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Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola

ASPECTOS GERAIS SOBRE A PROFISSÃO DOCENTE E A TEORIA DA SUA 
HISTÓRIA: UMA REFLEXÃO PARA EDUCADORES
Cristine Brandenburg
Bolsista CNPq, Mestranda em Educação Brasileira (UFC)
Roberta Lúcia Santos de Oliveira
Mestranda em Educação Brasileira (UFC)
RESUMO
Este estudo versa sobre a profissão docente e o educador: da origem da docência e está 
dividido  em  três  subtítulos,  sendo  eles:  origem  do  profissional  educador  no  Brasil;  o 
início do docente; e algumas implicações políticas do trabalho do educador constituídas 
ao  longo  de  um  processo  histórico.  O  presente  artigo  tem  por  objetivo  contribuir  para 
reflexão da docência como uma profissão a partir do educador. Tal reflexão tem início 
no  período  de  colonização,  situando  pressupostos  históricos  de  um  processo  no  Brasil 
com  consequências  dos  conceitos  comuns  da  prática  do  docente,  onde  é  analisada  a 
docência  universitária  frente  aos  limites  da  realidade  nacional,  no  contexto 
compartilhado transmitindo através da comunicação e compreensão do seu trabalho até 
a  atualidade.  Utilizamos  como  metodologia  a  pesquisa  coletiva,  a  partir  de  pesquisas 
bibliográficas, leituras e análises textuais, a fim de contribuir com reflexões da origem 
da  profissão  docente,  do  educador  como  profissional  e  de  suas  interconexões  com  a 
política  no  seu  universo  do  trabalho.  Os  achados  deste  estudo  nos  levaram  a 
compreender que a gênese das instituições escolares no Brasil tem as igrejas católicas e 
protestantes  como  principais  responsáveis  embora  desempenhassem  um  caráter 
predominante  religioso  e  jesuítico  que  acabou  por  construir  uma  das  primeiras  e 
fundamentais representações do magistério. Ao longo do tempo houve o surgimento de 
escolas  não  vinculadas  à  religião,  tais  como  as  escolas  rurais,  as  de  comunidades,  as 
tecnicistas,  as  municipais,  as  estaduais  e  as  particulares.  E  neste  contexto  histórico  a 
educação  tanto  de  nível  escolar  quanto  superior  passou  por  várias  transformações 
envolvendo os educadores.
Palavras­ chave: Docência. História. Política.

Introdução

A  conjuntura  das  pesquisas  na  área  da  educação  e  no  campo  da  formação  de 
docentes e professores tem se tornado relevante, estabelecendo um cenário marcado por 
diferentes perspectivas. O presente artigo tem o intuito de contribuir com reflexões que 
versam  em  torno  de  questões  da  profissão  docente,  focando  nos  elementos  que 
envolvem  o  educador  no  magistério,  situando  pressupostos  históricos  de  um  processo 
que  deu  origem  a  gênese  da  docência,  no  Brasil.  Este  estudo  vem  somar  com  outros, 
com vistas à história da profissão docente, como sujeitos históricos e tem como objetivo 
contribuir  para  reflexão  da  docência  como  uma  profissão,  situando  pressupostos 
históricos  de  educador  no  processo  político  de  trabalho.  Como  metodologia  optamos 
pela pesquisa coletiva, a partir de pesquisas bibliográficas, leituras e análises textuais a 

