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MICHELE DE FATIMA PEREIRA SCHMOLLER

A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Ivaiporã
2016
1

MICHELE DE FATIMA PEREIRA SCHMOLLER

A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Trabalho de Conclusão do Curso


de Programa de Formação
Pedagógica para Licenciatura
em Sociologia apresentado as
Faculdade de Filosofia Ciências
e Letras de Boa Esperança
FAFIBE, sob a orientação da
Profa. Esp. Vanessa Manosso
Ramos para obtenção do Título
de Licenciatura em Sociologia.

Ivaiporã
2016
2

MICHELE DE FATIMA PEREIRA SCHMOLLER

A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Monografia aprovada em ____/____/____ para obtenção do título de Programa de


Formação Pedagógica para Licenciatura em Sociologia.

Banca Examinadora:

_______________________________________
Nome do Professor(a) Orientador

_______________________________________
Nome do Professor(a) de Monografia

_______________________________________
Nome do Professor(a) Convidado(a)
3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho as pessoas que lutaram


diariamente ao meu lado, transmitindo fé, alegria,
determinação, paciência, e coragem, tornando os
meus dias melhores e não deixando que eu
desanimasse.
Mais dedico principalmente ao amor carinho e
paciência da minha família, pois sem eles eu não
estaria hoje concluindo uma etapa tão importante da
minha vida.
Sem vocês eu não seria nada.
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pela saúde e lucidez que se dispõe,


pela compreensão científica que Ele pode proporcionar.
À minha família pela compreensão das ausências em vários momentos
durante o curso e principalmente pela força e podem estar certos de que este
trabalho facilitará não só minha vida particular e profissional, como a de todos nós.
Aos professores do curso pelos conhecimentos transmitidos e pela paciência
no momento de ensinar.
A todos os colegas do curso, alguns já conhecidos e outros que se teve a
oportunidade de conhecer e dos quais me lembrarei pelo resto de minha vida.
Àqueles que não foram mencionados peço desculpas, mas é que são várias
as pessoas que tornaram esse momento possível, o que torna difícil citar e
agradecer a todos individualmente.
Por isso encaminho a todos meu muito obrigada, de coração
5

"Sociologia é o olhar do pesquisador, sobre ele


mesmo e os indivíduos, que constituem a sociedade,
ou seja, olhando como cidadão, membro da mesma"
Edimarcio da Silva Souza
6

RESUMO

Desde que surgiu, a educação pública brasileira tem passado por várias mudanças
em relação ao ensino, ou seja, a forma como o conhecimento é transmitido ao aluno.
Atualmente, com o desenvolvimento do liberalismo, a educação tem características
que estão de acordo com os preceitos da organização econômica e financeira de
cada um. A Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996,
adotou estes preceitos do liberalismo como seus objetivos. Assim, a educação
pública brasileira ganha o propósito de formar jovens e adolescentes não só para o
mercado de trabalho, mas também para sua participação na cidadania do país. A
implementação do ensino da Sociologia no Brasil foi tema de muitas discussões e de
um histórico conturbado. Pensando na importância da Sociologia é que este estudo
se fez necessário, traçando a trajetória da implementação da disciplina no Ensino
Básico.

Palavras-chave: Sociologia. Obrigatoriedade. Ensino Médio.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................8
I PRIMEIROS PASSOS DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO.............................10
1.1 A Sociologia no Brasil.........................................................................................10
1.2 Primeiros Passos da Sociologia.........................................................................12
1.3 O Papel da Sociologia........................................................................................13
II A OBRIGATORIEDADE DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO.........................15
2.1 A Obrigatoriedade da Sociologia na Grade Curricular do Ensino Médio
Brasileiro...................................................................................................................15
2.2 A Luta pela Institucionalização: LDB/96 e DCNEM...........................................16
2.3 Finalmente a Conquista da Obrigatoriedade.....................................................18
2.4 As Contribuições das LDB’s e das OCN’s para o Ensino de Sociologia...........20
III O ENSINO DE SOCIOLOGIA E SUA IMPLEMENTAÇAO NO ESTADO DE SÃO
PAULO E A SOCIOLOGIA HOJE..............................................................................23
3.1 A Reforma Educativa.........................................................................................23
3.2 A Função da Sociologia.....................................................................................26
3.3 A Sociologia no Estado de São Paulo...............................................................27
3.4 A Sociologia no Brasil nos Dias de Hoje............................................................30
3.5 As Propostas do Ministério da Educação para a Disciplina de Sociologia.......32
CONCLUSÃO.............................................................................................................36
REFERÊNCIAS...........................................................................................................38
8

INTRODUÇÃO

Desde que surgiu, a educação pública brasileira tem passado por várias
mudanças em relação ao ensino, ou seja, a forma como o conhecimento é
transmitido ao aluno.
Atualmente, com o desenvolvimento do liberalismo, a educação tem
características que estão de acordo com os preceitos da organização econômica e
financeira de cada um.
A Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996,
adotou estes preceitos do liberalismo como seus objetivos. Assim, a educação
pública brasileira ganha o propósito de formar jovens e adolescentes não só para o
mercado de trabalho, mas também para sua participação na cidadania do país.
Contatando as salas de aula, é possível ver que os alunos e professores
passam por muitas dificuldades e problemas muito característicos. Os alunos se
mostram apáticos e desinteressados pelo ensino.
Enquanto os professores não se envolvem na preparação de bons planos de
aula. No entanto, é necessário deixar o senso comum para analisar os reais motivos
desse tipo de comportamento. O que está por trás das estruturas que causam
conflitos.
A Sociologia em meio a essas mudanças destina-se a formar uma
consciência crítica dos alunos para que entendam o que está acontecendo por meio
de sua própria realidade social. O objetivo é levá-los a questionar as causas da
estrutura capitalista, como elas acontecem.
A implementação do ensino da Sociologia no Brasil foi tema de muitas
discussões e de um histórico conturbado. Foi excluída dos currículos escolares
brasileiros a mais de 37 anos, devido ao regime militar (o período repressivo da
população imposta pela força armada), uma disciplina que ele considerava
desnecessária, ameaçadora e impertinente para os assuntos sociais da nação.
No entanto, antes deste tipo de Sociologia apontada, ocorreu uma que
figurou como disciplina obrigatória nos currículos escolares no Brasil em meados de
1925, através do então Ministro da Educação Gustavo Capanema, sob o comando
do mesmo governo que a exclui anos depois, com o presidente Getúlio Vargas.
9

Sendo assim, o Conselho Nacional de Educação, em 2006, concedido pela


resolução das escolas estaduais em todo o país, estipulou um prazo máximo
temporário um ano para se adaptar às novas exigências.
Então, pela lei 11.684/08 a disciplina de Sociologia volta em escolas de
Ensino Médio do Brasil e se torna obrigatória. Em 2 de junho de 2008, o Presidente
da República aprovou o projeto de lei obrigando o ensino desta disciplina nos três
anos do Ensino Médio.
Pensando na importância da Sociologia é que este estudo se fez necessário,
traçando a trajetória da implementação da disciplina no Ensino Básico.
10

I PRIMEIROS PASSOS DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

1.1 A Sociologia no Brasil

Segundo Ferrari, “a Sociologia foi introduzida no Brasil como uma disciplina


do ensino secundário, enquanto em outros países, a introdução foi feita por meio
das Faculdades de Direito”. (FERRARI, 1983, p. 25)
Mas isso mudou rapidamente com a criação da Escola Livre de Sociologia e
Política em São Paulo em 1933, a Universidade de São Paulo e a Faculdade de
Filosofia, em 1934, e da Universidade do Distrito Federal, hoje UFRJ em 1935 que
contribuíram para que o sistema científico em Sociologia ingressasse Brasil.
Os anos 40 e 50 corroboraram a estabelecer a Sociologia como disciplina
comprometida com a pesquisa acadêmica e análise social. Havia muitos eventos e
condições políticas, econômicas e sociais que levaram a ela, como o Novo sufrágio
do Estado popular, a mudança do Distrito Federal, o desenvolvimentismo de
Juscelino Kubitschek, a Renúncia de Jânio Quadros, o governo militar a partir de
1964. (FERRARI, 1983, p. 28)
Tais eventos estimularam a necessidade de compreender as mudanças em
na sociedade brasileira, encontrando na Sociologia, entre outras Ciências Sociais,
uma área de análise dos fenômenos vividos pela sociedade.
No entanto, segundo Silva, Ferreira e Souza (2002, p 01), a partir dos anos
60, no que diz respeito à educação, os intelectuais se distanciaram pouco de alguns
dos debates sobre o ensino das Ciências Sociais em geral e em particular no campo
da escola.
Neste momento, os intelectuais viram no espaço da educação básica a
expansão e consolidação das Ciências Sociais no país, como se pode ver, por meio
de Florestan Fernandes em "O Ensino de Sociologia na escola brasileira", publicado
nos Anais do Primeiro Congresso de Sociologia brasileira, ocorrido em 1954:

