra a varíola (CARVALHO, 2013).
A maioria da população, que não tinha recursos, buscava socorro na medicina
popular, recorreu aos serviços oferecidos pelas instituições conhecidas como Santas
Casas de Misericórdia. Estas instituições eram responsáveis por abrigar e tratar os
pobres e pessoas com problemas de saúde mental (ORDONEZ, 2017).
Durante muitas décadas, as Santas Casas foram a única alternativa de
assistência e tratamento disponível para aqueles sem recursos financeiros. Elas foram
implicações para instituições religiosas e, inicialmente, estavam ligadas ao conceito
de caridade, abrangeram o período que se estendeu do século XVIII até 1837
(MERELES, 2018).
Quanto ao financiamento para a construção e manutenção dessas instituições,
a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades
Filantrópicas (CMB, 2020) afirma que “desde sua origem, até o início das relações
com os governos, as Santas Casas foram criadas e mantidas pelas doações das
comunidades, viveram períodos áureos, em que construíram seus patrimônios que
foram boa parte destes tombados como patrimônio histórico”.
No Brasil, a atuação das Santas Casas passou por duas fases distintas: a
primeira, que ocorreu aproximadamente do século XVIII até 1837, tinha um caráter
predominantemente caritativo; uma segunda fase, de 1838 a 1940, teve uma
abordagem mais filantrópica (CMB, 2020).
O cenário da saúde no Brasil antes da criação do Sistema Único de Saúde
(SUS) era notavelmente diferente em comparação com a situação atual. Naquela
época, a saúde era conceituada como ausência de doença, com a assistência
centrada principalmente em instituições médicas e hospitalares. A promoção da saúde
era uma responsabilidade exclusiva do Ministério da Saúde (MS), e todas as ações
de saúde eram centralizadas no nível do governo federal, sem a participação ativa
dos estados e municípios.

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2 SURGIMENTO DO SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988
e regulamentado pelas leis 8.080/90 e 8.142/90, relativas à participação da população
nos serviços de saúde (BRASIL, 1990a, 1990b). A Constituição, em seus artigos 196,
197 e 198, criou o SUS com base nas seguintes considerações:

➢ A saúde é um direito de todos e um dever do Estado;


➢ O acesso às ações e serviços de promoção, prevenção e recuperação da
saúde é universal e igualitário, ou seja, todos têm direito.
➢ E foi definido da seguinte maneira:
➢ Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
➢ Atendimento integral, com prioridade para as atividades de prevenção, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
➢ Participação da comunidade.

Após sua criação, houve a necessidade de regulamentação, que ocorreu em


1990, com a promulgação das duas Leis Orgânicas da Saúde: a Lei 8.142/90, que
dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre a transferência
intergovernamental de recursos financeiros no setor de saúde e outras medidas e a
Lei 8.080/90, que estabelece as diretrizes para a promoção, segurança e restauração
da saúde, a estruturação e operação dos serviços relacionados e a abordagem de
outras medidas convenientes. (ARCARI, 2020).
Desde sua concepção o SUS visa oferecer à toda população brasileira acesso
universal, integral e gratuito aos serviços de saúde. Além dos procedimentos médicos
como consultas, exames, cirurgias, internações e reabilitação. O sistema é
responsável também pelas campanhas de vacinação, gerenciamento dos programas
de doação de órgãos e medula óssea, planejamento, organização, controle e
execução das ações do serviço de saúde em articulação com o conselho municipal

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local e a esfera estadual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde
(CARVALHO, 2020).
Apresenta também princípios fundamentados em valores éticos e solidários,
para orientar o sistema de saúde: inclusividade (garantia de que todos os cidadãos
brasileiros tenham o direito de utilizar os serviços do SUS); imparcialidade (a oferta
de serviços deve ser determinada com base nas necessidades individuais de cada
cidadão ou população, promove a justiça social); e abrangência (os serviços devem
abranger a prevenção de doenças, a promoção da saúde, a cura e a reabilitação,
atender de forma integral às necessidades de saúde da população em geral). Detalhes
adicionais sobre esses princípios serão considerados posteriormente (SOLHA, 2014).
A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o Sistema
Unificado e Descentralizado de Saúde — SUDS; depois, a incorporação do Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social — INAMPS, ao Ministério da
Saúde; e pôr fim a Lei Orgânica da Saúde (Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990),
finalmente o SUS (HANNA SOBRINHO, 2014). A figura 1 relata os Princípios e
diretrizes do SUS:

Figura 1 – Princípios e diretrizes do SUS

Fonte: https://encurtador.com.br/aluEX

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Os princípios e diretrizes do SUS estão na Constituição Federal de 1988,
regulamentados e confirmados no capítulo II, artigo 7º da lei 8.080/90:

Art. 7º. As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados


contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde — SUS
são desenvolvidos conforme as diretrizes previstas no artigo 198 da
Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
I — Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência;
II — Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e
contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
III — preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade
física e moral;
IV — Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de
qualquer espécie;
V — Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI —
divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a
sua utilização pelo usuário;
VII — utilização da epidemiologia para estabelecer prioridades, a alocação
de recursos e a orientação programática;
VIII — participação da comunidade;
IX — Descentralização político-administrativa, com direção única em cada
esfera de governo:
Ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
Regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
X — Integração ao nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e
saneamento básico;
XI — conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e
humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na
prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII — capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de
assistência;
XIII — organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de
meios para fins idênticos.
XIV — organização de atendimento público específico e especializado para
mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre
outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas
reparadoras, segundo a Lei n.º 12.845, de 1º de agosto de 2013.
(Redação dada pela Lei n.º 13.427, de 2017) (BRASIL, 1990).

São no total 14 princípios/diretrizes, dos quais, dar-se-á destaque aos que


julgam mais importantes, tais como: universalidade, integralidade e equidade.

2.1 Universalidade

O princípio da universalidade estabelece que a saúde é um direito de todos os


cidadãos, conforme definido na Constituição Federal como uma obrigação do Estado.
Com a implementação desse princípio, todas as pessoas passaram a ter o direito de
utilizar os serviços de saúde, uma prerrogativa que anteriormente estava restrita aos

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indivíduos segurados pela Previdência Social ou aqueles que buscavam atendimento
na rede privada (ARCARI, 2020).
Devido à história do sistema de saúde no Brasil e à prevalência da cultura de
consumo nas sociedades contemporâneas, muitos associam equivocadamente a
ideia de universalidade à gratuidade. No entanto, a universalidade implica a noção de
direito, torna inadequada qualquer referência a pagamento ou gratuidade. No Brasil,
o direito à saúde é um direito social, de caráter coletivo, e não um direito individual
condicionado ao pagamento (MATTA, 2020).
A saúde é reconhecida como um direito civil de todos os indivíduos, o Estado
deve garantir esse direito. O acesso aos serviços de saúde será assegurado a todas
as pessoas, independentemente de gênero, raça, ocupação ou outras características
sociais, ou pessoais (BRASIL, 2020).
A universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS) não representa apenas o
direito à saúde assegurado por meio de políticas públicas, mas também enfatiza o
direito à vida e à igualdade de acesso, sem discriminação com base em raça, gênero,
religião ou qualquer outra forma de diferenciação dos cidadãos brasileiros (MATTA,
2020).
Além disso, para garantir o acesso universal, é necessário levar em
consideração a gravidade do risco à saúde, considerar a vulnerabilidade da pessoa e
a classificação cronológica, com respeito às particularidades condicionais por lei para
pessoas com necessidades especiais.
Os riscos individuais e coletivos deverão sempre prevalecer sobre quaisquer
outros critérios. Por exemplo, se um indivíduo for aguardar um determinado exame
devido a uma condição específica, como uma endoscopia para investigar uma
gastrite, e outra pessoa para ser adicionada à lista depois dele para o mesmo exame,
mas para investigar um câncer de estômago, esta última terá prioridade na fila devido
à gravidade do caso (SOLHA, 2014).

2.2 Integralidade

O princípio de integralidade fundamenta-se no entendimento de que as


pessoas têm o direito de serem atendidas no conjunto de suas necessidades,
individuais e coletivas, e que os serviços de saúde devem estar organizados de modo

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a oferecer todas as ações requeridas por essa atenção integral. Dessa forma, o SUS
deve desenvolver ações, em relação ao ambiente e às pessoas, destinadas à
promoção, à proteção e à recuperação da saúde, bem como à reabilitação. (ARCARI,
2018).
A integralidade fundamenta-se no entendimento de que as pessoas têm o
direito de serem atendidas no conjunto de suas necessidades, individuais e coletivas,
e que, os serviços de saúde devem estar organizados de modo a oferecer todas as
ações requeridas por essa atenção integral.
Sobre esse princípio:

Este princípio considera as pessoas na totalidade, atendendo a todas as suas


necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a
promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação.
Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde
com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre
as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida
do indivíduo (ARCARI, 2018, documento online).

É crucial para que os profissionais de saúde adotem uma abordagem integral


no cuidado, que envolva a atenção de todas as necessidades dos usuários. Os
gestores de saúde têm a responsabilidade de organizar os serviços para fornecer
espaços adequados para uma escuta atenta, gerenciamento e solução dos problemas
apresentados pelos usuários, que muitas vezes não se limitam à saúde, mas exercem
uma influência significativa sobre ela (SOLHA, 2014).
Essa perspectiva da integralidade representa uma mudança substancial na
maneira como a saúde é percebida, afasta-se das questões puramente biomédicas
centradas no modelo médico-hospitalar. Ela busca uma compreensão mais ampla e
complexa das questões de saúde, com um foco no ser humano inserido em seu
contexto social em constante evolução. Isso requer adaptações por parte do sistema
de saúde e dos profissionais para atender às novas demandas de forma mais flexível
e alinhada com a realidade do momento.

2.3 Equidade

O princípio da equidade surge como uma resposta aos profundos problemas


históricos do país, que incluem as disparidades sociais e econômicas. Essas
disparidades resultam em desigualdades no acesso aos serviços de saúde, na sua

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gestão e produção (MATTA, 2020). O propósito desse princípio é reduzir essas
desigualdades. Embora todos tenham direito aos serviços, as pessoas não são iguais
e, portanto, possuem necessidades específicas. Em termos simples, a equidade
envolve tratar de maneira diferenciada aqueles que estão em situações desiguais,
direcionar mais recursos para onde a carência é mais pronunciada (BRASIL, 2020).
As orientações do novo sistema de saúde serviram como base para
implementar as mudanças permitidas, fortalecer o processo de descentralização,
permitir que cada município passasse a gerenciar as ações de saúde conforme as
necessidades locais.
Esse conceito implica em buscar a equidade, em vez de tratar todas as pessoas
de maneira idêntica, visa agir com justiça, diminui as disparidades sociais. Dada a
extensão dos graves problemas civis no país, muitos indivíduos enfrentam
dificuldades para atender necessidades básicas que garantem uma vida saudável,
como a educação. Isso limita o acesso a informações cruciais e a capacidade de
empreender ações para preservar sua saúde, colocar-se em uma posição de maior
vulnerabilidade (SOLHA, 2014).

2.4 Princípios organizativos

Regionalização e hierarquização

Os serviços devem ser estruturados com uma progressão em sua


complexidade, delimitam-se a uma região geográfica específica, orientados por
critérios epidemiológicos e estabelecem definições de serviços e informações. A
regionalização representa o processo de coordenação dos serviços já existentes para
sua gestão unificada (BRASIL, 2020).
Em contrapartida, a hierarquização distribuirá os níveis de atenção e garantir a
disponibilidade dos serviços necessários para atender aos diferentes níveis de
complexidade em uma determinada área, considerar os recursos disponíveis
(BRASIL, 2020).
Apesar de ser uma medida estrutural fundamental para o Sistema Único de
Saúde (SUS), a regionalização enfrenta desafios significativos. Isso inclui a dificuldade
de integrar e coordenar atividades e serviços em diversas áreas geográficas, sob

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diferentes administrações, para atender às necessidades de saúde da população de
forma abrangente, com qualidade e eficiência.
O sistema se organiza por meio da integração das atividades e serviços de
saúde entre as unidades governamentais, forma as redes de saúde, como destacado
por Arcari (2018, p. 94).

O princípio de Descentralização estabelece a descentralização da gestão e


das políticas da saúde no país. Nesse princípio, o poder e a responsabilidade
sobre a saúde são distribuídos entre os três níveis de governo, objetivando
uma prestação de serviços com mais eficiência e qualidade e também a
fiscalização e o controle por parte da sociedade. Os municípios passam a ser
os responsáveis pela organização da oferta de todas as ações e serviços de
saúde e por estabelecer as políticas locais de saúde.
O princípio de Hierarquização é uma forma de organização dos serviços e
ações que visa atender as diferentes necessidades de saúde da população,
sendo a atenção básica a responsável pela resolubilidade da maioria das
necessidades em saúde da população e a ordenadora da rede de atenção à
saúde.

Descentralização e comando único

A descentralização implica na redistribuição de autoridade e obrigação entre os


três níveis de governo. No contexto da saúde, o seu propósito é melhorar a qualidade
dos serviços e garantir o controle e a supervisão pelos cidadãos. No âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS), a responsabilidade pela saúde deve ser detalhada
para o município, visto que este cumpre os requisitos econômicos, técnicos,
administrativos e financeiros necessários para desenvolver essa função. Para que o
princípio da descentralização seja eficaz, existe uma concepção constitucional de uma
norma única, na qual cada instância de poder é autônoma e soberana em suas
decisões e atividades, respeita os princípios gerais e a participação da sociedade
(BRASIL, 2020).
No contexto do SUS, a política de descentralização envolve a transferência de
autoridade política, responsabilidades e recursos da esfera federal para o estadual e
municipal. Em resumo, ocorre uma 'desconcentração' do poder da União em direção
aos estados e municípios, para consolidar os princípios e diretrizes do Sistema
Brasileiro de Saúde (MATTA, 2020).