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fim  de  contribuir  com  reflexões  da  origem  da  profissão  docente,  do  educador  como 
profissional e de suas interconexões com a política no seu universo do trabalho.
Este artigo está dividido em três subtítulos, sendo eles: história da docência no 
Brasil; educador e algumas implicações no campo de trabalho.  
Origem da docência
Para  iniciar,  verifica­se  o  significado  das  palavras  educação  e  docência,  sendo 
que,  “educação”  vem  do  latim  “educare”ou  “educere”.  E  significa  ato  de  educar; 
conjunto  de  normas  pedagógicas  aplicadas  ao  desenvolvimento  geral  do  corpo  e  do 
espírito. (FARIA, 1975; VASCONCELOS, MOTA e BRANDENBURG, 2014).
Porém, o termo “docência” é uma terminação que tem haver com a capacidade 
do profissional do magistério de propor e vivenciar experiências concretas de ensino e 
aprendizagem. Segundo o dicionário, “docente” nomeia quem ensina e “diz respeito a 
professores.  Do  latim  docens,  docentis,  particípio  presente  de  docere,  ‘ensinar’” 
(FERREIRA, 1975, p. 274).
A  constituição  da  instituição  escolar  no  Brasil  tem  nas  igrejas  católicas  e 
protestantes suas principais idealizadoras do processo educacional. Sendo estas, por sua 
vez, de caráter religioso. Os jesuítas objetivaram ir além das tentativas de catequização 
dos povos indígenas e investiram na formação dos meninos jovens e brancos dos setores 
dominantes.
O Brasil, no ano de 1500, entra para a história da chamada civilização ocidental 
cristã com a chegada dos jesuítas. Sobre esse período, Saviani (2008) discute a estreita 
associação  entre  os  processos  de  colonização,  educação  e  catequese.  Com  isso,  em 
nome  da  colonização,  o  colonizador  procurava  legitimar  a  relação  colonização  – 
catequese – educação junto aos nativos.
Ou seja, no Brasil as primeiras instituições escolares eram focadas na concepção 
do católico exemplar. Esse modelo de ensino perdurou no Brasil por um longo período, 
mesmo  depois  de  oficialmente  afastado,  ao  final  do  século  XVIII.  Seriamente 
comprometidos com o ofício de educar, os jesuítas, considerados os mestres do saber, se 
tornaram  especialistas  da  infância  e  dominavam  todo  o  conhecimento  e  técnica  de 
ensino  para  a  conquista  das  almas  infantis.  “Sejam  eles  pastores,  padres  ou  irmãos, 
esses  religiosos  acabaram  por  constituir  uma  das  primeiras  e  fundamentais 
representações do magistério” (LOURO, 1998). 
Com o passar do tempo houve o surgimento de escolas não vinculadas à religião, 
tais  como  as  escolas  rurais,  as  de  comunidades,  as  tecnicistas,  as  municipais,  as 

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estaduais e as particulares. Até a década de 1930 os assuntos relativos á educação eram 
tratados no Departamento Nacional de Ensino que pertencia ao Ministério da Justiça.
A  indústria  crescia  e  cada  vez  mais  as  cidades  necessitavam  de  trabalhadores. 
Havia carência em mão de obra qualificada. Os camponeses migravam para as cidades 
em busca de emprego e de uma melhor qualidade de vida.
Em  1931  foi  criado  o  Ministério  da  Educação,  porém,  faltavam  leis  nacionais 
para  educação.  Na  Constituição  de  1934,  foi  mencionada,  pela  primeira  vez,  a  LDB. 
Esta  tinha  por  objetivo  possibilitar  aos  sistemas  de  ensino  a  aplicação  dos  princípios 
educacionais constantes da Constituição Federal. Mas até final da década de 1940 não 
se pensava em diretrizes e nem em bases para educação brasileira (BRASIL,
 1996).
Em  1920  iniciaram  as  discussões  sobre  as  propostas  de  formação  no  Ensino 
Superior, embora consolidadas somente na década de 1930. O tempo entre as discussões 
e a real implantação foi marcado por tentativas fracassadas de composição do curso de 
formação  docente  em  nível  superior.  A  primeira  iniciativa  foi  o  Instituto  Superior  de 
Educação,  que  funcionava  anexo  à  Faculdade  de  Filosofia,  Ciências  e  Letras,  criada 
pela Ordem das Beneditinas de São Paulo, em 1901. Finalmente com o Decreto lei nº 
1.190,  de  4  de  abril  de  1939,  cria­se  a  Faculdade  Nacional  de  Filosofia  e  o  primeiro 
Curso  de  Pedagogia  no  Brasil  (FURTADO,  2001).            
Alguns apontamentos sobre a formação docente para a educação profissional
Temos,  por  volta  da  década  de  1990,  novas  pesquisas  sobre  a  formação  de 
professores,  tanto  no  plano  internacional  como  no  Brasil,  que  surge  com  novas 
convergências  investigativas.  No  início  da  referida  década,  a  literatura  internacional 
exerce  grande  influência  nos  estudos  brasileiros  sobre  formação  de  professores,  cuja 
ênfase  aponta  para  alguns  aspectos,  tais  como:  a  relação  entre  a  dimensão  pessoal, 
profissional e organizacional da profissão docente (NÓVOA, 1992). 
A  complexidade  da  prática  pedagógica  e  a  relevância  dos  saberes  docentes 
demonstra  que  a  racionalidade  técnica,  segundo  o  qual  a  atividade  profissional  é  de 
natureza  instrumental,  consistindo  na  solução  de  problemas  concretos  por  meio  da 
aplicação de teorias e técnicas derivadas do conhecimento científico. (TARDIF, 2002).
Levando  em  conta  estas  características  o  profissional  de  educação  que  seja 
adaptado a uma determinada condição, considera­se apenas a intenção da técnica, ignorando 
a formação social e política num contexto carregado de contrariedades ideológicas.