A questão de saber se a Sociologia deve ser ensinada ou não em salas do


Ensino Médio entre os temas de responsabilidade, que precisam ser
enfrentados pelos sociólogos no Brasil. Interesses profissionais e a
presunção de que seria uma medida praticamente importante e desejável a
introdução de Sociologia no Currículo do Ensino Médio brasileiro. Supõe-se
que as oportunidades concedidas aos professores graduados são em
demasiado restritas. (FERNANDES, 1976, p 105)
11

Fernandes ainda diz que:

Os materiais de extensão do sistema ensino secundário deveria garantir


uma absorção regular aos licenciados neste setor e assegurar as Ciências
Sociais Faculdades de Filosofia uma certa equivalência com as outras
disciplinas, sobre o motivo da motivação estudantes que procuram estas
faculdades porque querem se engajar à prática de ensino de nível
secundário. [ ... ] sob as condições brasileiras, pode-se dizer que é quase
impossível para estimular o progresso das pesquisas sob perspectivas
sociológicas, sem dar origem à utilização efetiva do pessoal especializado.
(FERNANDES, 1976, p. 105)

Após a década de 60, a consolidação das Ciências Sociais no Brasil, passa


a privilegiar a pesquisa científica e acadêmica, distanciando-se da escola
fundamental. Aqui fica marcado o início da disputa entre as series de primeiro e
segundo, com a última educação relegada como um objeto de estudo.
Um fato que corrobora com esse acontecimento é o conteúdo do relatório
final do V Congresso de texto Sociólogos Nacional que ocorreu em 1984, de acordo
com os itens encontrados no relatório, deve haver um "combate decisivo a
desvalorização do sociólogo como um professor de ensino em primeiro e de
segundo grau" (DOSSIER CEUPES8/ CACS9 apud Moraes, 2003, p. 10).

1.2 Primeiros Passos da Sociologia

Pode-se afirmar que desde o final do século XIX a Sociologia vem sendo
praticada no ensino de Ciências Sociais no Brasil, mas o primeiro passo para a
implantação da Sociologia no Ensino Médio no Brasil foi no ano de 1890, este foi
dado por Benjamin Constant, que tinha forte influência nas tomadas de decisão do
Ministério da Instrução Pública e dos Correios e Telégrafos.
Constant propôs uma reforma no Ensino Médio, com esta reforma seria
inserida a Sociologia como disciplina obrigatória. No entanto, Constant morreu
durante a implantação dos novos currículos deixando de lado a Sociologia.
Assim, em 1925 com a reforma Rocha Vaz, a disciplina foi introduzida na
prática em escolas de Ensino Médio. Após este período veia a reforma Capanema
12

que fez com que a Sociologia fosse banida. Em 1942 a disciplina é novamente
banida do currículo com a Reforma Capanema. 
Em 1961 ela torna-se opcional segundo a LDB (Lei nº 4024/61 e encontra-se
entre as disciplinas humanísticas, logo, a Sociologia decaiu novamente. O período
de 1971 a 1982 foi de especial importância, ainda que negativa, na história da
disciplina, uma vez que foi substituída (mesmo mantendo-se opcional) pela disciplina
de Organização Social e Política Brasileira (OSPB). Com a abertura lenta e gradual
do governo Figueiredo, finalmente a sociologia começa seu retorno ao currículo do
ensino médio a partir de 1982, quando se extingue o ensino profissional (técnico),
defendido pelo regime militar em favor do ensino de caráter introdutório.
Três anos depois, um quarto das escolas têm aulas de sociologia. Inclusive
a tendência continuou até 1993/1994, declinando em seguida. A LDB 1996 trouxe
uma esperança renovada para os sociólogos que lutaram para a implementação
obrigatória, mas que, no entanto, foram logo frustradas com a publicação das
Diretrizes Curriculares Nacionais, em 1998, e pela Resolução CNE / CNB n º 15/ 98
e da Resolução CNE / CNB 03/98, que teve a implementação de governá-la e a LDB
assim de reiterar o caráter "interdisciplinar e contextualizado" da sociologia no
ensino médio. (MORAES, 2003, p. 8)
Voltando a ser discutida em 2004, por uma equipe do MEC encarregada de
rever os PCNs, depois de muito estudo e centenas de discussões a lei que tornava
obrigatório o ensino da Sociologia no ensino médio foi aprovada. (02/06/2008)
O sistema de educação pública brasileira hoje, isto é, dentro do sistema
atual, vem passando por situações típicas desse tipo de modo de produção. O
Estado estabelece uma finalidade para a rede de ensino, este objetivo está ligado
por relações de mercado.
Com o desenvolvimento do neoliberalismo, o objetivo da educação torna-se
de certa forma os jovens e adolescentes para a reestruturação produtiva do país.
Um exemplo disto é a discussão sobre a educação profissional, que tem como
objetivo capacitar os alunos para o mercado de trabalho, situação meio contraditória,
já que o sistema não oferece empregos suficientes para acomodar todos esses
jovens e adolescentes que se formam no Ensino Médio.
As LDB’s da educação nacional sugerem que a tarefa da educação deve
incluir não apenas a formação para o mercado de trabalho, mas preparar os alunos
13

para o convívio social. A educação começa a contemplar a tarefa de formar homens


para que eles possam viver em sociedade como uma nova forma de organização
social.
Quando se começa com uma análise que coloca as relações sociais como
bases materiais de relações, pode-se compreender a influência de certas formações
políticas, econômicas e culturais.

1.3 O Papel da Sociologia

Entre as várias disciplinas, a Sociologia na escola tem um papel distinto. Sua


intervenção é dada para que os alunos tenham um contato com as diferentes
realidades sociais. Ela é capaz de dar a estes alunos uma formação e compreensão
mais crítica dessa realidade.
De acordo com os escritos de Flavius Silva Marcos Sarandy, a disciplina de
Sociologia contribui para a formação da pessoa humana através da negação do
individualismo. (SARANDY, p. 4)
As mudanças trazidas pela LDB 1996 incluem os seguintes conceitos:
"Flexibilidade, autonomia, identidade, diversidade, a interdisciplinaridade e a
contextualização". Com estas propostas, a escola passa a ser voltada a "preparação
com vistas ao mercado de trabalho" e para a "cidadania ".
Devido às transformações da estrutura atual, a função da Sociologia pode
ser ligada a esta formação para o mercado de trabalho. A parir deste ponto, a
Sociologia tem que ter um olhar diferente em relação à formação desses jovens e
adolescentes.
Pois é a partir dela que os alunos irão produzir uma forma diferente de
analisar a realidade, com uma compreensão distinta e um raciocínio do que outras
disciplinas podem produzir. Isso significa que o aluno vai se aproximar da realidade,
bem como a forma como ela é apresentada, dando uma olhada de volta para a sua
realidade de forma diferente e com diferentes perspectivas.
Portanto, há uma transformação na educação, e a Sociologia é um bom
instrumento para que isso aconteça. Ela vem como uma maneira de ensinar os
14

estudantes do Ensino Médio a entender suas relações sociais, seu contexto, dar
respostas que muitas vezes não parecem tão imediatas e naturais.
Outro sociólogo que dedicou seus estudos para examinar a relação entre a
Sociologia a escola era Florestan Fernandes (1977), o seu estudo cita a
possibilidade de treinar os alunos de Sociologia para uma melhor compreensão das
relações racionais entre meios e os propósitos. Assim, os jovens e adolescentes vão
ser capazes de olhar para além da superficialidade de como a realidade mostra.
Florestan Fernandes cita algumas funções da Sociologia, que são:

