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Aspectos históricos da educação no Brasil

No Brasil Colônia, a educação das populações nativas (índios) era comunitária, onde os jesuítas
trouxeram o conceito de professor estritamente ligado às missões religiosas. Os primeiros
professores, como os conhecemos, foram jesuítas que aprenderam a falar tupi com os índios e
começaram a ensiná-los a ler e escrever em português.

No século 19, os professores começaram a entrar nas escolas por meio de concursos de
nomeação. Os primeiros graus de disciplinas escolares começaram a surgir nessa época. Para ser
professor, era preciso cursar pedagogia em cursos de bacharelado. No contexto brasileiro, as
políticas de obrigatoriedade, acesso e permanência na escola se expandiram desde a década de
1980.

O início da profissionalização

A organização do ensino só ocorreu no século XX, quando a escola passou a ser obrigatória no
Brasil. Muitos professores deixaram suas casas, famílias e morando na cidade para trabalhar em
escolas do interior. A legislação, que passou a regulamentar a exigência de formação
universitária para o trabalho prático docente, foi determinante nesse processo de
profissionalização.

Ele afirma que a educação não evolui no mesmo ritmo em todo o mundo. É comum encontrar a
coexistência de formas antigas de ensinar e formas contemporâneas. Essas tensões, agravadas
pelos problemas típicos das políticas públicas de educação, financiamento, entre outros, nos
levam a questionar a possibilidade de uma real profissionalização.

Desafios contemporâneos
A partir do panorama histórico traçado até aqui, pudemos compreender a trajetória histórica do
ser professor no contexto brasileiro, o que nos permite conhecer e vislumbrar os desafios atuais
da profissão. Podemos afirmar que o grande desafio do século XXI é o fortalecimento da
profissionalidade docente, que perpassa por diversos âmbitos políticos, econômicos e sociais, à
nível nacional para melhorias das condições práticas da vida do educador, e consequentemente
do ensino escolar.
Esses âmbitos abrangem desde questões estruturais que devem ser sanadas pela criação de
políticas públicas para garantia, por exemplo, de infraestrutura adequada nos ambientes
escolares, que possibilitariam melhores condições de ensino e aprendizagem, o investimento na
formação inicial e continuada, buscando o constante aperfeiçoamento de sua profissionalidade
diante de inúmeros desafios que envolvem a prática docente; passando pela esfera econômica,
para garantia de recursos e remuneração adequados ao exercício da profissão; e até mesmo
sociais, no sentido de garantir não só o acesso à população mas também a qualidade da
educação como fator de transformação de realidades em sociedade.
Você pode perceber a complexidade de fatores e desafios que afetam a prática docente, pois
envolvem desde desafios cotidianos vivenciados em sala de aula, como a falta de materiais ou a
falta de formação curricular específica, que afetam diretamente sua atuação em sala, chegando à
fatores de escalas maiores como o projeto político de educação a nível nacional.

Todo professor já foi aluno, já viveu situações, afetos e desafetos no ambiente escolar e no
contato com seus próprios professores. À medida que nos tornamos professores, essa
memória de nossas experiências também nos forma, nos orienta como profissionais e
influencia o profissional que seremos. Assim, é possível compreender a diferença substancial
entre instruir e educar.

Ser professor repousa justamente em reproduzirmos e transpassarmos aos alunos muito do que
nós somos e já vivenciamos enquanto seres humanos: nossa visão de mundo, nosso humor,
nossa maneira de lidar com os desafios e embates cotidianos, a qualidade de nossa relação e
satisfação com o trabalho e com eles mesmos, nossos principais sujeitos para realização do ato
educativo. Deste modo podemos compreender que nossa prática amplia- se para além do
conhecimento teórico adquirido na formação acadêmica, que se encontra da dimensão de
conceitos instrutivos e metodológicos, alcançamos o âmbito das relações humanas.

A identidade docente é uma construção contínua, começa muito antes do ingresso na


faculdade e, na maioria das vezes, não termina quando o professor recebe o diploma. Escolher
um ou outro não é simples, não basta ler e entender o que o dicionário diz sobre cada um
deles. Você sabe a diferença? O que é, para você, educar? E instruir?