[...] a formação do profissional da educação não é um produto estático, isto é, 
umconjunto isolado e abstrato de informações e práticas que visa unicamente 

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preparar e capacitar o pedagogo para o desempenho da função educativa [...] 
o conteúdo dessa formação também expressa a prática social mais ampla com 
a qual ela está articulada. (VEIGA et al, 1997, p. 39)

O ensinar evoluiu em direção das indagações sobre os processos pelos quais os 
professores produzem conhecimento e sobre os tipos de conhecimentos que adquirem e 
ainda a forma que estão inseridos no campo de trabalho. 
Algumas implicações políticas do magistério
Os professores não têm se mantido afastados das lutas reivindicatórias ao longo 
dos anos. O andamento histórico tem mostrado a busca e a batalha desses profissionais 
por  melhores  condições  de  trabalho.  “A  professorinha  normalista  foi  substituída  pelo 
termo amplo de educadora, depois (nos anos 70) pelos profissionais de ensino, e mais 
recentemente (anos 80) pelos trabalhadores da educação” (VIANNA, 1989).
Uma das implicações políticas que pode ser destacada é ausência de referências 
à formação de professores para atuar no Ensino Público, o que Oliveira nos exemplifica, 
tem  a  ver  com  uma  dada  concepção  sobre  as  relações  entre  experiência 
profissional e formação acadêmica, permeada por um não reconhecimento da 
docência  na  educação  escolar  pública,  como  um  campo  de  conhecimento 
com identidade própria. (OLIVEIRA, 2010, p.461)

Devido às dificuldades que a formação docente enfrentou entre a década de 1930 
e  1960  no  que  se  refere  à  falta  de  identidade  do  curso  de  Pedagogia  fez  com  que  o 
mesmo  caísse  no  desprestígio.  Temos  assim,  baseado  no  fato  de  que  a  Pedagogia  não 
teve  seu  conteúdo  específico  valorizado  como  as  demais  licenciaturas  destinadas  à 
formação  nas  áreas  básicas  das  ciências  sociais  e  aplicadas,  que  logo  que  iniciaram 
passaram a valorizar seu conteúdo específico conquistando o seu espaço.
Podemos  observar  que,  historicamente,  a  formação  docente  para  a  Educação 
Básica  vem  sendo  dicotomizada  entre  a  Pedagogia  e  as  demais  áreas  científicas,  sem 
considerar  que  ambos  estão  inseridos  no  contexto  educacional.  Ao  formando, 
Brzezinsky  (1996)  chama  de  "licenciado  desavisado",  aquele  que,  apenas  ao  final  do 
processo, se depara com as disciplinas pedagógicas.
E  por  fim  podemos  ainda  salientar  um  estudo  de  Oliveira  (2010),  que  levanta 
uma  questão  fazendo  um  resumo  da  legislação  sobre  a  educação  profissional,  a  LDB 
que atualmente e os seus últimos Decretos e Pareceres pertinentes ao tema, evidencia a 
falta de diretrizes sobre formação docente para atuação na EducaçãoProfissional.
Considerações finais
No entanto o professor ou docente é um profissional que transmite um conjunto 
de ideias, teorias, concepções e representações sociais atuando na ciência, arte, técnica, 

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história ou  na  natureza  do  conhecimento  a  um  aluno  ou  acadêmico.  O  que  faz  do 
professor  universitário,  um  profissional  que  necessita  de 
qualificações acadêmicas e pedagógicas,  para  que  consiga  transmitir/ensinar  a  matéria 
de estudo da melhor forma possível ao aluno. É uma das profissões mais antigas e mais 
importantes, tendo em vista que as demais, na sua maioria, dependem dele.
Portanto,  o  processo  formativo  do  profissional  da  educação,  seja  por  meio  das 
licenciaturas ou no exercício da docência, requer uma proposta que contemple aspectos, 
dentre outros aspectos: do saber, do agir e do ser.
Referências
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de dezembro de 1996.
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LOURO, G. Gênero, sexualidade e educação. 2ª Ed. Petrópolis, Vozes,1998.

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SAVIANI,  Dermeval.  Histórias  pedagógicas  no  Brasil.  Campinas:  Autores 


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TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. 

VASCONCELOS,  JG;  MOTA  BGN;  BRANDENBURG  C.  Filosofia,  Cultura  e 


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