Primeiro "para equipar e dar instrumentos aos estudantes para uma análise
objetiva da realidade social “, em segundo lugar "para estimular o
pensamento crítico e a vigilância intelectual" e por último "suavizar os
conflitos entre indivíduos". (1977, p.108)

Fernandes acredita que, devido à forte influência sobre a educação das


camadas e instituições conservadoras, poderosos influentes sociais como a família e
a escola, o Ensino Médio hoje, tem como objetivo preservar a ordem social.
Como resultado desta situação, o ensino de Sociologia só alcança sucesso
em cumprir o seu papel como um fator de progresso social, se há uma alteração na
estrutura da Escola educacional brasileira, também em sua mentalidade. E, nas
palavras de Florestan:

Este ensinamento tem um interesse prático - específico, que hoje ainda não
é claro de que é ele pode ajudar a preparar as novas gerações para
manipular técnicas racionais de tratamento de problemas econômicos,
políticos, administrativos e sociais. (1977, p.118)

Muito mais do que formar para o mercado de trabalho, a Sociologia tem


como função, preparar o aluno para ser capaz de analisar criticamente a sua própria
realidade social.
15

II A OBRIGATORIEDADE DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

2.1 A Obrigatoriedade da Sociologia na Grade Curricular do Ensino Médio Brasileiro

Foi feita a primeira tentativa de implantação da Sociologia no primeiro


governo da República Velha, com a reforma de Benjamin Constant, no entanto,
embora vigesse obrigatório este período (1890-1897), a Sociologia não foi
estabelecida na prática.
Só em 1925, com a Reforma de Rocha Vaz, é que a Sociologia se tornou
obrigatória, cujo conteúdo será exigido para que possa ocorrer o acesso ao ensino
superior.
Em 1942, a disciplina é novamente proibida no currículo com a Reforma
Capanema, que aprovou a primeira Lei de Diretrizes e Bases (Lei n º 4.024/61), em
1961, onde a Sociologia torna-se componente opcional a partir de uma série de
disciplinas humanísticas.
O período de 1971 a 1982 foi particularmente importante na história da
disciplina, uma vez que foi substituída pela disciplina de Organização Social e
Política Brasileira (OSPB), com timbre ufanista e militar, para a manutenção da
ordem social.
Com a abertura lenta e gradual do governo Figueiredo, finalmente a
Sociologia começa seu retorno ao currículo do ensino secundário em 1982, quando
se extingue o profissional (técnico), defendido pelo regime militar em favor do ensino
de caráter introdutório.
Isto é especialmente verdadeiro no Estado de São Paulo, que já inclui a
disciplina na parte diversificada do currículo. Três anos mais tarde, um quarto das
escolas já lecionava aulas de Sociologia. A tendência inclusiva continuou até
1993/94, diminuindo em seguida.

2.2 A Luta pela Institucionalização: LDB/96 e DCNEM


16

Para não perder de vista todo esse processo histórico, mas obrigado pelos
limites deste TCC, nosso olhar será mais voltado para o enquadramento legal da
última LDB e também o papel que o DCNEM e os seus pareceres e resoluções
tiveram que negar a Sociologia como disciplina obrigatória na Educação Básica.
Na esteira do processo global de desregulamentação neoliberal, a educação
escolar no Brasil foi fortemente influenciada pelas determinações da liberalização do
Banco Mundial e do FMI, a partir dos anos 1990.
A LDB/96 (Lei de Diretrizes e Bases) e as DCNEM/98 (Diretrizes
Curriculares Nacionais), re-contextualizaram o ensino secundário brasileiro, a fim de
atender às necessidades deste novo modelo econômico altamente excludente,
precário e flexível.
Apropriando-se do conceito de habilidades pedagógicas, a inclusão
obrigatória da disciplina de Sociologia foi substituída por “uma abordagem
interdisciplinar que, no final, seria capaz de fornecer o conhecimento de Sociologia e
filosofia na saída do sistema de ensino”. (CASÃO; QUINTEIRO, 2007, p.229) em
relação a Sociologia, o texto da LDB diz o seguinte:

Os conteúdos, métodos e formas de avaliação serão organizadas de modo


que o fim da escola que o aluno demonstra: III - o campo de Filosofia e
Sociologia do conhecimento necessário para o exercício da cidadania.
(BRASIL, 1996).

De acordo com Santos (2007):

A diretriz nacional do Ensino Médio substituía, assim, a "aquisição de


conteúdo específico" para a aquisição de competências, inequivocamente
voltada para o mercado de trabalho, através da organização do currículo
não por disciplinas, mas por conhecimento. (SANTOS citado op. Cit., 2007,
p.230)

Apesar da divisão do currículo nas áreas de conhecimento, não foi


empreendido na prática, continuando assim a divisão por disciplinas, a interpretação
arbitrária da LDB durou. Enfim, basta olhar para o artigo acima de LDB para
confirmar a maneira ambígua em que a lei brasileira trata a Sociologia.
Esperava-se que, em face de tal proposta duvidosa, a interpretação do texto
da LDB - por DCNEM adotado em 1 de Julho de 1998, pelo Parecer CNE/CEB nº
15/1998 e a Resolução CNE/CEB 03/98 e posteriormente pelo PCNEM/99
(Parâmetros Curriculares Nacionais), os documentos que preveem a aplicação das
17

determinações genéricas contidas na LDB, para serem o mais aberta possível,


dando origem à interpretação de que não é necessário garantir a exigência da
Sociologia, mas assim, que só o aluno demonstra a competência dos conteúdos
desta disciplina, que podem ser diluídos em outras disciplinas como necessárias,
tais como as disciplinas de geografia e história.
Portanto, o conceito de interdisciplinaridade tem servido como um
subterfúgio para negar a obrigação, diluindo o conhecimento sociológico e filosófico
em outras disciplinas. Como cita Carvalho:

Entre este novo palavreado veio a estas transversais, de modo que seriam
criados, então as áreas e não os assuntos, disciplinas. É a
desregulamentação que veio para a escola. Recusam-se a disciplinas como
ciência e se recusa a aprender no seu âmbito. Para eles, ter conhecimento
de Sociologia não significa introduzir a disciplina nos currículos dos cursos.
Basta, por exemplo, um professor de matemática para discutir com seus
alunos um artigo de jornal que aborda o desemprego em São Paulo, por
exemplo, ao digitar os percentuais brutos. Ele ensinaria Sociologia aos seus
alunos a comentaria sobre a situação de desemprego, concentração de
renda, queda de renda, etc. (citado em CASÃO; QUINTEIRO, 2007, pp.229-
230)

A verdade é que nos textos dos parâmetros de e diretrizes nacionais, há um


incentivo patente para a não implementação da Sociologia como disciplina na classe
especial das escolas secundárias, embora, convenientemente, exista a possibilidade
de qualquer escola a implementar em virtude de sua autonomia.
O princípio da autonomia dessas instituições também surge aqui como um
subterfúgio para justificar a diluição de Sociologia em outras disciplinas, como a
orientação é efetivamente de cima para baixo, ou seja, é praticamente uma
determinação expressa de diretrizes federais de educação.
Somado a isso, vem o discurso vazio de se formar cidadãos, repetido pela
lei, ou seja, a necessidade de formar sujeitos ativos no processo de transformação
social, mas nunca no sentido de superar, o discurso que escamoteia a real intenção
de uma educação centrada na a adaptação dos indivíduos ao mercado de trabalho.
O que se tem na verdade, são objetivos extracurriculares, mas que são inviáveis na
prática. (CASÃO; QUINTEIRO, 2007, p.232)
18

