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DA GESTÃO PÚBLICA
EM SAÚDE
GUIA PRÁTICO
DA GESTÃO PÚBLICA
EM SAÚDE
Prefácio
Prof. Gastão Wagner de Sousa Campos
G94
Guia prático da gestão pública em saúde / Antonio Carlos Pereira...[ et. al.]. Piracicaba,
SP : ADM Gestão em Educação e Saúde (Ed), 2017.
ISBN 978-85-54819-00-2
Organizadores:
Gigli Testoni
Cirurgiã-dentista. Especialista em Odontologia em Saúde Coletiva pela ABO/RS. Especialista
em Informação e Educação Popular em Saúde pela ESP/RS. Mestranda no Mestrado Profissional
em Saúde Coletiva Faculdade de Odontologia de Piracicaba - FOP/UNICAMP.
PREFÁCIO..................................................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 10. Com quem eu posso contar? A importância das instâncias deliberativas......................... 279
CAPÍTULO 12. Vigilância em Saúde. Fique de olho no seu município! Vigiar ou proteger?..................... 307
CAPÍTULO 13. Para acompanhar e avaliar a qualidade do meu serviço, o que eu faço?
Monitoramento e Avaliação............................................................................................................................. 331
CAPÍTULO 14. Há outras maneiras de cuidar! Como as Práticas Integrativas podem ajudar?................ 369
CAPÍTULO 15. Como realizar as compras públicas em saúde? “As Licitações”......................................... 403
CAPÍTULO 18. Minha população precisa de cuidados especializados: como proceder?.......................... 481
CAPÍTULOS.............................................................................................................................................................. 577
COLABORADORES............................................................................................................................................... 585
10
Conteúdo programático:
1. Introdução - Sistema Único de Saúde;
2. Breve história das políticas públicas de saúde no Brasil;
3. Aspectos contemporâneos do SUS;
4. Avanços e desafios do SUS.
Leituras obrigatórias:
• Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Ciência e Tecnologia em Saúde. Para
entender a gestão do SUS. Brasília: CONASS; 2007. 166p.
• Paim JS. O que é o SUS? Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2009.
• Guerra LM, Cavalcante DFB, Delgado MAS, Catandi MDD. Política pública de saúde no
brasil: antecedentes e perspectivas. In: Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim
MC, organizadores. Gestão pública em saúde: fundamentos e práticas. Águas de São Pedro:
Livronovo; 2016. Cap.1, p.17-48.
• Associação Paulista de Medicina. SUS: o que você precisa saber. São Paulo: Atheneu; 2006.
Atividade recomendada
1 Qual a lógica adotada pelo Estado para a execução dos serviços de saúde durante a ditadura
militar? A quem “servia” tal lógica?
2 No desenvolvimento do SUS foram elaboradas e regulamentadas importantes inovações no
sentido de se alcançar maior eficiência e qualidade nas respostas do Sistema. O pacto pela
Saúde, em 2006, e a Lei 7508, em 20011, são exemplos disso. Comente esses dois instrumentos
na perspectiva histórica da evolução do SUS.
“Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com um país de pessoas, de carne e sangue, de
mil-e-tantas misérias...Tanta gente – dá susto de saber – e nenhum se sossega: todos nascendo,
crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante,
querendo chuva e negócios bons...”
(Grande Sertão: veredas. Guimarães Rosa, 1956.)
ATENÇÃO!
A seguir, descreveremos a atenção básica para que você
possa melhor compreendê-la.
• Integral, porque, do ponto de vista da organização das ofertas, deve pensar o cuidado e a
assistência de forma integrada entre os diversos níveis de complexidade (Atenção Primária,
Atenção Especializada e Atenção Hospitalar) e, do ponto de vista do cuidado, deve promover
uma visão holística do usuário, isto é, ouvir e entender o seu contexto social e, a partir disso,
atender suas demandas e necessidades.
• Universal, porque todo cidadão têm o seu acesso garantido aos serviços de saúde, sem qualquer
tipo de discriminação (raça, cor, vínculo empregatício, opção sexual, classe social entre outros)
e de acordo com a sua necessidade de saúde.
• Gratuito, porque com a constituição de 1988 todo brasileiro passa a ter direito à saúde sem
custos, afinal todo brasileiro já contribui para o financiamento do sistema através dos impostos.
Universalidade
Historicamente quem tinha direito à saúde no Brasil eram apenas os trabalhadores com vín-
culo empregatício. Com o SUS isto é diferente, a saúde é um direito de cidadania de todas as
pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito. Neste sentido, o acesso às ações e serviços deve
ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras
características sociais ou pessoais.
Equidade
O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas, isso não significa que a equidade seja
sinônimo de igualdade. Apesar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por
isso, têm necessidades diferentes. Equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo
mais onde a carência é maior. Para isso, a rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais
da população a ser atendida. A equidade é um princípio de justiça social.
Integralidade
O princípio da integralidade significa considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as
suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde,
a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Ao mesmo tempo, o princípio da integra-
lidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, como forma de assegurar
uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade
de vida dos indivíduos.
Regime Militar
Figura 8.
Com o regime autoritário de 1964 vencendo as resistên- Filme “O dia que durou
cias a tal unificação por parte das categorias profissionais, 21 anos”
o governo unificou todo o sistema previdenciário, os IAPs e
outros órgãos, criando assim o Instituto Nacional de Previ-
dência Social (INPS). Assim, o governo colocou toda a gestão
e contribuição da assistência medica previdenciária sob sua
exclusiva tutela, ao contrário do que acontecia anteriormente,
gerindo assim todas as aposentadorias, pensões e assistências
medicas dos trabalhadores (Pereira, 2009).
Reforma Sanitária
A população que não tinha dinheiro e nem carteira assi- Figura 10.
nada continuava dependente de atenção filantrópica, ou não Movimento
tinham acesso à assistência à saúde, sendo este um dos fa- da reforma sanitária
tores que culminou com o Movimento de Reforma Sanitária
que ganhou força a partir do início da década de 80 contando
com a participação sujeitos sociais na discussão das condi-
ções de vida da população e das propostas de governo para
o setor, contribuindo para um amplo debate que permeou a
sociedade civil, cujas principais bandeiras eram: 1) a melhoria
das condições de saúde da população; 2) o reconhecimento
da saúde como direito social universal; 3) a responsabilidade
estatal na provisão das condições de acesso a esse direito; 4)
a reorientação do modelo de atenção, sob a égide dos princí-
Fonte: Santos, 2015.
pios da integralidade da atenção e da equidade; 5) a reorgani-
zação do sistema com a descentralização da responsabilidade
pela provisão de ações e serviços (Filkeman, 2002).
SUDS
O Sistemas Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) Figura 12.
foi uma iniciativa do próprio INAMPS no sentido de univer- SUDS
salizar a sua assistência que até então beneficiava apenas os
trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e
seus dependentes. Constitui-se num aprofundamento do Pla-
no das Ações Integradas de Saúde AIS (o qual teve inicio em
1983 e propunha integrar os serviços públicos de saúde, des-
centralizar o sistema de assistência médica, e criar uma “por-
ta de entrada” para o sistema através de uma rede básica de
serviços de saúde). No período SUDS, as mudanças ocorridas
na esfera federal tiveram os estados da união como executo-
res, assim o que estava no nível federal pôde ser descentrali-
zado até os estados. O SUDS tinha como principais diretrizes: Fonte: Lombardo, 2017.
a universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde;
integralidade dos cuidados assistenciais; descentralização das ações de saúde; implementação de
distritos sanitários. Incluía a redução da máquina previdenciária do nível estadual, a transferência
dos serviços de saúde para os estados e municípios No entanto, durante o SUDS não se alterou o
modelo assistencial, além do mais, havia a dificuldade imposta pela falta de uma política de finan-
ciamento por parte do INAMPS capaz de atender à demanda dos Estados e municípios.
Constituição Cidadã
Figura 14.
Traz também em seu Art. 198. As ações e serviços públi-
Brasil pavilhão em círculo
cos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarqui-
zada e constituem um sistema único, organizado de acordo
com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção
única em cada esfera de governo; II - atendimento integral,
com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo
dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade.
A constituição faz menção à integralidade de assistência,
entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações
preventivas e curativas, individuais e coletivas, exigidas para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema. A
Constituição cidadã é vista como um marco histórico e social
Fonte: https://pixabay.com/pt
e faz com que a saúde receba proteção jurídica diferenciada CC0 – Creative Commons
na ordem jurídico-constitucional brasileira (Brasil, 2000)
Atenção básica (AB) – como eixo norteador de modelo de atenção à saúde para o SUS
A Declaração de Alma-Ata em 1978, no seu item VI, define cuidados primários à saúde como:
Esta aponta para a necessidade de sistemas de saúde universais organizados a partir da Aten-
ção Primária à Saúde (Atenção Básica), uma vez que propõe a instituição de serviços locais de
saúde centrados nas necessidades de saúde da população e tendo por base a perspectiva interdis-
ciplinar com o envolvimento médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares e agentes comunitários,
bem como a participação social na gestão e controle de suas atividades (Matta, 2005).
No Brasil, a estruturação da atenção básica se deu na década de 1990, com a municipalização
do SUS a partir de incentivos do Ministério da Saúde através de normatizações e financiamento.
Todavia, foi somente através da Portaria 648/GM de 28 de março de 2006 que a Política Nacional
de Atenção Básica – PNAB - foi instituída, definindo a Atenção Básica como:
De acordo com Barbara Starfiel (2002) “a atenção primária é um conjunto de tarefas ou ativi-
dades clínicas exclusivas; virtualmente, todos os tipos de atividades clínicas (como diagnóstico,
prevenção, exames, várias estratégias para o monitoramento clínico) são características de todos
os níveis de atenção”. Em vez disso, a atenção primária é uma abordagem que forma a base e de-
termina o trabalho de todos os outros níveis do sistema de saúde.
Segundo esta mesma autora, as principais características da atenção primária à saúde (APS) são:
1. Porta de entrada preferencial do sistema de saúde — por estarem mais próximos dos locais de
moradia das pessoas, os serviços de atenção básica devem ser os mais acessíveis à população,
portanto, espera-se que sejam os primeiros recursos a serem buscados por elas.
2. Continuidade do cuidado — a longitudinalidade do cuidado se faz através do vínculo do serviço
com as pessoas, com as famílias e com a comunidade. O vínculo permite que os profissionais
de saúde se responsabilizem pelas questões sanitárias e epidemiológicas do seu território,
buscando construir estratégias de cuidado, individual e coletivo, que condizem com a realidade
e necessidades de saúde da população. Longitudinalidade vem da palavra longitudinal e é
definida como “lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou grupos no decorrer
de um período de anos” (Starfield, 2002).
3. Integralidade — o cuidado não se restringe ao corpo puramente biológico, neste sentido, o
conceito de cuidado se amplifica para outros fatores que interferem nas condições de saúde
do indivíduo e da coletividade, os tais determinantes sociais de saúde e fatores de risco. Assim,
a atenção básica busca a integração com os demais serviços do sistema de saúde e outros
setores da sociedade para a ampliação das possibilidades da assistência e do cuidado. Mesmo
que parte deste cuidado seja referenciado a outros níveis da assistência, o serviço da atenção
básica continua corresponsável pelo acompanhamento das pessoas que estão no território de
sua abrangência. Podem lançar mão de estratégias como visitas domiciliares, reuniões com a
comunidade e ações intersetoriais, por exemplo.
De acordo com a Portaria Nº 4.279 (Brasil, 2010), que estabelece diretrizes para a organiza-
ção da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a integralidade do
cuidado se dá tanto horizontal quanto verticalmente, pautada na teoria econômica e associada às
concepções relativas às cadeias produtivas, sendo:
Integração Vertical - consiste na articulação de diversas organizações ou unidades de pro-
dução de saúde responsáveis por ações e serviços de natureza diferenciada, sendo complementar
(agregando resolutividade e qualidade neste processo).
Integração Horizontal - consiste na articulação ou fusão de unidades e serviços de saúde
de mesma natureza ou especialidade. É utilizada para otimizar a escala de atividades, ampliar a
Em 1987, ocorreu no Ceará uma experiência com Agentes Comunitários de Saúde, como uma
oportunidade de emprego às mulheres das regiões da seca e estratégia de cuidado para diminuir
a mortalidade infantil nesta região do Brasil. Rapidamente esta proposta se expandiu para outros
municípios do Estado e o Ministério da Saúde assumiu o mesmo como sendo uma estratégia de
reorganização da atenção básica e parte da construção do SUS em 1998 por meio da incorporação
do Programa de Agentes Comunitários (PACS) ao Programa de Saúde da Família (PSF) (Avila, 2011).
Essa estratégia proporcionou o acesso e a universalização do cuidado, desenvolvendo ações
e relações de vínculo com a comunidade, assim como também o acompanhamento de ações em
saúde. Tem-se que o agente comunitário de saúde (ACS) necessita residir na própria comunidade
de atuação de sua equipe de saúde para, desta maneira, ser capaz de produzir informações para o
dimensionamento dos principais problemas a serem cuidados (Avila, 2011).
Com a criação do PSF, em 1994, os ACS podem estar vinculados em duas situações distintas
na Atenção Básica:
• Ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família;
• Ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe multiprofissional.
Lavras (2011) pondera que, embora o impacto da utilização desta estratégia em âmbito nacio-
nal tenha sido muito variável, em especial quando se comparam municípios de pequeno e grande
porte, é indiscutível a sua importância na disseminação dos pressupostos que fundamentam a
atenção básica, estes explicitados no texto que compõe o anexo da Portaria 648/GM de 28 de
março de 2006, que instituiu a Política Nacional de Atenção Básica.
Além de definir atenção básica, o texto apresenta como pressuposto primordial a consideração
do sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sociocultural,
bem como busca a promoção de sua saúde, a prevenção de doenças, o tratamento das mesmas e
a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer as possibilidades de um modo de
vida saudável. Assim, Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua
organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde (Brasil, 2006b).
A Saúde da Família, pensada e estruturada inicialmente como um programa, passou a ser
considerada pelo Ministério da Saúde como uma estratégia estruturante dos sistemas municipais
de Saúde em 1994. Uma vez que tem como proposição a reorientação do modelo de atenção,
“A Estratégia Saúde da Família (ESF) é composta por equipe multiprofissional que possui, no mí-
nimo, médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade,
enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem
e agentes comunitários de saúde (ACS). Pode-se acrescentar a esta composição, como parte da
equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal (ou equipe de Saúde Bucal-eSB): cirur-
gião-dentista generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em Saúde
Bucal.
O número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo
de 750 pessoas por agente e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família, não ultrapassando o limite
máximo recomendado de pessoas por equipe.
Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas de uma
determinada área, que passam a ter corresponsabilidade no cuidado com a saúde.
A carga horária é de 40 horas semanais para todos os profissionais de saúde cadastrados na Estra-
tégia Saúde da Família, exceto o profissional médico que poderá atuar em, no máximo duas (02)
equipes, pois poderá ser contratado por 20 ou, até, 30 horas semanais.
Na jornada de 40 horas deve-se observar a necessidade de dedicação mínima de 32 horas da
carga horária para atividades na equipe de Saúde da Família podendo, conforme decisão e prévia
autorização do gestor, ser dedicada, até, oito (08) horas do total da carga horária para prestação
de serviços na Rede de Urgência e Emergência do município, ou para atividades de apoio matricial
(link para NASF), qualificação e/ou educação permanente, como a especialização em saúde da
família, residência multiprofissional e/ou de medicina de família e de comunidade.”
As atribuições dos profissionais das equipes de Saúde da Família, de saúde bucal e de Agentes
Comunitários de Saúde estão previstas na Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 (Brasil,
2011b).
Ao longo desse texto você conheceu a luta política pela garantia ao direito à saúde e o im-
portante papel do Movimento pela Reforma Sanitária para a criação do SUS - sistema de saúde
brasileiro que por ter tido início em um contexto político e econômico desfavorável de promoção à
ideologia neoliberal, enfrenta desde a sua criação grandes desafios pela garantia de uma cobertura
universal e equitativa (Paim et al., 2011).
O primeiro deles, não mais importante que os outros, surge por conta de transformações nas
características demográficas e epidemiológicas da população do Brasil, isto faz com que haja uma
transição também no modelo de atenção à saúde, deixando o mesmo de ser centrado nas doenças
agudas e passando, necessariamente, a atuar na promoção intersetorial da saúde e na integração
dos serviços de saúde por meio das redes de atenção à saúde (Duarte e Barreto, 2012). Veja isso
com maior aprofundamento nos próximos capítulos do livro.
Para que o SUS avance ainda mais no âmbito dos direitos sociais conquistados, ainda é ne-
cessário que sejam consolidados mecanismos que atendam às necessidades mais imediatas da
população, tais como: diminuição das filas, ampliação da qualidade das ofertas e aumento da
resolubilidade nos serviços de saúde. Desta forma, gerindo o cuidado em saúde por meio do esta-
belecimento e fortalecimento de pactuações de integração dos serviços e das instâncias de gestão,
no sentido da qualificação de ofertas que correspondam às necessidades de saúde loco-regionais
(Schneider et al., 2007).
Outro desafio diz respeito à estrutura financeira desse sistema e a uma revisão profunda das
relações público-privadas. Uma vez que, embora o financiamento federal tenha aumentado desde
o início da última década, a porcentagem do orçamento federal destinada ao setor de saúde não
cresceu. Isto expões diariamente as restrições de financiamento, infraestrutura e recursos huma-
nos dentro do sistema (Paim et al., 2011).
Série [vídeos] SUS [acesso 2017 jun 07]. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/
UC7p_rNpzJmlIQp2xFMMtk_g/videos
Ciência e Letras - Reforma Sanitária Brasileira [vídeo]. Publicado em: 2012 abr 27 [acesso 2017 jun
07]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5HhUyf4N0sI
Paim J. Vídeo aula 1 – Parte 1 - Reforma Sanitária: trajetória e rumos do SUS [vídeo]. Publicado
em: 2015 jan 23 [acesso 2017 jun 07]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?-
v=PRssz1_wcEU
Paim J. Vídeo aula 1 – Parte 2 - Reforma Sanitária: trajetória e rumos do SUS [vídeo]. Publicado
em: 2015 jan 23 [acesso 2017 jun 07]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?-
v=o2ESpAg9FG4
Wagner G. Os desafios do SUS – Palestra do Prof. Gastão Wagner (UNICAMP) – Fiocruz-PE – Parte
1 de 3 [vídeo]. Publicado em: 2014 abr 29 [acesso 2017 jun 07]. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=mMpZk39T3No
Wagner G. Os desafios do SUS – Palestra do Prof. Gastão Wagner (UNICAMP) – Fiocruz-PE – Parte
2 de 3 [vídeo]. Publicado em: 2014 abr 29 [acesso 2017 jun 07]. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=jwS-37dNdng
Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990 [acesso 2017 maio 18]. Dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências [internet]. Diário Oficial da União. 1990a
set 20. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm.
Brasil. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro 1990 [acesso 2017 mar 18]. Dispõe sobre a participação
da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as transferências inter-
governamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências [internet].
Diário Oficial da União. 1990b dez 28. Disponível em: http://www.conselho.saude.gov.br/
legislacao/lei8142.htm
9. Referências
100 anos de Ulysses Guimarães. Fato & Notícia, Mato Grosso, 2016 out 06 [acesso 2017 jun 06].
Disponível em: http://fatoenoticia.com.br/100-anos-de-ulysses-guimaraes/
Abreu C. A revolta da vacina [internet]. Publicado em: 2004 nov 29 [acesso 2017 jun 06]. Disponí-
vel em: http://chc.org.br/a-revolta-da-vacina-2/
Abrucio FL, Benevides MV. Reforma política e federalismo: desafios para a democratização bra-
sileira. In: Benevides MV, Vannuchi P, Kerche F, organizadores. Reforma política e cidadania.
São Paulo: Fundação Perseu Abramo; 2003. p.225-65.
Almeida ER, Germany H, Firmiano JGA, Martins AF, Dias AS. Projeto Mais médicos para o Brasil:
a experiência pioneira do apoio institucional no Ministério da Educação. Tempus Actas Saude
Colet [internet]. 2015 [acesso 2017 jun 06]; 9(4): 49-66. Disponível em: http://www.tempu-
sactas.unb.br/index.php/tempus/article/view/1758/1472
Conteúdo Programático
1. Planejar em saúde - conceitos
2. Planejamento Normativo e o Planejamento Estratégico Situacional
3. Planejar em saúde – como fazer?
4. Entendendo as siglas do planejar no SUS
5. Planejamento no SUS e Determinações legais
6. Alguns métodos e ferramentas para elaboração de planos de saúde
7. Com quem nos relacionamos na elaboração de planos de saúde
8. Considerações temporárias do capítulo
9. Referências Bibliográficas
Leitura Obrigatória
Santos Neto JA, Costa SL, Kunihiro S, Cavalcante DFB. Planejamento e programação em saúde. In:
Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública em
saúde: fundamentos e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016. cap.5, p.139-69.
Leitura Complementar
Campos GWS. Saúde Paideia. 3ª ed. São Paulo: Hucitec, 2013, 189p.;
Cosser A [et al]. Manual de práticas de atenção básica: saúde ampliada e compartilhada. Organi-
zadores: Gastão Wagner de Sousa Campos e André Vinícius Pires Guerrero. 3ª ed. São Paulo:
Hucitec, 2013, 411p.
Merhy EE. Saúde a cartografia do trabalho vivo. 4ª ed. São Paulo: Hucitec, 2014, 187p.
Atividade Recomendada
Para fixar o conteúdo deste capítulo propomos que elabore um Planejamento em Saúde:
1) Descreva uma situação problema.
2) A partir deste problema, identifique: causas e consequências
3) Identifique o cenário onde este problema acontece
4) Identifique quais são os atores sociais envolvidos neste problema
5) Elabore critérios para elencar prioridades
6) Proponha ações que levaram a correção deste problema
7) Descreva como irá aferir estas ações
8) Descreva meta que quer atingir
9) Defina o tempo deste plano
10) Defina os recursos que irá utilizar neste plano (financeiros, estruturais, físicos,
11) Defina o responsável pelo plano
12) Defina prazos de monitoramento, avaliação e controle.
1. Planejar em saúde
Ao iniciarmos este caminhar as primeiras perguntas que nos vem em mente são: O que é pla-
nejar?, E para que serve planejar?, Quem planeja?, Como se planeja? e Quando se planeja?
Planejar pode ser entendido como organização de ações transformadoras, ações que modifi-
cam de forma intencional condições insatisfatórias no presente em acontecimentos e circunstân-
cias mais adequadas (Chorny, 1998; Paim, 2006; Universidade Aberta do SUS - UNA-SUS, 2016).
Para Carlos Matus, pode ser considerado como:
“(...) pensar antes de agir, pensar sistematicamente, com método; explicar cada uma das possibi-
lidades e analisar suas respectivas vantagens e desvantagens; propor-se objetivos. É projetar-se
para o futuro, porque as ações de hoje terão sido eficazes, ou ineficazes, dependendo do que pode
acontecer amanhã e do que pode não acontecer. O Planejamento é a ferramenta para pensar e
criar o futuro porque contribui com um modo de ver que ultrapassa as curvas do caminho e chega
à fronteira da terra virgem ainda não palmilhada e conquistada pelo homem. Essa visão ampla
serve como suporte das decisões de cada dia: os pés no presente e o olhar no futuro” (Huertas,
1996, p.31).
O planejamento traz chances de maiores acertos, de melhores resultados, de se fazer algo com
sentido, objetivando uma mudança, definindo um rumo a ser perseguido (um norte).
Um dos valores de uso do planejamento pode ser entendido como uma ação social que visa à
transformação de uma situação, sendo um importante instrumento de trabalho dos profissionais
e gestores em saúde, uma vez que contribui para a identificação dos problemas e na definição
de intervenções eficientes e eficazes (Brasil, 2009, 2013d, 2015b, 2016d; Campos, 2000; Merhy e
Franco, 2003; Merhy, 2014), ou ainda, como “(...) um instrumento de ação governamental para a
formação de políticas públicas, buscando intervir nos processos socioeconômicos” (Buss e Pelle-
grini Filho, 2007; Matus, 1996 e 1997; UNA-SUS, 2016).
Em saúde, este planejar deve estar sempre pautado nos cenários, considerar/ contar com os
atores sociais para pactuação das ações que visam as soluções de problemas ou para se atingir
uma situação de saúde desejada (Brasil, 2009, 2013d, 2015b, 2016d; Campos, 2000; Merhy e Fran-
co, 2003; Merhy, 2014). Mas ao se falar de problema de saúde e necessidade de saúde vale destacar
a distinção conceitual entre eles, a saber:
“Problema de saúde corresponde a um estado de saúde julgado como deficiente pelo indivíduo,
pelo profissional da saúde ou pela coletividade, em comparação tanto com as normas subjetivas e
implícitas, quansto com as normas objetivas e explícitas.
Necessidade de saúde revela, em dado momento, uma lacuna a ser preenchida entre uma situa-
ção desejada e uma situação real em termos de saúde, geralmente no quadro de um processo de
planejamento” (Pineault, 2016).
Diagnósticos bem elaborados favorecem a elaboração de planos de saúde que tendem a alcan-
çar melhores resultados (Brasil, 2013c, 2013d, 2015b, 2016d).
Mas quem são os sujeitos que participam do planejamento? Estes sujeitos são seres incom-
pletos, dotados de contradição, determinados por forças internas e externas, dispostos ao acaso
e com capacidade de agir ou reagir na contracorrente destes múltiplos fatores (Campos, 2000).
Estes sujeitos são atores sociais que desempenham papéis dentro dos cenários de práxis na saúde,
evidenciando-se o movimento, a dinamicidade e a complexidade contidos nos processos de pla-
nejamento em saúde.
O documento que registra o planejamento, ou o produto desse processo, é definido por Matus
(1996), como um plano, o qual está sempre em construção, podendo ser modificado de acordo
com as necessidades encontradas. Assim, o planejamento é dinâmico, principalmente na área da
saúde, que visa objetivos complexos e que dependem de pactos entre gestores e sociedade civil
(UNA-SUS, 2016). Vejamos:
(...) um problema deve ser: a) claro e preciso - todos os conceitos e termos usados em sua enun-
ciação não podem causar ambiguidades ou dúvidas; b) empírico – ou seja, observável na realidade
social do seu contexto de atuação, através de técnicas e métodos apropriados; c) delimitado; d)
passível de solução - é necessário que haja maneira de produzir uma solução para o problema
dentro de critérios metodológicos e de cientificidade (Gil, 2002).
No decorrer do percurso deste capítulo, e nos demais capítulos deste livro, iremos abordar
como fazer, os sujeitos que elaboram, por que se planeja e quando se planeja, ferramentas que
contribuem destacando o normativo, o determinado pelas regras do SUS, assim como aquilo que
a experiência nos permite evidenciar.
Resgate de Mantêm o enfoque estratégico e res- Autores da Escola Dec. 90 até atua-
potencialidade gata o aspecto comunicativo, com Nacional de Saúde lidade
comunicativa do base na teoria do agir comunicativo Pública Javier Uribe
Planejamento (TAC) de Habermas, com foco na Rivera, Elizabeth
Estratégico gestão pela escuta, com práticas de Artmann e Edmun-
argumentação, negociação, redes de do Gallo
conversação, reforço à liderança, com
certa influência da gestão organiza-
cional.
Aprimoramento Ênfase nas condições para uma abor- Autores ligados ao Dec. 90 até atua-
da técnica de dagem mais integrada e coordenada Departamento de lidade
Planejamento das multidisciplinaridades de trabalho Medicina Preventiva
em equipe, com ações programáticas e Social da UNI-
para além de um recorte por patolo- CAMP / Faculdade
gias. Atribui, tal como na escola da de Medicina da USP
vigilância, uma importância crucial Luiz Carlos de Oli-
ao uso inteligente da epidemiologia veira Cecílio, José Ri-
clínica e social, como disciplina útil cardo Ayres e Escola
na possibilidade de programação das Nacional de Saúde
práticas de serviços, incluindo os clí- Pública – Adolfo
nicos. Chorny
Aprimoramento Utiliza o PES com enfoque na vigilân- Representada por Dec. 90 até atua-
do PES no pro- cia em saúde, com uso inteligente da um grupo hetero- lidade
cessamento de epidemiologia clínica e social, visan- gêneo do ponto de
problemas trans- do uma inversão do modelo assisten- vista geográfico e
versais e com cial, com organização de sistemas de institucional – Car-
enfoque da vigi- microrregionalização solidária, como men Fontes de Souza
lância em saúde célula de um sistema regionalizado Teixeira, Eugênio
que avance na possibilidade de cons- Villaça Mendes, Jair-
tituir sistemas integrados de saúde nilson Paim
por oposição aos sistemas fragmen-
tados.
Fonte: Adaptado de Campos, 2001; Rivera e Artmann, 2010; Caleman et al., 2016.
a) A partir destas análises elencou-se que seriam prioridades os bairros Ribeirinho Acima, Riacho
Doce e Várzea do Rocha, pois estas comunidades reivindicaram em audiência pública e
demonstraram as necessidades de saúde – esta etapa está conexa com o projeto de governo.
b) Esta decisão foi assumida pelo Secretário de Saúde junto com os Diretores e informada ao
Prefeito que referendou a decisão - esta etapa corresponde à Governabilidade, pois está na
área de competência destes gestores, após reuniões com as comunidades locais e o Conselho
Municipal de Saúde.
c) A partir destas etapas foi decidido:
c.1) Garantir a realização de concurso público a fim de selecionar candidatos (médicos,
enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários em saúde) para composição
das equipes destes três bairros, pois os recursos públicos estavam próximo ao limite da lei
101/2000;
c.2) Implementar adequação dos espaços físicos para receber as ESF – construção/ reforma/
ampliação de UBS, com a utilização de emenda parlamentar para investimento;
c.3) Reorganizar processos de atenção à saúde da população para garantir acesso aos serviços
de saúde em tempo oportuno. Até que as UBS fiquem adequadas, o serviço terá início no
espaço anexo da Igreja local. Início dos serviços com funcionamento das UBS de segunda
à sexta-feira das 07 até às 18 horas. E previsão de ampliar até às 21 horas, a partir do
segundo semestre, para atender os usuários que são trabalhadores.
c.4) Estruturar Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) para garantir o apoio matricial às
ESF, que irão duas vezes por semana aos serviços;
c.5) Garantir o matriciamento das Equipes de ESF na implementação de ações voltadas ao
atendimento das necessidades de saúde, conforme o olhar técnico;
c.6) Garantir que todas as equipes de ESF realizem o mapeamento da área de sua abrangência,
com cadastramento da população adstrita, atentando-se para o critério de vulnerabilidade,
com discussão local de critérios e acompanhamento dos usuários.
Esta etapa ilustra ao ponto de Capacidade do Governo, na qual estão presentes os critérios
técnicos e políticos.
P.S. – este exemplo não tem a finalidade de esgotar o assunto, se propõe tão somente a expla-
nar de forma um pouco mais objetiva os conceitos do PES.
Ademais, os três pontos do triângulo se relacionam de forma dinâmica, e seus vértices refletem
as fragilidades do planejamento. Por exemplo, às vezes elabora-se um plano de ação excelente,
porém não há recursos humanos capacitados para executá-lo, pois existe uma baixa capacidade
Projeto de Governo: expressa a direção que se pretende imprimir à administração; pode ser
entendido como proposições do projeto de ação, incluindo não apenas produtos e circunstâncias
de interesse do autor que governa, mas também da sua capacidade de governo.
Capacidade de governo: Refere-se à capacidade técnica, recursos financeiros, manejo de
métodos, experiência e habilidade de um ator ou da equipe de trabalho para conduzir o projeto de
ação aos objetivos estipulados.
Governabilidade: expressa o potencial de articulação com os agentes envolvidos no âmbito
interno e externo. Compreende as variáveis que são controladas pelo ator ou pela equipe de tra-
balho, quanto mais controladas estiverem às variáveis decisivas, maior será a liberdade de ação
(Matus, 1997).
Planos, programas e projetos expressam o desejá- Planos, programas e projetos expressam a possi-
vel. bilidade.
Destaca a importância do papel dos técnicos. Destaca a importância de integrar o aporte meto-
dológico dos diferentes profissionais.
O sujeito que realiza o plano tem capacidade de Os atores que planejam não controlam por si só a
controlar a realidade planejada. realidade planejada.
O sujeito que planifica o plano está fora da realida- O ator que planeja está inserido na realidade que
de planejada. planeja, coexistindo com outros atores sociais que
também planejam.
O sujeito que planeja tem monopólio do plano. Não há monopólio na elaboração do planejamen-
to.
A partir destes pressupostos é importante lembrar que o planejamento deve ser elaborado por
quem irá fazê-lo. O Plano de saúde deverá ter a participação dos profissionais, técnicos, gestores
que compõem este determinado setor. E ainda, é imprescindível que seja elaborado de forma
harmoniosa, democrática, compartilhada e ascendente, pois isto aumenta o sucesso das propostas
(Campos, 2000; Campos 2001; Campos, 2013; Universidade Aberta do SUS UNA-SUS, 2016).
Em muitas ações da saúde é importante que haja a participação de outros setores, que algumas
vezes extrapolam o setor saúde, sendo imprescindível a atuação social, transportes, saneamento,
cultura, dentre outros, pois a saúde é uma resultante multifatorial (Brasil, 2010; UNA-SUS, 2016).
Ademais, é necessário que o Controle Social, por meio dos Conselhos Locais, Distritais, Muni-
cipais, Estaduais e Nacional, participe no processo de planejamento, assim como das deliberações
destes Planos (Brasil, 1980a, 2016a, 2016c; Campos, 2000; UNA-SUS, 2016; Viana et al, 2010).
“Art. 1°. O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
guintes instâncias colegiadas:
I - A Conferência de Saúde; e
II - O Conselho de Saúde.
§ 1°. A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários
segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da
política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinaria-
mente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
§ 2°. O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por
representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na for-
mulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância corresponden-
te, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
do poder legalmente constituído em cada esfera do governo” (Brasil, 1990a e 2012).
Vale destacar que as Conferências de Saúde traçam as diretrizes gerais da política de saúde
para os entes federados e esta referência deverá contribuir com a organização do planejamento
em saúde (Brasil, 1990a e 1990b).
Cabe salientar que o trabalho em saúde é constituído basicamente de profissionais que desem-
penham suas funções para melhor atender os usuários, trata-se, portanto de pessoas, e para lidar
com pessoas é fundamental saber ouvir, saber falar, saber dialogar, saber ver e compreender.
Dica: Tenha ouvidos para ouvir as contribuições, tenha olhos para observar as ações, e tenha
boca para dialogar com os profissionais, com os usuários, e com outros gestores. Vale lembrar que
todos os trabalhadores do SUS também são gestores de saúde em certa medida (Campos, 2000;
Campos, 2001; Campos et. Al, 2013; Merhy, 2014; Merhy e Franco, 2003; Rivera e Artmann, 2010).
Problema: Elevada taxa de mortalidade por câncer de colo de útero na área adstrita do Posto de
Saúde de Margaridas nos últimos cinco anos.
A mortalidade por câncer de colo de útero - problema escolhido como exemplo - possui Diretri-
zes, Objetivos e Indicadores descritos no atual Plano Nacional de Saúde. Vejamos na figura 6:
Problema: Elevada taxa de mortalidade por câncer de colo de útero na área adstrita do Posto de
Saúde de Pedrinhas nos últimos cinco anos.
Diretriz: Aprimorar as redes de atenção e promover o cuidado integral às pessoas nos vários ciclos
de vida (criança, adolescente, jovem, adulto e idoso), considerando as questões de gênero e das po-
pulações em situação de vulnerabilidade social, na atenção básica, nas redes temáticas e nas redes
de atenção nas regiões de saúde.
Objetivo: Aprimorar e implantar as Redes de Atenção à Saúde nas regiões de saúde, com ênfase na
articulação da Rede de Urgência e Emergência, Rede Cegonha, Rede de Atenção Psicossocial, Rede
de Cuidados à Pessoa com Deficiência, e da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas.
Objetivo: Promover o cuidado integral às pessoas nos ciclos de vida (criança, adolescente, jovem,
adulto e idoso), considerando as questões de gênero, orientação sexual, raça/etnia, situações de
vulnerabilidade, as especificidades e a diversidade na atenção básica, nas redes temáticas e nas
redes de atenção à saúde.
Desfecho (onde se pretende chegar): diminuir a mortalidade e a morbidade por câncer de colo
de útero na área de abrangência do Posto de Saúde Margaridas
A segunda etapa tem por finalidade objetivar – neste momento normativo é importante
definir os objetivos, metas, ações/ atividades, recursos necessários. Utilizando o exemplo é o mo-
mento de estabelecer - Aumentar a cobertura de exame de preventivo em “x%” /ano e aumentar
a cobertura vacinal de HPV em “y%/ano.
É o momento de elaborar o Plano Operativo, com todas suas etapas, a fim de se chegar ao des-
fecho. Neste processo, é importante que os profissionais participem do processo, que façam suas
reflexões, que as apresentem, que dialoguem. E que ao estabelecer as etapas do Plano Operativo,
se responsabilizem conforme seus graus de competência. É no processo dialógico que se inicia
a construção de possibilidades de mudança (Caleman et al, 2016; Campos, 2000; Merhy, 2014)).
A metodologia 5W2H que será sucintamente apresentada adiante poderá ser uma excelente
ferramenta nesta etapa.
Brasil. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde PNS 2016-2019. Brasília: Ministério da
Saúde; 2016 [acesso 2017 maio 20]. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/
ultimas_noticias/2016/docs/PlanoNacionalSaude_2016_2019.pdf>.
Brasil. Ministério da Saúde. Caderno de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores 2016. Brasília:
Ministério da Saúde; 2016 [acesso 2017 maio 20]. Disponível em: disponível em: <http://
saude.es.gov.br/Media/sesa/SISPACTO/Caderno%20de%20indicadores2016.pdf>.
Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Intergestores Tripartite. Resolução nº 8, de 24 de novem-
bro de 2016 [acesso 2017 maio 20]. Dispõe sobre o processo de pactuação interfederativa
de indicadores para o período 2017-2021, relacionados a prioridades nacionais em saúde.
Diário Oficial da União. 2016 Dez 12; Seção 1, nº 237, p.95. Disponível em: <http://www.
conass.org.br/wp-content/uploads/2016/04/RESOLUCAO-N_10_16.pdf>.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de
Articulação Interfederativa. Caderno de diretrizes, objetivos, metas e indicadores 2013 –
2015. Brasília: Ministério da Saúde; 2013 [acesso 2017 maio 20]. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_diretrizes_objetivos_2013_2015.pdf>.
Quando nos deparamos com tantas siglas, PPA, LOA, PAS, RAG, pensamos: “Parece sopa de
letrinhas”! Ah! Será que dá para entender esta linguagem cheia de códigos? O que quer dizer cada
sigla? Pois bem, agora vamos digerir estas letras. Vamos dialogar com conceitos do que são: Dire-
triz, objetivo, indicador de saúde, meta, ações, plano operativo, PPA, LDO, LOA, PAS, RAG, RQDA,
COAP. Então vamos lá:
Conceitos Importantes:
Diretriz: “Linha que determina o traçado de uma estrada; esboço de um plano, projeto, etc.;
orientação, diretiva; norma de procedimento; conduta” (Houaiss e Villar, 2004, p. 251). É um ob-
jetivo geral, uma ideia ampla que dá uma noção de rumo. Em outras palavras: aonde queremos
chegar.
Objetivos: definem o que se pretende alcançar; define o propósito. É aquilo que se quer al-
cançar. É possível dizer que uma diretriz será alcançada quando chegarmos nos objetivos. Vários
objetivos formam uma diretriz.