Participação Popular

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A participação popular e o controle social em saúde, entre os princípios do
Sistema Único de Saúde (SUS), destacam-se como elementos de importância
significativa, social e política, pois garantir que a população desempenhe um papel
ativo na elaboração e fiscalização das políticas de saúde públicas.
Para efetivar esse princípio, é fundamental estabelecer conselhos e
conferências de saúde específicas para a formulação de estratégias, bem como para
o monitoramento e avaliação da implementação das políticas de saúde (BRASIL,
2020).
Esse princípio envolve a organização e a participação da comunidade na
administração do SUS, regulamentado legalmente por meio de conselhos e
conferências de saúde no âmbito nacional, estadual e municipal (ARCARI, 2018).
A participação não ocorre sem possibilidade de conflitos. É importante
considerar que as necessidades da população nem sempre coincidem com as
respostas dadas pelo Estado em relação à oferta e à estrutura dos serviços de saúde.
Além disso, essas necessidades podem diferir das percepções dos profissionais de
saúde e dos interesses privados, que frequentemente experimentam influências na
opinião pública contra o Sistema Único de Saúde (SUS) em vários benefícios. Isso é
evidenciado pela cobertura midiática que muitas vezes destaca apenas as
dificuldades e falhas do sistema (basta observar as notícias e programas de televisão
que se concentram predominantemente nessas questões) (SOLHA, 2014).
A Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990, estabelece as diretrizes para a
participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e aborda
as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, além
de tratar de outras questões relacionadas.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n.° 8.080, de 19
de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das
funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
I — A Conferência de Saúde; e
II — o Conselho de Saúde.
§ 1.º A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de
saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis
correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente,
por esta ou pelo Conselho de Saúde.
§ 2.º O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão
colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço,
profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no
controle da execução da política de saúde na instância correspondente,
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inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do
governo.
§ 3.º O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho
Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) terão
representação no Conselho Nacional de Saúde.
§ 4.º A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências
será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.
§ 5.º As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua
organização e normas de funcionamento definidas em regimento próprio,
aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:
I — Despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e
entidades, da administração direta e indireta;
II — Investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder
Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
III — investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde;
IV — Cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos
Municípios, Estados e Distrito Federal.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste artigo destinar-se-
ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura assistencial ambulatorial
e hospitalar e às demais ações de saúde.
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei serão repassados
de forma regular e automática para os Municípios, Estados e Distrito Federal,
segundo os critérios previstos no art. 35 da Lei n.° 8.080, de 19 de setembro
de 1990.
§ 1.º Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios previstos no
art. 35 da Lei n.° 8.080, de 19 de setembro de 1990, será utilizado, para o
repasse de recursos, exclusivamente o critério estabelecido no § 1.º do
mesmo artigo.
§ 2.º Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo menos setenta
por cento, aos Municípios, afetando-se o restante aos Estados.
§ 3.º Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações
e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos
no inciso IV do art. 2° desta lei.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta lei, os
Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com:
I — Fundo de Saúde;
II — Conselho de Saúde, com composição paritária conforme o Decreto n.°
99.438, de 7 de agosto de 1990;
III — plano de saúde;
IV — Relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4.º do art.
33 da Lei n.° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
V — Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento;
VI — Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários
(PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos Estados, ou
pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste artigo, implicará em
que os recursos concernentes sejam administrados, respectivamente, pelos
Estados ou pela União.
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro de Estado,
autorizado a estabelecer condições para aplicação desta lei.
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e 102.º da
República (BRASIL, 1990).

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3 AVANÇOS E DESAFIOS DO SUS

3.1 Descentralização da gestão do SUS

A descentralização político-administrativa, por meio da municipalização,


resultou na reestruturação dos serviços e iniciativas de saúde, na redistribuição de
autoridade e competências, e na responsabilização dos municípios por promover
alterações no modelo de atendimento, no planejamento, na organização, no controle,
na avaliação e na administração dos serviços de saúde públicos em suas áreas
geográficas. Essa estratégia foi adotada para reduzir as disparidades regionais. No
cenário nacional, os municípios assumiram a função principal na gestão da rede de
serviços de saúde e na prestação direta da maioria das ações e programas de saúde
(ARCARI, 2020).
As Conferências e os Conselhos de Saúde são compostos por gestores,
profissionais de saúde, usuários do sistema (representando 50% do total) e outras
entidades ou indivíduos representativos, em uma composição paritária. Eles
desempenham várias funções, isso inclui a formulação de diretrizes para a política de
saúde e o acompanhamento de sua implementação, entre outras responsabilidades.

3.2 Arranjo institucional e processo decisório do SUS

O sistema é estruturado por meio da colaboração e coordenação das ações e


dos serviços de saúde entre os diferentes níveis de governo, resulta na formação de
uma rede abrangente de cuidados de saúde, conhecida como redes de atenção à
saúde. Ao examinar o SUS em termos de sua organização, competências e prestação
de serviços, inclui a estruturação em regiões de saúde, a hierarquização com base na
complexidade dos serviços, as responsabilidades constitucionais e as disparidades
entre as entidades federativas e as instâncias de tomada de decisão, fica evidente
uma interdependência dentro do SUS. Essa interdependência implica que os serviços
de saúde devem ser integrados entre si nas regiões de saúde (ARCARI, 2020).

16
3.3 Regionalização da assistência à saúde

A regionalização no Sistema Único de Saúde (SUS) representa uma estratégia


prioritária destinada a garantir o direito à saúde, reduzir disparidades sociais e
territoriais, promover a equidade e a integralidade da assistência, bem como otimizar
os recursos financeiros e melhorar a descentralização. Ela oferece os meios
necessários para aprimorar de forma progressiva e a integração dos serviços de
saúde, controlar os custos e envolver mais os cidadãos no processo de tomada de
decisões (ARCARI, 2020).
Apesar de ser uma medida essencial para a estruturação do SUS, a
regionalização apresenta desafios importantes, introduz dificuldades na cooperação e
integração das ações e serviços em diferentes regiões geográficas, sob gestões
diversas, para atender adequadamente às necessidades e demandas de saúde da
população em termos de escala, qualidade e custos. O sistema é organizado por meio
da integração das ações e dos serviços de saúde entre os diferentes níveis de
governo, resulta na formação das redes de atenção à saúde.

3.4 Espaços de governança do SUS

As Comissões Intergestores foram condicionantes como uma inovação de


gestão na política de saúde e representam espaços permanentes de negociação,
planejamento e tomada de decisões relacionadas a questões operacionais,
descentralização e acordos nacionais, estaduais e regionais no âmbito do SUS. Eles
oferecem uma oportunidade para fortalecer a governança nesses contextos e
enfatizar a responsabilização dos entes envolvidos, garantem que as decisões de
gestão sejam transparentes e busquem a promoção do acesso integral à assistência
à saúde.
No contexto brasileiro a partir da década de 1990, houve um esforço
significativo na construção de um modelo de saúde e na definição de papéis para cada
esfera de governo. Durante esse período, foram construídas estruturas, tecnologias e
mecanismos institucionais de interação entre os gestores no SUS, bem como entre
eles e a sociedade. Isso resultou na determinação dos papéis de cada entidade e sua
função na gestão do sistema de saúde (ARCARI, 2020).

17
Os gestores de saúde desempenham funções em dois domínios interligados: o
domínio político e o domínio técnico. No domínio político, o compromisso principal é
com a população, e os gestores atuam como agentes de gestão de saúde voltados
para o interesse público, em oposição a interesses particulares ou privados. Nesse
sentido, é relevante destacar a participação e a contribuição dos conselhos nacionais
de representação dos gestores estaduais (CONASS) e municipais (CONASEMS), que
constituem espaços formais na relação entre os entes federados e sua participação
nas Comissões Intergestores Tripartites (CITs), Comissões Intergestores Bipartidas
(CIBs) e Comissões Intergestores Regionais (CIRs). Além disso, os conselhos de
saúde permanentes e deliberativos, que fazem parte da estrutura decisória do SUS,
(BRASIL, 2009).

3.5 Recursos financeiros

Os percentuais de investimento financeiro destinados ao SUS pelos municípios,


estados e União são atualmente previstos pela Lei Complementar n.º 141, datada de
13 de janeiro de 2012, resultante da aprovação da Emenda Constitucional 29
(BRASIL, 2012). De acordo com essa lei, os municípios e o Distrito Federal são
obrigados a aplicar, no mínimo, 15% da arrecadação dos impostos anuais em ações
e serviços públicos de saúde, enquanto aos estados cabe o compromisso de destinar
12% desses recursos. No caso da União, o montante aplicado deve corresponder ao
valor empenhado no exercício financeiro anterior, acrescido do percentual relativo à
variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior à aprovação da lei
orçamentária anual (ARCARI, 2020).
A diminuição da participação dos recursos federais no financiamento da saúde
pública implica na redução do papel desempenhado pelo governo federal na
formulação da política de saúde, com uma ênfase crescente nos municípios. Isso
levou a uma preocupação crescente dos gestores municipais, situação que tende a
se agravar e considerar a promulgação da Emenda Constitucional n.º 95, de 15 de
dezembro de 2016, que atribuiu um teto para os gastos com saúde pelos próximos 20
anos, com limitações desfavoráveis na correção dos investimentos na área da saúde
(BRASIL, 2016). Em relação às mudanças no financiamento do SUS, em 28 de

18
dezembro de 2017, uma edição extraordinária do Diário Oficial da União publicou a
Portaria n.º 3.992, que dinamiza um novo modelo de financiamento para o SUS.
Desde a publicação da Portaria n.º 204/2007, os blocos de financiamento foram
incluídos como blocos financeiros, cada um com uma conta-corrente vinculada,
abrangendo os cinco blocos de custeio: atenção básica, média e alta complexidade
ambulatorial e hospitalar, assistência farmacêutica, vigilância em saúde e gestão do
SUS, além do Bloco de Investimento (BRASIL, 2007). A nova Portaria trouxe
mudanças significativas, cuja inclusão da fusão dos antigos blocos de financiamento
de custeio em um único bloco, mantiveram grupos de ações dentro desse Bloco de
Custeio. Esses grupos de ações devem refletir a destinação dos recursos no final de
cada exercício, bem como o que foi previsto no Plano de Saúde e na Programação
Anual de Saúde dos entes envolvidos.

3.6 Responsabilidades dos entes que compõem o SUS

➢ União: a gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde.


O governo federal é o principal patrocinador da rede pública de saúde.
Anteriormente, o Ministério da Saúde destinava metade dos recursos de gastos
no país em saúde pública em todo o Brasil, e estados e municípios, em geral,
contribuem com o restante dos recursos. O Ministério da Saúde formula
políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a execução dos
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações,
empresas, etc.). Possui funções de planejamento, desenvolvimento de normas,
avaliação e utilização de ferramentas de controle do SUS (BRASIL, 2020).
➢ Estados e Distrito Federal: os estados possuem secretarias específicas para
a gestão de saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos parceiros na
aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado formula suas próprias
políticas de saúde. Ele coordena e planeja o SUS ao nível estadual, conforme
as normas federais. Os gestores estaduais são responsáveis pela organização
do atendimento à saúde em seu território (BRASIL, 2020).
➢ Municípios: São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde
no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e

19
os repassados pela União e pelo estado. O município desenvolve suas próprias
políticas de saúde e também é um dos parceiros na adoção de políticas
nacionais e estaduais de saúde. Coordena e planeja o SUS ao nível municipal,
segundo as normas federais. Pode estabelecer parcerias com outros
municípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que pode
oferecer (BRASIL,2020).

3.7 Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)

O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Saúde,


Estados e Municípios, conforme determina a Constituição Federal. Cada ente tem
suas corresponsabilidades (BRASIL, 2020):

Quadro 1-Estrutura do SUS


Gestor nacional do SUS, formula, normatiza,
fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações, em
Ministério da Saúde articulação com o Conselho Nacional de Saúde. Atua
no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram
sua estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS,
Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais.
Secretaria Estadual Participa da formulação das políticas e ações de
de Saúde (SES) saúde, presta apoio aos municípios em articulação
com o conselho estadual e participa da Comissão
Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e
implementar o plano estadual de saúde.
Secretaria Municipal Planeja, organiza, controla, avalia e executa as
de Saúde (SMS) ações e serviços de saúde em articulação com o
conselho municipal e a esfera estadual para aprovar
e implantar o plano municipal de saúde

20
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação
(Nacional, estadual ou Municipal), em caráter
permanente e deliberativo, órgão colegiado
composto por representantes do governo,
Conselhos de Saúde prestadores de serviço, profissionais de saúde e
usuários, atua na formulação de estratégias e no
controle da execução da política de saúde na
instância correspondente, inclusive nos aspectos
econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo chefe do poder legalmente
constituído em cada esfera do governo.
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número
de membros, que obedecerá a seguinte composição:
50% de entidades e movimentos representativos de
usuários; 25% de entidades representativas dos
trabalhadores da área de saúde e 25% de
representação de governo e prestadores de serviços
privados conveniados, ou sem fins lucrativos.