2.3 Finalmente a Conquista da Obrigatoriedade

O primeiro passo para a institucionalização da Sociologia definitiva e


obrigatória no Ensino Médio foi dado em 2004 por uma equipe do MEC,
encarregados de analisar o PCN. Amaury César Moraes, famoso professor e
pesquisador no campo da educação, liderou a equipe que chegou à conclusão de
que a transformação do currículo nacional, seria insuficiente e não chegaria à causa
do problema, além disso, eles não têm força de lei.
Somente com uma mudança no texto das Diretrizes Curriculares Nacionais
e, particularmente na Resolução CNE/CEB, 03 /98 as barreiras legais cairiam devido
à institucionalização da disciplina. Moraes acreditava que a interpretação dada no
relatório e a resolução, acabou levando uma curva à direita no campo das
interpretações possíveis da lei.
Ele lista uma série de exemplos, mostrando como o DCN reescreveu a LDB.
Destacam-se dois deles: Primeiro, o DCN ter a disposição conhecimentos de
Filosofia e Sociologia, como parte do ensino diversificado e não como parte da base
nacional comum, a concessão de sua implementação, ou não, de exercer a
autonomia das unidades escolares. Em segundo lugar, as disciplinas tradicionais
que há tempos no currículo também são tratadas de forma igual, ou quase
genericamente na LDB, embora isso nunca seja questionado.
Assim, propõe-se uma nova interpretação por parte de Moraes, combinando
o art. 26, § 1º da LDB, que fala sobre a necessidade de “conhecimento da realidade
social e política”, especialmente do Brasil, com o art. 36, § 1º, inciso III, que trata do
"conhecimento de Filosofia e Sociologia". (MORAES, 2007, pp.240-242).
Talvez essa seja uma das defesas mais substanciais em favor da Sociologia
como uma ciência particular, e, portanto, não pode ser diluída entre outras
disciplinas já estabelecidas, como alegado pelo argumento do Conselho Nacional de
Educação, que se reuniram em um pequeno artigo de Moraes, que faz críticas
veementes para vetar em 2001:

Na Sociologia não se ensina "conteúdo", entendendo estes rigorosamente


como o governo entendeu como qualquer conteúdo: ensina a informação.
Tomando o ensino da língua do governo, poderíamos dizer que o que faz o
ensino da Sociologia é "desenvolver competências e habilidades" definidos
no campo das Ciências Sociais, que não estão presentes em outros
19

campos, ou não podem ser desenvolvidos por outras disciplinas. Isso é o


que tem sido chamado de "visão sociológica". (MORAES, 2004, p.108)

O OCNEM um documento publicado em 2006 pelo MEC, traz um resultado


importante sobre as conclusões que a equipe de professores chegou. Representou
um grande passo na reinterpretação das disposições da LDB.
Com a conclusão em mãos, o MEC enviou o documento ao CNE no final de
2005, oferecendo a alteração definitiva da Resolução 03/98. E, apontando para o
problema histórico da presença de Sociologia no Ensino Médio, assim fala o OCN:

A disciplina de Sociologia tem uma historicidade muito diversa de outras


disciplinas do currículo, tanto em relação aos do domínio das línguas e em
relação às ciências humanas, mas especialmente nas ciências naturais. É
uma disciplina bastante recente - menos de um século, e reduziu sua
presença eficaz para a metade desse tempo, ela formou uma comunidade
de professores de Sociologia no Ensino Médio, [...], para que o diálogo entre
eles não produziu consenso sobre conteúdos, metodologias, recursos, etc.,
que está bastante avançado em outras disciplinas. Esses problemas
poderiam ser superados se alguma vez houve continuidade das discussões.
(OCN, 2006, pp.103-104)

Finalmente uma recomendação que foi devidamente aceita pelo Conselho


Nacional de Educação, tornando obrigatória a disciplina de Sociologia e Filosofia no
ensino secundário, em 07 de julho de 2006, através da Resolução 38/06:

Propomos a alteração da Resolução 03/98, artigo 1º, § 2, com a supressão


da alínea b), e inclusão dos § 3 com a seguinte redação: "As propostas
pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento de componente
disciplinar obrigatório à Sociologia". (MORAES, 2007, p. 247)

Entre os PCNEM e o OCNEM, há uma inflexão pedagogia diametralmente


opostas a concepção teórica orientando as diretrizes curriculares de ensino do país.
Enquanto no primeiro, a interdisciplinaridade e a pedagogia das competências são
evidentes, para não mencionar a sua ambiguidade, o que coloca obstáculos à
institucionalização da Sociologia como disciplina particularmente, o segundo, pelo
contrário, é uma defesa desta, reiterando a necessidade de sua obrigatoriedade no
Ensino Médio.
Apesar de ambos não terem força de lei, esses parâmetros e diretrizes
fornecem a base para a interpretação das disposições específicas contidas na Lei de
Diretrizes e Bases da inclinação neoliberal inquestionavelmente.
20

Assim, como disseram Casão e Quinteiro (2007) o OCN agora fornece uma
nova leitura do artigo 36 da LDB, fazendo uma crítica ao modelo neoliberal do
governo Fernando Henrique Cardoso e, mais especificamente, "as competências
pedagógicas do discurso que enfatiza a interdisciplinaridade". (2007, p. 234). Os
autores citados apontam que:

Embora ambos os documentos, OCN e PCN, foram preparados de acordo


com os termos da LDB/96, orientação neoliberal, o que vemos são dois
documentos distintos sobre essa finalidade. Enquanto os pressupostos do
PCN enfraquecem a exigência da disciplina de Sociologia, justificada pela
transversalidade e melhorando assim a interpretação de caráter flexível,
dado no artigo da LDB sobre a reintrodução de Sociologia no Ensino Médio,
o OCN, no entanto, deixa claro a disciplina matriz de Sociologia. (Op. cit.,
pp.234-235)

Fica clara a preocupação em usar a LDB para a construção dos


documentos, ainda que ambos apresentem algumas peculiaridades.

2.4 As Contribuições das LDB’s e das OCN’s para o Ensino de Sociologia

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a reforma do currículo


de educação (Lei 9.394/96) deram nova identidade para a escola com base na
Constituição de 1988, que prenunciava essa concepção na garantia do dever do
Estado expresso na "intenção progressista da exigência para a escola, apenas
refeito para o ensino secundário gratuito universal progressivo", constituindo-se
definido como a etapa final da educação básica.
A implementação da disciplina visa alcançar um eixo estrutural da educação
para o novo modelo de sociedade desejada, que se encontra com LDB/96, sobre a
preparação para um estudo mais aprofundado, reivindicando através determinante
triplo (teoria, prática e realidade) o conhecimento que é útil para realidade dos
alunos. A partir desta perspectiva, a educação tem documentos que auxiliam e
orientam a prática docente, por exemplo, os OCN's.
As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006) visavam contribuir
para o diálogo entre professor e escola sobre a prática docente, por outro lado, não
se destina a ser um manual, mas um instrumento para apoiar a reflexão do professor
a ser utilizado em favor do aprendizado.
21

Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais foram configuradas como


um documento de suma importância para a disciplina de reimplementação da
Sociologia no currículo escolar público brasileiro, uma vez que fornece subsídios
para o seu desenvolvimento, especialmente no que diz respeito ao conteúdo que
deve ser ensinado, pois não há consenso entre os professores sobre estes. De
acordo com a OCN's (2006):

A falta de conteúdo favoreceria um professor consagrado de liberdade, algo


que não é permitido em outras disciplinas, mas por outro lado, isso pode
levar a alguma atitude arbitrária ou angústia de escolhas. Esta é uma das
consequências da presença de ambas as intermitências da Sociologia no
Ensino Médio.