Indicadores de saúde: “são parâmetros utilizados internacionalmente com o objetivo de
avaliar, sob o ponto de vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem como fornecer sub-
sídios aos planejamentos em saúde, permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências
históricas” (Kerr-Pontes e Rouquayrol, 1999).
Meta: É o nível mais detalhado de um objetivo, aquilo que dá a exata noção de algo a fazer.
A meta é geralmente apresentada por meio de uma fórmula matemática (razão, percentual, total)
(Brasil, 2015, 2016e).
Plano Operativo: é um plano que tem por finalidade apresentar as estratégias detalhadas
para concretização das ações, no enfrentamento de determinado problema (Caleman et al, 2016).
Ação: descrição do ato que será realizado para enfrentamento de determinado problema (Fer-
reira, 1985).
§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, obje-
tivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorren-
tes e para as relativas aos programas de duração continuada (art. 165, I, § 1º da CF, Brasil, 1988).
Dica: O PPA prevê a macro política do ente estatal, na qual a saúde é um dos setores que
compõe o ente estatal. O PPA faz a projeção de quatro anos com Ações ou Programas/ metas/
indicadores e dotações orçamentárias para os 4 anos. Então o Plano de Saúde deverá estar contido
e conexo com o PPA. O que não existe no PPA não existe no mundo!
Lembrar de prever ações macro em que possam ser inseridas políticas setoriais novas, caso
estas venham ser implementadas.
A cada ano as ações de saúde devem ser expressas com respectivos valores orçamentários e
financeiros (dotações).
Constituição Federal/ 1988 Da Seguridade Social Tit. VIII Cap. II, Art.194até 232
(Brasil, 1988)
PPA § 1º e inciso I do art. 165
Emenda Constitucional nº29 Altera os Artigos 34,35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal
– EC29, de 13 de setembro de e acrescenta artigo ao Ato das Disposições Transitórias, para assegu-
2000 (Brasil, 2000) rar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços
públicos de saúde.
Portaria nº 234, de 07 de feve- Editar a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde para
reiro de 1992 (Brasil, 1992) 1992 (NOB – SUS/92), conforme texto constante no Anexo I da pre-
sente Portaria
Portaria nº 2.203, de 05 de no- Aprovar, nos termos do texto anexo a esta Portaria, a NOB 1/96, a
vembro de 1996 (Brasil, 1996) qual redefine o modelo de gestão do Sistema Único de Saúde, cons-
tituindo, por conseguinte, instrumento imprescindível à viabilização
da atenção integral à saúde da população e ao disciplinamento das
relações entre as três esferas de gestão do Sistema.
Portaria nº 95, de 26 de janeiro Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, a Norma Operacional
de 2001 (Brasil, 2001) da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2001 que amplia as respon-
sabilidades dos municípios na Atenção Básica; define o processo de
regionalização da assistência; cria mecanismos para o fortalecimento
da capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e procede à
atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios.
Portaria nº 1.101, de 12 de junho Estabelecer, na forma do Anexo desta Portaria, os parâmetros de co-
de 2002 (Brasil, 2002) bertura assistencial no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS
Portaria Nº 3.332, de 28 de de- Aprovar orientações gerais relativas aos instrumentos do Sistema de
zembro de 2006 (Brasil, 2006c) Planejamento do SUS.
Portaria Nº 4.279, de 30 de de- Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde
zembro de 2010 (Brasil, 2010) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Portaria nº 575, de 29 de março Institui e regulamenta o uso do Sistema de Apoio ao Relatório Anual
de 2012 (Brasil, 2012b) de Gestão (SARGSUS), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
Portaria nº 1.412, de 10 de junho Institui o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica
de 2013 (Brasil, 2013a) (SISAB).
Resolução da Comissão Inter- Dispõe sobre os indicadores para o processo nacional de pactuação
gestores Tripartite (CIT), nº 2 interfederativa, relativo ao ano de 2016.
de 16 de agosto de 2016 (Brasil,
2016a)
Diretriz: Ampliar e qualificar o acesso aos serviços de saúde de qualidade, em tempo adequado,
com ênfase na humanização, equidade e no atendimento das necessidades de saúde, aprimorando
a política de atenção básica, especializada, ambulatorial e hospitalar, e garantindo o acesso a me-
dicamentos no âmbito do SUS.
Objetivo: Ampliar e qualificar o acesso aos serviços de saúde, em tempo adequado, com ênfase
na humanização, equidade e no atendimento das necessidades de saúde, aprimorando a política de
atenção básica e especializada, ambulatorial e hospitalar
Indicador Classificação
Diretriz: Aprimorar as redes de atenção e promover o cuidado integral às pessoas nos vários
ciclos de vida (criança, adolescente, jovem, adulto e idoso), considerando as questões de gênero e
das populações em situação de vulnerabilidade social, na atenção básica, nas redes temáticas e nas
redes de atenção nas regiões de saúde.
Objetivo: Aprimorar e implantar as Redes de Atenção à Saúde nas regiões de saúde, com ênfase
na articulação da Rede de Urgência e Emergência, Rede Cegonha, Rede de Atenção Psicossocial,
Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, e da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com
Doenças Crônicas
Indicador Classificação
Objetivo: Promover o cuidado integral às pessoas nos ciclos de vida (criança, adolescente, jovem,
adulto e idoso), considerando as questões de gênero, orientação sexual, raça/etnia, situações de
vulnerabilidade, as especificidades e a diversidade na atenção básica, nas redes temáticas e nas
redes de atenção à saúde
Indicador Classificação
Diretriz: Reduzir e prevenir riscos e agravos à saúde da população por meio das ações de vi-
gilância, promoção e proteção, com foco na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis,
acidentes e violências, no controle das doenças transmissíveis e na promoção do envelhecimento
saudável.
Indicador Classificação
Taxa de mortalidade prematura (de 30 a 69 anos) pelo conjunto das quatro Universal
principais doenças crônicas não transmissíveis (DCNT – doenças do aparelho
circulatório, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas
Proporção de cura dos casos novos de hanseníase diagnosticados nos anos Específico
das coortes
Objetivo: Aprimorar o marco regulatório e as ações de vigilância sanitária, para assegurar a pro-
teção à saúde e o desenvolvimento sustentável do setor
Indicador Classificação
Gomes L. 5W2H: Ferramenta para a elaboração de Planos de Ação. Publicado em 2014 jun
18 [acesso 2017 maio 29]. Disponível em: <http://blog.iprocess.com.br/2014/06/
5w2h-ferramenta-para-a-elaboracao-de-planos-de-acao/>.
Periard G. O que é o 5W2H e como ele é utilizado? Publicado em 2009 jul 30 [acesso 2017
maio 29]. Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/o-que-e-o-5w2h-
-e-como-ele-e-utilizado/>.
PDCA – é uma ferramenta que também tem em suas iniciais as primeiras letras dos significados
em inglês, a saber:
P (Plan) – etapa do Planejamento com identificação do problema, análise do fenômeno, análise
do processo e plano de ação;
D (DO) – compreende a segunda etapa que é a execução, o fazer;
C (Check) – esta etapa é a da verificação. É verificar se o que foi proposto está em execução.
É o processo de checagem de todas as etapas anteriores, avalia a qualidade do que está sendo feito;
A (Action) – é a etapa do agir na correção das falhas do processo e divergências encontradas.
Bezerra F. Ciclo PDCA – conceito e aplicação (guia geral). Publicado em 2014 [acesso
2017 maio 29]. Disponível em: http://www.portal-administracao.com/2014/08/ci-
clo-pdca-conceito-e-aplicacao.html
Árvore do Planejamento Estratégico Situacional – este método contribui com a identi-
ficação do problema, e análises de causa e efeito (consequência), permitindo uma
visualização mais ampla (UNA-SUS, 2016).
Fonte: Imagens de Cliparts [acesso 2017 maio 15]. Disponível em: e adaptado pelos autoreshttps://www.google.
com.br/search?q=clipart+desenho+arvore
Para saber mais recomendamos a leitura do Manual Técnicos do Ministério da Saúde “Dire-
trizes Metodológicas: elaboração de revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos” (Brasil,
2012b) disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_metodologicas_
elaboracao_sistematica.pdf
INTERNO
EXTERNO
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
9. Referências
Artmann E. O planejamento estratégico situacional no nível local: um instrumento a favor da visão
multissetorial. In: Desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Oficina Social; 2000. Cadernos da
Oficina Social, 3. p.98-119.
Conteúdo programático
1. Conhecendo o Território em Saúde
2. Estruturação do Território em Saúde
3. Relatos de Experiências
4. Considerações Finais
Leituras obrigatórias
Gondim GMM, Monken M. Territorialização em saúde. In: Dicionário da Educação Profissional em
Saúde. [acesso 2017 jul 4]. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/territoria-
lizacao_dicionario.pdf
Gondim GMM, Monken M, Rojas LI, Carcellos C, Peiter P, Navarro M, et al. O território da saúde:
a organização do sistema de saúde e a territorialização. In: Miranda AC, Barcellos C, Moreira
JC, Monken M, organizadores. Território, ambiente e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2008. p.
237-55 [acesso 2017 jul 4]. Disponível em: http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/
File/TEXTOS_CURSO_VIGILANCIA/20.pdf
Teixeira CF, Paim JS, Vilasboas AL. SUS, modelos assistenciais e vigilância da saúde. Inf Epidemiol
SUS. 1998 [acesso 2017 jul 4]; 7(2): 8-28. Disponível em: http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/ie-
sus/v7n2/v7n2a02.pdf
Atividade recomendada
As equipes de saúde da família do seu município trabalham em um território adstrito. Assim,
como você pensa em desenvolver os conhecimentos adquiridos neste capítulo com a sua realidade
na gestão em saúde?
“Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão – Antes que das coisas celestiais”
(Manoel de Barros, 2016).
Por onde eu começo? O que há de relevante neste lugar? Qual é a população? Qual a quantida-
de de pessoas e a característica da população? De onde vieram? Quais são seus hábitos? Quantos
são? Como é o ambiente natural? Como as pessoas interagem com os espaços? Conhecer o terri-
tório contribui para o planejamento das ações em saúde, desta forma, este capítulo visa elucidar
alguns caminhos que podem ser utilizados para o reconhecimento do território e contribuir com o
planejamento em saúde.
Faz parte deste processo de territorialização o diagnóstico situacional. Este facilita a identifi-
cação de problemas e necessidades a serem enfrentadas, bem como revela potencialidades locais,
por meio da análise do que determina e condiciona cada situação. Assim, torna-se um elemento
que evidencia além das características do processo saúde doença, os aspectos ecológicos, sócio-
-políticos, infraestruturais, demográficos, econômicos, dentre outros (Monken e Barcellos, 2005).
O diagnóstico situacional é resultado de um processo de coleta, tratamento e análise dos dados
oriundos da participação efetiva de pessoas e colhidos em um determinado local. É, portanto, uma
das mais importantes ferramentas de gestão, visto que pesquisa as condições de saúde e risco de
uma determinada população (Rezende et al., 2010).
O seu objetivo e resultado é o planejamento estratégico de ações em saúde por intermédio da
formulação de um plano de ação em vigilância em saúde. Uma questão relevante, nesse sentido,
é o desenvolvimento de indicadores capazes de detectar e refletir condições de risco à saúde,
advindos de condições ambientais e sociais adversas. Indicadores que permitam a identificação
dos lugares, suas relações com a região, bem como a relação entre a população e seu território
(Barcellos e Rojas, 2004).
Cabe ressaltar que também fazem parte do diagnóstico situacional as etapas de monitoramen-
to e avaliação das ações implementadas (Lima e Yasui, 2014).
Neste capítulo falaremos mais detalhadamente sobre o distrito sanitário e região de saúde, veja
a seguir:
Distrito Sanitário
Corresponde a unidade de organização mínima do sistema de saúde que precisa de um ter-
ritório definido geograficamente, é vinculada à rede de serviços de saúde com perfil tecnológico
adequado aos aspectos epidemiológicos da população (Gondim et al., 2008).
O distrito pode coincidir com o território geográfico de um município, ser parte dele ou, ainda,
constituir-se como um conjunto de municípios. Tal conformação tem por objetivo conhecer e direcio-
nar os problemas e necessidades em saúde de uma determinada população pelos três níveis de atenção
à saúde de uma rede articulada e hierarquizada de serviços de atenção à saúde (Mendes, 1999).
CURIOSIDADE!
Mesmo sem definições claras a respeito, a demarcação territorial no interior do
distrito só existe em relação ao primeiro nível, visto que para ele há exigências de
população adscrita e de definição de área de abrangência.
Por meio da ideia de distrito sanitário, há o pressuposto dos serviços de saúde estruturarem-se
em escalas territoriais diferentes, ou melhor, fornecer no âmbito do estado, do município, da região,
do bairro, a oportunidade de se organizarem para dar cobertura resolutiva à população em um terri-
tório específico, quer seja município, área de abrangência, micro área ou família (Paim, 1994).
Historicamente a proposta da distritalização pouco foi trabalhada em relação conjunta com os
conceitos de regionalização e municipalização do sistema. Desta maneira, não há consenso sobre
a teoria que consubstancie a compreensão e o uso dessas três estratégias organizacionais na me-
lhoria da atenção na implementação do SUS, não há nem mesmo a reflexão sobre as práticas nos
diferentes níveis de organização dos serviços, ficando, portanto a critério, principalmente do ges-
tor de saúde a compreensão dessas percepções e o seu aproveitamento na gerência dos serviços
(Gondim et al., 2008; Teixeira et al., 2008).
Região de Saúde
É um espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de municípios limítrofes, deli-
mitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraes-
trutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento
e a execução de ações e serviços de saúde, tais atribuições foram regulamentadas pelo Decreto n.
7.508 (Brasil, 2011a).
Elas são instituídas pelo estado, em articulação com os municípios, levando em consideração
diretrizes gerais pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), esta deve definir diretrizes,
de âmbito nacional, regional e intermunicipal, a respeito da organização das redes de ações e ser-
viços de saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à integração das ações
e dos serviços dos entes federados, bem como fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito
sanitário, integração de territórios, referência e contrarreferência e demais aspectos vinculados à
integração das ações e dos serviços de saúde entre os entes federados (Brasil, 2015).
Portanto, a região de saúde configura-se como o território no qual é exercida a governança do
sistema de saúde, nos vários fóruns de discussão, inclusive no âmbito da Comissão Intergestores
Regional (CIR), em que se reúnem gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) para a tomada de
decisão. Nessa comissão, os gestores municipais e o gestor estadual pactuam e deliberam questões
importantes para a realidade sanitária da região, na perspectiva da prevenção de doenças, promo-
ção, proteção e recuperação da saúde, com o objetivo de otimizar, em exercício permanente de
Estes deverão fazer parte do Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde (COAP) (Brasil,
2015). Saiba um pouco mais sobre COAP no capítulo 7.
CURIOSIDADE
A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de fronteira com outros países
deve respeitar as normas que regem as relações internacionais.
Assim, regionalizar o sistema de saúde é constituir regiões de saúde como recortes territoriais
em espaços geográficos contínuos e identificá-los é responsabilidade dos gestores municipais e es-
taduais, ao passo que é preciso levar em consideração a existência de identidades culturais, econô-
micas e sociais entre os municípios, bem como de redes nas áreas de comunicação, infraestrutura,
transportes e saúde. Nessas regiões, as ações e serviços devem ser estruturados com o objetivo
de atender às demandas das populações dos municípios a elas vinculados. Para tanto, deve ser
garantido o desenvolvimento da atenção básica na assistência e parte da média complexidade, do
mesmo modo com as ações de vigilância em saúde (Brasil, 2011b).
Gestor, conhecer a respectiva região de saúde contribui para ponderar como serão feitos os
investimentos e para identificar quais as ações de saúde mais adequadas para as características do
território pelo qual somos responsáveis.
Existem no Brasil grandes bancos de dados gerados por atividades de setores que não são
da saúde (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada - IPEA, etc) e outros oriundos de estudos amostrais realizados por universidades e outras
instituições. Além destes, há seis sistemas de informação em saúde, cuja abrangência é nacional,
são eles: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações Sobre Nasci-
dos Vivos (SINASC), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Infor-
mações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SAI-SUS)
e Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) (Kiuti et al., 2004).
A partir do uso desses dados e do conceito de espaço geográfico como “conjunto de elementos
sociais, econômicos, culturais e ambientais inter-relacionados de forma dinâmica” vem se difun-
dindo a noção de desenvolvimento de técnicas de estatística espacial e de análise de dados para
estudos em saúde (Miranda et al., 2002; Barcellos et al., 2002).
Desta forma, a aproximação do planejamento e da gestão em saúde à construção/ocupação
do espaço geográfico permite a compreensão da distribuição das iniquidades sociais a partir do
entendimento de que uma diferença na posição geográfica também pode representar uma diferen-
ça da posição social (Moreira et al., 2007). Em resumo, a análise espacial de condições de saúde
pode ser um instrumento importante na avaliação do impacto de processos e estruturas sociais na
determinação de eventos de saúde (Barcellos et al., 2002).
São alguns instrumentos de gestão espacial: Geoprocessamento e Sistema de Informações
Geográficas.
A partir do SIG, foi possível o tratamento e análise espacial de diversos indicadores, dentre eles
os oriundos do Censo demográfico e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), os
produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pela Pesquisa Nacional sobre Demo-
grafia e Saúde (PNDS), os do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), bem como
os resultantes dos Sistemas de Informação em Saúde. Portanto, este recurso permite uma análise
mais completa dos indicadores sob o aspecto epidemiológico viabilizando a gestão em saúde (Al-
meida e Jorge, 1998; Gama et al., 2001; Carvalho e Gomes, 2005; Giglio et al., 2005).
Assim, as informações espaciais podem ter diferentes finalidades, como nos exemplos a seguir:
“...o território é o chão e mais a população [...], o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos
pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da
vida, sobre os quais ele influi. Quando se fala em território deve-se, pois, de logo, entender que se
está falando em território usado, utilizado por uma dada população” (Santos, 2001, p. 96).
A partir desta percepção é possível encontrar e ativar os recursos locais existentes, estabele-
cendo parcerias potentes à produção de saúde com incentivos à participação social. Para tanto, é
preciso criar uma intensa porosidade entre o serviço e os recursos do seu entorno. Significa, tam-
bém, especialmente nos locais precários e homogeneizados, criar outros recursos, inventar e pro-
duzir espaços, ocupar o território (Rotelli et al., 2001). Em outras palavras, ir ao encontro do terri-
tório estando atento aos modos de organização, de articulação, de resistência e de sobrevivência
que as pessoas que ocupam esses espaços vão inventando no seu cotidiano (Lima e Yasui, 2014).
Fique atento! Cada território tem características próprias, com classes sociais e
culturas diferentes, condições de vida e de acesso aos serviços públicos, como os de
saúde.
Imagem 3 - Área de abrangência equipe ESF 004 – Vila da Paz. Teresina – PI, 2014
3. Considerações finais
O território como espaço que apresenta elementos de ruptura, resistência e permanência re-
flete o escrito por Michel de Certeau (2008), onde “A cidade serve de baliza ou marco totalizador
e quase mítico para as estratégias socioeconômicas e políticas, a vida urbana deixa sempre mais
remontar àquilo que o projeto urbanístico dela excluía”.
Desta forma, os procedimentos seguintes ao processo de diagnóstico e territorialização nada
mais são que uma forma de relatar a vida no cotidiano levando a uma teoria das suas práticas, bem
como do espaço vivido e de uma inquietante familiaridade da cidade (Certeau, 2008).
Agentes em ação: mapeamento, desenhando a sua área [vídeo]. Publicado em: 2012 set 11 [acesso
2017 jul 4]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9fNLZp4r_40>.
Feuerwerker LM. Gestão do SUS e modelos de atenção à saúde [vídeo]. Publicado em:
2015 maio 22 [acesso 2017 jul 4]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=NDiVH0mTPcY&index=20&list=PLp5mgqcDvVF2WZm9Cmxa12vKcSeiYdHYs>.
Louvision M. Gestão do SUS e modelos de atenção à saúde [vídeo]. Publicado em: 2015 jul 29
[acesso 2017 jul 4]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2QgTEHisG-
dk&list=PLp5mgqcDvVF2WZm9Cmxa12vKcSeiYdHYs&index=26>.
Território: espaço de produção de sujeitos [vídeo]. Publicado em: 2015 jan 12 [acesso 2017 jul 4].
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZKitjoKrut4>.
4. Referências
Almeida MF, Jorge MHPM. Pequenos para idade gestacional: fator de risco para mortalidade neo-
natal. Rev Saude Publica. 1998; 32(3): 217-24.
Alves JA. O processo de construção dos mapas inteligentes em Brumadinho – MG [internet].
Cadastrado em: 2011 maio 4 [acesso jun 6]. Disponível em: http://www.cosemsmg.org.br/
experiencias_exitosas/ver_exp.php?id_experiencia=212
Aronoff S. Geographic information systems: a management perspective. Ottawa: WDL Publica-
tions; 1995.
Barcellos C, Rojas LI. O território e a vigilância da saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/EPSJV/PRO-
FORMAR; 2004. Módulo 3 [acesso 2017 jul 04]. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/
sites/default/files/proformar_3.pdf
Barcellos C.; Sabroza PC.; Peiter, P.; Rojas, LI. (2002) Organização espacial, saúde e qualidade de
vida: A análise espacial e o uso de indicadores na avaliação de situações de saúde. Informe
Epidemiológico do SUS, 11(3): 129-138.
Barcellos C.; Ramalho WM.; Gracie R.; Magalhães MAFM.; Fontes MP.; Skaba D. Georreferencia-
mento de dados de saúde na escala submunicipal: algumas experiências no Brasil. Epidemiol-
Serv Saúde, 2008; 17(1):59-70.
Barros M. Meu quintal é maior do que o mundo: antologia. Rio de Janeiro: Alfaguara; 2016. p.109.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado; 1988.
5. Bibliografia consultada
Almeida ES, Castro CGJ, Lisboa CA. Distritos sanitários: concepção e organização. São Paulo: Fa-
culdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 1998. v.1.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 [acesso 2017 fev 28]. Apro-
va a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para
a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) [internet]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>.
Mendes EV, organizador. A vigilância à saúde no distrito sanitário. Brasília: Organização Paname-
ricana da Saúde; 1993.
Conteúdo programático
1. Eixos de organização e tratamento da informação;
2. Vamos conhecer os passos de acesso aos principais sistemas?;
3. Evolução do Sistema de Atenção Básica: SISAB (ESUS);
4. O Sistema de Informações em saúde na Prática: relato de caso;
5. Considerações finais
Leitura obrigatória
Camargo PNN, Machado VA, Cavalcante DFB. Utilização dos sistemas de informações nos serviços de
saúde. In: Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública
em saúde: fundamentos e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016. cap.12, p.293-310.
Publicações do Ministério estão disponíveis para download:
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica [acesso 2017 maio 30]. Disponível
em: http://dab.saude.gov.br “Serviços”- Biblioteca.
Atividade recomendada
Suponha que você necessite fazer um projeto para implantação de um Núcleo de Apoio ao Saú-
de da Família (NASF) e aqui você escolhe o município que desejar. Lembre-se de que independente
do município escolhido você tem que contextualizar com as informações dos principais bancos
de dados: a população, a cobertura de atenção básica atual, informando e quantificando através
das bases dos Sistemas o perfil deste município, principais agravos presentes e inclusive identifi-
car qual percentual investido em Saúde. Tente utilizar pelo menos um dado de cada sistema, para
exercitar o que foi aprendido no capítulo.
A dois meses de terminar o prazo obrigatório, 80% das unidades de saúde não
conseguiram se livrar da papelada e adotar o prontuário eletrônico.
As informações dos pacientes se perdem e as filas se multiplicam sem uma rede
interligada. Qual é a desculpa para tanta demora? A principal é que falta dinheiro para
comprar computador, para pagar a internet. Ou seja, falta o básico e o essencial para
usar o prontuário eletrônico. Para os pacientes, essa demora significa mais filas, mais
demora no atendimento. É para funcionar assim. No computador, deve estar tudo que
o paciente fez no SUS. E o registro do posto de saúde por exemplo, pode ser visto na
UPA, no hospital. O prontuário eletrônico é uma exigência do Ministério da Saúde.
A rede pública do país todo vai ter até dezembro para se adaptar. E o governo disse
que vai cortar os repasses de dinheiro dos estados que não mudarem o sistema. Esse
prazo é para a informatização dos postos de saúde. Depois virão as mudanças nos
ambulatórios e hospitais.
No país só 24% das unidades de saúde estão usando o prontuário eletrônico. O
Bom Dia Brasil foi ver como está isso na prática. No estado de São Paulo, 378 cidades
não têm o prontuário eletrônico. Isso dá quase 60% dos municípios. Em algumas uni-
dades de saúde o programa até foi instalado, mas não está sendo usado.
Em Pernambuco está faltando muito ainda. Dos 184 municípios de Pernambuco,
apenas 32 têm prontuário eletrônico. Em todo o estado, quase 90% das unidades de
saúde, como uma de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, ainda fazem o regis-
tro médico com caneta e papel ou em um programa de computador que não atende às
exigências do Ministério da Saúde.
Mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para planejar, or-
ganizar, operar e avaliar os serviços de saúde em determinada área e momento (WHO, 2009).
A tela a seguir aparecerá e você deve selecionar a opção “Óbitos por causas Externas” e, no
mapa do Brasil, o Estado a que se relaciona sua pesquisa. Lembramos que nessa seleção outras op-
ções no bojo da mortalidade também são possíveis como por exemplo: mortalidade geral, óbitos
por causas evitáveis, óbitos infantis, óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos, óbitos
fetais que estão disponíveis para uma outra pesquisa que se deseje.
Essa nova tela a seguir aparecerá para que você escolha suas opções de conteúdo, período
e nome do município a ser pesquisado. Observação: as opções ‘linha e coluna’ não precisam ser
modificadas em caso de pesquisa referente a município:
Seleção de consulta por ano, mas tem mais duas outras opções:
Após esta tela diversos indicadores são mostrados entre eles o valor destinado para a saúde a
cada habitante e o percentual de receita própria investido em saúde que não deve ser inferior a 15%.
Em seguida, aparecerá essa tela que se segue para escolha da opção de pesquisa e o Estado de
referência de sua pesquisa:
• Prontuário Eletrônico;
• Computadores em todos os ambientes de trabalho;
• Função relatório;
• CDS integrado;
• Transmissão de dados para a Secretaria de Estado e Ministério da Saúde diretamente do profissio-
nal para o banco de dados, sem necessidade de sistemas paralelos
Na escolha acima, enquanto a versão CDS é mais limitada, sem emissão de relatórios, agendas
e integração do sistema de referência e contra referência, o e-SUS dentro do PEC online consegue
emitir relatórios, realizar agendamentos inclusive com sinalização das prioridades e encaminhar
para referência de outros serviços, desta forma o trabalhador da saúde consegue visualizar no sis-
tema a família, os indivíduos e as necessidades dos mesmos, agilizando o atendimento.
Lembrando que o Ministério da Saúde determinou a obrigatoriedade da implantação do Pron-
tuário Eletrônico em todas as Unidades de Saúde sob pena do corte de recursos dos repasses das
Unidades de saúde da Família através da Resolução nº 7 de 24 de novembro de 2016, da Comissão
Intergestora Tripartite (Brasil, 2016), portanto os ajustes são necessários para este incremento em
tecnologia.
O e-SUS tem sofrido atualizações constantes desde sua criação, no intuito de dar celeridade
aos processos e efetivamente poder cumprir seu objetivo, no entanto esse sistema dispõe de dados
para consulta pública limitados, pois a maior parte dos dados só é acessado através de login e se-
nha dos gestores ou trabalhadores, sendo esse o ponto mais difícil para pesquisadores da área vis-
to que todo ano de 2016 ficou sem resgate das informações da Atenção Básica por conta da falta
de acesso público. Neste sentido, urge medidas de resgate desses dados pois os mesmos compõem
a história dessa nova fase de registro de informações.
Como um breve resumo, segue o quadro sobre as características do SISAB (e-SUS):
Tipos de Relatório Agregados por indivíduo, equipe, regiões de saúde, município, es-
tado e nacional.
Alimentação dos Dados Profissionais da ESF, EAB, Consultório na Rua, Atenção Domici-
liar, NASF (e Academia da Saúde)
Atividades coletivas e reuniões Registro por tipo de atividade, tema para reunião, público alvo e ti-
pos de práticas/temas para saúde. Consolidado ou individualizado
Dessa forma, a operacionalização da estratégia e-SUS- AB, especialmente na versão PEC con-
tribui imensamente na melhoria da qualidade e consistência das informações produzidas na Aten-
ção Básica, atendendo dessa forma ao cenário mundial vivenciado no campo da tecnologia da
informatização e conectividade (Brasil, 2017a).
Sugiro ao leitor acessar os manuais disponíveis em: <http://sisab.saude.gov.br/index.xhtml>
para obtenção de mais informações.
Seguem abaixo dicas de sites de bancos de dados úteis para planejamento e gestão que não
são exclusivos da saúde:
Este outro vídeo mostra a importância dos Sistemas de Informação em saúde na coleta dos indi-
cadores:
3. Considerações finais
Perceberam que ter o conhecimento das diversas ferramentas de apoio às informações em
saúde qualifica o gestor? Ressalto aqui que em diversos momentos do dia a dia o gestor vai sentir
a necessidade de colher informações: como fazer um planejamento de ações elencando quais in-
dicadores estão mais presentes na população, como conferir o quanto o município vem investindo
em saúde de uma forma simples, rápida e prática, como entender as necessidades de atenção
secundária, como ter os dados de produção ambulatorial ou de atenção básica. Portanto, essas
informações são de ordem prioritária para o gestor e qualificam toda sua atuação.
4. Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.412, de 10 de julho de 2013 [acesso 2017 maio 30]. Ins-
titui o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) [internet]. Disponível
em: http://www.saude.ba.gov.br/dab/arquivos/Portaria_1412%20jul_13.pdf
Bibliografia consultada
Rede Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no Brasil:
conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2008. Cap. 4,
p. 313-27 [acesso 2017 maio 30]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroi-
db/2ed/indicadores.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS – DATASUS [acesso 2017 maio
30]. Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/.
Conteúdo programático
1. Introdução
2. Organização da Atenção à Saúde
3. Organização da demanda
4. Organização do Processo de Trabalho
5. Educação Permanente
6. Referências Bibliográficas
Leitura obrigatória
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Po-
lítica Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. 110p.
Leitura complementar
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Acolhimento à demanda espontânea. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. 56p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Mi-
nistério da Saúde; 2013. 290p.
Atividade recomendada
• Visite o DAB – Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde e conheça sua bi-
blioteca, link: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicações>.
• Verificar se as unidades estão cadastradas no PMAQ. Se sim, verificar se já participaram da
avaliação externa, acessar o resultado da avaliação externa, e os relatórios analíticos da avaliação.
Um dos relatórios analíticos do PMAQ aborda o tema. “Diálogos sobre acesso, acolhimento e
agenda da equipe”. Use-o para refletir com a equipe sobre o tema.
Sistema Prisional Ampliar as ações de saúde do SUS para a população privada de liberda-
de, fazendo com que cada unidade básica de saúde prisional passasse
a ser visualizada como ponto de atenção da rede de atenção à saúde.
Unidade Básica de Saúde São embarcações que comportam uma ou mais equipes de saúde da
Fluvial (UBSF) família fluvial, equipadas com os materiais necessários para atender
à população ribeirinha da Amazônia legal (Acre, Amapá, Amazonas,
Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão)
e pantanal sul mato-grossense. Buscam responder às especificidades
dessas regiões, garantindo o cuidado às suas populações.
COMPONENTES
MELHORES CONTRIBUIÇÕES
PARA MODELAGEM DIFICULDADES
PRÁTICAS PARA A RAS
DA RAS
Sistema operacional Inexistência e/ou falta de Uso de prontuário ele- Fluxos de acesso bem
manutenção de equipa- trônico Uso do Sisreg delineados .
mentos Inaplicabilidade Transporte de pacientes Investimentos para edu-
de normas de segurança. em situação de risco cação permanente e im-
Inadequado sistema de plantação de central de
transporte Ruídos no sis- leitos.
tema de comunicação.
2. Organização da demanda
2.1. Demanda espontânea x Demanda programada:
Como fazer para organizar quando a procura é maior que a oferta.
ACESSO: é o substantivo masculino com origem no latim accessus e que pode significar in-
gresso, caminho ou o ato de chegar ou de se aproximar. Esta palavra também indica a possibilidade
de chegar ou usufruir de alguma coisa. O objetivo desse tópico é dar sugestões de como oferecer
um acesso com qualidade a toda rede de serviços e resolver a maior parte dos problemas e ne-
cessidades de saúde da população no ponto mais próximo do seu local de residência ou trabalho.
ACOLHER: No dicionário, a palavra “acolher” significa receber e amparar. A Política Nacional
de Humanização (PNH), que define acolhimento do usuário do SUS como uma de suas principais
diretrizes “O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética”, conforme explica
um dos cadernos do Ministério da Saúde, dedicado ao tema do Acolhimento e Classificação de
Risco nos Serviços de Urgência.
DEMANDA: Define-se como a quantidade de procura por um bem ou serviço.
DEMANDA PROGRAMADA: É aquela criada a partir das necessidades da população que se
traduzem no acompanhamento de problemas crônicos, para a qual existem ações preconizadas
pelo Ministério da Saúde;
DEMANDA ESPONTÂNEA: Considerada inesperada. É importante destacar a necessidade
de utilizar-se de ferramentas de abordagem, como um facilitador para organizar a demanda da
unidade, e que essa considere situações comuns, utilizando-se do saber clínico, epidemiológico
e da subjetividade, por meio do olhar para riscos e vulnerabilidades.
Então prezado gestor e interessados, já ficou claro que organizar a demanda nos serviços de
Saúde é um grande desafio que requer gestão, planejamento, comprometimento, de todos os ato-
res envolvidos nesse processo.
Para fortalecer a Atenção Primária faz-se necessário criar estratégias para garantir acesso a
demanda espontânea.
Uma estratégia que tem se mostrado eficaz para atendimento da demanda espontânea é a
classificação de risco.
Escala de Coelho
A Escala de Risco Familiar de Coelho-Savassi (ERF-CS) é um instrumento de estratificação da
vulnerabilidade familiar, desenvolvido em Contagem, Minas Gerais, baseado na ficha A do SIAB
que se apropria sentinelas de risco avaliadas na primeira visita domiciliar realizada pelo Agente
Comunitário de Saúde para fins de cadastramento familiar.
A “escala de Coelho” desponta, então, como uma ferramenta de avaliação e acompanhamento
da realidade social e econômica no contexto de vida de cada família, reconhecendo as reais neces-
sidades de saúde no contexto da ESF.
Clínica Ampliada
A clínica ampliada representa também compromisso ético e intenso com o sujeito doente
visto de modo singular, assumindo a responsabilidade sobre os usuários dos serviços de Saúde,
buscando a intersetorialidade para ajudar a solucionar problemas, a minimizar a injustiça social e
a reconhecer os limites do conhecimento dos profissionais de Saúde e das tecnologias aplicadas.
Ampliar a clínica significa também ajustar os recortes teóricos de cada profissão às necessidades
dos usuários (Brasil, 2004).
Apoio Matricial
A desburocratização e a desfragmentação do cuidado em saúde dependem do estabelecimen-
to de novos arranjos organizacionais, que incluem formas diferentes de organizar o processo de
trabalho das equipes e o padrão de comunicação dos trabalhadores e serviços de Saúde, e desses
com os usuários (Brasil, 2013).
Esses novos arranjos promovem a transversalidade das ações e a troca de informações, garan-
tindo a integralidade da atenção e a ver a responsabilização dos trabalhadores com a produção de
saúde (Brasil, 2004). Propõe-se a ofertar, além de retaguarda assistencial, suporte técnico pedagó-
gico às equipes de Saúde (Brasil, 2013).
Genograma
O genograma permite identificar, de maneira mais rápida, a dinâmica familiar e suas pos-
síveis implicações, com criação de vínculo entre o profissional e a família/indivíduo (Brasil,
2013).
O genograma baseia-se no modelo do heredograma, e reúne informações sobre a doença
da pessoa identificada, os transtornos familiares, a rede de apoio psicossocial, os antece-
dentes genéticos, as causas da morte de pessoas da família, além dos aspectos psicossociais
(Brasil, 2013).
Ecomapa
Na abordagem familiar, a compreensão da família pode não ser suficiente, pois ela se relaciona
com o meio e com outros atores, e essas relações são fundamentais para se atingir e preservar o
equilíbrio biopsicoespiritossocial da unidade familiar. Nesse contexto, surge o ecomapa, comple-
mentar ao genograma, consiste na representação gráfica dos contatos dos membros da família
com os outros sistemas sociais, das relações entre a família e a comunidade. Ajuda a avaliar os
apoios, os suportes disponíveis, sua utilização pela família, sendo o retrato de um determinado
momento da vida dos membros da família, portanto, dinâmico (Brasil, 2013).
Por ser um instrumento com importantes ganhos, tanto no aspecto relacional quanto na pro-
gramação do trabalho, pode ser aplicado a todas as famílias, sendo ideal para aquelas com maiores
dificuldades relacionais, tanto intra familiares quanto sociais, para o melhor estudo e compreensão
do sistema a ser trabalhado. São características do ecomapa: registrar membros da família e suas
idades no centro do círculo; utilizar a mesma simbologia do genograma; registrar, em círculos
externos, os contatos da família com membros da Comunidade ou com pessoas e grupos signifi-
cativos; e linhas que indicam o tipo de conexão (Brasil, 2013).
• Fluxograma Analisador: Foto das entradas no processo, etapas percorridas, saídas e resultados
alcançados, análise do caso. Funciona como ferramenta para reflexão da equipe sobre como é
o trabalho no dia a dia dos serviços (Brasil, 2004).
• Oficinas de discussão e construção de ações com acento no trabalho grupal multiprofissional
com a participação de equipe local e/ou consultorias externas (Brasil, 2004).
• Elaboração de Protocolos: com olhar multiprofissional na qualificação da assistência,
legitimando: inserção do conjunto de profissionais ligados à assistência, humanização do
atendimento, identificação de risco por todos os profissionais, definição de prioridades e
padronização de medicamentos (Brasil, 2004).
* Sugestão de leitura:
Wollmann A, Da Ros C, Lowen IMV, Moreira LR, Kami MT, Gomes MAG, et al. Novas possibili-
dades de organizar o Acesso e a Agenda na Atenção Primária à Saúde. Curitiba: Prefeitura
Municipal; 2005 [acesso 2017 jul 5]. Disponível em: <http://www.saude.curitiba.pr.gov.br/
images/cartilha%20acesso%20avan%C3%A7ado%2005_06_14.pdf>.
Visite o DAB – Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde e conheça sua biblioteca
link: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes>.
PRINCÍPIOS DO SUS
Universalidade
Integralidade
Preservação da autonomia
Igualdade de Assistência à Saúde
Direito à informação
Divulgação de informações
Utilização da epidemiologia
O pano de fundo neste caso: Participação da comunidade
os princípios do SUS Descentralização político-administrativa
Integração em nível executivo das ações de Saúde,
meio ambiente e saneamento básico
Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos,
materiais e humanos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios na prestação
de Serviços de assistência à saúde da População.
Capacidade de resolução dos serviços
em todos os níveis de assistência
Organização dos serviços públicos de modo a evitar
duplicidade de meios para fins idênticos.
“Em uma visão ampliada do Processo Saúde e adoecimento, as práticas de saúde devem ir além
da assistência à saúde de indivíduos, ocupando-se também da atenção à saúde. A ASSISTÊNCIA
seria então entendida como um conjunto de procedimentos clínico-cirúrgicos dirigidos a indiví-
duos estejam eles doentes ou não. A ATENÇÃO seria um conjunto de atividades intra e extra-se-
tor saúde (intersetorialidade) que, incluindo também a assistência individual, não se esgota nela,
atingindo grupos populacionais com o objetivo de manter a condição de saúde, requerendo ações
concomitantes sobre todos os determinantes do Processo Saúde-adoecimento (Narvai, 2008).
