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Caminhos para a transformação social

Amanda Ferreira Garcia

Alejandra Iturrieta Leal-Orientadora

O presente projeto de pesquisa tem como objetivo estudar a importância do


processo educacional brasileiro, com base na educação escolar, observando o
passado, presente e possíveis futuros para a transformação social, bem como
a apresentação de conceitos importantes no decorrer desta pesquisa. Definir
educação escolar e transformação social é de extrema importância. Assim
apresentaremos um breve histórico, para entender os caminhos trilhados e
pensarmos a partir de uma pedagogia libertadora opções de construir uma
sociedade mais justa e igual a partir das transformações encadeadas por uma
educação mais reflexiva.

Palavras-chave: Educação, escola, social, pedagogia

A história da educação no mundo pode ser dívida por suas épocas. Porém
a trajetória histórica salienta que a Educação não atendeu sempre aos mesmos
tipos de objetivos e toda a sua análise requer, antes de tudo, um intenso
esforço de reflexão e contextualização. Através deste caminho pode-se melhor
compreender métodos e teorias educacionais, pois observamos traços
presentes nas práticas educativas atuais que remetem a herança deixada pelos
modelos de outras épocas. Sendo a educação escolar fruto do seu tempo e
disputas políticas e economias bem situadas, cada momento histórico se
depara com as suas demandas e seus atores. Este desafio de contextualizar o
tempo, espaço e atores estão presentes no nosso projeto de pesquisa, com o
objetivo de elucidar a história da educação brasileira, suas problemáticas do
passado e presente e assim determinar: como ela pode ser transformadora
para a sociedade do nosso país no futuro?

Marçal Ribeiro (1993) em seu artigo descreve muito bem a história da


educação brasileira. Faremos o recorte pós industrialização da economia
brasileira, mantendo o nosso foco nos últimos 90 anos. Começando na era
Vargas, onde em 1930 é criado o Ministério da Educação e Saúde, trazendo a
organização do sistema universitário, sendo logo em seguida a vez da reforma
do ensino secundário que lhe dá organicidade, estrutura o currículo e divide em
séries e ciclos (um fundamental e outro complementar), assim como a
frequência obrigatória e o ensino secundário como pré-requisito para o
ingresso no ensino superior, sendo essas as bases da nossa educação que
reverbera até os dias atuais. Temos que levar em conta o cenário político e
econômico, onde há instauração de uma ditadura (O Estado Novo de Vargas) e
a implantação de um projeto econômico baseado no nacional-
desenvolvimentista, afetando assim a educação escolar e o seu currículo, bem
como a ideologia nazifascista que tinha força dentro do governo brasileiro.

Após a queda de Vargas, se inicia o período conhecido como república


populista, com uma reformulação na educação. Nesse contexto, o ensino
profissional ganha espaço, principalmente com a fundação do SENAC e do
SENAI no ano de 1946. A economia continua na base desenvolvimentista,
porém agora com a entrada do capital estrangeiro, e há uma disputa ideológica
entre católicos e liberais. Damos então destaque para os fatos ocorridos na
década de 60, pois em 1961, é aprovada a Lei 4024 das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, as tendências da educação são beneficiadas pelo seu
conteúdo, que atende às reivindicações feitas tanto pelos católicos quanto
pelos liberais. Também nos anos 60 as reformas de base ganham força no
governo de João Goulart (Jango), sendo a educação parte dessas reformas
que ganham disputas ideológicas no âmbito da guerra fria. Com a queda de
seu governo e implantação do regime ditatorial se inicia outro capítulo da
educação brasileira.

A ditadura militar tenta resolver a crise educacional brasileira com uma


série de acordos feitos entre o Ministério da Educação e Cultura e a Agency for
International Development (AID), conhecidos como acordos quem implantam o
convênio MEC-USAID, onde se prioriza a educação tecnicista (Ensino
Médio,por exemplo, passa a ser profissionalizante. Tal acordo é revisto após
seu fracasso, no final dos anos 60. Para tal revisão, aprova-se uma lei sem
consulta aos docentes e a comunidade acadêmica, que reorganiza a estrutura
educacional.

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Com o fim do regime militar e com a redemocratização, bem como a
promulgação da chamada constituição cidadã de 1998, a educação se torna
um direito e se torna bandeira de movimentos sociais. A educação ganha força
e fama de ser a base para a transformação social no Brasil. Porém como bem
lembra Marçal Ribeiro, "A história mostra que a educação escolar no Brasil
nunca foi considerada como prioridade nacional: ela serviu apenas a uma
determinada camada social, em detrimento das outras camadas da sociedade
que permaneceram iletradas e sem acesso à escola”. Esse pensamento
corrobora com a visão de Cortela, onde segundo ele a crise na educação é um
projeto político. Está aí o foco de pesquisa deste projeto.

O presente projeto tem por objetivo o estudo das políticas educacionais


nas últimas décadas no Brasil como base para se pensar uma educação que
tenha força para uma transformação social.

Os objetivos específicos do presente trabalho são:

1) Levantar a bibliografia sobre história da educação no Brasil;


2) Pesquisar correntes pedagógicas progressistas e libertárias;
3) Propor hipóteses para uma educação libertadora e transformadora.

