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IDK EDUCACIONAL

Aluna: Renata Érica de Figueredo Ataíde. Curso: Turma 16 - Formação Pedagógica + Pós Graduação
Disciplina: Políticas Públicas de Educação Professor: Marconi Lopes

Resumo

A educação é o arrimo de um estado democrático que busca fazer valer os direitos e deveres ao qual
um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive. Com isso, a cidadania só é legitimada quando
existe a prática dela e está por sua vez, só pode ser alcançada quando há uma preparação social que se inicia
na escola. De acordo com Duarte (2007) o direito à educação está previsto no artigo 6º da Constituição
Federal de 1988 como um direito fundamental e de natureza social. O Estado brasileiro tem o papel de garantir
o direito à educação de qualidade e de organizar todo o sistema escolar. Para concretizar seu papel de assegurar
o direito à educação aos brasileiros, o Estado criou espaços para acompanhar as ações desenvolvidas visando
verificar se estas ações têm sido suficientes para alcançar as metas pactuadas. Os Conselhos Federais,
Estaduais e Municipais foram criados com o intuito de garantir, na sua especificidade, um direito
constitucional da cidadania. O Plano de Educação por exemplo, torna-se um plano vivo, que deve nortear as
ações dos gestores da educação. Ao mesmo tempo que é alimentado pelas propostas dos cidadãos, de acordo
com os seus anseios.
Nesse contexto, podemos destacar o Projeto Político Pedagógico, que é entendido como um processo
de mudança e de antecipação do futuro, que estabelece princípios, diretrizes e propostas de ação para melhor
organizar, sistematizar e significar as atividades desenvolvidas pela gestão escolar. Sua dimensão político
pedagógica pressupõe uma construção participativa que envolve ativamente os educadores e a comunidade.
Segundo alguns autores, ao desenvolver o Plano Político Pedagógico, as pessoas ressignificam suas
experiências, refletem suas práticas, resgatam, reafirmam e atualizam valores, demonstram seus saberes, dão
sentido aos seus projetos individuais e coletivos, reafirmam suas identidades, estabelecem novas relações de
convivência e indicam um horizonte de novos caminhos, possibilidades e propostas de ação. Este movimento
visa à transformação necessária e desejada pelo coletivo escolar e comunitário. Contudo, percebe-se que o
Plano Nacional de Educação é a proposta base para as demais propostas de educação. E neste sentido o Plano
de Desenvolvimento da Educação e o Plano de Ações e Articulações toma como base o PNE. E assim, de
forma hierárquica os estados e municípios também articulam suas propostas públicas, as quais são base para
as propostas de cada escola. Esse alinhamento leva em conta tanto as propostas de ação quanto os gestores da
educação. Cada escola e seu respectivo gestor implementa, suas ações em parceria com as secretarias de
educação estadual ou municipal, e estas por sua vez, alinhadas às propostas federais que planejam as suas
propostas públicas. É fato, segundo os autores pesquisados, que ainda são incipientes os estudos que utilizam
metodologias de pesquisa de políticas educacionais que integrem enfoques diversos, permitindo captar o que
ocorre efetivamente nas redes de ensino, no espaço escolar e nas interações dos profissionais que neles atuam,
bem como a maneira como essas práticas afetam a implementação dos programas de governo.
No Brasil por exemplo, as políticas públicas nacionais, em suas formulações contemporâneas, têm
como base a matriz epistemológica cientificista, isto é, o pressuposto técnico e universal como fundamento
teórico por excelência. Nesse sentido, os meios utilizados nem sempre justificam os fins, pois o que realmente
importa é o procedimento eficaz e não necessariamente a eficácia ou a necessidade da ação proposta na
situação social específica em questão. Tal análise, segundo Boneti (2007), somente pode ser compreendida
em sua vinculação com um modelo de Estado em uma confluência de forças e interesses, tendo em sua base
a matriz econômica capitalista que pressupões a desigualdade e a exclusão social, em correlação ao âmbito
internacional, no qual são configurados interesses políticos e econômicos. Além disso, as políticas públicas
“também podem ter a finalidade de apenas manter o grupo dominante no poder, fortalecendo os regionais
como estratégias de fortalecimento do grupo nacional” (Boneti, 2007, p.54). Relacionar políticas públicas,
políticas educacionais e educação, no contexto brasileiro, pressupõe o conhecimento a respeito do que são
políticas públicas em seus objetivos, agentes definidores e execução. Além disso, a necessária vinculação
entre os interesses das classes que compõem a ossatura estatal e social no país em meio ao jogo de interesses.