Partindo dessa perspectiva ampliada de saúde, podemos entender a atenção à saúde como sendo
o campo de competência do profissional de saúde dentro de um processo de saúde-adoecimento,
compreendido como complexo e multideterminado, reconhecendo-se as limitações importantes
do setor de saúde nesse processo. Também, e com a mesma conotação, a atenção à saúde seria
o objeto de atuação dos serviços de saúde, tanto os de Saúde Pública, quanto os de Saúde Suple-
mentar.”
Isso com certeza vai se refletir na sua prática e nas suas decisões...
Estes pontos terão forte interferência sobre como você conduzirá o processo de trabalho junto
às equipes às quais você está ligado.
Lewis Carroll
“A capacidade que desenvolve um membro de uma equipe de saúde de organizar e conduzir uma
reunião pode ser tão importante para esse sujeito quanto os resultados alcançados com essa reu-
nião, na medida em que representou um desafio pessoal que foi superado.”
Aqui abaixo o link com algumas publicações do AMAq, entre elas, orientações para o FUNDO
MUNICIPAL DE SAÚDE para preenchimento do AMAQ AB.
<http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/>. É importante
que você gestor saiba que o momento criado pelas discussões que o PMAQ e AMAQ trazem são
momentos muito ricos na discussão do processo de trabalho das equipes.
A participação de representantes da Gestão neste momento pode ser uma estratégia para for-
talecer as equipes.
Falando em FORTALECER AS EQUIPES – O que isso tem a ver com o processo de trabalho?
Segundo a política nacional de atenção básica do Ministério da Saúde quanto mais fortalecida
e estruturada for a atenção primaria à saúde, maior a sua eficácia e sua efetividade. Uma rede de
atenção com a atenção primária forte, como você já viu, tem uma capacidade resolutiva de até 80
a 85 % dos casos que recebe.
Esta prática das reflexões, discussões e tomadas de decisão em roda podem se reproduzir em
outras instâncias da gestão do processo de trabalho: nas reuniões de equipe também! Mas isto
vamos abordar mais adiante!!
Ainda com relação à gestão do processo de trabalho, há que se levar em conta que há interfe-
rência de fatores importantes e que muitas vezes não estão em nossas mãos: como os determinan-
Muitas vezes as equipes se sentem frustradas por não conseguir modificar fatores determinan-
tes de saúde. Pensando que estes fatores têm causas amplas e que requerem abordagem interseto-
rial – há que se refletir no seguinte:
No processo de trabalho das equipes – sejam da gestão ou da assistência: – há alguma maneira
de melhorar o que esta sendo feito, modificando o MODO DE FAZER?
Uniprofissional Multiprofissional
Esporádica Contínua
A prática educativa está fortemente ligada à capacitação continuada da equipe de saúde, bem
como à educação formal dos trabalhadores (Wendhausen e Saupe, 2003). A mesma pode ser con-
siderada como o ato de passar, repassar, informar, orientar e transmitir conhecimento ao paciente
(Wendhausen e Saupe, 2003; Silva et al., 2004; Besen et al., 2007; Rios e Vieira, 2007).
Com a descentralização da gestão da EPS, soluções criativas podem surgir para a superação
da ineficiência dos serviços baseados na gestão do trabalho bem como colaborar para ideia do
gerenciamento permanente. A luta deve se dar além do cotidiano, nos espaços políticos, coletivos
que fortaleçam o movimento da reforma sanitária e a concretização do SUS constitucional (Lemos,
2016).
Como você Gestor poderia organizar a demanda reprimida e oferta de vagas em um Centro de
Especialidades Odontológicas?
Situação problema:
Na cidade de Campinas-SP, o Distrito de Saúde Sudoeste apresenta um problema de oferta de
vagas para especialidades odontológicas (Cirurgia Oral Menor, Periodontia, Prótese, Endodontia,
Diagnóstico Bucal e Pacientes Especiais).
A demanda reprimida nas Unidades Básicas apresenta espera em média de 2 anos para maio-
ria das especialidades.
Os profissionais e pacientes se queixam sempre da demora para o tratamento no Centro de
Especialidades Odontológicas, o que gera conflito entre as partes.
Intervenção:
Tendo em vista a necessidade de organização da demanda reprimida e oferta de vagas e após
identificar os problemas, dificuldades, sugestões, possibilidades, ferramentas, recursos através de
questionários, a coordenação do CEO organizou encontros com trabalhadores da atenção básica e
especialidades para discussão de casos clínicos que mais recorrem nas Unidades buscando estra-
tégias e esclarecimentos. Os profissionais foram reunidos em grupos mistos para discussão sobre
os encaminhamentos que chegam até as especialidades, expondo assim dificuldades de ambas
as partes. Em seguida as unidades básicas se reorganizaram para triar a demanda reprimida bus-
cando reavaliar os encaminhamentos otimizando a utilização de vagas. Enquanto isso a equipe do
CEO reorganizou sua oferta de vagas. O resultado foi produtivo e a quantidade de vagas perdidas
foi mínima, a demanda reprimida reduziu. O serviço melhorou. Além disso, com a identificação
das dificuldades e limitações dos colegas foi possível organizar oficinas de capacitação com temas
específicos e revisão de protocolos de encaminhamentos das especialidades.
Acesse o link:
Campinas. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Saúde. Distrito de Saúde Sudoeste. CEO
Ouro Verde Centro de Especialidades Odontológicas Ouro Verde: Protocolo 2016. Campinas:
5. Referências
Alves W. Educação permanente e educação continuada não é a mesma coisa! [internet]. Publicado
em: 2009 nov 18 [acesso 2017 jun 7]. Disponível em: http://www.pensosaude.com.br/educa-
cao-permanente-e-educacao-continuada-nao-e-a-mesma-coisa/
Aracaju. Secretaria Municipal de Saúde. Projeto Saúde Todo Dia. Aracaju, SE, 2003. Apud Caval-
cante Filho JB, Vasconcelos EMS, Ceccim RB, Gomes LB. Acolhimento coletivo: um desafio
instituinte de novas formas de produzir o cuidado. Interface (Botucatu) [Internet]. 2009 [aces-
so 2017 jul 5]; 13(31): 315-28. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v13n31/en_
a07v1331.pdf
Besen CB, Souza Netto MS, Ros MA, Silva FW, Silva CG, Pires MF. A Estratégia Saúde da Família
como objeto de educação em saúde. Saude Soc. 2007; 16(1): 57-68.
Bower P, Gilbody S, Richards D, Fletcher J, Sutton A. Collaborative care for depression in primary
care. Making sense of a complex intervention: systematic review and meta-regression. Br J
Psychiatry. 2006; 189: 484-93.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Huma-
nização. Humaniza SUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma
ético-estético no fazer em saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
BRASIL, Ministério da Saúde. Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico Sin-
gular, 2.ª Ed. Brasília, 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Depar-
tamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em
Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. 64p.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece
diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 2010 dez 30.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Po-
lítica Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2012a. 110p.
Brasil. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na atenção
básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2012b.
Brasil. Ministério da Saúde. Comunidade de Práticas. Relato de experiência na comunidade: IV
Mostra - Eixo Temático 20. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Caderno de atenção domiciliar. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.
Campos GWS. Subjetividade e administração de pessoal: considerações sobre modos de gerenciar
o trabalho em equipes de saúde. In: Merhy EE, Onocko R, organizadores. Agir em saúde: um
desafio para o público. São Paulo: Hucitec; 1997. p.229-66.
Carvalho SR, Cunha GT. A gestão da atenção na saúde: elementos para se pensar a mudança da
organização na saúde. In: Campos GWS. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec; 2006.
Gigli Testoni
Cirurgiã-dentista. Especialista em Odontologia em Saúde Coletiva pela ABO/RS. Especialista
em Informação e Educação Popular em Saúde pela ESP/RS. Mestranda no Mestrado Profissional
em Saúde Coletiva Faculdade de Odontologia de Piracicaba - FOP/UNICAMP.
Guia do capítulo
Objetivos
Propor a você um conhecimento sistêmico sobre a humanização na saúde, de forma que, ao
percorrer os parágrafos, seja possível refletir conosco sobre o tema; conectar, de alguma forma,
a Pollítica Nacional de Humanização à realidade que você vivencia cotidianamente e motivá-lo a
propagar mudanças em seu território de atuação.
Conteúdo programático
1. De que humanização estamos falando?
2. Política Nacional de Humanização (PNH), o que se espera dela na prática?
3. Conhecendo as estratégias da PNH: Acolhimento, Gestão participativa e co-gestão, Ambiência,
Clínica Ampliada e Compartilhada, Valorização do Trabalhador e Defesa dos Direitos dos
Usuários.
4. Atenção Básica: lugar de encontros, convite à Humanização;
6. Quais as dificuldades comuns às práticas de Humanização na Atenção Básica? Você reconhece
as questões levantadas?
6. Considerações finais e reflexão sobre a Política Nacional de Humanização e os trabalhadores
de saúde.
Leituras obrigatórias
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de
Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 4.ed.
Brasília: Ministério da Saúde; 2008 [acesso 2017 maio 31]. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_gestores_trabalhadores_sus_4ed.pdf>.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da
Atenção e Gestão do SUS. Gestão participativa e cogestão. Brasília : Ministério da Saúde;
2009 [acesso 2017 maio 31]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
gestao_participativa_cogestao.pf>.
Acesse os links
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização
PNH [folheto]. Brasília: Ministério da Saúde; 2013 [acesso 2017 maio 31]. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pdf>.
RHS Rede Humaniza SUS [acesso 2017 maio 31]. Disponível em: <http://www.redehumani-
zasus.net>.
Atividade recomendada:
Assista ao vídeo: Política de Humanização: apostas em novos modos de fazer na gestão e no
cuidado em saúde [vídeo]. Publicado em: 2013 mar 21 [acesso 2017 jun 01]. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=qytJosL-gRw&t=26s>.
“A humanização não é um discurso piegas, não é uma política ingênua, banal. É uma aposta radi-
cal” Prof. Dr. Gastão Wagner de Sousa Campos (2004)
A PNH – Política Nacional de Humanização - é uma aposta radical na reorganização dos servi-
ços e das práticas de saúde, visando ampliar a satisfação de usuários, de trabalhadores e gestores.
4. E o que é co-gestão?
Inicialmente poderíamos evidenciar a base do conceito de co-gestão, que, segundo Campos
(2000), é que ninguém governa sozinho.
Então, por em prática a Política Nacional de Humanização não é tarefa tão simples assim?
Exato. Se o conceito de humanização é frágil, o voluntarismo, o assistencialismo, o paternalis-
mo, ou mesmo o tecnicismo de um gerenciamento sustentado na racionalidade administrativa e
na qualidade total são os sentidos que serão a ela ligados (Benevides, 2005a).
Deve-se ter clareza, por exemplo, que, ao trilhar o caminho da superficialidade pragmática, em
que a gestão apropria-se unilateralmente de uma proposta de humanização na saúde, focada, por
exemplo, unicamente no usuário, cria-se um paradoxo: pouco ou nada se produz em termos de
mudanças na gestão do cuidado, ao mesmo tempo em que desumaniza-se a relação para com os
trabalhadores.
Uma gestão que se propõe a ser comprometida com a humanização na saúde tem o desafio
de criar espaços de escuta e de intercâmbio multiprofissional e deles com os usuários; ela deve
articular num movimento de vai-e-vem contínuo, o balizamento dos dispositivos e arranjos dispo-
níveis pela Política Nacional de Humanização, com a pressão das demandas existentes,de forma a
produzir transformações reais nos modos de atuar no cotidiano do trabalho.
É importante, portanto, entender que são necessárias ações bem fundamentadas no arcabouço
teórico da PNH, de caráter inclusivo, gradativas e multidirecionais, que consigam romper com a
superfície de quaisquer concepções débeis a respeito do conceito de humanização em saúde.
Enfim, para os gestores, conhecer essa política e suas entrelinhas é essencial, pois a humaniza-
ção, ao valorizar a qualidade do atendimento, preservando as dimensões biológica, psicológica e
social dos usuários, e ao promover a comunicação e integração dos profissionais, se constitui uma
importante ferramenta de gestão (Rios, 2009).
Coletivos são os vários grupos que fazem parte do processo saúde-doença (família, categorias
profissionais, trabalhadores da saúde, equipes de saúde, comunidade, equipe gestora...).
Da leitura dinâmica que flui do intercâmbio gerado das relações entre sujeitos e coletivos ema-
nam desestabilizações que podem ajudar a sinalizar os caminhos para qualificar o cuidado.
Esses elementos sinalizadores são chamados de analisadores institucionais. Eles são contínuos
e multidirecionais, isto é, existe um fluxo constante de sinais provenientes dos vários atores e de
como os mesmos se movimentam e andam em suas vidas.
Assim, os analisadores institucionais são as perturbações que as inclusões nos espaços de
gestão, tanto do cuidado, quanto da formação, quanto de sujeitos e coletivos, acabam por produzir
nesses encontros (Brasil, 2010). Essas perturbações, ou arestas não resolvidas, são gatilhos perma-
nentes de mudança, ou seja, têm potencial transformador das realidades vividas.
7. Conhecendo estratégias
Com o objetivo de se construir uma produção de saúde humanizada nos diferentes coletivos
mais uma vez deve-se lançar mão da PNH, que apresenta em suas diretrizes, orientações clínicas,
éticas e políticas, que se traduzem em determinados arranjos de trabalho.
Falaremos um pouco de cada uma delas:
Acolhimento: quase todo mundo já ouviu falar de acolhimento, mas em muitos casos, infe-
lizmente, o termo é usado erroneamente como sinônimo de triagem inicial dos serviços de saúde.
Acolher é muito mais do que isso, até porque uma mera triagem não oferece mais do que o modelo
hegemônico pode oferecer, centrada na queixa orgânica e no máximo revestida de um bom atendi-
mento, cordial, porém superficial. Acolher é primeiramente reconhecer o outro e sua necessidade
singular de saúde (Brasil, 2013b). Ele, cheio de suas singularidades, de falas e também de silêncios,
que muitas vezes são por demais eloqüentes. Faz-se necessária, portanto, uma escuta, diz-se “qua-
lificada”, de forma a garantir ao usuário atendimento adequado as suas necessidades. Dessa forma,
se bem feito, o acolhimento destacará a vulnerabilidade, a gravidade e o risco, assegurando um
atendimento que se encaixa nas reais necessidades do usuário.
Gestão Participativa e Co-gestão: a gestão não é tarefa exclusiva do gestor institucional-
mente colocado. Ela, para ser efetiva e eficiente, também deve se alimentar de uma boa escuta.
9. Considerações finais
Nesse capítulo foram apresentados alguns diferentes arranjos e dispositivos da política nacio-
nal de humanização, aspectos esses que são fundamentais na construção dinâmica e contínua, da
qualificação do cuidado e assistência à saúde no SUS. Essa política é uma linha invisível que se
propõe a costurar ações, antes de mais nada, solidárias dentro do Sistema Único de Saúde. É im-
portante reafirmar, não devemos esquecer, que sua busca se confunde com a luta e a conquista da
saúde como direito assegurado na Constituição Federal (Brasil, 1988).
Seguir trabalhando por essas garantias, tendo em mente as dificuldades a serem enfrentadas,
deve ser nossa instigação diária, sejamos nós gestores, trabalhadores ou usuários.
Porém, considerando a riqueza e a importância da PNH na luta pelo direito à saúde caberia
aqui o questionamento: de que humanização estamos falando? Embora pese o fato de vivermos
em uma época de grande acesso à informação, ainda assim, por exemplo, o desconhecimento
sobre o tema parece prevalecer entre muitos trabalhadores da saúde. Entre as várias razões para
que isso ocorra pode estar a inserção dos mesmos em contextos políticos em que a PNH não
seja fundamental, de forma que o arranjo do processo de trabalho não lhes permita refletir sobre
as suas práticas de saúde. Para esse trabalhador, muitas vezes levado à exaustão pelas rotinas de
trabalho, conseguir transpor a distância entre o falado e a sua rotina, pode configurar-se em um
abismo quase intransponível. Nesses casos há um descompasso entre a produção de saberes e o
seu empoderamento pelos que materializam o cuidado. Afinal, poderíamos questionar, quantas
línguas falamos no SUS? Estaríamos nós criando a nossa própria Babel, uma confusão que aparta
os diversos sujeitos, sem que nos déssemos conta disso? Seriam esses indícios de lacunas, onde
pesquisadores, gestores e trabalhadores por vezes não estejam conseguindo efetivar uma conexão
de entendimento? Para o fortalecimento real do SUS há que se apreciar esses hiatos que compro-
metem a nossa percepção de unidade. Dessa forma, talvez sejam construídas mais pontes do que
muros nos percursos propositalmente inacabados da humanização, caminhos esses certamente
balizados pelos diferentes modos de gestão.
Bibliografia consultada
Sucupira AC. A importância do ensino da relação médico-paciente e das habilidades de comunica-
ção na formação do profissional de saúde. Interface (Botucatu). 2007; 11(23): 619-35.
Mawusi Ramos
Fisioterapeuta (UFSCar/SP). Especialista em Terapia Intensiva pela UNESP-Botucatu/SP
(Universidade Estadual Paulista), Especialista em Saúde Coletiva pela UNESP-Botucatu/SP. Com-
pôs os processos de Educação Permanente dos Profissionais de rede de Atenção básica de Ara-
raquara, foi membro da equipe de implantação do primeiro NASF do município de Araraquara. É
Especialista em Impactos da Violência na Saúde (ENSP/FIOCRUZ), em Gestão em Saúde Coletiva
(UNIFESP/SP), Apoiadora de Rede de Atenção a Saúde no Município de São Bernardo do Campo,
Capacitada em Processos Educacionais em Saúde pelo IEP – HSL (Instituto de ensino e pesquisa
Conteúdo programático:
1. Identificar os sistemas de saúde e os modelos de atenção – Contexto Histórico;
2. Redes de Atenção à Saúde: conceito e organização dos seus elementos constitutivos.
3. Porque o meu atendimento é tão individualizado? – O desafio da fragmentação nos serviços de
saúde;
4. Como começar a articular as minhas ações em saúde? – Linhas de cuidado;
5. Como a minha equipe pode trabalhar pensando na lógica de redes? – Multidisciplinaridade,
Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade.
Leituras obrigatórias
Guerra LM, Cavalcante DFB, Delgado AMS, Catandi MD. Política Pública de Saúde no Brasil:
antecedentes e perspectivas. In: Pereira, AC; Guerra, LM; Cavalcante, DFB; Meneghim, MC.
Gestão Pública em Saúde: Fundamentos e Práticas. Editora Livronovo. 2016. Pag. 17- 48.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece
diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 2010 dez 30.
Brasil. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011 [acesso 2017 maio 18]. Regulamenta a Lei nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de
Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e
dá outras providências [internet]. Diário Oficial da União. 2011 jun 29. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm.
Costa AD, Defavari ER, Pereira AC. Ações transetoriais e trabalho em rede. In: Pereira AC, Guerra
LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública em saúde: fundamentos
e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016. cap.10, p. 261-78.
Mendes EV. As redes de atenção à saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde;
2011.
Links utilizados
Brasil. Ministério da Saúde. Rede de atenção psicossocial – RAPS [folder]. Brasília: Ministério da
Saúde; 2013 [acesso 2017 jun 02]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/
conheca_raps_rede_atencao_psicossocial.pdf.
Sugestões de vídeos
Vídeo educacional ilustrativo sobre Redes de Atenção à Saúde. Produzido por Gigli Testoni. Pu-
blicado em: 2016 jul 17. [acesso 2017 jun 05]. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=0N_9KKu15oM&t=15s.
Palestra Dr. Eugênio Vilaça Mendes sobre Redes de Atenção à Saúde no Auditório do Centro Ad-
ministrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre (RS), em 28/09/15 [vídeo]. Publicado em:
2015 set 30 [acesso 2017 jun 05]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Iu-
beEMHiWsI.
Atividade recomendada
Que tipo de rede você identifica em seu município? Descreva a realidade que você observa e
compare com o que foi apresentado nesse capítulo.
Essa transição é importante e afeta a sociedade de várias maneiras. A expectativa de vida das
pessoas se alonga. Mas a população economicamente ativa diminui e a população idosa, mais
dependente do Sistema de Saúde, aumenta. Inúmeras doenças e agravos, até então fatais, são
controladas. Mas surgem novos desafios para o Sistema de Saúde como Parkinson, Alzheimer e as
demências em geral, sobre os quais a ciência ainda não tem domínio.
Paralelamente ao envelhecimento da população, ocorre a transição epidemiológica que, carac-
terizada pelo aumento de doenças crônico-degenerativas em detrimento das infectocontagiosas,
resulta no aumento da demanda dessa população por serviços de saúde. O impacto dessa situação
no sistema de saúde é facilmente exemplificado ao imaginarmos o impacto econômico, estrutural
Imaginemos duas situações diferentes: uma com rede de atenção instituída e outra sem a rede:
Sr Valentino tem 54 anos. É morador do município de São Clemente (500 mil habi-
tantes) diagnosticado com esquizofrenia há mais de 20 anos. Ficou internado em hospital
psiquiátrico durante 10 anos. Ao ser desospitalizado, procurou a família que não o acolheu.
Então se tornou um morador de rua. No primeiro mês teve um surto esquizofrênico.
Situação 1 – (sem rede de atenção estruturada do município):
Sr. Valetino é levado pelo SAMU até uma unidade urgência mais próxima que o medica
e encaminha para nova internação psiquiátrica.
Situação 2 – (com rede de atenção estruturada do município RAPS - Rede de Atenção
Psicossocial):
Sr. Valetino é levado pelo SAMU até o CAPS 3 (Centro de Atenção Psicossocial) onde
é acolhido e medicado. A equipe constrói, junto com os profissionais da USF e com o pró-
prio usuário, um projeto terapêutico singular visando atender suas necessidades de saúde
e sociais. O CAPS faz sua inclusão em grupos terapêuticos, oficina de marcenaria (no caso
aquela que o paciente referiu mais habilidade e satisfação), atendimento com psiquiatra,
psicólogo, etc. A equipe da USF providencia atendimento clínico geral, de enfermagem
e de saúde bucal. Sr. Valentino passa a morar numa residência terapêutica (SRT: serviço
residencial terapêutico), onde convive com pessoas, tem atribuições de organização do lar,
alimentação adequada, dentre outras atividades cotidianas. Além disso, o CAPS o insere no
PVC (Programa Volta para Casa) por meio do qual recebe recurso financeiro mensal para
sua subsistência. Com isso viabiliza-se, além do atendimento das necessidades de saúde, a
autonomia e, consequentemente, a reinserção social do indivíduo.
Porém, sua implantação pode passar por obstáculos, sendo eles em caráter gerencial, técnico-
-profissional e/ou comunitário (Silva, 2011). Nessa perspectiva, em 30 de dezembro de 2010 foi
aprovada a portaria 4.279 que estabelece diretrizes para a organização das Redes de Atenção à
Saúde no âmbito do SUS e em 28 de junho de 2011 foi assinado o decreto 7.508 que regulamenta a
lei 8080/90 ao dispor sobre a organização do SUS, tais documentos são estratégias para superação
de uma fragmentação da atenção e gestão em saúde (Brasil, 2010; Brasil, 2011b).
Mas o que são exatamente as Redes de Atenção à Saúde? São organizações poliárquicas com
seus pontos vinculados entre si e com objetivo comum (integralidade); atuam por meio de ações
cooperativas e interdependentes, permitindo ofertar uma atenção contínua e integral a determina-
da população sob a coordenação da atenção básica em saúde (Figura 5) (Mendes, 2011).
Assim, o sistema em rede organiza-se sob a horizontalidade de atenção à saúde e tem por
centro de comunicação a atenção básica de saúde, visando melhorar a qualidade da atenção, a
qualidade de vida dos usuários, os resultados sanitários do sistema de atenção à saúde, a eficiência
na utilização dos recursos e a equidade em saúde (Mendes, 2011).
Neste contexto, vale destacar o importante papel da atenção primária à saúde como porta de
entrada para o Sistema de Saúde, possuindo, portanto, uma importância peculiar por ser o ponto
coordenador e articulador das redes de atenção à saúde (Campos et al., 2013), uma vez que, es-
tando mais próxima da população e da realidade vivida pela comunidade possui aparentemente
maiores chances de facilitar a identificação dos usuários e a consequente oferta de atenção aos
mesmos pelas equipes (Giovanella e Mendonça, 2008).
Ao desenvolver seu papel, a atenção primária à saúde, por meio da Estratégia Saúde da Família
(ESF) tem, como uma de suas responsabilidades, o diagnóstico situacional da comunidade para,
posteriormente, planejar e implementar ações compatíveis com a realidade das necessidades da
população assistida em uma perspectiva da integralidade (Santana e Carmagnani, 2001). Além disso,
para atuar como coordenadora deste cuidado integral, a ESF precisa ser vista como parte de uma
rede de atenção com um sistema atuante de referência e contra referência, com normas, critérios e
caminhos que norteiam e organizam os fluxos dentro da rede (Figura 5) (Gonçalves, 2002).
No caso do Brasil, o Sistema Único de Saúde vive um momento de construção de Redes de
Atenção à Saúde (Gondinho, 2014) sendo que a grande coordenadora dessa organização é a aten-
ção primária à saúde. No momento atual, um dos grandes desafios tem sido a descentralização
dos serviços do SUS, uma vez que, a regionalização e a hierarquização exigem organização arti-
culada tanto entre os níveis de atenção, quanto entre as esferas de governo, para que a demanda
por utilização dos serviços não sobrecarregue os municípios. Isso, por sua vez, exige articulações
e pactuações entre as esferas, o que é desafiador do ponto de vista político-institucional (Mendes,
2010; Lavras, 2011).
A partir disso, vamos nos perguntar: como estão trabalhando os nossos profissionais dentro
dos nossos serviços de saúde? Os processos de trabalho em saúde estão partindo do sujeito e dos
seus determinantes sociais? Do clínico individual para o ser humano coletivo com suas diversas
especificidades? Estamos gerando cuidado ou atendimento? Quais as ações desenvolvidas por
eles que possibilitem cuidar do outro a partir de uma concepção humana, coletiva, acolhedora,
implicada na produção de vínculo e de corresponsabilidade?
Para alguns autores (Pinheiro; Guizardi, 2004; Pinheiro, 2008; Guizardi, 2005), as definições de
integralidade e de cuidado são indissociáveis. Cuidado “é o tratar, o respeitar, o acolher, atender o
ser humano em seu sofrimento, em grande medida fruto de sua fragilidade social” (Gondim, 2011).
Mattos (2005) referenciou três sentidos sobre a “integralidade”:
“Integralidade pra mim seria atender a pessoa como um todo. Ver o ser humano como um todo.
Igual, por exemplo, a pessoa chega aqui com um problema... com verminose, uma simples vermi-
nose. Então você vai lá. Ela tem problema social. Ela não tem casa, ela não tem um banheiro bem
feito, ela tem esgoto a céu aberto. O pai não tem emprego, a mãe é uma alcoólatra. Então é um
problema social! O que eles fazem hoje? Eles separam tudo. Você vai e pega aquela criança, pega
aquela família, o SUS vai e dá remédio. Trata a verminose e daí a dois meses “tá” o problema aí
de novo. Então, como que você vai trabalhar a integralidade no SUS, se você não trabalha a área
social? Então eu entendo que a integralidade seria tratar o sujeito como um todo. É saber como
estão as condições de vida dele, se ele tem emprego, se ele tem como sustentar a família, fazer
um planejamento familiar com ele, dar educação para os filhos dele. Aí você poderia oferecer uma
saúde. Para a pessoa não procurar a saúde somente quando está doente. É Posto de Saúde ou
Posto da Doença?” (SMS1).
Nesse sentido, podemos pensar na integralidade do cuidado, o que pode significar a incorpo-
ração da produção de cuidado em saúde às diferentes necessidades do usuário, ou seja, repensar
os processos de trabalho a partir de abordagens assistenciais junto ao paciente, produzindo um
trabalho vivo em ato, desenvolvendo na relação usuário-trabalhador momentos de encontros, de
fala, de escutas e interpretações. Essas práticas estabelecem o vínculo, a responsabilização do
usuário, o acolhimento, a conduta adequada e procedimentos corretos sem supremacia de uma ou
outra tecnologia (Kuschnir, 2015).
Abaixo citaremos trechos com exemplos de integralidade do cuidado em uma unidade hospi-
talar (Gondim, 2011):
Isso é a politicidade do cuidado, ou seja, a intensificação de uma dialética entre ajuda e poder
em prol da construção de uma autonomia relativa dos sujeitos, que, consequentemente, poderá
embasar relações mais democráticas entre os mesmos. Desta forma, o cuidar assume um papel
para além da produtividade do trabalho em saúde, uma vez que envolve as dimensões ecológica,
epistemológica, ontológica, social e política, que caracterizam o viver (Marx, 1963; Merhy, 1997).
Em resumo, nesse sentido, o cuidado em saúde e sua gestão é um somatório de decisões quan-
to ao uso de tecnologias (duras, leves-duras e leves*), de articulação de profissionais e ambientes
em um determinado tempo e espaço, que tenta ser o mais adequado possível às necessidades de
cada paciente/usuário do SUS (Merhy e Cecílio, 2002).
Nesse contexto estão as linhas de cuidado (Figuras 8 e 9), imagem que demonstra os fluxos
assistenciais seguros e garantidos ao usuário, no sentido de atender às suas necessidades de saúde
integralmente. É o itinerário que o usuário faz por dentro de uma rede de saúde incluindo disposi-
tivos não necessariamente do sistema de saúde, mas que participam de alguma forma da rede, tal
como entidades comunitárias e de assistência social (Franco e Magalhães Jr., 2003).
Entretanto, é essencial pontuar que a Linha do Cuidado é diferente dos processos de referência
e contra referência, apesar de incluí-los também. Assim, ela não funciona apenas por protocolos
estabelecidos, mas também abre espaço para que os gestores dos serviços possam pactuar fluxos,
reorganizando o processo de trabalho, a fim de facilitar o acesso do usuário às Unidades e Serviços
aos quais necessita (Franco e Magalhães Jr., 2003).
Todos os serviços são compostos por diversos profissionais, dessa forma faz–se necessário
integrar as equipes, fazer com que seus integrantes conversem e participem da construção do cui-
dado dos usuários. As decisões tomadas por equipe costumam ocorrer mais rapidamente e pela
integração das pessoas. Criar um espaço de troca (Reunião de equipe) nas unidades de saúde é
fundamental.
Nesse processo de integração entre trabalhadores, usuários e serviços, algumas ferramentas
são potentes na construção do cuidado em rede.
Apoio Matricial: com o objetivo de mudar o padrão dominante de responsabilidade nas orga-
nizações, esta tecnologia de gestão se complementa com o processo de trabalho em “equipes de
referência” (equipe ESF). Onde, em vez de as pessoas se responsabilizarem por atividades e proce-
dimentos (tecnologia dura e leve – dura), o que se espera é a construção de uma responsabilidade
no âmbito das relações pessoais (tecnologias leves). Assim, o apoio matricial tem a capacidade de
unir tanto a dimensão leve - dura, quanto a leve (Martines; Chaves, 2007).
Clínica Ampliada: suas propostas são direcionadas a todos os profissionais que fazem clí-
nica, ou seja, os profissionais de saúde na atenção aos usuários, uma vez que toda profissão faz
um destaque de características e informações, cada uma de acordo com seu núcleo profissional.
Ampliar a clínica é permitir a conciliação de diferentes saberes centrados nas necessidades dos
indivíduos. Assim, a discussão em equipe de casos clínicos, desde os mais simples aos mais com-
plexos, é um instrumento clínico e gerencial de suma importância, tanto quanto o envolvimento
dos serviços que assistem os usuários em questão. Estas ações garantem que o cuidado não fique
polarizado e seja compartilhado (Martines; Chaves, 2007).
Projeto Terapêutico Singular (PTS): conjunto de propostas de ações terapêuticas articula-
das para um indivíduo ou para um grupo. É produto da construção coletiva de uma equipe inter-
disciplinar, com apoio matricial, se necessário. Normalmente é dedicado a situações mais comple-
xas. Pode ser também entendido como uma variação da discussão de “caso clínico”. Em resumo,
6. Referências
Araújo SSC, Freire DBL, Padilha DMP, Baldisserotto J. Suporte social, promoção de saúde e saúde
bucal na população idosa no Brasil. Interface (Botucatu). 2006; 10(19): 203-16.
Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística – IBGE. Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil 2009. Rio de Janeiro:
IBGE; 2009 [acesso 2017 jun 01]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/
livros/liv42597.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece
diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 2010 dez 30.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Regulação, Avaliação
e Controle de Sistemas. Curso básico de regulação, controle, avaliação e auditoria no SUS. 2.
ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2011a [acesso 2017 jun 01]. Disponível em: http://www.re-
dehumanizasus.net/sites/default/files/curso_de_regulacao_controle_avaliacao_do_sus.pdf.
Brasil. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011 [acesso 2017 maio 18]. Regulamenta a Lei nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saú-
de - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá
outras providências [internet]. Diário Oficial da União. 2011b jun 29. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm.
Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A Gestão do SUS / Conselho Nacional de Se-
cretários de Saúde. – Brasília: CONASS, 2015. 133 p.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Polí-
tica Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 2010
set 22.
Bibliografia Consultada
Costa AD; Pereira, AC. Ações Transetoriais e Trabalho em Rede. In: Pereira, A.C.; Guerra, L.M.;
Cavalcante, D.F.B.; Meneghim, M.C. Gestão Pública em Saúde: Fundamentos e Práticas. Edi-
tora Livronovo. 2016. Pag. 261-278.
Garcia, M et al (organizadora). Políticas e Gestão em Saúde. Rio de Janeiro: Escola de Governo em
Saúde, 2004.128 p.
Mendes, EV. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte: ESP-MG; 2009.
Tofani LFN, Pereira AC. A regulação em saúde. In: Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Me-
neghim MC, organizadores. Gestão pública em saúde: fundamentos e práticas. Águas de São
Pedro: Livronovo; 2016. cap.19, p. 454-72.
Conteúdo programático
Um dos grandes desafios da gestão em saúde é conseguir otimizar recursos disponíveis para
garantir o acesso e responder as necessidades de saúde da população. Para isso, é fundamental que
um gestor compreenda como se organiza a regulação do acesso à assistência, os fluxos estabeleci-
dos, os protocolos e as prioridades de acesso. Neste capitulo abordaremos as práticas de regulação
em saúde tanto ambulatorial quanto nas emergências, trazendo relato de uma experiência bem
sucedida na prática, além de sugestões de leitura, vídeos e atividades sugeridas. Boa leitura.
Leitura obrigatória
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasil sorridente – atenção especia-
lizada [acesso 2017 maio 30]. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_bra-
sil_sorridente.php?conteudo=atencao_especializada>.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de acesso ambulatorial:
consultas especializadas: Hospitais Federais no Rio de Janeiro. Brasília: Ministério da Saúde;
2015. 188p.
Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes para a implantação de complexos reguladores. Brasília: Mi-
nistério da Saúde; 2006. 68p.
Leitura Complementar
Projeto Diretrizes, CFM /AMB/MS: <http://www.portalmedico.org.br/diretrizes/100_diretri-
zes/Texto_Introdutorio.pdf>.
Atividade recomendada
Conhecer os sistemas de agendamento e os protocolos para encaminhamentos em níveis se-
cundário e terciário em seu município.
Fonte: http://www.minasnofoco.com/wp-content/uploads/2014/01/novas_unidades.jpg
A melhor maneira de priorizar o acesso é elaborar protocolos que irão guiar as ações dos
profissionais da Atenção Básica e os demais que precisam de avaliações de outros especialistas e
exames complementares. Esses protocolos podem ser disponibilizados aos profissionais da aten-
ção básica para a solicitação de consultas especializadas. Os profissionais especialistas possuem
protocolos e diretrizes para avaliações e solicitações de exames de alta complexidade de acordo
com critérios bem estabelecidos por cada sociedade de especialistas. Um modo interessante de
utilização destes protocolos seria através da adaptação dos mesmos à realidade local de cada mu-
4. Referência e contrarreferência
Importante veículo de comunicação entre o médico da Atenção Básica e o profissional da
especialidade e deve sempre ser a documentação de comunicação entre ambos, devendo ser cor-
retamente preenchida e com letra legível (Serra e Rodrigues, 2010; Borghi et al., 2013).
Complexo regulador
A Regulação do Acesso é feita de maneiras diferentes de acordo com as características de cada
município, mas sempre seguindo as diretrizes da Regulação da Atenção à Saúde. Todo município
deve ter no mínimo uma atenção básica bem organizada e resolutiva, o qual faça encaminhamen-
tos seguindo os fluxos corretos mesmo que o atendimento não seja realizado dentro do seu terri-
tório, mas sim no município que é seu polo de referência. Neste caso seguem-se as definições dos
Planos Diretores de Regionalização (PDR) e Programação Pactuada e Integrada (PPI).
Fonte: <http://slideplayer.com.br/slide/2264491/8/images/3/>.
Fluxograma+*Afastamento+do+Posto+de+Trabalho/+do+Trabalho.jpg
Regulação e Redes de Atenção na APS – Seminário 1 [vídeo]. Publicado em: 2014 out
27 [acesso 2017 jun 08]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hwJiv-
vl0eJ4>.
Articulação entre Atenção Secundária à Saúde e Atenção Primária à Saúde em Santo
Antônio do Monte - entrevista com Priscila Rabelo [vídeo]. Publicado em: 2014 set 08 [aces-
so 2017 jun 08]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KM5pHfsAdig>.
6. Limitações do Sistema
Com o intuito de garantir o aceso aos usuários a uma rede hierarquizada de serviços, os ges-
tores de vem evidenciar as limitações da rede e suas barreiras para subsidiar a tomada de decisão
e o planejamento na melhoria do acesso. Através dos Planos Diretores de Regionalização (PDR),
fundamentados na demanda e na capacidade física instalada, dos entes federados são definidas e
pactuadas as regras de referenciamento intraestaduais, intramunicipais e/ ou interestaduais, por
meio da Programação Pactuada Integrada (PPI)(Barbosa et al., 2016). Sendo assim, os municípios
devem oferecer os cuidados na atenção primária, média complexidade e se não dispuserem dos
demais níveis assistenciais devem pactuar assistência com outros municípios. Porém, é de suma
importância que se faça uma constante avaliação da resolutividade de toda a rede, principalmente
no acesso aos serviços de média e alta complexidade.
A busca por leitos hospitalares é um dos desafios da regulação da rede de urgência e emer-
gência e, diante da dificuldade de vagas, a regulação é realizada por dois dispositivos: a)“ Vaga
Zero” que deve ser entendido como uma medida legal, que decide o destino do paciente mesmo
nas situações em que inexistam leitos vagos para internação, em serviços que façam parte da rede,
conforme previsto na portaria 2048 do MS; e b) “Ampliação de busca” que é a terminologia usada
para se buscar leitos em todo Estado , ou seja, fora de sua abrangência de atuação regulatória (Bu-
Fonte: http://www.saude.rs.gov.br/regulacao-hospitalar
7. Relato de Experiência
Com os objetivos: a) qualificar os encaminhamentos gerados pelos profissionais que atuam
nas Unidades Básicas de Saúde da parceria entre Hospital Israelita Albert Einstein e a Prefeitura
Municipal de São Paulo e b) reduzir o tempo de espera dos usuários encaminhados, foi elaborado
o Projeto Regulação.
Este projeto iniciou-se em uma das 13 Unidades Básicas de Saúde, contando com a participa-
ção de vários profissionais (gestores, médicos, auxiliares administrativos, dentistas, auxiliares de
saúde bucal entre outros).