Para essa disciplina tão controversa sobre o que deve ou não deve ser
ensinado, é que os OCN’s, como a titulação sugere, orientam os professores para
que lhes permitam entregar conteúdo de qualidade e que eles são escolhidos por
análise crítica, como ainda não existe um padrão do que deve ser ensinado aos
alunos do Ensino Médio.
Portanto, discute os pressupostos metodológicos: questões, teoria e
conceitos, ilustrando-as e, obviamente, fazer algumas sugestões sobre o que e
como pode ser discutido em sala de aula. Além disso, clarificam-se as vantagens e
desvantagens de se trabalhar com estes cortes, como pode ser visto abaixo:

As vantagens de trabalhar com conceitos que já estão no Ensino Médio o


aluno irá desenvolver uma capacidade de abstração muito necessário para
o desenvolvimento de sua análise da sociedade, e sensibilizar para um nível
além do senso comum ou aparências [...]. O que pode limitar o sucesso
desta opção e trabalhar com conceitos é a repetição pelo professor na
escola, na forma e no conteúdo, as discussões conceituais que ele teve na
faculdade. (OCN ' S, 2006, p.119)

Assim, os professores orientaram o OCN’s nesta escolha, alertando-os para


os possíveis riscos que serão executados ao escolher uma ou outra hipótese, que
permite uma seleção consciente por estes profissionais.
Outra sugestão de suma importância atribuída nestas preocupações das
práticas de ensino e aprendizagem de recursos, esclarece, assim, um leque de
opções que são muitas vezes desconhecidos pelos professores, tais como o uso de
fotografias, desenhos animados, quadrinhos e/ou tiras, bem como excursões.
22

Tudo isso, em uma possível tentativa de impulsionar as aulas, uma vez que
estes não têm necessariamente de ser dada somente através da leitura, o que pode
tornar o ensino de Sociologia mais atraente para os jovens aprendizes, e, portanto,
resultar em um melhor resultado no processo de ensino e aprendizagem.
Estes documentos procuram legitimar o ensino de Sociologia ajudar o
caminho do conhecimento como um meio para resolver um problema concreto, o
reforço da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade, articular o conhecimento
acumulado com as línguas modernas, com as tecnologias, finalidades e objetivos da
educação na contemporaneidade.
Assim, apresenta-se como uma tentativa de superar a fragmentação do
conhecimento, portanto, fornece uma relação entre as diversas áreas do
conhecimento.
Esta é a voz que está sendo espalhada pelos professores na escola, como
uma ajuda para a educação. No entanto, na prática, muitos professores ainda
limitam as suas aulas de acordo com a disciplina que ensina, como se eles não têm
qualquer relação com o outro, ou na melhor das hipóteses, procurar a ajuda de
outras disciplinas, mas tratá-los como adjuntos que carrega em uma deturpação de
o que consiste interdisciplinar proposto de não priorizar estes componentes
curriculares, portanto:

O currículo interdisciplinar requer, de preferência uma personificação do


conhecimento dentro de um todo indistinto, a manutenção da disciplina e da
diferença de tensão entre a especialização benéfico disciplinar, que
continua a ser indispensável, e atendimento interdisciplinar, que preserva
todas as características de cada um dos componentes do currículo, a ordem
para assegurar a sua complementaridade dentro de uma perspectiva de
troca e de enriquecimento. (LENOIR, 1998, p.57)

A interdisciplinaridade propõe uma reorganização curricular determinada por


áreas de conhecimento que são estruturados por princípios pedagógicos da
interdisciplinaridade, a contextualização da identidade e da diversidade, autonomia,
redefinindo assim, a relação que forma o sistema de ensino proposto e as escolas.
Esta abordagem interdisciplinar deve fornecer uma influência mútua entre as
áreas curriculares que facilitam o desenvolvimento de conteúdo dentro de uma
perspectiva interdisciplinar e de um contexto.
23

III O ENSINO DE SOCIOLOGIA E SUA IMPLEMENTAÇAO NO ESTADO DE SÃO


PAULO E A SOCIOLOGIA HOJE

3.1 A Reforma Educativa

Uma reforma educacional no Brasil ainda está em curso e se mudou para o


desmantelamento do sistema de educação pública e crescimento do setor privado.
Em meio ao argumento de que os sistemas de educação não foram capazes de
enfrentar os desafios da globalização e as demandas sociais para uma reforma
educacional mais inclusiva e democrática, desde 1995, é dirigida, e procurou alterar
a estrutura do sistema educacional.
A reconciliação entre a ampliação dos direitos conquistados pela nova
Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases, juntamente com uma concepção de
fortalecimento político e ideológico do neoliberalismo e da adequação dos indivíduos
à lógica e funcionamento do mercado, levou o governo a implementar medidas que
visam reduzir os gastos com educação, piorando as condições de trabalho e
estabelecer um "cerco ideológico" sobre os professores.
Entre as medidas tomadas pelo governo federal, de 1995 a intrometer-se
nos gastos com educação é o processo de municipalização ensino, buscando
parcerias com empresas privadas, os programas de "correção de flux" marcado pela
supressão da repetição, a criação de ciclos de aprendizagem acelerada.
Entre as medidas de caráter político e ideológico é a criação do Currículo
Nacional, o que não foi discutido com os professores, não ter em conta as diferenças
regionais e impôs a colocação dos conteúdos e valores desejados pelo governo. O
PCN de ter assumido o papel do currículo oficial e sua aplicação em sala de aula é
medido anualmente pela avaliação nacional do MEC.
No Estado de São Paulo, na década de 90, iniciou o processo de
implementação das políticas de ajuste no setor de educação.
Destaca-se neste processo de reorganização programa de organização
física dos ciclos, criando um sistema de avaliação externa, SARESP, programas de
correção de fluxo reduzindo o número de horas/aula semanal de 30 para 25 horas.
24

Neste período foi aprovada uma nova carreira e salário foi substituído por
uma política de subsídio dado por critérios políticos, o que resultou na intensificação
do trabalho.
A reforma traz com ela a criação de canais de deliberação democrática, a
circulação de ideias e projetos com a participação de reais docentes. Medidas de
reforma educacional veio como obrigação e nunca como uma discussão com os
professores.
O processo de descentralização é marcado pela centralização das decisões
e a criação de uma central de controle sobre o número de alunos matriculados, a
imposição de currículo diferenciado e encaminhamento de recursos para as escolas,
de acordo com interesses políticos.
No processo de "mudança" do sistema de ensino público, o governo conta
com o apoio de grandes grupos que controlam os meios de comunicação. Desta
forma, a imprensa tem contribuído para difundir a ideia de que o declínio das escolas
públicas é culpa dos professores, que são mal preparados, preguiçosos, não têm
compromisso com o aluno, etc.
O fechamento de escolas é justificado como uma consequência natural da
qualidade de ensino ministrado pelos professores. Assim, o que pretendiam passar é
que se os professores não ensinam lições interessantes, reproduzem práticas
arcaicas, tem conhecimento defasado frente as constantes mudanças nos valores e
costumes do mundo de hoje, espera-se que os estudantes procuram escolas mais
interessantes.
O processo de desqualificação do ensino abordado por Suarez Stubrin
destaca a violência simbólica imposta pela reforma educacional. A violência a que se
refere, está a tentar desqualificar o conhecimento de ensino, que visa impor
mudanças na cultura escolar, levando os professores a desacreditar o seu próprio
conhecimento e jogá-los cada vez mais a uma posição subordinada.
Assim, concluo que o significado da reforma da educação no Estado de São
Paulo está a transformar a escola pública em outra instância de reprodução das
desigualdades sociais, reduzindo o nível de ensino para níveis nunca antes vistos. O
professor é o foco central da reforma visa mudar o professor e não o aluno.
25

