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A história da educação no mundo pode ser dívida por suas épocas. Porém
a trajetória histórica salienta que a Educação não atendeu sempre aos mesmos
tipos de objetivos e toda a sua análise requer, antes de tudo, um intenso
esforço de reflexão e contextualização. Através deste caminho pode-se melhor
compreender métodos e teorias educacionais, pois observamos traços
presentes nas práticas educativas atuais que remetem a herança deixada pelos
modelos de outras épocas. Sendo a educação escolar fruto do seu tempo e
disputas políticas e economias bem situadas, cada momento histórico se
depara com as suas demandas e seus atores. Este desafio de contextualizar o
tempo, espaço e atores estão presentes no nosso projeto de pesquisa, com o
objetivo de elucidar a história da educação brasileira, suas problemáticas do
passado e presente e assim determinar: como ela pode ser transformadora
para a sociedade do nosso país no futuro?
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Com o fim do regime militar e com a redemocratização, bem como a
promulgação da chamada constituição cidadã de 1998, a educação se torna
um direito e se torna bandeira de movimentos sociais. A educação ganha força
e fama de ser a base para a transformação social no Brasil. Porém como bem
lembra Marçal Ribeiro, "A história mostra que a educação escolar no Brasil
nunca foi considerada como prioridade nacional: ela serviu apenas a uma
determinada camada social, em detrimento das outras camadas da sociedade
que permaneceram iletradas e sem acesso à escola”. Esse pensamento
corrobora com a visão de Cortela, onde segundo ele a crise na educação é um
projeto político. Está aí o foco de pesquisa deste projeto.
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consiste em um ciclo de aprendizagem, nos mais diversos lugares e
momentos, onde a educação constantemente se renova. O autor coloca a
importância da escola nesse processo, distingue o processo de educação do
processo de escolarização. A escolarização é a educação transmitida pela
escola, e é nesse ponto que o presente projeto irá se concentrar, na educação
escolar. O autor situa a escola como central no processo educacional, mas não
o único centro de produção de conhecimento e de educação.
A transformação social baseada na educação, ou melhor, na
escolarização, tem por base um movimento dialético nomeado e conceituado
por diversos autores, a qual usaremos para desenvolver este projeto de
pesquisa. A prática reflexiva (Tardif, 2002), as competências do professor
(Perrenoud, 2001) e a práxis da ação reflexão, como afirma Paulo Freire (1996,
pág. 39) “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática”. Assim, só haverá transformação social na
educação, a partir da ação e da reflexão crítica do docente, fazendo assim um
processo de reflexão sobre a sociedade a qual a escola está inserida para
pensar as mudanças as quais se necessita. Percebe-se que a criticidade e a
reflexão serão a base para uma escola praticar a transformação social. Uma
pedagogia libertadora que ensine a pensar e não apenas obedecer é a
ferramenta necessária para que possamos falar em transformação e libertação.
Além do ponto pedagógico, temos que perceber como a escola
reverbera em outros âmbitos da sociedade, pois como afirma Tardif, a escola é
o centro do processo de educação, pois forma o operário, o artista, o intelectual
e o técnico. Desse modo, a educação é fundamental para o crescimento social
e econômico, pois obtendo uma escolarização de qualidade teremos seres
humanos capacitados profissionalmente, e com base em pedagogias reflexivas
também se podem obter cidadãos conscientes de seus papéis perante uma
sociedade mais justa.
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qualificação profissional, que está ligada a falta de produção tecnológica que
pode estagnar a produtividade. O outro ponto que uma escolarização deficitária
pode gerar é a falta de senso crítico e participação social, o que cria uma
cidadania de segunda classe (sub-cidadãos) que não participa da vida política,
criando, como dizia Bertolt Brecht, (1988, pág.42) “um exército de analfabetos
políticos”.
Essas consequências criadas pela falta de uma educação de qualidade
impedem a transformação e coloca o país em um ciclo que o deixa estagnado,
tanto politicamente, quanto economicamente. A transformação social depende
de um avanço na reflexividade e criatividade, pois assim se pensa o país e a
sociedade e geram-se profissionais de qualidade. Criar um trabalhador
qualificado e gerar mais força para que se produza mais, impulsionando o
crescimento econômico de toda uma nação.
A problemática envolvida no país é a falta de educação de qualidade
que começa desde o início da educação básica, resultando em pessoas que
não são reflexivas e possuem uma moral ética duvidosa. Isso faz com que
profissionalmente falando, tais indivíduos se tornem trabalhadores medianos, e
caso tendo a oportunidade de obter algum ganho ilícito, não usarão da
consciência moral e ética para as tomadas de decisões, criando conflitos e
problemas para o mercado em que atuam, provocando assim um atraso na
produção e uma crise social com altos níveis de desemprego, violência e
desigualdade social. A educação não é tábua de salvação de todos os
problemas do Brasil, mas devemos pensar nela como um começo para
modelar a matéria prima principal da sociedade: O material humano.
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FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e
Terra. 2009.