As principais metas pactuadas foram: reavaliar os encaminhamentos que estavam na fila de
espera há mais de 6 meses, reduzir o números de guias de encaminhamentos, padronizar os proce-
dimentos administrativos e treinar uma equipe composta por médicos e dentistas, para apoiarem
tecnicamente a gestão da fila de espera.
Inicialmente foi realizado um mutirão para avaliar a situação dos encaminhamentos que esta-
vam na fila de espera. Os casos foram discutidos entre os profissionais e os pacientes convocados
para reavaliação.
Outra ação importante foi estabelecer uma liderança clínica (médico e cirurgião dentista). Esse
profissional tem papel fundamental na gestão da fila de espera. Sua ação visa reavaliar os enca-
minhamentos; conhecer as normas e protocolos da regulação; ser uma referência técnica para os
profissionais e auxiliares administrativos que atuam na regulação; mapear as principais dificulda-
des encontradas na rede e identificar os temas e necessidades de treinamento para as equipes.
Despertar nos profissionais, o olhar da gestão da clínica foi fundamental para atingir a efetivi-
dade (os melhores resultados possíveis para os usuários), o cuidado centrado na pessoa (valoriza-
ção das experiências), e uma combinação de demanda e disponibilidade de recursos.
8. Considerações Finais
Este capítulo é um guia para o gestor em relação a regulação ao acesso do usuário ao sistema
de saúde de seu município em níveis ambulatorial e emergencial, baseadas em diretrizes do Minis-
tério da Saúde. Estaspodem ser melhor adaptadas a sua realidadelocal após conhecimento de seus
problemas e de recursosdisponíveis, otimizando-os e deste modo oferecendo serviços adequados
ao usuário.
Bibliografia consultada
Brasil. Ministério da Saúde. Constituição Federal (Artigos 196 a 200) [acesso 2017 jun 07]. Dispo-
nível em: <http://conselho.saude.gov.br/web_sus20anos/20anossus/legislacao/constitui-
caofederal.pdf>.
Conteúdo programático
1. Conceito e Origem dos Tributos
2. Direito Financeiro e Direito à Saúde – o desafio de cumprir o Direito Constitucional
3. Fontes de Financiamento do Setor Saúde e as Emendas Constitucionais
4. Fundo de Saúde
5. Repasses e Recursos
6. Blocos de Financiamento
7. Ações e Serviços Públicos de Saúde
8. Proibições para Utilização dos Recursos e Suspensões das Transferências Federais
9. Transparência, Visibilidade, Fiscalização, Avaliação e Controle da Gestão em Saúde
10. SUS Legal
11. Desafios do Financiamento do SUS
12. Considerações Finais
Leitura obrigatória
Brasil. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012 [acesso 2017 maio 18]. Regulamenta
o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem
aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e servi-
ços públicos de saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com
saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis números 8.080, de 19 de
setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências [internet]. Diário
Oficial da União. 2012 jan 16. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
lcp/Lcp141.htm>.
Leitura complementar
Marques RM, Piola SF, Roa AC, organizadores. Sistema de saúde no Brasil: organização e financia-
mento. Rio de Janeiro: AbrES; 2016. 260p.
Santos Neto JA, Costa SL, Kunihiro S, Cavalcante DFB. Política e modelo atual de financiamento
do SUS. In: Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão
pública em saúde: fundamentos e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016. p.49-89.
Santos L. SUS e a Lei Complementar 141 comentada. Campinas: Saberes; 2012. 221p.
228 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Vídeos sugeridos
Santos L. Traduzindo o SUS e a Lei Complementar 141 [vídeo]. Publicado em: 2013 mar 6 [acesso
2017 jul 18]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZFoZl1KarOE
Bate Papo na Saúde – PEC 241 e os Impactos no SUS [vídeo]. Publicado em: 2016 nov 7 [acesso
2017 jul 18]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8ibSSxOEN_I
Reis CO. Democracia, Estado e direitos sociais: a PEC 241/16 e o desmonte do SUS [vídeo]. Pu-
blicado em: 2016 set 27 [acesso 2017 jul 18]. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=opmz2wpdXSg
Funcia F. Democracia, Estado e direitos sociais: a PEC 241/16 e o desmonte do SUS [vídeo].
Publicado em: 2016 set 27 [acesso 2017 jul 18]. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=LbsPJTs1YkE
Atividade recomendada
Realize consulta de pagamentos no portal do Fundo Nacional de Saúde. Acesse: www.fns.saude.gov.br
Realize a pesquisa de informações orçamentárias e financeiras. Acesse: Sistema de Informações
sobre Orçamentos Públicos em Saúde - SIOPS no link http://portalsaude.saude.gov.br/in-
dex.php/o-ministerio/principal/siops no setor de economia da saúde do Portal do Ministério
da Saúde ou pelo site do DATASUS - http://www2.datasus.gov.br/DATSUS/index.php
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 229
230 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 231
232 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 233
Fonte: Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil - ANFIP, 2016.
234 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 235
236 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
I - 13,2% (treze inteiros e dois décimos por cento) da receita corrente líquida
no primeiro exercício financeiro subsequente ao da promulgação desta Emenda
Constitucional;
II - 13,7% (treze inteiros e sete décimos por cento) da receita corrente líquida
no segundo exercício financeiro subsequente ao da promulgação desta Emenda
Constitucional;
III - 14,1% (quatorze inteiros e um décimo por cento) da receita corrente líqui-
da no terceiro exercício financeiro subsequente ao da promulgação desta Emenda
Constitucional;
IV - 14,5% (quatorze inteiros e cinco décimos por cento) da receita corren-
te líquida no quarto exercício financeiro subsequente ao da promulgação desta
Emenda Constitucional;
V - 15% (quinze por cento) da receita corrente líquida no quinto exercício fi-
nanceiro subsequente ao da promulgação desta Emenda Constitucional.
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 237
A EC 86/2015 estabeleceu que a União deveria aplicar no mínimo 13,2% da receita corrente
líquida – RCL em ações e serviços públicos de saúde, atingindo em 2020, 15% da RCL. Se essa
regra estivesse vigente desde 2003, aplicando-se os 13,2% da RCL de 2002 para calcular o mínimo
daquele ano, de 2003 a 2015 a perda seria de R$ 257 bilhões, comparando com os gastos realiza-
dos nesse período, baseando no regramento da EC 29. Considerando o congelamento dos gastos
públicos, o limite mínimo de aplicação no baixo patamar de 2016, as alterações trazidas pela EC
86 em 2015, mais a queda da arrecadação, o esperado é a redução significativa de recursos (Vieira
e Benevides, 2016).
Na prática, a EC 86 não ampliou os recursos do SUS, e de certa forma representou até uma
diminuição do orçamento público destinado à saúde, pois passou a permitir que as emendas par-
lamentares deem destino determinado pelo anseio do Parlamentar (Deputado Federal e Senador)
ao orçamento específico de custeio/ investimento de cada Município que for beneficiado, repre-
sentando em uma diminuição da base total de recursos para o custeio em geral do SUS. Assim,
passaram a concorrer orçamentária e financeiramente com os já parcos recursos destinados ao
custeio e investimento no setor saúde, ou seja, não injetaram recursos financeiros provenientes
de outros setores, passaram a definir apenas onde seriam aplicados percentuais de recursos já
destinados à saúde.
238 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 239
Para 2017, a saúde terá 13,7% da Receita Corrente Líquida RCL), que é o somatório arrecada-
do pelo governo, deduzido das transferências obrigatórias previstas na Constituição, este percen-
tual terá um ligeiro acréscimo anual até o ano de 2020 COM 15%, e ficará com este percentual até
o ano de 2026, a seguir (Barros e Piola, 2016; Brasil, 2016c):
240 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 241
4. Fundo de Saúde
O fundo de saúde é um instrumento de gestão, de planejamento e de controle de recursos
destinados ao financiamento das ações e dos serviços de saúde (Brasil, 1964, 1988, 2003b, 2005;).
A Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/1990 condicionava a existência Fundo de Saúde para que
se efetivassem as transferências de recursos destinados à cobertura de serviços e ações de saúde
(Brasil, 1990a ,1990b; 2011c). No mesmo sentido a Lei Complementar nº 141/2012, em seu art.
14, que determina que o Fundo de Saúde deve ser instituído por lei e mantido em funcionamento
pela administração direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, constituin-
do-se em unidade orçamentária e gestora dos recursos destinados a ações e serviços públicos de
saúde, ressalvados os recursos repassados diretamente às unidades vinculadas ao Ministério da
Saúde (Brasil, 2011a, 2007a, 2013a).
Vale lembrar que a movimentação dos recursos dos Fundos de Saúde, deverá ser realizada,
exclusivamente, mediante cheque nominativo, ordem bancária, transferência eletrônica, ou em
outra modalidade de saque autorizada pelo Banco Central do Brasil, em que fique identificada a
sua destinação e, no caso de pagamento, o credor (Brasil, 2005).
A existência do Fundo de Saúde permite maior transparência ao gasto com saúde tanto para
os órgãos responsáveis pela fiscalização do executivo (Órgãos do Sistema de Controle Interno
do Poder Executivo e do Tribunal de Contas), como pela sociedade, representada pelo Conselho
de Saúde, o qual também possui função de acompanhamento e fiscalização dos recursos (Brasil,
2010b, 2015a).
O Fundo de Saúde é um Fundo especial, que concentra as diversas fontes de repasses, ou seja,
no caso do Município receberá recursos da União, do Estado, do percentual de aplicação munici-
pal e, em alguns casos, da própria fonte de arrecadação, como por exemplo recursos de ações de
vigilância sanitária (Alvarás de funcionamento/ Licença de funcionamento, multas). No Fundo de
Saúde estes recursos serão administrados e tem sua execução destinada exclusivamente para as
despesas com ações e serviços públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito. Não
podendo ser utilizados em despesas de outra natureza que não seja de saúde pública. Assim, por
exemplo os recursos do Fundos de Saúde não podem ser utilizados para pagamentos de despesas
de operadoras de saúde de funcionários públicos. Ademais, vale lembrar que as despesas execu-
tadas pelos Fundos de Saúde devem estar em conformidade com objetivos e metas dos Planos de
242 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
5. Repasses e Recursos
Como é realizado o repasse dos recursos?
Recapitulando o tema, ressaltamos que as ações e serviços de saúde implementadas pelas três
esferas de governo são financiadas com recursos da União, estados, municípios e outras fontes
suplementares de financiamento.
Os repasses são realizados Fundo a Fundo, ou seja, do Fundo Nacional para o Fundo Estadual/
Municipal de Saúde, do Fundo Estadual para o Fundo Municipal, não havendo a necessidade de
convênio ou termo de parceria entre os entes federados (Brasil, 1996b).
A Emenda Constitucional 29/2000 assegurou o financiamento das ações e serviços públicos
de saúde, estabelecendo que as três esferas de governo aportem anualmente recursos mínimos
provenientes da aplicação de percentuais das receitas e determinando as suas bases de cálculo
(Brasil, 2000a).
Ótimo, agora você sabe de onde chegam os recursos para que possa fazer sua gestão financeira
na saúde e abaixo segue a forma de como são realizadas as transferências para os cofres públicos.
O Decreto n. 1.232, de 30 de agosto de 1994, posteriormente às Normas Operacionais 01/91
e 01/92 do SUS, estabeleceu as condições e as formas para viabilizar os repasses regulares e au-
tomáticos dos recursos do SUS (Brasil, 1994b).
A Portaria GM/MS n. 204, de 29 de janeiro de 2007, através do Pacto pela Saúde regulamentou
o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e serviços de saúde, com
o respectivo monitoramento e controle. Os recursos federais que compõem cada bloco de finan-
ciamento serão transferidos de forma regular e automática aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) – gestor financeiro do SUS (Brasil, 2006a, 2006b,
2006c, 2007a, 2007b).
De quem é a responsabilidade das contas e o ordenador das despesas?
A responsabilidade de manter as contas públicas e de ordenar as despesas é do gestor do res-
pectivo ente federado.
Nos termos do art. 9º, combinado com § 2º do art. 32 da Lei nº 8.080 de 19/09/90, compete
ao Secretário de Saúde a gestão dos recursos do SUS. Os recursos do Fundo devem ser gerencia-
dos como qualquer outro recurso do orçamento, em conformidade com a Lei nº 4.320/64 (Brasil,
1964, 1990a, 1990b).
Você viu a quem compete a gestão dos recursos financeiros, portanto fique bem atento, e como
sugestão faça uma leitura da Lei Complementar 141/2012 para saber mais sobre suas responsabi-
lidades. Neste capítulo, você tem a maioria dessas informações e, de acordo com seu aprendizado,
você deverá aprofundar na matéria.
Para que você se sinta mais seguro, espero que já tenha se apropriado dos conteúdos relaciona-
dos ao PMS, PPA, LDO, PAS, LOA, conforme dialogamos no capítulo do planejamento em saúde no
SUS. No último capítulo deste livro, descrevemos uma agenda das programações e prazos estabele-
cidos a serem cumpridos (Teixeira, 2001; Mendes, 2003; França, 2008; Brasil, 2016b).
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 243
244 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
I O valor mínimo para os Municípios integrantes do Grupo I passa para R$ 28,00 (vinte e oito
reais) por habitante ao ano.
II O valor mínimo para os Municípios do Grupo II passa para R$ 26,00 (vinte e seis reais) por
habitante ao ano.
III O valor mínimo para os Municípios do Grupo III passa para R$ 24,00 (vinte e quatro reais) por
habitante ao ano.
IV O valor mínimo para o Distrito Federal e os municípios integrantes do Grupo IV passa para R$
23,00 (vinte e três reais) por habitante ao ano.
O Componente Piso da Atenção Básica - PAB Variável são transferi¬dos do FNS aos Fundos
de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios, mediante adesão e implementação das ações a que
se destinam e desde que constantes no respectivo Plano de Saúde. O PAB Variável é constituído
por recursos financeiros destinados ao financiamen¬to de estratégias nacionais de reorganização
do modelo da atenção em saúde, realizadas no âmbito da atenção básica, tais como:
I Saúde da Família;
II Agentes Comunitários de Saúde;
III Saúde Bucal;
IV Compensação de especificidades regionais;
V- ator de Incentivo de Atenção Básica aos Povos Indígenas;
VI Incentivo para a Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário;
VII Incentivo para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente em conflito com a lei, em regime de
internação e internação provisória;
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 245
246 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Esse componente é constituído do Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS) e do Piso Variável
de Vigilância em Saúde (PVVS). Os recursos oriundos desse componente podem ser utilizados em
ações do outro componente do Bloco de Vigilância em Saúde, desde que cumpridas as finalidades
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 247
• Piso Fixo de Vigilância Sanitária (PFVISA): destinados a Estados, Distrito Federal e Muni
cípios, visando o fortalecimento do processo de descentralização, a execução das ações de
vigilância sanitária e para a qualificação das análises laboratoriais de interesse para a vigilância
sanitária; e
• Piso Variável de Vigilância Sanitária (PVVISA): destinados a Estados, Distrito Federal e
Municípios, na forma de incentivos específicos para implementação de estratégias voltadas à
Vigilância Sanitária (Brasil, 2013b).
“(...) Art. 3º Os medicamentos que fazem parte das linhas de cuidado para as doenças contempla-
das neste Componente estão divididos em três grupos conforme características, responsabilida-
des e formas de organização distintas:
I - Grupo 1: medicamentos sob responsabilidade de financiamento pelo Ministério da Saúde, sen-
do dividido em:
a) Grupo 1A: medicamentos com aquisição centralizada pelo Ministério da Saúde e fornecidos às
Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal, sendo delas a responsabilidade pela progra-
248 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 249
É válido destacar que a transferência desse recurso só poderá ser concretizada mediante ade-
são ao Pacto pela Saúde, por meio de assinatura do Termo de Compromisso de Gestão e respeita-
dos os critérios estabelecidos em ato normativo específico.
O Componente para a Implantação de Ações e Serviços de Saúde inclui os incentivos atual-
mente designados:
250 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
I – Sejam destinadas às ações e aos serviços públicos de saúde de acesso universal, igualitário
e gratuito;
II – Estejam em conformidade com os objetivos e as metas explicitados nos Planos de Saúde
de cada ente da Federação; e
III – sejam de responsabilidade específica do setor de saúde, não se aplicando a despesas re-
lacionadas a outras políticas públicas que atuam sobre determinantes sociais e econômicos, ainda
que incidentes sobre as condições de saúde da população.
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 251
252 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 253
254 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
I - Servidores inativos;
II - Servidores ativos, exceto aqueles contratados exclusivamente para desempe-
nhar funções relacionadas aos serviços relativos ao respectivo bloco, previs-
tos no respectivo Plano de Saúde;
III -Gratificação de função de cargos comissionados, exceto aqueles diretamente
ligados às funções relacionadas aos serviços relativos ao respectivo bloco,
previstos no respectivo Plano de Saúde;
IV - Pagamento de assessorias/consultorias prestadas por servidores públicos per-
tencentes ao quadro do próprio município ou do estado; e
V - Obras de construções novas, exceto as que se referem a reformas e adequações
de imóveis já existentes, utilizados para a realização de ações e/ou serviços
de saúde.
A Prestação de Contas
A prestação de contas deverá ser apresentada através da realização periódica de relatórios
oficiais obrigatórios pela legislação do SUS.
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 255
256 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
a) Fonte do Recurso: identifica a origem dos recursos. Os números entre parênteses indicam a
fonte do recurso, são exemplos: próprio do tesouro (1); transferências e convênios estaduais-
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 257
258 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Destacamos nos Quadros a seguir alguns códigos de aplicação mais utilizados no Setor Saúde,
bem como a descrição da Função Saúde, suas 6 subfunções e alguns elementos econômicos mais
utilizados na elaboração do PPA e LOA. Vejamos:
Fonte: Organizado pelos autores com base no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público,
exercício 2017 (Brasil, 2016c).
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 259
Subfunção de governo:
Fonte: Organizado pelos autores com base no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público,
exercício 2017 (Brasil, 2016c).
260 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 261
262 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Obras
Em relação a forma de financiamento de obras de construção, ampliação ou reforma o repasse
de recursos federais, será feito em parcela única, substituindo os atuais modelos de financiamento
com contrato de repasse, antigamente realizado em três parcelas de acordo com ao andamento
da obra.
De acordo com a nova proposta quem fizer o pedido para unidade de pronto atendimento,
unidade básica de saúde e/ou demais serviços terá que enviar projeto completo, com cronograma,
capacidade técnica e financeira e estrutura necessária para manter o serviço. Uma vez respeitado
todos os trâmites e de acordo com o estabelecido e aprovado o plano pelo ente federado, o repasse
será feito integralmente.
A proposta tem o objetivo de evitar a paralisação de obras e novas licitações. Já que uma vez
o município receberá em parcela única, que no qual poderá estar repassando o pagamento em
tempo hábil para empresa responsável pela obra (Brasil, 2017).
Acompanhamento online
O objetivo deste acompanhamento, nos casos de impropriedade – prazo expirado, documen-
tação inconsistente e/ou ausência de alimentação do Sistema de Monitoramento de Obras, o ente
será notificado até três vezes para solucionar a situação. Caso contrário, os recursos transferidos
serão integralmente devolvidos, de forma automática, sem necessidade de consulta prévia.
A proposta em relação a transferência de recurso será muito criteriosa e rigorosa, o recurso
vai ser pago inteiramente, em parcela única, adiantado, porém o não cumprimento das etapas fará
com que o mesmo retorne automaticamente.
Ao ente federativo espera-se com a nova proposta uma série de fatores como: revisar e mini-
mizar os sistemas de informática e de informação reduzindo o número existente, tornar obriga-
tório aqueles atualmente implantados e fazer valer o funcionamento do prontuário eletrônico do
cidadão; revisar e eliminar contradições de algumas portarias; bem como estabelecer critérios
transparentes de alocação de serviços com maior equidade.
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 263
264 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
“(...) Após análise de vasta bibliografia, tomou-se conhecimento de que todos os países da Europa
Ocidental adotam ou já adotaram o Wealth Tax, com exceção da Bélgica, Portugal e Reino Unido.
Na Europa, atualmente apenas a Holanda, França, Suíça, Noruega, Islândia, Luxemburgo, Hungria
e Espanha possuem o imposto. (...) Na Ásia, têm-se conhecimento que o Japão o adotou por um
curto período de tempo (1950-3), a Índia o possui desde a década de 1950 e há experiências no
Paquistão e Indonésia. Na África do Sul houve um debate para sua implementação no período pós
Apartheid. Na América Latina o imposto está em vigor na Colômbia, Argentina (desde 1972) e
Uruguai (desde 1991), com grande crescimento recente da arrecadação nesses três países.
(...)
Apesar dos problemas apresentados pelo Wealth Tax, o presente trabalho ressaltará que ele pode
ser efetivo no caso brasileiro, visto o nosso padrão de desigualdade, o tamanho da nossa econo-
mia, a tecnologia atual (o que aumenta a escala e reduz custos) e finalmente a baixa tributação de
heranças e da propriedade no Brasil em geral. França e Argentina podem ser exemplos de que o
imposto pode ser factível. A Alemanha, por possuir uma economia de grande porte, os custos de
administração Wealth Tax representavam 3,4% das receitas com esse imposto em 1996” (Carva-
lho Jr, 2011).
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 265
Renúncia fiscal
Aqui chamamos de renúncia fiscal os gastos privados com a saúde, às reduções de alíquotas do
Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição sobre o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins), a não tributação sobre renda (IR), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e
Cofins das entidades filantrópicas, as imunidades tributárias previstas no art. 150, VI, alíneas “b” e
“c” da CF/1988 (Scaff, 2010; Barros e Piola, 2016).
Vale destacar que os gastos privados com a saúde são dedutíveis da renda tributável (pessoa
jurídica e pessoa física), sem nenhum critério e sem nenhuma gradação e/ou incidência de teto,
como, por exemplo, é para educação. Consequentemente, isto diminuiu o total de tributos arre-
cadados, o que gera um montante de tributos menor à ser arrecadado e partilhado. E ainda, há
aplicação privada em uma dada parcela da população que tem acesso a estes serviços, não respei-
tando os princípios da Universalidade e da Equidade do SUS.
Desta forma, os brasileiros que tem algum tipo de seguro saúde ou planos de saúde privada
de acesso restrito devem saber que este seu benefício é custeado por toda a população brasileira,
porque é custeado com financiamento público.
Estudos comprovaram que entre 2003 a 2011 esta renúncia fiscal foi de R$ 197.786 milhões
(Ocké-Reis, citado por Barros e Piola, 2016).
Fonte: (1) Receita Federal do Brasil. Elaboração: Ocké-Reis (2013, p.7). Despesas médicas e odontológicas. (s)
Assistência médica, odontológica e farmacêutica a empregados. (3) PIS/Cofins. (4) IRPJ, CSLL e Cofins - apud
Barros e Piola, 2016
E aqui nem nos aproximamos da discussão acerca da Anistia Fiscal dos governos, pois é sabi-
do que grandes devedores na previdência social vêm negociando abertamente (ou pela espreita)
junto aos governos para verem suas dívidas abonadas. O que parece a princípio uma negociação
do grande capital com o governo representa, na verdade, uma desoneração financeira das políticas
266 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Judicialização do SUS
Existem muitos atravessamentos, como a própria judicialização que às vezes, equivocadamen-
te, se mostra uma fila diferenciada para acesso a exames de alta tecnologia ou medicamentos de
usuários que tiveram sua indicação pelo setor privado/ ou suplementar, sem respeitar o acesso de
tantos outros que utilizaram os fluxos e redes de atenção à saúde do SUS.
É importante enfatizar que o SUS deve garantir a integralidade da atenção, e algumas vezes a
judicialização mostra falhas nesta garantia, mas em muitas outras está pouco fundamentado no di-
reito à saúde universal, equânime e com integralidade, pois nos deparamos com muitas demandas
judiciais pautadas em setor privado, que não passaram pelos princípios e critérios técnicos do SUS.
Ademais, algumas decisões judiciais levam há mais inequidade do que de fato garantia de
direito, pois os magistrados não aplicam o princípio da Reserva do Possível. Este princípio teve
origem no Direito Alemão quando do julgamento da inconstitucionalidade da limitação de vagas
imposta pela Universidade da Baviera “(...) e significa que todo orçamento possui um limite que
deve ser utilizado de acordo com exigências de harmonização econômica geral” (Sacff, 2010), ou
seja, na judicialização do SUS os magistrados devem analisar o quanto aquele pedido pode gerar
mais inequidade e desarmonização orçamentária naquele ente federado do SUS, para não se cons-
tituir em um atravessamento, ou até arrombamento dos cofres públicos.
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 267
268 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
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276 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS
Bibliografia consultada
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 978, de 16 de maio de 2012c [acesso 2017 jul 17]. Define
valores de financiamento do Piso da Atenção Básica variável para as Equipes de Saúde da
Família, Equipes de Saúde Bucal e aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, instituídos pela
Política Nacional de Atenção Básica [internet]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/saudelegis/gm/2012/prt0978_16_05_2012.html.
Brasil. Tribunal de Contas da União. Orientações para conselheiros de saúde. 2. ed. Brasília: TCU,
Secretaria de Controle Externo da Saúde; 2015.
Carvalho G. Financiamento para a saúde: definido, definitivo e suficiente [acesso 2017 jul 17].
Disponível em: http://www.idisa.org.br/img/File/FINANCIAMENTOPARAASAUDEDEFI-
NIDODEFINITIVOESUFICIENTE.pdf
Oliveira F. Os direitos do antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita. Petrópolis: Vo-
zes; 1998.
Tofani LFN, Sguarezi D. O estado brasileiro e os fundamentos da administração pública. In: Pereira
AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública em saúde:
fundamentos e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016. p.91-116.
Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Direito Tributário ao Financiamento do SUS 277
Conteúdo programático
1- O que é o Controle Social?
Conceitos, história do controle social e suas práticas
Como divulgar as atividades do conselho para a comunidade
Como abordar os movimentos sociais
Empoderamento social
2- O que é o Conselho de Saúde?
Legislações
Criação do conselho de Saúde
Orçamento do conselho
Papel dos membros do conselho
3- Quais são os Conselhos?
Conselho Nacional, Estadual e Municipal.
Órgãos e entendidas de apoio (Para quem eu posso recorrer?)
Tribunal de Contas, Controladoria, Ministério Público, outros conselhos
4- Quais as competências do Conselho de Saúde?
Análise do relatório de gestão
Fiscalização
Conferências de Saúde
O que influência na vida dos usuários do SUS
5- O que são as Instâncias de Pactuação?
O Pacto pela Saúde
Comissão Intergestora Tripartite (CIT)
Comissão Intergestora Bipartite (CIB)
Leitura obrigatória
Brasil. Ministério da Saúde. Conselhos de saúde: a responsabilidade do controle social democrá-
tico do SUS. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2013 [acesso 2017 jun 19]. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/conselhos_saude_responsabilidade_contro-
le_2edicao.pdf>.
Brasil. Ministério da Saúde. Para entender o controle social na saúde. Brasília: Ministério da Saúde;
2013 [acesso 2017 jun 19]. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/
Manual_Para_Entender_Controle_Social.pdf>.
Atividade recomendada
– Qual a diferença entre Comissão local de Saúde e Conselho Municipal de Saúde? Descreva cada
uma delas.
– Você sabe como deve ser o canal de participação da comunidade para o Conselho? Reflita como
funciona no seu Município.
– Você conhece as normas que regulamentam o Conselho Municipal de Saúde do seu Município?
Ele está embasado na LEI 8.142/90? Quais características podem confirmar isso?
– Além dos Conselhos, quais outras instâncias podem-se recorrer? Descreva quais são.
– Como está composta a Comissão do conselho Municipal de Saúde?
– E o financiamento do Conselho Municipal de Saúde, como funciona?
– Quais as competências do Conselho Municipal de Saúde?
– Seu Município participa ou realiza as Conferências de Saúde? Como elas são divididas?
Nesse cenário, a participação comunitária estava relacionada à execução e organização dos ser-
viços de saúde, incluindo atividades de conscientização de hábitos de higiene marcados por ações
de mutirão, limitadas a noção de “colaboração” popular (Paim, 1984; Paim e Almeida Filho, 2014).
O uso do trabalho não qualificado das comunidades em ações sanitárias foram os primeiros meios
de envolver a população, em especial as populações marginais de áreas urbanas e rurais, conforme
destacou a Conferência de Atenção Primária em Saúde de Alma-Ata (Escorel e Moreira, 2008).
Controle Social tem como ideal a participação na gestão pública e está intimamente relacio-
nado com os cidadãos que podem intervir na tomada da decisão administrativa, na orientação da
administração pública (gestor) para que a mesma adote medidas que realmente atendam ao inte-
resse público e, ao mesmo tempo, podem exercer controle sobre a ação do Estado, exigindo que o
gestor público preste as contas de sua atuação (Silva et al., 2015). Como exemplo, podemos citar
as competências dos Conselhos Municipais de Saúde:
Duas tendências
• Interlocução entre usuários e profissionais, canal de avaliação;
• Canal de reivindicações, organização e mobilização popular.
Lei 8.142 de 1990 – SUS [vídeo]. Publicado em: 2015 nov 15 [acesso 2017 jun 19]. Dis-
ponível em: <https://youtu.be/XMMS7s2c8PM\>.
Conferências de Saúde
Conferência Municipal de Saúde:
Objetivos:
• Avaliação da situação de saúde do município;
• Votação das prioridades na área da saúde para o município (formulação de diretrizes para a
política de saúde);
• Subsídio para a elaboração do Plano Municipal de Saúde.
O Promotor de Justiça deve acompanhar a execução do Plano Municipal de Saúde, cobrando
dos gestores a implementação das ações definidas e aprovadas nas conferências e nos conselhos
de saúde (Brasil, 2015).
O Pacto pela Saúde foi publicado pela Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006 “Divulga o
Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido
Pacto.” A implantação desse Pacto, nas suas três dimensões - Pacto pela Vida, Pacto de Gestão e
Pacto em Defesa do SUS - possibilita a efetivação de acordos entre as três esferas de gestão do SUS
para a reforma de aspectos institucionais vigentes, promovendo inovações nos processos e instru-
mentos de gestão que visam alcançar maior efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas
e ao mesmo tempo, redefine responsabilidades coletivas por resultados sanitários em função das
necessidades de saúde da população e na busca da equidade social (Brasil, 2015).
Pacto pela saúde 2006 – Portaria nº 399 – Anexo 1 [vídeo]. Publicado 2012 maio 04
[acesso 2017 jun 19]. Disponível em: <https://youtu.be/cUTlrQCqQvs>.
Figura 10 - Apoio Operacional dos Conselhos de Saúde aos órgãos ligados à saúde
4. Considerações Finais
Caro colega, finalizamos esse capítulo, no entanto, é válido ressaltar que não adianta apenas
refletir e compreender o arcabouço legal dos direitos da cidadania e da participação social, sem
aplicar isso na sua prática. Somos seres sociais, precisamos uns dos outros para sobreviver, por-
tanto, crie redes, estimule o trabalho coletivo. Sabendo que o maior desafio está em estimular a
participação coletiva por meio da inserção nos movimentos sociais, comece por aí, mobilize a sua
5. Referências
Bem AS. A centralidade dos movimentos sociais na articulação entre o estado e a sociedade bra-
sileira nos séculos XIX e XX. Educ Soc. 2006; 27(97): 1137-57.
Bobbio N, Matteucci N, Pasquino G. Dicionário de política. Brasília: UnB; 1995.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado; 1988.
Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990 [acesso 2017 maio 18]. Dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências [internet]. Diário Oficial da União. 1990a
set 20. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm.
Brasil. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro 1990 [acesso 2017 mar 18]. Dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as transferências intergover-
namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências [internet]. Diário
Oficial da União. 1990b dez 28. Disponível em:https://www.sjc.sp.gov.br/media/116799/
microsoft_word_-_lei_n_8142.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2135, de 28 de dezembro de 2006. Aprova orientações ge-
rais relativas aos instrumentos do Sistema de Planejamento do SUS: Disponivel em :http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt3332_28_12_2006.html]
Brasil. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012 [acesso 2017 maio 18]. Regulamenta
o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem
aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e servi-
ços públicos de saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com
saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis números 8.080, de 19 de
setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências [internet]. Diário
Oficial da União. 2012a jan 16. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
lcp/Lcp141.htm
Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução CNS nº 453, de 10 de maio de
2012 [acesso 2017 mar 13]. Define diretrizes para instituição, reformulação, reestruturação
e funcionamento dos Conselhos de Saúde. Diário Oficial da União. 2012b; nº 109, Seção 1,
p. 138 [acesso 2015 mar 13]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
cns/2012/res0453_10_05_2012.html
Brasil. Tribunal de Contas da União. Secretaria de Controle Externo da Saúde. Orientações para
conselheiros de saúde. 2. ed. Brasília: TCU; 2015.
Britto CA. Distinção entre “controle social do poder” e “participação popular. Rev Direito Adm.
1992; 189: 114-22.
Conteúdo programático
1. As “vozes” da população – a manifestação da experiência do paciente
2. Contextualização histórica das ouvidorias
3. Definições
4. Fluxo de trabalho com as ouvidorias
5. Considerações finais
Leitura obrigatória
Guia de orientações básicas para Implantação de ouvidorias do SUS – Brasília DF – 2013.
Leitura complementar
Obcecados por servir – Construindo valor a partir da experiência do paciente – James Merlino –
Editora Atheneu – Edição 2016.
Buscando o Triple Aim na Saúde. 8 Inovadores Mostram o Caminho Para Melhor Tratamento,
Melhor Saúde e Menores Custos – Maureen Bisognano – Editora Atheneu – Edição 2015.
Atividade recomendada
Ao avaliar as ouvidorias de uma Unidade Básica de Saúde identificou-se que a maioria das
queixas eram sobre a dificuldade para agendamento de consulta. A partir dessas informações,
elabore um plano de ação para organização das agendas dos profissionais.
Introdução
Saber ouvir é uma habilidade que poucas pessoas possuem naturalmente. Um bom gestor
deve em sua prática ser capaz de identificar as diversas manifestações de sua população para que,
através da mensagem passada, seja capaz de modificar a realidade local em prol de uma saúde de
melhor qualidade e de um ambiente de trabalho mais humano e acolhedor.
Atualmente, tanto no cenário nacional quanto no internacional, a experiência do paciente du-
rante suas passagens nos serviços de saúde tem sido relevante e valorizada. Os administradores
dos serviços (públicos ou privados) tem na expressão dessa experiência vivida pelos usuários uma
enorme oportunidade de rever processos e fluxos, além de ter elementos concretos que podem os
apoiar na tomada de decisão para uma gestão mais assertiva e participativa (Merlino, 2016).
O paciente sempre busca uma boa experiência, independente do desfecho clínico que sua
situação de saúde tenha, uma boa impressão dos serviços, profissionais e ambiente é capaz de
influenciar inclusive na recuperação e adesão aos tratamentos propostos (Merlino, 2016).
Conceitos modernos de inovação em saúde, qualidade e segurança normalmente levam em
consideração as experiências vividas pelos usuários dos serviços para implantação de um progra-
ma de melhorias. Os conceitos de inovação em saúde através da busca do Triple Aim propostos
pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI) é um bom exemplo de esforços em busca de uma
gestão mais assertiva e eficiente (Bisognano e Kenney, 2015).
O Triple Aim do IHI basea-se em três pilares: melhorar a experiência da assistência individual
(efetiva, segura e confiável); melhorar a saúde da população (com prevenção e bem-estar comuni-
tário, controlando, por exemplo, doenças crônicas); e diminuição do custo per capita (otimizando
recursos) (Bisognano e Kenney, 2015).
Todas as formas de expressão da população são importantes e servirão como importantes ins-
trumentos de gestão. Valorizar esses momentos e abordagens podem ser um grande ganho, pois,
através deles o gestor poderá perceber como deve seguir e se o caminho que tem traçado, aliado
ao que os indicadores de saúde e de desempenho que a região mostram, são a melhor estratégia
para uma busca de uma melhor entrega do serviço.
Vamos dar um exemplo prático para melhor ilustrar: paciente Maria aguarda na porta do con-
sultório pelo seu atendimento de pré-natal, após um tempo longo de espera, começa reclamar em
voz alta a ponto de criar um pequeno tumulto. Qual deveria ser a ação do gestor neste momento?
Deverá abordar Maria e entender a situação ou passá-la na frente de outros pacientes para ter a
tranquilidade de volta?
Aproveitar essa oportunidade é ouvir a paciente e entender os motivos que a levaram se sentir
dessa forma. Maria pode trazer uma história onde possa indicar que a Unidade está falhando em
uma das etapas de seu processo de trabalho, como por exemplo, o agendamento de diversas pa-
cientes em um mesmo horário, gerando esperas desnecessárias devido a uma ação para comodi-
dade do profissional que a atende, ou ainda, pode indicar que Maria necessita de uma abordagem
diferenciada onde alguém a explique de forma clara a rotina da Unidade, uma vez que aquele tem-
po de espera é devido e necessário para seus passos clínicos, uma vez que o tempo que esperou
é equivalente a um preparo que deve realizar para estabilizar sua pressão arterial, pós medicação,
para realização de um exame em seguida e necessário a sua consulta.
Vejam, uma simples reclamação no corredor da Unidade de Saúde pode auxiliar o gestor a
melhorar um fluxo, rotina ou processo; ou ainda, pode reafirmar ao gestor que o caminho que tem
seguido está adequado e deve ser mantido, ou apenas aprimorado.
A criação de uma ouvidoria, de uma empresa pública ou privada, vem antes de tudo preencher
um espaço cada vez maior com relação ao direito do consumidor. O objetivo da ouvidoria é aten-
der essa sociedade que se torna cada vez mais participativa, mais exigente e ansiosa por melhorias
na qualidade de vida e na consumação de seus direitos como cidadão.
O acesso a uma ouvidoria é permitido a qualquer cidadão que se sinta refém da insatisfação
da referente aos serviços prestados a ele. A ouvidoria deve ser acionada quando o cidadão não se
sentir totalmente atendido em seus direitos (Iasbeck, 2010).
O processo de escuta do cidadão se dá individualmente, porém, a Ouvidoria tem como atri-
buição sistematizar as demandas que recebe, de forma a possibilitar a elaboração de indicadores
abrangentes que podem servir de suporte estratégico à tomada de decisão no campo da gestão da
saúde (Brasil, 2013).
O Ouvidor tem o papel de escutar e registrar todas as reclamações, sugestões, elogios, solici-
tações que a sociedade em geral possa fazer (Souza, 2017).
- Fluxo de trabalho com as ouvidorias:
Fonte: adaptado do guia de orientações básicas para implantação de ouvidorias do SUS. Ministério da Saúde, 2013.
Cabe ao administrador local, que pode ser desde o gestor da Unidade até mesmo um gestor
público de instâncias superiores, analisar a demanda que chega através das ouvidorias e colocar
luz sob o que lhe fora solicitado. Analisar com calma, discutir diferentes cenários e avaliar a opor-
tunidade de mudança para que se tenha um serviço melhor para população e que seja capaz de
oferecer uma experiência positiva, com qualidade, segurança e eficiência.
Normalmente, o próprio gestor entra em contato com o munícipe para entender melhor o ex-
posto e para que resolvam juntos e da melhor maneira a demanda encaminhada. Este momento
é também uma oportunidade de aproximação e fortalecimento do vínculo entre serviço e usuário.
2. Considerações finais
Qualificar a comunicação entre cidadãos e administração pode ser essencial para identificar
demandas da sociedade; definir conceitos e eixos para uma ação pública coerente e integrada;
3. Referências
Bisognano M, Kenney C. Pursuing the triple aim: seven innovators show the way to better care,
better health, and lower costs. San Francisco: Jossey-Bass; 2015.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de
Ouvidoria Geral do SUS. Guia de orientações básicas para implantação de ouvidorias do SUS.