O livro Políticas Públicas na Educação Brasileira, apresenta os resultados de análises a partir de
estudos de diferentes pesquisadores brasileiros que tem como foco as políticas educacionais. Tais estudos
apresentam demandas que não podem ficar restritas ao âmbito de seu próprio local de origem. São achados
que contribuem com a leitura da conjuntura atual da educação. Em seu contexto, logo no primeiro capítulo, a
autora Polon (2017), traz uma organização de todo o livro, abordando suas inquietações e argumentos quanto
as Políticas Públicas na Educação, a mesma relata que as produções científicas sobre políticas educacionais
são vastas na academia. Contudo, isso não significa que foram exploradas todas as suas nuances. Pelo
contrário à medida que a sociedade evolui e expõe suas mazelas, mais requer análises sobre as políticas
implementadas na atualidade. Os desafios são diversos e estão atrelados ao tripé: proposição, implementação
e avaliação. Nesta intersecção encontramos desafios na proposição inicial das políticas pelo fato de que são
elaboradas muitas vezes fora da realidade das escolas, na implementação pode ser localizado a prática que
muitas vezes não condiz com o proposto inicialmente sem contar as condições humanas, estruturais e
organizacionais e da própria avaliação quando ocorrem perpetuam ou excluem projetos e programas pelo fato
de estar articulado com grupos do poder político. No entanto, podemos observar que o debate sobre as políticas
educacionais e gestão escolar se faz importante, necessitamos acompanhar o que é proposto na área
educacional para não cairmos no engodo de acreditar que não existem saídas para as atuais crises na educação.
Caminhos foram e serão apresentados com seus limites e possibilidades na sociedade capitalista que requer o
domínio das tecnologias e pressiona saídas atrativas para o campo da educação. Contudo, Suchodolski (1976,
p.96), lembra que “a educação organizada transforma-se numa força que auxilia realmente os homens a
desenvolverem-se completamente e a criar um conteúdo completo do ensino a partir do domínio das forças
produtivas”. Portanto, como indica Mészáros (1981), não se pode separar a gravidade e a intensidade da crise
ideológica educacional da forma capitalista atual, pois está se constitui como um grande desafio histórico.
Isto é a especificidade da crise ideológica atual é uma das expressões da crise estrutural das instituições
capitalistas.
O Capítulo seguinte intitulado “Agentes de implementação: uma maneira de analisar políticas públicas
na educação brasileira, a pesquisadora traz referência sobre o campo vasto e rico de estudos que discutem as
políticas públicas de diversas perspectivas e abordagens. Contudo, identifica que há lacuna na literatura
brasileira sobre o papel e a importância dos agentes de implementação. O que a levou a algumas indagações
como, por exemplo: “Quem são esses atores”? “O que fazem”? “Como atuam”? “Com quem se relacionam e
de que forma influenciam a gestão de políticas públicas”? Para elucidar os questionamentos Reis, busca na
literatura mapear os modelos de formulação e análise de políticas públicas. Destaca que no Brasil existe uma
diversidade de abordagem teórica que visa compreender as políticas públicas. De acordo com a autora um
modelo clássico é agenda, formulação, implementação e avaliação. Contudo, na prática essas etapas de
política não se apresentam tão claras e definidas. Reis salienta a necessidade de mais pesquisas que analisem
a função dos agentes de implementação da política educacional, não perdendo de vista o contexto histórico,
político, social, econômico e cultural, assim como, vislumbrar novas perspectivas que alcancem a todos os
sujeitos do processo (alunos, professores, gestores e as comunidades locais).
No Capítulo VIII, os autores Souza e Sales, apresentam o texto intitulado “O programa mais educação:
uma análise do ciclo da política. Neste artigo eles discutem, brevemente, a trajetória da educação integral e a
gênese do Programa Mais Educação por meio da legislação, documentos históricos e teóricos que estudam a
temática. De acordo, com os autores a educação em tempo integral remonta a década de 1930, ou seja, no
Manifesto dos Pioneiros da Educação já se impunha a bandeira de uma escola única, laica, obrigatória,
gratuita, de cunho público e perspectiva neoliberal. Tendo como referência a década de trinta do século
passado, os pesquisadores realizaram, a partir desse período, uma reflexão histórica do delineamento da
educação integral no país culminando em 1991 na criação dos Centros de Atenção Integral à Criança e ao
Adolescente – CIACs e, mesmo após a mudança de presidente houve continuidade ao projeto, o qual sofreu
alguns ajustes, dentre eles a nomenclatura passando a ser denominado de Centro de Atenção Integral à Criança
e ao Adolescente – CAIC. Em 2007 a discussão em torno de uma educação em tempo integral se intensifica
e o Programa Mais Educação (PME) é instituído pelo governo federal como política pública. Para ser
implementado o PME os municípios deveriam atender alguns critérios, dentre eles, ter assumido o
Compromisso Todos pela Educação. Os pesquisadores consideram que apesar de a educação integral estar em
ribalta há quase um século e dos esforços de sua implementação, ainda, há muito que se realizar efetivamente,
pois o atual Programa não abarca a todos e a democratização, universalização educacional, igualdade de
oportunidades de aprendizagens, direitos esses fundamentais à cidadania plena, são vislumbradas em termos
de utopia.