Comissão Foro de negociação e pactuação entre gestores


Intergestores federal, estadual e municipal, quanto aos aspectos
Tripartite (CIT) operacionais do SUS
Comissão Foro de negociação e pactuação entre gestores
Intergestores estadual e municipais, quanto aos aspectos
Bipartite (CIB) operacionais do SUS
Conselho Nacional Entidade representativa dos entes estaduais e do
de Secretário da Distrito Federal na CIT para tratar de matérias
Saúde (Conass) referentes à saúde

Conselho Nacional Entidade representativa dos entes municipais na CIT


de Secretarias para tratar de matérias referentes à saúde.
Municipais de Saúde
(Conasems)

21
Conselhos de São reconhecidos como entidades que representam
Secretarias os entes municipais, no âmbito estadual, para tratar
Municipais de Saúde de matérias referentes à saúde, desde que
(Cosems) vinculados institucionalmente ao Conasems, na
forma que dispuserem seus estatutos.
Fonte: saúde.gov.br

3.8 VIII Conferência Nacional de Saúde e o SUS

A 8ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorreu de 17 a 21 de março de 1986,


representou um momento crucial na definição do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante esse evento, foram discutidos três temas principais: “A saúde como dever do
Estado e direito do cidadão”, “A reformulação do Sistema Nacional de Saúde” e “O
financiamento setorial”.
Essa conferência marcou um ponto de viragem na história do SUS ao ser a
primeira a ser aberta à participação da sociedade. Desempenhou um papel
fundamental na divulgação dos ideais da Reforma Sanitária e culminou na criação do
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), que foi realizado de um
convênio entre o INAMPS e os governos estaduais. Além disso, foram lançadas as
bases para que a seção “Da Saúde” fosse incorporada à Constituição Brasileira de
1988 (ORDENEZ, 2017).
A nova ordem jurídica estabelecida na Constituição consagrou o Brasil como
um Estado Democrático de Direito, registrada a saúde como um direito de todos e um
dever do Estado. Ela distribuiu mecanismos e canais de controle e participação social
para garantir a efetivação dos princípios constitucionais que protegem tanto os direitos
individuais quanto os direitos sociais (BRASIL, 2020).
A proposta da VIII Conferência Nacional de Saúde foi aprovada na Constituição
de 1988, seção II, art. 196, capítulo 1:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas


sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção o, proteção o e recuperação (BRASIL, 1988 documento on-line).

22
4 LEGISLAÇÃO BÁSICA DO SUS

A legislação básica do SUS consiste na Constituição Federal (artigos 196 a


200), na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990), nas Normas Operacionais Básicas
(NOB) e no Decreto 7.508/2011 que regulamenta a Lei 8.080/1990 e a Lei 8.142/1990
(ARCARI, 2018).

4.1 Lei orgânica da saúde

A Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, mais conhecida como Lei Orgânica


da Saúde, estabelece as diretrizes para o funcionamento e a organização do SUS.
Em seu primeiro artigo, a lei define que ela regulamenta todas as ações e serviços de
saúde realizados em todo o território nacional, seja de forma permanente ou eventual,
por pessoas naturais ou jurídicas de direito público, ou privado (BRASIL, 1990).
Por outro lado, a Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990, trata da
participação da comunidade na gestão do SUS e das transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde (BRASIL, 1990b).
Essas leis solidificaram o papel central dos municípios como principais executores das
ações de saúde, o que representa uma expansão do processo de descentralização.

4.2 NOB — Normas Operacionais Básicas

Diversas portarias do MS regulamentaram o SUS, especialmente as que


originaram as NOBs de 1991, 1993 e 1996. A implantação do SUS no conjunto do
país passa a acontecer de forma gradual ao longo dos anos 1990. As NOB-SUS são
os principais instrumentos normalizadores do processo de descentralização das ações
e serviços de saúde no Brasil, um dos pilares de sustentação do SUS, conforme
demonstra o quadro 1 (ARCARI, 2018).

Quadro 1 – Normas Operacionais Básicas

23
Fonte: Arcari, 2018

24
6 DIREITOS E DEVERES DOS USUÁRIOS DO SUS

Toda pessoa tem o direito de acessar bens e serviços organizados e


estruturados para garantir a promoção, prevenção, proteção, tratamento e
recuperação da saúde (FENAFAR, 2018).
A entrada no sistema de saúde deve ser preferencialmente pela atenção básica
(postos de saúde, centros de saúde, Unidades de Saúde da Família, etc.). A partir
desse primeiro atendimento, o indivíduo será encaminhado para outros serviços de
saúde pública de maior complexidade (hospitais e clínicas especializadas) (BRASIL,
2013).
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) criou a Carta dos Direitos e Deveres da
Pessoa Usuária da Saúde para garantir que toda a população conheça seus direitos
e deveres em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), uma das maiores políticas
públicas do mundo (FENAFAR, 2018).
A primeira versão da Carta foi elaborada em junho de 2009 e passou por
revisões posteriores para aprimorar a linguagem e contemplar a diversidade das
pessoas que utilizam o SUS (FENAFAR, 2018).
Na versão inicial, havia seis princípios fundamentais que garantem aos
cidadãos brasileiros um acesso digno aos sistemas de saúde, sejam eles públicos ou
privados (BRASIL, 2020):

➢ Todo cidadão tem direito a um acesso organizado e estruturado aos sistemas


de saúde.
➢ Todo cidadão tem direito a um tratamento adequado e eficaz para sua
condição.
➢ Todo cidadão tem direito a um atendimento humanizado, acolhedor e sem
discriminação.
➢ Todo cidadão tem direito a um atendimento que respeite sua pessoa, valores e
direitos.
➢ Todo cidadão também tem responsabilidades de garantir que seu tratamento
ocorra de maneira adequada.
➢ Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores de saúde para
garantir o cumprimento dos princípios anteriores (BRASIL, 2020).

25
Em 2017, o CNS formou um Grupo de Trabalho encarregado de revisar e
atualizar a Portaria n.º 1.820, de 13 de agosto de 2009, que trata dos direitos e deveres
dos usuários da saúde. Além disso, o CNS lançou uma consulta pública à sociedade
em abril de 2017 para ampliar a participação social no processo (FENAFAR, 2018).
O documento foi apresentado e aprovado pelo plenário durante a 61ª Reunião
Extraordinária do CNS em 9 de agosto de 2017, quando os conselheiros nacionais de
saúde aprovaram a Resolução n.º 553, que estabelece as diretrizes dos Direitos e
Deveres da Pessoa Usuária da Saúde.

6.1 Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde

I. Direito a saúde

Cada indivíduo tem o direito de ser recebido no serviço de saúde no momento


de sua chegada, considerar suas necessidades de saúde e características
específicas, sem a necessidade de senhas ou procedimentos burocráticos e respeitar
as prioridades determinadas pela lei.

A promoção e proteção da saúde devem estar relacionadas com as condições


sociais, culturais e econômicas das pessoas, abrangem aspectos como:

➢ Garantia de segurança alimentar e nutricional.


➢ Melhorias no saneamento básico e ambiental.
➢ Tratamento adequado para doenças negligenciadas, adaptado a cada região
do país.
➢ Iniciativas para o combate às endemias e doenças transmissíveis.
➢ Combater todas as formas de violência e discriminação.
➢ Educação fundamentada nos princípios dos Direitos Humanos.
➢ Promoção de empregos dignos.
➢ Acesso à moradia, transporte, atividades de lazer, segurança pública e
previdência social.

26
II. Tratamento adequado

Cada indivíduo tem direito a um atendimento integral que inclua procedimentos


adequados e oportunos para solucionar seus problemas de saúde, segue os princípios
orientadores que envolvem:

➢ Atendimento rápido, com estratégias para prevenir o agravamento, utiliza


tecnologia adequada, fornecida por uma equipe multiprofissional de
gerenciamento e em condições adequadas.
➢ Acesso contínuo e disponibilidade de vacinas conforme o calendário e
necessidades regionais.
➢ Estabelecimento de espaços de comunicação entre pacientes, profissionais de
saúde, gestores e serviços de assistência jurídica para discutir as diversas
opções de tratamento possíveis.
➢ Fornecimento de informações claras e respeitosas sobre o estado de saúde do
indivíduo, em uma linguagem adequada para atender às suas necessidades.

III. Atendimento humanizado

Cada indivíduo tem o direito de ser atendido de forma inclusiva, calorosa e


receptiva, prolongada por profissionais capacitados, em um espaço limpo, agradável
e de fácil acesso. As informações a seguir desempenham um papel crucial na
orientação de uma abordagem renovada de atendimento humanizado:

➢ Nos serviços de saúde haverá igual visibilidade aos direitos e deveres das
pessoas usuárias e das pessoas que trabalham no serviço.
➢ A rede de Serviços do SUS utilizará as tecnologias disponíveis para facilitar o
agendamento de procedimentos nos serviços em todos os níveis de
complexidade.
➢ Os serviços de saúde serão organizados segundo a demanda da população, e
não limitados por produção ou quantidades de atendimento pré-determinados.
➢ A utilização de tecnologias e procedimentos nos serviços deverá proporcionar
celeridade na realização de exames e diagnósticos e na disponibilização dos
resultados.
27
➢ Haverá regulamentação do tempo de espera em filas de procedimentos.
➢ A lista de espera de média e alta complexidade deve considerar a agilidade e
transparência.
➢ As medidas para garantir o atendimento incluem o cumprimento da carga
horária de trabalho dos profissionais de saúde.
➢ Nas situações em que ocorrer a interrupção temporária da oferta de
procedimentos como consultas e exames, os serviços devem providenciar a
remarcação destes procedimentos e comunicar aos usuários.
➢ As redes de serviço do SUS devem se organizar e pactuar no território a oferta
de plantão de atendimento 24 horas, inclusive nos finais de semana.
➢ Cada serviço deverá adotar medidas de manutenção permanente dos
equipamentos, bens e serviços para prevenir interrupções no atendimento.
➢ É direito das pessoas, na rede de serviços da saúde, ter atendimento
humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação
em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de
gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia,
patologia ou deficiência.

IV. Direitos

A carta de direitos do Ministério da Saúde tem em vista informar os direitos dos


usuários do Sistema Único de Saúde, garante sua proteção e garantia:

Toda pessoa deve ter seus valores, culturais e direitos respeitados na relação
com os serviços de saúde.
Escolha o tipo de plano de saúde que melhor lhe convier, segundo as
exigências mínimas constantes da legislação e a informação pela operadora
sobre a cobertura, custos e condições que está adquirindo.
Sigilo e a confidencialidade de todas as informações pessoais, mesmo após
a morte, salvo nos casos de risco à saúde pública.
Acesso da pessoa ao conteúdo do seu prontuário ou de pessoa por ele
autorizada e a garantia de envio e fornecimento de cópia, em caso de
encaminhamento a outro serviço ou mudança de domicílio. Obtenção de
laudo, relatório e atestado sempre que justificado por sua situação.
Obtenção de laudo, relatório e atestado sempre que justificado por sua
situação de saúde.
Consentimento livre, voluntário e esclarecido, a quaisquer procedimentos
diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo nos casos acarretem risco à
saúde pública, considerando que o consentimento anteriormente dado
poderá ser revogado a qualquer instante, por decisão livre e esclarecida, sem
que sejam imputadas à pessoa sanções morais, financeiras ou legais.
Pleno conhecimento de todo e qualquer exame de saúde admissional,
periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função, ou demissional
realizado e seus resultados.
28
A indicação de sua livre escolha, a quem confiará a tomada de decisões par
a eventualidade de tornar-se incapaz de exercer sua autonomia.
O recebimento ou a recusa à assistência religiosa, espiritual, psicológica e
social.
A liberdade, em qualquer fase do tratamento, de procurar segunda opinião ou
parecer de outro profissional, ou serviço sobre seu estado de saúde, ou sobre
procedimentos recomendados.
A não-participação em pesquisa que envolva ou não tratamento experimental
sem que tenha garantias claras de sua liberdade de escolha e, no caso de
recusa em participar ou continuar na pesquisa, não poderá sofrer
constrangimentos, punições ou sanções pelos serviços de saúde.
O direito de se expressar e ser ouvido nas suas queixas, denúncias,
necessidades, sugestões e outras manifestações por meio das ouvidorias,
urnas e qualquer outro mecanismo existente, sendo sempre respeitado na
privacidade, no sigilo e na confidencialidade.
A participação nos processos de indicação e eleição de seus representantes
nas conferências, nos conselhos de saúde e nos conselhos gestores da rede
SUS (BRASIL, 2011, p.3-4).

V. Corresponsabilidade

Cada indivíduo possui obrigações e prerrogativas que garantem a integridade


e continuidade do seu tratamento e recuperação, segundo os princípios estabelecidos
na carta de direitos dos usuários da saúde:

Prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas consultas e nas


internações.
Expressar se compreendeu as informações e orientações recebidas e, caso
ainda tenha dúvidas, solicitar esclarecimentos sobre elas.
Seguir o plano de tratamento proposto pelo profissional ou pela equipe de
saúde responsável pelo seu cuidado, que deve ser compreendido e aceito
pela pessoa que também é responsável pelo seu tratamento.
Informar ao profissional de saúde ou à equipe responsável sobre qualquer
fato que ocorra em relação a sua condição de saúde.
Assumir a responsabilidade formal pela recusa a procedimentos, exames ou
tratamentos recomendados e pelo descumprimento das orientações do
profissional ou da equipe de saúde.
Contribuir para o bem-estar de todas e todos nos serviços de saúde, evitar
ruídos, uso de fumo e derivados do tabaco e bebidas alcoólicas, colaborar
com a segurança e a limpeza do ambiente.
Adotar comportamento respeitoso e cordial com as demais pessoas que
usam ou trabalham no estabelecimento de saúde.
Realizar exames solicitados, buscar os resultados e apresentá-los aos
profissionais dos serviços de saúde.
Tem em mão seus documentos e, quando solicitados, os resultados de
exames que estejam em seu poder.
Adotar medidas preventivas para situações de sua vida cotidiana que
coloquem em risco a sua saúde e de sua comunidade.
Comunicar aos serviços de saúde, às ouvidorias ou à vigilância sanitária
irregularidades relacionadas ao uso e à oferta de produtos e serviços que
afetem a saúde em ambientes públicos e privados.
Desenvolver hábitos, práticas e atividades que melhorem a sua saúde e
qualidade de vida.