Brasília: Ministério da Saúde; 2013.
Iasbeck LCA. Ouvidoria é comunicação. Organicom [internet]. 2010 [acesso 2017 jun 20]; 7(12):
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Duarte J, Veras L, organizadores. Glossário de comunicação pública. Brasília: Casa das Musas;
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Fernandes FMB, Moreira MR, Ribeiro JM. Análise da atuação das ouvidorias estaduais do Sistema
Unico de Saúde como instâncias participativas. Saude Debate [internet]. 2016 [acesso 2017
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Pedersoli JH. Aplicação móvel para registro de reclamação de postura para Município: reclame
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Pereira LH. A voz do usuário no sistema hospitalar: ouvidorias. Sociologias. 2002; 4(7): 82-121.
Reis LRP. Ouvidorias públicas municipais: instrumento de ressignificação da democracia. Rev
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Souza LA. A ouvidoria como instrumento de gestão ética, transparente e participativa em uma
instituição pública de ensino do Maranhão [trabalho de conclusão de curso – bacharel]. São
Luís: Universidade Federal do Maranhão; 2017.
Vigilância em Saúde
Fique de olho no seu município!
Vigiar ou proteger?
Manoelito Ferreira Silva Junior
Dentista. Especialista em Saúde Coletiva e da Família (FOP/Unicamp). Mestre e Doutorando
do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (FOP/Unicamp).
Conteúdo programático
1.Conceitos e histórico
2. Componentes da Vigilância em Saúde
3. Análise das Situações de Saúde através dos Sistemas de Informação (SI)
4. Perspectivas e desafios
5. Regulamentações estruturantes (Portarias).
6. Financiamento
Leitura obrigatória
Fonseca EP, Meneguim MC, Pereira AC. Vigilância sanitária no âmbito do Sistema Único de Saúde.
In: Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública
em saúde: fundamentos e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016. Cap.17, p.412-35.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Vigilância em saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase, malária, tracoma e tuberculose.
Brasília: Ministério da Saúde; 2007 [acesso 2017 jun 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_vigilancia_saude.pdf
Leitura complementar
Teixeira MG. Controle da dengue: importância da articulação de conhecimentos transdisciplinares.
Interface (Botucatu). 2008; 12(25): 442-51.
Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde - Parte 1. Brasília: CO-
NASS; 2011 [acesso 2017 jun 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica-
coes/para_entender_gestao_sus_v.5.pdf
Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde - Parte 2. Brasília: CONASS;
2011 [acesso 2017 jun 21]. Disponível em: http://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/517/1/
SISTEMAUNICODESAUDE%2cV.6.pdf
Atividade recomendada
Identifique a organização e os componentes do serviço de Vigilância em Saúde do seu município.
Vigilância em Saúde
fique de olho no seu município! Vigiar ou
proteger?
A Vigilância em Saúde é caracterizada como um conjunto articulado de ações destinadas a
controlar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em determinados terri-
tórios, sob a ótica da integralidade do cuidado, o que inclui tanto a abordagem individual quanto a
coletiva dos problemas de saúde.
O capítulo apresenta uma compreensão de Vigilância em Saúde como prática estratégica de
estado, dos sistemas de vigilância de âmbito local, regional, estadual e federal, relevantes à gestão
de sistemas locais de saúde.
1. Vigilância em Saúde
A Vigilância em Saúde insere-se no espaço social abrangendo sua atuação sobre o setor pú-
blico e privado na defesa da população com referência ao preceito institucional da igualdade e ao
princípio da equidade.
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem por objetivo oferecer um espaço de ações e práticas no
intuito de garantir à saúde. Mais do que um cumprimento formal que está proposto na Constitui-
ção, a vigilância faz parte e precisa estar integrada com as demais práticas voltadas à saúde da
população. Então, as ações de vigilância para serem operacionalizadas demandam financiamento,
recursos humanos e infraestrutura. Ao Estado compete o papel de articular os municípios e regiões
para garantir a uniformidade mínima das ações de todo o município nas práticas de supervisão e
controle de qualidade dos serviços de saúde. Ao município, corresponder com o mínimo necessá-
rio para que as ações sejam realizadas, dentro da gestão ou em nível local, profissional (Fonseca,
2011).
Atualmente, há uma importante etapa de descentralização das ações de saúde, ou seja, a mu-
nicipalização da vigilância, o que constitui um importante subsídio para o planejamento, gerencia-
mento e qualidade dos serviços de assistência à saúde. Nesse caso, a garantia da saúde ambiental
e ocupacional, controle de qualidade de produtos e da vida da população. Nesse aspecto, deve ser
considerado a complexidade das ações de vigilância.
Na prática, os municípios brasileiros apresentam distintas modalidades de organização e ges-
tão pública, principalmente em virtude das diferentes realidades regionais. Sendo assim, as con-
2. Vigilância Sanitária
A atividade de planejamento das ações de Vigilância Sanitária parte do reconhecimento da
área geográfica de abrangência, mapeamento dos problemas locais e eleição de prioridades com
base em fontes de informação como: denúncias, questionários, relatórios, censo de estabelecimen-
tos. Com a finalidade de detectar espaços ou fenômenos que representam risco à saúde e à vida.
A partir de um diagnóstico situacional é possível priorizar ações, definir objetivos e programas, or-
ganizarem recursos, articular com outros setores internos e externos ações e tomada de decisões
com o foco em atender as necessidades de saúde de uma população (Fonseca, 2011).
A atuação tradicional da Vigilância Sanitária tem se resumido ao atendimento das demandas
espontâneas, isto é, sem planejamento nem programação. O que é muito pouco diante de seu
importante papel como promotora da saúde e de prevenção de danos. É fundamental pensar uma
Vigilância Sanitária que tenha o diagnóstico de sua área com base em perfis epidemiológicos, com
potenciais riscos definidos, objetivos e metas, padronização de atividades e inspeções, avaliação
sistemática dos resultados. Para se obter bons resultados e cumprir o papel de promotora da saúde
e prevenção de danos, a Vigilância Sanitária deve organizar sua prática por meio de prioridades
programáticas; além de atender as denúncias, questionamentos e reclamações, que permitam dar
uma resposta adequada aos reais problemas.
Além disso, um plano de ações bem elaborado deve incluir não apenas as funções de fisca-
lização, mas também de caráter educacional e de conscientização da população, envolvendo a
comunidade, os prestadores de serviços, produtores, profissionais da saúde e todos aqueles que
estejam envolvidos na programação de ações da Vigilância Sanitária (VISA). O envolvimento da
unidade básica de saúde com ações de educação, monitoramento dos problemas e soluções a
nível local.
A Portaria 59/2015, atualiza para o ano de 2015 os valores dos repasses de recursos financei-
ros federais do Componente de Vigilância Sanitária, do Bloco de Financiamento de Vigilância em
Saúde para Estados, Municípios e Distrito Federal destinados à execução das ações de Vigilância
Sanitária, em função do ajuste populacional de que trata o art. 8º, da Portaria GM/MS 475/2014
(Brasil, 2014, 2015a).
4. Vigilância Epidemiológica
Você gestor e interessado, sabe que conhecer a situação de saúde e os dados epidemiológicos
do território sob sua responsabilidade é imprescindível para uma boa tomada de decisão em todos
os aspectos da gestão, principalmente na organização dos serviços e definição dos protocolos e
linhas de cuidado.
A elaboração e análise da situação de saúde permitem que o gestor e equipe gestora conhe-
çam o perfil populacional do território, os principais problemas de saúde da população, a rede de
serviços existentes, a rede de apoio utilizada para a referência dos casos mais graves, a força de
trabalho em saúde existente e, ao mesmo tempo, organizar as principais informações de saúde.
Para fazer uma boa gestão do SUS, é fundamental obter algumas informações.
• Do que adoece e morre a população do seu território?
• Existem protocolos implantados que possam orientar o manejo das situa-
ções de saúde nas UBS?
• Você conhece as linhas de cuidado das Redes de Atenção propostas pelo
Ministério da Saúde ou pela Secretaria de Estado da Saúde?
• Você tem mapeada a capacidade instalada do seu município?
É frequente o uso do termo situação de saúde quando voltado à morbimortalida-
de e agravos de saúde e ao de mapa da saúde, incluindo, além desses, a capacidade
física e operacional instalada de todos os recursos disponíveis no território, assim
como os pontos de atenção não formais (domicílios, organizações não governamen-
tais, entre outros).
4.3. Histórico
Nos séculos XIX e XX a saúde pública tinha poucos métodos para fazer controle dos quadros
de doença na população como foram o isolamento, a quarentena e o cordão sanitário. Assim, com
o passo do tempo, na Europa alguns pesquisadores tentaram criar outras estratégias que permi-
tiram observar e avaliar como era a tendência de doenças na aquela época. Deste fato, uma das
primeiras classificações de doenças foi desenvolvida pelo William Far (medico inglês, 1807-1883)
e desenvolveu um instrumento voltado a melhorar as condições de saúde na comunidade. A partir
de isso é conhecido como o precursor do conceito moderno de vigilância.
Ao início o foco da vigilância epidemiológica era encaminhado para doenças transmissíveis
porque eram as doenças mais comuns na população mundial da aquela época, mas a disseminação
da vigilância em saúde pelo mundo mudo foi só até o ano de 1965 com ajuda da divisão de doen-
ças transmissíveis da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, a vigilância epidemioló-
gica foi reconhecida internacional como instrumento útil para o controle da doença e vinculou-se
na campanha de erradicação da Varíola no mundo inteiro. Em 1966, no Brasil, a partir da imple-
mentação dessa campanha foram desenvolvidas as primeiras ações de vigilância epidemiológica
(Monken e Batistella, 2008).
Assim, no ano de 1968 foi realizada a 21ª Assembléia Mundial de Saúde onde se apresentaram
algumas mudanças no foco da Vigilância Epidemiológica. Agora sua abrangência além de doenças
transmissíveis, as doenças não transmissíveis e quaisquer eventos adversos em saúde (acidentes,
abortos, doenças profissionais, malformações congênitas, entre outras). Em 1970, a Organização
pan-americana por meio de seu plano decenal e saúde das américas recomenda para todos os
países membros desenvolver a Vigilância Epidemiológica como um sistema, com o objetivo de
conhecer quais eram os fatores de risco para doença em suas populações e assim implementar
planos, medidas e campanhas de promoção e prevenção (Waldman, 1998).
O Ministério da Saúde, no ano de 1975, durante a 5ª Conferência Nacional de Saúde criou o
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) por meio da Lei n. 6.259 de 30 de outubro.
Na década nos 80, a prioridade em nível mundial concentrou-se no controle das doenças in-
fecciosas reemergentes, ao fortalecimento da Vigilância em Saúde global e a integração dos siste-
mas de vigilância de todos os países com a organização mundial da saúde para exercer um maior
controle.
A partir disso, no Brasil se instituiu o sistema único de saúde (1990) por meio da Lei 8.080 com
uma forte promulgação das implementações da no sistema da Vigilância Epidemiológica para o
controle de doenças na população (Brasil, 1990a).
Na atualidade, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) é a encarregada das atividades de
monitoramento do processo saúde-doença de forma geral na população Brasileira em vigilância
epidemiológica: controle de doenças transmissíveis, não transmissíveis, agravos até vigilância sa-
nitária, saúde ambiental e do trabalhador (Brasil, 2009).
7. Vigilância Nutricional
Na década de 1970, já havia idealização de um sistema de informação com inquéritos e pesqui-
sas que desse subsídios para as ações do governo, porém, somente a partir de iniciativas do setor
saúde, surgiram os primeiros esforços para a construção da Vigilância Alimentar e Nutricional
(VAN) no Brasil.
Na década de 1990, institui-se o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) no
Ministério da Saúde, Portaria nº 1.156, de 31 de agosto de 1990 (Brasil, 1990b); apoiado pela Lei
Outro ponto importante para auxiliar na VAN é a identificação das redes de apoio disponíveis,
quais sejam, escolas, creches, centros de assistência social, igrejas, entre outros, como também os
espaços de produção, distribuição e comercialização de alimentos. Onde há prática agrícola, tente
relacionar a produção com as famílias e a comunidade.
Como coletar dados e produzir as informações?
É recomendado que na Atenção Básica sejam realizadas avaliações antropométrica e de con-
sumo alimentar de indivíduos em todas as suas fases do curso da vida: crianças, adolescentes,
adultos, idosos e gestantes.
Para a avaliação antropométrica, observe a aplicação correta do método, veja se os equipa-
mentos adequados estão disponíveis, em boas condições de uso e em um ambiente adequado,
atendendo às recomendações do manual sobre estrutura física das UBS do Ministério da Saúde
(Brasil, 2008a). Para maiores informações, consulte a Norma Técnica do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional (Brasil, 2011b) e os Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nu-
tricional (Brasil, 2008b).
8. Considerações finais
Para toda execução de ações e serviços de saúde faz-se necessária a otimização de recursos
financeiros, humanos, materiais e tecnológicos, pois, para que essa articulação ocorra da melhor
9. Referências
Amorim LCA. Os biomarcadores e sua aplicação na avaliação da exposição aos agente químicos
ambientais. Rev Bras Epidemiol. 2003; 6(2): 158-70.
Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990 [acesso 2017 maio 18]. Dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências [internet]. Diário Oficial da União. 1990a
set 20. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.156, de 31 de agosto de 1990. Institui o Sistema de Vigi-
lância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Diário Oficial da União. 1990b [acesso 2017 jun 21].
Disponível em: http://189.28.128.100/nutricao/docs/legislacao/portaria_sisvan.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Norma operacional básica do Sistema Único de Saúde/NOB-SUS 96.
Gestão plena com responsabilidade pela saúde do cidadão. Brasília: Ministério da Saúde;
1997. 36p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Instrução Normativa nº 1, de 7 de
março de 2005 [acesso 2017 maio 10]. Regulamenta a Portaria nº 1.172/2004/GM, no que
se refere às competências da União, estados, municípios e Distrito Federal na área de vigilân-
cia em saúde ambiental. Diário Oficial da União. 2005a mar 8; Seção 1, p.45. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2005/int0001_07_03_2005_rep.html
Brasil. Decreto nº 5.440, de 4 de maio de 2005. Estabelece definições e procedimentos sobre o
controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instru-
mentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para con-
sumo humano. Diário Oficial da União. 2005b maio 5 [acesso 2017 jun 21]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5440.htm
Brasil. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3. ed. Brasília: Mi-
nistério da Saúde; 2009a.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.252, de 22 de dezembro de 2009b. Aprova as diretrizes
para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distri-
to Federal e Municípios e dá outras providências [acesso 2017 jun 21]. Disponível em: http://
www.ebah.com.br/content/ABAAABVloAG/portaria-3-252
Brasil. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro
de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento
Brasil. Ministério da Saúde. Orientações para coleta e análise de dados antropométricos em ser-
viços de saúde: norma técnica do sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN.
Brasília: Ministério da Saúde; 2011b.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013 [acesso 2017 mar 18]. Regula-
menta as responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das ações de
Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema
Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária [internet]. Dispo-
nível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1378_09_07_2013.html.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 475, de 31 de março de 2014 [acesso 2017 mar 18]. Es-
tabelece os critérios para o repasse e monitoramento dos recursos financeiros federais do
Componente da Vigilância Sanitária do Bloco de Financiamento de Vigilância em Saúde, para
Estados, Distrito Federal e Municípios, de que trata o inciso II do art. 13 da Portaria nº 1.378/
GM/MS, de 9 de julho de 2014 [internet]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2014/prt0475_31_03_2014.html.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n.º 59, de 29 de janeiro de 2015. Atualiza, para o ano de 2015,
os valores dos repasses de recursos financeiros federais do Componente de Vigilância Sani-
tária, do Bloco de Financiamento de Vigilância em Saúde para Estados, Municípios e Distrito
Federais destinados à execução das ações de vigilância sanitária, em função do ajuste popu-
lacional de que trata o art. 8º, da Portaria nº 475/GM/MS, de 31 de março de 2014. Diário
Oficial da União. 2015a fev 2; Seção 1, p.43.
Campos FE, Werneck GAF, Tonon LM, organizadores. Vigilância sanitária. Belo Horizonte: Coop-
med; 2001.
Fonseca EP. Construção da consciência sanitária. Publicado em: 2011 abr 22 [acesso 2017 jun
21]. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/costrucao-da-consciencia-sanita-
ria/64466/
Conteúdo programático
1. Monitoramento e Avaliação: conceitos e diferenças
2. Dado e informação
3. Qualidade
4. Quantidade x Qualidade
5. Ferramentas e possibilidade de utilização
6. Situação Problema (exemplo)
7. Atividade recomendada
8. Considerações finais
Legislação de interesse
Lei Complementar nº 101 de 13 de janeiro de 2012 - Regulamenta o § 3o do art. 198 da Cons-
tituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os cri-
térios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação
e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis
nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.
Decreto n° 7.508 de 28 de junho de 2011 - Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de
1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde,
a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências.
Portaria nº 1.631 de 1 de outubro de 2015 - Aprova critérios e parâmetros para o planejamento
e programação de ações e serviços de saúde no âmbito do SUS.
Portaria nº 2.135 de 21 de setembro de 2013 - Estabelece diretrizes para o processo de plane-
jamento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Portaria 1.517 de 24 de julho de 2013 - Institui o Grupo de Trabalho para a Elaboração da Po-
lítica de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Leitura obrigatória
Faria ET, Penedo RM, Pereira AC. O processo de avaliação em saúde. In: Pereira AC, Guerra LM,
Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública em saúde: fundamentos e
práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016. p.329-54.
Volpato LF, Martins LC, Pereira AC, Meneghim MC. Gestão e Avaliação da Qualidade em Saúde.
In: Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública
em saúde: fundamentos e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016.
Atividade recomendada
Sugestão no final do Capítulo.
Sites de Interesse
Portal da Saúde do Ministério da Saúde - http://portalsaude.saude.gov.br/
Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE) do Ministério da Saúde - http://sage.saude.gov.br/
Sistema de Pactuação de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores em Saúde (SISPACTO) do Mi-
nistério da Saúde - http://aplicacao.saude.gov.br/sispacto
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) - http://www.conass.org.br/
Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz - http://www.proa-
dess.icict.fiocruz.br/index.php?pag=sit
2. Dado e informação
Os dados são tão somente a matéria prima da informação, despojados de valor intrínseco.
Os dados brutos podem ser informação, mas não o são necessariamente. Para que isto aconteça,
devem ser imbuídos de forma e de significado (Targino, 2009). Dessa forma, a informação é a
representação de fatos da realidade com base em determinada visão de mundo (Moraes, 1994).
Há também distinção entre o conceito de informação e conhecimento. O conhecimento vai
além de informações, pois ele além de ter um significado tem uma aplicação. A primeira constitui
matéria-prima do segundo. Só é conhecimento a parcela dos elementos que se incorporam ao re-
pertório cognitivo e conceitual do ser humano. Dentre o manancial de informações às quais temos
acesso cotidianamente, só o que conseguimos reter, apreender e compreender é conhecimento
(Targino, 2009).
Na prática, além do conhecimento da definição dos termos, é fundamental o gestor entender
como gerar, coletar e processar dados para torná-los informação e conhecimento que possam
3. Qualidade
Não dá para falar em monitoramento e avaliação sem ter uma ideia ou conceituação acerca
de qualidade. Qualidade, genericamente, seria o quão bom é um serviço ou produto, o termo é
associado a algo positivo.
Donabedian (1980) conceitua uma tríade baseada nas noções da Teoria Geral dos Sistemas
(input - process - output) para que se faça a avaliação da qualidade.
Torna-se relevante à medida que os efeitos do cuidado da saúde não são avaliados
em forma absoluta, mas relativamente aos custos. Numa curva ideal, o processo de
Otimização
adicionar benefícios pode ser tão desproporcional aos custos acrescidos, que tais
“adições” úteis perdem a razão de ser.
Quantos mais atributos forem envolvidos em um processo avaliativo, maiores são as chances
de representar a realidade.
Alguns deles são de mais fácil aplicação no nível municipal e serão exemplificados aqui:
Brainstorming
Tem o significado de “tempestade mental” e é uma técnica utilizada para geração de ideias
novas, conceitos e soluções para qualquer assunto. Usualmente é trabalhado em equipe de 4 a 8
pessoas com tempo de 30 a 60 minutos de reunião. O assunto deve ser delimitado e todos os par-
ticipantes devem ter sua participação assegurada. Todas as ideias que surgem na reunião devem
ser anotadas e separadas por temas e categorias, separando depois as melhores para análise mais
aprofundada.
1) Introdução - Inicie a sessão esclarecendo os seus objetivos, a - Crie um clima descontraído e agradável.
questão ou o problema a ser discutido. - Esteja certo de que todos entenderam a
questão a ser tratada.
- Redefina o problema, se necessário.
2) Geração - Dê um tempo para que pensem no problema. - Não se esqueça de que todas as idéias são
de idéias - Solicite, em seqüência, uma idéia a cada partici- importantes, evite avaliações.
pante, registrando-a no flip chart. - Incentive o grupo a dar o maior número
- Caso um participante não tenha nada a contribuir, de idéias.
deverá dizer simplesmente “passo”. Na próxima ro- - Mantenha um ritmo rápido na coleta e no
dada, essa pessoa poderá dar uma idéia. São feitas registro das idéias.
rodadas consecutivas até que ninguém tenha mais - Registre as idéias da forma como forem ditas.
nada a acrescentar.
3) Revisão - Pergunte se alguém tem alguma dúvida e, se for o - O objetivo dessa etapa é esclarecer e não
da lista caso, peça à pessoa que a gerou para esclarecê-la julgar.
4) Análise - Leve o grupo a discutir as idéias e a escolher - Idéias semelhantes devem ser agrupadas;
e seleção aquelas que vale a pena considerar. - Utilize o con- idéias sem importância ou impossíveis
senso nessa seleção preliminar do problema ou da devem ser descartadas.
solução. - Cuide para que não haja monopolização ou
imposição de algum participante.
5) Ordenação - Solicite que sejam analisadas as idéias que per- - A votação deve ser usada apenas quando
das idéias maneceram na lista. o consenso não for possível.
- Promova a priorização das idéias, solicitando, a cada
participante, que escolha as três mais importantes.
É possível, ainda, fazer de uma forma que dê maior liberdade ao participante da reunião, evi-
tando constrangimentos por aqueles que se destacam, esse é o Brainwriting, que pode trabalhar
com uma tabela como a apresentada a seguir:
Metodologia 5w2h
Constitui-se de 5 palavras do inglês iniciadas com a letra “w” e outras duas iniciadas com a
letra “h”. Permite aprofundar sobre determinado assunto fazendo as perguntas a seguir.
QUESTÃO SIGNIFICADO
What? O que? - “qual é o assunto”?
Who? Quem? - “quem é o responsável”?
Where? Onde? - “em que lugar será conduzido o processo”?
As sete perguntas devem ser aplicadas sobre o problema em estudo podendo ter sua ordem
alterada.
Ciclo PDCA
A sigla PDCA, em inglês, significa Plan (planejar), Do (fazer), Check (checar, verificar) e Action
(agir). Essa é uma ferramenta gerencial bastante difundida entre gestores de diversas áreas. Pode
ser utilizado por qualquer profissional no seu dia a dia de trabalho.
O PDCA representa uma excelente ferramenta para gestão, podendo ser utilizada como refe-
rência para as atividades de monitoramento e avaliação em todos os setores de uma secretaria
municipal de saúde.
Informações locais e sistema próprio – Sala de Situação
Essas ferramentas vão te auxiliar a gerir toda a secretaria de saúde, mas é importante que re-
tomemos a necessidade de se construir os instrumentos de gestão (PMS, PAS e RAG) de forma a
permitir que as informações disponíveis possam ser utilizadas para monitorar e avaliar se o que foi
planejado está sendo realizado.
Vamos dar um exemplo, digamos que a promessa do seu prefeito na época da campanha elei-
toral tenha sido diminuir a espera por exames de imagem tipo tomografia que chegam a 6 meses.
Já temos um assunto isolado “a demora para agendamento de tomografia”. Você pode começar
a buscar as informações referentes a esse tema fazendo algumas perguntas: qual a capacidade de
realização de exames que se tem, está dentro dos parâmetros conforme a Portaria 1.631/2015
(Brasil, 2015a), a solicitação está dentro de protocolos, existem protocolos para solicitações de
exames de média e alta complexidade? Pode, ainda, monitorar a expedição de pedidos por uni-
dade, por médico, por região da cidade, dentro do mês, semestral, anual, fazer série histórica,
monitorar se não existem pedidos duplicados, etc. A partir do levantamento desses dados e seu
monitoramento, algumas descobertas serão feitas.
Vamos supor que foi descoberto que se faz um número de tomografias bem inferior a para-
metrização do Ministério da Saúde. Vamos buscar, então, qual seria o motivo. Descobrimos que o
prestador não tem executado a meta mensal por que não possui capacidade instalada para fazer
todos os exames que deveria. E preciso repactuar com o atual prestador a execução total das
metas ou mesmo procurar outro prestador que possa executá-la. Nesse pequeno exemplo fizemos
monitoramento (número de tomografias realizadas por mês), fizemos avaliação (confrontamos o
número executado, com as metas e com os parâmetros descobrindo uma discrepância entre o
planejado e o realizado) e fizemos intervenção (atuamos sobre o prestador buscando um acordo
ou mesmo procurando outro prestador).
Para cada causa que você enumerar para um problema, pode-se criar um plano de ação bus-
cando superá-la. Digamos que, ainda, no caso exposto aí em cima, descobriu-se que os pedidos
de tomografia não respeitam nenhum protocolo e são feitos, até por médicos obstetras (que nor-
PAINEL DE MONITORAMENTO
UNIDADE DE SAÚDE:
MÊS
INDICADORES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
N° de famílias acompanhadas
Grupos Prioritários
N° de nascidos vivos
N° de nascidos vivos prematuros
N° de crianças com baixo peso ao nascer
N° de gestantes cadastradas
N° gestantes acompanhadas
N° de consultas médicas
N° de consultas de pré natal
N° de escovações supervisionadas
N° de exames citopatológicos
N° de hipertensos acompanhados
Morbidade
N° de casos de AVC
N° de diabéticos acompanhados
N° de casos novos de tuberculose
Morta-
N° de óbitos totais
lidade
a) Pactuação municipal:
Proporção de cura dos casos novos de hanseníase diagnosticados nos anos das
6 U 90 %
coortes
Informa sobre a adesão no conselho municipal e na CIR que deveram devolver uma resolução
onde consta que foram informados.
Fase 2: Certificação
Compete a esta fase a verificação da realização da autoavaliação, avaliação do desempenho
dos indicadores e avaliação externa. A certificação ocorre classificando as equipes em 5 catego-
rias: Ótimo, Muito Bom, Bom, Regular e Ruim.
Entenda cada uma delas:
Verificação da Autoavaliação corresponde a 10% da certificação, nela a equipe deve compro-
var através de documentos a existência da realização de um momento autoavaliativo nos últimos
6 meses. Existe também a possibilidade de realizar a autoavaliação em um sistema online disponi-
bilizado pelo Ministério da Saúde. O acesso é feito pelo sistema e-Gestor já citado anteriormente.
Corresponde a 10% da certificação.
Avaliação de desempenho dos indicadores corresponde a 30% da certificação, nela são ava-
liados os indicadores que no momento da contratualização / recontratualização foram pactuados.
Essa avaliação é realizada a partir do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SI-
SAB/e-SUS AB).
O conjunto de indicadores e as regras de cálculo estão descritas no Manual Instrutivo do
PMAQ (Brasil, 2017) e pode variar de acordo com o ciclo. No entanto para facilitar o entendimento
daremos um exemplo dos indicadores utilizados no ciclo 3, onde para as equipes de atenção bási-
ca (EAB) foram selecionados 11 indicadores.
Fase 3: Recontratualização:
Realizada apenas pelas equipes que participaram do ciclo anterior.
Muito importante: Apesar de estarem em fases separadas, a adesão e a recontratualização
acontecem no mesmo período no sistema. A adesão deve ser realizada pelas equipes que nunca
participaram do PMAQ e a recontratualização para equipes que já estão no PMAQ.
Fonte:Brasil, 2012.
O instrumento está estruturado da seguinte forma: Parte I – equipe de Atenção Básica, que
com foco nas EAB; e Parte II – equipe de Saúde Bucal, com foco nas ESB. Os padrões do AMAQ
agrupam-se em duas unidades de análise que consideram as competências da gestão e da equipe.
Os padrões de qualidade caracterizam-se pela abrangência, referindo-se a uma visão ampla do
sistema e das ações em saúde (Brasil, 2016).
As respostas devem ser classificadas em uma escala de pontuação crescente de 0 a 10, consi-
derando o 0 como Muito Insatisfatório e o 10 como Muito Satisfatório. As questões apresentam a
seguinte organização.
Exemplo
Terminando a autoavaliação as equipes devem realizar uma matriz de intervenção que con-
temple os problemas mais importantes elencados pela equipe.
b) Educação permanente:
A educação permanente deve acontecer durante todo o período do PMAQ, no dia-dia dos
profissionais a partir dos problemas enfrentados na realidade, devendo ter atenção para que as
necessidades de formação dos trabalhadores sejam elencadas nas necessidades de saúde das pes-
soas e população, visando a transformação das práticas profissionais. A educação permanente não
deve se restringir a espaços e horários, assim podendo ocorrer com horários reservado para estas
ações ou conforme a sua necessidade eminente e não deve conter-se apenas a ambientes físicos
e virtuais destinados para este processo, mas também ocorrendo conforme os acontecimentos e
necessidades diárias do serviço.
c) Monitoramento de indicadores da saúde:
Para orientar o monitoramento das ações desenvolvidas pelas equipes, segundo o Ministério
da Saúde (Brasil, 2017) alguns pressupostos podem ser úteis, tais como:
I. Ter caráter formativo, pedagógico e reorientador das práticas, numa abordagem em que a in-
formação possa produzir mudança na ação. O processo de monitoramento não deve ser enten-
dido como um fim em si mesmo ou apenas como cumprimento de um compromisso meramente
formal, mas sim como um mecanismo capaz de produzir a mudança, gerando propostas para a
melhoria da qualidade das ações e processos monitorados, além de promover aprendizado insti-
tucional e responsabilização;
II. Subsidiar a gestão da AB, incorporando informações sobre desempenho aos processos deci-
sórios e alinhando os processos de monitoramento, planejamento, educação permanente e apoio
institucional;
III. Evitar a vinculação dos processos de monitoramento a consequências punitivas que reforcem
resistências, deturpação de resultados ou tensões desnecessárias. Isso dificulta a apropriação de
seus resultados e compromete o interesse e motivação dos profissionais em alimentar adequada-
mente os sistemas de informação;
IV. Reconhecer o sucesso das equipes que tiverem bom desempenho, estimulando-as na busca de
melhores resultados;
V. Permitir a identificação de experiências exitosas e a criação de oportunidades de cooperação
horizontal entre as equipes, promovendo o reconhecimento entre pares e relações solidárias, mais
do que a competição por melhores resultados;
A avaliação dos indicadores será realizado a partir do Sistema de Informação em Saúde para
Atenção Básica (SISAB / e-SUS AB), conforme já abordado anteriormente em capítulo anterior.
d) Apoio Institucional:
O apoio institucional deve ser instituído através de equipe ou de apenas um profissional, que
possa apoiar as equipes de Atenção Básica e os gestores na organização do processo de trabalho
e melhoria do acesso, da oferta de serviços e da qualidade do cuidado aos usuários do SUS. Deve
pautar suas ações em relações horizontais que ampliem a democratização e autonomia e compro-
misso dos trabalhadores e gestores
De acordo com Ministério da Saúde (Brasil, 2017) o apoiador institucional utiliza os desafios e
tensões do cotidiano como matéria-prima, buscando facilitar a conversão de situações paralisan-
tes em situações produtivas.
Como exemplo de suas ações temos: auxiliar as equipes nas fases do PMAQ; suporte para
montagem das agendas das equipes e processo de trabalho, auxílio no controle e implantação do
acolhimento da demanda espontânea; articulações que facilitem intervenções intersetoriais; análi-
se de indicadores e informação em saúde; preparar as equipes para a Avaliação Externa do PMAQ.
e) Cooperação Horizontal:
Todo trabalhador tem muito a ensinar e aprender. Por isso devemos criar espaços e atividades
que propiciem a troca de saberes seja ela entre trabalhadores da mesma equipe ou de setores dife-
rentes, sem restrição de região ou complexidade. As equipes que fazem parte do PMAQ devem ser
estimuladas a compartilhar suas experiências. Esta cooperação pode ocorrer de forma presencial ou
em ambientes virtuais como nos sites Comunidade de Práticas, SUS Conecta, AVASUS entre outros.
NASF:
A adesão do NASF está vinculada a adesão das equipes que estes apoiam, mesmo os que parti-
ciparam do ciclo anterior deverão fazer nova adesão, que deve seguir os mesmos passos da adesão
das equipes de atenção básica, sendo necessário também o ranqueamento dos NASF´s.
CEO:
Visando a melhoria do acesso e da qualidade dos Centros de Especialidades Odontológicas
(para saber mais sobre atenção especializada odontológica acesse o site do Departamento de
Atenção Básica através do link http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_brasil_sorridente.php?-
conteudo=ceo, o Ministério da Saúde (MS) propõe o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e
da Qualidade dos Centros de Especialidades Odontológicas (PMAQ-CEO).
Por seu caráter voluntário e não obrigatório, o município poderá incluir apenas uma ou todasas
suas equipes CEO. O PMAQ-CEO está organizado em três fases e um eixo estratégico transversal
de desenvolvimento sendo:
Após a certificação com a classificação das equipes, os municípios receberão por equipe novos
valores a serem definidos considerando o Fator de Desempenho.
No fator desempenho considera-se o orçamento total destinado ao PMAQ, número total de
equipes contratualizadas e número de equipes classificadas em cada categoria de certificação
(ótimo, muito bom, bom, regular, ruim). Este fator desempenho será o valor mínimo que uma
equipe receberá e será multiplicado de acordo com a distribuição na categoria em que e equipe
foi classificada.
Vamos Exemplificar:
Considerando que o orçamento global seria de R$ 100.000.000,00 para 20.000 equipes contra-
tualizadas e que a distribuição das equipes segundo a classificação seria (Brasil, 2017):
Fórmula de cálculo:
Indicador 18:
Indicador 19:
Fonte: Estimativas populacionais enviadas para o TCU, estratificadas por idade e sexo pelo MS/SGEP/
Datasus.2011-2012.
RESOLUÇÃO do PROBLEMA:
Indicador 18 - Citopatológicos
Meta MS = 0,60, *mas existe bônus do Estado de MG, com meta em 0,70.
População alvo (25 a 64 anos) = 6604 / 3 = 2201,33
Número anual de exames = x
Razão (meta) = 0,60
Resolução:
Faltavam 626 exames para se atingir a meta em 3 meses. Média de 208,6 exames por mês.
Justificativa possível:
* Considerando uma média aproximada de 20% da população que tenha plano de saúde priva-
do (Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar). Refazendo o cálculo:
Nesse caso faltariam 217 exames para serem feitos em 3 meses. Aproximadamente 73 exames
por mês.
Indicador 19 - mamografias
Cálculo:
Até setembro de 2015 foram realizados 261 exames,, média de 29 mamografias mensais, fal-
tam 117 exames para serem feitos em 3 meses ou média aproximada de 39 exames por mês.
* Importante lembrar que mamografia ainda é financiada pelo FAEC nessa faixa etária, onde
não há teto limitando sua execução.
“ Ambos os casos apresentam um número baixo de exames realizados mensalmente, abaixo
de uma faixa de segurança para cumprimento das metas de 0,70 para o indicador 18 e 0,35 para
o indicador 19.”
Dessa forma, seriam então 303 exames anuais, com aproximadamente 26 exames mensais.
Para o cálculo atual, faltariam 42 exames para a meta de 0,35 do Pacto pela Saúde.
Identificação das possíveis causas e planejamento das ações
Indicador 18: Razão de exames citopatológicos do colo do útero em mulheres de 25 a 64 anos.
QUANTO
18 O QUE QUEM QUANDO POR QUE ONDE COMO
CUSTA
Ação 1 Baixa cap- Gestores A partir Para am- Nas UBS -Horário es- R$ 5.000,00
tação das Municipais de Janeiro pliar o tendido
mulheres na e profis- 2016 acesso das -Busca ativa
faixa etária sionais das mulheres - informati-
de risco ESF. ao exame vos
de Papani-
colau
QUAN-
19 O QUE QUEM QUANDO POR QUE ONDE COMO TO
CUSTA
Ação 2 Ausência Profissionais A partir de Para obser- Nas UBS -Planilhas R$ 500,00
de moni- das UBS, janeiro de var se as me- e na SMS locais de moni-
toramento Gestores 2016 tas mensais toramento
mensal das estão sendo -Planilha con-
ações. atingidas e, solidada
no caso de
não, fazer as
correções.
7. Atividade recomendada
Agora, escolha dois indicadores como os demonstrados anteriormente e refaça todo o proces-
so para seu município.
Vamos buscar esses indicadores no Sispacto (ou se você achar melhor, dentro do seu PMS
ou PAS). Vá lá em http://aplicacao.saude.gov.br/sispacto/, entre com o login de seu município e
senha, e, se não possuir, entre em contato com a Regional de Saúde.
Ind 1 jan fev Mar abr mai jun Jul ago set out nov dez
Ind2 jan fev Mar abr mai jun Jul ago set out nov dez
Compare os resultados com algum parâmetro. Você pode utilizar a própria pactuação do pacto
pela saúde ou as metas pactuadas em seus instrumentos de gestão. Pode utilizar até mesmo um
município próximo ao seu, que tenha características parecidas. Se os resultados não forem muito
satisfatórios, podemos montar uma diagrama de causa - efeito para cada indicador.
Utilizem a figura 3 e os modelos do diagrama de Ishikawa para os indicadores 18 e 19 da Situa-
ção Problema mostrada acima.
Com as possíveis causas em mãos, monte um plano de ação que contemple cada possível cau-
sa em busca da resolução desse problema.
Uma possibilidade é a construção de uma planilha operativa como a matriz de intervenção do
PMAQ.
8. Considerações finais
Prezado leitor, é importante ficar atento à transitoriedade de alguns programas e políticas que
fazem parte dos processos de trabalho da administração pública. Portarias e leis são substituídas,
indicadores são alterados e metas são recalculadas, entretanto os princípios do Monitoramento e
Avaliação permanecem inalterados.
Nossa intenção foi prover informações e condições iniciais para que esses processos possam
ser utilizados dentro da realidade de cada um. Não é nosso objetivo esgotar o assunto.
9. Referências
Balint M. O médico, seu paciente e a doença. Rio de Janeiro: Atheneu; 1984. 231p..
Branco MAF. O uso da informação em saúde na gestão municipal: para além da norma. In: Freese
E, organizador. Municípios: a gestão da mudança em saúde. Recife: Ed. Universitária; 2004.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 493, de 10 de março de 2006. Aprova a Relação de Indica-
dores da Atenção Básica - 2006, cujos indicadores deverão ser pactuados entre municípios,
Koitshi Kondo
Graduação em Nutrição – UNIMEP - Piracicaba- SP, Especialização Profissional em Acupuntura
- Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo, Especialização em Nutrição Clínica - UNESP- Bo-
tucatu – SP. Especialização em Acupuntura-Básico e Avançado - Centro de Estudos de Acupuntura
e Terapias Alternativas - CEATA - São Paulo-SP. Mestrando em Saúde Coletiva – FOP – UNICAMP.
Conteúdo Programático
1. Histórico da Implantação das Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de
Saúde.
2. Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura
3. Homeopatia
4. Plantas Medicinais e Fitoterapia
5. Medicina Antroposófica
6. Termalismo social/Crenoterapia
7. Outras terapias em uso: Terapia Floral, Reiki, Cromoterapia, Massoterapia.
Leitura Obrigatória
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Brasília:
Ministério da Saúde; 2006. 92p.