Plano de Ações Articuladas: configurações da gestão educacional na rede de ensino municipal é o
título do seguinte capítulo, desenvolvido pelos pesquisadores Pereira e Mendes. As autoras iniciam o
manuscrito contextualizando historicamente o conceito de administração até culminar no termo gestão, termo
este em destaque na contemporaneidade. Ao fazerem essa imersão histórica as pesquisadoras constataram que
o conceito administração tem uma forte associação ao desenvolvimento do modo de produção capitalista, com
ênfase no modelo empresarial de taylorista-fordista. A partir da década de 1990 uma nova reconfiguração
política se estrutura, o que exige novas posturas dos cidadãos, dentre elas a ampliação do nível de participação,
ou seja, emitir opinião sobre a qualidade dos serviços prestados pelo Estado. A ampliação do nível de
participação do sujeito não se efetiva em termos isolados e sim em grupo o que favorece a construção de
conselhos. Sugere-se assim, a gestão democrática com a incumbência de romper com a concepção tecnicista
e neutra propiciando maior espaço político e participativo nas decisões escolares. Tal conceito é fortemente
observado nas políticas educacionais, em especial, no Plano de Metas “Compromisso Todos pela Educação”
o qual no campo escolar se materializa por meio do Plano de Ações Articuladas. Desta forma, as proponentes
do estudo analisam o Plano à luz da concepção de gestão democrática e sua efetivação nos municípios.
Concluem que, por um lado, o Plano favorece o nível de participação dos sujeitos, sobretudo, nos conselhos
(escolares, municipais, dentre outros), por outro, a descentralização se não for bem articulada contribui para
a ingerência da União naquele que lhe compete, o que se traduz em uma pseudo-autonomia da base,
participantes.
O capítulo XIX, cujo título é Educação e Identidade étnico-racial, o autor Fernandes, mostra um
contexto histórico e atual das as relações entre educação e construção da identidade negra, precisam ser
pensadas no contexto sócio histórico dos discentes de etnia negra, a partir de novos paradigmas curriculares
que contemplem a formação multicultural dos sujeitos recém inseridos no processo educacional formal. Nesse
sentido, a identidade nacional que fora construída a partir de várias matrizes culturais, incluindo a africana,
fica consolidada pela multiplicidade de valores agregados à cultura escolar. Portanto, as questões envolvendo
a memória e identidade nacional nas dimensões pessoais e coletivas, podem ser melhor compreendidas na
medida da valorização da cultura negra herdada dos escravizados africanos e preservadas principalmente pela
memória coletiva da população negra no Brasil. Por tanto, o proponente do estudo discutiu a função da
educação formal frente às questões étnico-raciais e seus desdobramentos na sala de aula no que se refere a
situações de preconceitos e comportamentos de discriminatórios. Os assuntos abordados e analisados são: a)
as relações entre a educação e construção da identidade negra e a repercussão do currículo na formação da
criança de etnia negra; b) identidade nacional versus identidade negra, a influência das políticas educacionais
da primeira República pelas teorias raciais darwinianas; c) relação entre memória e identidade nacional nos
aspectos individual e coletivo. Fernandes destaca que a educação escolar acolhe os diferentes grupos étnicos,
no entanto, a identidade das pessoas negras como grupo social nesse espaço é tímido. Ademais, soma-se a
essa situação o currículo escolar e a insuficiência de pesquisas científicas nesta área. O texto é concluído
ressaltando a necessidade da valorização da cultura negra advinda dos escravos africanos, a qual foi mantida
pela memória coletiva de seus pares.
O Capítulo XXI, “As demandas pedagógicas da educação básica nas redes públicas de ensino: um
estudo à luz das pautas sindicais, das autoras Aline Chalus Vernick Carissimi e Ana Denise Ribas de Oliveira,
respectivamente, essa temática aponta as principais reivindicações pedagógicas nas redes de ensino, a partir
de análise documental. As análises permitem responder como as reivindicações influenciam nas políticas nas
condições de trabalho dos docentes e na qualidade da educação. A categorização apresentada a partir das
demandas sinalizam as necessidades dos professores representadas pelos Sindicatos compreendendo as pautas
do período de 2005-2014. As autoras pontuam que as demandas contidas nas pautas não são lineares, elas
respondem a questões específicas de uma determinada conjuntura. Explicam que “os fluxos dessas demandas
não seguem uma perspectiva ano a ano ou em determinados conjuntos de períodos”, destacam que as
demandas apresentam a movimentação das pautas segundo a trajetória histórica do período abarcando, desse
modo, as diversas necessidades e conteúdos demandados pelos professores para efetivarem uma educação de
qualidade.
Na busca por entender as políticas públicas como política de Estado, onde há alinhamentos das ações
federais, estaduais e municipais, percebe-se que fazer gestão da educação sem planejamento acarreta a
descontinuidade dos projetos e programas educacionais. Fica evidente nesta análise que as metas para a
educação em consonância com a Declaração Mundial de Educação para Todos e demais declarações mundiais
que têm objetivos de erradicação do analfabetismo e promoção da igualdade social, porém o orçamento
público para a educação não garante que as propostas sejam colocadas em prática. Percebe, no entanto um
descompasso entre propostas de trabalho e ação por falta de investimento adequado e em proporção que se
garanta uma educação de qualidade.
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