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Por volta do século XVI, a chegada dos jesuítas com o objetivo de educar os
índios e transmitir valores cristãos, foi iniciada a formação de professores no Brasil.
Durante o período colonial, a formação docente era restrita e voltada principalmente
para a catequese e a transmissão de valores religiosos. Os mestres eram padres e não
havia uma estrutura formal de ensino.
Com a instituição dos primeiros cursos superiores no Brasil, no século XIX, a
formação de professores recebeu maior atenção e passou a ser vinculada às
universidades. Nesse período, surgiram os primeiros cursos de formação de
professores, voltados principalmente para a educação primária. A educação era
centralizada e autoritária, com forte influência positivista.
Saviani (2009) dividiu a história da formação de professores no Brasil em seis
períodos, sendo eles: 1. Período Colonial, 2. Reforma Paulista da Escola Normal tendo
como anexo a Escola Modelo, 3. Organização dos Institutos de Educação, 4.
Organização e implantação dos cursos de Pedagogia e de Licenciatura e consolidação
das escolas normais, 5. Substituição da escola normal pela habilitação específica de
Magistério e 6. Institutos Superiores de Educação, As escolas normais superiores e o
novo perfil do curso de Pedagogia.
Período Colonial (1827-1890) – Ensaios intermitentes de formação de
professores – abrange toda a época colonial, desde os tempos dos colégios jesuítas até
a criação dos cursos superiores em 1808, durante o reinado de D. João VI.
Surpreendentemente, durante esse tempo, não havia uma preocupação clara com a
formação de professores. Essa preocupação só surgiu em 15 de outubro de 1827,
quando foi promulgada a Lei das Escolas das Primeiras Letras que, em seu artigo 4º,
determinava que os professores deveriam ser treinados no método mútuo às suas
próprias custas, nas capitais das províncias. Isso mostra que, até então, o governo não
investia na formação de professores e a educação era um privilégio, destinada a uma
elite restrita. Para Saviani (2009), está colocada aí a exigência à questão pedagógica.
Com a promulgação do Ato Institucional de 1834, a responsabilidade pela
instrução primária e formação de professores foi transferida para as províncias , que
adotaram o modelo europeu, criando escolas normais em diferentes regiões tendo uma
existência intermitente.
Esse período da história da educação no Brasil foi marcado por uma falta de
investimento do governo na formação de professores, o que refletia a exclusividad e da
educação para uma elite privilegiada. Somente mais tarde, com a promulgação de leis e
a criação das escolas normais, é que houve uma preocupação mais efetiva com a
formação dos profissionais da educação.
Estabelecendo e expandindo o padrão das escolas normais (1890-1932)- o
segundo período proposto por Saviani (2009), teve como marco inicial a reforma
paulista da escola normal, tendo como anexo, a escola – modelo. A reforma da
instrução pública do Estado de São Paulo em 1890 mudou completamente a forma
como as escolas normais eram organizadas e funcionavam. Segundo Saviani (2009) os
reformadores acreditavam que, sem professores bem preparados, com conhecimento
dos métodos pedagógicos modernos e com uma base científica sólida, o ensino não
poderia ser eficaz e transformador. A partir dessa visão, a escola passou por uma
reformulação, com a inclusão de conteúdos mais ricos e práticos de ensino. A grande
inovação foi a criação de uma escola-modelo anexa à escola normal, que se tornou o
padrão a ser seguido em todo o país. Com isso, garantia-se que os novos professores
estivessem realmente preparados, com uma formação curricular completa e uma sólida
base didático-pedagógica.
Para Gatti (2010), a história da formação de professores no Brasil começa com a
formação de docentes para o ensino das “primeiras letras” em cursos específicos, que
foi proposta no final do século XIX, com a criação das escolas normais, que
correspondiam, ná época ao nível secundário e, posteriormente, ao Ensino Médio, a
partir dos meados de século XX.
A organização dos institutos de educação no período de 1930-1939 marcou o
terceiro período proposto por Saviani (2009). Os destaques deste período são as
reformas de Anízio Teixeira no Distrito Federal e de Fernando de Azevedo em São
Paulo.
Anísio Teixeira através do Decreto nº 3.810, de 19 de março de 1931
reorganizou as escolas normais de modo que contemplasse tanto a cultura geral quanto
a formação profissional. Dessa forma, os institutos de educação se tornaram um espaço
para incorporar as exigências da Pedagogia, que buscava se firmar como um
conhecimento científico, através de um modelo pedagógico-didático de formação
docente mais sólido e primoroso.
O quarto período os institutos de educação do Distrito Federal e São Paulo
tornaram-se a base dos estudos superiores de Educação, quando foram elevados a nível
universitário. Em 1934 instituto paulista foi incorporado a Universidade de São Paulo e
em 1935, o carioca foi à Universidade do Distrito Federal. Esses institutos foram
idealizados com base no pensamento da Escola Nova, onde a ideia de dos cursos
oferecidos pelas escolas normais foi abandonado, dando a oportunidade para a Escola
de Professores. Disciplinas voltadas para a prática docente foram inseridas no currículo
com vistas a dar suporte ao caráter prático do processo formativo.
No quinto período, a escola normal foi substituída pela habilitação específica de
Magistério, desencadeado pelas mudanças na legislação de ensino ocorridas com o
golpe militar de 1964. A Lei nº 5.692/71 modificou os ensinos primário e médio, criando
o 1º e 2º graus, e nessa nova estrutura, as escolas normais desapareceram e foi
instituída a habilitação específica de 2º grau para o magistério de primeiro grau. O
Parecer nº 349/72 organizou a habilitação do magistério de modo que o currículo tinha
uma parte obrigatória em todo o país e uma parte diversificada para a formação
especializada. O antigo curso normal se transformou em uma habilitação de 2º grau,
reduzindo a formação de professores para o ensino primário.
Nos período de 1996 -2006 marcou o sexto período onde a Lei nº 5.692/71
também previa a formação de professores para as últimas séries do 1º grau e para o 2º
grau em cursos de licenciatura curta ou plena. Além disso, o curso de Pedagogia passou
a formar especialistas em educação, como diretores de escola, orientadores
educacionais, supervisores escolares e inspetores de ensino. Com o fim do regime
militar, esperava-se que a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) resolvesse o
problema da formação docente no Brasil. No entanto, a LDB não atendeu às
expectativas, pois introduziu institutos de nível superior de segunda categoria como
alternativa aos cursos de Pedagogia e licenciatura. Esses institutos ofereciam uma
formação mais rápida e barata por meio de cursos de curta duração.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.394/96 que estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 abr. 2013.
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Lei nº 9.394/96 que estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a 11.494/2007 que Regulamenta o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação, dá outras providências, e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas
de Ensino Médio em tempo integral. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 2017.
BORGES, Maria Cecília: AQUINO, Orlando Fernández; PUENTES, Roberto Valdez. Formação de
professores no Brasil: história, política e perspectivas. Revista HistedBR on line, n42, p.94-112,
jun. 2011.
CNE. Parecer CNE/CP nº 115/1999. Diretrizes gerais para os Institutos Superiores de Educação.
Brasília, DF: Ministério da Educação/Conselho Nacional de Educação, 1999.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8ª ed. São Paulo: Ática, 1999.
____. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2013. 3ª
reimpressão, 2017 (Coleção Memória da Educação).
WEBER, Silke. Políticas de formação de professores e seu impacto na escola. In: CANDAU, Vera
Maria (Org.). Cultura, Linguagem e subjetividade no ensinar e aprender. Rio de Janeiro: DP&A,
2000.