3.2 A Função da Sociologia

Entre os muitos assuntos do ensino médio Sociologia tem uma função


distinta. Sua intervenção é dada para que os alunos têm um contato diferente a sua
a própria realidade social.
Ela é capaz de dar a estes alunos uma formação e mais compreensão crítica
desta realidade. Ao estudar as questões abordadas por estudantes de sociologia
desenvolver a capacidade de pensar.
De acordo com os escritos de Flávio Silva Marcos Sarandy, a disciplina de
sociologia contribui para a formação da pessoa humana através negação do
individualismo.
As mudanças trazidas pela LDB 1996 incluem os seguintes conceitos:
"Flexibilidade, autonomia, identidade, diversidade, interdisciplinaridade e
contextualização". (SARANDY, p. 4)
Devido à transformação da estrutura capitalista, a função da sociologia não
pode estar ligada a esta formação para o mercado de trabalho. A partir este ponto, a
sociologia tem que ter um olhar diferente no que diz respeito à formação desses
jovens e adolescentes.
Como essa disciplina trata seus súditos, que irá produzir nos alunos uma
maneira diferente de analisar realidade com uma compreensão e raciocínio diferente
do que os outros cursos podem para produzir. Isso significa que o aluno irá abordar
a realidade e como ela se apresenta.
Vai dar uma olhada de volta para a sua realidade de forma diferente e com
outras perspectivas. Portanto, há uma transformação na educação, é instrumentos
necessários por esta. Sociologia é um bom instrumento.
É fornecido como uma forma de ensinar ensino médio os alunos a
compreender as suas relações sociais, seu contexto, trazê-lo responde muitas vezes
eles aparecem imediatamente e naturalmente.
26

Outro sociólogo que dedicou seus estudos para examinar a relação da


sociologia com o ensino médio foi Florestan Fernandes (1977). Em seu estudo cita a
possibilidade de formação de estudantes de sociologia para uma melhor
compreensão racional da relação entre meios e termina. Desta forma, os jovens e
adolescentes passam a ser capaz de olhar além superficialidade de como a
realidade mostra.
O autor cita algumas funções sociologia, ele alega ter algumas obras de
referência agrupados no Simpósio sobre Ensino de sociologia e etnologia. Algumas
dessas funções são: "equipar os instrumentos de estudante uma análise objetiva da
realidade social, estimular o pensamento e vigilância crítica intelectual e suavizar
conflitos entre indivíduos". (FERNANDES, 1977, p.108)
Como resultado disto, a sociologia da educação só será cumprir o seu papel
de propulsor progresso social, se há uma alteração na estrutura ensino educacional
brasileiro também em sua mentalidade pedagógica dominante.
Nas palavras de Florestan (1977, p. 118):

Este ensinamento tem um interesse prático e específico, que hoje ainda não
é evidente. É aquele ele pode ajudar a preparar as novas gerações para
manipular técnicas racionais tratamento de problemas económicos,
políticos, administrativos e sociais.

Muito mais do que a forma para o mercado de trabalho, a sociologia tem


como função para preparar o aluno para ser capaz de analisar criticamente e
racionalmente seus próprios realidade social. Este é o progresso social que leva os
alunos para uma participação mais política ativo na estrutura capitalista, de modo a
ser capaz de sair do senso comum.
A consequência desta mudança é uma olhada na estrutura social que decifra
o seu verdadeiro significado.

3.3 A Sociologia no Estado de São Paulo

A presença da Sociologia como disciplina curricular média tem oscilado de


acordo com a situação política do país. Desta forma, desde 1925, a disciplina foi
inserida e retirada do currículo de acordo com as conveniências dos governantes
políticas ideológicas.
27

Nos anos 80, com o início do processo de democratização da sociedade


brasileira, a Sociologia é vista como disciplina importante para a formação do
cidadão e começa a ser reabilitado pelo currículo como eletiva. Em São Paulo, as
agências governamentais envolvidas na educação oferecem cursos para
professores de Sociologia e, em 1985, concurso de ingresso para professores nas
escolas estaduais.
A aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
estabeleceu como um dos objetivos centrais da escola e construção da cidadania,
em seu artigo 36, estabelece que: "o conhecimento do domínio de Filosofia e
Sociologia necessários ao exercício da cidadania".
As Diretrizes Curriculares Nacionais elaboradas pelo MEC a importância da
Sociologia ensino se expressa assim:

Considerando que o conhecimento sociológico tem como atribuições


básicas para investigar, identificar, descrever, classificar e interpretar /
explicar todos os fatos relacionados com a vida social, em seguida, permite
equipar o estudante de modo que possa descodificar a complexidade da
realidade nacional". (MEC, 1999, 318)

Após a promulgação da LDB, a Sociologia estava presente no currículo


diversificado de muitas escolas no estado de São Paulo. Extinção equipe Sociologia
da CENP e transferência de atividades de educação continuada para as oficinas de
ensino contribuiu para a dispersão de professores de Sociologia da rede, e, portanto,
a dispersão das práticas pedagógicas.
A implementação do ensino da Sociologia no Brasil foi tema de muitas
discussões e de um histórico conturbado. Foi excluída dos currículos escolares
brasileiros mais de 37 anos, devido ao regime militar (o período repressivo da
população imposta pela força armada), uma disciplina que ele considerava
desnecessária, ameaçadora e impertinente para os assuntos sociais da nação. No
entanto, antes desta Sociologia, ocorreu uma que figurou como disciplina obrigatória
nos currículos escolares no Brasil em meados de 1925, através do então Ministro da
Educação Gustavo Capanema, sob o comando do mesmo governo que a exclui
anos depois, com o presidente Getúlio Vargas.
28

O Conselho Nacional de Educação, em 2006, concedido pela resolução das


escolas estaduais em todo o país, estipulou um prazo máximo temporário um ano
para se adaptar às novas exigências.
Então, pela lei 11.684/08 a disciplina de Sociologia volta em escolas de
Ensino Médio do Brasil e se torna obrigatória. Em 2 de junho de 2008, o Presidente
da República aprovou o projeto de lei obrigando o ensino desta disciplina nos três
anos do Ensino Médio.
No estado de São Paulo, a implementação da disciplina de Sociologia e
filosofia começou no ano de 2007e saiu da grade em 2008, retornando novamente
em 2009 por força da lei, mais precisamente no segundo semestre.
Após a realização de várias reuniões e conferências para a preparação e as
discussões sobre o desempenho do mesmo currículo escolar. Este primeiro
momento da ação era público para disciplinar a série do 1 º ano do Ensino Médio,
uma vez que o papel da disciplina ocorreu de forma gradual, a cada série,
concluindo sua fase de implementação, no ano letivo em curso.
A reimplementação de Sociologia foi baseada nas Leis de Diretrizes e Bases
(LDB) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (OCN's), documentos que mostram a
importância da disciplina para a formação do indivíduo e professores de guia, no que
diz respeito a esta área de conhecimento.
Desta forma, vemos que o Ensino Médio há uma expectativa de que a
presença de um sociólogo pode contribuir para encontrar soluções para os
problemas cotidianos presentes. Então, professor de Sociologia começa a agir como
um sociólogo dentro da escola.
Quanto à participação política nos órgãos sindicais e/ou partidárias, as linhas
indicam uma consciência da necessidade de participação política e valorizar a
mobilização política na categoria dos professores e não a articulação em torno dos
órgãos representativos dos Sociólogos.
A busca por novos conhecimentos é uma questão fundamental para uma
parte do grupo, que vê o conhecimento como o caminho para a libertação dos
grilhões da ignorância.
No entanto, os meios possíveis para a aquisição de novos conhecimentos
são limitados, uma vez que a maioria dos professores passa por uma viagem de
aproximadamente 30 h/a semana.
29

A busca do desenvolvimento profissional é através de busca de informações


atualizadas em jornais e revistas (que são utilizados como recursos em sala de
aula).
Desta forma, podemos concluir que, dadas as condições que os professores
têm que fazer o seu trabalho, os professores têm trabalhado no sentido de construir
o conhecimento exigido atualmente pela sociedade.