29
Comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de caso de doença
transmissível, quando a situação requerer o isolamento ou quarentena da
pessoa, ou quando a doença constar da relação do Ministério da Saúde.
Não dificultar a aplicação de medidas sanitárias, bem como as ações de
fiscalização sanitárias, bem como as ações de fiscalização sanitária (BRASIL,
2011, p.5-7).

VI. Direito a informação

Cada indivíduo possui o direito de receber informações sobre os serviços de


saúde e ter acesso aos vários meios de participação disponíveis.

A educação permanente em saúde e a educação permanente para o controle


social devem estar incluídas em todas as instâncias do SUS, e evolver a
comunidade.
As unidades básicas de saúde devem constituir conselhos locais de saúde
com participação da comunidade.
As ouvidorias, Ministério Público, audiências públicas e outras formas
institucionais de exercício da democracia garantida em lei, são espaços de
participação cidadã.
As instâncias de controle social e o poder público devem promover a
comunicação dos aspectos positivos do SUS.
Devem ser estabelecidos espações para as pessoas usuárias manifestarem
suas posições favoráveis ao SUS e promovidas estratégias para defender o
SUS como patrimônio brasileiro.
As informações prestadas à população devem ser claras, para propiciar a
compreensão por toda e qualquer pessoa. (BRASIL, 2011, p.6).

Os conselhos de saúde deverão informar à população sobre:


a) Formas de participação
b) Composição do conselho de saúde
c) Regimento interno dos conselhos
d) Conferências de Saúde
e) Data, local e pauta das reuniões
f) Deliberações e ações desencadeadas.

VII. Participação

Todas as pessoas têm o direito de participar em conselhos e conferências de


saúde, além do poder exigido que os gestores sigam os princípios indicados
anteriormente. As conferências municipais e estaduais de saúde representam locais
de participação aberta e ampla da comunidade, complementadas por conferências
livres, distritais e locais, bem como plenárias de segmentos.

30
De acordo com a estrutura democrática do Brasil, qualquer indivíduo possui o
direito de acompanhar os órgãos de controle social como forma de participação
cidadã, observado o regulamento interno de cada instância. Os gestores do Sistema
Único de Saúde (SUS), nas três esferas de governo, comprometem-se a cumprir
essas diretrizes.

Promover o respeito e o cumprimento desses direitos e deveres, com a


adoção de medidas progressivas, para sua efetivação.
Adotar as providências necessárias para subsidiar a divulgação desta
Resolução, inserindo em suas ações as diretrizes relativas aos direitos e
deveres das pessoas.
Incentivar e implementar formas de participação dos trabalhadores e usuários
nas instâncias e participação de controle social do SUS.
Promover atualizações necessárias nos regimentos e estatutos dos serviços
de saúde, adequando-os a esta Resolução.
Aditar estratégias para o cumprimento efetivo da legislação e das
normatizações do SUS.
Promover melhorias contínuas, na rede SUS, como a informatização para
implantar o Cartão SUS e o Prontuário Eletrônico. (BRASIL, 2011, p.7).

7 SERVIÇOS E ATENDIMENTOS DO SUS

O atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), um direito assegurado a


todos os cidadãos brasileiros, segue um modelo de organização que classifica os
serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade. A ideia é que situações
menos urgentes possam ser tratadas em instâncias que não exigem acesso a centros
especializados de alta complexidade, o que contribui para aprimorar a eficiência e a
eficácia do sistema de saúde (MATA, 2020).
Dessa forma, o atendimento pelo SUS é estruturado em três níveis de atenção:

➢ Unidades Básicas de Saúde e os Postos de Saúde, que servem como uma


“porta de entrada” para o sistema, oferece consultas, exames e procedimentos
básicos, como curativos e imunizações.
➢ Ambulatórios, unidades de pronto atendimento e hospitais de ensino, que lidam
com procedimentos de média complexidade, além de casos clínicos e agudos.
➢ Hospitais de grande porte, onde são realizadas intervenções mais invasivas e
procedimentos de alto risco à vida (MATTA, 2020).

31
7.1 Estratégia Saúde da Família — ESF

A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa promover a qualidade de vida da


população brasileira e intervir nos fatores que ameaçam a saúde, como inatividade
física, alimentação econômica e tabagismo, entre outros. Mediante uma abordagem
de atenção integral, equitativa e contínua, a ESF se consolida como a principal porta
de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS).
A proximidade entre a equipe de saúde e o indivíduo permite um conhecimento
mais profundo da pessoa, sua família e comunidade, o que aumenta a adesão do
paciente aos tratamentos e intervenções sugeridos pela equipe de saúde. Isso, por
sua vez, resulta na resolução de mais problemas de saúde na atenção primária, evita
a necessidade de recorrer a serviços de mídia ou de alta complexidade, como
unidades de pronto atendimento (UPA 24h) ou hospitais.
A Equipe de Saúde da Família está associada à Unidade Básica de Saúde
(UBS) local, com capacidade de resolver cerca de 80% dos problemas de saúde da
população. No entanto, se uma pessoa necessitar de cuidados mais específicos, o
ESF fará o encaminhamento adequado.

Composição da ESF:

A Estratégia Saúde da Família (ESF) é oferecida por uma equipe


multiprofissional que inclui pelo menos um médico generalista ou especialista em
saúde da família, um enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, um
auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). Além
disso, há uma equipe de Saúde Bucal composta por um cirurgião-dentista generalista
ou especialista em saúde da família, bem como auxiliares e/ou técnicos em Saúde
Bucal.
A quantidade de ACS deve ser suficiente para cobrir integralmente a população
cadastrada, com um limite máximo de 750 pessoas pela gente e de 12 ACS por equipe
de Saúde da Família, respeita o limite recomendado de pessoas por equipe. Cada
equipe de Saúde da Família é responsável por um máximo de 4.000 pessoas em uma
área específica, esses indivíduos compartilham a responsabilidade pelo cuidado com
sua saúde. As atividades essenciais de uma equipe de Saúde da Família incluem:

32
➢ Conhecer a realidade das famílias sob sua responsabilidade e identificar os
problemas de saúde mais comuns e situações de risco enfrentadas pela
população.
➢ Executar procedimentos de vigilância à saúde e vigilância epidemiológica nas
diferentes fases da vida, segundo a qualificação de cada profissional.
➢ Garantir a continuidade do tratamento, faz referência adequada quando
necessário.
➢ Prestar assistência integral, atende de maneira contínua e racionalizada às
demandas, promove a saúde por meio da educação sanitária.
➢ Promover ações colaborativas com organizações formais e informais na
comunidade para enfrentar conjuntamente os problemas de saúde.
➢ Fomentar discussões contínuas sobre cidadania com a equipe e a comunidade,
enfatiza os direitos de saúde e suas bases legais.
➢ Estimular a formação e/ou participação ativa nos conselhos locais de saúde e
no Conselho Municipal de Saúde.

7.2 Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)

Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram estabelecidos pelo


Ministério da Saúde em 2008 com o propósito de apoiar a consolidação da Atenção
Primária no Brasil, expandir as opções de assistência à saúde na rede de serviços,
bem como melhorar a capacidade de resolução, alcance e abordagem das disciplinas.
A regulamentação desses núcleos ocorreu por meio da Portaria GM/MS n.º
635, datada de 22 de maio de 2023. Esta portaria institui incentivos financeiros
federais para a implementação e manutenção das equipes Multiprofissionais na
Atenção Primária à Saúde, chamadas de eMulti. As equipes eMulti consistem em
profissionais de saúde de diferentes áreas de especialização que colaboram de
maneira complementar e integrada com as demais equipes da Atenção Primária à
Saúde — APS, assumiram responsabilidades compartilhadas em relação à população
e ao território, em cooperação com outros setores e a Rede de Atenção à Saúde —
RAS (BRASIL, 2023).
Essa abordagem integrada viabiliza a discussão de casos clínicos, possibilita
atendimentos colaborativos entre profissionais, tanto em unidades de saúde quanto

33
em visitas domiciliares, e permite uma elaboração conjunta de planos terapêuticos, o
que amplia e aprimora as intervenções no território e na saúde de grupos
populacionais. Essas ações de saúde também podem envolver a cooperação com
outros setores, com ênfase especial na prevenção e promoção da saúde.

7.3 Programa Nacional de Imunização — PNI

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem evoluído progressivamente ao


longo dos anos, melhorou a qualidade de vida da população por meio da prevenção
de doenças. O Calendário Nacional de Vacinação do Brasil, semelhante aos países
desenvolvidos, abrange não apenas crianças, mas também adolescentes, adultos,
idosos, gestantes e povos indígenas. Em sua rotina de imunização, são
disponibilizadas 19 vacinas que iniciam a proteção desde o nascimento, estende-se
ao longo da vida (BRASIL, 2020).
O PNI foi elaborado em 1973 por iniciativa do Ministério da Saúde, com o
propósito de coordenar as ações de imunização que foram anteriormente descritas
pela descontinuidade, natureza episódica e cobertura limitada. A concepção do
Programa, elaborado por especialistas do Departamento Nacional de Profilaxia e
Controle de Doenças do Ministério da Saúde e da Central de Medicamentos (CEME
— Presidência da República), foi aprovada em reunião realizada em Brasília em 18
de setembro de 1973, com a participação de renomados profissionais da saúde e
infectologistas, além de representantes de diversas instituições (BRASIL, 2020).
O PNI do Brasil é um dos maiores do mundo, oferece 45 imunobiológicos
diferentes para todas as faixas etárias da população. Campanhas anuais de
atualização da caderneta de vacinação são realizadas (BRASIL, 2020).
As vacinas são seguras e estimulam o sistema imunológico e protegem contra
doenças infecciosas. Quando utilizados como estratégia de saúde pública, são
considerados um dos melhores investimentos em saúde, devido ao seu custo-
benefício.
A bem-sucedida Campanha de Vacinação contra a varíola na década de 1960
declarou que a vacinação em massa pode erradicar doenças. O último caso de varíola
registrado no Brasil foi em 1971, e no mundo, em 1977, na Somália (BRASIL, 2018).

34
Em 1975, o PNI foi institucionalizado, consolidado a utilização de imunizantes
no país. Este plano passou a coordenar as atividades de imunização realizadas
rotineiramente na rede de serviços e elaborou diretrizes baseadas na experiência da
Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), que oferece serviços abrangentes
de saúde por meio de sua própria rede. A legislação específica sobre imunizações e
vigilância epidemiológica (Lei 6.259 de 30/10/1975 e Decreto 78.231 de 30/12/76)
destacou as atividades permanentes de vacinação e fortaleceu institucionalmente o
Programa (BRASIL, 2020).
A partir de 1980, após a erradicação da varíola, iniciou-se a 1ª Campanha
Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, para vacinar todas as crianças menores
de 5 anos em um único dia. O último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba
em março de 1989, conforme o Ministério da Saúde (2018). Em setembro de 1994, o
Brasil e os países das Américas receberam o certificado da Comissão Internacional
para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem nas
Américas, atestaram a eliminação da doença e do vírus no continente.
De 1990 a 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de Saúde. A partir de
2003, passou a fazer parte da DEVEP/SVS — Secretaria de Vigilância em Saúde,
integrada na Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI).
Ao longo do tempo, o PNI alcançou avanços importantes na consolidação da
estratégia de vacinação nacional. As metas atuais incluem a eliminação do sarampo
e do tétano neonatal, além do controle de outras doenças imunopreveníveis, como
difteria, coqueluche, tétano acidental, hepatite B, meningite, febre-amarela, formas
graves da tuberculose, rubéola e caxumba em alguns estados.
O PNI adquire, distribui e estabelece diretrizes para o uso de imunobiológicos
especiais destinados a situações e grupos populacionais específicos, atendidos nos
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). A cooperação também
é responsável pela implantação do Sistema de Informação e pela consolidação dos
dados de cobertura vacinal em todo o país (BRASIL, 2020).
O objetivo principal do Programa é oferecer vacinas de qualidade a todas as
crianças nascidas anualmente no país, busca alcançar coberturas vacinais de 100%
de forma subterrânea em todos os municípios e bairros. Atualmente, o PNI faz parte
do programa da Organização Mundial da Saúde, com apoio técnico, operacional e

35
financeiro da UNICEF, além de contribuições do Rotary Internacional e do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Dentre os desafios enfrentados pelo SUS, destaca-se a falta de preparação dos
profissionais de saúde para adotar uma abordagem integral no atendimento,
considerar a pessoa na totalidade, abranger aspectos emocionais, sociais e
biológicos. Muitas vezes, os pacientes são atendidos sem que haja um olhar gentil por
parte dos profissionais. Isso levanta a questão de como é possível estabelecer um
vínculo quando o paciente não se sente realmente visto. Por outro lado, alguns
profissionais tendem a focar apenas nos aspectos sociais e psicológicos,
desconsidera a presença de doenças biológicas. Encontrar um equilíbrio entre essas
duas perspectivas é um desafio significativo, mas factível.
Para garantir que uma população seja reconhecida e valorizada como parte
ativa do processo de saúde-doença, é necessário promover uma maior
corresponsabilidade entre gestores, profissionais de saúde e a comunidade. Além
disso, é fundamental consideração e respeito à diversidade cultural do Brasil, entre
outras medidas.
Nesse contexto, a Política Nacional de Humanização (PNH) foi desenvolvida
não apenas para transformar a interação entre profissionais de saúde e a população,
mas também para promover uma abordagem humanizada entre os próprios
profissionais e serviços de saúde. A humanização deve ser um elemento presente em
toda a Rede de Atenção à Saúde (RAS), desde a gestão dos serviços até as situações
de cuidado prestado à população. Para esse objetivo, as diretrizes específicas da PNH
são:

➢ Clínica ampliada: uma estratégia de cuidado que foca a participação de


profissionais de diferentes áreas, colabora para a construção de uma
assistência integral, incorpora perspectivas e conhecimentos de diversas
profissões.
➢ Cogestão: envolve uma maior participação de trabalhadores e usuários nos
processos de gestão dos serviços de saúde, com tomada de decisões
compartilhadas, em vez de se concentrar apenas na figura do gestor ou
gerente.

