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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo mostrar através de reflexões e referências bibliográficas,
os desafios que o ensino da disciplina de Sociologia enfrentou e enfrenta. Sendo uma
disciplina inserida no ensino básico e tendo a sua presença fixada no currículo, não poderia
ser desafiada do jeito que é em nosso cotidiano. Consegue-se perceber a importância da
disciplina de Sociologia para a formação do pensamento crítico dos alunos, pois o senso
crítico é desenvolvido através das novas percepções que a disciplina traz em seu
conhecimento. Ensinar não é uma atividade qualquer, é uma arte e, é uma das mais belas
que existe. Ensinar e aprender se constituem como elementos imprescindíveis que estará
presente na vida do sujeito por anos, ou seja, será uma condição que caminhará com a sua
vida, pois o ato de ensinar não ocorre apenas dentro das paredes da sala de aula, mas sim
nos diversos ambientes e situações que o contexto traz. Sendo assim, a temática deste
artigo traz em suas linhas reflexões e pontos relevantes sobre os desafios encontrados no
ensino da disciplina de Sociologia e na luta para seu reconhecimento e permanência no
currículo base da educação.
INTRODUÇÃO
O ato de ensinar sempre foi um desafio para todos os docentes em geral. Todas as
disciplinas têm seus desafios sobre o incentivo para o ensino e mostrar a sua real
importância para a sociedade. A disciplina de Sociologia não fica atrás de nenhuma outra,
pois também tem suas dificuldades diárias experimentadas desdes os primórdios de sua
aplicação.
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Professor de Sociologia na Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina. Contato:
sidaoelbueno@gmail.com
Edição Nº. 11, Vol. 2, jan./dez. 2021. ISSN 2317-9961. Inserida em: http://www.uel.br/revistas/lenpes-pibid/
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Sendo uma disciplina inserida no ensino básico e tendo a sua presença fixada no
currículo, não poderia ser desafiada do jeito que é em nosso cotidiano. Nesse sentido,
desde a formação docente há obstáculos a serem enfrentados, pois muitos profissionais
precisam lecionar outras disciplinas para conseguir sua estabilidade profissional e ainda há
poucos nos recursos didáticos para o auxílio desse labor.
Quando a disciplina de Sociologia foi inserida no currículo da educação básica no
Brasil trouxe algumas questões que nos fazem pensar, pois o contexto intermitente
prejudica o trabalho dos docentes. Umas dessas questões é o currículo escolar da disciplina
que é retirado e inserido o tempo todo. Dessa forma, as discussões sobre o ensino de
Sociologia na educação básica ganha olhares e notoriedade sobre a sua essência no
ensino e aprendizagem no sentido de sua necessidade ou não em pemanecer como
disciplina no meio escolar.
Em 1980, surgiu a iniciativa de incluir a Sociologia como disciplina obrigatória nas
escolas brasileiras. Segundo Carvalho e Paz (2017), com a Reforma Educacional de
Benjamin Constant, que na época era ministro de Guerra do Governo Provisório ou
República da Espada , O ensino primário não deveria ser apenas preparatório, mas uma
ponte para a ascensão ao ensino superior, além de proposra montagem de uma diretriz
educacional que abrangia todos os níveis de ensino e buscou por um conjunto mais amplo
de ensinamentos, com a inclusão de disciplinas científicas, rompendo drasticamente com
a tradição do currículo clássico jesuítico. Assim, a tentativa de obrigatoriedade do ensino
de sociologia na educação formal no Brasil foi inspirada nos ideais positivistas do francês
Augusto Comte.
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Para Carvalho e Paz (2017), com idas e vindas, a Sociologia em 2008 foi legitimada
disciplina obrigatória nas três séries do ensino médio brasileiro. Atualmente, quase dez
anos depois, a Sociologia continua como disciplina obrigatória nas três séries do ensino
médio, porém, permanece marginalizada no ambiente escolar.
A Resolução n° 111/2009, veio implementar a disciplina Sociologia como
obrigatória no ensino médio permitindo a formação ética, desenvolvimento de uma
autonomia intelectual e concretização de pensamento crítico.