Leitura Complementar
Galhardi WMP, Barros NF, Leite-Mor ACM. O conhecimento de gestores municipais de saúde so-
bre a Política Nacional de Prática Integrativa e complementar e sua influência para a oferta
de homeopatia no SUS. Cien Saude Colet. 2013; 18(1): 213-20.
Nagai SC, Queiroz MS. Medicina complementar e alternativa na rede básica de serviços de saúde:
uma aproximação qualitativa. Cien Saude Colet. 2011; 16(3): 1793-800.
Galli KSB, Scaratti M, Diehl DA, Lunkes JT, Rojahn D, Schoeninger D. Saúde e equilíbrio através
das terapias integrativas: relato de experiência. Rev Enferm. 2012; 8(8): 245-55.
Atividade recomendada
No texto.
- 1978 - A Conferência de Alma-Ata, organizada pela OMS, na qual incentivou o uso de Medicina
Tradicional, como estratégia alternativa de cuidado na Atenção Primária à Saúde, em países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como forma de garantir acesso à saúde para todos;
-1985 - Convênio entre o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS),
Fiocruz, Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Instituto Hahnemaniano do Brasil, com
intuito de institucionalizar a assistência homeopática na rede pública de saúde;
- 1986 - 8ª Conferência Nacional da Saúde, considerada também um marco para PNPIC no sistema
de saúde, impulsionada pela Reforma Sanitária, deliberouemseu relatório final pela introdução
das práticas alternativas de assistência e saúde no âmbito dos serviços de saúde;
- 1988 - Resoluções de Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação (Ciplan) - n°
4, n°5, n°6, n°7 e n°8, de 8 de março de 1988, que fixaram normas para o atendimento em
homeopatia, acupuntura, termalismo, técnicas alternativas de saúde mental e fitoterapia;
- 1995 – Instituição do Grupo Assessor Técnico-Científico em Medicinas não Convencionais, por
meio da Portaria GM no 2.543, de 14 de dezembro de 1995, editada pela Secretaria Nacional
de Vigilância Sanitária do Ministério de Saúde;
- 1996 - 10ª Conferência Nacional de Saúde aprovou a «incorporação ao SUS, em todo o país,
de práticas de saúde, como fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias
alternativas e práticas populares»;
- 1999 – Inclusão de consultas médicas em homeopatia e acupuntura na tabela de procedimentos
do SIA/SUS(Brasil,1999);
Por que se diz que o medicamento homeopático é só água, não tendo nada dentro?
Quando Hahnemann iniciou a experimentação, percebeu que certas substâncias não pode-
riam ser usadas em grandes quantidades, passando assim, a diluí-las sempre na escala de 1 para
100, criando um método reproduzível. A cada diluição chamou de centesimal, mais tarde, para
diferenciá-las de outras escalas denominou Centesimal Hahnemanniana – CH. Para usá-las como
medicamento procedia da mesma forma. Contudo, percebeu que, mesmo diluídas, apresentavam
agravações (aumento inicial da intensidade dos sintomas) quando prescritas aos pacientes. Pas-
sou, então, a diluir cada vez mais, agitando o medicamento (sucussões), obtendo, desta forma,
melhores resultados (AMHB, 2017).
Mas não chega uma hora que, diluindo-se tanto, acaba a substância original?
Sim, daí a necessidade das sucussões, ou seja, agitar o frasco 100 vezes a cada vez que dilui.
O efeito medicamentoso em homeopatia não é bioquímico, mas energético. A substância ao ser
diluída e agitada, libera na água informação que ao ser pingado sob a língua, transfere-se para o
paciente. A informação ali contidaestimula os mecanismos naturais de cura do indivíduo, levando-
-o da doença para a saúde, através das próprias condições intrínsecas (AMHB, 2017).
Medicina antroposófica
Esta especialidade possivelmente vocês nunca devam ter ouvido!
Esta especialidade com certeza você conhece ou pelo menos ouviu falar?
Nesta olimpíada, Rio 2016, pode-se presenciar um fato muito interessante nas imagens te-
levisivas, atletas ocidentais com marcas roxas simétricas pelo corpo causando certo espanto e
curiosidade, estas marcas é um resultado de uma técnica denominada de Ventosaterapia com
uma ação analgésica e antiinflamatória utilizadas para dores musculares localizada pelo corpo e é
muito difundida na população oriental. A ventosaterapia faz parte de uma das técnicas utilizadas
nos tratamentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).
Nas últimas décadas vários países ocidentais vêm adotando práticas de tratamento com abor-
dagem mais holística como a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e também, inúmeras faculda-
des de Medicina Tradicional Chinesa, onde o exercício profissional é regulamentado pelas leis
desses países como: Estados Unidos da América e Canadá. Todavia, na América do Sul não existe
nenhuma faculdade específica de MTC, mas sim, cursos de pós graduação Lato Sensu em MTC.
Chile é o único País da America Latina que regulamentou a prática da MTC por médicos e não
médicos (Souza, 2009).
No Brasil existe a profissão do acupunturista (código 3221-05) na Classificação Brasileira de
Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego, mas não é regulamentada, sendo fiscalizada
pela vigilância sanitária e órgãos de classes dos profissionais na área da saúde (Brasil, 2017a).
É perceptivel o impacto destas práticas na promoção da saúde coletiva contribuindo direta-
mente no bem-estar da população, em específico a MTC e suas técnicas contribuem nos resulta-
dos positivos na cura, além do enfoque do ensinamento do repensar do conceito e da educação
em saúde (Telesi Junior et al, 2002).
A Medicina Tradicional Chinesa MTC é um vasto campo de conhecimento de origem e de con-
cepção filosófica englobando vários setores ligados a saúde e a doença. O modo de tratamento da
enfermidade diferencia - se da medicina ocidental, sempre buscando os desquilibrios energéticos
em todas as suas dimensões: clima, meio ambiente, alimentação, trabalho, intelectual, corporal,
mental, etc. (Perez, 2010).
Como é realizado o diagnóstico energético na MTC?
Através de uma anamnese de queixas e sintomas, exame físico, comportamental (maneira de
se expressar, caminhar, visualizar, ouvir, aversão ao calor, aversão ao frio), e por último exame de
pulso e língua finalizando o diagnóstico energético (Auteroche e Navailh, 1992).
Após o diagnóstico quais técnicas serão utilizadas?
Acupuntura é a inserção de agulhas nos pontos dos canais energéticos conforme mapas anatô-
micos com diferentes tamanhos e calibres. Com a finalidade de desobstruir o canal energético, oti-
Moxabustão utilizado muito com a acupuntura é uma técnica que consiste em aquecer os acu-
pontos pela queima de erva denominada Moxa (Artemísia vulgaris) com a finalidade de aquecer a
energia (Qi) e o sangue dos canais principais e secundários. Esta técnica é principalmente utilizada
nas síndromes de frio e fortalecimento da energia vital (Yamamura, 2001).
Acupuntura auricular é a técnica utilizada nos pontos do pavilhão auricular com ótimos resul-
tados para dores agudas em geral, dores osteomusculares, queixas emocionais e distúrbios endó-
crinos. Podem ser utilizadas sementes ou agulhas auriculares fixados com adesivos de esparadrapo
ou micropore. Único Sistema da Medicina Tradicional Chinesa em que podem ser utilizadas as
duas abordagens: ocidental racional biológica e abordagem oriental energética (Garcia, 2003).
A Ventosa tem uma forma de cúpula e o material atualmente pode ser de vidro ou de acrílico e
o material transparente fica fácil de avaliar como a pele se comporta após a aplicação da ventosa.
O objetivo desta técnica é remover a estagnação de Xue (sangue) energética exteriorizando no
local com a presença de um hematoma característico após conduta terapêutica. As duas cúpulas,
a de vidro deve ter a pressão negativa quando retirada através da queima de oxigênio e a outra de
acrílico em que o ar retirado através de uma pistola provoca uma sucção sobre a pele. A ventosa
pode ficar fixa no local ou pode fazer o deslizamento sobre a pele, neste último a área tratada
é maior, tudo dependendo da tolerância do receptor. Muito utilizado em dores por estagnação
energética ou estagnação Xue (sangue) por frio, como exemplo: torcicolo, dor bem localizada tipo
facada (Chira, 2001).
Tuiná é uma técnica de manipulação corporal com a finalidade de fazer circular o sangue e
energia dos canais tendinos-musculares, principais e colaterais otimizando o tratamento com as
outras técnicas da MTC (Ysao et al, 1991).
Lian Gong é um exercício terapêutico chinês com o objetivo de fazer circular o sangue e a
energia dos canais tendino-musculares, canais principais e colaterais de energia, como também
fortalecer a energia Wei qi (energia de defesa), melhorando o sistema imune e promovendo a cura
e a prevenção de doenças articulares, como exemplo: tendinites (Lee, 1997).
• Na MTC os alimentos são classificados principalmente por seu caráter energético, ficando em
segundo plano sua estrutura bioquímica para definir uma dieta terapêutica.
• Para definirmos o caráter energético de um alimento, devemos averiguar sua natureza (quente,
morna, fresca, fria), seu sabor (azedo, amargo, doce, picante, salgado), os canais em que penetra
e para onde se direciona o Qi.
• O caráter energético dos alimentos pode ser modulado de acordo com a forma de preparação
e com a combinação com outros alimentos. Muitas vezes temos um alimento de natureza fria
e o preparamos de maneira que não fique tão frio. Assim acontece também com a fitoterapia.
Fitoterapia
Plantas medicinais e fitoterapia
Caro gestor, você já deve ter ouvido algo a respeito de fitoterapia, não?
O que é fitoterapia?
Fitoterapia é terapia que é utilizada como prevenção e tratamento de doenças mediante o uso
de plantas (Ferreira, 1998).
Phyton, em grego, quer dizer “planta” e therapeiavem do verbo therapeuo, que significa “tratar,
cuidar”.
- No Estado de São Paulo temos também o exemplo da Lei nº 12.739/07 proposta pelo depu-
tado Rodolfo de Costa e Silva, que autorizou o Poder Executivo a criar o Programa Estadual de
Fitoterápicos, Plantas Medicinais e Aromáticas.
- A Lei nº 12.951, de 07 de outubro de 1999 (DOU, 15 de outubro de 1999) dispõe sobre a Po-
lítica de Implantação da Fitoterapia em Saúde Pública no Estado do Ceará. Outros Estados, como
o Rio de Janeiro e a Bahia, também apresentaram seus programas estaduais de fitoterápicos e
plantas medicinais. Alguns municípios também criam suas próprias políticas públicas que incen-
tivam a utilização da prática da fitoterapia como a Lei Municipal nº 14.903, de 06 de fevereiro de
2009, que dispõe sobre a criação do Programa de Produção de Fitoterápicos e Plantas Medicinais
no Município de São Paulo e dá outras providências, agora regulamentada pelo Decreto nº 51.435,
de 26 de abril de 2010.
Cápsula
Dispepsia,
Comprimido
coadjuvante no
Espinheira - santa Maytenusilicifolia Emulsão
tratamento de gastrite e
Solução
úlcera duodenal
Tintura
Cápsula
Solução oral Expectorante,
Guaco Mikaniaglomerata
Tintura broncodilatador
Xarope
Cápsula
Comprimido Colagoga e colerética em
Alcachofra Cynarascolymus Drágea dispepsias associadas a
Solução oral disfunções hepatobiliares
Tintura
Produtos ginecológicos,
Gel
Aroeira Schinusterebenthifolius antiinfecciosos tópicos
Óvulo
simples
Cápsula
Cáscara-sagrada Rhamnuspurshiana Constipação ocasional
Tintura
Antiinflamatório (oral)
Cápsula
Garra-do-diabo Harpagophytumprocumbens em dores lombares, os-
Comprimido
teoartrite
Climatério
Comprimido
Isoflavona de soja Glycinemax (coadjuvante alívio dos
Cápsula
sintomas)
Antiinflamatória
Cápsula (oral e tópico) nos casos
Unha-de-gato Uncaria tomentosa Comprimido de artrite
Gel reumatóide, osteoartrite.
Imunoestimulante
O Brasil é rico em recursos minerais em especial a água mineral e tem um potencial de utilizá-la
como recurso terapêutico, bem como obter os benefícios na saúde para a promoção e recuperação
Na cidade de Poços de Caldas são oferecidos vários serviços para tratamentos. Além desta,
outras cidades contempladas também oferecem vários serviços: Águas de Lindóia – SP; Águas de
São Pedro - SP; Monte Alegre do Sul - SP; Lins – SP; Águas de Santa Bárbara - SP; Águas da Prata
– SP; São Lourenço - MG; Araxá – MG, dentre outras.
Cromoterapia
A Cromoterapia é uma ciência natural e holística que utiliza as cores, para restabelecer as dis-
funções que se apresentam em nossos corpos: físico, etérico, emocional, mental e espiritual.
As cores usadas na cromoterapia são as do espectro solar: Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde,
Azul, Índigo e Violeta (Instituto Luz, 2017).
DICA DE VIDEO
Gonzales MA. Cromoterapia - a ciência das cores [vídeo]. Publicado em: 2013
fev 25 [acesso 2017 jun 23]. Disponível em: https://youtu.be/rgHzeEsfTJw
DICA DE VIDEO
Diferentes tipos de massoterapia [vídeo]. Publicado em: 2012 abr 19 [acesso
2017 jun 23]. Disponível em: <https://youtu.be/uYt83v91WeI>.
Finalizando, devemos dizer a vocês, caros gestores e interessados, que acreditamos que sairão
convencidos da importância de se ter em seu município um serviço de terapias integrativas de
acordo com suas necessidades e especificidades.
As terapias integrativas como política de saúde visa oferecer aos usuários outras formas de as-
sistência que não a medicina tradicional como coadjuvante nos tratamentos de doenças crônicas
e/ou degenerativas que possam melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e que traga maiores
benefícios a esta população e que não onere mais os gastos com saúde nos municípios.
3. Referências
Arêas C, Flehr L. O que é massoterapia [acesso 2017 jun 23]. Disponível em: http://www.persona-
re.com.br/o-que-e-massoterapia-m6767
Associação Brasileira de Medicina Antroposófica. Belo Horizonte: ABMA [acesso 2017 jun 22].
Disponível em: http://www.abmanacional.com.br
Associação Médica Homeopática Brasileira. São Paulo : AMHB [acesso 2017 jun 22]. Disponível
em: http://www.amhb.org.br
Auteroche B, Navailh P. O diagnóstico na medicina chinesa. São Paulo: Andrei; 1992.
Bibliografia consultada
Ahern M, Nicholis E, Simionato E, Clark M, Bond M. Clinical and psychological effects of hydro-
therapy in rheumatic diseases. Clin Rehabil. 1995; 9: 204-12.
Almeida Filho N. Transdisciplinaridade e o paradigma pós disciplinar na saúde. Saude Soc. 2005;
16(3): 30-50.
Associação Estatal de Medicina e Farmácia Tradicionais Chinesas - AEMFTC. Farmacologia e
Medicina Tradicionais Chinesas. São Paulo: Roca; 2004.
Balint GP, Buchanan WW, Adam A, Ratko I, Poor L, Balint PV, et al. The effect of the thermal mi-
neral water of Nagybaracska on patients with knee joint osteoarthritis-a double blind study.
Clin Rheumatol. 2007; 26(6): 890-4.
Leitura obrigatória
Tofani LFN, Sguarezi D. O Estado Brasileiro e os fundamentos da administração pública. Pereira
AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Meneghim MC, organizadores. Gestão pública em saúde:
fundamentos e práticas. Águas de São Pedro: Livronovo; 2016.
Brasil. Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos: orientações e jurisprudência do TCU.
4. ed. Brasília: TCU; 2010. 910p.
Leitura complementar
Brasil. Tribunal de Contas da União. Orientações para conselheiros de saúde. 2. ed. Brasília: TCU,
Secretaria de Controle Externo da Saúde; 2015. 111p.
Wang DW, Vasconcelos NP, Oliveira VE, Terrazas FV. Os impactos da judicialização da saúde no
município de São Paulo: gasto público e organização federativa. Rev Adm Pública. 2014;
45(8): 1191-206.
Atividade recomendada
Suponha que você seja gestor na Atenção Básica e seja preciso fazer uma compra de produtos
farmacêuticos para abastecimento das Unidades de Saúde da Família. Quais os passos para a rea-
lização da compra, supondo que você tenha que realizar uma Tomada de Preços?
Na ocasião em que acabou a vigência de uma licitação, e ainda não foi feita outra, mas o gestor
precisa realizar compra de insumos indispensáveis para que os serviços de saúde não parem. O
que ele deve fazer? Quais as limitações que ele terá que respeitar?
18/07/2016 16h04
CONCEITO DE LICITAÇÃO
Licitação é procedimento administrativo formal em que a Administração Pública seleciona, por meio de
condições estabelecidas em ato próprio (edital ou convite), a melhor proposta entre as oferecidas pelos
vários interessados.
FINALIDADE DA LICITAÇÃO
Concorrência
De acordo com o art. 22, inciso I, da Lei nº 8.666/93, a concorrência é “a modalidade de licita-
ção entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir
os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto”, observan-
do-se, ainda, os limites vinculantes dispostos no art. 23 da Lei de Licitações. Esta modalidade é
destinada às transações mais vultosas, sendo precedida de larga publicidade. Exatamente porque
os recursos financeiros a serem empregados pela Administração são mais elevados, essa modali-
dade é a que apresenta, em seu procedimento, maior rigor formal e exige mais ampla divulgação.
A obrigatoriedade da concorrência ocorre em razão do valor do contrato ou da natureza da
transação. Em relação ao valor, houve a fixação de dois patamares, quais sejam, contratação de
obras e serviços de engenharia acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e
compras e serviços diversos acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).
Há casos, no entanto, em que o administrador não poderá dispor de outra modalidade, ficando
vinculado à concorrência. O art. 23, §3º, da Lei de Licitações, dispõe que: A concorrência é a mo-
dalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou alienação
de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas licitações internacionais, admitindo-se
neste último caso, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro interna-
cional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País.
É importante atentar ao fato de que o legislador não impôs restrições à participação ou diri-
giu a vontade da Administração a qualquer interessado. Buscando fazer jus a este propósito, há
a necessidade de vasta publicidade e de exigência de requisitos que não vão além da habilitação
jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira e regularidade fiscal.
A publicidade que deve ser conferida à concorrência impõe a publicação do resumo do edital
(aviso), no mínimo uma vez, no Diário Oficial da União, quando o financiamento for feito com
verbas federais e em jornal de circulação no Município ou na região onde será executada a obra,
prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem (art. 21, I e III, Lei nº 8.666/93). Tal aviso
também deverá conter o local em que estará disponível o texto integral do edital e em que poderão
ser sanadas as dúvidas (art. 21, §1º, do mencionado estatuto).
Por sua vez, os requisitos exigidos devem ser somente aqueles necessários à execução da obra
ou serviço. A inclusão de condições ou atributos que tenham a intenção de limitar a participação
de terceiros na concorrência pode sugerir a ocorrência do crime previsto no art. 90 da lei das lici-
tações: “Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter
competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação”.
Em resumo, diante de um processo de concorrência, deve-se observar:
a) existência da publicidade mínima exigida pela lei;
b) indicação das informações necessárias à compreensão do objeto e das exigências do certa-
me no aviso;
c) razoabilidade das exigências.
Convite
A modalidade de licitação denominada convite é aquela destinada à contratação de serviços
e obras de engenharia orçados em até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) e de compras e
serviços diversos de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), podendo a Administração, nestes casos,
optar também pela tomada de preços ou pela concorrência (art. 23, I, “a”, II, “a”, e §4º, da Lei nº
8666/93). O convite é realizado entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a
qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas (art. 22, §3º, da Lei de Licitações).
Esta modalidade é dirigida aos contratos de pequeno vulto e a publicidade necessária à sua
validade não é ampla, bastando que seja afixado na própria repartição a cópia da convocação.
Geralmente utilizada para contratações de menor valor e objetos que necessitem de menos
burocracia para serem comprados, em que não há necessidade de cadastro prévio dos partici-
pantes, mas sim a obrigatoriedade de ter no mínimo três licitantes convidados (art. 22, §7º, Lei nº
8.666/93).
Quando existirem mais de três interessados, não pode o gestor convidar sempre os mesmos.
Dessa maneira, realizando-se novo convite para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o
chamamento de, no mínimo, mais um interessado, enquanto houver cadastrados não convidados
nas últimas licitações (art. 22, § 6º). O legislador objetivou evitar o favorecimento de somente al-
gumas empresas e permitir que outras tenham a chance de também participar do certame.
A qualificação jurídica, técnica, econômico-financeira e fiscal é presumida pela Administração
quando da convocação. Por tal motivo, os interessados que não tiverem sido convidados poderão
Concurso
Segundo o § 4º do artigo 22 da Lei nº 8.666/93, o Concurso é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a institui-
ção de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publica-
do na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
O concurso destina-se ao incentivo, por parte do poder público, à fomentação do desenvol-
vimento técnico, científico ou artístico, visando ao desenvolvimento cultural da sociedade. Tal
incentivo é incrementado com a possibilidade de os participantes serem contemplados com uma
premiação, geralmente em dinheiro, que não é concedida pelo promotor do certame como mera
liberalidade, mas como forma de aumentar a participação dos interessados na disputa. Como
exemplos de concursos, podemos citar monografias extracurriculares, redações ou estudos de
outra natureza promovidos por universidades ou órgãos ligados a segurança, educação, invenções
tecnológicas, projetos arquitetônicos, dentre outros.
Pregão
Modalidade licitatória, disciplinada pela Lei n. 10.520/2002, para aquisição de bens e serviços
comuns de qualquer valor, considerados aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado (Brasil, 2002).
A disputa pelo fornecimento é realizada com lances dados pelos interessados, a partir de um
preço base. Como um leilão “ao contrário”, vence o certame quem oferecer o menor preço.
A habilitação do licitante somente é analisada após ser batido o martelo pelo pregoeiro, que
determina qual o fornecedor melhor qualificado. Embora o pregão tenha trazido benefícios econô-
micos à União e aos demais entes federativos que passaram a usar essa modalidade de licitação,
com a diminuição dos valores dos produtos adquiridos e uma maior participação de pequenas e
médias empresas nas licitações, passou a ser imprescindível a atenção à possível formação de
conluio entre os participantes.
Menor preço
Considerado o mais objetivo dos critérios. Leva o preço como único fator de julgamento da
proposta mais vantajosa dentro das especificações do edital. Ou seja, a proposta com o menor pre-
ço que se apresentar em conformidade com as especificações contidas no edital será a proposta
vencedora. É utilizado nas compras e serviços de modo geral quando realizados na modalidade de
pregão eletrônico ou presencial.
Melhor técnica
Na busca pela melhor técnica, quando a Administração precisa contratar serviços de que po-
dem ser executados com técnicas diferentes, a seleção da proposta mais vantajosa é a que resulta
de uma análise do índice técnico comparativamente mais elevado do que de outras. Nesse caso,
não se busca apenas o menor preço na proposta e sim aquela que melhor atenda tecnicamente a
demanda criada pela Administração.
Em relação à dispensa de licitação, dois aspectos merecem ser pontuados. O primeiro diz res-
peito à excepcionalidade, no sentido de que as hipóteses previstas no art. 24 traduzem situações
que fogem à regra geral. O outro diz respeito à taxatividade das hipóteses legais, não podendo o
administrador ampliar as hipóteses para situações não previstas na lei. Os casos legais, portanto,
são os únicos cuja dispensa de licitação o legislador considerou mais conveniente ao interesse pú-
blico. Ademais, o gestor não está obrigado a dispensar a licitação nos casos previstos no art. 24 da
Lei nº 8.666/93, mas poderá fazê-lo sempre que a aquisição pretendida se enquadrar nas hipóteses
legais, analisando, para tanto, a conveniência e oportunidade da dispensa no caso em concreto.
As hipóteses de inexigibilidade encontram-se previstas no Artigo 25 da Lei 8.666/93, sendo es-
sas as hipóteses em que o próprio Estatuto ordena que não se realize o procedimento licitatório. Os
casos de inexigibilidade de licitação dizem respeito à ausência de competitividade por impossibili-
dade, fazendo com que a Administração realize contratação direta. A ausência de competitividade
difere a inexigibilidade da dispensa de licitação, pois nesta a competitividade existe, mas, por uma
questão de custo-benefício ou emergencialidade, a licitação é dispensável.
Tanto na dispensa quanto na inexigibilidade, não se pode esquecer da obrigação da Adminis-
tração Pública de atender aos princípios do art. 37 da Constituição Federal, bem como de justificar
seus atos, não bastando que mera menção à adequação dos fatos às hipóteses da Lei nº 8.666/93
baste para fundamentar a ausência de certame. Isto é, mesmo nesses casos há necessidade de um
7. Comissão de licitação
O artigo 51 da Lei 8.666/93 disciplina a Comissão de Licitação. Criada e designada pela autori-
dade competente, essa comissão tem a função de receber, examinar e julgar todos os documentos
e procedimentos relativos às licitações.
Segundo a mesma lei, a habilitação preliminar, a inscrição em registro cadastral, a sua altera-
ção ou cancelamento, e as propostas serão processadas e julgadas por comissão permanente ou
especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualificados
pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação.
A investidura dos membros das Comissões permanentes não excederá a um ano, e será vedada
a recondução de todos eles para o período subsequente. Excepcionalmente o § 1º do art. 51 dis-
põe que em pequenas unidades administrativas, com contingente de pessoal reduzido, em caso de
utilização da modalidade convite, a Comissão de licitação poderá ser substituída por apenas um
servidor formalmente designado pela autoridade competente.
A regra é que todos os membros respondam solidariamente, mas caso algum manifeste posi-
ção individual divergente devidamente fundamentada, registrada e lavrada em ata na reunião na
qual fora tomada a decisão, poderá estar isento da responsabilidade.
O servidor designado a fazer parte de uma Comissão deve sempre fazer uma análise crítica
da situação que irá julgar, agindo de forma regular, livre de prática de atos viciados, sob pena de
responsabilização nas esferas cível, administrativa e criminal.
No caso de pregão, não temos atuação da Comissão de Licitação. A licitação será conduzida
pelo pregoeiro designado pela Administração, com auxílio de equipe de apoio e a responsabilidade
individualizada.
8. Termo de referência
O termo de referência é definido pelo Decreto 3.555/00 como o documento que deverá conter
elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento
Art. 8º do mesmo decreto do Pregão relata que o termo de referência observará as seguintes
regras:
I – A definição do objeto deverá ser precisa, suficientemente clara, vedadas especificações que,
por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou a realização
do fornecimento, devendo estar refletida no termo de referência;
II – O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar
a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços
praticados no mercado, a definição os métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução
do contrato;
Bibliografia consultada
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal; 1988 [acesso 2017
jul 10]. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Conteúdo programático
1. O trabalho do gestor
A responsabilidade do gestor
O gestor desempenha papéis
O gestor possui habilidades: Técnicas, humanas, conceituais
O gestor precisa desenvolver competências
O gestor aprende com a experiência
O gestor precisa agir com ética
O gestor toma decisões e resolve problemas
O gestor deve trabalhar em equipe
O gestor comunica-se com as pessoas
Funções e ferramentas de gestão
2. Função Planejamento
Função Organização (inclui Delegação e Empowerment)
Função Direção (inclui Motivação e Liderança)
Função Controle (inclui Controle da Qualidade)
Gestão Estratégica (inclui Missão, Análise SWOT)
Áreas de atuação do gestor
Área de Gestão de Pessoas – Recursos Humanos
Área Financeira
Área Comercial e de Marketing
Área de Produção ou de Operações
Leitura obrigatória
Schermerhorn JR. Administração: em módulos interativos. Rio de Janeiro: LTC; 2008.
Sobral F, Peci A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson; 2008.
Atividade recomendada
1. Suponha que você, profissional da saúde, foi convidado(a) a assumir um cargo de gestor(a) /
gerente em uma organização pública, seja numa autarquia, fundação ou mesmo na administração
direta – na Secretaria de Saúde de seu município, por exemplo. Você possui ampla experiência e
conhecimento técnico na sua profissão e nos temas de saúde pública, mas ainda não teve a vi-
vência prática como líder ou gestor de pessoas e/ou processos. Você aceitou a proposta e está se
preparando para assumir sua nova função daqui a 30 dias. Pensando nos tópicos relacionados na
parte 1 deste capítulo, liste num quadro simples seus pontos fortes numa primeira coluna e seus
pontos fracos e que necessitam de melhoria, numa segunda coluna, para cada um desses tópicos
listados a seguir (utilize o conteúdo do capítulo, mas as respostas são pessoais):
Sobre os papéis dos gestores. Quais você possui e considera como fortes e fracos?
Como você avalia suas habilidades técnicas, humanas e conceituais?
Como você avalia cada uma das quatro competências duráveis apresentadas?
Como sua experiência técnica na área pode te ajudar neste novo cargo?
Em relação à ética e seus valores, quais são seus pontos fortes e fracos?
Como você avalia sua capacidade de tomar decisões e resolver problemas?
Como você considera o trabalho em equipe?
Sobre a comunicação com as pessoas, liste seus pontos fortes e fracos.
O objetivo desse quadro é de te apresentar um breve diagnóstico de sua percepção sobre seus
pontos fortes e fracos para cada tópico apresentado. A partir destas informações, você poderá
planejar quais ações serão necessárias para que você possa diminuir ou trabalhar os pontos fracos
ao longo do tempo.
CONCEITOS
Organização é definida como um agrupamento de pessoas trabalhando juntas,
que dividem tarefas para atingir um objetivo comum (Schermerhorn, 2008).
Para Robbins e Decenzo (2004), organização é um arranjo sistemático de pes-
soas reunidas para alcançar algum propósito específico.
Chiavenato (2008) define organização como unidades sociais intencionalmente
construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos.
1. O trabalho do gestor
O gestor trabalha com os recursos e competências de sua organização. Os principais recursos
organizacionais podem ser classificados, segundo Chiavenato (2008):
Recursos financeiros: Envolvem capital, investimentos e volume de dinheiro que gira dentro da
organização.
Recursos materiais: Envolvem prédios, instalações, etc.
Recursos operacionais: Envolvem matérias-primas, materiais, etc.
Recursos tecnológicos: Envolvem máquinas, equipamentos, ferramentas, etc.
Recursos informacionais: Envolvem o sistema de informação da organização.
IMPORTANTE
O que os empregadores procuram nos candidatos a um posto de trabalho ge-
rencial?
1. Comunicação e habilidades interpessoais
2. Capacidade para trabalhar bem em equipe
3. Ética pessoal e integridade
4. Capacidade analítica e de resolução de problemas
5. Potencial de liderança
6. Capacidade de adaptação à cultura corporativa
7. Pensamento estratégico
Fonte: Schermerhorn, 2008.
IMPORTANTE
Reflita / responda pra você:
1. Em que situações, fora as do trabalho, você espera ser um gerente durante
a sua vida?
CONCEITOS
Gestor ou gerente pode ser definido como alguém que dá apoio e tem respon-
sabilidades sobre o trabalho de outros na organização.
Multinacionais ou grandes empresas privadas utilizam a expressão CEO, sigla
em inglês para Chief Executive Officer, que traduzido pode ser Diretor Executivo.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
CONCEITO
Responsabilidade é a exigência de prestar conta dos resultados a um supervisor.
IMPORTANTE
Responsabilidades dos líderes de equipes:
• Planejar reuniões e agendas de trabalho.
• Esclarecer metas e tarefas, além de recolher ideias para serem aperfeiçoadas.
• Avaliar o desempenho e aconselhar os membros da equipe.
• Recomendar aumento de salários e designar novas atribuições.
• Recrutar, treinar e desenvolver os membros da equipe.
• Estimular um alto desempenho e o trabalho de equipe.
• Informar os membros da equipe sobre as metas e as expectativas organizacionais.
• Informar aos níveis superiores as necessidades e as realizações da equipe.
• Coordenar-se com outras equipes e dar apoio ao restante da organização.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
O papel interpessoal considera as interações com as pessoas dentro e fora das unidades de
trabalho. O papel informacional inclui o envio, o recebimento e análise da informação. O papel de-
cisório compreende a utilização da informação na tomada de decisão, para solucionar problemas
e potencializar oportunidades.
É através desses papéis que os gestores cumprem suas responsabilidades de planejar, organi-
zar, liderar e controlar.
PERSONAGEM
Quem é Henry Mintzberg?
Nascido em 1939, o canadense Mintzberg estudou Engenharia na
McGill University de Montreal e na Sloan School of Management do
MIT e hoje é professor de Gestão na McGill University. É um autor
muito produtivo, escrevendo sobre estratégia de Gerência, com mais
de 140 artigos publicados e treze livros no seu nome. Considerado
um dos maiores especialistas mundiais em estratégia, Mintzberg dirigiu a sua obra
para três temas principais: a elaboração de estratégias; as formas como os gestores
distribuem o tempo e como funcionam os seus processos mentais; e como são dese-
nhadas as organizações para se adaptarem às suas necessidades.
Fonte: Henry Mintzberg, 2017.
IMPORTANTE
Pare e pense por um instante sobre as suas habilidades técnicas, tanto aquelas
que você já possui como aquelas que você ainda necessita aprender para o futuro
de sua carreira.
IMPORTANTE
Cinco características da Inteligência Emocional:
1. Autoconhecimento: compreensão dos ânimos e emoções.
2. Autocontrole: pensar antes de agir, controlar impulsos que levem a rupturas.
3. Motivação: trabalhar duro e perseverar.
4. Empatia: compreender as emoções das pessoas.
5. Habilidades sociais: ganhar confiança e construir bons relacionamentos.
IMPORTANTE
Habilidade técnica: Capacidade de usar uma especialidade para executar as tarefas.
Habilidade humana: Capacidade de trabalhar bem em cooperação com os outros.
Habilidade conceitual: Capacidade de pensar e solucionar problemas complexos.
Inteligência emocional: Capacidade de gerenciarmos a nós mesmos e aos nossos relaciona-
mentos de modo eficaz.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
PERSONAGEM
Quem foi Robert L. Katz?
(1933 – 2010). Robert L. Katz, psicólogo social e organizacional
americano, ensinou em escolas de pós-graduação de administra-
ção em Harvard e Stanford, escreveu livros, foi executivo em em-
presas industriais ou financeiras. Criou o conceito de habilidades
gerenciais, que descreve como a estrutura de habilidades necessá-
rias se altera, dependendo do nível de gestão, sendo elas: Habilidades Técnicas,
Habilidades Humanas e Habilidades Conceituais.
Fonte: Robert L. Katz, 2017.
IMPORTANTE
Como gerenciar o seu e-mail?
Leia os itens apenas uma vez.
Providencie para responder imediatamente, mover para pastas ou apagar mensagens.
Elimine regularmente das pastas as mensagens inúteis.
Envie e-mail de grupo e use o recurso “Responder a todos” apenas quando necessário.
Saia de listas de distribuição sem valor para o seu trabalho.
Envie mensagens curtas na linha do assunto, evitando mensagens com textos longos.
Coloque arquivos grandes em websites, em vez de enviá-los como anexos.
Use sistemas de mensagens instantâneos como uma alternativa ao e-mail.
Cheque tudo duas vezes antes de clicar no botão “Enviar”.
Não clique no botão “Enviar” quando estiver com raiva. Espere, para repensar.
Lembre-se que não existe privacidade no uso do e-mail.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
CONCEITOS
A ética estabelece padrões de bom ou mau, ou certo ou errado, na nossa conduta.
O comportamento ético é “certo” ou “bom” no contexto de um código moral.
Valores são crenças amplas sobre o que é o comportamento apropriado.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
EXEMPLO
Em um levantamento da Harvard Business Review, gerentes relataram que muitos
dos seus dilemas éticos surgiram de conflitos com superiores e subordinados. As
questões mais frequentes envolviam desonestidade nas comunicações com a alta
gerência, clientes e agências governamentais. O levantamento também revelou
IMPORTANTE
Situações comuns de comportamento antiético
no trabalho
Discriminação: Negar um cargo ou promoção a
um funcionário devido a sua raça, religião, sexo,
idade ou qualquer outro critério.
Assédio sexual: Fazer com que um colega se
sinta desconfortável devido a comentários ou
atos inapropriados relativos à sexualidade; ou so-
licitar favores sexuais em troca de tratamento privilegiado.
Conflito de interesses: Aceitar suborno, reembolso de despesas, comissões ou
presentes extraordinários, em troca de decisões favoráveis.
Confiança do cliente: Entregar a terceiros informações privilegiadas relativas às
atividades de um cliente.
Recursos organizacionais: Usar papéis timbrados ou a conta de e-mail da em-
presa para emitir opiniões pessoais.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
EXEMPLO
Para lidar com dilemas éticos, faça uma lista
Passo 1. Reconheça o dilema ético.
Passo 2. Reúna os fatos.
Passo 3. Identifique as suas opções.
Passo 4. Teste cada opção: É legal? É certa? É benéfica?
Passo 5. Decida qual opção seguir.
Passo 6. Faça as perguntas que avaliam o risco que a divulgação pública de suas
ações acarretaria, para checar as suas decisões pelo menos duas vezes. “Como eu
me sentiria caso a minha família ficasse sabendo da minha decisão?” “Como eu
me sentiria caso minha decisão fosse publicada no jornal?”
Passo 7. Aja.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
CONCEITO
Governança Corporativa é a supervisão do gerenciamento da empresa por um
conselho de administração.
Corrupção envolve práticas ilegais para beneficiar os interesses de uma empresa.
A corrupção pode ser definida quando empregados, sejam gestores ou de quaisquer outras
funções das organizações, recorrem a práticas ilegais, com ao propina ou o suborno, para facilitar
seus interesses comerciais em algum local de atuação da organização.
EXEMPLO
A operação anticorrupção do Brasil, denominada de “Lava-Jato”, mesmo es-
tando ainda em execução e sem todos os resultados, já trouxe mudanças signifi-
cativas nos órgãos de controles e também na postura das grandes empresas em
relação a desvios éticos de seus funcionários. Por exemplo, antes de 2014, apenas
20 das 200 maiores empresas do Brasil tinham sistemas de combate à corrupção.
Em março de 2017, 185 empresas dessas 200 maiores já implantaram departa-
mentos exclusivos para investigar fraudes internas.
As ações vão desde o canal de denúncia, incluindo a contratação de equipes
de monitoração e prevenção de riscos, até a implantação de sistemas de rastrea-
mento de e-mails que possibilita identificar palavras-chave ligadas ao pagamento
de vantagens indevidas.
Mesmo empresas que não estão sob investigação, como o Deutsche Bank,
optaram por aprimorar seus mecanismos de fiscalização. Os funcionários desse
banco, no Brasil, agora tem de informar, por e-mail, sobre todos os encontros e
reuniões que participam fora da instituição. Além disso, o banco obriga seus fun-
cionários a se afastar por dez dias no ano e nesse período, outra pessoa entra em
seu lugar com acesso a todos os dados e arquivos.
CONCEITOS
A solução de problemas envolve identificar e adotar ações para resolver problemas.
Competência em informação é a capacidade de reunir informações p/ resolver
problemas.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
Não só apenas os estilos pessoais que diferem no que se refere à solução de problemas: o am-
biente também conta. Existem três diferentes condições ou ambientes problemáticos nos quais os
gerentes tomam decisões: certeza, risco e incerteza.
O ambiente de certeza é uma situação ideal para decisões nos quais se dispõe de informações
factuais sobre os possíveis cursos de ação alternativos e suas consequências. Tudo o que um to-
mador de decisão necessita fazer é estudar as alternativas e escolher a melhor solução. Os gestores
enfrentam mais ambientes de risco em que as informações e os fatos são incompletos. Linhas de
ação alternativas e suas consequências podem ser discutidas e analisadas somente como proba-
bilidades de um evento ocorrer.