36
➢ Acolhimento: a prática da escuta ativa, alinhada com as diretrizes da PNAB
(Política Nacional de Atenção Básica).
➢ Valorização do trabalho e do trabalhador da saúde.
➢ Promoção de grupos, coletivos e redes, incentiva a construção coletiva da
saúde e fortalece tanto as redes informais de apoio à comunidade quanto as
redes formais já existentes.

7.4 Humaniza SUS

A Política Nacional de Humanização (PNH), uma política abrangente do


Sistema Único de Saúde (SUS) que abrange diversas ações, políticas públicas e
órgãos gestores, foi estabelecida em 2003 com o objetivo de efetivar os princípios do
SUS nas práticas de atenção e gestão, melhora assim a qualidade da saúde pública
no Brasil.
A PNH está ligada à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde
(SAS) e dispõe de uma equipe técnica baseada em Brasília (DF), que oferece suporte
técnico para as áreas locais por meio das Secretarias Estaduais de Saúde, auxilia na
implementação dos projetos da PNH. Esses projetos incluem a análise de desafios e
problemas, para promover mudanças no modelo de atenção e gestão, sempre focar
nas necessidades dos cidadãos, na produção de saúde e nos processos de trabalho
em saúde. Isso envolve uma valorização dos profissionais de saúde e das relações
sociais no ambiente de trabalho.
A PNH enfatiza a valorização de todos os envolvidos no processo de produção
de saúde, inclui usuários, profissionais de saúde e gestores. Promover a autonomia e
o protagonismo desses atores e grupos, busca aumentar a corresponsabilidade,
humanizar a gestão e envolver os trabalhadores nos processos de tomada de decisão.
Além disso, a PNH incentiva o estabelecimento de vínculos solidários na produção de
saúde em rede.

Estrutura da PNH:

➢ Princípios
➢ Método

37
➢ Diretrizes
➢ Dispositivos

Princípios:

➢ Transversalidade: A Política Nacional de Humanização (PNH) deve se fazer


presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A PNH
transformará as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato
e da comunicação entre as pessoas e grupos, tiran-os do isolamento e das
relações de poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as
diferentes especialidades e práticas de saúde estão conectadas na produção
do cuidado e podem conversar com a experiência daquele que é assistido.
Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma corresponsável. A
política é transversal porque se baseia em método e modo de fazer, assume
uma função meio para qualificação do SUS. Desta forma, se aplica às demais
políticas, práticas e espaços do SUS, uma vez que não se identifica
especificamente a nenhum objeto em si e sim a todo o SUS.
➢ Indissociabilidade entre atenção e gestão: As decisões da gestão interferem
diretamente na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem
buscar conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde,
assim como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas
organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o
cuidado e a assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da
equipe de saúde. O usuário e sua rede sócio familiar devem também
corresponsabilizar-se pelo cuidado de si nos tratamentos, assumir posição
protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são caros. A
gestão precisa estar em sintonia e coerência com a atenção, assim como a
atenção necessita corresponder na prática à proposta da gestão. De certa
forma, além da corresponsabilização implicada na prática de processos
cogeridos, todos devem fazer gestão de sua própria prática.
➢ Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos
coletivos: qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se
construída com a vontade das pessoas envolvidas, as quais compartilham

38
responsabilidades. Os usuários dos serviços de saúde não são só pacientes,
os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o
reconhecimento das diversas faces do papel de cada um. Um SUS humanizado
reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva
sua atuação na produção de saúde.

7.5 Serviço de atenção domiciliar — melhor em casa

A atenção domiciliar (AD) constitui uma modalidade de assistência à saúde


prestada no próprio domicílio do paciente, caracterizada por um conjunto de
intervenções que engloba promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e
reabilitação. Essa forma de atendimento garante a continuidade dos cuidados de
saúde e está integrada à Rede de Atenção à Saúde. No âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS), a AD é oferecida conforme a necessidade de cada paciente e envolve
diferentes equipes de profissionais de saúde.
O serviço conhecido como “Melhor em Casa” destina-se a indivíduos que
enfrentam dificuldades temporárias ou permanentes para deslocar-se até uma
unidade de saúde, bem como aqueles que se encontram em situações em que a
atenção domiciliar é a opção mais adequada para o seu tratamento. A atenção
domiciliar procura proporcionar aos pacientes um cuidado que se aproxime da rotina
familiar, reduzir hospitalizações ocasionais, minimizar riscos de infecções e permitir
que o paciente permaneça no conforto de sua residência.
Para casos que exigem visitas regulares, equipes específicas de atenção
domiciliar, como os integrantes do Programa “Melhor em Casa”, são designadas para
prestar assistência. Essas equipes são multidisciplinares e, em sua maioria,
compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e profissionais de
fisioterapia ou assistentes sociais.

Benefícios do melhor em casa

➢ Aprimorar e ampliar os serviços de assistência do Sistema Único de Saúde


(SUS) destinados a pacientes com problemas de saúde, possibilitar o acesso

39
a um cuidado humanizado no ambiente domiciliar, próximo à convivência
familiar.
➢ Estudos indicam que o bem-estar, carinho e atenção por parte da família,
combinados com uma assistência adequada em saúde, desempenham um
papel fundamental na recuperação de enfermidades.
➢ Pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos e normais no período de
recuperação, quando recebem cuidados em seu próprio domicílio, apresentam
uma redução significativa dos riscos relacionados à contaminação e infecção.
➢ O programa “Melhor em Casa” representa um avanço na gestão do sistema
público de saúde todo, contribui para a desocupação de leitos hospitalares e,
consequentemente, melhora o atendimento e a regulação dos serviços de
urgência nos hospitais.

7.6 Força Nacional do Sistema Único de Saúde

O programa de cooperação conhecido como Força Nacional do Sistema Único


de Saúde (FN-SUS), previsto em novembro de 2011, tem como finalidade a execução
de ações preventivas, assistenciais e repressivas em cenários de emergências
epidemiológicas, desastres naturais ou situações de desamparo à população, quando
a capacidade de resposta das esferas estaduais ou municipais estiver esgotada.
Desde a sua criação, a Força Nacional do SUS já converteu mais de quatro
missões de apoio em diversas situações, tais como desastres naturais, eventos de
grande magnitude, assistência a migrantes haitianos e atendimento a comunidades
indígenas, além de atuar em situações de tragédias, como o incêndio ocorrido em um
barco em Santa Maria/RS.
A Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) refere-se a
uma situação que exige a aplicação imediata de medidas para prevenir, controlar e
conter riscos, danos e ameaças à saúde pública. Isso ocorre em situações como:

a) Situações epidemiológicas: Surtos e epidemias que:

➢ Apresentem risco de disseminação nacional;


➢ Sejam produzidos por agentes infecciosos inesperados

40
➢ Representem a reintrodução de doença erradicada;
➢ Apresentem gravidade elevada; ou
➢ Extrapolem a capacidade de resposta da direção estadual do Sistema Único
de Saúde;

b) Situação de desastre: evento que configure emergência ou estado de


calamidade pública reconhecido pelo Poder Executivo federal nos termos da Lei n.º
12.340, de 1º de dezembro de 2010, e que implique atuação direta na área de saúde
pública.

c) Situação de desassistência à população: evento que, devidamente


reconhecido mediante a decretação de emergência ou calamidade pública pelo ente
federado afetado, coloque em risco a saúde dos cidadãos por incapacidade ou
insuficiência de atendimento à demanda e que extrapolem a capacidade de resposta
das direções estadual, distrital e municipal do SUS. (BRASIL,2020).

7.7 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção


Básica (PMAQ)

O Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-


AB) visa estimular os gestores e as equipes de saúde a melhorar a qualidade dos
serviços de saúde prestados à população de suas respectivas áreas de atuação. Para
atingir esse objetivo, o programa propõe um conjunto de estratégias destinadas a
aperfeiçoar, monitorar e avaliar o desempenho das equipes de saúde.
O PMAQ-AB prevê o aumento da alocação de recursos financeiros do governo
federal para os municípios participantes que demonstram melhorias no padrão de
qualidade da assistência prestada. Lançado em 2011, o programa entrou em seu
terceiro ciclo em 2015, envolveu todas as equipes de saúde que atuam na Atenção
Básica, incluiu aquelas relacionadas à Saúde da Família e à Saúde Bucal, bem como
os Núcleos de Apoio à Saúde da Família e os Centros de Especialidades
Odontológicas que atendem segundo as diretrizes do Programa Nacional de Atenção
Básica (PNAB).

41
7.8 Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB)

O acesso da população brasileira aos serviços de saúde bucal tem registrado


incremento desde o ano de 2003, quando foi instituído o Programa Brasil Sorridente.
Integrado a Política Nacional de Saúde Bucal, essa iniciativa do governo federal
engloba diversas medidas destinadas a garantir a execução de ações externas para
a promoção, prevenção e reabilitação da saúde bucal dos cidadãos do país, conforme
ilustrado na figura 2.

Figura 2 – Programa Brasil Sorridente

Fonte: https://brasilsorridente.com.br/

A saúde bucal desempenha um papel fundamental na saúde global e na


qualidade de vida da população. O Brasil Sorridente visa principal reestruturar a
abordagem e aprimorar os serviços e ações relacionadas à saúde bucal, engloba
iniciativas direcionadas a indivíduos de todas as faixas etárias. O programa visa
ampliar o acesso gratuito ao tratamento odontológico por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Dentre as estratégias do Brasil Sorridente, destaca-se a reorganização da
Atenção Básica em Saúde Bucal, que envolve a implementação de equipes de Saúde
Bucal na Estratégia Saúde da Família, a melhoria e expansão dos serviços

42
especializados, insere a criação de Centros de Especialidades Odontológicas e
Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias, além da adição de flúor nas estações
de tratamento de água para abastecimento público. O programa também abrange o
Brasil Sorridente Indígena e está interligado com outras iniciativas do Ministério da
Saúde, o que contribui para compreender sua abrangência e impacto.

Como cuidar da saúde bucal no SUS

A entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) é feita por meio das Unidades
Básicas de Saúde (UBS) ou por meio das equipes de saúde. A Atenção Básica
assume a responsabilidade pelo atendimento inicial dos pacientes e pela referência
aos serviços especializados somente em situações de maior complexidade (BRASIL,
2020).

7.9 Farmácia popular

O Programa Farmácia Popular do Brasil tem como um de seus principais


objetivos ampliar o acesso da população a medicamentos básicos e essenciais,
reduzir o impacto dos preços dos remédios no orçamento das famílias. De acordo com
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de instituições brasileiras, as
famílias de baixa renda destinam dois terços de seus gastos com saúde à compra de
medicamentos.
O Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais
de Saúde, trabalha constantemente para aumentar os recursos destinados à
aquisição de medicamentos distribuídos gratuitamente na rede pública de saúde.
Além disso, um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Secretários
Estaduais de Saúde (Conass) revelou que mais de 50% dos brasileiros interromperam
seus tratamentos médicos devido à falta de recursos para adquirir os medicamentos
necessários.
O Programa Farmácia Popular estabelece parcerias com prefeituras, governos
estaduais e organizações públicas ou privadas sem fins lucrativos ligadas à
assistência à saúde. Seus objetivos específicos e como é implementado destacam a
importância da colaboração entre várias esferas de governo e diferentes atores da

43
sociedade para enfrentar o desafio do complexo social de garantir a assistência
farmacêutica a toda a população do país. A Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ),
responsável pela operacionalização do programa, desempenha um papel crucial na
coordenação da estruturação das unidades, aquisição de medicamentos,
abastecimento das farmácias e capacitação dos profissionais, garante sua integração
contínua e segurança nos sistemas de saúde locais.
A priorização da aquisição de medicamentos por meio de laboratórios
farmacêuticos públicos serve como estímulo à produção desses medicamentos. O
Programa Farmácia Popular do Brasil está alinhado com as prioridades do governo
em atender às necessidades de saúde da população brasileira.

7.10 Programa Nacional de Segurança do paciente (PNSP)

O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), previsto por meio da


Portaria GM/MS n.º 529/2013, visa contribuir para a melhoria da qualidade dos
cuidados de saúde prestados em todos os estabelecimentos de saúde do país.
Os incidentes relacionados aos cuidados de saúde, particularmente os eventos
adversos, que são incidentes resultantes em danos ao paciente, representam um
fardo significativo em termos de morbidade e mortalidade em sistemas de saúde. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou preocupação com essa situação e
criou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente com o intuito de unificar
conceitos e definições relacionadas à segurança do mesmo e propor medidas para
mitigar riscos e reduzir eventos adversos.
As ações do PNSP estão em consonância com os objetivos da Aliança Mundial
pela Segurança do Paciente e são alinhadas com outras políticas de saúde, buscam
fortalecer os cuidados em redes de atenção à saúde.
A RDC/Anvisa n.º 36/2013 estabelece medidas para a segurança do paciente
nos serviços de saúde, inclui a criação dos Núcleos de Segurança do Paciente, a
obrigatoriedade de notificação de eventos adversos e a elaboração de Planos de
Segurança do Paciente.
Para a implementação das ações de segurança do paciente, são utilizados
protocolos básicos, os quais são regulamentados pelas Portarias GM/MS n.º 1.377,

44
de 9 de julho de 2013, e n.º 2.095, de 24 de setembro de 2013. Esses protocolos
desempenham um papel fundamental na promoção da segurança do mesmo.