Com isso consegue-se perceber a importância da disciplina de Sociologia para a
formação do pensamento crítico dos alunos, pois o senso crítico através das novas
percepções que a disciplina traz em seu conhecimento.
Sendo assim, a temática desse artigo traz em suas linhas reflexões e pontos
relevantes sobre os desafios encontradas no ensino da disciplina de Sociologia e luta para
seu reconhecimento e permanência no currículo base da educação.
A pesquisa feita nesse artigo está relacionada e embasada referencial bibliográfico
e traz fundamentação teórica baseada em autores que defendem e que comprovam em
seus textos e artigos, a importância da disciplina de Sociologia, assim como, a perspectiva
inserida nesse artigo e que defendem o mesmo ponto de vista já exposto.
Ensinar não é uma atividade qualquer, é uma arte e, é uma das mais belas que
existe. Ensinar . Ensinar e aprender se constituem como elementos imprescindíveis que
estará presente na vida do sujeito por anos, ou seja, será uma condição que caminhará
com a sua vida, pois o ato de ensinar não ocorre apenas dentro das paredes da sala de
aula, mas sim nos diversos ambientes e situações que o contexto traz.
Como tudo que existe na história, a institucionalização do ensino também teve o
seu início, e aqui no Brasil essa história da educação começou em 1549 com a chegada
dos primeiros padres jesuítas que inseriram na cultura inicial de nosso país o cenário
educacional.
Pierro & Haddad relatam que:
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Apesar de não ter havido êxito a introdução da Sociologia nos currículos escolares
no final do século XIX por meio de uma Reforma Nacional, reconhecidos aqui os
limites dela messe período, devemos destacar um fato que tem escapado daqueles
a preocupação em historicizar a presença da Sociologia na escola brasileira: Em
1892 temos a introdução da disciplina ‘sociologia, moral, noções de economia
político e direito pátrio’ no Atheneu Sergipense, em Aracaju, cujo currículo poderia
ser considerado ‘pouco sociológico’ (ALVES; COSTA, 2006), contudo, mesmo no
caso do Colégio Pedro II em 1925 também temos, inicialmente, um currículo
bastante ligado a outros campos disciplinares, em especial ao da história (GUELFI,
2001, p.120).
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Em 2001, no Rio Grande do Norte, a deputada Fátima Bezerra pelo Partido dos
Trbalhadores (PT) apresentou o Projeto de Lei nº 0461/01, que trazia em suas linhas a
obrigatoriedade do ensino de Sociologia e Filosofia no estado. Quando aprovado no
legislativo, o projeto foi vetado pela governadora Vilma de Faria, pelo Partido Socialista
Brasileiro (PSB) no ano de 2003. (OLIVEIRA, apud FIGUEIREDO, 2015).
O veto do ensino de Sociologia durou até a aprovação da Lei nº 11.684, de 02 de
junho de 2008 que alterou o artigo 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, onde
incluiu a Sociologia e a Filosofia como disciplinas obrigatórias no currículo do ensino médio.
Mas a luta não acabou por ali, no texto da LDB 9.9394/96 havia uma interpretação
que deixava a disciplina de Sociologia ser distribuídas nas outras disciplinas, o referido
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artigo explicita que ao final do ensino médio o educando deve obter o “domínio dos
conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania” (LDB,
1996, p.14). Ou seja, o conhecimento da disciplina seria facultativo, pois ficou escondido
em sua completude nas demais disciplinas.
Com esse tipos de atitudes, percebe-se que o professor de Sociologia parece
ocupar um espaço pouco privilegiado no âmbito da educação, pois suas atividades não são
devidamente valorizadas pela escola e sociedade. Em muitos casos, outros docentes
lecionam a disciplina, pois a fragilidade chegou a afetar a formação de novos docentes.