Muito do que os professores sabem sobre ensinar vem de sua própria história de vida,
principalmente de sua socialização como alunos. Na América do Norte, percebe-se que a
maioria dos dispositivos de formação inicial de professores não consegue modificá-los ou
abalá-los. Os alunos passam do treinamento pré- serviço para o ensino sem mudar
substancialmente suas crenças anteriores sobre o ensino.
O conhecimento dos professores é temporal, pois é utilizado e desenvolvido no âmbito de uma
carreira. A carreira também é um processo de socialização, ou seja, um processo de marcação
e incorporação dos indivíduos às práticas e rotinas institucionalizadas das equipes de trabalho.
Do ponto de vista profissional e de carreira, saber viver na escola é tão importante quanto
saber ensinar na sala de aula.

As experiências dos professores Fábio, Vanderlei, Marília e Marli, apresentadas por meio de
vídeos, vão te mostrar que educar é uma tarefa complexa que pressupõe a ação dos sujeitos.
Não se pode instruir, muito menos educar sem interagir com os sujeitos. Ninguém é mais
inspirador do que Paulo Freire.

O trabalho docente é a base da formação escolar e contribui não só com o desenvolvimento dos
alunos, mas com o progresso da sociedade em geral, utilizando o conhecimento e a educação
como instrumento.

Direito da Educação
A educação como um direito básico inerente a todo ser humano, é legalmente referenciada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, que reuniu líderes mundiais em Paris em 1948, onde foi
aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
É assegurado que toda pessoa tem direito à educação, que deve inspirar-se nos princípios de
liberdade, moralidade e solidariedade humana. A garantia de educação como um direito básico,
têm como intuito e deve proporcionar o preparo para subsistir de uma maneira digna, para
melhorar o seu nível de vida e para poder ser útil à sociedade. 
Nas sociedades modernas, a importância que a instrução escolar e o conhecimento possuem, na
grande maioria dos casos como uma condição para a sobrevivência, para a empregabilidade e
garantia de manutenção da vida, afetando diretamente o bem-estar social. A escola, como
instituição têm a função de partilhar o conhecimento acumulado pela humanidade, sendo a
educação um bem público da sociedade, que possibilita inclusive o acesso e a compreensão aos
demais direitos sociais. 
Enquanto instituição, a escola tem no sujeito professor a representatividade de autoridade, não
coercitiva, mas sustentada pela obediência voluntária, pela confiança, que tanto as famílias
como os alunos nele depositam. Os conteúdos e conhecimentos socialmente construído
preservados e repassados pelos professores, abrangem valores, tradições e culturas de interesse
público e social.
Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior está baseada no mérito.

Qualidade no processo educativo


Compreendemos a educação como um direito, é dever do Estado fornecê-la. Além do acesso, o
direito à educação pressupõe que ele seja efetivo, que tenha qualidade suficiente para gerar
impactos na qualidade de vida dos sujeitos e no desenvolvimento social.
A educação como direito demanda não apenas construção de escolas, e obrigatoriedades legais
de que toda criança frequente uma unidade escolar, mas também de constantes investimentos na
qualidade do ensino ofertado, o que envolve a valorização da profissão professor, a
possibilidade de formação continuada, a atualização curricular constante e a disponibilização de
recursos pedagógicos que ampliem as possibilidades de aprendizagem. Dessa forma
compreendemos que as condições para aprender precisam ser asseguradas no plano
institucional.
As situações cotidianas do ambiente escolar, mediado pelas relações de professores, alunos,
equipe diretora e demais agentes escolares são também currículo, que ganha assim uma
dimensão humana.
A lição de casa, enquanto recurso pedagógico amplamente praticado nas escolas, pode ser
compreendida como um facilitador do processo de aprendizagem, mas ao mesmo tempo, torna
explícita as desigualdades no acompanhamento pelas famílias da educação das crianças,
configurando a médio e longo prazo, condições desiguais de aprender.

Condições de aprendizagem
“Ao professor cabe esse papel de agente institucional responsável simultaneamente pela
preservação de certos saberes, valores e práticas que uma sociedade estima e pela inserção

social dos novos nessa parcela da cultura humana ”.