Quando os fatos disponíveis são poucos e as informações tão escassas a ponto de os gerentes
terem dificuldades até para atribuir probabilidades às coisas, o que existe é um ambiente de in-
certeza. Essa é a condição mais difícil para a tomada de decisão. Respostas à incerteza dependem
muito da intuição, do discernimento, da suposição baseada em informações e de palpites, que
deixam uma margem de erro (Schermerhorn, 2008).
O processo de tomada de decisão envolve uma série de passos: identificar e definir o problema,
gerar e avaliar soluções alternativas, decidir sobre a linha de ação a seguir e fazer uma reavaliação
ética, implementar a decisão e, então, avaliar os resultados (Schermerhorn, 2008).
IMPORTANTE
Critérios para Avaliação de Alternativas
• Custo e benefícios: Os benefícios esperados su-
peram os custos?
• Prazo: Quanto tempo até os benefícios surgirem?
• Aceitabilidade: É aceitável para os principais
parceiros/interessados?
• Solidez ética: Elas satisfazem os padrões éticos?
Fonte: Schermerhorn, 2008.
IMPORTANTE
Vantagens e Desvantagens potenciais da Toma-
da de Decisão em Grupo
Por que as decisões em grupo são quase sempre
boas:
Mais informação: Mais experiências e pontos
de vista estão disponíveis.
Mais alternativas: São criadas e consideradas
durante a tomada de decisão.
Maior compreensão: Existe uma aceitação maior das decisões pelo grupo.
Maior comprometimento: Dos membros do grupo para trabalhar duro e apoiar
a decisão.
CONCEITOS
Uma equipe é um conjunto de pessoas que interagem para atingir metas comuns.
No trabalho em equipe, as pessoas trabalham juntas para alcançar objetivos em
comum.
IMPORTANTE
As Equipes são boas para as organizações porque têm:
• Mais recursos para a solução de problemas;
• Maior inovação e criatividade;
• Maior qualidade de tomada de decisão;
• Maior comprometimento para com as tarefas;
• Maior motivação dos membros;
• Maior controle e disciplina no trabalho;
• Maior satisfação de necessidades individuais.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
IMPORTANTE
Planejamento: É o processo de estabelecer objetivos e como se deve alcançá-los.
Organização: É o processo de designar tarefas, distribuir recursos e coordenar
as atividades.
Liderança: É o processo de despertar o entusiasmo e inspirar esforços, objetivan-
do o cumprimento de metas.
Controle: É o processo de medir o desempenho e tomar medidas que assegurem
os resultados desejados.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
Envolver as pessoas necessárias para a Quem deve ir conosco para atingirmos nosso
Liderar
realização do plano alvo e qual deve ser a motivação principal?
Verificar se o desempenho real está de O que estamos fazendo está de acordo com o
Controle
acordo com o esperado no plano que planejamos fazer?
CONCEITOS
• O planejamento é a função responsável pela definição dos objetivos da organi-
zação e pela concepção de planos que integram e coordenam suas atividades
(Sobral e Peci, 2008).
• Objetivos são resultados que se deseja obter e um plano é uma declaração dos
meios pretendidos para se atingir os objetivos (Schermerhorn, 2008).
IMPORTANTE
Como gerenciar o seu tempo
Diga não aos pedidos que o desviam do que você
realmente deveria estar fazendo.
Não se perca com detalhes dos quais você pode
cuidar depois ou delegar.
Tenha um sistema de triagem de telefonemas,
e-mails e pedidos de reunião.
Não deixe que visitas informais e recados rápidos
tomem demais o seu tempo.
Priorize aquilo que você vai trabalhar, em termos
de importância e urgência.
Não se torne um prisioneiro do calendário, que os outros controlem sua agenda.
Sempre siga as prioridades; realize as tarefas mais importantes em primeiro lugar.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
CONCEITO
Planos de curto prazo normalmente cobrem até no máximo um ano.
Planos de longo prazo normalmente cobrem três anos ou mais.
Um plano estratégico identifica diretrizes de longo prazo para a organização.
Um plano operacional identifica atividades para implementar planos estratégicos.
Política é um plano permanente que comunica diretrizes amplas para decisões e ações.
Procedimentos ou regras descrevem com precisão as ações que devem ser toma-
das em situações específicas.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
As organizações também precisam de planos de uso único, que serão usados apenas uma vez,
para atender às necessidades de uma situação específica e de duração determinada. Por exemplo,
muitos trabalhos assumem a forma de projetos, atividades únicas que tem um ponto inicial e um
ponto final bem definidos. Planos relacionados a recursos financeiros são os orçamentos. Um
orçamento é um plano que aloca recursos para atividades, programas ou projetos. É uma ferra-
menta poderosa que empenha recursos escassos entre usos múltiplos e quase sempre concorrente
(Schermerhorn, 2008).
CONCEITOS
Projetos são atividades únicas que tem um ponto inicial e um ponto final bem definidos.
Cronograma de projeto especificam as atividades, os recursos e as datas programadas.
O gerenciamento de projeto assegura que as atividades requeridas aconteçam no prazo.
Orçamento é um plano que aloca recursos a projetos e atividades.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
Os benefícios do planejamento são mais significativos quando seus fundamentos são sólidos.
As ferramentas e as técnicas de planejamento mais úteis incluem previsão, planejamento de con-
CONCEITOS
A previsão tenta antecipar o futuro.
O plano de contingência identifica cursos de ação alternativos para serem seguidos.
O planejamento de cenários identifica futuros cenários alternativos.
O benchmarking usa comparações externas para obter ideias para o planejamento.
Melhores práticas são métodos que levam a um melhor desempenho.
Planejamento participativo inclui as pessoas que serão afetadas pelos planos.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
CONCEITO
Organização é o processo de coordenar pessoas e recursos.
Estrutura organizacional é o resultado final do processo de organização. Refere-se
ao modo como as atividades de uma organização são ordenadas.
CONCEITOS
Organograma é a representação gráfica da estrutura de uma organização, mostra
as funções, os departamentos e os cargos da organização.
Divisão de trabalho consiste em pessoas e grupos desempenhando trabalhos di-
ferentes.
CONCEITOS
Centralização significa que a alta administração detém o poder de tomar as decisões.
Descentralização significa que a alta administração permite que os funcionários
dos níveis inferiores tomem muitas decisões.
Delegação é o processo de confiar o trabalho para ser executado por outros.
Empowerment dá às pessoas a liberdade de fazer seus trabalhos à sua maneira.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
IMPORTANTE
Três Etapas na Delegação
1. Atribuir responsabilidade – Explicar a tarefa e as expectativas para os outros.
2. Outorgar autoridade – Permitir que os outros ajam conforme necessário.
3. Instituir a prestação de contas – Exigir dos outros que prestem contas.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
2.3.1. Motivação
Dentro da função direção está a motivação dos trabalhadores. As organizações são estrutura-
dos em torno de objetivos comuns. Porém, às vezes os objetivos individuais são conflitantes com
os objetivos organizacionais. Cabe ao gestor a tarefa de compatibilizar os objetivos de ambos, e
esta tarefa é conhecida como motivação (Sobral e Peci, 2008).
CONCEITOS
A motivação é a predisposição individual para exercer esforços que busquem o
alcance de metas organizacionais, satisfazendo ao mesmo tempo alguma necessi-
dade individual.
A necessidade é um desejo fisiológico ou psicológico não satisfeito.
CONCEITOS
A liderança pode ser definida como o processo social de dirigir e influenciar o
comportamento dos membros da organização, levando-os à realização de deter-
minados objetivos.
CONCEITO
Estilo de liderança é o padrão de comportamento recorrente demonstrado por um líder.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
A sociedade atual está exigindo mais liderança ética em nossas organizações. São esperados
líderes que ajam dentro de elevados padrões éticos de comportamento, ajudando a construir e a
manter uma cultura organizacional ética, além de incentivar e exigir que os outros se comportem
eticamente no trabalho. Um outro conceito bastante citado na atualidade é o de liderança servi-
dora. Trata-se de uma liderança apoiada no comprometimento de servir os outros, de ajudar as
pessoas a usarem todo o potencial de seus talentos enquanto trabalham juntas para organizações
que beneficiam a sociedade (Schermerhorn, 2008).
IMPORTANTE
Como delegar poderes
Faça com que os outros estejam envolvidos na
escolha de suas atribuições de trabalho e dos
métodos para a realização das tarefas.
Crie um ambiente de cooperação, troca de infor-
mações e discussão.
Encoraje outros a tomarem iniciativas e decisões
e a usarem o seu conhecimento.
Quando surgirem problemas, descubra o que os outros pensam e deixe-os ajudar.
Fique fora do caminho; dê aos outros a liberdade de apresentar e colocar em prá-
tica as suas próprias ideias e soluções.
Mantenha a confiança e o moral elevados reconhecendo os sucessos e encorajan-
do o alto desempenho.
CONCEITOS
A certificação ISO avalia se uma organização se encontra dentro de padrões da
qualidade.
A gestão de qualidade total (TQM) se compromete com a qualidade dos objetivos,
a melhoria contínua, e em fazer as coisas corretamente desde o início.
Um círculo da qualidade é um pequeno grupo de trabalhadores que se encontram
regularmente para discutir meios de melhorar a qualidade do trabalho.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
IMPORTANTE
Quatro máximas do Controle da Qualidade
1. A qualidade significa conformidade a padrões. Os trabalhadores precisam saber
exatamente a quais padrões de desempenho eles deverão atender.
2. A qualidade vem com a prevenção de defeitos, e não com a correção de defeitos.
Liderança, treinamento e disciplina devem prevenir defeitos antes de mais nada.
3. A qualidade como padrão de desempenho deve significar trabalho sem defeitos.
O único padrão de qualidade aceitável é o trabalho perfeito.
4. A qualidade economiza dinheiro. Fazer as coisas corretamente da primeira vez
economiza os custos de correção de um trabalho deficiente.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
Duas ferramentas de gestão e de qualidade podem auxiliar o gestor em suas funções, e desta-
camos aqui a ferramenta 5S e o ciclo PDCA de Deming, os quais já foram descritos em capítulo
anterior e devem ser ressaltadas.
CONCEITOS
Estratégia é um plano abrangente para a conquista de objetivos de longo prazo.
Uma vantagem competitiva resulta de operações bem sucedidas.
Gestão estratégica é o processo de formulação e implementação de estratégias.
Formulação estratégica é o processo de criação de estratégias.
Implementação de estratégias é o processo de colocar as estratégias em prática.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
2.5.1. A Missão
A formulação de estratégia começa com uma análise e o esclarecimento da missão e dos obje-
tivos organizacionais. A missão descreve os propósitos de uma organização, sua razão de existir na
sociedade. As melhores organizações tem missões claras que comunicam um sentido de direção e
motivam seus membros a trabalhar para cumpri-la. Elas também ligam essas missões a objetivos
operacionais bem escolhidos que servem como metas de curto prazo a serem alcançadas (Scher-
merhorn, 2008).
EXEMPLOS
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz [acesso 2017 jun 09]. Disponível em: ht-
tps://portal.fiocruz.br/pt-br/content/perfil-institucional
• Missão
• Produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para
o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e que contri-
buam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira,
para a redução das desigualdades sociais e para a dinâmica nacional de inovação,
tendo a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla como valores centrais.
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária [acesso 2017 jun 09]. Disponí-
vel em: http://portal.anvisa.gov.br/institucional
• Missão
• Proteger e promover a saúde da população, mediante a intervenção nos riscos
decorrentes da produção e do uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sa-
nitária, em ação coordenada e integrada no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Ministério da Saúde [acesso 2017 jun 09]. Disponível em: http://portalsaude.sau-
de.gov.br/index.php/o-ministerio#58
• Missão
• Promover a saúde da população mediante a integração e a construção de par-
cerias com os órgãos federais, as unidades da Federação, os municípios, a iniciati-
va privada e a sociedade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para
o exercício da cidadania.
CONCEITOS
Análise SWOT analisa os pontos fortes e os pontos fracos de uma organização,
bem como as oportunidades e as ameaças.
Competência essencial é um ponto forte distinto que dá à organização uma van-
tagem competitiva.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
IMPORTANTE
Responsabilidades do Gerenciamento de Recursos Humanos
1.Atrair uma força de trabalho qualificada – planejamento, recrutamento e seleção
de recursos humanos;
Esta área também atende a legislação governamental de proteção aos trabalhadores, quanto
à discriminação no emprego, aos direitos e deveres dos empregados, e também participa das ne-
gociações coletivas entre os sindicatos e os trabalhadores referente a seus contratos de trabalho.
Para atrair, desenvolver e manter sua força de trabalho, os gestores utilizam-se de práticas de
planejamento de recursos humanos, recrutamento e seleção, além das funções de orientação e
socialização, treinamento do empregado, sendo hoje falado muito nos conceitos de coaching e
mentoring, além da avaliação de desempenho e a necessidade de planejamento e desenvolvimen-
to de carreira.
CONCEITOS
Planejamento de recursos humanos analisa as necessidades de pessoal e identifica
as medidas que irão supri-las.
Recrutamento é um conjunto de atividades desenvolvidas para atrair um grupo de
candidatos qualificados.
Seleção é a escolha de quem contratar dentre um grupo de candidatos qualificados.
A socialização influencia o comportamento e as atitudes de um novo funcionário.
O coaching ocorre quando uma pessoa experiente oferece conselhos sobre como
desempenhar bem o seu trabalho a uma pessoa menos experiente.
A mentoria (mentoring) coloca funcionários em início de carreira sob o acompa-
nhamento de funcionários seniores.
Uma avaliação de desempenho é o processo de avaliar formalmente o desempe-
nho e fornecer feedback ao trabalhador.
O desenvolvimento de carreira administra o crescimento de uma pessoa na carreira.
Planejamento de carreira é o processo de casar objetivos de carreira e capacida-
des individuais com as oportunidades, para que elas sejam satisfeitas.
Fonte: Schermerhorn, 2008.
4. Considerações finais
Dezenas de conceitos ligados à administração geral, ao trabalho do gestor, às funções e ferra-
mentas de gestão e às áreas de atuação dos gestores foram apresentados neste capítulo, que teve
o propósito de reunir os principais tópicos que devem ser de conhecimento e prática dos gestores,
independentemente do nível hierárquico ou mesmo tipo de organização que venha a atuar. A in-
tenção do autor foi a de capacitar os gestores de saúde nestes temas.
5. Referências
Chiavenato I. Administração para não-administradores: a gestão de negócios ao alcance de todos.
São Paulo: Saraiva; 2008.
Chiavenato I. Princípios da administração: o essencial em teoria geral da administração. Rio de
Janeiro: Elsevier; 2006.
Coelho M. A essência da administração: conceitos introdutórios. São Paulo: Saraiva; 2008.
Franco DH, Rodrigues EA, Cazela MM. Tecnologias e ferramentas de gestão. Campinas: Alínea;
2009.
Henry Mintzberg. In: Wikipédia [acesso 2017 mar 01]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/
wiki/Henry_Mintzberg
Moraes, AMP. Iniciação ao estudo da administração. 2 ed. São Paulo: Pearson; 2001.
Onofre R. Foi a Lava-Jato que fez. Aos três anos, a maior operação anticorrupção do país já tem
legado a apresentar. Veja, São Paulo, 2017 mar 22. Edição 2522, ano 50, n. 12.
Conteúdo programático
1. Definição e Classificação de Violência
2. Impacto da Violência nos Custos em Saúde Pública
3. Formação, Educação Permanente e Legislação
4. Importância de Notificar e Monitorar os Casos de Violência
5. Prevenção e Promoção
6. Organização da Assistência
7. Experiências Bem Sucedidas
8. Conclusões
Leitura obrigatória
Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Violência: uma epidemia silenciosa. Brasília:
CONASS; 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Impacto da violência na saúde dos
brasileiros. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.
Leitura complementar
Pedrosa CM, Diniz CS, Moura VGA. O Programa Iluminar Campinas: a construção de uma polí-
tica intersetorial e interinstitucional para o enfrentamento da violência como um problema
social. Cien Saude Colet. 2016; 21(6): 1879-88.
Atividade recomendada
Veja o seguinte problema de saúde apontado nesta reportagem de 2015 publicada no site de
notícias da Globo, relacionado com a violência no trânsito em Teresina-PI, e discuta como um
gestor de saúde pode enfrentar este problema e reduzir os gastos em saúde com o mesmo.
Todos os dias, ao ligar a televisão, abrir um jornal impresso ou navegar em portais de notícias
pela internet, certamente você vai se deparar com muitas informações relacionadas com a violên-
cia no seu município, Estado ou no Brasil. Apesar de parecer um tema distante e alheio ao trabalho
de um gestor em saúde, a violência é um grave problema de saúde pública. Ela se apresenta como
uma epidemia silenciosa na atualidade e está diretamente ligada à gestão em saúde, seja através
de políticas de prevenção ou estratégias de vigilância. Além disso, a comunicação com setores de
Segurança Pública ou da Justiça, como delegacias de Polícia, Institutos de Medicina Legal e Minis-
tério Público, requer o conhecimento de leis básicas que regem o destino e os direitos das vítimas
de mortes por causas violentas: acidentes de trânsito, suicídios, homicídio e outras.
Figura 1
Para atingir os objetivos propostos pelo CONASS, devem-se buscar parcerias com instituições
formadoras de profissionais de saúde, bem como com entidades de classe dos profissionais de saú-
de (Conselhos Federal e Regionais de Medicina, Odontologia e Enfermagem, Sociedades Brasilei-
ras de Medicina Legal, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, dentre outras especialidades médicas,
Associações Brasileiras de Enfermagem, de Odontologia, dentre outras categorias profissionais),
Universidades e demais instituições de ensino e pesquisa, áreas de segurança, justiça, educação,
ação social, trânsito e urbanismo das esferas de governo federal, estaduais e municipais, organiza-
ções sociais, movimentos populares e organismos internacionais.
As principais fontes oficiais de informação sobre violências e acidentes no Brasil são: o boletim
de ocorrência policial (BO); o boletim do Departamento Nacional de Estrada de Rodagem (DNER);
a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT); o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/
SUS) e o Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). Cada vez que
ocorre um evento violento no País, seu registro deveria passar pelas instituições e serviços mos-
trados no fluxograma abaixo (Brasil, 2008):
Quando estes dados se constituem em estatística oficial, a informação de um evento violen-
to passa por várias mãos e percorre diversas instituições, estando condicionada a problemas de
idiossincrasia e finalidades dessas entidades, a questões ideológicas das pessoas que notificam e
aos que procedem à notificação e às dificuldades ou facilidades tecnológicas e operacionais dos
vários sistemas e fontes. Assim, estes dados podem não representar uma verdade absoluta, mas
certamente já contribuem bastante para o planejamento do gestor com finalidade de enfrentar os
eventos da violência.
Núcleos de Prevenção de Violências
Os Núcleos de Prevenção de Violências vêm contribuindo na sistematização, análise e dispo-
nibilização das informações sobre violência, além de executar estratégias de promoção da saúde e
prevenção de violências e acidentes. Eles podem ser considerados a base da articulação e execu-
ção de todas propostas de combate à violência. Para que estes núcleos alcancem estes objetivos,
são estratégias fundamentais (Brasil, 2008):
• Articular uma rede de atenção e proteção social, com parcerias intrasetoriais e interinstitucionais,
tanto para o aprimoramento das informações como para apoio ao desenvolvimento de políticas
públicas (Brasil, 2008).
• Examinar a situação de saúde nestes núcleos, por meio da capacitação em epidemiologia e
do uso de ferramentas tecnológicas como o geoprocessamento, conexão de bancos de dados
5. Prevenção e promoção
A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências, instituída
pela portaria GM/MS nº. 737 em janeiro de 2001, ao incorporar os acidentes e violências como
problemas de saúde pública, já considera em seu texto que o setor tem um papel na construção da
cidadania e da qualidade de vida da população, participando em conjunto com outros setores e a
sociedade civil. Considera também que a saúde tem seu papel específico, destacando a utilização
de instrumentos que lhe são próprios, como a adequação das ações relativas à assistência, recu-
peração e reabilitação e as estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos.
Atenção Primária
Na atenção primária, de acordo com o CONASS (Brasil, 2008), a violência deve ser enfrentada,
resumidamente, com ações de assistência e ações de reabilitação:
I - Ações de Assistência
1. Organizar a rede de atenção à saúde:
– Definir as responsabilidades na assistência de cada ponto de atenção na rede – UBS, USF,
ambulatórios de referência, hospitais, pronto atendimento e pronto socorro;
– Estabelecer fluxos e mecanismos de referência e contra referência para os diferentes pontos e
níveis de atenção;
– Realizar atendimento às vítimas de violência de natureza física, psicológica, sexual, negligência
e abandono;
– Realizar atendimento às vítimas de acidentes de trânsito e a violência interpessoal;
2. Identificar serviços de apoio às vítimas de violência (assistência social; apoio psicológico;
grupos da comunidade; apoio legal contemplando defensoria pública, conselho tutelar,
delegacias e varas especializadas);
3. Identificar serviços para tratamento dos autores de violência;
4. Estabelecer comunicação com os órgãos de polícia e segurança pública;
5. Definir serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, inclusive a integração dos serviços de
saúde e segurança pública;
6. Capacitar permanentemente os profissionais de saúde, profissionais que atuam na segurança
pública, professores, educadores, líderes comunitários, para as questões de gênero, raça ou
etnia, e os determinantes da violência;
7. Estabelecer mecanismos de acompanhamento e avaliação do perfil da violência que são
atendidos nos serviços de saúde;
8. Definir ações de acompanhamento das vítimas da violência, e dos autores de violência.
• Implantar casas - abrigo para mulheres vítimas de violência e crianças em situação de risco;
• Disponibilizar linha telefônica SOS 24 horas para denúncias de casos de violência doméstica.
• Implementar e fortalecer políticas públicas que reduzam a morbimortalidade por acidentes de
trânsito.
• Ampliar a fiscalização da legislação de trânsito. Investir em ações educativas e sensibilizadoras
para crianças e adolescentes quanto ao uso de álcool, crack e outras drogas e suas consequências.
• Promover discussões intersetoriais que incorporem ações de prevenção da violência e
promoção da saúde à grade curricular de todos os níveis de formação.
Cuidados aos Casos de Tentativas de Suicídio e de Suicídio
• Constituir comitês de atenção (assistência, prevenção e vigilância) a tentativas de suicídio e
suicídios.
• Organizar os serviços / programas municipais de saúde mental. Incluir a discussão na área
de saúde escolar, com vistas a trabalhar questões psíquicas da população escolar, passando
informações especialmente a orientadores educacionais e psicólogos escolares.
• Introduzir a discussão de temas como depressão, alcoolismo, esquizofrenia, transtornos
mentais orgânicos, transtornos de personalidade e transtornos afetivos junto às equipes do
Programa de Saúde da Família, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Centros de Atenção
Psicossocial.
• Discutir o papel das equipes do PSF no acolhimento e acompanhamento destes casos,
capacitando-as (inclusive os agentes comunitários) quanto ao registro de tentativas, fluxograma
de encaminhamento, noções de negociação e acompanhamento de crises. É importante que
as equipes saibam reconhecer os casos que necessitam de encaminhamento aos serviços de
saúde mental e suas linhas de cuidado.
• Capacitar as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial e demais centros de referência para
o atendimento dos casos encaminhados pelos serviços de atenção primária.
As equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família podem desenvolver atividades nas áreas
de prevenção, atenção e reabilitação, como: desenvolver atividades físicas e práticas corporais;
6. Organização da assistência
A violência de um modo geral tem sido apontada por profissionais de saúde como um dos pro-
blemas encontrados na prática de suas atividades. Considerando a relevância e o impacto causado
nos indicadores de saúde e na qualidade de vida das pessoas, propõe-se que as SES organizem
nos seus estados, em conjunto com os municípios, estratégias para o enfrentamento do problema.
Nesse contexto, pretende-se contribuir para a implantação de ações que visem à redução da
violência na sociedade e em especial contra a criança, adolescente, mulher e idoso, em também
atuar sobre os determinantes sociais da violência e implantar ações sobre as quais o setor saúde
tem um papel fundamental:
• Identificar os determinantes sociais e as situações de risco para a violência. Estabelecer meios
para que a comunidade e profissionais de saúde possam identificar e informar situações de
violência. Prover assistência e meios de prevenção da violência contra a criança, adolescente,
mulher e idoso, e para a população de um modo geral;
• Desenvolver trabalho integrado e intersetorial entre os vários segmentos envolvidos no
enfrentamento do problema (saúde, educação, segurança pública, comunidade, judiciário).
• Estimular a notificação dos casos, capacitando os profissionais de saúde para a utilização de
instrumentos já existentes, para que se possa produzir informações e construir indicadores que
permitam conhecer o problema e buscar soluções.
• Estabelecer mecanismos de apoio às vítimas e aos agressores, assim como o acompanhamento
dos casos, com vistas a diminuição de ocorrência de violência.
7. Experiências bem-sucedidas
Um exemplo de destaque no combate à violência sexual no Brasil é o projeto “O Iluminar
Campinas”. O projeto teve início em 2001 a partir de um financiamento do Ministério da Saúde,
e execução intersetorial das Secretarias Municipais de Saúde, Educação, Assistência Social, Segu-
rança Pública de Campinas, em parceria com CEMICAMP/UNICAMP.
O projeto apresenta como diferencial sua amplitude de atendimento, pois inclui crianças, ado-
lescentes e homens, quando a maioria dos programas atende apenas mulheres. Com esse entendi-
mento, foi criado um trabalho com rede de serviços interligados e com fluxos definidos incluindo o
transporte das vítimas pela Guarda Municipal e um sistema de notificação compulsória dos casos
garantido por lei via internet.
O Iluminar Campinas atua com uma rede intersetorial e interinstitucional de serviços nas áreas
de saúde, educação, assistência social, jurídica e de cidadania e funciona com duas redes de cui-
dados interligadas:
1) Rede de Cuidados Indiretos: é composta pelas Escolas, Creches Municipais e emires (esco-
la municipal de educação infantil), Serviços Municipais de Assistência Social, Guarda Municipal,
Conselhos de Direitos da criança e Adolescentes, da Mulher, do Idoso, do Deficiente e os Conse-
lhos Tutelares, ONGs que trabalham com mulheres, crianças e adolescentes, Instituto de Medicina
Legal, Delegacias da Mulher e de Polícia, Centro de Referência e Apoio à Mulher - CEAMO, Servi-
ços de Assistência Jurídica e Psicológica da PUC Campinas e da Universidade Paulistana UNIP e
Abrigo de Mulheres Sara, além de Serviço de atendimento telefônico aos munícipes.
As responsabilidades da Rede de Cuidados Indiretos incluem:
• Acolher as vítimas e ouvir sua queixa.
• Efetuar o cuidado específico necessário.
• Mobilizar a guarda municipal, por sua vez, conduz a vítima ao pronto socorro de referência
definido pelos fluxos de funcionamento da rede.
8. Considerações finais
Acreditamos que com o conteúdo deste capítulo, agora seja possível discutir a violência dentro
da gestão em saúde e, principalmente, criar mecanismos de enfrentar este grave problema social
e de saúde. Esperamos assim contribuir para a reflexão acerca da construção das práticas volta-
das ao enfrentamento da violência, ilustrando a necessidade de se estabelecer desde a etapa de
estruturação o olhar ampliado, intersetorial e colaborativo, que possibilite parcerias, pactuações,
acordos e responsabilizações em todos os momentos do cuidado. A inclusão de políticas voltadas
para o combate à violência na agenda do gestor é fundamental para o controle desta epidemia
silenciosa.
9. Referências
Acidentes com moto custaram R$ 6 milhões ao cofres públicos no Piauí [internet]. Publicado em:
2015 maio 23 [acesso 2017 maio 25]. Disponível em: http://g1.globo.com/pi/piaui/noti-
cia/2015/05/acidentes-com-moto-custaram-r-6-milhoes-ao-cofres-publicos-no-piaui.html
Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Violência: uma epidemia silenciosa. Brasília:
CONASS; 2008.
Brasil. Estatuto da criança e do adolescente: Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação cor-
relata. 14. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara; 2016.
Brasil. Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da conven-
ção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e da conven-
ção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher; dispõe sobre
a criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher; altera o código de
processo penal, o código penal e a lei de execução penal; e dá outras providências. Diário
Oficial da União. 2006 ago 8; Seção 1, p. 1.
Brasil. Lei nº 10.741, de 1 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras pro-
vidências. Diário Oficial da União. 2003 out 3; Seção 1, p. 1.
Conteúdo Programático
1. Atenção secundária e o encontro das tecnologias
2. O lugar da Atenção terciária
3. O que esperar para o futuro
4. Considerações finais
Leitura obrigatória
Silva SF, organizador. Redes de Atenção à Saúde: desafios da regionalização no SUS. 2. ed. Cam-
pinas: Saberes; 2013. 249p.
Silva SF, Magalhães Júnior HM, Carvalho G, Medeiros J, Souto Júnior JV, Santos L, et al. Redes
de atenção à saúde no SUS: o pacto pela saúde e redes regionalizadas de ações e serviços de
saúde. São Paulo: IDISA, CONASEMS; 2008. 202p.
Mendes EV. As redes de atenção à saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde;
2011. 549p.
Leitura complementar
Santos L. Sistema Único de Saúde: os desafios da gestão interfederativa. Campinas: Saberes; 2013.
270p.
Mendes EV. A construção social da atenção primária à saúde. Brasília: CONASS; 2015. 193p.
Atividade recomendada
Considere que você assumiu a gestão de um sistema municipal de saúde e durante o reconhe-
cimento das estruturas disponíveis verificou a inexistência de serviços especializados em saúde
bucal. Ao analisar os altos custos para manutenção de um Centro de Especialidades Odontológi-
cas municipal você resolve que a melhor opção seria estabelecer uma pactuação para referenciar
as necessidades identificadas para os municípios vizinhos. Utilizando os conteúdos aprendidos
neste capítulo construa um fluxo sequencial do processo de pactuação incluindo em cada etapa os
instrumentos de regulação.
À medida que o cuidado em saúde demanda uma atenção mais específica emergem novas exi-
gências no sistema de saúde para fins de cumprimento dos princípios doutrinários estabelecidos
constitucionalmente. Apesar dos grandes avanços para a mudança do modelo de atenção e me-
lhoria do acesso com eficiência, a relação entre os serviços de diferentes densidades tecnológicas
ainda gera incongruências que dificultam o cumprimento da equidade e integralidade. Partindo
desse pressuposto, de que forma a gestão pode atuar para dar suporte às demandas que exigem
maior adensamento tecnológico em saúde?
Ao longo das últimas décadas o perfil demográfico e epidemiológico brasileiro vem apresen-
tando tendência cada vez mais consistente. Como consequência, tem se observado um crescen-
te envelhecimento populacional, queda da taxa de fecundidade e um aumento na incidência de
doenças crônicas e causas externas. Contudo, em paralelo, ainda persistem doenças infecciosas,
parasitárias, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva, os quais constituem o modelo de tripla
carga de doenças (Brasil, 2011c; Mendes, 2011).
Essas constantes transformações acarretam uma necessidade de mudança na organização do
sistema de saúde brasileiro no intuito de vencer os desafios sanitários atuais e superar a fragmen-
tação das ações e serviços de saúde.
A exatidão do significado de uma atenção ou sistema de saúde integral tem sido debatido no
universo da gestão, o qual busca indicativos ou sinais da sua aplicação. A integralidade é construí-
da por meio de um painel dinâmico enquadrado a partir das seguintes dimensões: suficiência de
recursos assistenciais; articulação e integração das redes; regulação assistencial pública; atendi-
mento às necessidades dos usuários; impacto no quadro de saúde da população (Silva e Magalhães
Júnior, 2013).
A consolidação dos sistemas de saúde representa um conjunto de relações políticas, econô-
micas e institucionais voltado para organização de processos, estabelecidos por regras e serviços,
para melhorar as condições de saúde de acordo com as necessidades da população. Dadas essas
A atenção terciária inclui procedimentos de alto custo ofertados e realizados na rede SUS, in-
cluindo especialidades como cirurgia cardíaca, oncologia, hemodiálise e transplante de órgãos. No
entanto, obstáculos estruturais, procedimentais e políticos, desequilibram o sistema de governan-
ça na rede, gerando descontinuidades administrativas que impactam na oferta e utilização desses
procedimentos (Paim et al., 2011).
Desta forma, os pontos de atenção hospitalar constituem, juntamente com os da atenção espe-
cializada, verdadeiros nós nas redes de atenção à saúde. Isso representa, na prática, uma limitação
da oferta de vagas no sistema devido a uma concentração espacial dos serviços mais especiali-
zados quando comparados com os outros níveis de atenção, e uma produção singular, possuindo
maior densidade tecnológica (Mendes, 2011).
O termo hospital se refere a um conjunto de unidades de diferentes portes que podem oferecer
serviços variados. Na sua essência, embora não seja exclusiva, envolve a prestação de cuidados
médicos a pacientes, sob regime de internação, continuamente, durante as 24 horas do dia, em lei-
tos hospitalares. Na tipologia dos estabelecimentos hospitalares podem ser identificados: hospitais
gerais; hospitais especializados; hospitais de emergência; hospitais de ensino e pesquisa; hospitais
locais; hospitais de referência, entre outros (Braga Neto et al., 2012).
Na atenção terciária os hospitais ocupam um importante papel do ponto de vista técnico-assis-
tencial ao se consolidarem como estabelecimentos com saberes e tecnologias mais especializadas;
e a partir de uma imagem simbólica como local destinado ao exercício da medicina moderna,
verdadeiro representante do funcionamento de um sistema de saúde onde as pessoas nascem,
recebem assistência e morrem (Braga Neto et al., 2012).
Cabe destacar que uma maior capilaridade da atenção básica, por meio das unidades de saúde
e atuação no território, assim como a disponibilidade de leitos hospitalares, tendem a aumentar a
probabilidade de um paciente ser internado num hospital. Visto a centralização desses serviços,
normalmente a distância entre o município onde vive o paciente e o local onde o serviço da aten-
ção terciária está disponível, gera uma complexa logística no cuidado e no transporte, gerando
desigualdades no acesso e fragmentação das ações. Além disso, a regulação não é um processo
livre de interferência por alguns grupos de interesses, visto que envolve particularidades do setor
privado, da indústria médico-hospitalar e dos próprios sanitaristas (Paim et al., 2011).
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos princípios de Valle et al., 2010.
4. Considerações finais
A relação entre a atenção especializada e hospitalar na rede de atenção à saúde envolve uma
série de desafios e movimentos a serem conduzidos regionalmente visando um efetivo acesso de
acordo com as condições e necessidades de saúde locais.
Para tal, uma melhor articulação entre os gestores pode ser constituir como uma saída frente
as dificuldades estruturais e na inexpressiva oferta de serviços, assim como a necessidade de
racionalização dos gastos. Uma concreta organização por redes tende a evitar o desperdício de
recursos gerados a partir de uma incorporação acrítica de novos estabelecimentos e tecnologias
em saúde, e um contraditório baixo aproveitamento na utilização dos serviços.
Essa mobilização envolve a definição clara das responsabilidades de cada nível de atenção,
envolvendo redefinição das pactuações e reorganização dos complexos reguladores. Deve-se ter
por base uma maior valorização das necessidades locais frente a capacidade dos serviços, dire-
cionando a alocação de recursos e procedimentos a partir de profissionais qualificados e gerentes
com perfil técnico, que possam minimizar as influências de atores e grupo político-partidários, e
assim privilegiar o interesse coletivo.
5. Referências
Almeida PF, Giovanella L, Mendonça MHM, Escorel S. Desafios à coordenação dos cuidados em
saúde: estratégias de integração entre níveis assistenciais em grandes centros urbanos. Cad
Saude Publica. 2010; 26(2): 286-98.
Assis MMA, Jesus WLA. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo
de análise. Cien Saude Colet. 2012; 17(11): 2865-75.
Bender ADS, Molina L, Mello A. Absenteísmo na atenção secundária e suas implicações na aten-
ção básica. Espaç Saude. 2010; 11(2): 56-65.
Braga Neto FC, Barbosa PR, Santos IS, Oliveira CMF. Atenção hospitalar: evolução histórica e
tendências. In: Giovanella L, Escorel S, Lobato LVL, Noronha JC, Carvalho AI, organizadores.
Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2012. p.577-608.
Brasil. Ministério da Saúde. Reforma do Sistema da Atenção Hospitalar Brasileira. Brasília: Minis-
tério da Saúde; 2004.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Nº 1.559, de 1 de agosto de 2008. Institui a Política Nacional de
Regulação do Sistema Único de Saúde - SUS. Diário Oficial da União. 2008 ago 4; Seão 1, p.48.
Bibliografia consultada
Medici AC. Sistemas de financiamento e gestão hospitalar – uma aplicação ao caso brasileiro. In:
Vecina Neto G, Malik AM. Gestão em saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016.
p.51-71.
Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Cien Saude Colet. 2010; 15(5): 2297-305.
Silva SF. Regionalização, formação de redes e governança nos sistemas de serviços de saúde do
SUS. In: Damázio L. Desafios da gestão estratégica em serviços de saúde: caminhos e pers-
pectivas. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. p. 1-20.
Conteúdo programático
1. Quais as minhas responsabilidades e prazos a serem cumpridos? – Tendo como foco a
Regionalização, Planejamento e Programação.
2. Instrumentos de planejamento e Gestão
3. Tarefa mês a mês e datas comemorativas
4. Compromissos Permanentes
5. Considerações finais
Leitura obrigatória
Lei Complementar 141 de 2012 – Nota Técnica CONASS 06/2012
Lin: <http://www.conass.org.br/biblioteca/wp-content/uploads/2012/01/NT-06_2012-LC-141.pdf>.
Portaria 2.135 de 25 de setembro de 2013
Link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2135_25_09_2013.html
Leitura complementar
Base legal e conceitual do SIOPS. Link: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministe-
rio/principal/siops/mais-sobre-siops/5985-legislacao>
Relatório padronizado do Relatório Quadrimestral. Link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudele-
gis/cns/2012/res0459_10_10_2012.html
Caderno de Planejamento. Volume 2. Ministério da Saúde. Link: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/caderno2_planejasus_2ed.pdf>
Atividade recomendada
Imagine que você trabalha como profissional de saúde em um estabelecimento de saúde 100%
SUS, caracterizado como trabalhador da assistência há aproximadamente 10 anos e por isso é
bastante reconhecido pela população no trabalho que desenvolve. A população deste município
é carente e 90% SUS dependente, há aproximadamente 5 anos o município vem sofrendo vários
problemas de gestão como: suspensão de recursos federais; mudança de Secretário Saúde; judicia-
lizações decorrente da não oferta de serviços; escassez de recursos para alguns serviços de saúde;
dificuldade de fixação de profissionais nos serviços especializados; entre outros problemas. Impor-
tante salientar que o Relatório Anual de Gestão encontra-se atrasado e o SIOPS não é atualizado
Fonte: <https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/46359/mod_resource/content/2/Unidade%202/top2_4.html>.
De acordo com art. 39, parágrafo 2º da LC 141 de 2012, o Gestor é o responsável pelo registro
dos dados nos prazos estabelecidos e pela fidedignidade dos dados homologados aos quais é con-
ferida fé pública, assim o Gestor se torna o responsável pelas ações e serviços públicos de saúde
do seu município, portanto esteja sempre em comunicação com o seu contador!
Assim, como o demonstrativo de despesa com saúde é gerado a partir dos dados informados
pelos gestores do SUS no SIOPS e constitui um dos demonstrativos do RREO o prazo de declara-
ção de dados sobre receitas e despesas por meio do SIOPS passa a ser bimestral.