I – uma base nacional comum, antigo núcleo comum, organizada não por
organizada não por disciplinas, mas sim por áreas de conhecimento: disciplinas,
mas sim por áreas de conhecimento: disciplinas, mas sim por áreas de
conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias. (grifo
nosso) II – um currículo, não mais voltado para a aquisição de conteúdos
específicos, não mais voltado para a aquisição de conteúdos específicos, mas
somente a preparação para o trabalho, habilidades e tecnologias mas somente a
preparação para o trabalho, habilidades e tecnologias referentes as três áreas de
conhecimento (SANTOS, 2004, p.153) (grifo nosso).
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seus programas, atividades, projetos e currículos para a preparação básica para o trabalho
e para o exercício da cidadania (SARANDY, 2004, p. 118).
Tais princípios são norteados pelos quatro pilares da educação, como propõe a
Unesco: o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver e o aprender a
ser. Seguindo a mesma lógica, os PCNEM: “Ciências Humanas e suas Tecnologias”
afirmam que:
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A análise das OCN de Sociologia nos permitiu compreender que este documento
possui uma idéia de política educacional diferente dos PCN. Numa leitura desatenta, parece
que ambos conferem grande importância à Sociologia, mas uma leitura embasada nos
permite enxergar que nos PCN, com sua ambiguidade, com o que diz e com o que não diz,
não existe a intenção de regulamentar a Sociologia como disciplina obrigatória da grade
curricular do Ensino Médio. O próprio título das OCN: “Sociologia”, se comparado ao título
do PCN – “Conhecimentos de Sociologia, Antropologia e Política”, nos demonstra esta
intenção do documento de 2006 regulamenta a Sociologia em nível nacional.
Ao contrário dos PCN, as OCN já começam defendendo a especificidade e a
identidade da Sociologia com base no panorama histórico da constituição da disciplina nos
currículos do Ensino Médio. Mostram-se as intermitências na constituição de uma tradição
da disciplina no país, ora entrando, ora ficando fora dos currículos. Assim, o currículo é
pensado sociologicamente nas suas vinculações com os movimentos de lutas nos
diferentes campos que compõem a sociedade.
Com este mesmo intuito de consolidação da Sociologia como disciplina específica,
as OCN empreendem uma forte crítica ao discurso pedagógico das competências que
enfatiza a interdisciplinariedade, utilizado pela reforma educacional durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
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Com relação aos outros autores clássicos da Sociologia (Max Weber e Émile
Durkheim), além do próprio Karl Marx, importantes para o entendimento das relações
sociais, processo tão aclamado pelos discursos dos documentos, e importantes para a
compreensão do processo histórico de surgimento da Sociologia, o único documento a
mencioná-los são os PCNEM, embora muito superficialmente.
No que concerne à prática escolar propriamente dita, as PCN+ elegem quatro eixos
temáticos que devem ser abordados durante as aulas de Sociologia do Ensino Médio:
“indivíduo e sociedade”, “cultura e sociedade”, “trabalho e sociedade” e “política e
sociedade” e descrevem procedimentos a serem realizados em sala de aula com respeito
a cada um.
Podemos resumir, outrossim, os encaminhamentos da disciplina Sociologia a
serem trabalhados com os alunos de Ensino Médio, a partir das determinações dos
documentos estudados, da seguinte maneira:
Com esse segundo artigo citado se percebe ainda mais a luta dos estudiosos e dos
professores da disciplina de Sociologia para deixar a disciplina fixada no currículo do ensino
básico como componente importante no conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Percebeu-se que a trajetória dessa disciplina foi árdua, pois sempre foi vista uma
real importância no contexto da sociedade como formadora de opinião. E, como a sua
importância é real e não fictícia, as lutas e batalhas foram válidas para que hoje essa
disciplina ainda esteja no currículo educacional básico. Sabe- se que essa luta ainda não
teve fim, pois ainda há falares para a sua exclusão.
A disciplina de Sociologia merece e deve ter toda a importância que as outras
disciplinas que compõem o currículo básico da nossa educação. Claro que, não se está
aqui menosprezando nenhuma das disciplinas componentes, mas sim, que se tenha um
olhar para a real importância da disciplina de Sociologia que veio ao longo de todos esses
anos lutando para a sua sobrevivência.
REFERÊNCIAS
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