7.11 Programa Nacional de Triagem Neonatal

O Programa Nacional de Triagem Neonatal é uma iniciativa que abrange


diversas áreas e políticas do sistema de saúde, como Sangue e Hemoderivados,
Saúde da Criança e Saúde da Pessoa com Deficiência, além de estar relacionado
com as Redes Temáticas do SUS, como a Rede Cegonha e a Rede de Cuidados à
Pessoa com Deficiência.
Conforme descrito na cartilha do Ministério da Saúde, a missão desse
programa é “promover, implementar e coordenar as ações de Triagem Neonatal no
âmbito do SUS, para garantir o acesso universal, integral e equitativo, concentrar
esforços na prevenção, detecção precoce e acompanhamento contínuo das pessoas
com as doenças abrangidas pelo Programa”.
O objetivo principal do programa é identificar precocemente distúrbios e
doenças em recém-nascidos, permitir instruções específicas e garantir tratamento e
acompanhamento contínuo para aqueles com diagnóstico positivo. Isso visa reduzir a
morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por essas
condições.
O rastreamento neonatal é realizado por meio de testículos, com a capacidade
de detectar, precocemente, um conjunto de doenças e alterações que, em geral, não
apresentam sintomas durante o período neonatal, mas que podem causar danos
durante o crescimento e desenvolvimento das crianças. crianças afetadas.

Programa Saúde na Escola (PSE)

O Programa Saúde na Escola (PSE) tem como finalidade a integração


constante entre os setores da educação e saúde, com o intuito de melhorar a
qualidade de vida da população brasileira. Para concretizar essa abordagem nas
escolas, foi desenvolvida a metodologia das Agendas de Educação e Saúde,
aplicadas como projetos didáticos nas instituições de ensino.

45
O principal objetivo do PSE é contribuir para a formação completa dos
estudantes, por meio de ações que visam promover, prevenir e prestar assistência em
saúde. Isso é feito com o propósito de enfrentar as vulnerabilidades que afetam o
pleno desenvolvimento de crianças e jovens matriculados na rede pública de ensino.
Os beneficiários do PSE incluem estudantes da Educação Básica, gestores e
profissionais da educação e saúde, bem como a comunidade escolar. Além disso, o
programa tem um alcance mais amplo, abrange estudantes da Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
As atividades relacionadas à educação e saúde promovidas pelo PSE são
realizadas em Territórios definidos conforme a área de abrangência da Estratégia
Saúde da Família, conforme definido pelo Ministério da Saúde. Isso possibilita a
criação de núcleos e conexões entre os recursos públicos de saúde e educação, como
escolas, centros de saúde e áreas de lazer, como praças e ginásios esportivos.
A definição dos Territórios Locais no PSE é resultado de estratégias acordadas
entre a escola, com base em seu projeto político-pedagógico, e a unidade básica de
saúde. O planejamento dessas ações do PSE considera o contexto escolar e social,
bem como o diagnóstico local e a capacidade operacional em saúde escolar.
A escola é o ambiente institucional central para a integração da educação e da
saúde e um espaço propício para a convivência social e o estabelecimento de relações
que favorecem a promoção da saúde por meio de uma abordagem de Educação
Integral.
Para atingir seus objetivos e obter sucesso, o PSE é composto por cinco
componentes essenciais:

➢ Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescentes e jovens que


estão na escola pública;
➢ Promoção da Saúde e de atividades de Prevenção;
➢ Educação Permanente e Capacitação dos Profissionais da Educação e da
Saúde e de Jovens;
➢ Monitoramento e Avaliação da Saúde dos Estudantes;
➢ Monitoramento e Avaliação do Programa.

46
Mais do que uma estratégia de integração das políticas setoriais, o PSE se
propõe a ser um novo desenho da política de educação e saúde já que:

➢ Trata a saúde e educação integrais como parte de uma formação ampla para
a cidadania e o usufruto pleno dos direitos humanos;
➢ Permite a progressiva ampliação das ações executadas pelos sistemas de
saúde e educação com vistas à atenção integral à saúde de crianças e
adolescentes;
➢ Promove a articulação de saberes, a participação de estudantes, pais,
comunidade escolar e sociedade em geral na construção e controle social da
política pública.

7.12 Rede cegonha

O direito das mulheres ao planejamento reprodutivo e à assistência


humanizada durante a gravidez, parto e pós-parto, bem como o direito das crianças a
um nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudável, são
fundamentais e essenciais.
O Ministério da Saúde visa garantir esses direitos por meio da Rede Cegonha,
uma estratégia voltada para a organização e melhoria da assistência à saúde
materno-infantil em todo o país. A implementação desse programa ocorre
gradualmente em todo o território nacional, baseada em critérios epidemiológicos,
como taxas de mortalidade infantil, razões de mortalidade materna e densidade
populacional.
A Rede Cegonha é composta por diversos componentes, que incluem:

➢ Pré-natal;
➢ Parto e nascimento;
➢ Puerpério e atenção integral à saúde da criança;
➢ Sistema logístico (transporte sanitário e regulação).

A Rede Cegonha é uma estratégia lançada em 2011 pelo governo federal para
proporcionar às mulheres saúde, qualidade de vida e bem-estar durante a gestação,

47
parto, pós-parto e o desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida.
Tem o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil e garantir os direitos sexuais
e reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. A proposta qualifica os
serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no planejamento familiar, na
confirmação da gravidez, no pré-natal, no parto e no puerpério (28 dias após o parto).
A Rede sistematiza e institucionaliza um modelo de atenção ao parto e ao
próximo nascimento sendo discutido e construído no País desde a década de 80, com
base no pioneirismo e na experiência de médicos e enfermeiras, obstetras e
neonatais, obstetrizes, parteiras, doulas, acadêmicos, antropólogos, sociólogos,
gestores, formuladores de políticas públicas, gestantes, grupos feministas, ativistas e
instituições de saúde, dentre outros.

7.13 Caderneta da gestante

A Caderneta da Gestante desempenha um papel essencial no registro das


informações relacionadas ao acompanhamento da gravidez e deve fazer parte
integrante das atividades dos profissionais de saúde, utilizada em todas as consultas
do pré-natal. Trata-se de uma ferramenta reconhecida e incorporada à rotina de
atendimento às gestantes nos serviços de saúde que oferecem acompanhamento
pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os dados inseridos na caderneta auxiliam os profissionais no estabelecimento
de diálogo contínuo com a gestante, bem como nas ações de educação em saúde.
Além disso, ela fornece à gestante um meio de registrar informações, dúvidas claras,
preparar-se para o parto e amamentação, conhecer sinais de alerta e entender seus
direitos, entre outros benefícios. A caderneta é distribuída em todo o Brasil e passa
por revisões periódicas.
Com base nas necessidades atuais das gestantes e dos profissionais de saúde,
o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, procedeu com a atualização da
Caderneta da Gestante. A 6ª edição apresenta algumas novidades:

➢ Orientações apresentadas sobre os dez passos para uma alimentação


saudável durante a gravidez.
➢ Diretrizes para a saúde bucal e espaço para o registro de consultas
odontológicas no pré-natal.
48
➢ Informações atualizadas sobre o trabalho de parto, o parto em si e o período
pós-parto.
➢ Maior ênfase no pré-natal do pai ou parceiro da gestante.
➢ Atualização de conteúdo técnico e um layout mais moderno.
➢ As curvas de acompanhamento do ganho de peso durante a gravidez foram
atualizadas.
➢ Os espaços para registro de dados de exames e vacinas foram ajustados para
maior clareza e eficácia sem preenchimento.

8 REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL — RAPS

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela Portaria MS/GM n.º


3.088, de 23/12/2011, prevê a criação, a ampliação e a articulação de pontos de
atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS).
A RAPS tem como objetivos gerais:

➢ Facilitar o acesso da população em geral aos serviços de atenção psicossocial.


➢ Fomentar a conexão entre indivíduos com transtorno mental e aqueles com
necessidades decorrentes do uso de substâncias como crack, álcool e outras
drogas, inclusive com suas famílias, em locais de atendimento.
➢ Garantir a coordenação e a integração dos diversos pontos de atenção nas
redes de saúde em cada área geográfica, melhorar a qualidade do cuidado por
meio do acolhimento, acompanhamento contínuo e atenção às situações de
urgência.

Além disso, destacam-se os seguintes objetivos específicos:

➢ Prestar assistência em saúde, com foco especial em grupos mais suscetíveis,


como crianças, adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e
comunidades indígenas.

49
➢ Prevenir o consumo excessivo e a dependência de substância como álcool e
outras drogas, bem como minimizar os danos resultantes do uso dessas
substâncias.
➢ Facilitar a reintegração e a reabilitação de indivíduos com transtornos mentais
e com necessidades relacionadas ao uso de álcool e outras drogas, por meio
do acesso a oportunidades de trabalho, renda e habitação solidária.
➢ Produzir e disponibilizar informações sobre os direitos das pessoas, estratégias

A RAPS encontra-se organizada nos seguintes componentes:

➢ Atenção Básica em Saúde;


➢ Unidade básica de saúde;
➢ Núcleo ampliado de saúde da família;
➢ Consultório na rua;
➢ Centros de convivência e cultura. Atenção Psicossocial Estratégica
➢ Centros de atenção psicossocial (nas suas diferentes modalidades);
➢ Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental. Atenção
de Urgência e Emergência
➢ SAMU 192;
➢ Sala de Estabilização;
➢ UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto-socorro,
unidades básicas de saúde;
➢ Atenção Residencial de Caráter Transitório
➢ Unidade de acolhimento;
➢ Serviço de atenção em regime residencial. Atenção Hospitalar
➢ Unidade Especializada em Hospital Geral;
➢ Hospitais Especializados;
➢ Estratégias de Desinstitucionalização
➢ Serviços residenciais terapêuticos;
➢ Programa “De Volta para Casa” Estratégias de Reabilitação Psicossocial;
➢ Iniciativas de geração de trabalho e renda (BRASIL,2020).

Ações de competência da Coordenação Estadual de Saúde:

50
➢ Coordenar e implementar a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em Santa
Catarina, a partir das diretrizes do Ministério da Saúde;
➢ Suporte aos municípios para incentivar a implantação dos dispositivos e pontos
de atenção da RAPS, articulados com os outros pontos da rede, por meio de
análise de projetos dos municípios ou região de saúde, visitas, reuniões,
articulação entre os vários serviços e setores, vistorias e pareceres para
implantação dos pontos de atenção;
➢ Acompanhamento e avaliação dos pontos da Rede de Atenção Psicossocial
mediante supervisões dos serviços in loco; em parceria com as Equipes de
Controle, Avaliação e Auditoria e Vigilância Sanitária;
➢ Qualificação dos profissionais da Rede de Atenção Psicossocial, em parceria
com outros setores da SES;
➢ Articulação com outros setores como Educação, Assistência Social, Ministério
Público, Poder Judiciário, Segurança Pública e outros;
➢ Coordenação e/ou participação de Comissões, Câmaras Técnicas, Conselhos
e outros relacionados à área de atenção em Saúde Mental no Estado;
➢ Participação na discussão e implantação de políticas direcionadas às
populações específicas como população indígena, população infanto-juvenil,
população privada de liberdade e população em situação de rua.

9 REDE DE BANCOS DE LEITE HUMANO

O Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz distribuiu a


Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH-BR) em 1998, para promover,
proteger e respaldar a amamentação materna, bem como coletar e distribuir leite
humano de qualidade certificada, contribuir para a redução da mortalidade infantil.
Integrada à Política Nacional de Aleitamento Materno, a RBLH-BR constitui
uma ação estratégica que, além de instalar, fornecer e entregar leite humano a bebês
prematuros e com baixo peso, fornece assistência de orientação e apoio à
amamentação.

51
Atualmente, a Rede engloba mais de 200 Bancos de Leite Humano distribuídos
por todos os estados do país, alguns deles oferece serviços de coleta em domicílio. A
RBLH-BR também inclui mais de 300 Postos de Coleta (PCs) de leite humano.
O modelo brasileiro é reconhecido internacionalmente devido ao seu avanço
tecnológico pioneiro, que alia custos baixos a altos padrões de qualidade. Além disso,
o leite humano é distribuído conforme as necessidades específicas de cada bebê,
aumenta a eficácia dessa iniciativa na redução da mortalidade neonatal. Em 2001, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou a RBLH como uma das iniciativas
mais eficazes na redução da mortalidade infantil global durante a década de 1990. No
período de 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil diminuiu em 70,5%.

10 SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA (SAMU)

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) visa chegar de maneira


precoce a pessoas afetadas por situações de urgência ou emergência que resultem
em sofrimento, sequelas ou mesmo óbito. Essas situações abrangem uma variedade
de contextos, como problemas clínicos, cirúrgicos, traumáticos, obstétricos,
pediátricos, psiquiátricos e outros.
O Ministério da Saúde concentra esforços na implementação da Política
Nacional de Atenção às Urgências, na qual o SAMU desempenha um papel
fundamental. Essa política prioriza os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e
enfatiza a criação de redes de atenção integrais às urgências, organizadas de forma
regionalizada e hierarquizada. Isso visa garantir o acesso universal, equidade na
distribuição de recursos e integralidade na assistência prestada.
O SAMU consegue prestar atendimento em qualquer local composto por
equipes multidisciplinares, inclui médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e
condutores socorristas.

➢ Residências;
➢ Locais de trabalho;
➢ Vias públicas

52
O SAMU funciona como um serviço gratuito e disponível 24 horas por dia,
oferece orientações e despacho de veículos equipados com equipes treinadas. Os
cidadãos podem acessá-lo através do número “192” e contatá-lo por meio de uma
Central de Regulação das Urgências.
O atendimento pelo SAMU tem início com uma chamada telefônica na qual são
fornecidas diretrizes iniciais. Essa conexão é gratuita tanto para telefones fixos quanto
móveis. Os operadores de atendimento telefônico identificam a emergência e coletam
informações iniciais sobre as vítimas e seu local. Posteriormente, as chamadas são
encaminhadas a um Médico Regulador, que fornece orientações de assistência às
vítimas e mobilização de ambulâncias quando necessário.
As ambulâncias do SAMU estão estrategicamente posicionadas para otimizar
o tempo de resposta entre as chamadas da população e o transporte para serviços
hospitalares de referência. A prioridade é prestar atendimento às vítimas o mais rápido
possível, isso inclui o envio de médicos conforme a gravidade da situação. As
unidades móveis podem ser ambulâncias tradicionais, motolâncias, ambulanchas ou
aeronaves médicas, conforme a disponibilidade e as necessidades específicas de
cada situação, garantem uma ampla cobertura de atendimento.