As datas limites para a transmissão de dados são:
Exercício 2017
1º bimestre 2017 – até 30 de março de 2017
2º bimestre 2017 – até 30 de maio de 2017
3º bimestre 2017 – até 30 de julho de 2017
4º bimestre 2017 – até 30 de setembro de 2017
Destacamos aqui por último o que diz a Lei Complementar 141 de 2012 sobre as prestações de
contas, bem como prazos a serem entregues.
A lei define que a prestação de contas deverá conter demonstrativo das despesas com saúde
que integrará o RREO, para subsidiar a emissão do parecer prévio do Tribunal de Contas. Introduz
a obrigatoriedade de todo gestor do SUS, em cada ente da Federação, elaborar Relatório detalhado
referente ao quadrimestre anterior, o qual conterá, no mínimo, as seguintes informações: I - mon-
tante e fonte dos recursos aplicados no período; II - auditorias realizadas ou em fase de execução
no período e suas recomendações e determinações; III - oferta e produção de serviços públicos na
rede assistencial própria, contratada e conveniada, cotejando esses dados com os indicadores de
saúde da população em seu âmbito de atuação.
De acordo com a Resolução nº 459 de 10 de outubro de 2012, este Relatório detalhado será
elaborado de acordo com modelo padronizado aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde, de-
vendo-se adotar modelo simplificado para Municípios com população inferior a 50.000 (cinquenta
mil habitantes) e será apresentado até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, em audiên-
cia pública na Casa Legislativa do respectivo ente da Federação. Além da elaboração desse Rela-
tório detalhado, que será quadrimestral, a União, os Estados, o DF e os Municípios deverão enviar
Relatório de Gestão ao respectivo Conselho de Saúde, até o dia 30 de março do ano seguinte ao
da execução financeira, cabendo ao Conselho emitir parecer conclusivo sobre o cumprimento ou
não das normas estatuídas na Lei Complementar.
Janeiro
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3 4 5 6 7
14 8 9 10 11 12 13
21 15 16 17 18 19 20
28 22 23 24 25 26 27
29 30 31
Fevereiro
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24 24
26 27 28
Março
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24 24
26 27 28 29 30 31
• Até o dia 30, envio para deliberação do Relatório Anual de Gestão ao Conselho de Saúde e
Homologação do SIOPS referente ao 1º Bimestre do ano em exercício.
• Preenchimento e envio dos Indicadores e Metas do PPA (Plano PluriAnual).
• Finais do verão, em alguns locais do país têm chuvas intensas e por isso é propício o
aparecimento de casos de leptospirose – Vigilância deve ficar atenta.
08 – Dia Internacional da Mulher
21 – Dia Mundial da Infância
21 – Dia Nacional da Síndrome de Down
22 – Dia Mundial da Água
24 – Dia Mundial da Luta contra a Tuberculose.
31 – Dia Nacional da Nutrição
4. Abril
Abril
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
23 24 25 26 27 28 29
30
5. Maio
Maio
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3 4 5 6
7 8 9 10 11 12 13
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Junho
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3
4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17
18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30
• AÇÕES CONTRA A DENGUE - Essa é a época que devemos intensificar as ações para
eliminação dos criadouros do vetor.
• Meningite – no inverno também predominam os casos de meningite bacteriana. Atenção para
manter as equipes de saúde atentas, bem como tomar medidas de prevenção e promoção.
• Organizar a Campanha contra Pólio 1ª Fase – imunização das crianças entre zero e quatro anos
de idade. Lembrar-se de atingir a cobertura de mais de 95%.
• Mês de Festas Juninas, nas regiões que culturalmente utilizam fogos de artifícios nos festejos
juninos. ATENÇÃO redobrada para o grande índice de queimados. Equipe da rede de Urgência
e Emergência devem ser alertados.
• Avaliação e monitoramento das ações pactuadas
• Iniciar minha Programação Anual de Saúde (PAS) para o ano seguinte, que deve ser discutida
com o Conselho Municipal de Saúde.
• Encerramento do período da Sessão Legislativa. Sanção do Chefe do Poder Executivo da LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentária).
05 – Dia Mundial do meio Ambiente
09 – Dia da Humanização
11 – Dia do Educador Sanitário
20 – Dia Nacional de Prevenção à Asma
25 – Dia Internacional de Combate às Drogas
7. Julho
Julho
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
23 24 25 26 27 28 29
30 31
8. Agosto
Agosto
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31
• Até dia 30, entrega do Projeto de Lei do Plano Plurianual – PPA na Câmara de Vereadores.
• Finalizar a Elaboração da minha PAS compatibilizando com a LOA da Administração Municipal.
01- Dia Mundial da Amamentação
05 – Dia Nacional da Saúde
05 – Dia do Farmacêutico
08 - Dia Nacional de Combate ao Colesterol
12 – Dia do Psicólogo
29 – Dia de Combate ao Fumo
31 – Dia do Nutricionista
9. Setembro
Setembro
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2
3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16
17 18 19 20 21 22 23
24 25 26 27 28 29 30
Outubro
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
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29 30 31
• Atenção Mulheres: este mês é seu!!! Previna - se contra o câncer de colo e mama. Organizar
campanhas educativas e ações de promoção que visem a prevenção do câncer de colo e mama.
01 – Dia Internacional da Terceira Idade
03 – Dia do Dentista
10 – Dia Mundial da Saúde Mental
11 – Dia Mundial de Combate a Obesidade
12 – Dia da Criança
13 – Dia do Terapeuta Ocupacional e Fisioterapeuta
15 – Dia Mundial de Lavar as Mãos
16 – Dia do Anestesiologista
16 – Dia Mundial da Alimentação Saudável
18 – Dia do Médico
20 – Dia Mundial e Nacional da Osteoporose
25 – Dia do Cirurgião Dentista
30 – Dia Nacional da Luta contra o Reumatismo
Novembro
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24 25
26 27 28 29 30
12. Dezembro
Dezembro
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
1 2
3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16
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24 25 26 27 28 29 30
31
Entendemos que um gestor comprometido com a saúde da sua população deve estar atento
com as datas acima mencionadas, a fim de formular e elaborar estratégias de ação para fortalecer
a saúde da população no seu território.
Além das datas listadas acima, é importante verificar com a gestão do Estado o calendário
vacinal referente ao ano vigente para não se esquecer de organizar as campanhas de vacina, bem
como as ações voltadas para promoção e prevenção.
2. Compromissos permanentes
Alguns compromissos devem estar presentes diariamente na agenda do gestor, dentre eles
estão:
• Gerenciar os gastos públicos nos blocos de investimento, devem ser atualizados sempre;
• Participação mensal dos espaços deliberativos (Comissão Inter regiões de Saúde – CIR
e Colegiado Inter gestores Bipartite) e espaços da sociedade civil (Conselhos de Saúde),
pois garantirá as pactuações de ações e serviços com os municípios vizinhos, bem como a
participação social nas tomadas de decisão.
• Analisar contratos e convênios a serem renovados.
• Se você tem Hospital sob sua gestão é preciso estar em contato constante com seu administrador.
3. Considerações finais
A gestão no Sistema Público de Saúde brasileiro tem passado por várias mudanças no decor-
rer dos tempos. Em decorrência dessas, há a necessidade de estar e se manter atualizado frente
a todas essas mudanças. Para isso é importante que o orçamento público e as contas da saúde
estejam em dia, bem como a atualização dos sistemas de informação, pois ele trará subsídio para
diagnosticar o problema e os desafios.
É de extrema importância que os gestores estejam preparados e capacitados para o enfren-
tamento dos problemas e os desafios que se apresentam, com isso é necessário elencar quais os
principais problemas e desafios que nós gestores podemos enfrentar no processo de gestão em
saúde, temos muitos desafios pela frente, por isso precisamos ter em mente para consolidar uma
boa gestão alguns atributos como, planejamento, a integralidade das ações em saúde, o financia-
mento, a descentralização, o trabalho em equipe multiprofissional, a participação popular, a regu-
lação do acesso, a avaliação, monitoramento e a gestão da qualidade dos serviços.
Com isso, é necessário que estejamos atentos a todos os problemas a serem enfrentados, se-
jamos ágeis e flexíveis, com foco e metas no planejar, estruturar, organizar e avaliar as ações
4. Referências
Biblioteca virtual em saúde. Ministério da Saúde. Folheto do Sistema de Informações sobre Or-
çamentos Públicos em Saúde. Disponível em: http://portalbvsms.saude.gov.br/bvs/folder/
sistema_informacao_orcamentos_publicos_saúde. Acesso em 07 de abr.2017.
Brasil. Ministério da Saúde Prazos para entrega de declarações com despesas e ações de serviços
de saúde. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/princi-
pal/siops/mais.. Acesso em 07 abr.2017.
Brasil. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3o do art. 198 da
Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde;
estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de
fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo;
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de
1993; e dá outras providências.Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 13
jan. 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp141.htm.>.
Acesso em: 07 abr. 2017.
Fundação Oswaldo Cruz. Ministério da Saúde. Manual de Planejamento no SUS. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/reflexoes_novos_gestores_municipais.pdf.
Acesso em 07 abr 2017.
Ministério da Saúde. Sistema de Planejamento do SUS: Monitoramento e avaliação: processo de
formulação, conteúdo e uso dos instrumentos do PlanejaSUS - Brasília - DF 2010.
São Paulo (Estado) Secretaria de Saúde. Agenda do Gestor Municipal de Saúde no Estado de São
Paulo: organizando o sistema a partir da atenção básica.1ªed.revisada.São Paulo.2010
Conteúdo Programático
1. Revisão Sistemática
2. Parecer Técnico-Científico
3. Avaliações Econômicas em Saúde
4. Modelos de Decisão
5.Panorama Brasileiro
Leitura obrigatória
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departa-
mento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas: diretriz de avaliação econômica.
2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014 [acesso 2017 jul 21]. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_metodologicas_diretriz_avaliacao_economica.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Área de Economia da Saúde e Desenvolvimento.
Avaliação econômica em saúde: desafios para gestão no Sistema Único de Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde; 2008 [acesso 2017 jul 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/avaliacao_economica_desafios_gestao_sus.pdf
Leitura complementar
Amorim FF, Ferreira Júnior PN, Faria ER, Almeida KJQ. Avaliação de tecnologias em saúde:
contexto histórico e perspectivas. Comun Cien Saude. 2010; 21(4): 343-8.
Atividade recomendada
- Suponha que você é gestor de um município e depara com uma alta incidência de casos de
dengue. Seu recurso destinado às ações epidemiológicas no controle do vetor é limitado, mas exis-
tem propostas a serem estudadas com sua equipe técnica; você tem opção de optar por algumas
medidas como: promoção em saúde para o combate aos criadouros do mosquito, compra de telas
para colocar nas janelas, compra de mosquito transgênico para um combate biológico, compra de
larvicida. De que forma vocês discutiriam qual melhor decisão a ser tomada?
Então, como podemos tomar decisões conscientes? Ora é imprescindível o conhecimento so-
bre quais intervenções em saúde realmente funcionam, em que condições, a que custo, bem como
Percebemos que o processo de tomada de decisão se inicia por meio da análise da melhor evi-
dência científica disponível sobre determinada tecnologia e é exatamente esse o nosso próximo
tópico.
1. Revisão sistemática
Uma revisão sistemática de alta qualidade é a fonte de evidência mais confiável para orientar a
prática clínica. O objetivo de uma revisão sistemática é entregar um resumo meticuloso de todos
os estudos primários disponíveis para responder uma questão de pesquisa (Clarke, 2011). Ou seja,
a revisão sistemática (o processo de seleção dos estudos) e a meta-análise (a agregação estatística
que produz um tamanho de efeito único) funcionam como uma lente através da qual outros tipos
Uma revisão sistemática usa evidências de estudos primários existentes e é chamada de estu-
do secundário (pesquisa da pesquisa). São utilizadas para estabelecer o estado dos conhecimentos
existentes sobre determinado assunto e no desenvolvimento de diretrizes clínicas (Clarke, 2011).
Os gestores em saúde são inundados com quantidades incontroláveis de informações. As revisões
sistemáticas podem integrar eficientemente a informação existente e fornecer dados para a to-
mada de decisão racional. As avaliações sistemáticas estabelecem se os resultados científicos são
consistentes e podem ser generalizados entre populações, configurações e variações de tratamen-
to, ou se os resultados variam significativamente por subconjuntos específicos. As meta-análises,
em particular, podem aumentar o poder e a precisão das estimativas dos efeitos do tratamento e
dos riscos de exposição. Por fim, os métodos explícitos utilizados nas revisões sistemáticas limitam
o viés, a confiabilidade e a precisão das conclusões (Mulrow, 1994).
De forma prática, apresentamos a seguir os passos de uma revisão sistemática (Quadro 1).
Etapa em que a avaliação estudos identificados na busca inicial é feita por pelo
menos dois pesquisadores, de forma independente e cegada, obedecendo rigoro-
Seleção dos estudos samente aos critérios de inclusão e exclusão definidos no protocolo de pesquisa.
Os critérios de inclusão e exclusão são elaborados com o propósito de responder
à questão de pesquisa.
O fato de um estudo primário ter sido publicado não quer dizer que, obrigatoria-
Análise da qualidade mente, seus resultados são confiáveis. A qualidade de uma revisão sistemática
metodológica depende da validade dos estudos incluídos nela. Existem diferentes escalas que
dos estudos auxiliam na avaliação dos estudos, tais como lista de Delphi, PEDro, OTSeeker,
critérios de Maastricht, escala de Jadad, entre outras.
Links úteis:
Centro Cochrane do Brasil. São Paulo: EPM-UNIFESP
[acesso 2017 jul 21]. Disponível em: http://www.centro-
cochranedobrasil.org.br/colaboracao.html
EVIPNet Brasil – Rede para Políticas Informadas por Evi-
dências. Brasília: Ministério da Saúde [acesso 2017 jul 21].
Disponível em: http://global.evipnet.org/
REBRATS - Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias
em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde [acesso 2017 jul
21]. Disponível em: http://rebrats.saude.gov.br/sisrebrats
2. Parecer técnico-científico
O Parecer Técnico Científico tem como objetivo auxiliar a gestão e a tomada de decisão em
saúde emitindo uma resposta rápida baseada em evidências científicas. Diferentemente das Revi-
sões Sistemáticas, sua execução e conteúdo devem ser simplificados. Além de subsidiar a tomada
de decisão, os resultados de um PTC podem sugerir a realização de novos estudos quando a evi-
dência é insuficiente (Brasil, 2014b).
Como vimos, as Revisões Sistemáticas devem integrar toda a evidência disponível. Para simpli-
ficar esse processo, o Parecer Técnico-científico inclui apenas os trabalhos mais relevantes sobre
determinada tecnologia. Essa é a grande limitação do PTC, o qual deverá ser muito transparente
para mostrar a relevância dos estudos incluídos.
Outra diferença é que o Parecer Técnico-científico pode incluir estudos de ATS de outros paí-
ses, Revisões Sistemáticas realizadas por outros pesquisadores sobre a tecnologia de interesse, ou
seja, estudos secundários que possam auxiliar na tomada de decisão.
Mas será que a decisão em saúde finaliza imediatamente após o levantamento da evidência
científica? Se um medicamento ou procedimento mostrou-se mais eficaz na Revisão Sistemática
eu, como gestor em saúde, devo incorporá-lo ao Sistema e oferecê-lo a toda a minha população?
Acreditamos que o leitor já saiba nesse ponto que a resposta para as duas perguntas é “Não”. Por
mais importante e necessário que seja o levantamento da evidência científica, esse é apenas um
dos pontos a serem levados em conta na tomada de decisão. E é nesse contexto que começaremos
agora a tratar das Avaliações Econômicas em Saúde.
Avaliação de custo-benefício
Na avaliação de custo-benefício tanto os custos como os benefícios são calculados em valores
monetários, o que torna possível afirmar se uma nova tecnologia ou intervenção em saúde gera
um benefício líquido (benefícios da intervenção menos os custos da intervenção) para a sociedade.
No caso, a pergunta norteadora desse tipo de avaliação econômica seria: “É socialmente rentável
investir no Projeto X?” (Brasil, 2009).
Uma vez que tanto os custos como os benefícios são medidos em unidades monetários, esse
tipo de análise é útil para comparar uma tecnologia em saúde com uma variedade de atividades
com medições não similares de impactos para a saúde. Essa é a maior vantagem deste tipo de
estudo, pois os resultados indicam se uma estratégia específica direciona para o ganho líquido ou
perda líquida, e tal informação pode auxiliar os tomadores de decisão a realizar seleções dentre
vários programas ou estratégias dentro de um programa (Brasil, 2008). Por exemplo, um estudo
de custo-benefício pode auxiliar um prefeito a decidir entre investir em Unidades de Saúde ou em
melhorias no trânsito.
Apesar de suas vantagens, precisamos atribuir um valor monetário a um benefício em saúde,
o que é de grande complexidade metodológica pois se torna necessário atribuir valor monetário
à vida (Laranjeria e Petramale, 2013; Brasil, 2014a; Silva et al., 2016). E está aí justamente a maior
MEDIDA DE
CLASSIFI- MEDIDA
TIPO EFEITO VANTAGEM DESVANGEM
CAÇÃO DE CUSTO
EM SAÚDE
Aplicabilidade
Espera-se Praticidade, limitada, pois
desempenho pois necessita são raras as
Custo- Análise
Monetários igual das apenas intervenções
-benefício Completa
intervenções mensurar com desfechos
comparadas. custos. em saúde
idênticos.
Os efeitos em Facilita a
Difícil valorar
saúde são comparação
Custo- Análise monetariamente
Monetários convertidos de estudos
-minimização Completa os desfechos em
em valores de páreas
saúde.
monetários. diferentes.
Comparação
Utiliza dos estudos
Anos de vida
desfechos restrita a
Custo- Análise ganhos; dias
Monetários concretos desfechos
-efetividade Completa de incapacidade
da prática unidimensionais
evitados.
clínica. e comuns aos
estudos.
Eventuais
Considera
problemas
efeitos na
Custo- Análise de validação dos
Monetários QALY, DALY mortalidade
-utilidade Completa instrumentos
e na morbi-
para mensuração
dade
de utilidade.
Não avalia.
Idealmente,
Utiliza dados Fornece
não deve ser
epidemiológicos informação
realizado
para estimar valiosa
isoladamente,
Impacto Análise quantos pacientes ao prever o
Monetários mas concomi-
Orçamentário Incompleta serão beneficia- montante que
tantemente ou
dos pela incorpo- deverá ser
após uma
ração usado pelo
análise de custo-
da determinada sistema.
-efetividade.
tecnologia.
Avaliação de custo-efetividade
Para responder à pergunta “Qual a alternativa oferece a melhor relação entre os seus custos e
seus resultados?” (Brasil, 2008) utilizamos a avaliação de custo-efetividade. Neste tipo de estudo,
os custos são avaliados em unidades monetárias e as consequências em saúde são aferidas em
uma unidade natural de benefício clínico como, por exemplo, anos de vida ganhos, número de
Analisemos a figura 5. Observamos que a Tecnologia 1 apresenta um custo maior com uma
efetividade menor e por isso a chamamos de dominada. Por sua vez, a tecnologia 3 apresenta um
benefício maior com um custo menor e, portanto, a consideramos dominante. Nessas duas situa-
Avaliação de custo-utilidade
A pergunta norteadora de uma Análise de Custo-utilidade é “Qual é a alternativa que oferece a
melhor relação entre os seus custos e resultados em termos da qualidade e duração da sobrevida
obtida?” (Brasil, 2009). Este tipo de análise é considerado por diversos autores como um tipo es-
pecial de análise de custo-efetividade, na qual a medida de efetividade uma intervenção considera
a medição de qualidade de vida relacionada com a saúde (Brasil, 2008).
Neste tipo de análise, os anos de vida ajustados pela qualidade (QALY do inglês Quality-Adjus-
ted-Life-Year) e a esperança de vida corrigida pela incapacidade (DALY do inglês Disability-Adjus-
ted Life Year) são as unidades de medida do desfecho clínico utilizadas (Brasil, 2008).
Os QALYs são calculados estimando os anos de vida remanescentes para um paciente após
um determinado tratamento ou intervenção e ponderando cada ano com um escore de qualida-
de de vida que varia de 0 a 1, onde 1 significa um ano de vida em perfeita saúde (Weinstein et
al., 2009; Whitehead e Ali, 2010). Os valores são obtidos por meio de questionários específicos
e trata-se de uma medida importante nas situações em que existe um aumento da sobrevida em
condições de saúde que não são perfeitas ou quando terapias não alteram sobrevida, mas somente
qualidade de vida (Brasil, 2008).
O DALY, por sua vez, trata-se de uma medida do impacto de uma doença ou lesão em termos
de anos saudáveis perdidos. O DALY para uma doença ou condição de saúde é calculado como a
soma dos anos de vida perdidos devido à mortalidade prematura na população e os anos perdidos
4. Modelos de decisão
Um modelo é uma maneira de representar a complexidade do mundo real em uma forma sim-
ples e abrangente (Buxton et al., 1997). A maioria das avaliações econômicas de tecnologias em
saúde utiliza modelos de decisão para avaliar os custos e benefícios das estratégias comparadas,
pois estudos primários não costumam englobar todo o cenário de uma questão de pesquisa de
análise econômica (Brasil, 2014a). Os modelos são alimentados com as informações disponíveis e
combinam dados de múltiplas fontes primárias e/ou secundárias (Soarez et al., 2014). Portanto, o
uso da epidemiologia clínica é condição sine qua non para a acurácia da análise econômica (Vian-
na e Mesquita, 2003).
A escolha apropriada do modelo a ser utilizado depende do objetivo do estudo. Ele deve incor-
porar todas as condições importantes e com impacto potencial nas intervenções consideradas e
ser flexível para se adaptar aos elementos característicos de cada esfera de atuação na área da saú-
de. Sua estrutura modelo deve especificar as condições de tratamento, associadas com os eventos
clínicos e suas relações causais, e capturar o impacto relevante das estratégias de intervenção em
saúde analisadas (Brasil, 2009).
Existem diferentes tipos de modelos que podem ser usados, como árvore de decisão, modelo
de Markov, microssimulação, simulação de eventos discretos e modelos dinâmicos, resumidos no
quadro 3 (Soarez et al., 2014). Para escolher sobre o tipo de modelo e seu desenho, é necessário
buscar o equilíbrio entre representação adequada dos eventos da realidade e complexidade do
modelo; um modelo jamais se igualará aos acontecimentos reais, pois seu tamanho e sua com-
plexidade seriam infinitos. Todavia, opções simplistas demais devem ser evitadas (Brasil, 2014a).
Estático
Interação Estático Estático Dinâmico Dinâmico
Dinâmico
Funções de
Linear Não linear Não linear Não linear Não linear
parâmetros
ANO EVENTO
No mês de junho foi realizado um Workshop foi realizado em São Paulo e reuniu o IPEA/
PNUD, a APES e a USP/FSP (Núcleo de Estudos de Políticas e Serviços de Saúde - NEPSS).
1992
Nesta oportunidade, foram dados os primeiros passos para a edição de um livro sobre Econo-
mia da Saúde, publicado em 1995.
Publicação pelo IPEA do livro “Economia da Saúde - Conceito e Contribuição para a Gestão
da Saúde”, que contou com a colaboração de autores brasileiros e portugueses. Provavelmen-
1995
te foi o primeiro livro produzido sobre o tema no Brasil. Foram feitas mais duas impressões,
em 1998 e 2002. Atualmente a versão em meio eletrônico está disponível no site do IPEA.
Foi constituída a Comissão para Incorporação de Tecnologias (Citec), responsável por geren-
ciar o processo de incorporação de tecnologias, elaborando rotinas, fluxos e recomendações
2006
para tomada de decisões, e estimulando a formulação de protocolos clínicos. A Comissão
funciona sob a coordenação da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS).
Em dezembro de 2011, foi publicada a Portaria nº 2.915 que instituiu a Rede Brasileira de
Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS) com o estabelecimento do Comitê Executivo
2011 e cinco grupos de trabalho (GT de Priorização e Fomento de Estudos, GT de Desenvolvimen-
to e Padronização Metodológica, GT de Capacitação Profissional, GT de Monitoramento do
Horizonte Metodológico e o GT de Disseminação dos Estudos e Comunicação).
Foi realizado em Brasília, no dia 13 de dezembro de 2013, o Seminário “10 Anos da Economia
2013
da Saúde no Ministério da Saúde: Avanços e Desafios”.
IPEA lança nota técnica sobre a percepção dos gerentes de núcleos de economia da saúde
sobre uso de estudos econômicos no SUS.
Trata-se da publicação:
2017 Vieira FS, Sá EB, Luiz VR, Pereira BLS. Núcleos de economia da saúde: percepção de seus
gerentes sobre o uso de estudos econômicos no Sistema Único de Saúde [Nota técnica, nº
36]. Brasília: IPEA; 2017 [acesso 2017 jul 21]. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/
images/stories/PDFs/nota_tecnica/20170321_nt36_disoc_nucleos_economia_saude.pdf
Fonte: Elaborado pelos próprios autores a partir de Amorim et al., 2010; Brasil, 2010; ABrES, 2017;
Campino, 2017; REBRATS, 2017.
Muito tem sido feito no Brasil no sentido de promover a divulgação da necessidade de uma to-
mada de decisão racional por parte dos gestores do Sistema público de saúde. O presente Capítulo
teve como objetivo disseminar esse conhecimento e estimular você, leitor e gestor, a se engajar
nessa conquista.
6. Considerações finais
No decorrer deste Capítulo apresentamos ao leitor como fazer escolhas racionais em um Siste-
ma de Saúde. Queremos evidenciar que esse processo não é simples, requer dedicação e preparo
por uma equipe multidisciplinar. Além disso, outros fatores atuam diretamente sobre a tomada de
decisões como, por exemplo, a judicialização, a pressão de indústrias farmacêuticas que enxergam
no SUS um grande comprador de seus produtos e também a pressão dos pacientes e familiares que
tem sua racionalidade limitada quando enfrentam uma situação de doença grave.
Dessa forma, avançar nos estudos em Economia da Saúde, criar grupos de suporte e pesquisa,
divulgar os caminhos tomados, sucessos e insucessos, configuram situações necessárias para o
melhor andamento de todo o Sistema.
7. Referências
Amorim FF, Ferreira Júnior PN, Faria ER, Almeida KJQ. Avaliação de tecnologias em saúde: con-
texto histórico e perspectivas. Comun Cien Saude. 2010; 21(4): 343-8.
Associação Brasileira de Economia da Saúde - ABrES. Rio de Janeiro: ABrES [acesso 2017 jul 21].
Disponível em: http://abresbrasil.org.br/
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Área de Economia da Saúde e Desenvolvimento.
Avaliação econômica em saúde: desafios para gestão no Sistema Único de Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde; 2008 [acesso 2017 jul 21]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/avaliacao_economica_desafios_gestao_sus.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departa-
mento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas: estudos de avaliação econômica
de tecnologias em saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2009 [acesso 2017 jul 21]. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/avaliacao_economica_tecnologias_sau-
de_2009.pdf
Leonardo Carnut
Doutor em Saúde Pública (Política, Gestão e Saúde) pela Faculdade de Saúde Pública da Uni-
versidade de São Paulo (FSP-USP). Professor Adjunto da Universidade de Pernambuco (UPE).
Conteúdo programático
1. Atuação do gestor na formação do profissional de saúde
2. Ações Ministeriais
3. Educação Profissional em Saúde
4. Experiência de integração ensino, serviço e comunidade
5. Visão Crítica – Experiência do curso de Graduação em Odontologia
6. Considerações finais
Leitura obrigatória
Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 3.019, de 26 de
novembro de 2007a. Dispõe sobre o Programa Nacional de Reorientação da Formação Pro-
fissional em Saúde - PRÓ-SAÚDE - para os cursos de graduação da área da saúde. Diário
Oficial da União. 2007 nov 27; Seção 1, p.44.
Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 421, de 3 de mar-
ço de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde) e dá
outras providências. Diário Oficial da União. 2010 mar 5; Seção 1, p.52.
Bulgareli JV, Guerra LM, Ferreira DGA, Simpriano DCB, Sousa FR, Corrêa K. Educação em saúde:
aspectos relacionados à gestão pública. In: Pereira AC, Guerra LM, Cavalcante DFB, Me-
neghim MC, organizadores. Gestão pública em saúde: fundamentos e práticas. Águas de São
Pedro: Livronovo; 2016. p.311-28.
Leitura complementar
Vasconcelos ACF, Stedefeldt E, Frutuoso MFP. Uma experiência de integração ensino-serviço e a
mudança de práticas profissionais: com a palavra, os profissionais de saúde. Interface (Botu-
catu). 2016; 20(56): 147-58.
Vendruscolo C, Prado ML, Kleba ME. Integração ensino-serviço no âmbito do Programa Nacional
de Reorientação da Formação Profissional em Saúde. Cien Saude Colet. 2016; 21(9): 2949-60.
Atividade recomendada
Relate a experiência de seu município com a integração ensino, serviço e comunidade. Há
rede colaborativa entre gestores do serviço e as instituições de ensino? Quais os maiores desafios
enfrentados na efetivação desta parceria?
Caso seu município não possua experiência de integração, elabore uma proposta de projeto em
conformidade com a portaria do Programa PET- Saúde GraduaSUS.
542 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
“É preciso diferenciar o saber científico do saber popular e promover um diálogo entre eles”.
(Paulo Freire, 1975)
Caro gestor, neste capítulo, você verá de maneira clara e objetiva como as atividades desenvol-
vidas nos serviços de saúde podem proporcionar interação entre graduandos e pós-graduandos
com a comunidade, fundamentada nas parcerias didático-pedagógicas capazes de contribuir para
a formação de profissionais empenhados na construção do SUS.
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 543
Muitas vezes o perfil formativo dos profissionais de saúde do SUS, apresenta dificuldades para
responder às demandas e necessidades sociais, já que, por vezes se distancia do cenário real no
qual os serviços de saúde estão inseridos. Então gestor, o que poderia ser feito para preparar e qua-
lificar os futuros profissionais que desejam trabalhar no SUS? É o que veremos a seguir, elencando
algumas propostas e estratégias que auxiliam no processo de formação profissional.
Para iniciarmos a conversa, primeiramente, vamos compreender o que significa “formação”.
O conceito de formação ultrapassa a mera aquisição de conceitos e de conhecimentos técnicos
específicos; pois envolve a elaboração de sentidos para suas práticas e suas relações; e implica,
portanto, a história e as experiências dos sujeitos em formação.
O caráter formativo é configurado no cotidiano institucional quando os valores que o determi-
nam são anunciados e há possibilidade de diálogo sobre eles. Portanto, a aprendizagem ocorrerá
em um processo interativo, dialógico, que facilita a reflexão sobre as ações do dia a dia dos su-
jeitos. Constrói-se com isso participação, atualização de práticas e aquisição de novos saberes e
referências, principalmente éticos e culturais (Guizardi e Pinheiro, 2012).
Ao longo do tempo, mais precisamente a partir da década de 1970, ocorreram no Brasil, trans-
formações institucionais e políticas nos campos da saúde e da educação. Pode-se citar na saúde o
Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, a VIII Conferência Nacional de Saúde e a Constitui-
ção Federal Brasileira de 1998 que determina dentre outras atribuições, “ordenar a formação de
recursos humanos na área da saúde”, complementada pela Lei nº 8.080 (Lei Orgânica da Saúde) e
estabelece a participação dos serviços públicos do SUS como campo de prática para o ensino e a
pesquisa (Brasil, 1988, 1990).
Na educação, foi lançado no Brasil, o Programa de Integração Docente Assistencial (IDA)
em 1981 pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) com a lógica de aproximar o ensino dos
serviços de saúde. Mais tarde houve a introdução da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) e, especificamente, no âmbito das Instituições de Ensino Superior, as Diretrizes
Curriculares dos Cursos de Graduação em Saúde definidas no ano de 2001. A conjuntura desses
544 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
Como pensar numa reorganização das práticas de saúde sem interferir no mun-
do da formação de profissional e de trabalho?
2. Ações Ministeriais
O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde)
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 545
EIXOS VETORES
Pró-saúde II (2007)
Pró-saúde I (2005)
546 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 547
Você sabia!!
O repasse financeiro para implementação do Pró-Saúde acontecia por meio dos
Fundos Estaduais e Municipais de Saúde. Este investimento era para aquisição de
bens patrimoniais, material de expediente e reformas contribuindo para que as
equipes de saúde, estudantes e docentes pudessem desempenhar de forma mais
satisfatória e com qualidade suas práticas no serviço (Brasil, 2008).
548 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
Caro gestor você já ouviu falar em PET- Saúde? Pode ser que não, e nesse caso acredito que
algumas dúvidas podem surgir, tais como:
Como faço para participar? Quem faz o projeto? Quais benefícios para o meu município?
O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde é uma das estratégias do
Pró Saúde, que tem como prioridade a integração ensino, serviço e comunidade. Suas ações são
regulamentadas pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010, e tem como parce-
ria a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde – SGTES, Secretaria de Atenção
à Saúde – SAS e Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS, do Ministério da Saúde, a Secretaria de
Educação Superior – SESu, do Ministério da Educação, e a Secretaria Nacional de Políticas sobre
Drogas (SENAD/GSI/PR) (Brasil, 2015a).
A principal atuação do Programa é promover, por meio da inserção de docentes e estudantes
de graduação nos serviços de saúde, a formação de grupos de aprendizagem para desenvolver
ações intersetoriais, direcionadas para o fortalecimento de áreas estratégicas do SUS, além do
mais desenvolver projetos nas áreas da Estratégia Saúde da Família, Vigilância em Saúde e Saúde
Mental (Brasil, 2011).
São disponibilizadas bolsas para tutores (professores das instituições de ensino), preceptores
(profissionais dos serviços que realizam orientações para os estudantes do Programa) e estudantes
de graduação da área da saúde tendo como referência os valores pagos pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os repasses financeiros são realizados pelo
Fundo Nacional de Saúde, por depósitos efetuados diretamente nas contas dos beneficiários (Bra-
sil, 2011).
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 549
550 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
Fonte: https://cursos.atencaobasica.org.br/comunidades/pet-saude-graduasus-edital-no-13-2016-2017
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 551
552 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
Como exemplo de vivência tem-se a realizada em janeiro de 2016 em Teresina - PI, onde a Uni-
versidade Estadual do Piauí sediou o projeto com estudantes da graduação oriundos de diversos
estados do Brasil (Figuras 6, 7, 8 e 9).
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 553
Fonte: Imagens cedidas pela organização do VER-SUS verão Teresina (PI), 2016.
554 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 555
(Brasil, 2015b)
556 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 557
558 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 559
“A formação do Cirurgião Dentista deverá contemplar o sistema de saúde vigente no país, a aten-
ção integral da saúde num sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contrarreferência
e o trabalho em equipe” (Brasil, 2002, p. 3).
560 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 561
562 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 563
Da implementação dos eixos e suas devidas articulações com a realidade comunitária e dos
serviços de saúde, várias experiência de ‘viver a realidade’ foram se constituindo como o ‘fio con-
dutor’ de uma práxis que orientava o ensino e a pesquisa no âmbito da graduação. Assim, nesse
sentido foi uma tentativa de inverter a própria lógica de produção do conhecimento acadêmico no
qual a atividade de integração, reconhecida como extensão, guiava os demais pilares acadêmicos.
Portanto, é possível afirmar que se tratou de uma proposta bastante ‘avant-garde’ em comparação
com a práticas curriculares da odontologia brasileira, antes mesmo do atual processo de ‘curricu-
larização da extensão’
564 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
6. Considerações finais
A intenção deste capítulo foi estimular o “pensar dos gestores” na formação dos profissionais
de saúde. Para tanto ampliamos a discussão sobre articulação ensino, serviço e comunidade, con-
siderando-a um encontro privilegiado para construção de um novo modo de organizar a prática
da atenção à saúde e formar um novo perfil de trabalho e de processo educativo para o avanço e
qualificação dos trabalhadores do SUS.
7. Referências
Albuquerque VS, Suzelaine T, Silva CMSLMD, Moço ETSM, Felippe KC, Miranda JFA. (2007). In-
tegração curricular na formação superior em saúde: refletindo sobre o processo de mudança
nos cursos do Unifeso. Rev Bras Educ Med. 2007; 31(3): 296-303.
Barreto ICHC, Andrade LOM, Moreira AEMM, Machado MMT, Silva MRF, Oliveira LC, et al. Ges-
tão Participativa no SUS e a integração ensino, serviço e comunidade: a experiência da Liga
de Saúde da Família, Fortaleza, CE. Saude Soc. 2012; 21(Supl 1): 80-93.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado; 1988.
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 565
566 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber? 567
568 O SUS e a integração ensino, serviço e comunidade, o que o gestor precisa saber?
Gigli Testoni
Cirurgiã-dentista. Especialista em Odontologia em Saúde Coletiva pela ABO/RS. Especialista
em Informação e Educação Popular em Saúde pela ESP/RS
Mestranda no Mestrado Profissional em Saúde Coletiva Faculdade de Odontologia de Piraci-
caba - FOP/UNICAMP.
Koitshi Kondo
Graduação em Nutrição – UNIMEP - Piracicaba- SP, Especialização Profissional em Acupuntura
- Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo, Especialização em Nutrição Clínica - UNESP- Bo-
tucatu – SP. Especialização em Acupuntura-Básico e Avançado - Centro de Estudos de Acupuntura
e Terapias Alternativas - CEATA - São Paulo-SP. Mestrando em Saúde Coletiva – FOP – UNICAMP.
Leonardo Carnut
Doutor em Saúde Pública (Política, Gestão e Saúde) pela Faculdade de Saúde Pública da Uni-
versidade de São Paulo (FSP-USP). Professor Adjunto da Universidade de Pernambuco (UPE).
N0 CAPÍTULO AUTORES
3 Quero conhecer o território. Onde estou e o que Brunna Verna Castro Gondinho
tenho? Mawusi Ramos da Silva
Luciene Luvizotto David
Rafael Gomes França
Jaqueline Vilela Bulgareli
Capítulos 577
9 Quanto eu tenho e como posso gastar? Do Di- Cristiane dos Santos Paulino
reito Tributário ao Financiamento do SUS. Sheila Carmanhanes Moreira
Élica Cancian Feltran
Marco Antônio Rodrigues da Silva
Antonio Carlos Pereira
10 Com quem eu posso contar? A importância das Maria Angela A. de Morais Rossetto
instâncias deliberativas. Inara Pereira da Cunha
Rosemeire Gomes de Abreu
Antonio Carlos Pereira
12 Vigilância em Saúde. Fique de olho no seu mu- Manoelito Ferreira Silva Junior
nicípio! Vigiar ou proteger? Emílio Prado da Fonseca
Suelen Garcia Oliveira da Fonseca
Sthefanie Perez Puello
Rafael Gomes França
578 Capítulos
Capítulos 579
AB - Atenção Básica
ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome)
ANFIP - Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal
AP - Atenção Primária
APS - Atenção Primária à Saúde
CAISM - Centro de Assistência Integral a Saúde da Mulher
CAPS - Centros de Apoio Psicossociais
CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas
CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho
CEAMO - Centro de Apoio à Mulher Operosa
CEMICAMP/UNICAMP - Centro de Pesquisas Materno-Infantis de Campinas
CENDES - Centro de Desenvolvimento
CEO - Centro de Especialidades Odontológicas
CF - Constituição Federal
CIB - Comissão Intergestores Bipartite (Estadual)
CIR - Comissão Intergestores Regional (Regiões de Saúde)
CIT - Comissão Intergestores Tripartite
CLS - Conselho Local de Saúde
CMS - Conselho Municipal de Saúde
CNRAC - Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade
CNS - Conselho Nacional de Saúde
CO - Citologia oncótica / Exame de Papanicolau
COAP - Contrato Organizativo de Ação Pública
COFIN - Comissão de Orçamento e Financiamento
COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde
CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DCNI - Doenças de notificação compulsória imediata
DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito
Colaboradores 585