Toda escola tem um trabalho com as tarefas de casa, porém são poucos os pesquisadores que
se preocupam com essa prática, tão presente na cultura escolar. O que acontece todos os dias
na escola, mediado pelas relações entre professores e alunos, também é um currículo. Este
papel, que um sujeito assume por opção, por responsabilidade ética, não se realiza apenas ao
nível das grandes decisões de planeamento.

Ensinar e apreender
Des de o século XX as rápidas e intensas transformações sociais vivenciadas desde então, se
refletem na organização social e na produção cultural, transpassando suas influências para o
âmbito de como ensinar e aprender.
É célebre no meio acadêmico as contribuições de Paulo Freire, que afirma ser o professor um
sujeito que ao ensinar, também aprende. Esta é uma particularidade inerente à docência: a
necessidade constante de autocrítica e revisitação de suas práticas pedagógicas. Não há
possibilidade de fórmulas prontas, receitas, ou roteiros para serem reproduzidos com diferentes
turmas, em diferentes anos, por diferentes professores. A educação de qualidade exige uma
reinvenção constante do profissional, seja na mediação do currículo, seja na linguagem
utilizada, nos recursos explorados, ou nas particularidades sociais e individuais dos alunos. 
Um bom professor tem a consciência da impossibilidade em continuar adotando estratégias
didáticas e metodológicas por todos os anos de sua profissão. A docência possui um âmbito
pessoal, relacional, fruto do contato diário com o humano, com os alunos, que espelham
reflexos da sociedade em transformação. Professores com posturas e práticas enrijecidas só
causam desafetos, traumas, insatisfações tanto a professor como para os alunos na relação em
sala de aula.
Ainda, a formação profissional docente abrange não só os períodos de educação formal, mas
tem sua continuação ao longo do exercício da carreira: a chamada Formação Continuada de
Professores, que são mescladas pelas experiências pessoais e identidade, que também atuam
como fatores de formação que influenciarão o exercício da profissão.

Formação continuada
Segundo Paulo Freire (1997), que você já teve contato nas unidades anteriores, ensinar e
aprender são ações complementares e ambas devem estar presentes na trajetória profissional do
professor, pois ele é o sujeito que ensina e, ao ensinar, também aprende.

Garantia de aprendizado
Garantia de as condições para o professor continuar aprendendo e se atualizando diante dos
desafios na docência englobam fatores materiais de falta de tempo e sobrecarga, que estão
sustentados nas péssimas condições trabalhistas, principalmente no que concerne a remuneração
incipiente, demandando do profissional a duplicação de cargos e um aumento da carga horária
semanal.

Sustentada por condições políticas e econômicas, a questão do tempo ganha ainda uma
dimensão subjetiva no mundo contemporâneo, o autor espanhol Jorge Larossa Bondia discorre
acerca do excesso de possibilidades que a vida moderna trouxe, que provocaria uma certa
paralisia nas ações individuais, ou a ativação de um mecanismo automático de vivência sem a
conexão com o presente, que constrói experiências e aprendizados.

Neste sentido, podemos embasar a problemática de tempo do professor não só ao que se refere à
disponibilidade de tempo livre para o estudo e aperfeiçoamento, ou para atividades culturais, e
até mesmo para o descanso revigorante, mas também a qualidade do tempo vivenciado no
cotidiano escolar.

Ensinar e aprender
O processo ensino-aprendizagem é um nome para um complexo sistema de interações
comportamentais entre professores e alunos. Mais do que “ensino” e “aprendizagem”, como se
fossem processos independentes da ação humana, há os processos comportamentais que
recebem o nome de “ensinar” e de “aprender”.
Ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina aprende, de um lado, porque
reconhece um conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observado a maneira como a
curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que não o aprende,
o ensinam-te se ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos. Esse texto faz parte da obra
Professora sim, tia não - cartas a quem ousa ensinar, de 1997. Essa é a primeira de um conjunto
de dez cartas e alguns escritos finais, que foram organizados por Paulo Freire neste livro, no
qual ele conta na introdução que escreveu tudo com muito prazer, mas também tocado pela
responsabilidade ética, o compromisso e a preocupação de estabelecer vínculos com seus
leitores.

É em forma de cartas justamente por isso: para se colocar mais próximo dos professores. Ele
apresenta nessas cartas alguns pensamentos motivados por coisas que ele viveu, pelas perguntas
que lhes foram feitas, pelo que entende que significa ser professor.

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