10.1 Rede de atenção às urgências e emergências

A Rede de Atenção às Urgências tem como finalidade reestruturar a assistência


à saúde em situações de urgência e emergência, promovem uma coordenação entre
os diversos componentes que a compõem. Isso visa melhorar a organização do
atendimento, estabelecem fluxos e referências adequadas. A rede é composta por
vários elementos, incluem Promoção, Prevenção e Vigilância em Saúde; Atenção
Básica; SAMU 192; Sala de Estabilização; Força Nacional do SUS; UPA 24h;
Unidades Hospitalares e Atenção Domiciliar (BRASIL, 2020).
Sua complexidade decorre da necessidade de atendimento contínuo a uma
variedade de condições de saúde, sejam elas agudas ou crônicas, agudizadas,
abrange aspectos clínicos, cirúrgicos, traumatológicos e outros.
Para garantir que a Rede ofereça assistência de qualidade aos usuários, é
fundamental que seus componentes sejam de forma integrada e coordenada. Isso
requer investimento na capacitação profissional, no compartilhamento de

53
informações, na melhoria dos processos de acolhimento e no gerenciamento do
acesso aos serviços que a compõem.
Com base na avaliação do perfil epidemiológico e demográfico do Brasil, a
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde destaca que os principais
desafios em urgência e emergência envolvem doenças do sistema circulatório, como
o Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral, além do aumento da
violência e dos acidentes de trânsito. Portanto, a Rede de Urgência e Emergência
concentra seus esforços na reorganização das linhas de cuidados prioritários
relacionados a traumatologia, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares no
contexto da assistência hospitalar, buscam uma integração eficaz com os demais
pontos de atenção à saúde (BRASIL, 2020).

Sistemas:

1) Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)

O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde — CNES é a base para


operacionalizar os Sistemas de Informações em Saúde, estes são imprescindíveis a
um gerenciamento eficaz e eficiente do SUS. Informações sobre Unidades Móveis e
demais estabelecimentos de saúde em funcionamento podem ser encontradas neste
cadastro.

2) Sistema de Apoio à implementação de Políticas em Saúde (SAIPS)

O SAIPS foi desenvolvido para informatizar o processo de solicitação de


custeio, incentivos para implantação de unidades e serviços em saúde, bem como
habilitação ou credenciamento de equipes, unidades e serviços em saúde. Todas as
solicitações de habilitações em custeio do SAMU e as solicitações de novas unidades
móveis devem ser encaminhadas por meio do SAIPS.

3) Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS)

O SIASUS recebe a transcrição de produção nos documentos BPA e APAC,


faz consolidação, valida o pagamento contra parâmetros orçamentários estipulados
pelo próprio gestor de saúde, antes de aprovar o ordenado — para isto utiliza-se do
54
sistema FPO. Mensalmente os gestores, além de gerar os valores devidos a sua rede
de estabelecimentos, devem enviar uma base de dados que contêm a totalidade dos
procedimentos realizados em sua gestão. A produção de procedimentos do SAMU
deve ser inserida neste sistema, sob pena de suspensão de custeio.

10.2 Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h)

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) desempenha um papel


fundamental na Rede de Atenção às Urgências, concentra o atendimento de saúde
de complexidade complexa. Isso a insere em uma rede integrada juntamente com a
atenção básica, atenção hospitalar, atenção domiciliar e o Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência — SAMU.
Essa integração visa melhorar o acesso da população aos serviços de saúde e
aumentar a capacidade de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A UPA
24h oferece uma estrutura simplificada, inclui serviços como raio-x, eletrocardiografia,
atendimento pediátrico, laboratório de exames e leitos de observação. Quando
necessário, os pacientes podem ser encaminhados para hospitais da rede de saúde
para procedimentos de alta complexidade (BRASIL, 2020)
Essas unidades funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana e
conseguem atender uma ampla gama de urgências e emergências. Eles fornecem
atendimento de qualidade e solucionam problemas de saúde agudos ou agravados
de natureza clínica. Além disso, oferecem o primeiro atendimento para casos de
natureza cirúrgica e trauma, estabilizam os pacientes e realizam investigações
diagnósticas iniciais para definir o tratamento adequado. Quando necessário, garanta
o encaminhamento dos pacientes para outros serviços de saúde.
As UPAs também têm capacidade de manter pacientes em observação por até
24 horas, se necessário, para esclarecimento, diagnóstico ou estabilização clínica.
Caso as reclamações dos pacientes não sejam resolvidas ou para garantir a
continuidade do cuidado, eles são encaminhados para internação em hospitais, com
o apoio da regulação do acesso assistencial (BRASIL, 2020).

55
11 PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO TABAGISMO — PNCT

O uso do tabaco passou a ser reconhecido como um fator de risco para várias
doenças a partir da década de 1950. No Brasil, movimentos de controle do tabagismo
liderados por profissionais de saúde e sociedades médicas surgiram na década de
1970. A atuação governamental, a nível federal, começou a se estruturar em 1985
com a formação do Grupo Assessor para o Controle do Tabagismo no Brasil e, em
1986, com a criação do Programa Nacional de Combate ao Fumo.
Desde o final da década de 1980, o Ministério da Saúde, por meio do Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), articula a gestão e
governança do controle do tabagismo no Brasil. Isso envolve a implementação de um
conjunto de ações nacionais que compõem o Programa Nacional de Controle do
Tabagismo (PNCT).
O PNCT visa reduzir a prevalência de fumantes e a morbimortalidade
relacionada ao consumo de produtos derivados do tabaco no Brasil. Isso é feito por
meio de ações educativas, de comunicação, de atenção à saúde e de apoio a medidas
legislativas e econômicas. O programa visa principalmente prevenir o início do
tabagismo entre crianças, adolescentes e jovens, promover o abandono do tabagismo
e proteger a população da exposição à fumaça ambiental do tabaco, reduzir os danos
individuais, sociais e ambientais causados por esses produtos (BRASIL, 2020).
O PNCT também coordena a Rede de Tratamento do Tabagismo no Sistema
Único de Saúde (SUS) e realiza campanhas educativas. Além disso, promove
ambientes livres de tabaco.
O Brasil ratificou a Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco
(CQCT/OMS) em novembro de 2005, tornou-se parte do primeiro tratado internacional
de saúde pública para conter a epidemia global do tabagismo. A implementação do
PNCT passou então a fazer parte da Política Nacional de Controle do Tabaco, que
cumprirá as medidas e diretrizes do CQCT/OMS.
O INCA desempenha um papel central nessa política, articula a internalização
das ações e medidas do CQCT/OMS relacionadas à saúde. Ele também atua como
Secretaria-Executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-
Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CONICQ), coordena a participação e o

56
alinhamento de todos os setores do governo aos objetivos e medidas previstas no
tratado (BRASIL, 2020).
O Programa Nacional de Controle do Tabagismo se destaca na implementação,
que tratam de educação, comunicação, treinamento, conscientização do público e
medidas de redução de demanda relacionadas à dependência e ao abandono do
tabaco. Além disso, por meio de sua atuação na rede, contribui para a promoção de
um ambiente propício à implementação de todas as medidas de controle do tabaco
no país, mesmas aquelas fora da governabilidade do setor saúde.
Essa rede faz parte de um programa nacional que atua na governança da
Política Nacional de Controle do Tabaco, envolve outros setores do governo federal,
organizações não governamentais e, em alguns casos, governos estaduais que se
organizaram para essa especificamente. Essa estrutura de governança está alinhada
com as obrigações gerais previstas na CQCT/OMS, introduz o estabelecimento de
mecanismos de coordenação nacional para o controle do tabaco.

12 SISTEMA NACIONAL DE LABORATÓRIOS DE SAÚDE PÚBLICA

O Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (SISLAB) consiste em


redes nacionais de laboratórios que estão organizadas em sub-redes que são
estruturadas conforme a sua especialização e hierarquizadas com base na
complexidade das atividades relacionadas à vigilância em saúde. Isso abrange
vigilância epidemiológica, vigilância em saúde ambiental, vigilância sanitária e
assistência médica.
A configuração das sub-redes do SISLAB é determinada consideração as
características específicas de cada uma. A classificação das unidades laboratoriais
dentro dessas sub-redes segue as diretrizes previstas na Portaria GM/MS Nº 2031,
de 23 de setembro de 2004:

➢ I — Centros Colaboradores — CC;


➢ II — Laboratórios de Referência Nacional — LRN;
➢ III — Laboratórios de Referência Regional — LRR;
➢ IV — Laboratórios de Referência Estadual — LRE;
➢ V — Laboratórios de Referência Municipal — LRM;

57
➢ VI — Laboratórios Locais — LL; e
➢ VII — Laboratórios de Fronteira — LF.

12.1 Biossegurança laboratorial

O Ministério da Saúde mantém atualmente 12 laboratórios localizados em


instituições de referência, construídos especificamente para realizar diagnósticos
laboratoriais em condições de nível de biossegurança 3 (NB3). Estes laboratórios de
contenção foram projetados com o propósito de aprimorar a capacidade tecnológica,
permitem uma maior autonomia na condução de ensaios diagnósticos que, devido à
sua complexidade, exigem condições especiais de segurança.
É relevante destacar que as atividades realizadas nos laboratórios de nível de
contenção 3 são baseadas em avaliações de risco. Essas consultas seguem os
parâmetros estabelecidos na classificação de agentes biológicos conforme a
legislação em vigor. Após a avaliação de risco, determine quais procedimentos devem
ser adotados ao lidar com amostras que possam exigir níveis mais elevados de
confinamento biológico.

12.2 Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL)

O Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) foi desenvolvido em


colaboração entre a Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública
(CGLAB/SVS/MS) e o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS). O GAL é uma solução computadorizada projetada para Laboratórios de
Saúde Pública, projetada para realizar exames e ensaios em amostras de origem
humana, animal e ambiental, seguem os protocolos estabelecidos pelo Ministério da
Saúde. Suas principais funcionalidades compreendem a gestão e o acompanhamento
de análises laboratoriais, desde o momento da solicitação até a solicitação do laudo
final; a geração de relatórios de caráter gerencial e de produção de exames nas Redes
de Laboratórios de Saúde Pública; a transmissão de informações laboratoriais para
outros sistemas por meio de uma interface; e o fornecimento de dados para embasar
as decisões das autoridades de vigilância em níveis nacional, estadual e municipal.

58
13 CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em suas diversas modalidades


desempenham um papel fundamental na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). São
serviços de saúde abertos à comunidade, compostos por equipes multiprofissionais
que adotam uma abordagem interdisciplinar. Sua principal missão é oferecer
atendimento prioritário a pessoas que enfrentam sofrimento ou transtorno mental,
incluem aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em
uma determinada área geográfica. Esses serviços atuam tanto em crises quanto em
processos de reabilitação psicossocial, e representam uma alternativa ao modelo
asilar.
O Brasil é reconhecido como o único país do mundo com uma população de
mais de 100 milhões de habitantes que possui um sistema de saúde público, gratuito,
universal, igualitário e abrangente para toda a sua população. Para garantir a
eficiência e a eficácia desse sistema, é essencial que ele seja organizado de forma
envolvida, considera a vasta extensão territorial do país. A Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB) estabelece princípios e diretrizes fundamentais que orientam
o funcionamento de todo o sistema de saúde. As disposições contidas na definição de
atenção básica, conforme previsto no artigo 2º da Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), orienta e estrutura todas as ações desenvolvidas pela atenção primária à
saúde no Brasil:

A atenção básica é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e


coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico,
tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância
em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão
qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em
território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade
sanitária (BRASIL, 2017).

Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados em 2008 pelo


Ministério da Saúde com o propósito de respaldar a consolidação da Atenção Básica
no Brasil, expandem os recursos de saúde disponíveis na rede de serviços e
aprimoram a eficácia, a amplitude e o alcance das ações.
A Estratégia Consultório na Rua foi instituída em 2011 pela Política Nacional
de Atenção Básica, ampliaram o acesso da população em situação de rua aos
cuidados de saúde, proporcionaram assistência abrangente e oportuna para esse
59
grupo vulnerável, esses laços familiares estão frequentemente rompidos ou
fragilizados.
O Brasil já realizou avanços inovadores na melhoria da atenção básica ao longo
dos anos desde a criação do SUS. No entanto, a estabilidade alcançada pelo SUS,
resultado do desenvolvimento de políticas e programas que expandem os serviços de
saúde para a população, agora enfrenta desafios e incertezas. É fundamental
fortalecer o sistema, aumenta os investimentos em vez de reduzi-los, uma vez que o
SUS desempenha um papel vital na sustentação das ações e serviços de saúde no
país (OLIVEIRA, 2019).

14 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE — SIS

Os Sistemas de Informação da Saúde (SIS) são compostos por uma estrutura


capaz de garantir a obtenção e a transformação de dados em informação, em que há
profissionais envolvidos em processos de seleção, coleta, classificação,
armazenamento, análise, divulgação e recuperação de dados (FRANCO, 2003).
Para profissionais da saúde, o envolvimento na construção de instrumentos de
coletas, treinamentos para captação correta dos dados e o processamento dos
sistemas de informação em saúde representam ferramentas padronizadas para a
coleta e monitoramento de dados, fornecem informações que possam ser
comprovadas para uma compreensão mais aprofundada dos principais problemas de
saúde da população. Isso, por sua vez, auxilia na tomada de decisões em níveis
municipal, estadual e federal.
No contexto brasileiro, o Departamento de Informática do SUS (DATASUS)
desempenha um papel de relevância fundamental no gerenciamento do processo de
informação em saúde, conforme indicado por FRANCO (2003).