Nos utilizaremos da pesquisa bibliográfica em busca de exemplos na


história e uma base teórica de correntes pedagógicas que possam jogar luz a
problemática que nos propomos pesquisar: Educação e seu papel/relação na
transformação social.

Dadas as problemáticas a serem analisadas, vamos definir os conceitos


base de ambas, que sustentam o nosso projeto.

Sobre o conceito de educação, pode-se afirmar que não existe apenas


um modo para a prática da mesma, não se pode dizer que há uma forma
unificada em relação ao comportamento e aprendizagem de cada indivíduo,
tendo assim uma pluralidade de modos de se aprender. Percebemos a
educação na vivência diária, em casa, no trabalho, na igreja e na escola.
Percebem-se os mais diversificados lugares e momentos, envolvida por vários
aspectos. Como bem coloca Tardif (2014), na sua tentativa de construir uma
teoria ampla da educação, busca demonstrar que a vida de um ser humano

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consiste em um ciclo de aprendizagem, nos mais diversos lugares e
momentos, onde a educação constantemente se renova. O autor coloca a
importância da escola nesse processo, distingue o processo de educação do
processo de escolarização. A escolarização é a educação transmitida pela
escola, e é nesse ponto que o presente projeto irá se concentrar, na educação
escolar. O autor situa a escola como central no processo educacional, mas não
o único centro de produção de conhecimento e de educação.
A transformação social baseada na educação, ou melhor, na
escolarização, tem por base um movimento dialético nomeado e conceituado
por diversos autores, a qual usaremos para desenvolver este projeto de
pesquisa. A prática reflexiva (Tardif, 2002), as competências do professor
(Perrenoud, 2001) e a práxis da ação reflexão, como afirma Paulo Freire (1996,
pág. 39) “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática”. Assim, só haverá transformação social na
educação, a partir da ação e da reflexão crítica do docente, fazendo assim um
processo de reflexão sobre a sociedade a qual a escola está inserida para
pensar as mudanças as quais se necessita. Percebe-se que a criticidade e a
reflexão serão a base para uma escola praticar a transformação social. Uma
pedagogia libertadora que ensine a pensar e não apenas obedecer é a
ferramenta necessária para que possamos falar em transformação e libertação.
Além do ponto pedagógico, temos que perceber como a escola
reverbera em outros âmbitos da sociedade, pois como afirma Tardif, a escola é
o centro do processo de educação, pois forma o operário, o artista, o intelectual
e o técnico. Desse modo, a educação é fundamental para o crescimento social
e econômico, pois obtendo uma escolarização de qualidade teremos seres
humanos capacitados profissionalmente, e com base em pedagogias reflexivas
também se podem obter cidadãos conscientes de seus papéis perante uma
sociedade mais justa.

Assim, pode-se perceber como a educação pode auxiliar no crescimento


econômico e melhorar as condições sociais e intelectuais do país. A
produtividade aumenta, criando mais acesso aos bens de consumo para que
haja um desenvolvimento sustentável, mantendo um tripé: Educação Escolar,
Cidadania e Participação. Hoje a falta de educação escolar gera a má

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qualificação profissional, que está ligada a falta de produção tecnológica que
pode estagnar a produtividade. O outro ponto que uma escolarização deficitária
pode gerar é a falta de senso crítico e participação social, o que cria uma
cidadania de segunda classe (sub-cidadãos) que não participa da vida política,
criando, como dizia Bertolt Brecht, (1988, pág.42) “um exército de analfabetos
políticos”.
Essas consequências criadas pela falta de uma educação de qualidade
impedem a transformação e coloca o país em um ciclo que o deixa estagnado,
tanto politicamente, quanto economicamente. A transformação social depende
de um avanço na reflexividade e criatividade, pois assim se pensa o país e a
sociedade e geram-se profissionais de qualidade. Criar um trabalhador
qualificado e gerar mais força para que se produza mais, impulsionando o
crescimento econômico de toda uma nação.
A problemática envolvida no país é a falta de educação de qualidade
que começa desde o início da educação básica, resultando em pessoas que
não são reflexivas e possuem uma moral ética duvidosa. Isso faz com que
profissionalmente falando, tais indivíduos se tornem trabalhadores medianos, e
caso tendo a oportunidade de obter algum ganho ilícito, não usarão da
consciência moral e ética para as tomadas de decisões, criando conflitos e
problemas para o mercado em que atuam, provocando assim um atraso na
produção e uma crise social com altos níveis de desemprego, violência e
desigualdade social. A educação não é tábua de salvação de todos os
problemas do Brasil, mas devemos pensar nela como um começo para
modelar a matéria prima principal da sociedade: O material humano.

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FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e
Terra. 2009.

______. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987

_____. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

Paulo Rennes Marçal Ribeiro. História da educação escolar no Brasil: notas


para uma reflexão

PERRENOUD, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar. São Paulo:


Artmed 2000.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ:


Vozes, 2002.

VÁZQUEZ, A. Sánchez. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

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