3.4 A Sociologia no Brasil nos Dias de Hoje

Hoje em dia a Sociologia vem buscando cada vez mais a sua posição na
casa das Ciências Sociais, buscando novos rumos e uma metodologia que se
encaixa nos novos temas que aparecem na virada do século.
Um marco que acontece com a confirmação da Sociologia no currículo das
escolas de Ensino Médio, uma grande conquista, já que os sociólogos foram
perseguidos pela ditadura militar e também um grande salto quando se considera
que a sociedade brasileira vive em busca de uma democracia real.
José Pastore e Nelson do Valle Silva, em Mobilidade Social no Brasil,
demonstram os resultados da mobilidade social no Brasil, fazendo uma comparação
entre os dados adquiridos nos anos 1970 e final dos anos 90.
Eles apresentam uma nova ascensão da classe média que vem se formando
nas bases no Brasil, que é um país em que muitos sobem pouco, e poucos vão para
cima, o que gera um inchaço na base da pirâmide social. Neste mesmo trabalho, o
prefácio é parte de Fernando Henrique Cardoso, que diz:

[...] A sociedade brasileira e dotada de imensa mobilidade social. Esta


mobilidade tenta captar por vários índices e alguns deles merecem
destaque: Entre 1973 e 1996, por exemplo, os dados que mostram que a
maioria dos brasileiros que melhoraram de vida, ou teve uma mobilidade
ascendente, em um período que o rendimento social de cresceu mais de
40%, passando de 3,5% para 4,9% do total. Ao mesmo tempo, houve um
estreitamento da base da pirâmide social através da redução de cerca de 2
% das pessoas pobres de 32% para 24%. [...] A nova classe média pode ser
apenas o aspecto mais visível de um processo que, impulsionado por forças
profundas como a reordenação dos espaços econômicos, o deslocamento
da população e as mudanças nas estruturas de produção, com um setor de
serviços em crescimento, está revolucionando o nosso ambiente social.
(Citado em PASTORE; SILVA, 1999, prefácio)
30

Em outras palavras, a mobilidade social no Brasil começa a ser determinada


por elementos de competição no mercado de trabalho, o que é comum em países
mais desenvolvidos, onde o papel da educação e essencial no contexto móbil social.
Ayrton Fausto atualmente representa um grande nome da Sociologia
nacional, é diretor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO)
uma das maiores organizações que visa construir uma sociedade mais justa através
da democratização, a crescente participação da sociedade, na política, na economia
e na cultura. A FLACSO no Brasil teve seu início em 1981 como um projeto,
tornando-se Sede Acadêmica em 1989.
Ayrton Fausto abrange em seus estudos sociais a mesma finalidade da
FLACSO a construção de sociedades mais justas, como o contexto internacional,
globalização, integração supranacional e democracia, o panorama da economia
política internacional e no final deste século, o desemprego, a crise fiscal e do
Estado do bem-estar social; migração em massa para a perseguição econômica
e/ou política, o aumento da criminalidade e da corrupção e outros temas polêmicos
da nossa sociedade.
Conforme Gasparin (2005, p.03):

Um papel fundamental da sociologia no ensino médio é promover


desnaturalização, alienação e consciência dos fenômenos sociais, intenção
de superar o senso comum que está enraizada no ambiente educacional.
Em uma análise, portanto, o ensino de História e Pedagogia Crítica,
descobrimos que um dos seus principais funções é destacar a contradição,
dúvida, questionamento, tirando o conteúdo de sua forma naturalizada,
pronto e imutável, tendo como ponto de partida a realidade social mais
larga.

Ainda de acordo com Gasparin (2005), ao professor de sociologia são


concedidas duas escolhas metodológicas: submeter os alunos as teorias e os
conhecimentos necessários, a fim de desenvolver o conhecimento sobre a
sociedade em que vivem; ou apresentar a sociedade em que esses alunos vivem
para desenvolver o conhecimento necessário para desenvolver uma visão para a
compreensão lógica do seu funcionamento e os determinantes dos processos
sociais e podem, assim, veja-se como sujeitos, transformando essa sociedade.
E o ensino da Pedagogia "Dialética" segundo Saviani (2005) sugere apenas
a segunda metodologia.
31

Assim, essas questões pavimentam o caminho para aprender novos


conceitos, que são formados no confronto e questionados com outros já
estabelecida pelo senso comum, levantando questões sobre os estudantes e a
necessidade de buscar uma solução (Chagas, 2009).
Para isso, o estudo de (2005) reforçou este apoio exatamente teórico
necessário para que o professor pode trabalhar uma variedade de conceitos em sala
de aula de forma adequada para a maturidade reflexiva de seus alunos.
O autor acrescenta que:

Desenvolver ação real e eficaz significa não só executar atividades que


envolvam um fazer predominantemente materiais. Uma ação concreta, a
partir do momento em que o aluno atingiu o nível concreto pensado, é
também todo o processo mental permite a análise e compreensão mais
ampla e crítica da realidade, a determinação de uma nova maneira de
pensar, entender e julgar os fatos, ideias. É uma nova ação mental.
(GASPARIN, 2005, p.146)

Com base nisso, os temas propostos para compor o currículo do curso, por
exemplo: processo histórico de construção das desigualdades sociais; a
concentração de poder e renda; O conceito de cultura; o conceito de ideologia; o
papel da indústria cultural e da mídia comunicação em massa; noções políticas; etc.,
já trazem em si tanta ligação com a realidade estudantes e as suas experiências
diárias que é inevitável, mesmo se o professor não faz tomar a iniciativa de realizar a
conexão teórica para o real, o estudante não fazer isso para si mesmo essa relação,
pelo menos, com os conceitos mais sugestivos.

3.5 As Propostas do Ministério da Educação para a Disciplina de Sociologia

Deve-se ver em primeiro lugar, o nome da disciplina: Sociologia. Quando se


olha para o conteúdo recomendado pelo Ministério da Educação para ser usado em
sala de aula, percebe-se que eles cobram não apenas a sociologia, mas,
fundamentalmente, também o conteúdo de Antropologia e Ciência Política em
proporções basicamente iguais.
Dentro de alguns trabalhos têm-se encontrado referência ao tema "Ciências
Sociais" na escola, mas como foi popularizado na educação básica o nome de
Sociologia, poder alterar esta terminologia só é possível na academia. (JINKINGS,
2004)
32

Agora serão avaliadas as ações do MEC e as propostas da disciplina nas


escolas.
Inicialmente a proposta trazida pela LDB sugeriu que os alunos submeter-se
Ao final do ensino médio "conhecimento de domínio de Filosofia e Sociologia
necessários para a cidadania ", ou seja, que estes assuntos levaram o papel de
formar cidadãos para a coexistência harmoniosa na sociedade.
Mas, durante as discussões entre os profissionais foi realizada na verdade, a
motivação da sociologia na sala de aula seria muito além desta chamada "educação
cívica", com seminários grandes, reuniões e discussões que depois se tornaram
mais pronunciadas em 1940 justamente focada em entender o que estava realmente
essa motivação. (JINKINGS, 2004)
De acordo com Júlio César Lourenço (2009, p.3), o principal papel da
Sociologia em Educação é a "desnaturalização, alienação e consciência dos
fenômenos sociais", conseguindo-se que o aluno compreenda que as obras da
disciplina e a complexidade dos seres humanos e suas inter-relações com as
estruturas da sociedade, levando a pensar em relações sociais (desiguais), as
diferentes culturas e políticas existentes no ambiente social. (LOURENÇO, 2009).
Dentro desta mesma linha de pensamento, os Parâmetros Curriculares
Nacionais argumentam que o jovem estudante:

Através de uma melhor compreensão da dinâmica da sociedade em que


vive, pode ser percebido como um elemento ativo, dotado de poder político
e capacidade de transformar e até mesmo facilitar, por meio de exercício
pleno de sua cidadania, as mudanças estruturais que ponto para um modelo
de sociedade mais justa e fraterna. (MEC, 1999, p.37)

No entanto, a OCN leva a sociologia disciplinar para outro rumo, apontando


para uma nova posição sobre o papel da sociologia no contexto educacional. Não só
como treinadora dos cidadãos, como também não é completamente com o objetivo
de incentivar a crítica, de acordo com as ideias do presente documento, um "papel
central de que o pensamento sociológico é feito a desnaturalização das concepções
ou explicações de fenómenos sociais”. (OCN, 2006, p.105), afirmando que:

Além deste raciocínio que se tornou slogan ou clichê - forma cidadão crítico
- entende-se que há outro objetivo mais decorrentes de concretude que a
sociologia pode contribuir para a formação do jovem brasileiro: ou a
aproximar-se de uma nova linguagem especial que a sociologia oferece
33

tanto sistematizar a debates sobre os dados de questões importantes por


tradição ou contemporâneo. (MEC, 2006, p.105)

Outro papel para a sociologia de acordo com a OCN era incentivar o


estranhamento diários dos fenômenos sociais, triviais, que não exigem mais
explicações, tornando-o objeto de pesquisa e análise reflexiva. No entanto, se os
autores da OCN queriam demonstrar que a sociologia na sala de aula pode ser
baseado em formas explícitas de organização da sociedade moderna, revelando os
processos de transformação e das condições social que dar continuidade ao atual
sistema neste ponto que entram em conflito.
Incentivar desnaturalização e estranheza significa implicitamente e incentivar
os alunos para criticar seu próprio ambiente social. Não há nenhuma maneira,
"observando teorias sociológicas, compreender os elementos de argumentação -
lógica e empírica – que justificam um modo de ser de uma sociedade, classe, grupo
social e até mesmo da comunidade”. (MEC, 2006, p.105)
Sem perceber as contradições internas da organização do mesmo a
sociedade e não cobiçarás a sua transformação. Assim, a crítica torna-se inevitável.
Como Freire diz, "a consciência e o mundo não pode ser compreendida
separadamente, dicotomizadamente, mas suas relações contraditórias. Nem a
consciência é a dor do mundo arbitrário, objetividade ou reflexivamente". (FREIRE,
2001, p.09)
No entanto, como mostrado por Sarandy (2001), o pensamento crítico
desenvolve devido à aprendizagem de um determinado tipo de conteúdo, e
especialmente para isso não podemos pensar em sociologia como uma disciplina
"messiânica", sua contribuição do pensamento crítico, ao lado de outros assuntos, é
promover o contato do estudante com a sua realidade reflexiva, forma relacional,
assim como o confronto com realidades distantes e culturalmente diferentes.
"É precisamente este movimento de distanciamento que olhe para a nossa
própria realidade e abordagem sobre outras realidades que desenvolvem a
compreensão crítica". (SARANDY, 2001, p. 02)
Analisando o PCNEM, percebe-se que os temas de sugestões que são
estudados em sala de aula desempenham os principais vértices das três vertentes:
Sociologia, Antropologia e Ciência Política. As sugestões são as mais diversas:
análise do conteúdo; significativo prazo do relacionamento social; lançar luz sobre o
34

surgimento, manutenção e as mudanças dos sistemas sociais; revelam o processo


histórico de construção de desigualdades dos problemas dos apontadores sociais,
tais como a exclusão social, econômica e concentração política pelo poder e renda;
definir o conceito de cultura, motivando o aluno a compreender o caráter da
"Construção cultural" das regras sociais; interpretar a categoria "trabalho" como uma
dimensão de materiais e conceituais; explorar o conhecimento antropológico que
fornece extremamente instrumental importante compreender as experiências
culturais, redes de relacionamentos, papéis social; expor a complexidade do
conceito de ideologia; o papel da indústria e cultural dos meios de comunicação; as
características fundamentais de uma instituição social; noções políticas como o
processo de tomada de decisão sobre questões sociais e afetar a comunidade;
reflexões sobre os sistemas econômicos considerando alguns proposições marxistas
como a divisão social do trabalho, a propriedade privada, o materialismo da dialética;
formas históricas do Estado (absolutista, liberal, Democrática, Socialista, Neoliberal,
e a corrente do Brasil); conceito de Estado (soberania, a estrutura operação de
sistemas de energia, etc.); e, finalmente, algum contexto aspectos sociais brasileiros
relevantes, como a relação entre os setores público e privado e a dinâmica entre
centralização e descentralização do poder.
Pode ver-se com isso que se têm um aparelho geral do que está em sendo
estudado em Ciências Sociais e tudo o que seria o ideal para estudantes de
"Ciências Sociais no Ensino Médio" apreendessem.
O que se vê, no entanto, é o conflito entre as propostas apresentadas pelos
Ministério da Educação e do conteúdo possível para ser transportado para a
realidade da sala de aula, que, eventualmente, gera espontaneamente uma relação
antagônica com a ideologia dominante que prevalece no nosso sistema de ensino.
(BOURDIEU, 1975).
35

CONCLUSÃO

Tendo em conta todos estes aspectos discutidos durante este trabalho, foi
possível identificar várias questões sobre as dificuldades enfrentadas pela educação
brasileira. O objetivo das escolas, seguindo as LDB’s, a formação de estudantes
para o mercado de trabalho e para serem bons cidadãos.
Ao mesmo tempo, a LDB ensina que a função da disciplina de Sociologia é
formar alunos críticos.
As consequências desta relação é que a Sociologia vem chegando perto
dessa perspectiva de ensino para o trabalho. E, as disciplinas mais valorizadas são
aquelas que contribuem diretamente para essa formação. Esta é uma das razões
para a resistência para implantar a Sociologia depois que se tornou obrigatória.
As Escolas acabaram voltando sua atenção para os objetivos de gestão e os
objetivos burocráticos. O importante não é dar uma educação de qualidade ao aluno,
mas para que sejam aprovados. Na prática, as salas de aula da Rede Pública
Estadual, possuem em média 45 a 50 alunos durante o Ensino Fundamental e
Médio. São estudantes que possuem pouco capital cultural e absorvem como projeto
educacional de seu próprio Estado a “Progressão Continuada” que é legitimada por
lei e tem como objetivo promover de série todos os alunos do Ciclo I (1ª a 5ª série) e
Ciclo II (5ª a 9ª série), independentemente do que os professores ou as escolas
pensam ou avaliam sobre eles.
A decisão sobre quem é aprovado na Rede Pública, não é necessariamente
dos professores, e sim da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) ela prevalece em toda
Rede Pública Estadual de São Paulo.
Essa regra da LDB prevaleceu até 2013 e será revisada em 2014, ano em
que prevê uma alteração, conforme “anunciado pelo então Governador Geraldo
Alckmin”. Será alterada no sentido de reduzir a reprovação em todas ás séries do
Ensino Médio.
36

O aluno da Rede Estadual de São Paulo "poderá talvez", ser retido somente
no 3º ano (Ciclo I), 6º (Ciclo II) e 9º Ciclo III). Durante todo o Ensino Médio, que é
uma fase muito importante, ele precisará apenas comparecer na escola tendo em
vista que nestas séries não mais se prevê a reprovação para 2014.
Assim, fica de lado o objetivo central da educação, o tipo de pedagogia
sendo usado para a transmissão de conteúdos para os alunos. E juntamente com
este processo, aparece a imagem do professor cansado e oprimido, que, devido às
aulas excessivas e pouco tempo para se dedicar na preparação dos seus planos de
aula e das atividades para aplicação do conteúdo
Acredita-se que a nova geração de estudantes está imergida no mundo do
consumo, da informação rápida. Não adianta pegar o professor na sala de aula e
simplesmente falar da forma sociológica clássica e suas contribuições.
Precisa-se de algo que vai além disso, são decorrentes de alunos que estão
habituados a exemplificar sua realidade social, o seu ambiente. Por meio disto,
haverá uma compreensão das relações sociais, o aluno vai entender suas práxis e
ser reconhecido como direito na História.
Portanto, a implementação do estudo de Sociologia no Ensino Médio, sugere
uma reflexão que poderá contribuir com um futuro melhor para todos, pois visa
formar cidadãos mais críticos e cientes de suas responsabilidades perante a
sociedade.
Dessa forma, ainda que sua implementação tenha passado por inúmeras
dificuldades, principalmente no Estado de São Paulo, onde houve resistência na
implementação da disciplina, sendo efetivada apenas no ano de 2009, por força de
lei.
É preciso conscientizar a todos o quanto a Sociologia pode contribuir para
uma sociedade melhor para todos e, dessa forma, nossos jovens possam absorver
com mais consciência a preciosa reflexão que esta disciplina pode propiciar e trazer
para suas vidas e seu futuro.
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