➢ Fomentar, regulamentar e avaliar as ações de informatização do SUS,


direcionadas para a manutenção e o desenvolvimento do sistema de
informações em saúde e dos sistemas internos de gestão do Ministério;
➢ Desenvolver, pesquisar e incorporar tecnologias de informática que
possibilitem a implementação de sistemas e a disseminação de informações

60
necessárias às ações de saúde, em consonância com as diretrizes da Política
Nacional de Saúde;
➢ Manter o acervo das bases de dados necessárias ao sistema de informações
em saúde e aos sistemas internos de gestão institucional;
➢ Assegurar aos gestores do SUS e órgãos congêneres o acesso aos serviços
de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério;
➢ Definir programas de cooperação técnica com entidades de pesquisa e ensino
para prospecção e transferência de tecnologia e metodologia de informática em
saúde, sob a coordenação do Secretário-Executivo;
➢ Apoiar estados, municípios e o Distrito Federal na informatização das
atividades do SUS.

14.1 DATASUS — Departamento de informática do SUS.

O DATASUS, que surgiu em 1991 com a criação da Fundação Nacional de


Saúde (Funasa), teve sua origem na transferência da função de controle e
processamento das contas relacionados à saúde da Empresa de Tecnologia e
Informações da Previdência Social (DATAPREV) para a Funasa. A criação e
atribuições do DATASUS foram formalizadas na época, com a responsabilidade de
fornecer aos órgãos do SUS sistemas de informação e suporte de informática
essenciais para o planejamento, operação e controle do sistema de saúde (BRASIL,
2020).
Ao longo de quase 25 anos de existência, o DATASUS desenvolveu mais de
200 sistemas que desempenham um papel crucial no auxílio ao Ministério da Saúde
na construção e fortalecimento do SUS. Atualmente, o Departamento desempenha
um papel significativo na oferta de soluções de software para as secretarias estaduais
e municipais de saúde, adapta continuamente seus sistemas às necessidades dos
gestores e incorporando novas tecnologias, à medida que a descentralização da
gestão se consolida (BRASIL, 2020).
O DATASUS opera duas salas-cofre, uma em Brasília e outra no Rio de
Janeiro, que abrigam servidores de rede que hospedam a maioria dos sistemas do
Ministério da Saúde. Além disso, a estrutura de armazenamento de dados
(STORAGE) do Departamento consegue armazenar informações de saúde de toda a

61
população brasileira. O DATASUS também disponibiliza links em várias cidades do
Brasil, com conexões a todos os Núcleos Estaduais do Ministério da Saúde, Funasa,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Casa do Índio e às 27 secretarias
estaduais de saúde (BRASIL, 2020).

14.2 Principais sistemas do DATASUS

Sistema de Informações sobre Mortalidade — SIM

O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), criado pelo Ministério da


Saúde em 1975, resultou da unificação de mais de 40 modelos de instrumentos que
eram usados ao longo dos anos para coletar informações sobre mortalidade no país.
Este sistema inclui variáveis que possibilitam, a partir da causa de morte atestada por
médicos, criar indicadores e realizar análises epidemiológicas que afetam para uma
gestão mais eficaz da saúde.
Em 1979, o SIM foi informatizado. Posteriormente, com a implementação do
Sistema Único de Saúde (SUS) e a descentralização das responsabilidades, a coleta
de dados passou a ser de competência dos estados e municípios, por meio de suas
Secretarias de Saúde locais.
O SIM desempenha um papel fundamental na obtenção de dados quantitativos
e qualitativos sobre óbitos em todo o Brasil, é uma ferramenta de gestão de saúde de
grande importância. No âmbito federal, sua gestão é atribuída à Secretaria de
Vigilância à Saúde.

14.3 Sistema de Informações de Nascidos Vivos — SINASC

O DATASUS desenvolveu o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos


(SINASC) visa reunir informações epidemiológicas referentes aos nascimentos
informados em todo território nacional. Sua implantação ocorreu de forma lenta e
gradual em todas as Unidades da Federação.

62
14.3.1 Benefícios

➢ Subsidiar as intervenções relacionadas à saúde da mulher e da criança para


todos os níveis do Sistema Único de Saúde (SUS);
➢ Ações de atenção à gestante e ao recém-nascido;
➢ O acompanhamento da evolução das séries históricas do SINASC permite a
identificação de prioridades de intervenção, o que contribui para efetiva
melhoria do sistema.

14.3.2 Funcionalidades

➢ Declaração de nascimento informatizada;


➢ Geração de arquivos de dados em várias extensões para análises em outros
aplicativos;
➢ Retroalimentação das informações ocorridas em municípios diferentes da
residência do paciente;
➢ Controle de distribuição das declarações de nascimento (Municipal, Regional,
Estadual e Federal).
➢ Transmissão de dados automatizada utiliza a ferramenta SISNET gerando a
tramitação dos dados de forma ágil e segura entre os níveis municipal >
estadual > federal;
➢ Backup on-line dos níveis de instalação (Municipal, Regional e Estadual).

14.4 Sistema de Informação de Agravos de Notificação — SINAN

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é abastecido,


principalmente, por meio da notificação e investigação de casos de doenças e agravos
listados como compulsórios ao nível nacional. No entanto, estados e municípios têm
a opção de incluir outros problemas de saúde de relevância regional, como varicela
em Minas Gerais ou difilobotríase em São Paulo (BRASIL, 2017).
A utilização eficaz do SINAN possibilita a análise dinâmica da ocorrência de
eventos na população, fornece informações úteis para investigações das causas dos
agravos compulsórios, bem como identifica os riscos às quais as pessoas estão

63
expostas. Isso contribui para a compreensão da situação epidemiológica em uma
determinada área geográfica.
O SINAN pode ser operacionalizado em níveis administrativos locais, como nas
unidades de saúde, segue a descentralização preconizada pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). A maioria das notificações é inserida nos sistemas pelas Secretarias
Municipais de Saúde. Caso um município não disponha de recursos computacionais,
os dados serão inseridos nas regionais de Saúde (BRASIL, 2017).
A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida pelas unidades de
assistência de saúde para cada paciente quando há suspeita de um agravo
compulsório ou de interesse nacional, estadual ou municipal. Essas fichas são então
enviadas aos serviços responsáveis pela vigilância epidemiológica das Secretarias
Municipais de Saúde, que, por sua vez, repassam os dados para as Secretarias
Estaduais de Saúde (SES) em intervalos regulares, conforme cronograma previsto
pela SVS.
Se não houver suspeita de doença, as unidades de saúde devem preencher
um formulário de notificação negativa, que deverá ser entregue dentro dos mesmos
prazos estabelecidos para uma notificação positiva. Isso ajuda a garantir que os
profissionais de saúde e o sistema de vigilância estejam atentos à ocorrência desses
eventos e evitem subnotificações. Caso os municípios não forneçam dados ao SINAN
por dois meses consecutivos, os recursos do Piso de Assistência Básica são
suspensos.
Além da Ficha Individual de Notificação (FIN) e da Notificação Negativa, o
sistema também disponibiliza a Ficha Individual de Investigação (FII), a qual é um guia
de investigação que ajuda a identificar a fonte de infecção, os modos de transmissão
da doença e a transmissão. ou exclusão da suspeita. Além disso, planilhas de surtos
e boletins de acompanhamento de casos de hanseníase e tuberculose são usados
para coleta de dados (BRASIL, 2017).
A Portaria GM/MS n.º 47, de 3 de maio de 2016, estabelece os critérios para
monitoramento da regularidade na alimentação do Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN), do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) e
do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), a fim de manter os repasses de
recursos do Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS) e do Piso Variável de Vigilância
em Saúde (PVVS) do Bloco de Vigilância em Saúde.

64
A Portaria GM/MS n.º 1.378, de 9 de julho de 2013, regulamenta as
responsabilidades e define diretrizes para a execução e financiamento das ações de
Vigilância em Saúde nos âmbitos federal, estadual, distrital e municipal, referente ao
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
O Manual de Normas e Rotinas visa estabelecer um padrão para a utilização
do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) em todas as esferas do
governo.

14.5 Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações -SI-PNI

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem a responsabilidade de


centralizar as informações relacionadas à vacinação em todo o território nacional.
Para atender a esse propósito, são usados sistemas informatizados que simplificam o
monitoramento por parte dos gestores.
Desde 1994, o PNI adotava sistemas de informação com dados consolidados.
Isso fez com que os municípios realizassem suas atividades de imunização,
agregassem informações sobre as doses aplicadas e encaminhassem o total para o
Ministério da Saúde, inicialmente por meio do Sistema de Informação de Avaliação do
Programa de Imunização (API) e, posteriormente, por meio da versão web, o Sistema
de Informação de Avaliação do Programa de Imunizações (APIWEB).
Entretanto, esses dados, embora úteis para avaliar a cobertura vacinal,
quantidade de doses aplicadas e taxas de abandono, não permitem avaliar
informações previstas sobre as pessoas vacinadas, como sua localização geográfica
(uma vez que os dados enviados se referem às pessoas vacinadas em cada
município, e pode incluir indivíduos de outras localidades) ou a conformidade com os
esquemas de vacinação, entre outros aspectos.
Para solucionar essas limitações, o Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS-RJ) desenvolveu o Sistema de Informação Nominal do
Programa Nacional de Imunizações, conhecido como SIPNI. Este sistema permite o
registro de dados de forma individual e associados à procedência da pessoa vacinada.
Desta forma, possibilita acompanhar vacinados em diversas regiões do Brasil, bem
como a identificação da localização das pessoas a serem vacinadas com base em
seus dados cadastrais.

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Embora o SIPNI tenha sido implantado em 2010, sua adoção mais ampla foi
limitada pela falta de equipamentos de informática em todas as salas de vacina do
país. Os principais objetivos do SIPNI incluem:

➢ Objetivo geral: Registrar individualmente dados de vacinação de todos os


residentes do Brasil.
➢ Objetivos específicos: Fornecer dados sobre pessoas vacinadas; fornecer
dados sobre movimentação de imunobiológicos nas salas de vacinação; reduzir
erros de imunização; ser o único meio de transmissão de dados de vacinação
para o Programa Nacional de Imunizações;
➢ Público-alvo: Salas de vacina de todo o Brasil onde serão vacinadas todas as
pessoas do país; qualquer interessado em dados de imunização poderá ter
acesso a relatórios consistentes sobre pessoas vacinadas para qualquer
vacina;

14.6 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS — SIA

O SIASUS, Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, teve seu início em


1992 e implantado a partir de julho de 1994 nas Secretarias Estaduais de Saúde, como
parte da substituição dos sistemas GAP e SICAPS para o financiamento de
atendimentos ambulatoriais. Em 1996, seu uso foi ampliado às Secretarias Municipais
de Saúde, então conhecido como gestão semiplena, conforme a Norma Operacional
Básica de 1996.
A partir de 1997, o SIASUS passou a processar não apenas os Boletins de
Produção Ambulatorial (BPA) tradicionais, mas também um documento numerado e
autorizado denominado Autorização de Procedimento de Alta Complexidade (APAC).
Entre as funcionalidades do SIASUS estão:

➢ Coleta, processa e valida dados apresentados pelas Unidades Prestadoras de


Serviço;
➢ Gera informações gerenciais às Secretarias de Saúde Municipais e Estaduais;
➢ Calcula o valor da produção aprovada para cada Unidade Prestadora de
Serviço;

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➢ Auxilia o pagamento em função da programação físico-financeira;
➢ Gera mensalmente informações para o crédito bancário;
➢ Atualiza o banco de dados nacional do SUS (BD Nacional);
➢ Produz relatórios com informações detalhadas que auxiliam os processos de
Controle, Avaliação e Auditoria;
➢ Gera os arquivos compatíveis com diversos aplicativos como TABNet e
TABWin

14.7 Sistema de Informações Hospitalares do SUS — SIH

Criado em agosto de 1981, na cidade de Curitiba, como substituto do sistema


GIH (Guia de Internação Hospitalar), o amplamente conhecido “Sistema AIH” entrou
em operação em 1982 e posteriormente passou por várias plataformas em
mainframes UNISYS e ABC-BULL durante sua fase de processamento centralizado.
A finalidade da AIH, que faz parte do Sistema SIHSUS, é registrar todos os
atendimentos provenientes de internações hospitalares financiadas pelo SUS. A partir
desses registros, são gerados relatórios que permitem aos gestores efetuar os
pagamentos aos estabelecimentos de saúde. Dentre as principais funcionalidades do
AIH estão:

➢ Possibilita a avaliação do desempenho e condições sanitárias, através das


taxas de óbito e de infecção hospitalar informadas no sistema;
➢ Fornece informações para a programação do orçamento dos estabelecimentos;
➢ Criada funcionalidade de “Geração de Histórico” que permite ao Gestor diminuir
o volume do banco de produção, otimiza o processamento;
➢ Criada funcionalidade para gerar relatórios a partir do histórico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único
de Saúde — SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação
interfederativa, e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm.
Acesso 22 set. 2023.

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o § 3.º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos
a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de
rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização,
avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo;
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de
27 de julho de 1993; e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm. Acesso em: 22 set. 2023.

BRASIL. Lei n.º 13.427, de 30 de março de 2017. Altera o art. 7º da Lei n.º 8.080, de
19 de setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências”, para inserir, entre os
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), o princípio da organização de
atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de
violência doméstica em geral. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13427.htm. Acesso em:
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a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes, instituindo o Sistema Único de Saúde (SUS).
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